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sexta-feira, 10 de outubro de 2025

POESIA: VELHA CASA - MARILDA PAULÍNIA - COM GABARITO

 Poesia: Velha casa

            Marilda Paulínia

A casa é velha,

      pesada,

           chata,

                 branca.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEja2PASUwxar6hyphenhyphenbN6RDMhCurzQNs75soCjazDtYL-PNbiVRjR_q6qIXIpA192ah05S2EWbz0bpzRgvx_JEic-BhOKKD9-odPEqKcj7T41WcJhPyRsRtvqQJi-SPxah2TI6SBtdlnNYsGTa27dLApqkKs2W_28PViRzkQqj67hspzrEBx_Kf_ZJguRdD1I/s320/CASA.jpg


Olha o rio,

       olha a ponte,

             olha as árvores

                   com os olhos apagados e vazios das janelas abertas.

Quando a noite abre

      um grande guarda-sol preto sobre a terra,

            começa a melopeia sonora dos sapos.

Outras vezes,

      no terreiro varrido do céu,

            correm vaga-lumes,

                 piscam-piscam,

                      e se apagam.

Outras vezes,

      chove luar.

Uma chuva

      mansa e luminosa,

           que enche de pó-de-arroz a face branca da velha casa

           e enverniza de prata as águas do rio

           e as folhas verdes das árvores.

E a velha casa

      cerra os olhos apagados das janelas

          e adormece.

Gilberto de Mendonça Teles (org.). A poesia em Goiás. Goiânia, UFG, s/d.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 195.

Entendendo a poesia:

01 – Como o eu lírico descreve a casa no início do poema e qual o efeito da disposição gráfica dos adjetivos?

      A casa é descrita com adjetivos que sugerem peso, monotonia e falta de vida: "velha, / pesada, / chata, / branca." A disposição gráfica em que os adjetivos são isolados, um abaixo do outro, enfatiza cada característica, tornando-as mais contundentes e definitivas. Isso reforça a impressão de que a casa é um lugar de carga, enfado e estagnação.

02 – Que figura de linguagem o poema utiliza ao descrever a casa olhando para a paisagem ("Olha o rio, / olha a ponte...")? O que isso sugere sobre a relação da casa com o mundo exterior?

      O poema utiliza a personificação ou prosopopeia, pois atribui à casa a ação humana de "olhar." No entanto, esse olhar é feito "com os olhos apagados e vazios das janelas abertas." Isso sugere uma relação passiva e melancólica com o mundo exterior. A casa está ali, presente, observando a vida que passa (o rio, a ponte), mas o seu olhar é desprovido de emoção ou vitalidade, refletindo um estado de solidão ou desinteresse.

03 – Quais são os três fenômenos noturnos descritos pelo eu lírico, e o que eles trazem para a atmosfera do poema?

      Os três fenômenos noturnos são:

      A abertura de um "grande guarda-sol preto" (a escuridão da noite).

      A "melopeia sonora dos sapos" (um som repetitivo e noturno).

      A corrida e o pisca-pisca dos vaga-lumes.

      A "chuva de luar" mansa e luminosa.

      Juntos, eles criam uma atmosfera de tranquilidade e mistério. A natureza assume o protagonismo, e os fenômenos, especialmente a "chuva de luar," adicionam um toque de magia e beleza sutil à monotonia da casa.

04 – O que a metáfora da "chuva de luar" que "enche de pó-de-arroz a face branca da velha casa" significa?

      A "chuva de luar" é uma imagem sinestésica e altamente poética, que associa a luminosidade do luar (visual) à ideia de uma chuva suave (tátil/auditiva). A metáfora do "pó-de-arroz" evoca a ideia de um leve adorno, maquiagem ou disfarce. Sugere que o luar não apenas ilumina, mas também embeleza e suaviza a aparência gasta da casa, conferindo-lhe um aspecto mais etéreo ou digno na noite.

05 – Por que a "velha casa / cerra os olhos / apagados das janelas / e adormece" no final do poema?

      O ato de "cerrar os olhos" (fechar as janelas) e adormecer representa o descanso e a conclusão de um ciclo. Depois de absorver as impressões passivas do dia e ser banhada pela beleza suave da noite (a chuva de luar), a casa (personificada) se recolhe. O adormecer simboliza a aceitação da sua condição silenciosa e isolada, encontrando paz em seu próprio vazio.

