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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

CRÔNICA: UM MENDIGO ORIGINAL - JOÃO DO RIO - COM GABARITO

 Crônica: Um mendigo original

              João do Rio

        Morreu trasanteontem, às 7 da tarde, de uma congestão, o meu particular amigo, o mendigo Justino Antônio.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEXFV9qnz49hYqOHcl2s1PbnzxmWGZ1JoEwK_SsatE_ZtOd53HLHasZ5hMxkj2dNhoyWuHvm5tpcwrzvFr6IyZedLD2DamnVDi1TLoxLhfqpaiasVXlV6jdpjiRMZeUFiZH1e5q-yaHy_IOa5tGKu8fRCDZVKfvZAo7hpFLywoLTyygG14XfTD8X9JCvI/s320/mendigo.png


        Era um homem considerável, sutil e sórdido, com uma rija organização cerebral que se estabelecia neste princípio perfeito: a sociedade tem de dar-me tudo quanto goza, sem abundância mais também sem o meu trabalho – princípio que não era socialista, mas era cumprido à risca pela prática rigorosa.

        A primeira vez que vi Justino Antônio num alfarrabista da Rua São José foi em dia de sábado. Tinha um fraque verde, as botas rotas, o cabelo empastado e uma barba de profeta, suja e cheia de lêndeas. Entrou, estendeu a mão ao alfarrabista.

        – Hoje, não tem.

        – Devo notar que há já dois sábados nada me dás.

        – Não seja importuno. Já disse.

        – Bem, não te zangues. Notei apenas porque a recusa não foi para sempre. Este cidadão, entretanto, vai ceder-me quinhentos réis.

        -- Eu!

        – Está claro. Fica com esta despesinha a mais: quinhentos réis aos sábados. É melhor dar a um pobre do que tomar um chope. Peço, porém, para notares que não sou um mordedor, sou mendigo, esmolo, esmolo há vinte anos. Tens diante de ti um mendigo autêntico.

        – E por que não trabalha?

        – Porque é inútil.

        Dei sorrindo a cédula. Justino não agradeceu, e quando o vimos pelas costas, o alfarrabista indignado prorrompeu contra o malandrim que com tamanho descaro arrancava os níqueis à algibeira alheia. Achei original Justino. Como mendigo era uma curiosa figura perdida em plena cidade, capaz de permitir um pouco de fantasia filosófica em torno de sua diogênica dignidade. Mas o mendigo desapareceu, e só um mês depois, ao sair de casa, encontrei-o à porta.

        – Deves-me dois mil-réis de quatro sábados, e venho ver se me arranjas umas horas usadas. Estas estão em petição de miséria.

        Fi-lo entrar, esperar à porta da saleta, forneci-lhe botas e dinheiro.

        – E se me desses o almoço?

        Mandei arranjar um prato farto, e com a gula de descrevê-lo, fui generoso.

        – Vem para a mesa.

        – A mesa e o talher são inutilidades. Não peço senão o que necessito no momento. Pode-se comer perfeitamente sem mesa e sem talher.

        Sentou-se num degrau da escada e comeu gravemente o pratarraz. Depois pediu água, limpou as mãos nas calças e desceu.

        – Espera aí, homem. Que diabo! Nem dizes obrigado.

        – É inútil dizer obrigado. Só deste o que falta não te faria. E deste por vontade. Talvez fosse até por interesse. Deste-me as botas velhas como quem compra um livro novo. Conheço-te.

        – Conheces-me?

        – Não te enchas, vaidoso. Eu conheço toda a gente. Até para o mês.

        – Queres um copo de vinho?

        – Não. Costumo embriagar-me às quintas; hoje é segunda.

        Confesso que o mendigo não me deixou uma impressão agradável. Mas era quanto possível novo, inédito, com a sua grosseria e as suas atitudes de Sócrates de ensinamentos. E diariamente lembrava a sua figura, a sua barba cheia de lêndeas... Uma vez vi-o na galeria da Câmara, na primeira fila, assistindo aos debates, e na mesma noite, entrando num teatro do Rocio, o empresário desolado disse-me:

        – Ah! não imaginas a vazante! É tal que mandei entrar o Justino.

        – Que Justino?

        – Não conheces? Um mendigo, um tipo muito interessante, que gosta de teatro. Chega à bilheteira e diz: "Hoje não arranjei dinheiro. Posso entrar?" A primeira vez que me vieram contar a pilhéria achei tanta graça que consenti. Agora, quando arranja dez tostões compra a senha sem dizer palavra e entra. Quando não arranja repete a frase e entra. Um que mal faz?

        Fui ver o curioso homem. Estava em pé em geral, prestando uma sinistra atenção às facécias de certo cômico.

        – Justino, por que não te sentas?

        – É inútil. Vejo bem de pé.

        – Mas o empresário...

        – Contento-me com a generosidade do empresário.

        – Mas na Câmara estava sentado.

        – Lá é a comunhão que paga.

