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sexta-feira, 23 de julho de 2021

LIVRO(FRAGMENTO) - A TROCA - LYGIA BOJUNGA NUNES - COM GABARITO

 Livro: A TROCA(Fragmento)

                                    Lygia Bojunga Nunes

        Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena os livros me deram casa e comida.

        Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé, fazia parede, deitado, fazia degrau de escada; inclinado, encostava num outro e fazia telhado. E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro.

        De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.

        Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça. Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas. Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação.

        Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia; e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu, era só escolher e pronto, o livro me dava.

        Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca tão gostosa que no meu jeito de ver as coisas é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.

        Mas, como a gente tem mania de sempre querer mais, eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra em algum lugar uma criança juntar com outros, e levantar a casa onde ela vai morar.

BOJUNGA, Lygia. Livro: um encontro com Lygia Bojunga. 2. Ed. Rio de Janeiro: Agir, 1998.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 7º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 154-6.

Entendendo o livro:

01 – Por que o depoimento recebeu o nome “A troca”?

      A palavra troca foi empregada com o sentido de retribuição. A autora retribui, devolve o que os livros lhe deram, escrevendo outros livros, para outros leitores.

02 – Releia a frase:

        “Para mim, livro é vida; [...]”.

a)   Por que a autora faz essa afirmação?

Porque o livro a constituiu como pessoa, tornou-se seu sustento e possibilitou que ela ajudasse outras pessoas.

b)   Pensando em sua vida, qual palavra você usaria no lugar de livro? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

c)   A escritora fez de uma paixão de criança sua profissão. Como você poderia transformar uma paixão de sua vida em profissão? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

03 – Depois de definir livro, o depoimento apresenta, em cada parágrafo, uma ideia diferente a respeito da importância do livro na vida da autora. Explique como essas ideias sobre a leitura se formaram em cada período da vida da escritora:

a)   Primeiro período da infância.

Brincando de casinha: livro era tijolo.

b)   Segundo período da infância.

Descobrindo o significado dos desenhos e das palavras.

c)   Pré-adolescência/adolescência.

Pegando intimidade com as palavras, alimentando e imaginação.

d)   Jovem, adulta.

Fabricando, ou seja, escrevendo livros para leitura de outras pessoas.

04 – A escritora realiza um depoimento sobre sua relação com os livros e a leitura. Responda:

a)   De que tipo de leitura a autora se refere?

A autora está se referindo à leitura literária.

b)   É possível “alimentar a imaginação” com outras formas de manifestação cultural? Explique.

Sim, é possível “alimentar a imaginação” com outras formas de manifestação cultural, por exemplo: ao assistir a um filme ou a uma peça teatral, ao jogar videogame, ouvindo ou cantando uma música, entre outras. Nessas manifestações culturais, é possível imaginar-se como outras pessoas, vivendo em outros mundos.

c)   Além de entretenimento e fruição, que objetivos pode ter a leitura? Explique.

Os objetivos de leitura podem ser estudar, buscar informações, trabalhar, formar opinião, buscar instruções de uso, entre outros.

05 – Em sua opinião, que valor nossa sociedade dá à leitura de forma geral? Explique.

      Resposta pessoal do aluno.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

TEXTO: O ALMOÇO - ADAPTADO DE: LYGIA BOJUNGA NUNES (A BOLSA AMARELA) - COM GABARITO

 Texto: O Almoço

      Trouxeram a travessa de bacalhoada e botaram bem na minha frente. A bacalhoada soltava mais fumaça que qualquer chaminé, e a fumaceira passava rentinho do meu nariz.

        Encheram o meu prato. Tomei coragem e falei:

        - Tia Brunilda, a senhora vai me desculpar, mas se tem comida que eu não topo é bacalhau.

      - Bobagem da Raquel, ela gosta sim – o meu pai falou.

      Olhei pra minha mãe e ela fez cara de quem diz: “não cria caso, sim, Raquel?” Vi que ia dar alteração. Então mandei recado pro estômago aguentar firme, e comecei a mastigar devagar. Foi aí que o Alberto se abaixou pra apanhar o guardanapo e gritou:

           - Ih pessoal, vocês já viram o tamanho da bolsa da Raquel? O que é que você carrega aí dentro, hem, Raquel?

           - Nada. Não carrego nada, viu? – respondi já meio afobada. Aí o Alberto falou:

           - Vou espiar essa bolsa, pra ver o que é que ela tem. – Mas disse aquilo cantando. Com a música de “Vou passear na floresta, enquanto seu lobo não vem”.

           Meu coração disparou. Tudo que o Alberto dizia que ia fazer, fazia mesmo.

           - Vou espiar essa bolsa, pra ver o que é que ela tem. – Se levantou da mesa e veio vindo pra perto de mim. Estendia as mãos assim que nem garra de monstrinho, e fazia cada careta horrível.

            O pessoal desatou a rir: Principalmente a tia Brunilda. Ria de chorar. Me levantei, e botei a bolsa atrás de mim. Aí o Alberto começou a me fazer cócega pra ver se eu saía da frente da bolsa. Pra quê! Fiquei na maior chateação:

           - Tia Brunilda, diz pro Alberto parar com isso, sim?