 

 

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

POESIA: ISSO SIM QUE É VIDA BOA - PEDRO BANDEIRA - COM GABARITO

 Poesia: Isso Sim Que é Vida Boa

              Pedro Bandeira

Eu queria ser de circo.

Ai, que vida original!

Trabalhar todas as noites, 

Divertindo o pessoal.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh21SQ87UC8WPf9UALUZu7w_HERLCRM9yhg2H-qEVctGum7Tf0xhXGCqlJsVIiiKnkd6vqjPwP8f-tcQvjxAc75EBJH6Sv2VpRNWEIMhXx0k8659NhrnrerKRFc9LrSHRzFep6plI2vXAaLObUm0CvfhB9_ZvCPLsRj52dUAnSa7VJ1e2sM_BxnvU6NCjY/s320/circo.jpg


Os aplausos da plateia, 

toda aquela vibração, 

sempre novas gargalhadas, 

sempre mais animação!

 

Eu queria ser de circo, 

conhecer os bastidores, 

que a plateia nunca vê, 

ver de perto os domadores, 

dar comida ao chimpanzé, 

ver a cama do anão, 

ver as focas adestradas, 

ver a jaula do leão, 

ver a cara do palhaço, 

sem pintura e fantasia, 

e ver se a mulher barbada 

faz a barba todo dia.

 

Lá no circo, eu imagino, 

mal termina a função, 

os artistas vão comer, 

sem pagar nenhum tostão, 

a pipoca que quiserem, 

quanto for que os contente, 

um montão de algodão-doce, 

guaraná e cachorro-quente.

Pedro Bandeira. Cavalgando o arco-íris. São Paulo, Moderna, 1984.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 137.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o desejo principal do eu-lírico no poema?

      O eu-lírico deseja ser de circo.

02 – Que tipo de trabalho o eu-lírico gostaria de ter no circo e qual é a sua motivação?

      Ele gostaria de trabalhar divertindo as pessoas todas as noites, motivado pelos aplausos e a animação da plateia.

03 – Além de ver o espetáculo, o que mais o eu-lírico tem curiosidade de conhecer sobre a vida no circo?

      Ele tem curiosidade sobre os bastidores, as coisas que a plateia não vê, como a cama do anão, a jaula do leão e o rosto do palhaço sem maquiagem.

04 – O que o eu-lírico quer saber sobre a mulher barbada?

      Ele quer saber se a mulher barbada faz a barba todos os dias.

05 – De acordo com o poema, o que acontece com os artistas do circo depois que a apresentação termina?

      O eu-lírico imagina que, após o espetáculo, os artistas podem comer o que quiserem sem pagar, como pipoca, algodão-doce, guaraná e cachorro-quente.

06 – Qual é a visão do eu-lírico sobre a vida no circo, de acordo com o título do poema?

      O título "Isso Sim Que é Vida Boa" sugere que o eu-lírico vê a vida de um artista de circo como uma vida ideal, cheia de diversão e alegria.

07 – Cite três exemplos de animais de circo mencionados no texto.

      Os animais mencionados são o chimpanzé, as focas e o leão.

 

 

 

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

POESIA: AS LUAS - MARIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poesia: As LUAS

 

Andou fazendo nevoeiro. De noite...

que lindo! Parece que estiveram passando borracha na paisagem.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkzxruxhEA62E7B7KIsItOvP5hUc0g_TK3OE9llSGM_Y64P7HhjIgBxVoUyqViyBgMUEg-0og3Oc-sXPduawCTrUKM52icGXPglxcLz1mbOUL0KOBDmPk8fmTqjl5eXKS8TLDjrksZCRPz6c9N0FrhFTJ2e49MCk1C323iqLNa1uw7ICNtqPU1ZYF50eY/s320/NEVOEIRO.jpg


Apenas sobravam os lampiões. Minto! Só os focos dos lampiões

sobravam, luas soltas no ar. De modo que ontem pela madrugada

eu ia andando por uma noite cheia de luas. Tu nem imaginas o

que é uma noite com uma porção de luas... A gente...

-- Já sei! Fizeste um poema...

-- Não. Caí num buraco.