        Insisti no interrogatório, a falar da peça, dos atores, dos prazeres, da vida, do Justino conservou-se mudo. No intervalo convidei-o a tomar uma soda, por não ser quinta-feira.

        – Soda é inútil. Estás a aborrecer-me. Vai embora.

        Outra qualquer pessoa ficaria indignadíssima. Eu curvei resignadamente a cabeça e acabei vexado.

        A voz daquele homem, branca, fria, igual, no mesmo tom, era inexorável.

        – É um tipo o teu espectador – disse ao empresário.

        – Ah! ... Ninguém lhe arranca palavra. Sabes que nunca me disse obrigado?

        Eu andava precisamente neste tempo a interrogar mendigos para um inquérito à vida da miséria urbana e alguns dos artigos já haviam aparecido. Dias depois, estando a comprar charutos, entra pela tabacaria adentro o homem estranho.

        – Queres um charuto?

        – Inútil. Só fumo às terças e aos domingos. Os charuteiros fornecem-me. Entrei para receber os meus dois mil-réis atrasados e para dizer que não te metas a escrever a meu respeito.

        – Por quê?

        – Porque abomino a minha pessoa em letra de forma, apesar de nunca a ter visto assim. Se fizeres a feia ação, sou forçado a brigar contigo, sempre que te encontrar.

        A perspectiva de rolar na via pública com um mendigo não me sorria. Justino faria tudo quanto dissera. Depois era um fenômeno de hipnose. Estava inteiramente dominado, escravizado àquela figura esfingética da lama urbana, não tinha forças para resistir à sua calma e fria vontade. Oh! ouvir esse homem! Saber-lhe a vida!

        Como certa vez entretanto, à 1 hora da manhã, atravessasse o equívoco e silencioso jardim do Rocio, vi uma altercação num banco. Era o tempo em que a polícia resolvera não deixar os vagabundos dormirem nos bancos. Na noite de luar, dois guardas civis batiam-se contra um vulto esquálido de grandes barbas. Acerquei-me. Era ele.

        – Vamos, seu vagabundo.

        – É inútil. Não vou.

        – Vai à força!

        – É inútil. Sabem o que é este banco para mim? A minha cama de verão há doze anos! De uma hora em diante, por direito de hábito, respeitam-na todos. Tenho visto passar muito guarda, muito suplente, muito delegado. Eles vão-se, eu fico. Nem tu, nem o suplente, nem o comissário, nem o delegado, nem o chefe serão capazes de me tirar esse direito. Moro neste banco há uma dúzia de anos. Boa-noite.

        Os civis iam fazer uma violência. Tive de intervir, convencê-los, mostrar autoridade, enquanto Justino, recostado e impassível, dizia:

        – Deixa. Eles levam-me, eu volto.

        Afinal os guardas acederam, e Justino deitou-se completamente.

        – Foi inútil. Não precisava. Mas eu sou teu amigo?

        – Meu amigo?

        – Certo. Nunca te pedi nada que te pudesse fazer falta e nunca te menti. Fica certo. Sou o teu melhor amigo, sou o melhor amigo de toda a gente.

        – E não gostas de ninguém.

        – Não é preciso gostar para ser amigo. Amigo é o que não sacrifica.

        E desde então comecei a sacrificar-me voluntariamente por ele, a correr à polícia quando o sabia preso, a procurá-lo quando o não via e desesperado porque não aceitava mais de dois mil-réis da minha bolsa, e dizia, inexorável, a cada prova da minha simpatia:

        – É inútil, inteiramente inútil!

        Durante três anos dei-me com ele sem saber quantos anos tinha ou onde nascera. Nem isso. Apenas ao cabo de seis meses consegui saber que fumava aos domingos e às terças, embebedava-se às quintas, ia ao teatro às sextas e às segundas, e todo dia à Câmara. Nas noites de chuva dormia no chão! Numa hospedaria; em noites secas no seu banco. Nunca tomava banho, pedia pouco, e ao menor alarde de generosidade, limitava o alarde com o seu desolador: é inútil. Teria tido vida melhor? Fora rico, sábio? Amara? Odiara? Sofrera? Ninguém sabia! Um dia disse-lhe:

        – A tua vida é exemplar. És o Buda contemporâneo da Avenida.

        Ele respondeu:

        – É um erro servir de exemplo. Vivo assim porque entendo viver assim. Condensei apenas os baixos instintos da cobiça, exploração, depravação, egoísmo em que se debatem os homens se na consciência de uma vontade que se restringe e por isso é forte. Numa sociedade em que os parasitas tripudiam – é inútil trabalhar. O trabalho é de resto inútil. Resolvi conduzir-me sem ideias, sem interesse, no meio do desencadear de interesses confessados e inconfessáveis. Sou uma espécie de imposto mínimo, e por isso nem sou malandro, nem mendigo, nem um homem como qualquer – porque não quero mais do que isso.

        – E não amas?