           Ela ria.

           - Vou espiar essa bolsa, pra ver o que é que ela tem. – E toca a fazer cócega.

           Fui pra perto da tia Brunilda:

          - A senhora acha engraçado tudo o que o Alberto faz, não é? Ele pode fazer maior besteira do mundo que a senhora acha graça.

          Minha irmã fechou a cara:

          - Não fala assim com a tia Brunilda.

          - Ela não tá ligando a mínima o que o Alberto faz comigo, por que é que eu vou ligar pra ela?

          - Raquel?

          - Porque vocês tão sempre ligando, é?

          - Não precisa dizer mais nada, Raquel.

          - Vou espiar essa bolsa...

          - Porque vocês tão sempre paparicando ela, é?

          - Raquel, eu disse chega.

          - ...pra ver o que é que ela tem.

          - Porque ela é rica, é?

          - Eu disse chega!

          - Vou espiar essa bolsa...

          - Porque ela tá sempre dando presente, é?

          - Chega!!!

                                                    Adaptado de: Lygia Bojunga Nunes. A bolsa amarela. Rio de Janeiro: Agir, 1979.

Fonte: Livro: Português – 5ª série – Palavra Aberta- Isabel Cabral – Atual Editora – p. 66-68.

Entendendo o texto

      1.   Várias personagens participam do almoço na casa da tia Brunilda.

a)   Quais são as personagens dessa história?

Raquel, Alberto, tia Brunilda, os pais e a irmã de Raquel.

 b)   Quem é a personagem mais importante da história?

Raquel.

2.   O narrador também é personagem?

             Sim. Raquel narra a história.

           3.   Raquel não gostava de bacalhoada.

   a)   Ela conseguiu deixar de comer dessa comida? Por quê?

Não. Sua mãe a repreendeu, dando a entender que haveria problemas sérios se ela não comesse.

 b)   O que você acha de alguém ser obrigado pelos mais velhos a comer o que não gosta?

Resposta pessoal.

4.   Alberto cismou em pegar a bolsa de Raquel para ver o que tinha dentro.

    a)   Como Raquel se sentiu?

Ficou desesperada, seu coração disparou.

 b)   Como você se sentiria se alguém quisesse pegar algo seu, à força, para expor a todo o mundo?

Resposta pessoal.

 c)   Das ações da personagem Alberto, podemos concluir algumas de suas características. Que características são essas?

Desrespeitoso, cruel, provocativo, invasivo.

5.   “O pessoal desatou a rir. Principalmente a tia Brunilda. Ria de chorar.”

   a)   O que você acha da atitude que os adultos tiveram diante do que acontecia com Raquel?

Resposta pessoal.

 b)   Na sua opinião, por que ninguém fez nada para proteger a menina?

Resposta pessoal.

 6.   Sem nenhum apoio, Raquel começa a falar “coisas indesejáveis” para sua família.

    a)   O que ela disse que é “indesejável”? Escreva com suas próprias palavras.

Ela acusou a família de “paparicar” a tia Brunilda porque era rica e dava presentes.

b)   Como a família reagiu ao que Raquel disse?

Impediram-na de continuar a falar.

7.   O “clima” do almoço na casa da tia Brunilda estava calmo ou tenso?

             Tenso.

            8.   O texto termina com alguém gritando “-Chega!!!” para Raquel.

            O que você acha que aconteceu depois disso? Escreva um ou dois parágrafos, finalizando a história.

            Resposta pessoal.

 

 

sábado, 3 de outubro de 2020

CRÔNICA: TCHAU (FRAGMENTO) - LYGIA BOJUNGA - COM GABARITO

 Crônica: Tchau (Fragmento)


                                                   Lygia Bojunga

        [...]

        De repente a Mãe ficou de joelhos, agarrou as duas mãos da Rebeca e foi despejando a fala:

        — Eu me apaixonei por um outro homem, Rebeca. Eu estou sentindo por ele uma coisa que nunca! nunca eu tinha sentido antes. Quando eu conheci o teu pai eu fui gostando cada dia mais um pouco dele, me acostumando, ficando amiga, querendo bem. A gente construiu na calma um amor gostoso e foi feliz uma porção de anos. E mesmo quando eu reclamava que ele gostava mais da música do que de mim, eu era feliz...

        — O pai adora você! você não pode...

        —... e mesmo no tempo que o dinheiro era super apertado a gente era feliz...

        — Ele gosta de você! ele gosta demais de você.

        —... mas este último ano a gente tá sempre discutindo, a gente briga a toda hora.

        — Por quê?

        — Não sei; quer dizer, eu sei; eu sei mais ou menos, essas coisas a gente nunca sabe direito, mas eu sei que eu fui me sentindo sozinha.

        [...].

NUNES, L. B. Tchau. In: Tchau. 3. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1987. p. 10 – 21.