Mario Quintana. Porta Giratória. São Paulo, Globo, 1988.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 69.

Entendendo a poesia:

01 – Como a poesia descreve o efeito da neblina na paisagem?

      A poesia descreve a neblina como se alguém tivesse "passando borracha na paisagem", apagando os contornos e deixando apenas os pontos de luz visíveis.

02 – O que o eu lírico compara aos pontos de luz que sobraram na noite com neblina?

      O eu lírico compara os focos dos lampiões, que eram os únicos pontos de luz visíveis, a "luas soltas no ar".

03 – Qual foi a sensação do eu lírico ao andar por essa noite?

      O eu lírico se sentiu como se estivesse caminhando por "uma noite cheia de luas". A experiência é tão extraordinária que ele diz que a pessoa com quem fala "nem imagina" o que é isso.

04 – No final do poema, qual é a suposição da outra pessoa sobre a experiência do eu lírico?

      A outra pessoa, após ouvir a descrição poética da noite, supõe que o eu lírico "fez um poema".

05 – Qual é a resposta final e surpreendente do eu lírico, que quebra a expectativa do leitor?

      A resposta final do eu lírico é "Não. Caí num buraco." Essa resposta inesperada e cômica quebra a atmosfera poética criada e traz um contraste com a beleza da cena descrita.

 

 

POESIA: O PASSO NA ESCADA - MARIA EUGÊNIA CELSO - COM GABARITO

 Poesia: O passo na escada

            Maria Eugênia Celso

        Depois... muito depois... o ruído de um passo. Um passo forte, límpido, vivo, familiar.

        Um passo que vem vindo e que sobe depressa os degraus de uma escada. Um passo que ouço extasiada e espero numa ânsia sem palavras, reconhecendo entre todos os outros o seu pisar, ágil e diferente; que a tudo, como a mim, enche de segurança.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzY3CjgJogMZsMWrssaLYErGwgYc9ChJ-T6Le3weDRNKTu07daauUI-r4AMXpQxjKvyWTlZQom5KsP2RKcAfegV7L6e02hShL2NCaF3nJdcah2GmAM5fRvPehXP0cxLsEk-D3UWQ5FfqlpQEWdJFSUVQMKmxbp-gfSy0ZIZTMLEVUIrp3WxtvU0Ght2cw/s320/capa-escadas.jpg


        Sei que para chegar não encontra embaraços; pula os degraus de dois em dois, correndo. Sinto-o ao longe, ouço vir, quero-lhe bem. Subindo, escuto-o definir-se, aproximar-se, entrar...

        É um passo que me encontra, me conforta e me atrai. É de súbito, o passo toma corpo, tornam-se dois braços que me arrebatam do chão, faz-se um rosto de homem, sorridente, belo, moço, um rosto de carinho e de alegria que eu não canso de ver e rever todo o dia, um rosto que se inclina sobre a minha pequenez com  adoração. Um rosto que resume todas as minhas ideiazinhas de força e de confiança, o símbolo de toda proteção: PAPAI!

Maria Eugênia Celso, Poesia para a infância. Lisboa, Ulisséia, 1983.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 115.

Entendendo a poesia:

01 – O que o eu lírico ouve no início do poema e como ele descreve esse som?

      O eu lírico ouve o ruído de um passo, que é descrito como "forte, límpido, vivo, familiar".

02 – Qual a sensação que o som do passo causa no eu lírico?

      O eu lírico sente-se extasiado e espera o som com uma "ânsia sem palavras". Ele o reconhece entre todos os outros, e o som "enche [a ele] de segurança".

03 – Como o eu lírico descreve a velocidade e a agilidade do passo?

      Ele descreve o passo como vindo "depressa", subindo a escada, sem encontrar embaraços e pulando "os degraus de dois em dois, correndo".

04 – Em que momento o passo se transforma em uma pessoa, e quais são as características dessa pessoa?

      De repente, o passo "toma corpo" e se transforma em uma pessoa com dois braços que a arrebatam do chão. Essa pessoa tem um rosto "sorridente, belo, moço, um rosto de carinho e de alegria".

05 – Qual é a revelação final do poema e o que essa pessoa representa para o eu lírico?

