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sábado, 2 de abril de 2022

POEMA: LISBOA - AVENTURAS - JOSÉ PAULO PAES - COM GABARITO

Poema: Lisboaaventuras  

          José Paulo Paes


Tomei um expresso                      Cheguei de foguete

Subi num bonde                            Desci de um elétrico

Pedi cafezinho                               Serviram-me uma bica

Quis comprar meias                      Só vendiam peúgas

Fui dar à descarga                        Disparei um autoclisma

Gritei "ó cara!"                               Responderam-me “ó pá!”

                                                      Positivamente

As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá

Os melhores poemas de José Paulo Paes. 5. ed. São Paulo: Global, 2003. p. 166.

Fonte: Gramática Reflexiva – 6° ano – Atual Editora – William & Thereza – 2ª edição reformulada – São Paulo. 2008. p. 54-5.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Expresso: trem que vai do ponto de origem ao seu destino sem fazer paradas ou parando muito pouco.

·        Gorjear: ação de cantar ou chilrear própria de aves canoras.

02 – O poema contrapõe algumas palavras e expressões utilizadas no Brasil e as formas correspondentes a elas em Portugal. Relacione as formas brasileiras e as formas lusitanas correspondentes.

      Expresso (trem) – foguete; Bonde – elétrico; Cafezinho – bica; Meias – peúgas; Descarga – autoclisma; “ó cara” – “ó pá”.

03 – O título do poema faz pensar em aventuras que alguém tenha vivido. Levante hipóteses: Em que consistiram essas aventuras? Onde elas ocorreram?

      Essas Aventuras aconteceram em Lisboa, Portugal. O tipo de aventura a que ele se refere pode estar relacionada às diferenças culturais e linguísticas entre ele e o povo de Lisboa.

04 – Na segunda coluna do poema, há uma palavra que introduz uma conclusão.

a)   Qual é essa palavra?

Positivamente.

b)   Que ideia essa palavra expressa: modo, afirmação, negação ou dúvida?

Ela dá a ideia de afirmação.

05 – No último verso, o poema de José Paulo Paes estabelece uma relação intertextual com o poema “Canção do exílio”, escrito em 1843 pelo poeta brasileiro Gonçalves Dias, quando ele se encontrava em Portugal, cursando a Universidade. Leia alguns versos desse poema: “Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá. / As aves, que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá”. Levando em conta a intertextualidade existente entre os dois textos:

a)   Explique o título do poema de José Paulo Paes.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O título pode sugerir as aventuras e descobertas do poeta na língua lusitana.

b)   Interprete os dois últimos versos desse poema.

A citação dos versos de Gonçalves Dias reforça a ideia de que há muitas diferenças entre Portugal e Brasil, inclusive no uso da língua portuguesa.


domingo, 27 de fevereiro de 2022

POEMA: MADRIGAL - JOSÉ PAULO PAES - COMPARAÇÃO/ZEUGMA - COM GABARITO

 Poema: Madrigal

               José Paulo Paes


Meu amor é simples, Dora,

Como a água e o pão.


Como o céu refletido

Nas pupilas de um cão.

José Paulo Paes. O melhor poeta da minha rua. São Paulo: Ática, 2008. p. 53.

Fonte: Gramática Reflexiva 8° ano – Atual Editora – William & Thereza – 3ª edição São Paulo 2012. p. 115.

Entendendo o poema:

01 – No poema, há duas comparações. Quais são elas?

      As comparações dizem respeito à simplicidade do amor, que é comparada à simplicidade do pão e da água e, depois, à simplicidade do céu refletido nas pupilas de um cão.

02 – Nas comparações, que expressão é omitida?

      A expressão é / são simples em “Como (são simples) a água e o pão” e “Como (é simples) o céu refletido”.

03 – Qual é o nome da figura de sintaxe correspondente à omissão verificada no poema?

      Zeugma; a expressão é / são simples, omitida no poema, é expressa no 1° verso.

04 – Releia o poema, inserindo nele as expressões subentendidas. Se o autor não empregasse essa figura de sintaxe, que consequência isso traria para o texto?

      O texto ficaria repetitivo e as imagens perderiam em expressividade poética.

 

domingo, 1 de agosto de 2021

POEMA: OS INCONFIDENTES(I) - JOSÉ PAULO PAES - COM GABARITO

 POEMA: Os inconfidentes (I)

    José Paulo Paes


Vila Rica, Vila Rica,

Cofre de muita riqueza:

Ouro de lei no cascalho,

Diamantes à flor do chão.

Num golpe só da bateia,

Nosso bem ou perdição.


Vila Rica, Vila Rica,

Ninho de muito vampiro:

O padre com pés de altar,

O bispo com sua espórtula,

O ouvidor com seu despacho

E o povo feito capacho.


Vila Rica, Vila Rica,

Teatro de muito som:

Cláudio no seu clavicórdio,

Alvarenga em sua flauta,

Gonzaga na sua lira.

Vozes doces, mesa lauta.


Vila Rica, Vila Rica,

Masmorra de muita porta:

Para negro fugitivo,

Para soldado rebelde,

Para poeta e poemas,

Nunca faltaram algemas.


