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domingo, 31 de dezembro de 2023

FÁBULA: O BICHO-PREGUIÇA - HENRIQUETA LISBOA - COM GABARITO

 Fábula: O bicho-preguiça

             Henriqueta Lisboa

        Dizem que o gato tem sete fôlegos e que o bicho-preguiça tem sete preguiças.

        Uma vez, uma preguiça estava embaixo de uma embaúba esperando ela florescer. Quando as flores roxas viessem, a preguiça, que é muito gulosa por bananinhas de embaúba, começava a subir. Pensava que, até chegar lá em cima, já as frutas tinham vindo e estavam maduras.

        Então ela foi subindo, subindo. Sete anos se passaram. Sete vezes a embaúba

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsnlm24yJOaYhYtY0lWRt9_5fhbopWh0IXNb9gqa1o0XtMnT2gRxv2qXocjT0WBclyYXzqvzleV5nPo9DGi7bOiFYaJPDwXWcSIiR3wFLdxkIEYVT0HcnFvp9mYZ2a1gilhiRuA2b1JgICbxRheYCeoOWrEpHe0eWhyphenhyphenicxV6PYvgCwVghT2kicJPlOHUg/s320/bicho-preguica.jpg

floresceu e frutificou. Quando a preguiça acabou a viagem e ia comer os frutos, arrebentou o galho, e ela veio para o chão que nem um bolo. Santa paciência! Voltou à árvore e começou a subir, mas sete anos.

        Ainda está lá.

Henriqueta Lisboa. Em: Literatura oral para a infância a juventude: lendas, contos e fábulas populares no Brasil. São Paulo: Petrópolis, 2002.

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP131-2.

Entendendo a fábula:

01 – Indique o sujeito dos verbos destacados no texto:

·        Estava: uma preguiça.

·        Viessem: as flores roxas.

·        Passaram: sete anos.

·        Frutificou: a embaúba.

·        Acabou: a preguiça.

·        Veio: ela.

02 – Se o sujeito do verbo estava fosse “a preguiça e o jabuti”, como deveria ser escrita a frase abaixo?

        “Uma vez, uma preguiça estava embaixo de uma embaúba esperando ela florescer.”

      Uma vez, uma preguiça e um jabuti estavam embaixo de uma embaúba esperando ela florescer.

03 – Como ficaria a frase: “Sete anos se passaram” se a preguiça tivesse demorado um ano para subir a árvore?

      Um ano se passou.

04 – Reescreva a frase “Sete vezes a embaúba floresceu e frutificou” considerando que isso tenha ocorrido apenas uma vez.

      Uma vez a embaúba floresceu e frutificou.

·        Houve mudança nos verbos da frase? Explique.

Não. Pois os verbos concordam com o sujeito, que é embaúba, e não com o termo modificado.

 

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

FÁBULA: DIREITOS HUMANOS - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Fábula: Direitos Humanos

             Luís Fernando Veríssimo

- Famous Ipanema Beach! Dentro do ônibus, os turistas exclamavam "oh!" com entusiasmo. Ipanema Beach! O motorista, Algemiro, torcedor do Vasco, morador do Vidigal, sacudia a cabeça cada vez que ouvia a pronúncia da guia. Por que "Ipanima"? Era Ipanema com "e". "Ipanimá' era frescura de gringo.

- Vieira Souto Avenue.

- Aveniu dos bacana - completou Algemiro. E, com um certo orgulho:

- Caminho da minha casa.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx7Pv7SyTH-ThEUpKHtvOeE4kx7ZYYa39SWPevHf6Nm-fruKrkY28Z6MNrVlUcrenMOeTG4OArXca_LHgPusX6bzVJx_Uq5uXcs2SDdB8ApiyXr5v-5z6JceD4nVV1fCBeF2DbHyQNIGfYVk93_qh3gj6wElN3JH1BkJMH_yN_AJCe2xjtkgU8DTVHYF8/s320/IPANEMA.jpg 


- What? - quis saber uma velhinha americana de dentro do seu vestido gasoso.

- Rich people live here - explicou a guia. Mais "ohs" entusiasmados.

-The girls from Ipanema - disse a guia, apontando as garotas da praia.

- Oh! - gritaram os turistas.

- In front of us, Pedra da Gávea, Gávea Stone - disse a guia.

- Oh! - gritaram os turistas.

- O Budum Filho! - gritou o motorista.

- Oh! - gritaram os turistas, com a freada do ônibus.

