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domingo, 17 de julho de 2022

FÁBULA: O LEÃO E O RATO - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

 Fábula: O Leão e o Rato  

              Millôr Fernandes

        Depois que o Leão desistiu de comer o Rato porque o Rato estava com espinho no pé (ou por desprezo, mas dá no mesmo), e, posteriormente, o Rato, tendo encontrado o Leão envolvido numa rede de caça, roeu a rede e salvou o Leão (por gratidão ou mineirice, já que tinha que continuar a viver na mesma floresta), os dois, Rato e Leão, passaram a andar sempre juntos, para estranheza dos outros habitantes da floresta (e das fábulas). E como os tempos são tão duros nas florestas quanto nas cidades, e como a poluição já devastou até mesmo as mais virgens das matas, eis que os dois se encontraram, em certo momento, sem ter comido durante vários dias. Disse o Leão:

        – Nem um boi. Nem ao menos uma paca. Nem sequer uma lebre. Nem mesmo uma borboleta, como hors-d’oeuvres de uma futura refeição.

        Caiu estatelado no chão, irado ao mais fundo de sua alma leonina. E, do chão onde estava, lançou um olhar ao Rato que o fez estremecer até a medula. “A amizade resistiria à fome?” – pensou ele. E, sem ousar responder à própria pergunta, esgueirou-se pé ante pé e sumiu da frente do amigo (?) faminto. Sumiu durante muito tempo. Quando voltou, o Leão passeava em círculos, deitando fogo pelas narinas, com ódio da humanidade. Mas o Rato vinha com algo capaz de aplacar a fome do ditador das selvas: um enorme pedaço de queijo Gorgonzola que ninguém jamais poderá explicar onde conseguiu (fábulas!). O Leão, ao ver o queijo, embora não fosse animal queijífero, lambeu os beiços e exclamou:

      – Maravilhoso, amigo, maravilhoso! Você é uma das sete maravilhas! Comamos, comamos! Mas, antes, vamos repartir o queijo com equanimidade. E como tenho receio de não resistir à minha natural prepotência, e sendo ao mesmo tempo um democrata nato e confirmado, deixo a você a tarefa ingrata de controlar o queijo com seus próprios e famélicos instintos. Vamos, divida você, meu irmão! A parte do Rato para o Rato; para o Leão, a parte do Leão.

        A expressão ainda não existia naquela época, mas o Rato percebeu que ela passaria a ter uma validade que os tempos não mais apagariam. E dividiu o queijo como o Leão queria: uma parte do Rato, outra parte do Leão. Isto é: deu o queijo todo ao Leão e ficou apenas com os buracos. O Leão segurou com as patas o queijo todo e abocanhou um pedaço enorme, não sem antes elogiar o Rato pelo seu alto critério:

        – Muito bem, meu amigo. Isso é que se chama partilha. Isso é que se chama justiça. Quando eu voltar ao poder, entregarei sempre a você a partilha dos meus bens que me couberem no litígio com os súditos. Você é um verdadeiro e egrégio meritíssimo! Não vai se arrepender!

        E o ratinho, morto de fome, riu o riso menos amarelo que podia, e ainda lambeu o ar para o Leão pensar que lambia os buracos do queijo, e enquanto lambia o ar, gritava, no mais forte que podiam seus fracos pulmões:

        – Longa vida ao Rei Leão! Longa vida ao Rei Leão!

        MORAL: Os ratos são iguaizinhos aos homens.

Disponível em: http://www2.uol.com.br/millor/fabulas/067.htm. Acesso em: 9 fev. 2015.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 163-5.

Entendendo a fábula:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Hors-d’oeuvres: prato leve e frio, servido antes da entrada ou do prato principal.

·        Esgueirou-se: saiu às escondidas.

·        Equanimidade: equilíbrio, imparcialidade.

·        Famélicos: famintos.

·        Litígio: conflito de interesses.

·        Súditos: aquele que estão submetidos à vontade de uma autoridade.

·        Egrégio: magnífico.

·        Meritíssimo: juiz.

02 – Essa fábula daria continuidade a que outra da tradição?

      A do leão e do rato, contada por Esopo.

03 – A voz do narrador está preocupada em recuperar exatamente o que acontecia na história original? O que você observou para chegar a essa conclusão?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não, como ela manifesta em certas passagens entre parênteses, por exemplo: “(ou por desprezo, mas dá no mesmo”).

