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sexta-feira, 28 de março de 2025

POESIA: PARA MASCAR COM CHICLETS - (FRAGMENTO) - JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO

 Poesia: Para Mascar Com Chiclets – Fragmento

            João Cabral de Melo Neto

Quem subiu, no novelo do chiclets,

ao fim do fio, ou do desgastamento,

sem poder não sacudir fora, antes,

a borracha infensa e imune ao tempo;

imune ao tempo ou o tempo em coisa,

em pessoa, encarnado nessa borracha,

de tal maneira, e conforme ao tempo,

o chiclets ora se contrai, ora se dilata,

e consubstante ao tempo, se rompe,

interrompe, embora logo se remende,

e fique a romper-se, a remendar-se,

sem usura nem fim, do fio de sempre.

No entanto quem, e saberente que ele

não encarna o tempo em sua borracha,

quem já ficou num primeiro chiclets,

sem reincidir nessa coisa (ou nada).

[...]

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2M6bpVG4Q1fDyO_Z2_S2O8_NBf5rZkmRNhlpKV8dNqMB7X2Yo9uYGYkWcHgTixr5UKz_gIaSWYUk4sckvUNd6kLnxZB5JpTe7C1QXJxrO1FR8lydEkf3nbnxuBIvSmSU4rbIz2hfWFsvbH3cju7SBzcOY5mgE4XNAQ_VmLambljl6HLW27jzz3Tf8wKA/s320/CHICLETS.jpeg


Melo neto, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1994.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 403.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a metáfora central do poema?

      A metáfora central do poema é a do chiclete como representação do tempo e da experiência humana. O chiclete, com sua capacidade de se esticar, romper e remendar, simboliza a natureza efêmera e contínua do tempo.

02 – Como o tempo é personificado no poema?

      O tempo é personificado na borracha do chiclete, que se contrai, dilata, rompe e remenda, refletindo a natureza mutável e cíclica do tempo.

03 – Qual a reflexão sobre a experiência humana presente no poema?

      O poema reflete sobre a tendência humana de repetir experiências, mesmo sabendo que elas não encarnam a essência do tempo. A pergunta "quem já ficou num primeiro chiclets, sem reincidir nessa coisa (ou nada)" sugere a dificuldade de romper com padrões repetitivos.

04 – Qual a visão do poeta sobre a natureza do tempo?

      O poeta apresenta uma visão do tempo como algo que está em constante movimento, transformação e renovação. O tempo é visto como uma força que molda a experiência humana, mas que não pode ser completamente compreendida ou controlada.

05 – Qual a importância da repetição no poema?

      A repetição de palavras e frases, como "imune ao tempo", "romper-se, a remendar-se" e "fio de sempre", enfatiza a natureza cíclica do tempo e a persistência da experiência humana. A repetição também cria um ritmo que imita o movimento contínuo do chiclete e do tempo.

 

domingo, 23 de março de 2025

POESIA: RIO NA SOMBRA - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

 Poesia: Rio na sombra

            Cecília Meireles

Som

frio.

 

Rio

Sombrio.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbvJtEZKRaoTEO3YiM_2pKdY2gY5aNxAmps-9BZGHQJYdBBMEd44uHBriWn2iL54u1GOSCZgSs7kUgGq4vlRH1w7OF3bKuDWubIvNrlgrhHXq2EPAD6F06r5iHti1WeoFJENGryvoOHAub5OjLmzOeQVqxGTH_fCZwUN07Km5Pi6GVxGYRcH209W4Mw8s/s320/SOMBRIO.jpg

O longo som

do rio

frio.

 

O frio

bom

do longo rio.

 

Tão longe,

tão bom,

tão frio

o claro som

do rio

sombrio!

Cecília Meireles, op. cit. p. 727.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 344-345.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a atmosfera predominante no poema?

      A atmosfera predominante é de mistério e melancolia, criada pela repetição das palavras "sombrio" e "frio", que evocam uma sensação de escuridão e solidão.

02 – Qual a importância da sonoridade no poema?

      A sonoridade é essencial no poema, com a repetição dos sons "o" e "r" criando um ritmo lento e hipnótico, que imita o fluir do rio e intensifica a sensação de mistério.