Entendendo a crônica:

01 – O uso de reticências durante o diálogo entre a mãe e a filha, permite inferir que as personagens:

a)   Interrompem a fala uma da outra.

b)   Brigam porque a mãe ficou de joelho.

c)   Usam pausas reflexivas no diálogo.

d)   Tranquilizam-se durante a conversa.

e)   Conversam coisas sem conexão.

02 – No trecho do texto, percebe-se uma:

a)   Lembrança do encontro inicial do casal.

b)   Demonstração de diálogo entre as amigas.

c)   Experiência vivida pela filha com um novo namorado.

d)   Discussão sobre o relacionamento de mãe e filha.

e)   Tentativa da filha em reestabelecer o casamento dos pais.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

CONTO: O BIFE E A PIPOCA - LYGIA BOJUNGA NUNES - COM QUESTÕES GABARITADAS

CONTO: O BIFE E A PIPOCA
      
                         Lygia Bojunga Nunes

1º Capítulo
CARTA DE AMIGO

Oi Guilherme!
Outro dia eu olhei no mapa pra ver onde é que é Pelotas. Puxa! Como a gente ficou longe de repente, hem? Eu não tinha nem pensado que Pelotas era tão lá no finzinho do Brasil. O meu pai diz que carioca morre de frio aí no Sul quando chega o inverno. Então eu pensei que você tem que vir passar as férias de julho no Rio. Aqui em casa, é claro. Primeiro pra não morrer de frio. Segundo, pra gente ir junto à praia que nem ia antes.
Hoje foi o 1ºdia de aula.
Achei  tão esquisito você não estar lá.
Lembra? A gente se conheceu na 1ªsérie.
Depois foi  junto pra 2ª,3ª e 4ª.
E aí né combinou mais nada porque era claro que a gente ia junto pra 5ª.
E aí você vai e se muda pro Rio Grande do Sul.
Ora, francamente.
Só você que foi embora: o resto da turma é toda a mesma
Mas entraram duas garotas novas
Uma é metida a besta, mas em compensação se chama Renata, que acho um nome lindo. A outra parece legal, mas não desgruda da Renata.
Assim fica difícil.
Ah! mas tem uma novidade: nossa escola agora dá bolsa pra aluno pobre. E então tem também um garoto novo: bolsista. Ouvi dizer que ele mora na favela; se chama Turíbio Carlos; e sentou no mesmo lugar que você sentava.  Mas não falou nem olhou pra ninguém.
Quem sabe o emprego do teu pai não dá certo e vocês voltam aqui pro Rio?
Não  tô querendo que o teu pai fique sem emprego, não é isso, mas é que eu acho tão chato não ver mais você do meu lado lá na classe. E a escola aí é legal?
Um grande abraço do
Rodrigo

2º capítulo
NA SALA DE AULA

O professor de geografia perguntou:
- Como é o seu nome?
- Turíbio Carlos.
- Como?
- Turíbio Carlos.
- Levantou. E levantou também um pouco a voz:
- Mas lá em casa me chamam de Tuca.- Quem sabe aqui na escola você também fica sendo Tuca? E o Tuca arriscou:
- Eu topo. O professor de geografia resolveu:
- Então pronto. - E escreveu na ficha:
- Tuca. A turma riu: era a primeira vez que eles ouviam o Tuca falar: ele não puxava conversa não entrava em grupo nenhum, e na hora do recreio ficava sempre estudando.
E pela primeira vez o Tuca falou com um colega:
- Nossa! nunca vi  tanta manteiga e tanto queijo num pão só. Começaram a conversar. Primeiro de idade: o Rodrigo tinha 11 anos e o Tuca já ia fazer 14! O Rodrigo olhou espantado pra ele:
- É mesmo?!- Não pareço não?
- Bom... - e o Rodrigo olhou pro pão. O Tuca era tão miúdo que ele até tinha pensado que os dois eram da mesma idade. E aí falaram de estudo.
- Sabe que eu era o 1º da classe lá na minha escola? Outra vez o Rodrigo se espantou: naqueles primeiros dias de aula já tinha dado pra ver que o Tuca estava sempre por fora.
- Foi por isso que eu ganhei a bolsa de estudo por aqui.
O Rodrigo só disse: humm.
O Tuca meio que riu:
-“Escola de rico" feito a gente diz. ­
- Acho que eu não vou aguentar a barra: o estudo aqui é mais adiantado, é diferente, sei lá, eu só sei que não tá dando. E o pior é isso aqui - olhou pro caderno e espichou um queixo desanimado: a tal da matemática.
- Você não fez o trabalho que a gente tem que fazer?
_ De que jeito? Eu não saco nada disso. O Rodrigo olhou pro relógio:
_ Eu tô quase acabando o meu. Quer que depois eu te dê uma explicação? E o Tuca falou:
- Puxa, cara, saquei  tudo que você me ensinou; acho que você vai ter que ser professor.
E no dia seguinte lá estava o Rodrigo outra vez explicando. E o Tuca se animando: “Agora, sim, tô Sacando!”