04 – Em nossa cultura, muitos estereótipos são atribuídos às pessoas de diferentes estados e regiões. O texto brinca com isso, ao dizer que talvez o rato tenha salvado o leão por mineirice. O que seria a “mineirice”?

      Mineirice, quer dizer que seria sujeitos moderados, sempre agindo com cautela, para não se comprometerem.

05 – Como você interpretaria a expressão “fábulas!”, no terceiro parágrafo?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Trata-se de certo deboche do narrador pelo absurdo de aparecer um queijo caro em meio à floresta, acontecimento só possível no mundo da imaginação.

06 – Localize no texto uma referência que pode ser tomada como discurso crítico à ação do homem no meio ambiente.

      “E como a poluição já devastou até mesmo as mais virgens das matas.”

07 – Releia: “– Nem um boi. Nem ao menos uma paca. Nem sequer uma lebre. Nem mesmo uma borboleta, como hors-d’oeuvres de uma futura refeição.”

a)   O que você percebe na enumeração dos animais: há uma lógica na sequência dessa enumeração?

Sim, vai do maior ao menor animal.

b)   Que ideia é reforçada com esse jeito de apresentar os animais na fala do leão?

A de falta absoluta de alimento.

c)   Por que o leão estava “com ódio da humanidade”?

Ele culpa o ser humano, como já havia feito explicitamente o narrador, pela falta de alimentos.

08 – Que parte do texto poderia ser relacionada com a parábola bíblica?

      A fala do leão ao rato: “A parte do rato para o rato; para o leão, a parte do leão”.

a)   Com que possíveis intenções de sentido ela foi usada pela personagem?

O leão quis lembrar ao rato que ele era o mais poderoso e, por isso, mereceria a maior parte.

b)   Você acha que ao dar essa fala para a personagem, o narrador reforça o que o leitor espera desse tipo? Por quê?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A fala da personagem reforça as características e ações esperadas em relação ao que o leão representa no mundo das fábulas: prepotência, abuso de autoridade, etc.

09 – Releia: “A expressão ainda não existia naquela época, mas o Rato percebeu que ela passaria a ter uma validade que os tempos não mais apagariam.”. Estabeleça relações com as informações do boxe “Clipe”.

        Clipe

        Sem correção da tabela, mordida do IR será maior

        Acaba este ano o compromisso do governo federal de corrigir a tabela do Imposto de Renda (IR) em 4,5% para repor as perdas provocadas pela inflação [...]. Caso uma nova correção não seja definida até o fim do ano, o trabalhador pagará mais IR em 2011. O pagamento de mais imposto ocorre porque o contribuinte que teve aumento de renda poderá deixar de ser isento ou subir de faixa de tributação e receber uma mordida maior do Leão.

Publicado em: 17 nov. 2010. Disponível em: http://blogs.estaadao.com.br/jt-seu-bolso/sem-correcao-da-tabela-mordida-do-ir-sera-maior/. Acesso em: 2 fev. 2015. Fragmento.

a)   O que é imposto de renda?

O imposto que todo trabalhador precisa pagar sobre sua renda ou salário.

b)   A notícia é favorável ao contribuinte, isto é, ao trabalhador que paga os impostos?

Não, ela mostra que o contribuinte poderá pagar ainda mais impostos.

c)   Quem é o leão a que se refere a notícia?

O imposto de renda.

d)   Sabendo disso, que crítica pode estar implícita na parte da fábula que você releu?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O texto permite pensar em nosso próprio contexto, em que o leão ainda exige sua, bem grande, parte.

10 – Como você interpretaria a moral da fábula?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O rato precisou ceder a parte do leão para sobreviver, como fazem os cidadãos que estão na economia ativa.

11 – Agora é a sua vez! Pensando nas relações que o texto permite com a parábola e com a cobrança de imposto de renda em nossa sociedade, invente outra moral para a fábula com foco no leão.

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

sexta-feira, 8 de julho de 2022

FÁBULA: HIERARQUIA - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

 Fábula: Hierarquia

               Millôr Fernandes

        Diz que um leão enorme ia andando chateado, não muito rei dos animais, porque tinha acabado de brigar com a mulher e esta lhe dissera poucas e boas.