03 – Qual o significado do contraste entre "frio" e "bom" no poema?

      O contraste entre "frio" e "bom" sugere uma ambiguidade na relação com o rio, que pode ser ao mesmo tempo assustador e reconfortante, representando talvez a dualidade da natureza ou das emoções humanas.

04 – Como a repetição de palavras contribui para o efeito do poema?

      A repetição de palavras como "rio", "som", "frio" e "sombrio" cria um efeito de eco, reforçando a atmosfera misteriosa e a sensação de imersão no ambiente do rio.

05 – Qual a interpretação possível para a expressão "claro som do rio sombrio"?

      A expressão paradoxal "claro som do rio sombrio" pode representar a beleza melancólica do rio, ou a ideia de que mesmo na escuridão e no mistério, há uma beleza sutil e luminosa.

 

 

terça-feira, 18 de março de 2025

POESIA: NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO

            Carlos Drummond de Andrade

Um sabiá

na palmeira, longe.

Estas aves cantam 

um outro canto.  

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxPR5Y-1G9Y2-rs7KZ7lpm5LWOqXIcMGGoRoKcJ1XHN6UW4CpyLgyVeazkpj2MEIodKI-S8WIyp9L2lt_3gHAFUIVrYeDe5zn3fRLaqdHUzC_P6IHLg0hEgyQOTdQBhQew0-uQOWbg1tceU4iK8OqXBurr-1dhtQf37zjQy8s6_wCEiBVzEnNWrK3qbYw/s320/SABIA.jpg

O céu cintila 

sobre flores úmidas. 

Vozes na mata, 

e o maior amor. 

 

Só, na noite, 

seria feliz: 

um sabiá, 

na palmeira, longe. 

 

Onde é tudo belo 

e fantástico, 

só, na noite, 

seria feliz. 

(Um sabiá,

na palmeira, longe.) 

 

Ainda um grito de vida e 

voltar 

para onde é tudo belo 

e fantástico: 

a palmeira, o sabiá, 

o longe.

Carlos Drummond de Andrade. Reunião: 10 livros de poesia. 6. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974. p. 94-95.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 69.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a relação do poema com a "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias?

      O título "Nova Canção do Exílio" já indica uma relação direta com o poema de Gonçalves Dias. No entanto, Drummond subverte o idealismo romântico do poema original, apresentando um exílio mais melancólico e introspectivo.

02 – Qual é o significado da repetição do verso "Um sabiá na palmeira, longe"?

      A repetição desse verso reforça a ideia de distanciamento e saudade. O sabiá e a palmeira, símbolos da pátria, estão "longe", representando a distância física e emocional do eu lírico em relação ao seu lugar de origem.

03 – Como o eu lírico se sente em relação ao lugar onde está exilado?

      O eu lírico reconhece a beleza do lugar onde está, com "flores úmidas" e "vozes na mata". No entanto, ele não se sente completamente feliz, pois sente falta de sua terra natal.

04 – Qual é o papel da noite no poema?

      A noite é um momento de introspecção e melancolia para o eu lírico. É quando ele se sente mais solitário e a saudade se intensifica. No entanto, é também na noite que ele encontra um tipo de felicidade, na memória da sua terra.

05 – Qual é o significado da expressão "onde é tudo belo e fantástico"?

      Essa expressão pode ser interpretada de duas maneiras: como uma referência à idealização da pátria, vista como um lugar perfeito, ou como uma referência à beleza do lugar onde o eu lírico está exilado, que o encanta, mas não o completa.

06 – Qual é a mensagem final do poema?

      A mensagem final do poema é de esperança e desejo de retorno. O "grito de vida" representa a força do eu lírico em superar a saudade e a vontade de voltar para o lugar onde ele se sente verdadeiramente feliz.

07 – Quais são os principais sentimentos expressos no poema?

      Os principais sentimentos expressos no poema são a saudade, a melancolia, a solidão e a esperança. O eu lírico sente falta de sua terra natal, mas mantém a esperança de um dia retornar.

 

 

domingo, 9 de março de 2025

POESIA: BRAZ MACACÃO - (FRAGMENTO) - CATULLO DA PAIXÃO CEARENSE - COM GABARITO

 Poesia: BRAZ MACACÃO – Fragmento

            A Alfredo Reis Junior.