3º capítulo
CARTA DE AMIGO

Alô, Guilherme, tudo bem?
Você lembra quando a gente conversava do que ia ser quando crescer?
Você sempre sabia o que queria, só que a toda hora mudava: médico, arquiteto, escritor.
Eu não. Lembra? Eu nunca sentia muita vontade de ser nada.
E daquela última vez que a gente conversou eu até te disse: acho que eu não vou ser nada de tanto que u não sei o que que eu quero ser.
Mas agora você vai ficar bobo: esta semana - até que enfim!! - eu descobri o que que eu quero.
Adivinha.
Pensa bem.
Resposta de cabeça para baixo.
PROFESSOR(no livro está escrito de cabeça para baixo)
Isso mesmo!
Tá duvidando? No princípio eu também duvidei.
Tudo começou por causa do Tuca, aquele bolsista que veio pra escola e que senta no mesmo lugar que você sentava. Eu comecei dando explicações de matemática pra ele. Mas agora eu estou dando aula de tudo. Pra ver se ele alcança a turma. Senão ele é capaz de perder essa bolsa.
Eu nunca tinha pensado que eu ia gostar de ensinar, mas, sabe? quando o Tuca saca o que eu explico me dá uma sensação assim de... sei lá, isso eu não sei explicar. Só sei que é bom .
Então eu resolvi que eu vou ser professor.
E você? Continua mudando de profissão a toda a hora?
Vê se escreve, viu, cara? Abração do
RODRIGO

4º Capítulo
 - VOCÊ GOSTA DE PIPOCA?

- O quê?
O Tuca cochichou mais alto:
- Você gosta de pipoca? - (Estavam no meio da aula de português.) O Rodrigo fez que sim.- Todo sábado a minha irmã faz pipoca...O Rodrigo fez cara de quem diz ah é? E depois de um tempo o T uca acabou a frase:
- ...mas pipoca só é bom na hora.- O quê?- Pipoca só é bom na hora que faz...
-Ah é. O T uca ficou quieto. Mas depois continuou:
- ...se não fosse, eu trazia a pipoca pra gente comer aqui na escola.
- E a aula já estava no fim quando ele acabou de pensar no assunto:
- Quer ir comer pipoca lá em casa no sábado? O Rodrigo fez que sim. Naquele dia, quando os dois se despediram o T uca resolveu o seguinte:
- No sábado, eu venho te encontrar aqui embaixo: você não vai saber subir o morro sozinho. É que eu moro lá no alto, sabe.
- Então você se encontra comigo na minha casa: a gente almoça e depois vai. Tuca não respondeu logo. Ficou olhando pro tênis. Depois perguntou devagar:
- Almoçar na sua casa?
-É. Se olharam.
- Então tá.
E foi assim. No sábado ao meio-dia o Tuca estava chegando na casa do Rodrigo. Ele nunca tinha pisado num edifício daqueles: porteiro, tapete, espelho por todo lado, elevador subindo macio, empregada abrindo a porta pra ele entrar.
Ele entrou. E quando viu o tamanho da sala com TV, aparelho de som, armário em toda a parede (uma porta estava aberta, nossa! quanta roupa lá dentro); e quando o Rodrigo perguntou:
- tá com sede?
- tô - e foram na geladeira o Rodrigo encheu um copo de suco de laranja:
- toma.
Quando a porta da geladeira se fechou, o Tuca achou que o Rodrigo não ia achar uma ideia assim tão formidável subir uma favela todinha pra ir comer pipoca lá em cima. Foi nessa hora que o rabo do olho viu os bifes que a cozinheira estava temperando. Era impressão? Ou era bife-feito-o-bife-lá-da-esquina? O olho todo virou pro bife e o Tuca foi se esquecendo da vida. E aí? Será que Rodrigo vai querer ir até a casa do Tuca? Ou Tuca vai ficar com vergonha de levar seu amigo até a casa dele?

5º Capítulo
O BIFE LÁ DA ESQUINA

Quando Tuca saía da escola, ele ia direto ajudar um amigo a lavar carro.
Quer dizer, não era bem um amigo, era mais um patrão.
Ou melhor, não era bem um patrão, era mais um patrão. Quer dizer, não era bem um sócio... Um momentinho vamos começar outra vez: quando o Tuca saía da escola, ele ia direto ajudar um cara a lavar carro. O cara era faxineiro de um edifício lá na Rua São Clemente. Ganhava salário mínimo. Então, pro dinheiro não ficar assim tão mínimo, ele lavava os carros dos moradores do edifício e ganhava em dobro.
Um dia o Tuca passou por ali procurando um biscate, já que emprego ele não encontrava mesmo. Conversa vai, conversa vem, o faxineiro perguntou se o Tuca não queria fazer sociedade naquele negócio de lavar carro.
- Sociedade como?
_ Você pega aí um ou outro carro pra lavar e eu te dou 10% de tudo que eu ganho.
O Tuca achou ótimo. E naquele dia mesmo começou a trabalhar.
Mas aí foi acontecendo o seguinte: mal o Tuca chegava, o faxineiro ia pro botequim da esquina tomar umas e outras; quando voltava, se ajeitava num escurinho da garagem; logo depois estava roncando.
E o Tuca ficava lavando sozinho tudo que é carro que tinha pra lavar.
Um dia o Tuca achou que estava trabalhando sozinho demais e que então a tal matemática dos 10% não estava bem certa: reclamou.
O faxineiro não gostou:
_ Escuta aqui, meu irmão, tem pelo menos100 moleques que passam todo dia aí na rua querendo pegar esse emprego que eu te dei. Os trocados que o Tuca recebia lá na ­
garagem bem que ajudavam pra ir levando comida pra casa. Então, o que que era melhor, quer dizer, pior: continuar de matemática
esquisita ou perder o biscate?
E o Tuca continuou lavando carro...