        Eis que, subitamente, o leão defronta com um pequeno rato, o ratinho mais menor que ele já tinha visto. Pisou-lhe a cauda e, enquanto o rato forçava inutilmente pra escapar, o leão gritava: "Miserável criatura, estúpida, ínfima, vil, torpe: não conheço na criação nada mais insignificante e nojento. Vou te deixar com vida apenas para que você possa sofrer toda a humilhação do que lhe disse, você, desgraçado, inferior, mesquinho, rato!" E soltou-o.

        O rato correu o mais que pode, mas, quando já estava a salvo, gritou pro leão: "Será que V. Excelência poderia escrever isso pra mim? Vou me encontrar com uma lesma que eu conheço e quero repetir isso pra ela com as mesmas palavras!"

        MORAL: Ninguém é tão sempre inferior.

        SUBMORAL: Nem tão nunca superior, por falar nisso

              Millôr Fernandes. Disponível em: http://www2.uol.com.br/millor/fabulas/070.htm. Acesso em: 27 jan. 2015.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p.144-5.

Entendendo a fábula:

01 – O conflito entre uma personagem que representa o poder e uma personagem que representa o mais fraco também aparece nessa nova versão da fábula? Explique.

      Sim, também nessa versão o leão aprisiona o rato e o ameaça.

02 – Que significado você daria à expressão “não muito rei dos animais”? Por que o leão estaria se sentindo assim?

      Reposta pessoal do aluno. Sugestão: Significaria baixa autoestima, sentindo-se menos poderoso. O leão estaria sentindo assim, por ter brigando com a mulher.

03 – A expressão “o ratinho mais menor” não é recomendada pelas normas e convenções da variedade padrão. No texto ela é empregada com intenções literárias para provocar efeitos de sentido. Que imagem do ratinho se quer sugerir com o uso dela?

      A de que realmente ele é muito pequeno.

04 – Que expressões o leão usou para caracterizar o rato? Consulte no dicionário o sentido das que lhe forem desconhecidas. Por que provavelmente o leão falou tanta coisa para o ratinho?

      “Miserável criatura, estúpida, ínfima, vil, torpe” e, ainda, “desgraçado, inferior, mesquinho, rato!”. Porque ele estava com a autoestima baixa e descontou isso no rato, ao também lhe dizer “poucas e boas”.

05 – Que pronome de tratamento o rato usa para se dirigir ao leão? O que isso permite inferir?

      Vossa Excelência. Permite inferir que o rato respeitava o poder e o prestígio do leão.

·        Ele parece ter ficado ofendido ou impressionado com as palavras do leão? Explique.

Ele parece ter ficado impressionado com as palavras ruins, a ponto de pedir que o leão as escrevesse.

 

quarta-feira, 15 de junho de 2022

CRÔNICA: O ÔNIBUS - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

 CRÔNICA: O ÔNIBUS

                    Millôr Fernandes

        O ônibus é um automóvel que ou a gente pega ele ou ele pega a gente. Se a gente está dentro dele é muito engraçado ver como ele vai passando bem justo nos buracos que ficam entre um carro e outro, mas agora se a gente está na rua dá sempre a impressão de que ele vem em cima da gente, e, às vezes, vem mesmo. Como ônibus dá muita trombada eu acho que as fábricas já fazem eles velhos, pois eu nunca vi nenhum novo. Os carros grã-finos parecem que têm muito medo de brincar com os moleques pra não se sujar, e vão logo se afastando. Eu acho que o ônibus é o animal feroz das cidades.

                                           FERNANDES, Millôr.Compozissõis Imfãtis. Rio de Janeiro: Nordico, 1975.

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 2 p.95.

Entendendo o texto

01. Essa crônica lembra uma redação escolar. Que elementos do texto nos remetem a isso? Que efeito de sentido esse recurso promove?

Tanto o formato como a linguagem oral coloquial empregada remetem a redações escolares feitas nos anos iniciais, o que por meio da ingenuidade, que é característica das crianças dessa idade, acaba promovendo o humor.

02. O foco narrativo dessa crônica está na

a)   3ª pessoa.

b)   1ª pessoa do singular.

c)   1ª pessoa do plural.

03. Essa crônica usa como um recurso na construção de seu sentido a linguagem oral coloquial. Releia uma das expressões a seguir que exemplifica esse uso.

[...] a gente pega ele ou ele pega a gente.

a)   Que pronome pessoal é sinônimo de a gente?

O pronome nós.

b)  O pronome ele aparece duas vezes nas orações. Considerando a norma-padrão da língua, esse pronome foi empregado adequadamente nas duas ocorrências? Explique.