Apois sim: se o seu doutô
nhô môço e seu capitão,
nhá dôna e seu coroné
e mais o patrão quizé
a minha históra iscutá,
não faço questã... E, inté,
posso agora cumeçá.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIstImSNfRiIAU9CvKQt_BsOYpxwyiYu1fpyvIOevD_QeKjMSgWWJtDFxfsM4duDLZ4DlkH0X4sVuOPaTb0kZoj3AjjmxAilMIJmbGQvLUh-X-_DcwIrfGFnz5q8XHAC6odZdtM-x8mxDXLgueZBACp69K7ONOXb5Cb_aYIAk-qNPydW17flUV9RNQlN4/s320/linguagem-coloquial.png



Digo a mêcê, dende já,
que eu levei a vida intêra
pulos sertão, a viajá.
Os sertão lá do Ceará,
de Pernambuco e Bahia,
Paraíba e Maranhão,
cunhêço, cumo cunhêço
os dêdo aqui destas mão.
Mas porém sou naturá
d’outras terra, meu patrão.

N’um rancho todo cercado
d’um roçadão de mandióca,
d’um grande mandiocá,
eu naci im trinta e nove,
na serra de Ibitipóca,
que é lá prás Mina Gerá.
Apois oitenta janêro
carrégo aqui neste peito,
que é um véio jequitibá.

[...]

Catullo da Paixão Cearense. Braz Macacão. In: Guimarães Martins (Org.). Luar do Sertão e outros poemas escolhidos. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d.] p. 143.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 29.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a origem do personagem Braz Macacão?

      Braz Macacão nasceu na serra de Ibitipoca, em Minas Gerais, em um rancho cercado por um grande plantio de mandioca.

02 – Que tipo de vida Braz Macacão levava?

      Braz Macacão levava uma vida de viajante pelos sertões do Nordeste brasileiro, conhecendo lugares como Ceará, Pernambuco, Bahia, Paraíba e Maranhão.

03 – Qual a idade de Braz Macacão no poema?

      Braz Macacão tinha oitenta anos no poema, como ele mesmo diz: "Apois oitenta janêro/carrégo aqui neste peito".

04 – A quem Braz Macacão se dirige ao contar sua história?

      Braz Macacão se dirige a pessoas de diferentes posições sociais, como "doutô môço", "capitão", "dôna", "coroné" e "patrão", demonstrando que sua história é para todos.

05 – Como Braz Macacão descreve seu conhecimento dos sertões?

      Braz Macacão compara seu conhecimento dos sertões com o conhecimento que tem dos seus próprios dedos, enfatizando a profundidade de sua experiência: "cunhêço, cumo cunhêço/os dêdo aqui destas mão".

 

 

POESIA: IGREJA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: Igreja

            Carlos Drummond de Andrade

Tijolo
areia
andaime
água
tijolo.
O canto dos homens trabalhando trabalhando
mais perto do céu
cada vez mais perto
mais
— a torre.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrkswwxc09nfSqlEra0C7wkjYSR4_XO825V57TqmwLH9hYBxa1y-XAYXg6zsXzJ06OnaaJh0F_1JFB18sifEfSR_fQep7ZlEpzDUx8lFKCO1pmnE4MFoFISbWbHU1K1vGvGtID-XbperMMSh-3lgieAyrjuy207sLQt_S-2KCz-TT5Xvzc2P9FeqpAhqU/s1600/IGREJA.jpg



E nos domingos a litania dos perdões, o murmúrio das invocações.
O padre que fala do inferno
sem nunca ter ido lá.
Pernas de seda ajoelham mostrando geolhos.
Um sino canta a saudade de qualquer coisa sabida e já esquecida.
A manhã pintou-se de azul.
No adro ficou o ateu,
no alto fica Deus.
Domingo...
Bem bão! Bem bão!
Os serafins, no meio, entoam quii ieleisão.

Carlos Drummond de Andrade. Igreja. In:_____. Reunião: 10 livros de poesia. 5 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 68.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a temática principal do poema?

      O poema explora a dualidade entre o trabalho árduo da construção da igreja e a espiritualidade presente nos rituais religiosos que ali ocorrem.

02 – Como o poema descreve o processo de construção da igreja?