        – Nem a mim mesmo porque é inútil. Desses interesses encadeados resolvi, em lugar de explorar a caridade ou outro gênero de comércio, tirar a percentagem mínima, e daí o ter vivido sem esforço com todos os prazeres da sociedade, sem invejas e sem excessos, despercebido como o invisível. Que fazes tu? Escreves? Tempo perdido com pretensões a tempo ganho. Que gozas tu? Teatros, jantares, festas em excesso nos melhores lugares. Eu gozo também quando tenho vontade, no dia de porcentagem no lugar que quero – o menor, o insignificante – os teatros e tudo quanto a cidade pode dar de interessante aos olhos. Apenas sem ser apontado e sem ter ódios.

        – Que inteligência a tua!

        – A verdadeira inteligência é a que se limita para evitar dissabores. Tu podes ter contrariedades. Eu nunca as tive. Nem as terei. Com o meu sistema, dispenso-me de sentir e de fingir, não preciso de ti nem de ninguém, retirando dos defeitos e das organizações más dos homens o subsídio da minha calma vida.

        – É prodigioso.

        – É um sistema, que serias incapaz de praticar, porque tu és como todos os outros, ambicioso e sensual.

        Quando soube da sua morte corri ao necrotério a fazer-lhe o enterro. Não era possível. Justino tinha deixado um bilhete no bolso pedindo que o enterrassem na vala comum "a entrada geral do espetáculo dos vermes".

        Saí desolado porque essa criatura fora a única que não me dera nem me tirara, e não chorara, e não sofrera e não gritara, amigo ideal de uma cidade inteira fazendo o que queria sem ir contra pessoa alguma, livre de nós como nós livres dele, a dez mil léguas de nós, posto que ao nosso lado.

        E também com certa raiva – por que não dizê-lo? – porque o meu interesse fora apenas o desejo teimoso de descobrir um segredo que talvez não tivesse.

        Enfim morreu. Ninguém sabia da sua vida, ninguém falou da sua morte. Um bem? Um mal?

        Nem uma nem outra coisa, porque, afinal, na vida tudo é inteiramente inútil...

João do Rio. Portal da crônica brasileira.

Entendendo a crônica:

01 – Quem era Justino Antônio na crônica?

      Justino Antônio era um mendigo peculiar e original que vivia sem esforço, explorando a generosidade da sociedade.

02 – Qual era o princípio central da vida de Justino Antônio?

      O princípio central de Justino era receber tudo da sociedade sem fazer esforço, vivendo à custa dos outros sem trabalhar.

03 – Como Justino se comportava diante da generosidade dos outros?

      Justino recebia generosidade sem agradecer, mantendo-se indiferente e dizendo que era inútil expressar gratidão.

04 – Qual era a atitude de Justino em relação ao trabalho?

      Ele considerava o trabalho inútil, optando por viver à margem da sociedade sem se envolver em atividades laborais.

05 – Por que o narrador se sentia atraído por Justino?

      O narrador achava Justino original e único por sua postura distante, grosseira e sua filosofia peculiar em relação à vida.

06 – Como Justino se relacionava com eventos culturais, como teatro?

      Ele frequentava o teatro, muitas vezes sem pagar, utilizando-se de frases como "Hoje não arranjei dinheiro. Posso entrar?" para conseguir acesso.

07 – Qual era a visão de Justino sobre amizade e relacionamentos?

      Justino considerava-se amigo das pessoas, mesmo não demonstrando afeto ou gratidão, e acreditava que não era necessário gostar para ser amigo.

08 – Como Justino justificava seu estilo de vida pouco convencional?

      Ele explicava que vivia dessa maneira para evitar conflitos, dissabores e não se submeter aos desejos e falhas humanas.

09 – Por que o narrador se sentiu desolado com a morte de Justino?

      O narrador ficou desolado porque Justino era a única pessoa que não exigia nada dele, não se envolvia emocionalmente e vivia livremente.

10 – Como Justino queria ser enterrado?

      Justino deixou um bilhete pedindo para ser enterrado na vala comum, chamando-a de "a entrada geral do espetáculo dos vermes", refletindo sua visão da futilidade da vida.

 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

CONTO: O HOMEM DE CABEÇA DE PAPELÃO - PARTE II - JOÃO DO RIO - COM GABARITO

 Conto: O homem de cabeça de papelão – parte II

                 João do Rio  

        Nessas disposições, Antenor caminhava por uma rua no centro da cidade, quando os seus olhos descobriram a tabuleta de uma "relojoaria e outros maquinismos delicados de precisão". Achou graça e entrou. Um cavalheiro grave veio servi-lo.

        -- Traz algum relógio?

        -- Trago a minha cabeça.

        -- Ah! Desarranjada?

        -- Dizem-no, pelo menos.

        -- Em todo o caso, há tempo?

        -- Desde que nasci.

        -- Talvez imprevisão na montagem das peças. Não lhe posso dizer nada sem observação de trinta dias e a desmontagem geral. As cabeças como os relógios para regularem bem...

        Antenor atalhou:

        -- E o senhor fica com a minha cabeça?

        -- Se a deixar.

        -- Pois aqui a tem. Conserte-a. O diabo é que eu não posso andar sem cabeça...