Não, o pronome ele foi empregado com a função de sujeito e com a função de complemento verbal.

c)   Se essa frase precisasse  ser empregada em uma situação formal, como ela seria escrita? Reescreva-a usando adequadamente a variedade culta da língua.

Ou nós pegamos o ônibus, ou o ônibus nos pega.

d)   Copie, do texto, outras palavras ou expressões que são típicas da linguagem oral.

“...ele vai passando bem justo nos buracos...”

“...dá sempre a impressão de que ele vem em cima da gente...”

 

 

sexta-feira, 4 de março de 2022

AUTORRETRATO: O MENINO - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

 Autorretrato: O menino

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEilETqv1Oxws7QsMnCO8ONPB_QIr-OajNHi4l-FPqSeh8UGLOiZH4bP9yRZ63hfMSuTDw2N5z--G4ACOhSl8OV2jl-zgs2hlxB7meec3D_FlSzaErv4cw5GsHfM1kWGhzY6Ba9fznsE-9D5ScmQOQQ0jaTLuSyJeWoupw59KnSNPzfvAD3qhMnf3SuG=s1280


        Eu sou um menino maior que muitos e menor que outros. Na cabeça tenho cabelo que mamãe manda cortar mais do que eu gosto e, na boca, muitos dentes, que doem. Estou sempre maior que a roupa, por mais que a roupa do mês passado fosse muito grande. Só gosto de comer o que a mãe não quer me dar e ela só gosta de me dar o que eu detesto. Em matéria de brincadeiras as que eu gosto mais são as perversas, mas essa minha irmãzinha grita muito.

Millôr Fernandes. Conpozissões infãtis. 2. ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1976. p. 11.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 6ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 25.

Entendendo o auto retrato:

01 – Nesse auto retrato, o menino se define comparando-se com outros. Como ele é em relação aos outros meninos?

      Ele é maior que muitos e menor que outros.

02 – O menino refere-se à mãe e a outras coisas, como seu cabelo, o que come, etc.

a)   O modo como a mãe o trata é comum a todas as mães? Justifique sua resposta.

É comum às mães que se preocupam com a aparência, a saúde, a educação de seus filhos.

b)   A relação que ele tem com as coisas é agradável ou desagradável? Por quê?

Desagradável, porque sua vontade e seu gosto nunca são levados em consideração.

03 – Ao falar das brincadeiras, o menino menciona a irmã. Ela é mais velha do que ele? Justifique sua resposta.

      Mais nova. Porque ele se refere a ela empregando o diminutivo.

04 – Pensando no título do texto e no que o menino diz sobre a mãe, a roupa e a irmãzinha, responda: Por que, na sua opinião, o menino começa a se definir pelo tamanho?

      Porque o tamanho é o que o identifica, o que o situa em relação ao mundo adulto, é o que o faz ceder à vontade dos adultos.



sábado, 9 de outubro de 2021

FÁBULA: O SOCORRO - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

 FÁBULA: O SOCORRO

                Millôr Fernandes

 

        Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão – coveiro – era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouvia um som humano, embora o cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que lá vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: ―O que é que há?‖.

          O coveiro então gritou desesperado: ―Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível!‖. ―Mas, coitado!‖ condoeu-se o bêbado – ―Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho!‖ E pegando a pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.

 Moral: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem a quem se apela.

Fonte: Millôr Fernandes, Fábulas fabulosas. http://compartilhandosaberesaberes.blogspot.com/2016/04/o-socorromillor-fernandes.html

Entendendo o texto

 01.O que faz esse texto ficar engraçado?

A) O bêbado ter imaginado que o coveiro era um morto e jogar terra para cobri-lo.

B) O coveiro ficar cavando e sentir frio durante a madrugada. C) O homem ficar sentado no fundo enrouquecido de tanto gritar.

D) O homem ter cavado demais e ficar preso no buraco.

   02. O coveiro ficou desesperado por que

         A) ficou preso no buraco e já era noite.

         B) ouviu uns passos chegando perto do buraco.

         C) sentiu medo de ficar sozinho no cemitério.

         D) viu que um bêbado tinha chegado para ajudá-lo.

 

03.No trecho “E pegando a pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.”, a palavra “cuidadosamente” dá ideia de quê?

Que ele foi jogando a terra bem devagar.

 

04.Em qual dos trechos abaixo há traços de humor?

         A) “Percebeu que cavava demais!”.

        B) “Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio.”.

       C) “Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho!”.