      O poema descreve o processo de construção da igreja de forma concisa e objetiva, listando os materiais e ações envolvidos: "Tijolo / areia / andaime / água / tijolo. / O canto dos homens trabalhando trabalhando / mais perto do céu / cada vez mais perto / mais — a torre."

03 – Qual a crítica presente na fala do padre?

      A crítica presente na fala do padre é que ele fala do inferno sem nunca ter estado lá, sugerindo uma desconexão entre a teoria religiosa e a experiência real.

04 – O que representa a figura do ateu no adro da igreja?

      A figura do ateu no adro da igreja representa a presença da dúvida e da descrença em um ambiente religioso, contrastando com a fé dos demais presentes.

05 – Qual a atmosfera predominante nos versos finais do poema?

      Os versos finais do poema criam uma atmosfera de tranquilidade e aceitação, com a expressão "Bem bão! Bem bão!" e o canto dos serafins, sugerindo uma conciliação entre o humano e o divino.

 

 

POESIA: O GATO - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

 Poesia: O Gato

            Marina Colasanti

No alto do muro

pulando no escuro

miando no mato

entrando em apuro

é o gato, seguro.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglqvYc9Vt-0TIjTHhZ_B907p32VQdDg9ZzYcDkP2ANr7hbIdWjO5Xi_h4k7N1gRkdZ7-9F0C454_7x8l5V5UpO_WDjyKFnEPHDfP3s__Y-YIjW_zNU4iFrGlgwBBXQz3A4bQERWhhtTiTEnU7a8gnNSC-eCSujsQ4J_6pdEE89y57oTKO5qz-BAdVmw2o/s1600/GATO.jpg

De antigo passado

e jeito futuro

movimento puro

ar sofisticado

é o gato, de fato.

 

Só pode ser gato

esse bicho exato

acrobata nato

que só cai de quatro.

Marina Colasanti. O gato. In: Marina Colasanti e outros. Caminho da poesia, São Paulo: Global, 2006.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 92.

Entendendo a poesia:

01 – Quais características do gato são destacadas na primeira estrofe?

      A primeira estrofe destaca a agilidade e a capacidade do gato de se mover em diferentes ambientes: "No alto do muro / pulando no escuro / miando no mato / entrando em apuro / é o gato, seguro."

02 – Como o poema descreve a natureza do gato na segunda estrofe?

      A segunda estrofe descreve a natureza do gato como uma mistura de características antigas e modernas, com movimento puro e ar sofisticado: "De antigo passado / e jeito futuro / movimento puro / ar sofisticado / é o gato, de fato."

03 – O que a terceira estrofe enfatiza sobre o gato?

      A terceira estrofe enfatiza a exclusividade do gato, sua precisão e habilidade acrobática: "Só pode ser gato / esse bicho exato / acrobata nato / que só cai de quatro."

04 – Qual a imagem geral do gato que o poema constrói?

      O poema constrói a imagem de um animal ágil, misterioso, elegante e habilidoso, com uma natureza única e inconfundível.

05 – Qual a importância da repetição da frase "é o gato" no poema?

      A repetição da frase "é o gato" reforça a identidade do animal como o tema central do poema, destacando suas características e presença marcante.

 

 

quinta-feira, 6 de março de 2025

POESIA: OS DOIS LADOS - MURILO MENDES - COM GABARITO

 Poesia: Os dois lados

             Murilo Mendes

Deste lado tem meu corpo
tem o sonho
tem a minha namorada na janela
tem as ruas gritando de luzes e movimentos
tem meu amor tão lento
tem o mundo batendo na minha memória
tem o caminho pro trabalho.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8IH-zOYjfhGFQZ529Ydve9uZbUaVG_BhPjgmlALAgduwxDVTqc7Q19F5kmELje0btLOv3wfdesf_1EXZEcGL5piwnUUBLpXQSGlvA1pioKJ7D_XBc2_CM_x9UodjLaMgXbbzjIQd-36FaO4v06WOkCHRf8p5MjZ0c3LWeN9AFsBv5IPvvabeLXhYJctg/s1600/SONHOS.jpg

Do outro lado tem outras vidas vivendo da minha vida
tem pensamentos sérios me esperando na sala de visitas
tem minha noiva definitiva me esperando com flores na mão,
tem a morte, as colunas da ordem e da desordem.