        -- Claro. Mas, enquanto a arranjo, empresto-lhe uma de papelão.

        -- Regula?

        -- É de papelão! – explicou o honesto negociante. Antenor recebeu o número de sua cabeça, enfiou a de papelão e saiu para a rua.

        Dois meses depois, Antenor tinha uma porção de amigos, jogava o pôquer com o Ministro da Agricultura, ganhava uma pequena fortuna vendendo feijão bichado para os exércitos aliados. A respeitável mãe de Antenor via-o mentir, fazer mal, trapacear e ostentar tudo o que não era. Os parentes, porém, estimavam-no, e os companheiros tinham garbo em recordar o tempo em que Antenor era maluco.

        Antenor não pensava. Antenor agia como os outros. Queria ganhar. Explorava, adulava, falsificava. Maria Antônia tremia de contentamento vendo Antenor com juízo. Mas Antenor, logicamente, desprezou-a propondo um concubinato que o não desmoralizasse a ele. Outras Marias ricas, de posição, eram de opinião da primeira Maria. Ele só tinha de escolher. No centro operário, a sua fama crescia, querido dos patrões burgueses e dos operários irmãos dos spartakistas da Alemanha. Foi eleito deputado por todos e, especialmente, pelo presidente da República – a quem atacou logo, pois para a futura eleição o presidente seria outro. A sua ascensão só podia ser comparada à dos balões. Antenor esquecia o passado, amava a sua terra. Era o modelo da felicidade. Regulava admiravelmente.

        Passaram-se assim anos. Todos os chefes políticos do País do Sol estavam na dificuldade de concordar no nome do novo senador, que fosse o expoente da norma, do bom senso. O nome de Antenor era cotado. Então Antenor passeava de automóvel pelas ruas centrais, para tomar pulso à opinião, quando os seus olhos deram na tabuleta do relojoeiro e lhe veio a memória.

        -- Bolas! E eu que esqueci! A minha cabeça está ali há tempo... Que acharia o relojoeiro? É capaz de tê-la vendido para o interior. Não posso ficar toda vida com uma cabeça de papelão!

        Saltou. Entrou na casa do negociante. Era o mesmo que o servira.

        -- Há tempos deixei aqui uma cabeça.

        -- Não precisa dizer mais. Espero-o ansioso e admirado da sua ausência, desde que ia desmontar a sua cabeça.

        -- Ah! – fez Antenor.

        -- Tem-se dado bem com a de papelão?

        -- Assim...

        -- As cabeças de papelão não são más de todo. Fabricações por séries. Vendem-se muito.

        -- Mas a minha cabeça?

        -- Vou buscá-la.

        Foi ao interior e trouxe um embrulho com respeitoso cuidado.

        -- Consertou-a?

        -- Não.

        -- Então, desarranjo grande?

        O homem recuou.

        -- Senhor, na minha longa vida profissional jamais encontrei um aparelho igual, como perfeição, como acabamento, como precisão. Nenhuma cabeça regulará no mundo melhor do que a sua. É a placa sensível do tempo, das ideias, é o equilíbrio de todas as vibrações. O senhor não tem uma cabeça qualquer. Tem uma cabeça de exposição, uma cabeça de gênio, hors-concours.

        Antenor ia entregar a cabeça de papelão. Mas conteve-se.

        -- Faça o obséquio de embrulhá-la.

        -- Não a coloca?

        -- Não.

        -- V. Exa. faz bem. Quem possui uma cabeça assim não a usa todos os dias. Fatalmente dá na vista.

        Mas Antenor era prudente, respeitador da harmonia social.

        -- Diga-me cá. Mesmo parada em casa, sem corda, numa redoma, talvez prejudique.

        -- Qual! V. Exa. terá a primeira cabeça.

        Antenor ficou seco.

        -- Pode ser que V. Exa., profissionalmente, tenha razão. Mas, para mim, a verdade é a dos outros, que sempre a julgaram desarranjada e não regulando bem. Cabeças e relógios querem-se conforme o clima e a moral de cada terra. Fique V. Exa. com ela. Eu continuo com a de papelão.

        E, em vez de viver no País do Sol um rapaz chamado Antenor, que não conseguia ser nada tendo a cabeça mais admirável – um dos elementos mais ilustres do País do Sol foi Antenor, que conseguiu tudo com uma cabeça de papelão.

R. Magalhães Júnior (org.), op. Cit.

Fonte: Língua Portuguesa. Viva Português. 9° ano. Editora Ática. Elizabeth Campos. Paula Marques Cardoso. Silvia Letícia de Andrade. 2ª edição. 2011. P.129-132.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Hors-concours: que, em um concurso, não concorre a prêmios, por ser muito superior aos demais competidores.

·        Imprevisão: falta de previsão; desleixo, negligência.

02 – O contista pode usar elementos fantásticos para melhor ilustrar a história. Obviamente esses elementos devem ter verossimilhança em relação ao contexto. Releia os quinze primeiros parágrafos do texto. Que elemento fantástico foi introduzido no conto? Responda no caderno.