- O que foi isso? - quis saber a guia, ajeitando o chapeuzinho.

- O Budum Filho. Um pilantrão que me deve uma nota.

- Mas você não vai parar o ônibus agora para falar com...

- Ah, se não vou! Segura as pontas que eu já volto.

- Espera! Mas o Algemiro já puxara o freio de mão e se precipitara para a rua atrás do Budum Filho, filho do Budum Pai, bicheiro e mau-caráter. Os turistas pularam dos bancos para acompanhar a perseguição. Em minutos o Algemiro voltava com o Budum Filho pela nuca.

- Por que aqui? - gritou a guia, sem saber o que dizer para as velhinhas.

- Quero ter uma conversa com este pilantra num particular.

- Mas aqui?

- Calminha. É rápido. O Budum Filho, aterrorizado, apelou para uma americana.

- Rélpi, madame. É seqüestro.

- Rélpi eu vou te mostrar, caloteiro.

- Who is he? - perguntou a americana, mais aterrorizada do que ele, apontando para o Budum Filho.

- Nothing, nothing - disse a guia.

- A boy from Ipanema.

- Oh!

- O que foi que ele fez? - perguntou a guia para o Algemiro.

- Eu ganhei no bicho e ele não pagou. Enrustiu na marra.

- Rélpi! - repetiu o Budum Filho. Com a revolta dos turistas, o Algemiro se viu constrangido a largar a nuca do mauca. Mas segurou a sua camiseta. Que tinha o nome de uma universidade americana na frente. As simpatias dos turistas estavam com o Budum Filho.

- E a minha grana, ó calota!

- Que grana?

- Vem com essa. Vem com essa!

- Ó Algemiro, tá me estranhando? Eu ia pagar.

- Ia, não. Vai.

- Vou.

- Dívida de bicho é sagrada.

- What is it?

- Jogo do bicho. Animal game. Gambling.

- Oh! Um americano, calça quadriculada, se apresentou para mediar. Aquilo estava atrasando a excursão. Ele tinha pago bom dinheiro para ver as vistas do Rio. Não uma briga. Se bem que as velhinhas, depois do susto inicial, pareciam estar apreciando o incidente entre os nativos. O que iam ter para contar na volta! Com a guia como intérprete, o americano propôs que procurassem uma autoridade para resolver o caso. A proposta foi vetada pelas partes. E, mesmo, seria difícil encontrar uma autoridade por perto.

- Autoridade neste ônibus - disse o Algemiro, sacudindo o Budum Filho com ênfase - sou eu.

- Rélpi, mister!

- Come on, let him go - disse o americano.

- Não tem camone.

- Algemiro - suplicou a guia -, vamos primeiro terminar a excursão, depois você cuida desse assunto. Algemiro estudou a questão. Depois concordou. O Budum Filho ficaria no ônibus, sob custódia dos turistas, até o fim da excursão. Depois acertariam as contas. E tocaram o ônibus. Budum Filho sentou ao lado de uma velhinha da Minnesota, que lhe ofereceu um drops de hortelã. Foi fotografado por dezessete polaróides simultaneamente. Com a ajuda da guia, contou a história da sua vida. O seu sonho era conhecer os Estados Unidos.

- Lá não entra caloteiro! - gritou o Algemiro, mas foi silenciado pelos protestos gerais. Ninguém olhava mais a paisagem. Todas as atenções estavam no Budum Filho. Ele era um artista. As madames queriam ouvir um samba da sua autoria? Claro que queriam. Budum cantou um samba do Martinho da Vila. O Algemiro tentou desmascara-lo mas foi desprezado. Quando o Budum Filho acabou de cantar, todos gritaram "oh!" e aplaudiram muito. No fim da excursão alguns deram gorjetas para o Budum Filho (e nada para o Algemiro). A guia recomendou ao Algemiro que não fizesse nenhuma loucura. A companhia podia ficar sabendo e os dois se dariam mal. O Algemiro disse que só ia ter uma conversínha com o desgraçado. E ficou sozinho no ônibus com o Budum Filho.- Canta um samba agora, garoto.

- Álgemiro, se eu fosse você eu não me tocava.

- Ah, é?

- É.

- E por quê?

- Porque eu passei um bilhete para uma das madame, escondido.

- Que bilhete?

- Para o Clinton.

- Que Clinton?

- O presidente. Se me acontecer qualquer coisa, ele vai ficar sabendo que foi você. Respeita os meus direitos humanos, senão vai ter.

- Ah, é?

- É.