Murilo Mendes. Poesia completa e prosa. @ by Maria da Saudade Cortesão Mendes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 526.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema "Os dois lados"?

      O poema explora a dualidade da existência humana, apresentando dois lados contrastantes da vida do eu lírico: o lado da experiência terrena, concreta e cotidiana, e o lado do mundo interior, das reflexões, dos anseios e da transcendência.

02 – Quais elementos caracterizam "o lado de cá" no poema?

      "O lado de cá" é marcado pela presença do corpo, dos sonhos, dos relacionamentos ("minha namorada"), das experiências sensoriais ("ruas gritando de luzes e movimentos"), do amor, da memória e da rotina ("caminho pro trabalho"). É o lado da vida concreta e imediata.

03 – O que representa "o outro lado" mencionado no poema?

      "O outro lado" representa o mundo interior, as outras vidas que se entrelaçam com a do eu lírico, os pensamentos profundos, a "noiva definitiva" (uma alusão à morte), e as forças opostas da ordem e da desordem. É o lado da transcendência, da reflexão e do encontro com o desconhecido.

domingo, 2 de março de 2025

POESIA: OLÁ! NEGRO - FRAGMENTO - JORGE DE LIMA - COM GABARITO

 Poesia: OLÁ! NEGRO – Fragmento

             Jorge de Lima

Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos

e a quarta e quinta gerações de teu sangue sofredor

tentarão apagar a tua cor!

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxBnzzhQqRV-PxQbGnYZBt1mpEg6Gl4IHUGYTmkjlIjxqKq3kMPDVo31y9B2UgWshyhmlHQNqcv4eh6ze7edCobg0_mbFvIXrZ7QPlHlcgrZvPmxomP4y7_QYvVocDkhD83rlSNhQuaeXt8_9wFwzI-oktSWva1qgAIkcV6HrKe2nXIIUbtQCHswvDUHU/s1600/%7B41AF3DFA-0BD3-42E9-BBB5-4E6774780187%7D_os241_zumbi.jpg


E as gerações dessas gerações quando apagarem

a tua tatuagem execranda,

não apagarão de suas almas, a tua alma, negro!

Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi,

negro-fujão, negro cativo, negro rebelde

negro cabinda, negro congo, negro ioruba,

negro que foste para o algodão de U.S.A.

para os canaviais do Brasil,

para o tronco, para o colar de ferro, para a canga

de todos os senhores do mundo;

eu melhor compreendo agora os teus blues

nesta hora triste da raça branca, negro!

                         Olá, Negro! Olá, Negro!

A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!

[...]

Não basta iluminares hoje as noites dos brancos com teus jazzes,

com tuas danças, com tuas gargalhadas! 

Olá, Negro! O dia está nascendo! 

O dia está nascendo ou será a tua gargalhada que vem vindo?

                          Olá, Negro! 

                          Olá, Negro!

[...]

Poesia completa. @ by Maria Thereza Jorge de Lima e Lia Corrêa Lima Alves de Lima. Rio de Janeiro, Nova Aguilar.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 286-287.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema aborda a questão da identidade negra, a resistência contra a opressão e a celebração da cultura afro-brasileira.

02 – Que aspectos da história da população negra no Brasil são mencionados no poema?

      O poema menciona a escravidão ("negro cativo", "tronco", "colar de ferro", "canga"), a fuga ("negro-fujão"), a rebeldia ("negro rebelde") e a diversidade de origens ("negro cabinda, negro congo, negro ioruba"). Também há menção ao trabalho nos campos de algodão nos Estados Unidos e nos canaviais do Brasil.

03 – Qual é o significado da expressão "a tua tatuagem execranda"?

      A expressão "a tua tatuagem execranda" refere-se à marca da escravidão e do preconceito racial, que as gerações futuras tentarão apagar. No entanto, o poeta afirma que a alma do negro permanecerá viva.

04 – Como o poeta descreve a relação entre a cultura negra e a cultura branca?

      O poeta reconhece a influência da cultura negra na cultura branca, mencionando o jazz, as danças e as gargalhadas. Ele também sugere que a cultura branca está em declínio ("A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!").