      Antenor deixa sua cabeça no relojoeiro para consertar, como se cabeça fosse relógio, e sai com uma de papelão emprestada pelo negociante.

03 – Depois de dois meses com a cabeça de papelão, Antenor era o oposto do que fora com sua própria cabeça. Copie o quadro no caderno e complete a segunda coluna com elementos que explicitem essa oposição.

Primeira coluna: Antenor com a cabeça de papelão.

a)   Tinha uma porção de amigos.

b)   Jogava pôquer com o ministro da Agricultura.

c)   Ganhava uma pequena fortuna vendendo feijão bichado para os exércitos aliados.

d)   Ostentava o que não era.

e)   Era estimado pelos parentes.

f)    Era admirado por Maria Antônia, mas a desprezou por causa de seu nível social.

g)   Fora apoiado para deputado pelo presidente da República, mas o atacou logo que soube que o novo presidente seria outro.

h)   Sentia-se feliz porque sua cabeça regulava de acordo com as exigências da sociedade.

Segunda coluna: Antenor com sua própria cabeça.

a)   Antenor só tinha amigos durante o tempo em que estes pudessem explorá-lo.

b)   Jamais se aproximaria de uma pessoa por interesse.

c)   Era incapaz de um ato de desonestidade, de fazer mal a alguém para levar vantagem.

d)   Só dizia a verdade.

e)   Era desprezado pelos parentes, que o consideravam doido.

f)    Maria Antônia impôs que Antenor mudasse caso quisesse se casar com ela.

g)   Antenor nunca trairia alguém que o tivesse ajudado.

h)   Antenor desconfiava de sua cabeça porque tudo o que fazia era considerado falta de bom senso.

04 – Antenor, certo dia, lembra-se de que se esquecera de sua cabeça na relojoaria. Releia estas falas do relojoeiro e responda no caderno:

        “— [...]. Espero-o ansioso e admirado da sua ausência, desde que ia desmontar a sua cabeça.”

        “— As cabeças de papelão não são más de todo. Fabricações por séries. Vendem-se muito.”

a)   Qual a razão da ansiedade do relojoeiro?

O relojoeiro queria dizer a Antenor o quanto sua cabeça era perfeita, rara e admirável.

b)   Explique o que são fabricações por série.

Organização de peças idênticas para a montagem de produtos idênticos.

c)   Ao afirmar que as cabeças de papelão são fabricações por série e vendem muito, há a sugestão de uma ideia importante para o contexto geral do conto. Que ideia é essa?

A de que cabeças de papelão são muito comuns; de que quem tem uma tem-na igual à de outros tantos, pensando e agindo, portanto, da mesma forma.

05 – Por que Antenor não aceitou levar sua cabeça para casa? Justifique sua resposta com um trecho retirado do texto.

      Antenor preferiu ficar com a verdade da sociedade na qual estava inserido, pois sabia que só seria aceito com a cabeça de papelão, jamais com sua cabeça. “-- Pode ser que V. Exa., profissionalmente, tenha razão. Mas, para mim, a verdade é a dos outros, que sempre a julgaram desarranjada e não regulando bem.”

06 – Releia e, depois, responda no caderno:

        “Cabeças e relógios querem-se conforme o clima e a moral de cada terra.”

        “E, em vez de viver no País do Sol um rapaz chamado Antenor, que não conseguia ser nada tendo a cabeça mais admirável – um dos elementos mais ilustres do País do Sol foi Antenor, que conseguiu tudo com uma cabeça de papelão.”

a)   O conto “O homem de cabeça de papelão” faz uma crítica à moral social vigente em determinado lugar, em certa época. Que moral social é essa?

A de que as pessoas precisam ser desonestas, trapaceiras, interesseiras, traidoras, oportunistas se quiserem se dar bem na sociedade.

b)   É possível verificar esse tipo de moral hoje na sociedade em que vivemos? Dê exemplos.

Resposta pessoal do aluno.

c)   Se todas as pessoas resolvessem agir conforme a moral vigente no País do Sol, como se tornaria a vida em sociedade?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Se todos agiram pensando em levar vantagens, todos serão prejudicados.

07 – A cabeça de papelão, no contexto do conto, é uma metáfora dos valores morais de muitas pessoas. Vamos tentar entender o sentido metafórico da expressão cabeça de papelão.

a)   A cabeça é considerada uma parte nobre do corpo. Tente explicar por quê?

É na cabeça que se localizam o cérebro e os órgãos da visão, da audição, do paladar e do olfato. Ela rege boa parte das ações humanas; é o centro do controle emocional e fonte dos pensamentos e ideias.

b)   E quanto ao papelão? Trata-se de um material nobre?

Não, o papelão é um material extremamente frágil, sem valor algum; qualquer objeto feito de papelão será de fácil deterioração.

c)   O que significa, portanto, ter cabeça de papelão?

Significa não ter valores, não ter firmeza de caráter e não conseguir, também, pensar por si mesmo.

d)   Traduza a ideia principal do conto completando a frase:

Antenor transformou-se em alguém ilustre e respeitado com uma cabeça de papelão. Logo, aqueles que seguem a opinião geral e conseguem as coisas por meios desonestos e imorais têm cabeça de papelão.