- Pois quem é o presidente lá é o Bush e sabe o que o Bush gosta de fazer com vagabundo?

- Não, Algemiro. Não!

Entendendo o texto

01. Onde se passa a fábula "Direitos Humanos"?

     a) Salvador.

     b) Ipanema.

     c) Vidigal.

     e) Minesota.

02. Qual é a ocorrência do motorista Algemiro ao ouvir a pronúncia de "Ipanema" pela guia?

     a) Ele fica animado.

     b) Ele concorda com a pronúncia.

    c) Ele sacode a cabeça, discordando da pronúncia.

    d) Ele aplaude.

03. O que motivou a perseguição de Algemiro ao Budum Filho?

      a) Um desentendimento sobre a pronúncia de Ipanema.

      b) Um calote no jogo do bicho.

      c) Um roubo no ônibus.

      d) Uma briga anterior.

04. Como os turistas reagem à perseguição de Algemiro?

     a) Ficam assustados e pedem para parar.

     b) Acompanham a perseguição com paixão.

    c) Ignorar a situação.

    d) Descer do ônibus para evitar problemas.

05. Qual é a ocorrência das velhinhas americanas ao incidente?

    a) Ficam apavoradas.

    b) Parecem apreciar o incidente entre os nativos.

    c) Pedem para ir embora.

    d) Tiram fotos da paisagem.

06. Como o americano sugere resolver o problema?

    a) Procurar uma autoridade.

    b) Deixar o Budum Filho no ônibus até o fim da viagem.

    c) Deixar os turistas resolverem.

    d) Ignorar o incidente.

07. Qual é a sugestão de Algemiro para resolver o problema?

    a) Procurar uma autoridade.

    b) Resolver imediatamente.

    c) Deixar para depois da viagem.

    d) Ignorar o Budum Filho.

08. Como Budum Filho é descrito pelos turistas?

      a) Como um artista talentoso.

      b) Como um criminoso perigoso.

      c) Como um guia turístico.

     d) Como um nativo típico.

09. O que Budum Filho ameaça fazer se algo acontecer com ele?

     a) Chamar a polícia.

     b) Contar para a guia.

     c) Enviar um bilhete para o presidente Clinton.

     d) Fugir do país.

10. Qual é a resposta de Algemiro à ameaça de Budum Filho?

      a) Ele fica assustado.

      b) Ele respeita os direitos humanos.

      c) Ele ignora a ameaça.

      d) Ele ameaça chamar a polícia.

 

 

 

FÁBULA: PODE ACONTECER - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Fábula: Pode Acontecer

             Luís Fernando Veríssimo

Pode acontecer o seguinte. As revelações sobre o envolvimento de figuras do governo passado em crimes e escândalos chegam a ponto crítico. Civis e militares de graduação inimaginável veem-se na iminência não de ir para a cadeia, o que contraria os hábitos brasileiros, mas de serem expostos como corruptos, torturadores, etc. O que, sei lá, seria chato. Os protestos contra "revanchismo" não adiantam. É preciso agir para deter a torrente de denúncias que ameaça destruir, na sua fúria persecutória, tudo o que o regime passado deixou de bom. Como, por exemplo, o, a... hm. Bem, é preciso agir. O golpe é decidido num telefonema no meio da noite. Falam em código.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKo8zPSDKG_LnwiDOODDRhH4js_LwE6ug5qqWglSMc2kchA2qop5B4He19BtydF1hJV-lmPlhQijlAEuDNrIIKqHdQtGEYUBQvPCHMIEuebqg8H9gLTaMi-vyp71AuvMN1PsTx2_mcgOzP-_0PNLGG2u9StU7-AnfGnSt7hd_suXuB9bTzlbfdpTHyin0/s1600/REVANCHE.jpg


- Alô, Mão em Cumbuca? Boca na Botija.

- Fala, Boca.

- Tudo certo para amanhã?

- Tudo.

- Tem certeza?

- Tenho. Houve resistência, mas o argumento de que até o Antônio Carlos está nas mãos dos comunistas foi decisivo. A maioria aderiu.

- Quer dizer que...

- Lá vamos nós outra vez.

- Será que não há mesmo outro jeito?

- Bem, se você quer ver nos jornais a história de como você roubava material do seu gabinete para vender...

- Ssssh!

- Nunca entendi. Você não se contentava com seu salário de... - Sssshh!

- Tinha que vender os clipes de papel?!

- E você? E você?

- O que que tem eu?

- E o cabaré no porão do - Ssshhh!