       D) “ A noite chegou,”.

    05. O coveiro ficou desesperado por que:

        A)   Ficou preso no buraco e já era noite.

        B)   Ouviu uns passos chegando perto do buraco.

        C)   Sentiu medo de ficar sozinho no cemitério.

        D)   Viu que um bêbado tinha chegado para ajudá-lo.

  06. “O que é que há?” Quem fez essa pergunta foi:

       A)   O mortinho.

       B)   A cabeça ébria.

       C)   O coveiro.

       D)   O narrador.

07. O motivo pelo qual o coveiro não conseguiu sair do buraco foi que:

     A) Distraiu-se tanto com seu trabalho que cavou demais.

     B) Anoiteceu rapidamente e ele sentiu medo de sair da cova.

     C) Estava com muito frio e precisava de um lugar para dormir.

     D) Por mais que gritasse, ninguém atendeu seu pedido.

08. Lendo o texto, você conclui que o coveiro

     A) Não gostava do que fazia.

     B) Era uma pessoa atenta ao que fazia.

     C) Recebeu ajuda do bêbado, rapidamente.

     D) Não foi capaz de pedir ajuda.

     E) Não foi bem sucedido no seu ofício.

 09. Que afirmativa abaixo expressa a meia ideia da moral do texto?

      A) Deve-se pedir socorro a qualquer pessoa.

      B) Não importa a quem se pede ajuda.

     C) Ao precisar de ajuda, deve-se saber a quem pedir.

     D) Nunca se precisa de ajuda.

     E) Ao ajudar, não se deve cobrar.

10. Por que o bêbado não atendeu ao pedido do coveiro?

      A) Porque ele não ouviu o seu pedido de socorro.

      B) Porque enterrar defunto era o seu ofício.

      C) Porque ele não estava em plena consciência de seus atos.

      D) Porque ele queria brincar com o coveiro.

      E) Porque ele não era capaz de carregar o coveiro.

11.  Ao cair na cova, o coveiro

       A) Ficou sem reação.

       B) Não pediu socorro.

       C) Recebeu ajuda imediata.

       D) Sempre teve esperança.

       E) Viu-se impotente.

 12.  Ao dizer: “Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho!”, o bêbado

       A) Achou que o coveiro estava se divertindo.

       B) Sentiu pena do coveiro por estar coberto de terra.

       C) Não entendeu a sua situação.

       D) Tratou o coveiro com palavras indelicadas.

       E) Humilhou o coveiro.

13. Durante a noite, o coveiro

     A) Ouviu bastantes vozes de pessoas.

     B) Presenciou o barulho dos animais.

     C) Teve ajuda de várias pessoas.

     D) Sentiu bastante frio.

     E) Saiu da cova.

domingo, 16 de maio de 2021

FÁBULA: O DINHEIRO NÃO TRAZ FELICIDADE - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

 FÁBULA: O DINHEIRO NÃO TRAZ FELICIDADE

                Millôr Fernandes

Só e triste vivia o pobre marceneiro José dos Andrajos. Sem parentes, ele morava na sua loja humilde, trabalhando dia e noite para ganhar o que mal e mal lhe bastava para sustentar-se (era como qualquer um).

Mesmo assim, porém, conseguia economizar cinquenta cruzeiros cada mês. No fim do ano, com seiscentos cruzeiros juntos, lá ia ele para o "Fasanelo... e nada mais", e comprava um bilhete inteiro.

Os que sabiam de sua mania riam dele, mas ele acreditava que era através da loteria e não do trabalho que iria fazer-se independente. E assim foi.

No quinto ano de sua insistência junto à loteria ("insista, não desista."), esta lhe deu cem mil contos. Surgiram fotógrafos e repórteres dos jornais, surgiram os amigos para participar do jantar que ele deu para comemorar sua sorte.

José fechou imediatamente a loja e, daí em diante, sua vida foi uma festa contínua. Saía em passeios de lancha pela manhã, à tarde ia para os bares, à noite para as boates e cabarés, sempre cercado por amigos entusiasmados e senhoras entusiasmadíssimas.

Mas, está visto, no meio de tanta efusão, o dinheiro não durou um ano. E, certo dia, vestido de novo com suas roupas humildes, o nosso marceneiro voltou a abrir sua humilde loja para cair outra vez em seu trabalho estafante e monótono. Tornou a economizar seus cinquenta cruzeiros por mês, aparentemente mais por hábito do que pelo desejo de voltar a tirar a sorte grande, o que, aliás, parecia impossível.

