Poema: Canção
Cecília Meireles
Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente palavra,
deixou ficar o sentido.

O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.
Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...
Só se aquele mesmo vento
fechou os teus olhos também...
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar,
1987.
Fonte: Português – 1º
grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia
Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 116.
Entendendo o poema:
01 – O que o eu lírico afirma
sobre a "palavra tão louca" que foi dita?
O eu lírico
afirma que nunca teria querido dizer a "palavra tão louca". Ele diz
que o vento a tirou de sua boca e a levou até o ouvido da pessoa amada.
02 – O que o vento levou e o
que ele deixou, de acordo com o poema?
O vento levou
apenas a palavra, mas deixou o seu "sentido".
03 – Onde o
"sentido" da palavra está guardado, segundo a segunda estrofe?
O sentido está
guardado no rosto com que o eu lírico mira a pessoa amada, no "suspiro"
que o segue e no "sorriso suspenso", comparado a um "beijo
malogrado".
04 – Qual é a principal emoção
que o amor causou no eu lírico?
O amor causou uma
"tristeza" tão grande que, segundo o eu lírico, "nunca ninguém
viu ninguém que o amor pusesse tão triste".
05 – Qual a hipótese do eu
lírico para o fato de a pessoa amada não ter notado sua tristeza?
O eu lírico se
pergunta se a pessoa amada não viu sua tristeza (que "se vê bem")
porque "aquele mesmo vento" que levou a palavra também "fechou
os teus olhos".
Nenhum comentário:
Postar um comentário