05 – Qual é a mensagem final do poema?

      A mensagem final do poema é de esperança e celebração da identidade negra. O "dia nascendo" e a "gargalhada" do negro simbolizam um futuro de libertação e reconhecimento.

 

POESIA: VIOLONCELO - CAMILO PESSANHA - COM GABARITO

 Poesia: Violoncelo

             Camilo Pessanha

Chorai, arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY3zcerFbukmh7Av-JATA6E6F0a15VRBdFoj8rlnhQagKZQJnYlUofnGUUup2Hd9Qd5p5fhn3SdRuVqi_5NVyQoHus2oGe9yixOicC7a3nMRhdVHdzoeUqHKZ28LxEIhAH_2pUq1ayRLHvFvrkFeIbU_oISWrr5rTGaV6ILx4fsIz6l0NLeIuTVZKkvng/s320/VIOLONCELO.jpg



De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.

Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas, ouçam!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...

Trêmulos astros...
Solidões lacustres...
-- Lemes e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!

Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
-- Chorai, arcadas,
Do violoncelo,
Despedaçadas.

Camilo Pessanha.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 209.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a principal emoção expressa no poema?

      A principal emoção expressa no poema é a melancolia profunda, o sofrimento e a sensação de desespero. O violoncelo, com suas "arcadas convulsionadas", representa a voz da dor, e as imagens de destruição e desespero reforçam essa atmosfera de tristeza.

02 – Quais são as principais imagens utilizadas no poema e o que elas representam?

      O poema é rico em imagens que evocam a destruição, a fragilidade e a passagem do tempo. Algumas das imagens mais marcantes são:

      Arcadas do violoncelo: Representam a voz da dor e do sofrimento.

      Pontes aladas de pesadelo: Sugerem a instabilidade e a fragilidade da vida.

      Barcos que se despedaçam no rio: Simbolizam a destruição e a brevidade da existência.

      Urnas quebradas e blocos de gelo: Evocam a morte e a frieza.

03 – Qual é o significado do título "Violoncelo"?

      O violoncelo, como instrumento musical, é a fonte sonora que expressa a emoção central do poema. Sua sonoridade melancólica e profunda é utilizada para transmitir a dor e o sofrimento do eu lírico.

04 – Quais são as características estilísticas marcantes do poema?

      O poema apresenta características típicas do Simbolismo, como a musicalidade, a subjetividade e o uso de imagens para expressar emoções e sensações. A linguagem é rica em metáforas e símbolos, criando uma atmosfera de mistério e melancolia.

05 – Qual é a relação entre o "eu" lírico e o violoncelo no poema?

      O "eu" lírico se identifica com o violoncelo, utilizando-o como um instrumento para expressar sua própria dor e sofrimento. O violoncelo se torna, assim, uma extensão do próprio "eu", um veículo para a manifestação de suas emoções mais profundas.

 

POESIA: NAÇÃO DE PÁRIA - NELSON ASCHER - COM GABARITO

 Poesia: Nação de pária

             Nelson Ascher

Não que me agrade
gaiola ou grade --
pelo contrário.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPZlsumMbEOJp-EpwKm9HSbNa4i7MghrhxtuREJ-56JHZYk40LwhyKfR-MPN27a4eLL5WlS6Y914DnuivO61w8yr2-M5OLnwGNv-Q16EaEfkl0KmNToOmEbcA7TwgC1sChylc4EgUB1HVT1KisjE2vSaSksVG761oPNkOR2lFemiloz_fCXKMS7jwU47Q/s320/GRADE.jpg



Não que me aguarde
lá dentro um mar de
rosas: meu páreo

não é bem este e,
como da peste,
corro por fora,

enquanto a esfinge
feroz nem finge
que me devora.

Porém sucede
que, sem parede,
nada me ecoa,

nem a arbitrária
pátria que, pária,
procuro à toa.

26 poetas hoje – Esses poetas, uma antologia nos anos 90. Organização de Heloísa Buarque de Holanda. 2. ed. Rio de Janeiro, Aeroplano, 2001.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 322.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema explora a sensação de deslocamento e a busca por identidade em um mundo que parece não oferecer um lugar para o indivíduo. O "pária" do título sugere alguém marginalizado, que não se encaixa nas estruturas sociais estabelecidas.