Os conhecidos continuavam zombando dele, agora afirmando-lhe que a oportunidade não bate duas vezes (a oportunidade só bate uma vez. Quem bate inúmeras vezes são as visitas chatas.).

No caso de nosso marceneiro, porém, ela abriu uma exceção. Pois no terceiro ano em que comprava o bilhete, novamente foi assaltado pelos amigos e repórteres que, numa algazarra incrível, festejavam sua estupenda sorte.

Mas, desta vez, o marceneiro não ficou contente como quando foi sorteado pela primeira vez. Olhou para os amigos e jornalistas com ar triste e murmurou: "- Deus do céu; vou ter que passar por tudo aquilo outra vez!?"

MORAL: PARA MUITA GENTE DÁ UM CERTO CANSAÇO TER QUE COMPARECER À FESTA DA VIDA.

(Fábulas fabulosas. Disponível em: www2.uol.com.br/millor/fabulas/039.htm. Acesso em: 17/6/2012.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 3/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.124-5.

ENTENDENDO O TEXTO 

1. Observe o 1º parágrafo do texto.

a) Nele é apresentada a personagem principal da narrativa.

    Como ela é retratada?

    Como um marceneiro que vivia só e triste.

b) Há, nesse parágrafo, uma palavra que faz referência ao marceneiro. Qual é essa palavra?

O pronome pessoal ele.

c) Na frase “Sem parentes, ele morava na sua loja humilde”, o pronome sua indica posse.

No contexto, sua se refere à posse de quem?

À posse do marceneiro; indica que a loja era dele.

2. O 2º parágrafo tem com o 1º uma relação de oposição.

a) Que palavra do 2º parágrafo é responsável por marcar essa oposição?

A palavra porém.

b) Em que outros parágrafos se observa o mesmo tipo de relação? Que palavras marcam essa oposição entre parágrafos?

No 6º, no 8º e no 9º parágrafos. As palavras são mas, porém e mas, respectivamente.

3. Releia estes três fragmentos do texto:

“trabalhando dia e noite para ganhar o que mal e mal lhe bastava para sustentar-se”

“No quinto ano de sua insistência junto à loteria (“insista, não desista.”), esta lhe deu cem mil contos.”

“agora afirmando-lhe que a oportunidade não bate duas vezes”

a)   A que ou a quem se refere o pronome lhe em cada um dos fragmentos?

          Refere-se ao marceneiro.

 b)   A que se refere o pronome esta, no segundo fragmento?

         Refere-se à loteria.

4. O texto apresenta os fatos em sequência e de acordo com uma relação de causa e efeito. Além disso, situa-os em relação ao tempo e ao espaço.

a) O tempo verbal é um importante recurso na organização do texto. Que tempo verbal predomina? Justifique sua resposta.

Predomina o passado, como pode ser constatado no emprego das formas: vivia, morava, conseguia, fechou, tornou, olhou, etc.

b) Identifique no texto alguns indicadores temporais, isto é, palavras e expressões que marcam a passagem do tempo.

Entre outros: “no fim do ano”, “no quinto ano”, ”daí em diante”, “pela manhã”, “à tarde”, “à noite”, “certo dia”, “no terceiro ano”, “desta vez”, “quando foi sorteado pela primeira vez”.

5. Como foi observado, há no texto palavras que retomam outras, expressas anteriormente. Esse procedimento de retomada tem o objetivo de tornar o texto mais dinâmico, evitando repetições.

a) Que expressão foi usada no último parágrafo para retomar a ideia de exploração e frustração apresentada na história?

A expressão tudo aquilo, no trecho “passar por tudo aquilo outra vez”.

 b)Na moral dessa fábula, a que se refere a expressão “festa da vida”?

Ao assédio que a personagem sofreu por “amigos” e “senhoras” interesseiros.

c)A expressão “festa da vida” foi ou não usada de modo irônico?

Sim, foi usada de modo irônico, pois o assédio sofrido pela personagem por causa de seu dinheiro não era propriamente uma festa, já que o marceneiro, de certa forma, foi manipulado ou se deixou manipular pelos outros.

6. Na sua opinião, a moral da história é coerente com a abordagem realizada pelo autor? Por quê?

Sim. O autor é irônico e, de certa forma, faz uma crítica às pessoas que não aproveitam as oportunidades para mudar de atitude na vida.