6º Capítulo
O ALMOÇO

Foi só o Tuca sentar pra almoçar que o olho não teve mais sossego: pra cá, pra lá, pra cá, pra lá, querendo ver disfarçado o garfo que o pai do Rodrigo pegava, o jeito que o Rodrigo dava no guardanapo, o que que a mãe do Rodrigo fazia com o pratinho do lado, e mais as duas facas, e mais os três garfos, e mais a colher, e nossa! Que monte de coisa em cima daquela mesa, e o olho pra cá, pra lá, pra cá, pra lá, na aflição de copiar. A empregada serviu uma tigelinha pra cada um. O Tuca viu todo mundo começando a comer. Será que o almoço era aquilo e pronto? Olhou de rabo de olho pra mãe do Rodrigo. Ela estava botando um tiquinho de manteiga no pão. O Tuca foi ficando hipnotizado outra vez: a mão dela tinha um anel em cada dedo. - Você também é que nem -O Rodrigo? filho único? O Tuca acordou:- Humm?- Você também é filho único?- Não: eu tenho dez irmãos. A mãe do Rodrigo se engasgou pequeno:- Dez?!
O T uca fez que sim, humm!! que coisa mais gostosa era aquela da tigela.
- E o seu pai? o que que ele faz?
O Tuca sentiu a testa suando. Em vez de responder, esvaziou a tigelinha.
Meio que tomou fôlego. Pegou o garfo e espetou no bife, ah, que coisa mais linda: tanta força pra quê?! o garfo tinha se enterrado macio que só vendo, e o Tuca, entusiasmado, pegou a faca pra cortar o bife do mesmo jeito que o irmão mais velho (carpinteiro: pegava o serrote pra cortar madeira. Atacou! O bife não aguentou: escorregou pra fora do prato, deslizou pela toalha levando de companhia um ovo frito, duas rodelas de beterraba e um monte de grãos de arroz. Foi tudo se estatelar no tapete.
A empregada veio; primeiro disse xi! depois perguntou:
_Não é melhor botar um pouco de talco aqui no tapete pra chupar a gordura?
_É melhor, sim. A empregada saiu correndo.
_E vê se dá pra fazer outro bife pro menino!
- Não precisa não: por favor! - o T uca pediu. - Me dá aqui o seu prato. - A mãe do
Rodrigo estendeu a mão.
O Tuca ficou olhando outra vez pros anéis; a fome tinha sumido; e tinha aparecido uma vontade danada de fazer que nem a fome e sumir também.
O pai do Rodrigo resolveu puxar conversa: - O Rodrigo contou que você ganhou
uma bolsa do governo. - O Tuca fez que sim.
- Você teve sorte, rapaz, aquela escola custa uma nota firme. - O Tuca fez que sim.
- Como bolsista, você não tem que pagar nada, tem? - O Tuca fez que não. - E livro, caderno, todo o material escolar: eles também dão?
- O Tuca fez que sim. - Tudo?! - O Tuca fez que sim. - Mas que sorte!! Você está acompanhando bem o ensino lá?
- O Tuca fez que não.
A empregada voltou com uma lata de talco e uma escova; despejou talco no tapete; a sala ficou perfumada.
- Boto mais?
A mãe do Rodrigo levantou:
- Será que é preciso? - Examinou o tapete.
- Passa a escova aqui pra ver se não ficou nenhuma manchinha.
A empregada passou.
- Ainda tem mancha, sim senhora. Posso botar mais?
- Mas dizem que tapete não gosta de talco demais. - Virou pro pai do Rodrigo:
- O que que você acha, meu bem?
- O quê?
- Bota ou não bota mais talco?
O pai do Rodrigo levantou pra examinar o tapete.
- Olha, aqui saiu tudo - a empregada falou.
E escovou mais um pouco. .
- Pode botar mais um bocado aqui - o pai do Rodrigo mandou.
E quando a empregada virou a lata, a tampa de furinho caiu e o talco todo se despencou no chão (saiu até nuvem de talco voando pela sala).
- Xi! - o Rodrigo levantou.
- Depressa, depressa! vai buscar o aspirador
- A mãe do Rodrigo mandou.
A empregada saiu correndo. O pai do Rodrigo se abaixou:
- Escova aqui, ó, ó - e deu a escova pra mãe. O Rodrigo apontou com o pé:
- Aqui é que tem um monte, ó.
- Ah, coitado do meu tapete! é talco demais: ele vai ficar manchado, aposto.
A empregada voltou correndo com o aspirador. Ligou.
- Passa aqui!
- Aqui, ó!
- Não: primeiro aqui!
O Tuca e a mesa-de-almoço se olharam feito se despedindo; o guardanapo enxugou um suor que pingava da testa; a cadeira foi pra trás pra deixar o Tuca levantar. E, de pé, olho no tapete, o Tuca ficou vendo o aspirador funcionar.