      A revelação final é que a pessoa que subia a escada é o papai. Ele representa para o eu lírico o símbolo de "força e de confiança" e de "toda proteção".

 

 

POESIA: BRASIL - FRAGMENTO - RONALD DE CARVALHO - COM GABARITO

 Poesia: Brasil – Fragmento

             Ronald de Carvalho

        Nesta hora de sol puro

        Palmas paradas

        Pedras polidas

        Claridades

        Faíscas

        Cintilações

        Eu ouço o canto enorme do Brasil!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2ftWfqMwKlwf2xVgDymD1r37HlhxUrP-DFWXekWN1KzTEpjvrXGF7eulYuD3aTCqs5AoTEkCIeyoNh7WSYCdoyotSFMkOq0aDoo8mGqXJi24Js4dldUAYnajEJ-1dQquQxtYOOrw-fclXIb9cUGrg2GlNPIab6pseXPJj1N7rss31DfewO8XSpy0qpGQ/s1600/SOL.png


        Eu ouço o tropel dos cavalos de Iguaçu correndo na ponta das rochas nuas, empinando-se no ar molhado, batendo com as patas de água na manhã de bolhas e pingos verdes;

        [...]

        Eu ouço os arroios que riem, pulando na garupa dos dourados gulosos, mexendo com os bagres no limo das luras e das locas;

        Eu ouço as moendas espremendo canas, o gluglu do mel escorrendo nas tachas, o tinir das tigelinhas nas seringueiras;

        E machados que disparam caminhos,

        E serras que toram troncos,

        E matilhas de “Corta Vento”, “Rompe-Ferro”, “Faíscas” e “Tubarões” acuando suçuaranas e maçarocas,

        E mangues borbulhando na luz,

        E caititus tatalando as queixadas para os jacarés que dormem no tejuco morno dos igapós...

        [...]

Antologia Universitária, vol. IV. Taubaté, Universidade de Taubaté, 1980.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 129.

Entendendo a poesia:

01 – Que elementos visuais e de luminosidade são descritos no início do poema?

      O poema começa descrevendo um momento de "sol puro" com "palmas paradas" e "pedras polidas", além de termos que remetem à luz, como "claridades", "faíscas" e "cintilações".

02 – Qual o sentido principal que o eu lírico usa para "ouvir o canto enorme do Brasil"?

      Apesar da referência ao "canto", o eu lírico usa a audição para descrever sons que remetem à natureza e à atividade do país, como o "tropel dos cavalos de Iguaçu" e o som dos "arroios que riem".

03 – De que forma o poeta personifica a força das Cataratas de Iguaçu?

      O poeta personifica as águas de Iguaçu como "cavalos de Iguaçu correndo na ponta das rochas", que se "empinam no ar molhado" e batem com suas "patas de água".

04 – Quais são os sons relacionados à produção de cana-de-açúcar que o eu lírico ouve?

      O eu lírico ouve o som das "moendas espremendo canas", o "gluglu do mel escorrendo nas tachas" e o "tinir das tigelinhas nas seringueiras".

05 – Que tipos de sons ligados à floresta e ao trabalho na mata são citados?

      Ele ouve o barulho dos "machados que disparam caminhos" e o das "serras que toram troncos", além do som de cachorros de caça (como "Corta Vento" e "Rompe-Ferro") acuando animais.

06 – Quais animais são mencionados na poesia e qual é a ação que eles realizam?

      São mencionados "dourados gulosos" e "bagres" (peixes) nos arroios. Na floresta, há "suçuaranas e maçarocas" sendo acuadas por cachorros, e "caititus" que "tatalam as queixadas" para os "jacarés" que dormem.

07 – De que forma a natureza e o trabalho humano se unem na paisagem sonora do poema?

      A paisagem sonora do poema é uma mistura de sons naturais (o rio, os animais) e sons do trabalho humano (machados, serras, moendas). Essa união mostra a interação entre o homem e a natureza no Brasil, onde as atividades de subsistência e produção se fundem com a exuberância da vida selvagem.