08 – A substituição de uma cabeça normal por uma de papelão é o elemento fantástico usado para fazer uma crítica ao comportamento humano em sociedade. Nesse contexto, de que outro material poderia ser feita a cabeça das pessoas da sociedade retratada no texto? Justifique sua resposta no caderno.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: de gelo, por causa da frieza do comportamento; de pedra, por ser dura, de ideias limitadas, etc.

     

CONTO: O HOMEM DE CABEÇA DE PAPELÃO - PARTE I - JOÃO DO RIO - COM GABARITO

 Conto: O homem de cabeça de papelão - parte I

              João do Rio

        No país que chamavam de Sol, apesar de chover, às vezes, semanas inteiras, vivia um homem de nome Antenor. Não era príncipe. Nem deputado. Nem rico. Nem jornalista. Absolutamente sem importância social.

        O País do Sol, como em geral todos os países lendários, era o mais comum, o menos surpreendente em ideias e práticas. Os habitantes afluíam todos para a capital, composta de praças, ruas, jardins e avenidas, e tomavam todos os lugares e todas as possibilidades da vida dos que, por desventura, eram da capital. De modo que estes eram mendigos e parasitas, únicos meios de vida sem concorrência, isso mesmo com muitas restrições quanto ao parasitismo. Os prédios da capital, no centro elevavam aos ares alguns andares e a fortuna dos proprietários, nos subúrbios não passavam de um andar sem que por isso não enriquecessem os proprietários também. Havia milhares de automóveis à disparada pelas artérias matando gente para matar o tempo, cabarés fatigados, jornais, trâmueis, partidos nacionalistas, ausência de conservadores, a Bolsa, o Governo, a Moda e um aborrecimento integral. Enfim, tudo quanto a cidade de fantasia pode almejar para ser igual a uma grande cidade com pretensões da América. E o povo que a habitava julgava-se, além de inteligente, possuidor de imenso bom senso. Bom senso! Se não fosse a capital do País do Sol, a cidade seria a capital do Bom Senso! Precisamente por isso, Antenor, apesar de não ter importância alguma, era exceção mal vista. Esse rapaz, filho de boa família (tão boa que até tinha sentimentos), agira sempre em desacordo com a norma dos seus concidadãos.

        Desde menino, a sua respeitável progenitora descobriu-lhe um defeito horrível: Antenor só dizia a verdade. Não a sua verdade, a verdade útil, mas a verdade verdadeira. Alarmada, a digna senhora pensou em tomar providências. Foi-lhe impossível. Antenor era diverso no modo de comer, na maneira de vestir, no jeito de andar, na expressão com que se dirigia aos outros. Enquanto usara calções, os amigos da família consideravam-no um enfant terrible, porque no País do Sol todos falavam francês com convicção, mesmo falando mal. Rapaz, entretanto, Antenor tornou-se alarmante. Entre outras coisas, Antenor pensava livremente por conta própria. Assim, a família via chegar Antenor como a própria revolução; os mestres indignavam-se porque ele aprendia ao contrário do que ensinavam; os amigos odiavam-no; os transeuntes, vendo-o passar, sorriam.

        Uma só coisa descobriu a mãe de Antenor para não ser forçada a mandá-lo embora: Antenor nada do que fazia, fazia por mal. Ao contrário. Era escandalosamente, incompreensivelmente bom. Aliás, só para ela, para os olhos maternos. Porque quando Antenor resolveu arranjar trabalho para os mendigos, e corria a bengala os parasitas na rua, ficou provado que Antenor era apenas doido furioso. Não só para as vítimas da sua bondade como para a esclarecida inteligência dos delegados de polícia a quem teve de explicar a sua caridade.

        Com o fim de convencer Antenor de que devia seguir os trâmites legais de um jovem solar, isto é: ser bacharel e depois empregado público nacionalista, deixando à atividade da canalha estrangeira o resto, os interesses congregados da família em nome dos princípios organizaram vários meetings como aqueles que se fazem na inexistente democracia americana para provar que a chave abre portas e a faca serve para cortar o que é nosso para nós e o que é dos outros também para nós. Antenor, diante da evidência, negou-se.

        -- Ouça! – bradava o tio. – Bacharel é o princípio de tudo. Não estude. Pouco importa! Mas seja bacharel! Bacharel você tem tudo nas mãos. Ao lado de um político-chefe, sabendo lisonjear, é a ascensão: deputado, ministro.

        -- Mas não quero ser nada disso.

        -- Então quer ser vagabundo?

        -- Quero trabalhar.

        -- Vem dar na mesma coisa. Vagabundo é um sujeito a quem faltam três coisas: dinheiro, prestígio e posição. Desde que você não as tem, mesmo trabalhando, – é vagabundo.

        -- Eu não acho.

        -- É pior. É um tipo sem bom senso. É bolchevique. Depois, trabalhar para os outros é uma ilusão. Você está inteiramente doido.