- Bom, agora não adianta ficar lamentando. O importante é que ninguém descubra. Como está o plano?

- Não pode falhar. Cercaremos o Congresso. Os congressistas se renderão. Usando os congressistas como reféns, exigiremos a capitulação do governo e das forças leais a Sarney.

- Uma vez no poder, censuraremos a imprensa. De novo.

- Exato.

- Boa sorte, Mão!

- Certo, Boca. No dia seguinte.

- Alô, Mão em Cumbuca?

- Não tem ninguém aqui com esse codinome.

- Já vi que não deu certo...

- É.

- O que houve?

- Atacamos o Congresso. Fomos direto ao cerne da democracia. Cercamos o prédio. Entramos para render os congressistas.

- E?

- E não encontramos ninguém!

- O quê?!

- Bom, para não dizer que não tinha ninguém, tinha uma taquígrafa. Pensamos em usá-la como refém mas acabamos desistindo.

- Assim não dá!

- É. É impossível golpear as instituições se elas não estão onde deviam estar!

- O que vamos fazer agora, Mão?

- Eu se fosse você dava o fora do país, Boca.

- E de onde você pensa que eu estou falando, Mão?

Entendendo o texto

01. Quando se passa a fábula "Pode Acontecer"?

      a) Durante uma Ditadura Militar.

      b) No século XIX.

      c) Nos dias atuais.

      d) Em um futuro distópico.

02. O que ameaça as figuras do governo passado na fábula?

      a) Uma invasão estrangeira.

      b) Uma epidemia.

      c) Revelações de envolvimento em crimes e escândalos.

      d) Um golpe militar.

03. Qual é a ocorrência dos protestos contra o “revanchismo”?

      a) São bem-sucedidos.

      b) Não adianta.

      c) São ignorantes.

      d) Resultam em mais denúncias.

04. Como foi decidido o golpe na fábula?

      a) Em uma assembleia pública.

      b) Em uma reunião secreta.

      c) Por meio de um referendo.

      d) Por votação popular.

05. Qual é o código usado durante o telefonema entre Mão em Cumbuca e Boca na Botija?

      a) Código Morse.

      b) Código binário.

     c) Código de barras.

    d) Código verbal.

06. O que motivou a maioria da adesão ao golpe?

     a) A ameaça de intervenção estrangeira.

     b) O argumento de que Antônio Carlos estava nas mãos dos comunistas.

     c) A promessa de aumento salarial.

     d) A ideia de preservar a democracia.

07. O que acontece durante o ataque ao Congresso?

      a) Os congressistas serão entregues imediatamente.

      b) Encontram os congressistas e os rendem.

      c) Descobrem que o Congresso está vazio.

      d) A taquígrafa se torna refém.

08. Qual é o plano após o golpe ser bem sucedido?

      a) Estabelecer um governo democrático.

      b) Censurar a imprensa novamente.

      c) Promover eleições livres.

      d) Iniciar reformas econômicas.

09. Qual é a ocorrência de Mão ao perceber que o plano falhou?

      a) Lamenta e busca outra estratégia.

      b) Desiste da ideia de golpe.

      c) Atribuir a culpa ao Boca.

      d) Propõe um diálogo com a oposição.

10. Qual é a moral da história conforme revelada no final?

      a) A impossibilidade de golpear as instituições.

      b) A importância de manter segredos.

      c) A necessidade de resistir a regimes autoritários.

      d) A fragilidade dos planos conspiratórios.

 

FÁBULA: HÁBITO NACIONAL - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Fábula: Hábito Nacional

             Luís Fernando Veríssimo

Por uma destas coincidências fatais, várias personalidades brasileiras, entre civis e militares, estão no avião que começa a cair. Não há possibilidade de se salvarem. O avião se espatifará - e, levando-se em consideração o caráter dos seus passageiros, "espatifar" é o termo apropriado - no chão. Nos poucos instantes que lhes restam de vida, todos rezam, confessam seus pecados, em versões resumidas, e entregam sua alma à providência divina. O avião se espatifa no chão. São Pedro os recebe de cara amarrada. O porta-voz do grupo se adianta e, já esperando o pior, começa a explicar quem são e de onde vêm. São Pedro interrompe com um gesto irritado.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO1psUaJN5P22jyQDF5sKMz8ZbGD_9vWJmYWYrGIH_MtYSJtKezSeNScBjsLFJ5Eb9asn2WU3YsH9OsyEelsauCd8GLXPl8SIM4Eq2bmm82sDsQjL7noMZFSLlQfRGCGhyW-dQaD_VBDLUXY0qGqwDWI6EfedCZIhJNQwzefevT4JoD1zmRkL-WeIcC94/s320/voando-2.jpg


- Eu sei, eu sei. Aponta para uns formulários em cima de sua mesa e diz:- Recebemos suas confissões e seus pedidos de clemência e entrada no céu. O porta-voz engole em seco e pergunta:

- E... então? São Pedro não responde. Olha em torno, examinando a cara dos suplicantes. Aponta para cada um e pede que se identifiquem pelo crime.