Vila Rica, Vila Rica,

Forja de muito covarde:

Só o corpo mutilado

De um bravo e simples alferes

Te salva e te justifica

Vila Rica vil e rica.

(O melhor poeta da minha rua. São Paulo: Ática, 2008. p. 97-8.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 2/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.347.

 Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Flpslucasps.itch.io%2Fos-inconfidentes&psig=AOvVaw2J86Z0iGiDqV0QPS8SwhwR&ust=1627948974812000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCIikh92EkfICFQAAAAAdAAAAABAD

1.Glossário

alferes: antigo posto militar no Exército brasileiro, equivalente ao de segundo-tenente, hoje.

bateia: recipiente de madeira ou metal utilizado no garimpo.

clavicórdio: antigo instrumento musical formado por cordas e teclado.

espórtula: esmola.

inconfidentes: participantes da Inconfidência Mineira.

lauta: farta, abundante.

 

2. O verso “Vila Rica, Vila Rica” se repete no início de todas as estrofes do poema.

a) Quem é o interlocutor do eu lírico? Justifique sua resposta.

A cidade de Vila Rica (hoje Ouro Preto), conforme mostra o emprego do pronome te (2ª pessoa), no penúltimo verso da última estrofe.

b) Qual é a função sintática do termo “Vila Rica”, em cada estrofe?

Vocativo.

3. Observe as expressões que constituem o 2º verso de cada estrofe, empregadas em referência a Vila Rica.

a) Quais são essas expressões?

“Cofre de muita riqueza”; “Ninho de muito vampiro”; “Teatro de muito som”; “Masmorra de muita porta”; “Forja de muito covarde”.

 

b) Que papel semântico elas têm?

O de acrescentar sentidos à cidade de Vila Rica.

c) Que função sintática elas desempenham?

Aposto.

4. O último verso, “Vila Rica vil e rica”, resume o poema inteiro.

a) Quais estrofes do poema se referem à vileza dos habitantes da cidade?

2ª, 4ª e 5ª.

b) Quais descrevem a “riqueza” da cidade?

1ª e 3ª.

c) Que fato histórico o poema procura descrever nessas cinco estrofes?

O episódio da Inconfidência Mineira, ocorrido em, Vila Rica, hoje Ouro Preto.

d) Troque ideias com os colegas: Qual é a função sintática de “Vila Rica vil e rica”?

Professor: Abra a discussão com a classe, pois há duas possibilidades de resposta. Em princípio, pode ser um vocativo, a mesma função que “Vila Rica, Vila Rica” vinha exercendo nos versos anteriores; nesse caso, o termo vil e rica seria constituído por adjuntos adnominais de Vila Rica. Contudo, considerando-se o verbo ser subentendido, Vila Rica seria sujeito, e vil e rica seria predicativo do sujeito: “Vila Rica, (és) vil e rica”.

 

 

 

terça-feira, 30 de março de 2021

BIOGRAFIA: JOSÉ PAULO PAES - COM GABARITO

 BIOGRAFIA(FRAGMENTO): JOSÉ PAULO PAES


  Poeta, ensaísta, jornalista e tradutor, José Paulo Paes nasceu em 22 de julho de 1926 em Taquaritinga, SP. Transferiu-se para Curitiba em 1944, onde conviveu com vários intelectuais da época, dentre eles o poeta Glauco Flores de Brito e Dalton Trevisan. Iniciou sua carreira literária com o livro O aluno.

    Retornou a São Paulo em 1949, e após trabalhar em uma indústria farmacêutica, iniciou sua carreira como editor na Editora Cultrix, onde permaneceu por mais de vinte anos. Autodidata no aprendizado das línguas inglesa, francesa, italiana, alemã, espanhola, dinamarquesa e grega, dedicou-se à tradução de vários autores de literatura fantástica, poesia erótica e poetas gregos modernos.

        No início de sua carreira como editor, aproximou-se de Cassiano Ricardo e do grupo da poesia concreta, chegando a colaborar na Revista Invenção e partilhar de algumas ideias sob a óptica do humor e do laconismo da economia verbal, recursos que usou para tornar mais acurada a ponta satírica de sua poesia.

        A partir de 1984, José Paulo Paes passa a escrever também poemas lúdicos para o público infanto-juvenil, trabalhando com conceitos em dicionários. Para ele "a palavra é o brinquedo que não gasta, pois quanto mais se brinca com elas mais novas ficam".

        José Paulo Paes faleceu em 9 de outubro de 1998 aos 72 anos. 

Fonte:https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/bibliotecas_bairro/bibliotecas_a_l/josepaulopaes/index.php?p=159

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição- 2018. p. 33-4.

Entendendo a biografia:

01 – O texto lido apresenta linguagem visual e verbal. Explique por quê?

      O texto apresenta uma foto do biografado e imagens das capas de algumas de suas obras (linguagem visual) e é composto por palavras (linguagem verbal).

02 – Qual é a função da foto que acompanha a biografia?

      Ilustrar o texto, mostrando para o leitor a imagem da pessoa retratada.

03 – As informações sobre o poeta são dadas por meio de alguns temas. Identifique cinco desses temas.