        Antenor foi trabalhar, entretanto. E teve uma grande dificuldade para trabalhar. Pode-se dizer que a originalidade da sua vida era trabalhar para trabalhar. Acedendo ao pedido da respeitável senhora que era mãe de Antenor, Antenor passeou a sua má cabeça por várias casas de comércio, várias empresas industriais. Ao cabo de um ano, dois meses, estava na rua. Por que mandavam embora Antenor? Ele não tinha exigências, era honesto como a água, trabalhador, sincero, verdadeiro, cheio de ideias. Até alegre – qualidade raríssima no país onde o sol, a cerveja e a inveja faziam batalhões de biliosos tristes. Mas companheiros e patrões prevenidos, se a princípio declinavam hostilidades, dentro em pouco não o aturavam. Quando um companheiro não atura o outro, intriga-o. Quando um patrão não atura o empregado, despede-o. É a norma do País do Sol. Com Antenor depois de despedido, companheiros e patrões ainda por cima tomavam-lhe birra. Por quê? É tão difícil saber a verdadeira razão por que um homem não suporta outro homem!

        Um dos seus ex-companheiros explicou certa vez:

        -- É doido. Tem a mania de fazer mais que os outros. Estraga a norma do serviço e acaba não sendo tolerado. Mau companheiro. E depois com ares...

        O patrão do último estabelecimento de que saíra o rapaz respondeu à mãe de Antenor:

        -- A perigosa mania de seu filho é pôr em prática ideias que julga próprias.

        -- Prejudicou-lhe, Sr. Praxedes?

        -- Não. Mas podia prejudicar. Sempre altera o bom senso. Depois, mesmo que seu filho fosse águia, quem manda na minha casa sou eu.

        No País do Sol o comércio é uma maçonaria. Antenor, com fama de perigoso, insuportável, desobediente, não pôde em breve obter emprego algum. Os patrões que mais tinham lucrado com as suas ideias eram os que mais falavam. Os companheiros que mais o haviam aproveitado tinham-lhe raiva. E se Antenor sentia a triste experiência do erro econômico no trabalho sem a norma, a praxe, no convívio social compreendia o desastre da verdade. Não o toleravam. Era-lhe impossível ter amigos, por muito tempo, porque esses só o eram enquanto não o tinham explorado.

        Antenor ria. Antenor tinha saúde. Todas aquelas desditas eram para ele brincadeira. Estava convencido de estar com a razão, de vencer. Mas, a razão sua, sem interesse, chocava-se à razão dos outros ou com interesses ou presa à sugestão dos alheios. Ele via os erros, as hipocrisias, as vaidades e dizia o que via. Ele ia fazer o bem, mas mostrava o que ia fazer. Como tolerar tal miserável? Antenor tentou tudo, juvenilmente, na cidade. A digníssima sua progenitora desculpava-o ainda.

        -- É doido, mas bom.

        Os parentes, porém, não o cumprimentavam mais. Antenor exercera o comércio, a indústria, o professorado, o proletariado. Ensinara geografia num colégio, de onde foi expulso pelo diretor; estivera numa fábrica de tecidos, forçado a retirar-se pelos operários e pelos patrões; oscilara entre revisor de jornal e condutor de bonde. Em todas as profissões vira os círculos estreitos das classes, a defesa hostil dos outros homens, o ódio com que o repeliam, porque ele pensava, sentia, dizia outra coisa diversa.

        -- Mas, Deus, eu sou honesto, bom, inteligente, incapaz de fazer mal....

        -- É da tua má cabeça, meu filho.

        -- Qual?

        -- A tua cabeça não regula.

        -- Quem sabe?

        Antenor começava a pensar na sua má cabeça, quando o seu coração apaixonou-se. Era uma rapariga chamada Maria Antônia, filha da nova lavadeira de sua mãe. Antenor achava perfeitamente justo casar com a Maria Antônia. Todos viram nisso mais uma prova do desarranjo cerebral de Antenor. Apenas, com pasmo geral, a resposta de Maria Antônia foi condicional.

        -- Só caso se o senhor tomar juízo.

        -- Mas que chama você juízo?

        -- Ser como os mais.

        -- Então você gosta de mim?

        -- E por isso é que só caso depois.

        Como tomar juízo? Como regular a cabeça? O amor leva aos maiores desatinos. Antenor pensava em arranjar a má cabeça, estava convencido.

                R. Magalhães Júnior (org.). Antologia de humorismo e sátira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957.

Fonte: Língua Portuguesa. Viva Português. 9° ano. Editora Ática. Elizabeth Campos. Paula Marques Cardoso. Silvia Letícia de Andrade. 2ª edição. 2011. P. 116-120.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Afluir: correr para ou chegar a; vir.

·        Bacharel: quem concluiu um curso universitário; quem concluiu o curso de Direito.

·        Bolchevique: comunista.

·        Enfant terrible: expressão francesa que significa “criança terrível”; pessoa muito independente, imprudente.

·        Meeting: palavra inglesa para “reunião”.