7º Capítulo  
A PIPOCA

Assim que eles saíram do edifício o Tuca foi logo dizendo:
- É melhor a gente ficar aqui por baixo: tá muito calor pra subir o morro.
Mas o Rodrigo não topou:
- Você não disse que tem uma porção de irmãos?
Então? vai ser legal conhecer eles todos. Vem! Falaram pouco até chegar no morro.
O caminho que subia era estreito. O Tuca foi na frente. Quase correndo. Feito querendo escapar da discussão que crescia lá dentro dele: um T uca dizendo que amigo-que-é-amigo não tá ligando se a gente mora aqui ou lá; o outro T uca não acreditando e cada vez mais arrependido da ideia de ir comer pipoca.
E atrás dos dois lá ia o Rodrigo, querendo assobiar pra disfarçar. Querendo mas não podendo: já estava botando a alma pela boca de tanto subir.
Quantas vezes, com a luz de tudo que é barraco se espalhando pelo morro, o Rodrigo tinha escutado dizer: que bonito que é favela de noite! as luzes parecem estrelas.
E o Rodrigo ia olhando cada barraco, cada criança, cada bicho, vira-lata, porco, rato, olhando tudo que passava: bonito? estrela? cadê?!
Não era à toa que quando caía chuva forte sempre falavam de barraco desabando no morro, e o Rodrigo parava no caminho pra ficar vendo como é que alguém podia morar num troço tão parecendo que ia despencar se a gente desse um soprão.
Será que criança nenhuma tinha sapato?
E aquele cheiro de lata de lixo? não ia passar não?
E toca a querer assobiar pra disfarçar o susto de ver tanta gente assim vivendo tão feito bicho.
Quando chegaram no alto, o Rodrigo estava sem fôlego. O T uca parou:
- Eu moro aqui. - Entrou.
Só os irmãos pequenos estavam em casa.
Quatro. O Tuca foi apresentando cada um. Os grandes ainda estavam "lá em baixo se virando"; e a irmã mais velha tinha saído.
- Mas, e a pipoca? - o Tuca quis logo saber -, ela esqueceu que ia fazer pipoca pra gente?
- Não - um irmão explicou -, ela já fez. Mas ficou com medo da gente comer tudo antes de você chegar e então guardou ali ­espichou o queixo pra uma porta que estava fechada.
Fez cara de sabido e piscou o olho: - A chave tá na vizinha...
Enquanto o garoto falava, o Rodrigo ia olhando pro barraco: dois cômodos pequenos, um puxado lá fora pro fogão e pro tanque, e a tal porta fechada que o garoto tinha mostrado e que devia ser um outro quarto; ou quem sabe o banheiro? Juntando tudo, o tamanho era menor que a cozinha da casa dele; e eram onze irmãos morando ali! e mais a mãe?!
Uma vez o T uca tinha contado pro Rodrigo: "O meu pai era marinheiro. Só aparecia em
casa de vez em quando. Um dia ele não apareceu mais.
Ele morreu? Ninguém sabe.
E a tua mãe? Ela mora lá com a gente. Mas quem faz de mãe lá em casa é a minha irmã mais velha. Por quê
É que a minha mãe...é doente.
O que que ela tem?
Tem lá umas coisas. Mas a minha irmã é a pessoa mais legal que eu vi até hoje: aguenta qualquer barra.
O Tuca virou pro Rodrigo:- Tá vendo que vista legal a gente tem aqui de cima? - Legal mesmo.
- Nesse canto é que eu estudo. Tem que ser de noite, porque quando eu saio da escola eu vou lavar carro. E também de noite tá todo mundo dormindo, é mais quieto.
-É.
- Só que de noite eu tô cansado. E também não é bom ficar de luz acesa: gasta eletricidade.
Então eu deixo pra estudar no recreio.
-É. OS dois ficaram quietos.
A criançada pequena olhando. Lá pelas tantas o Tuca quis acabar com a discussão que continuava dentro dele:
- Vam' embora, Rodrigo. Você agora já sabe onde eu moro e se quiser aparecer à casa é sua.
- Mas, e a pipoca? - o Rodrigo perguntou.
Não precisou mais nada: a criançada desatou a falar na pipoca, a querer a pipoca, a pedir a pipoca. Uma barulhada! O Tuca ficou olhando pro chão. De repente saiu correndo. Pegou a chave na casa da vizinha. Abriu a porta que estava trancada.
Era um quarto com uma cama, um armário velho de porta escancarada e uns colchões no chão. Tinha uma mulher jogada num colchão. Tinha uma panela virada no chão.
Tinha pipoca espalhada em tudo.
A criançada logo invadiu o quarto e começou a catar pipoca no chão.
Ninguém ligou pra mulher querendo se levantar do colchão.
O Rodrigo estava de olho arregalado. O Tuca olhou pra ele. Olhou pra mulher.
Olhou pras pipocas sumindo.
- Pronto - ele resolveu -, você não vai comer pipoca do chão, vai? Então não tem mais nada pra gente fazer aqui. - Empurrou o Rodrigo pra fora do barraco. - Agora você já sabe? caminho. Desce por lá. - Apontou.
O Rodrigo estava atarantado:
- Lá onde?
- Vem! Eu te mostro. - E desceu correndo na frente. Num instantinho chegou na curva que ele tinha mostrado. Respirou fundo. Vem do perfume do talco. Olhou pro lado: este lameiro medonho naquele pedaço do morro tinha chovido forte na véspera e uma mistura de água e de lixo tinha empoçado ali.
O Rodrigo chegou de língua de fora: e tinha descido tão depressa que mais parece cabrito.
- Pô, cara! - ele reclamou -, assim não. Você quase me mata nessa des...
Mas o Tuca já tinha virado pra ele de feia e já estava gritando:
- Não precisa me dizer! eu sei muito bem que não dá. Como é que vai dar pra gente amigo com você cheirando a talco...
-Eu?! - ...e eu aqui nesse lixo todo.
Você é que ainda não sabe de tudo. Quer saber mais, quer? quer? - Pegou o Rodrigo pela camisa. - Quando a minha irmã traz minha mãe daquele jeito é porque a minha mãe já tá tão bêbada que faz qualquer besteira pra continuar bebendo mais. - Começou a sacudir o Rodrigo. - Você olhou bem pra cara dela, olhou? pena que ela não tava chorando e gritando pra você  ver. Ela chora e grita (feito neném com fome pedindo cachaça por favor.
- Me solta, Tuca!
- Solto! solto, sim. Mas antes ,..ocê vai ficar igual a mim. - E botou toda a força que tinha pra derrubar o Rodrigo no lameiro.
O Rodrigo deu pra trás.
O Tuca não largou; puxou de volta.
O Rodrigo outra vez conseguiu dar pra trás.
Mas o Tuca foi puxando ele de novo. E quando sentiu os pés se encharcando se atirou no lameiro levando o Rodrigo junto. Aí largou.
O Rodrigo levantou num pulo. Não precisava tanta pressa: ele já estava imundo, pingando lixo.
O Tuca levantou devagar. E de cabeça baixa foi subindo o morro de volta pra casa.
[...]