- Torturador.

- Minha financeira estourou.

- Enganei milhares.

- Corrupto. Menti para o povo.

- Sabe a bomba, aquela? Fui o responsável.

- Roubei.

- Me locupletei.

- Matei. Etcétera. São Pedro sacode a cabeça. Diz:

- Seus requerimentos passaram pela Comissão de Perdão rejeitados por unanimidade. Passaram pelo Painel de Admissões, mera formalidade, e foram rejeitados por unanimidade. Mas como nós, mais que ninguém, temos que ser justos, para dar o exemplo, examinamos os requerimentos também na Câmara Alta, da qual eu faço parte. Uma maioria esmagadora votou contra. Houve só um voto a favor. Infelizmente, era o voto mais importante.

- Você quer dizer...

- É. Ele. Neste caso, anulam-se todos os pareceres em contrário e prevalece a vontade soberana d'Ele. Isto aqui ainda é o Reino dos Céus.

- E nós podemos entrar? São Pedro suspira.

- Podem. Se dependesse de mim, iam direto para o Inferno. Mas... Todos entram pelo Portão do Paraíso, dando risadas e se congratulando. Um querubim que assistia à cena vem pedir explicações a São Pedro.

- Mas como é que o Todo-Poderoso não castiga essa gente? E São Pedro, desanimado:

- Sabe como é, Brasileiro...

Entendendo o texto

01.Quando se passa a fábula "Hábito Nacional"?

     a) Durante a Segunda Guerra Mundial.

     b) No século XIX.

     c) Em tempos contemporâneos.

     d) Sem futuro distante.

02. Quem são os passageiros do avião que estão prestes a cair na fábula?

      a) Estrangeiros.

      b) Personalidades brasileiras.

      c) Crianças.

      d) Políticos.

03. Qual é o termo usado para descrever o destino do avião ao cair?

     a) Afundar.

     b) Explodir.

     c) Espatífar.

     d) Desmoronar.

04. Quem recebe os passageiros após o acidente?

      a) Ó Diabo.

      b) São Pedro.

      c) Deus.

      e) Anjos.

05. O que os passageiros fazem nos instantes finais antes da queda do avião?

     a) Cantam.

     b) Dançam.

     c) Rezam e confessam os pecados.

     d) Dormem.

06. Como São Pedro reage ao receber os pedidos dos passageiros?

     a) Aceitamos todos os pedidos.

     b) Ignorar os pedidos.

     c) Rejeita os pedidos por unanimidade.

     d) Pede mais informações.

07. Por que a entrada no céu é negada pela Comissão de Perdão e pelo Painel de Admissões?

     a) Falta de espaço no céu.

     b) Por unanimidade, os pedidos são rejeitados.

     c) Porque os passageiros não confessaram os seus pecados.

     d) Porque São Pedro não concorda.

08. Quem vota a favor dos pedidos na Câmara Alta?

      a) Todos os membros.

      b) Uma maioria esmagadora.

      c) Ninguém.

      e) São Pedro.

09. O que acontece quando o voto mais importante é a favor dos passageiros?

     a) Os passageiros partem diretamente para o Inferno.

     b) Os pareceres contrários são anulados, e prevalecem a vontade divina.

     c) São Pedro revoga a decisão.

     d) Os passageiros são enviados de volta à Terra.

10. Qual é a explicação dada por São Pedro quando questionado sobre a decisão divina?

     a) "Não sei, sou apenas um guardião do portão."

     b) “São escolhas divinas, inquestionáveis.”

     c) "Sabe como é, brasileiro..."

     d) “A justiça divina é imprevisível.”

 

 

FÁBULA: BOBAGEM - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Fábula: Bobagem

              Luís Fernando Veríssimo

Emocionado e um pouco bêbado, aos cinco minutos do ano novo ele resolveu telefonar para o velho desafeto.

- Alô?

- Alô. Sou eu.