 

domingo, 10 de agosto de 2025

POESIA: CANTO DA ESTRADA ABERTA - WALT WHITMAN - COM GABARITO

 Poesia: Canto da estrada aberta

              Walt Whitman

A pé e de coração leve

Eu enveredo pela estrada aberta,

Saudável, livre, o mundo à minha frente,

A minha frente o longo atalho pardo

Levando-me aonde eu queira.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzmfPNOjZJp6B05OORyfCjcXze9x2xue6OVWwyymKNh8oKLC54KRzPIOdUo0k4Q9NODNI_Kr2WES1GXR5fsV4qHG-M_xT_On2fYEeBF5zzFg7KSxgZ7ckoKYJzIhqOZcRETl5h6Q5XKCp_whaqANFf-f8FApNx27DkM41bHzutZFdQ-i9ysL7jUQXd5GA/s320/hq720.jpg

Daqui em diante não peço mais boa sorte,

Boa sorte sou eu.

Daqui em diante não lamento mais,

Não transfiro, não careço de nada;

Nada de queixas atrás das portas,

De bibliotecas, de tristonhas críticas;

Forte e contente vou eu

Pela estrada aberta.

Folhas das folhas de relva. São Paulo, Brasiliense, 193.

Fonte: Letra e Vida. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – Coletânea de textos – Módulo 3 – CENP – São Paulo – 2005. p. 253.

Entendendo a poesia:

01 – Como o eu lírico descreve seu estado de espírito ao iniciar sua jornada pela estrada aberta?

      O eu lírico se descreve "a pé e de coração leve", sentindo-se "saudável, livre" e com "o mundo à sua frente".

02 – O que o eu lírico afirma ser a "boa sorte" para ele, a partir de agora?

      Ele declara que, dali em diante, a própria "boa sorte" é ele mesmo, indicando uma autoconfiança e autonomia.

03 – De que elementos o eu lírico decide não precisar mais em sua jornada?

      O eu lírico decide não precisar mais de lamentos, de transferir responsabilidades ou culpas, e de queixas, bibliotecas ou críticas tristonhas.

04 – Qual a atitude geral do eu lírico em relação ao futuro e à sua caminhada?

      Ele demonstra uma atitude de força e contentamento, seguindo pela estrada aberta com determinação e otimismo.

05 – Qual a importância da "estrada aberta" para o eu lírico, simbolicamente?

      A "estrada aberta" simboliza a liberdade, a autonomia e a jornada da vida, onde ele pode ir aonde quiser, sem depender de fatores externos ou de restrições.

 

POESIA: FINÁ DE ATO - AUTOR DESCONHECIDO - COM GABARITO

 Poesia: Finá de ato

Adispôs de tanto amor
De tanto cheiro cheiroso
De tanto beijo gostoso, nós briguemos
Foi uma briga fatá; eu disse: cabou-se!
Ele disse; cabou-se!
E nós dois fiquemos mudo, sem vontade de falá.
Xinguemos, sim, nós se xinguemos

Como se pode axingá:

_ Ô, mandinga de sapo seco!
_ Ô, baba de cururu!
_ Tu fica no Norte
Que eu vô pru sul
Não quero te ver nem pintado de carvão
Lá no fundo do quintá
E se eu contigo sonhar
Acordo e rezo o Creio em Deus Pai
Pru modi não me assombrá.
É... o Brasil é muito grande
Bem pode nos separar!

Eu engoli um salucio
Ele, engoliu bem uns quatro.
Larguemo o pé pelo mato
Passou-se tantos tempo
Que nem é bom recordar...

Onti, nós se encontremus
Nenhum tentou disfarçá
Eu parti pra riba dele
Cum fogo aceso nu oiá
Que se num fosse um cabra de osso
Tava aqui dois pedaço.

Foi tanto cheiro cheiroso...
Foi tanto beijo gostoso...
Antonce nós si alembremos
O Brasil... é tão pequeno
Nem pode nos separa!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNxUEsbTbmvvwpZ1dj0MTpal8JHWKIOC0fD0TzWqBxciXcd6DT18G4OAmxVLjOYX00maSVsftICz_yt0fPZXoe7MTRrkoopt0GeGYylx3V2gjMS-ClTL-DzH5QlRn9bRBNqq6v0sfvnRzzY3Oq0z6irimcx3OBXZ08IoR8UVDS6jHskVVV_y2QbwK4d3E/s320/40813367-uma-casal-sentar-juntos-esboco-desenho-vetor.jpg

Texto original de autor desconhecido. Adaptação de Gertrudes da Silva Jimenez Vargas.

Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 75.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a reconciliação de um casal após uma briga intensa, explorando a complexidade das emoções envolvidas, desde o ódio momentâneo até a redescoberta do amor.

02 – Como o poema retrata a briga inicial do casal?

      A briga inicial é retratada como fatal ("Foi uma briga fatá") e marcada por xingamentos fortes ("mandinga de sapo seco", "baba de cururu") e uma decisão mútuo de separação, indicando um rompimento abrupto e doloroso.

03 – Que expressões populares e regionalismos são utilizados para dar autenticidade à linguagem do poema?

      O poema utiliza diversas expressões populares e regionalismos, como "cabou-se", "axingá", "mandinga de sapo seco", "baba de cururu", "vô pru sul", "nem pintado de carvão", "pru modi não me assombrá", "salucio", "larguemo o pé pelo mato", "onti", "se encontremus", "parti pra riba dele", "cum fogo aceso nu oiá", "cabra de osso", "Antonce nós si alembremos". Essas expressões conferem um tom coloquial e autêntico à narrativa.

04 – Qual o significado da frase "O Brasil é muito grande / Bem pode nos separar!" no início do poema e como ela se contrapõe à frase final?

      No início, a frase "O Brasil é muito grande / Bem pode nos separar!" expressa a desesperança e a intenção de um distanciamento definitivo após a briga, usando a vastidão territorial como metáfora para a impossibilidade de reencontro. No final, a contraposição com "O Brasil... é tão pequeno / Nem pode nos separa!" demonstra a superação da distância e a força do amor, que faz com que qualquer barreira, mesmo um país continental, pareça insignificante diante do desejo de estarem juntos.

05 – Que elementos sensoriais são destacados no poema para evocar a lembrança do afeto?

      O poema destaca principalmente os elementos sensoriais do olfato ("tanto cheiro cheiroso") e do paladar/toque ("tanto beijo gostoso"), que são repetidos no início e no final para ressaltar a memória dos momentos de carinho e a intensidade do reencontro.

06 – Como o reencontro do casal é descrito no poema?

      O reencontro é descrito como intenso e sem disfarces, com uma explosão de emoções ("Eu parti pra riba dele / Cum fogo aceso nu oiá"). Inicialmente, há uma agressividade latente, que rapidamente se transforma na redescoberta do afeto perdido, culminando na lembrança dos "cheiros" e "beijos" que os uniram.

07 – Qual a principal mensagem que o poema transmite sobre o amor e as relações humanas?

      A principal mensagem do poema é que o amor verdadeiro pode superar até as brigas mais intensas e as distâncias mais longas. Ele sugere que, apesar dos conflitos e das tentativas de separação, a força dos sentimentos genuínos e das memórias afetivas pode prevalecer, levando à reconciliação e à redescoberta da conexão.

 

POESIA: TEMPO DE ESCOLA ´GRACE MOTTA - COM GABARITO

 Poesia: Tempo de escola

             Grace Motta

Eu vou lhe contar agora

Um pouquinho do passado

Do meu tempo de escola

De aluno educado.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgp77NAIWNBO6_qQ_UJAly2TEGv1vFAsxJ_4qdny_asz7u11H6L4_jsgDTDvcSmXznjx4hXP_aSY4mXfysN1YA4jdGvzejyXQngFRGkvj33rI9dAu4bRcZJWrnBbxC2bJkcXCFxwSVq5BvePiug2wshWXJnVuYGczjkHsmBNiVRomboZ2GExHfkuh1RHYE/s1600/mais-tempo-escola.jpg

Logo cedo eu chegava

Com farda original

Alegre e sempre em fila

Cantava o Hino Nacional.

 

A minha escola era grande

Com um enorme jardim em frente

Na hora do recreio

Juntava era muita gente.

 

Tinha uma cartilha azul

Colorida e engraçada

Com as letras muito grandes

Que eu lia salteadas.

 

Pro Maria era calma

Meiga como uma flor

Quando a gente errava

Ela dizia "faz de novo, meu amor".

 

Mas... lá tinha uma diretora

Com uma grande palmatória

Quando a gente aprontava

Então... era outra história.