·        Progenitora: mãe.

·        Proletariado: os trabalhadores em geral; povo.

·        Trâmites: etapas de um processo.

02 – No início, o conto apresenta o País do Sol (espaço) e Antenor (personagem principal). Em seguida, esses dois elementos são caracterizados. Faça o que se pede no caderno:

a)   Releia o segundo parágrafo e complete a afirmação. Para caracterizar o País do Sol são destacados:

·        Elementos geográficos.

·        Elementos políticos.

·        Elementos econômicos.

·        Elementos sociais e humanos.

b)   Caracterize:

·        O País do Sol como um todo.

Comum, com poucas ideias e poucas ações.

·        As pessoas que viviam na capital do País do Sol.

Oportunistas, aborrecidas, julgavam-se possuidoras de inteligência e bom senso.

03 – Leia:

        “[...] Antenor, apesar de não ter importância alguma, era exceção malvista.”

a)   Por que Antenor não tinha importância alguma?

Antenor não era príncipe, nem deputado, nem rico, ou seja, para a mentalidade local, não tinha nenhuma importância social.

b)   Para haver exceção, é necessário haver a regra. Qual era a regra na capital do País do Sol e por que Antenor, naquele contexto, era a exceção?

A regra no País do Sol era o individualismo, o oportunismo, o parasitismo. Antenor era exceção por agir sempre em desacordo com essa norma.

04 – Releia o início do terceiro parágrafo e faça o que se pede no caderno:

a)   Explique a diferença entre verdade útil e verdade verdadeira.

A verdade útil é aquela que favorece quem a dita, não correspondendo necessariamente à realidade; a verdade verdadeira é a que nem sempre é aceita por todos, mas corresponde aos fatos.

b)   No contexto do País do Sol, por que falar a “verdade verdadeira” é considerado um defeito horrível?

É considerado um defeito horrível por não ser a verdade conveniente, aquela que beneficia quem a usa.

c)   Aponte três situações em que Antenor ficou em desvantagem por ser bom, honesto, sincero, cheio de ideias e por valorizar a verdade acima de tudo.

Antenor foi considerado doido furioso por querer arranjar trabalho para os mendigos e fazer correr os parasitas na rua. Antenor foi demitido de vários empregos. Depois de certo tempo, a fama de Antenor o impedia de conseguir qualquer emprego.

05 – No conto, as desvantagens de Antenor aumentam à medida que ficam claros os procedimentos e a moral das pessoas daquele país. Leia os trechos e, no caderno, relacione-os aos valores morais que os orientam:

a)   Ação sempre em interesse próprio, com o fim de levar vantagens.

b)   Intolerância ao comportamento original, honesto e desinteressado.

c)   Intolerância à capacidade e ao compromisso do outro em fazer o melhor.

d)   Amizade por interesse.

I – “[...] os interesses congregados da família em nome dos princípios organizaram vários meetings como aqueles que se fazem na inexistente democracia americana para provar que a chave abre portas e a faca serve para cortar o que é nosso para nós e o que é dos outros também para nós.”

      Letra a.

II – “-- Ouça! – bradava o tio. – Bacharel é o princípio de tudo. Não estude. Pouco importa! Mas seja bacharel! Bacharel você tem tudo nas mãos. Ao lado de um político-chefe, sabendo lisonjear, é a ascensão: deputado, ministro.”

      Letras a/d.

III – “-- É doido. Tem a mania de fazer mais que os outros. Estraga a norma do serviço e acaba não sendo tolerado. Mau companheiro.”

      Letra c.

IV – “-- A perigosa mania de seu filho é pôr em prática ideias que julga próprias.”

      Letras b/c.

V – “Era-lhe impossível ter amigos, por muito tempo, porque esses só o eram enquanto não o tinham explorado.”

      Letra d.

VI – “Mas, a razão sua, sem interesse, chocava-se à razão dos outros ou com interesses ou presa à sugestão dos alheios.”

      Letra a.

06 – Qualidades como honestidade, bondade, inteligência eram atribuídas à má cabeça de Antenor. Isso o fez pensar na questão, na mesma época em que se apaixonou. Essa paixão será o grande desencadeador da transformação do conto. Releia os sete últimos parágrafos, depois responda no caderno:

a)   Por que houve pasmo geral com a resposta condicional de Maria Antônia?

Houve pasmo geral porque, sendo filha da lavadeira, os familiares esperavam que ela quisesse casar imediatamente com um homem de melhor condição social.

b)   Que qualidades Antenor deveria ter para “ser como os mais”?

Antenor deveria ser interesseiro, desonesto, oportunista e prejudicar as pessoas para atender aos seus interesses pessoais.

07 – Releia, depois responda no caderno: “Antenor pensava em arranjar a má cabeça, estava convencido”.

a)   Nesse contexto, qual o sentido da palavra arranjar.

·        Conseguir.

·        Procurar.

·        Consertar.

·        Destruir.

b)   Na sua opinião, o que fará Antenor para arranjar a má cabeça?

Resposta pessoal do aluno.