quinta-feira, 9 de maio de 2019

POEMA: O LEITOR E A POESIA - AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA - COM GABARITO

Poema: O Leitor e a Poesia
              Affonso Romano de Sant´Anna

Poesia
não é o que o autor nomeia,
é o que o leitor incendeia.

Não é o que o autor pavoneia,
é o que o leitor colhe à colmeia.

Não é o ouro na veia,
é o que vem na bateia.

Poesia
não é o que o autor dá na ceia,
mas o que o leitor banqueteia.


Affonso Romano de Sant´Anna. Melhores poemas. 3. ed. Seleção de
Donaldo Schuler. São Paulo: Global, 1997. p. 150.

Entendendo o poema:

01 – O poeta faz uma reflexão sobre o que é a poesia, tradicionalmente vista como fruto da criatividade ou da inspiração do poeta. Observe os versos em que o eu lírico diz o que a poesia não é, e os versos em que ele diz o que a poesia é.
a)   Em síntese, o que o eu lírico nega na definição de poesia?
Nega que a poesia seja aquilo que o poeta pensa ou o que ele pretende comunicar.

b)   O que o eu lírico afirma que é a poesia?
A poesia é o que nasce efetivamente do contato entre o poema e o leitor.

c)   Que novidade reside nesse conceito de poesia, considerando-se a visão tradicional?
A novidade está na inclusão do leitor como elemento constitutivo do poema. De acordo com o poema o leitor tem papel fundamental na consolidação dos sentidos do poema.

02 – De acordo com o poema, poesia é “o que o leitor incendeia”, “O que o leitor banqueteia”, “o que vem na bateia”. Que interpretação pode ser dada a essas definições de poesia?
      De acordo com o poema, a verdadeira poesia é colhida pelo leitor, como se ele fosse um garimpeiro. A poesia de verdade é aquela que é capaz de “incendiar” o leitor, isto é, estimular sua inteligência e sua sensibilidade e satisfazê-lo plenamente, como se ele estivesse num banquete.

03 – O poema é constituído por meio de paralelismos (estruturas de repetição) sintáticos e semânticos. Observe a estrutura destes dois versos: “Poesia. Não é o / que o autor nomeia”
             “Poesia. Não é o / que o leitor incendeia”.
a)   A que classe gramatical pertencem as palavras o e que nesses dois versos?
O: pronome demonstrativo (equivalente a aquilo). Que: pronome relativo.

b)   Qual é a função sintática dessas palavras nesses versos?
O: predicativo do sujeito. Que: objeto direto.

04 – Observe que tanto o pronome relativo quanto a oração adjetiva têm fundamental importância na construção dos sentidos do poema.
a)   Como se classificam as orações adjetivas empregadas no texto?
Orações subordinadas adjetivas restritivas.

b)   Considerando o tema e a finalidade do poema, responda: Por que as orações adjetivas foram empregadas com tanto destaque?
Como o objetivo do poeta é definir o que é poesia, é natural que empregue expressões apropriadas para indicar características, como adjetivos ou orações adjetivas. No caso, ele optou por orações adjetivas.


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