 

Ao lembrar da minha escola

Revivo muitas lembranças

Dos colegas, dos professores

Do meu tempo lindo de criança.

Professora Grace Motta Salvador – BA.

Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 20.

Entendendo a poesia:

01 – Sobre o que o eu lírico vai contar na poesia "Tempo de escola"?

      O eu lírico vai contar um pouco sobre seu passado, especificamente sobre o seu tempo de escola como aluno educado.

02 – Como o eu lírico descreve sua chegada à escola e o que faziam logo cedo?

      Ele descreve que chegava logo cedo, com farda original, e que, alegre e sempre em fila, cantava o Hino Nacional.

03 – Como era o ambiente físico da escola do eu lírico, especialmente na hora do recreio?

      A escola era grande, com um enorme jardim em frente, e na hora do recreio juntava muita gente.

04 – Qual era a característica marcante da cartilha usada pelo eu lírico?

      A cartilha era azul, colorida e engraçada, com as letras muito grandes que ele lia salteadas.

05 – Quais as duas figuras de autoridade na escola mencionadas e como elas se diferenciavam no tratamento aos alunos?

      As duas figuras de autoridade mencionadas são a Professora Maria e a diretora. A Professora Maria era calma e meiga como uma flor, e quando os alunos erravam, ela dizia "faz de novo, meu amor". Já a diretora tinha uma grande palmatória e, quando os alunos "aprontavam", "era outra história", indicando um tratamento mais rígido.

 

quinta-feira, 3 de julho de 2025

POESIA: POEMA DE AMOR - FABRÍCIO CORSALETTI - COM GABARITO

 Poesia: Poema de amor

             Fabrício Corsaletti

Agora o meu amor envolve o seu rosto.
Você projeta a cidade de homens livres.
Tento aproximá-la do pássaro branco.
Você só quer que eu me concentre.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCwCpOm5VPmTm8SYCd9EcwPc8X8GFHwb-DgILr0Dy6SEsRJddSjjSq8YTBi5a7dbnRGZImRKXwmVzcYEvTf8D8qOi4huju4DXbX9K2ofrJcZeKTGuz4YcMLrBRzGG9Wgdib3ZSVAeeoFI6ItSV34cH1H7l6PnVKL97s6GciIJTJRcHmunJXwyeE8X6IRM/s1600/images.jpg

Percebo a cidade de homens livres.
Começo a existir e a você me dirijo.
Meus poemas fazem você nascer mais um pouco.
Mas você abandona a cidade de homens livres;
Em direção à porta de saída,
Seu passo aperfeiçoa o amor.

Fabrício Corsaletti. In: Estudos para seu corpo. São Paulo: Cia das Letras, 2007. p. 122.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 371.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a dinâmica de um relacionamento amoroso, onde o eu-lírico busca uma conexão profunda e a amada parece ter outros focos ou caminhos. Há uma exploração da tentativa de aproximação e da percepção de uma distância ou independência por parte da pessoa amada.

02 – Como o eu-lírico expressa seu amor e sua intenção em relação à pessoa amada no início do poema?

      No início do poema, o eu-lírico expressa seu amor de forma envolvente ("Agora o meu amor envolve o seu rosto") e revela sua intenção de aproximar a amada de algo puro e delicado ("Tento aproximá-la do pássaro branco"). Ele também demonstra a importância da amada para sua própria existência ("Começo a existir e a você me dirijo").

03 – O que a expressão "Você projeta a cidade de homens livres" sugere sobre a pessoa amada?

      Essa expressão sugere que a pessoa amada possui uma natureza independente e idealista. Ela parece estar ligada a conceitos de liberdade e autonomia, talvez construindo ou buscando um espaço onde haja essa liberdade, o que pode ser um contraste com o desejo do eu-lírico de envolvê-la em seu amor.

04 – Qual é a contradição percebida pelo eu-lírico em relação aos seus esforços poéticos?

      O eu-lírico percebe uma contradição porque, apesar de seus poemas fazerem a amada "nascer mais um pouco", ou seja, darem-lhe vida e forma através da arte, ela abandona o ideal de "cidade de homens livres" e se dirige à saída. Isso indica que, mesmo com a influência de sua poesia, a amada segue um caminho próprio, que pode ser de distanciamento.