- Eu quem?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirnYwpJWvgNPoq4P3ZHGlSKPfCOEljlvnUwIiPxikQkxlNn_YlbKgbgXVq9cHUQTQmypaqcF8Gf1u1vrMgUavjTNQ7jhxa4LXjwyP4jeuT878PXjhIYh06EgCELgM1MyR_7xbmqg-hy3JcWELqeLyumFweKhQsbF0wN9HfyzG1CBxSwCHCinsSJxoT3Nk/s1600/TELEFONE.jpg


- Eu, pô. O outro fez silêncio. Depois disse:

- Ah. É você.

- Olha aqui, cara. Eu estou telefonando pra te desejar um feliz ano-novo. Entendeu?

- Obrigado.

- Obrigado, não. Olha aqui. Sei lá, pô...

- Feliz ano-novo pra você também.

- Eu nem me lembro mais por que nós brigamos. Juro que não me lembro.

- Eu também não lembro.

- Então, grande. Como vai Vivinha?

- Bem, bem. Quer dizer, mais ou menos. As enxaquecas... Ele ficou engasgado. De repente se deu conta de que tinha saudades até das enxaquecas da Vivinha. Como podiam ter passado tantos anos sem se ver? Como tinham deixado uma bobagem afastá-los daquela maneira? As pessoas precisavam se reaproximar. Aquele seria o seu projeto para o fim do milênio. Reaproximar-se das pessoas. Só dar importância ao que aproximava. Puxa? Estava tão enternecido com as enxaquecas da Vivinha que mal podia falar.

- A vida é muito curta. Você está me entendendo? Assim não dá. Era como se estivesse reclamando com o fornecedor. A vida vinha com a carga muito pequena. Era preciso um botijão maior, senão não dava mesmo. E ainda desperdiçavam vida com bobagem. Ele quis marcar um encontro para ontem. No Lucas, como antigamente. O outro foi mais sensato e contrapropôs hoje, prevendo que ontem seria um dia de ressaca e segundos pensamentos. E tinha razão. Ontem à noite, ele voltou a telefonar. Falou secamente. Pediu desculpas, disse que não poderia ir ao encontro e despediu-se com um formal "Melhoras para a Vivinha. Tinha se lembrado da bobagem que motivara a briga.

Entendendo o texto

01. Qual é o estado emocional do personagem principal no início da história "Bobagem"?

a) Irritado.

b) Triste.

c) Emocionado e um pouco bêbado.

d) Desanimado.

02. Quando o personagem decide ligar para seu velho desafeto?

a) À meia noite de Natal.

b) Às cinco da tarde.

c) Às cinco da manhã do ano novo.

d) No meio da tarde do ano novo.

03. Como o desafeto inicialmente reage ao telefonema?

a) Agradecer calorosamente.

b) Fica confuso e pergunta quem é.

c) Recusa-se a falar.

d) Expressar raiva imediatamente.

04. Qual é o projeto que o personagem decidiu realizar para o fim do milênio?

a) Viajar pelo mundo.

b) Aprender um novo idioma.

c) Reaproximar-se das pessoas.

d) Escrever um livro.

05. Onde o personagem propõe marcar um encontro com seu desafeto?

a) Em casa.

b) Sem trabalho.

c) Não Lucas, como antigamente.

d) Em um restaurante chique.

06. Qual é a ocorrência do fracasso na proposta de encontro?

a) Aceita imediatamente.

b) Contrapropõe um dado diferente.

c) Recusa-se categoricamente.

d) Fique em silêncio.

07. O que o personagem fez ontem à noite após a proposta de encontro?

a) Liga novamente para o desafeto.

b) Decidir cancelar o encontro.

c) Volta ao telefone de forma seca.

d) Expressa arrependimento pela briga.

08. Por que o personagem pede desculpas durante a segunda ligação?

a) Por ter se embriagado.

b) Por não conseguir lembrar da briga.

c) Por ter esquecido de desejar feliz ano-novo.

d) Por ter lembrado da bobagem que motivou a briga.

09.Como o personagem se despede-se durante a segunda ligação?

a) Com um caloroso "Até logo".

b) Desejando melhorias para a Vivinha.

c) Com um convite para o próximo encontro.

d) Ignorando ou desprotegido.

10. Qual é a reflexão principal do personagem ao final da história?

a) A importância de guardar o rancor.

b) A brevidade da vida e a necessidade de reaproximação.

c) A inutilidade de pedir desculpas.

d) A preferência por manter distância das pessoas.