02 – O que o poeta quer dizer com "gaiola ou grade"?

      "Gaiola ou grade" simbolizam as restrições e limitações impostas pela sociedade, sejam elas físicas ou psicológicas. O poeta expressa sua rejeição a essas limitações, indicando um desejo de liberdade.

03 – Qual o significado de "pária"?

      "Pária" é uma palavra de origem indiana que se refere a uma pessoa excluída ou marginalizada pela sociedade. No contexto do poema, representa a condição do indivíduo que se sente deslocado e sem um lugar definido.

04 – Como a figura da "esfinge" contribui para o sentido do poema?

      A "esfinge" representa um desafio ou enigma que o poeta precisa enfrentar. A imagem da esfinge que "devora" sugere a sensação de ameaça e opressão que o poeta sente em relação ao mundo exterior.

05 – O que o poeta busca ao mencionar "a arbitrária pátria"?

      Ao mencionar "a arbitrária pátria", o poeta expressa a busca por um lugar de pertencimento e identidade. A palavra "arbitrária" sugere que a ideia de pátria é construída socialmente e pode não corresponder às necessidades individuais.

 

POESIA: ANGÚSTIA E REAÇÃO - MURILO MENDES - COM GABARITO

 Poesia: Angústia e Reação

             Murilo Mendes

Há noites intransponíveis,
Há dias em que para nosso movimento em Deus,
Há tardes em que qualquer vagabunda
Parece mais alta do que a própria musa.
Há instantes em que um avião
Nos parece mais belo que um mistério de fé,
Em que uma teoria política
Tem mais realidade que o Evangelho.

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiSwUjcDZCgJxDpCgcy6b9Hx5xuepot4ww605geVFsB84qmxjTxICFnjc_7Pq2rYJ-Ot_9GwgoPXWaJVoG0f53S0YDe5Kpo8a4HFNrF1HMTjxnVo61TLkvfoEwodCEOjqhXUXkhhRbH3aPJ16ffP_GGPRUsujW0_oAcaRRX8nToIh9S-YI952_ENWtq74/s1600/NOITE.jpg

Em que Jesus foge de nós, foi para o Egito;
O tempo sobrepõe-se à ideia do eterno.
É necessário morrer de tristeza e de nojo
Por viver num mundo aparentemente abandonado por Deus,
E ressuscitar pela força da prece, da poesia e do amor.
É necessário multiplicar-se em dez, em cinco mil.
É necessário chicotear os que profanam as igrejas
É necessário caminhar sobre as ondas.

Poesia completa e prosa. @ by Maria da Saudade Cortesão Mendes. Nova Aguilar, Rio de Janeiro.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 285.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema explora a luta interna entre a fé e a descrença, a angústia diante de um mundo que parece abandonar os valores espirituais e a necessidade de reação para resgatar essa fé.

02 – Que sentimentos o poeta expressa ao longo do poema?

      O poeta expressa sentimentos de angústia, tristeza, nojo e desespero diante da aparente ausência de Deus no mundo. Ele também expressa a necessidade de reação, força e esperança através da prece, da poesia e do amor.

03 – Quais são as imagens utilizadas pelo poeta para representar a angústia?

      O poeta utiliza imagens como "noites intransponíveis", "dias em que para nosso movimento em Deus", "tardes em que qualquer vagabunda parece mais alta do que a própria musa" e "instantes em que um avião nos parece mais belo que um mistério de fé" para representar a angústia e a sensação de afastamento de Deus.

04 – O que o poeta propõe como forma de superar a angústia?

      O poeta propõe a "força da prece, da poesia e do amor" como forma de superar a angústia e resgatar a fé. Ele também propõe a necessidade de "multiplicar-se em dez, em cinco mil", "chicotear os que profanam as igrejas" e "caminhar sobre as ondas", simbolizando a necessidade de ação e transformação.

05 – Qual a relevância do título "Angústia e Reação" para a compreensão do poema?

      O título "Angústia e Reação" resume a essência do poema, que explora o sentimento de angústia diante da descrença e a necessidade de reação para resgatar a fé e os valores espirituais. O título indica a dualidade presente no poema, entre o sofrimento e a esperança, a passividade e a ação.