05 – O que significa o verso "Seu passo aperfeiçoa o amor" no final do poema?

      Esse verso sugere que a ação da amada, mesmo que seja a de se afastar ou seguir um caminho próprio, de alguma forma contribui para a complexidade e a profundidade do amor para o eu-lírico. O afastamento ou a independência dela, paradoxalmente, "aperfeiçoam" a compreensão do amor, talvez ao revelar suas nuances, desafios ou a liberdade intrínseca a ele.

 

 

POESIA: TUA SEDUÇÃO É MENOS DE MULHER DO QUE...- JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO

 Poesia: Tua sedução é menos de mulher do que...

            João Cabral de Melo Neto

Tua sedução é menos
de mulher do que de casa:
pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPHXA8lNTvvnqdMnV2nNPkRARNjHAx5A2Pb7xpMgHdoLGKP7xWcUnfP7gpi94oWG9bOiIt5PJ_sGmGzL5RZMAEbodaVZEysO5nbzx8Mjr3XEA80F_aHnjasvz1ZW65A3IBGwBvHJw0rIMRg7q5biqaZAAvieANitvuT9sIvKs5e5PQZl0RfqSP-9d1dEo/s320/SEDUCAAO.jpg



Mesmo quando ela possui
tua plácida elegância,
esse teu reboco claro,
riso franco de varandas,

uma casa não é nunca
só para ser contemplada;
melhor: somente por dentro
é possível contemplá-la.

Seduz pelo que é dentro,
ou será, quando se abra;
pelo que pode ser dentro
de suas paredes fechadas;

pelo que dentro fizeram
com seus vazios, com o nada;
pelos espaços de dentro,
não pelo que dentro guarda;

pelos espaços de dentro:
seus recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
em corredores e salas,

os quais sugerindo ao homem
estâncias aconchegadas,
paredes bem revestidas
ou recessos bons de cavas,

exercem sobre esse homem
efeito igual ao que causas:
a vontade de corrê-la
por dentro, de visitá-la.

João Cabral de Melo Neto. Poesias completas. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 153.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 343.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a comparação inusitada que o poema estabelece para descrever a sedução?

      O poema compara a sedução da pessoa amada não tanto à de uma mulher, mas sim à de uma casa, explorando as similaridades entre ambas.

02 – De que forma a sedução, tanto da mulher quanto da casa, é descrita como vinda do "interior" e não da "fachada"?

      O poema sugere que a verdadeira sedução vem do que a casa "é por dentro" ou "por detrás da fachada", e do que "pode ser dentro de suas paredes fechadas", assim como a sedução da mulher não se limita à sua aparência externa ("reboco claro", "riso franco de varandas").

03 – Por que, segundo o poema, uma casa não deve ser "só para ser contemplada" de fora?

      O poema afirma que "somente por dentro é possível contemplá-la", ou seja, a verdadeira essência e o que há de mais sedutor em uma casa (e na mulher) só podem ser conhecidos e apreciados ao se explorar seu interior.

04 – Quais elementos internos de uma casa são utilizados para ilustrar essa sedução no poema?

      São usados elementos como os vazios, o nada, os espaços de dentro (recintos, áreas), e como eles se organizam em corredores e salas, sugerindo estâncias aconchegadas e recessos.

05 – O que significa a frase "pelo que dentro fizeram / com seus vazios, com o nada" no contexto da sedução da casa?

      Essa frase sugere que a sedução não está apenas no que a casa contém materialmente, mas na maneira como seus espaços foram concebidos e moldados, preenchendo o vazio e o "nada" para criar um ambiente acolhedor e convidativo.

06 – Que "efeito" a casa (e, por extensão, a mulher) exerce sobre o homem, de acordo com o poema?

      O efeito exercido é a "vontade de corrê-la / por dentro, de visitá-la", indicando o desejo de explorar, conhecer intimamente e se aprofundar na essência do que seduz.

07 – Qual a principal ideia que João Cabral de Melo Neto explora ao comparar a sedução feminina à de uma casa?

      A principal ideia é que a sedução autêntica reside na profundidade e no mistério do interior, seja de uma pessoa ou de um espaço. Não se trata de uma atração superficial, mas de um convite a explorar o que está além da superfície, o que é construído e organizado em seu âmago.