Fonte do Texto: Postado por RENAN OLIVEIRA às 10:03 www.recordel.blogspot.com.br
Fonte: Fragmento do Conto foi retirado do livro: “Tchau” da autora Lygia Bojunga Nunes

Entendendo o Conto

1)   Quando lemos o título do conto qual a sua primeira impressão?
De que iremos ler um texto sobre comida.

2)   Que assuntos são tratados no Conto?
Retrata a difícil realidade da vida na favela, em contraste com o mundo de luxo, vaidade e conforto.

3)   Onde se passa a história?
Na escola, na casa de Rodrigo e de Tuca.

4)   Quem são os principais personagens?
Tuca, Rodrigo e Guilherme.

5)   No conto aparecem várias palavras de uso coloquial, próprias da fala. Cite algumas.
Tô, tava, hem, humm, ocê.

6)   Você já teve um amigo que foi embora para um lugar distante?
Resposta pessoal.

7)   A autora neste conto busca despertar a atenção do leitor para quê?
Para as fragilidades de muitas famílias brasileiras geradas pela desigualdade social.

8)   Que temáticas traz o conto?
Temáticas corriqueiras do cotidiano das pessoas, como a desigualdade social, característica de um país subdesenvolvido como o Brasil, afetando tantos pessoas com a fome, a pobreza, a favelização, a marginalização, etc.

9)   Como finaliza o Conto?
Finaliza destacando a possibilidade de amizade entre pessoas de diferentes classes sociais, necessitando apenas de algo em comum para fortificar a amizade, pois a verdadeira amizade não tem barreiras.



quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

CRÔNICA: A CASA DE MADRINHA - (FRAGMENTO) - LYGIA BOJUNGA NUNES - COM GABARITO


Crônica: A casa de madrinha – Fragmento
          
                 Lygia Bojunga Nunes

        [...]
        -- Onde você mora?
        -- No Rio, e você?
        -- De Janeiro?!
        -- É. Moro em Copacabana. Mas fim de semana eu passo em Ipanema.
        Vera ficou olhando espantada para ele. É claro que ela tinha visto que ele não era do lugar, mas nunca tinha imaginado que ele era garoto de Copacabana. Alexandre olhou pra ela:
        -- Conhece Copacabana?
        -- Não. Mas minha prima foi pra lá. Ela morava aqui na roça, o pai dela também plantava flor que nem o meu.
        -- Que flor ele planta?
        -- Cravo, zínia, agapanto e margarida, conhece?
        -- Não.
        -- Depois eu mostro. Mas aí o pai dela vendeu o sítio e foi pra lá. Mora na rua Siqueira Campos, perto de um túnel, conhece?
        -- Conheço.
        -- Pois é. E aí ela me escreveu dizendo que tudo quanto é colega da escola dela nunca viu nem coelho, nem tatu e muito menos uma paca, já pensou? Disse que o garoto que senta do lado dela nunca viu nem uma galinha. Só assada na mesa já pronta para comer. E que ele nunca tinha pensado que antes a galinha andava e voava. E porco também nunca viram.
        -- Lá onde eu moro tem porco.
        -- Em Copacabana?
        -- É.
        -- Mas tem?
        -- Tem uns lugares que tem, sim.
        -- E tatu, coelho e paca, também tem?
        -- Isso eu nunca vi. Aqui tem?
        -- Assim. Depois eu mostro.
        -- E você onde é que mora?
        Vera apontou uma plantação de flor.
        -- A casa é no fundo. Tem um quintal superlegal: vai até o rio.
        -- E o rio também é teu?
        -- Não, é dele mesmo.
        Alexandre riu. Vera não tinha falado pra fazer graça: encabulou; ficou olhando uma formiga no chão. “Será que esse pessoal que nunca viu tatu nem coelho nem galinha viva é assim que nem eu? pensa igual a mim?” Espiou Alexandre de rabo de olho. Ele era mais queimado do que ela, mais alto, falava mais gostoso, tinha roupa velha e pé no chão. Mas o resto não estava parecendo assim tão diferente, não. “Bom, mas ele não é que nem os colegas da minha prima: tem um porco lá onde ele mora”.
        [...].
                                A casa da madrinha. Lygia Bojunga Nunes.
                             Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.137-9.
Entendendo a crônica:

01 – Alexandre mora em Copacabana. E Vera, onde parece morar? Justifique sua resposta.
      O texto indica que Vera mora no interior, pois mora perto de um rio, de flores e em um local em que há vários animais.

02 – “De Janeiro?!” O que indica a associação entre um ponto de interrogação e um ponto de exclamação?
      Indica espanto.

03 – “E aí ela me escreveu dizendo que tudo quanto é colega da escola dela nunca viu nem coelho, nem tatu e muito menos uma paca, já pensou?”.
a)   O que indica a expressão grifada?
Indica espanto.

b)   A partir da expressão grifada, podemos concluir que Vera achou comum ou raro o fato de as crianças não conhecerem os animais?
Achou incomum.

c)   Por que Vera teve essa reação em relação ao comportamento dos colegas de sua prima?
Porque, para ela, a convivência com os animais é parte da vida.

04 – “Alexandre riu”.
a)   Por que Alexandre riu?
Porque achou que Vera estivesse fazendo piada ao afirmar que o rio pertencia a ele mesmo.

b)   Por que Vera ficou encabulada?
Porque não tinha tentado ser engraçada.

c)   Por que Alexandre achou engraçado o comentário que Vera fez a sério?
Porque os dois têm maneiras diferentes de ver a vida.

05 – “Será que esse pessoal que nunca viu tatu nem coelho nem galinha viva é assim que nem eu?”
a)   O que provocou a reflexão de Vera?
O fato de Alexandre ter rido de sua observação sobre o rio.

b)   Por que Vera achou que ele não era diferente quanto os amigos de sua prima?
Porque havia um porco onde Alexandre morava.

c)   A vida na cidade e a vida no campo são diferentes? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As diferenças de hábitos, costumes, maiores ou menores facilidades para a sobrevivência, diferentes tipos de laser, níveis de violência, poluição, acesso à informação.

06 – A experiência da prima de Vera era diferente da experiência de seus colegas. Assim como eles não conheciam os animais, certamente havia coisas que ela não conhecia.
a)   O conhecimento da prima de Vera podia ser importante para os seus colegas?
Sim, pois ela estava oferecendo novas informações e mostrando a eles a existência de um mundo que não conheciam.

b)   O conhecimento dos colegas da prima de Vera podia ser importante para ela?
Sim, pois poderiam ajudá-la a viver melhor na cidade.

c)   Alexandre mostrou ter uma experiência diferente da experiência de Vera, da experiência de sua prima e também da experiência das crianças da escola. Por quê?
Porque ele tinha visto um porco, um animal que as crianças na escola não tinham jamais visto de perto.

07 – Por ter uma experiência de vida diferente, Alexandre achou a frase de Vera engraçada. Reflita: a interpretação de um texto, assim como a interpretação da vida, pode variar de acordo com a experiência de cada pessoa? Por quê?
      Porque as pessoas diferentes veem de maneira diferente o mundo e que por isso mesmo o texto nunca tem uma só interpretação possível.