      Os temas revelam o nome completo, o nascimento, o trabalho como editor e poeta, a relação do poeta com as palavras, o falecimento e o nome de algumas de suas obras.

04 – A quem textos como esse normalmente se dirige?

      Aos leitores que apreciam a obra do poeta, pesquisadores de literatura, estudante, entre outros.

05 – Na biografia, afirma-se que para José Paulo Paes:

        [...] "a palavra é o brinquedo que não gasta, pois quanto mais se brinca com elas mais novas ficam". Como você entende essa forma de o poeta definir a palavra?

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Qual tema você acrescentaria a essa biografia?

      Resposta pessoal do aluno.

       

 

domingo, 24 de janeiro de 2021

RELATO/POEMA: O SONHO - JOSÉ PAULO PAES - COM GABARITO

 Relato/poema: O sonho

                    José Paulo Paes

        Alguns anos atrás tive um sonho estranho com a casa de Taquaritinga onde vivi até os 11 anos. Sonhei que era um menino voador que fora pousar, feito passarinho, no teto da velha casa, para de lá ficar espiando o que se passava dentro dela. Escrevi então um poema a que dei o título de “A casa”.

Vendam logo esta casa, ela está cheia de fantasmas.

Na livraria, há um avô que faz cartões de boas-festas com corações de purpurina.

Na tipografia, um tio que imprime avisos fúnebres e programas de circo.

Na sala de visitas, um pai que lê romances policiais até o fim dos tempos.

No quarto, uma mãe que está sempre parindo a última filha.

Na sala de jantar, uma tia que lustra cuidadosamente o seu próprio caixão.

Na copa, uma prima que passa a ferro todas as mortalhas da família.

Na cozinha, uma avó que conta noite e dia histórias do outro mundo.

No quintal, um preto velho que morreu na Guerra do Paraguai rachando lenha.

E no telhado um menino medroso que espia todos eles; só que está vivo: trouxe-o até ali o pássaro dos sonhos.

Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vendam-na depressa.

Antes que ele acorde e se descubra também morto.

        O sonho só me deu a base e a atmosfera fantasmagórica do poema; para o resto, recorri às lembranças que tinha dos meus familiares, quase todos mortos àquela altura. A velha casa de Taquaritinga estava, abandonada havia anos, arruinando-se.

     Quem, eu? – Um poema como outro qualquer. São Paulo, Atual, 1996.

Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 115-6.

Fonte da imagem- https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.lpm-blog.com.br%2F%3Fp%3D7411&psig=AOvVaw0tWCGdMA-L-6dGqf5fw1oO&ust=1611609935150000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCJCXiIXBte4CFQAAAAAdAAAAABAO

Entendendo o relato/poema:

01 – O texto “O sonho” faz parte da autobiografia de José Paulo Paes de onde foi tirado também o texto “A casa”. Quando o autor teve o sonho descrito e quando escreveu o poema: na infância ou na idade adulta?

      Na idade adulta.

02 – Quem são os fantasmas da casa e o menino que os espia mencionados no poema?

      Os fantasmas são os familiares do autor, já mortos, e o menino é o próprio poeta, quando criança.

03 – Quais das personagens mencionadas no poema já haviam aparecido em “A casa”?

      O avô, o pai, a tia, a avó, o menino (o próprio poeta).

04 – No poema, as personagens aparecem caracterizadas da mesma forma como o foram no trecho escrito em prosa? Aponte semelhanças e/ou diferenças.

      Não. A caracterização no texto em prosa é mais detalhada e desenvolvida. No poema, é sintética e simbólica, havendo uma redução: cada personagem aparece no lugar da casa ao qual o poeta a associava, realizando apenas uma ação, a que ficou na memória do poeta (a mãe, no quarto, parindo; o pai, na sala de visitas, lendo, etc.).

05 – Leia:

        Vendam logo esta casa, ela está cheia de fantasmas”.

        Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vendam-na depressa”.

a)   Em que tempo estão os verbos destacados? O que eles exprimem?

No imperativo afirmativo. Exprimem ordem ou pedido.

b)   Identifique no texto os advérbios e as locuções adverbiais que manifestam a urgência do menino em que a casa seja vendida.

Logo, depressa, antes que.

06 – Exceto o primeiro e os dois últimos versos, os outros escrevem ações dos familiares mortos e do menino. Identifique e copie no caderno os verbos empregados nesses versos. Em que tempo eles estão?

      Há, faz, imprime, lê, lustra, passa, conta, espia, está: presente do indicativo; morreu: pretérito perfeito; está parindo e (está) rachando: locuções verbais com o verbo auxiliar estar no presente e o verbo principal no gerúndio.

07 – Vimos que no texto “A casa” o tempo verbal predominante era o pretérito. No poema, o autor emprega principalmente o presente. Por quê?

      Na autobiografia ele narrava fatos antigos, de sua infância. No poema, descreve as cenas como se as estivesse visualizando no momento em que escreve.

08 – Reúna-se com um colega e escrevam no caderno um parágrafo explicando como vocês interpretam os sentimentos do poeta nos versos seguintes:

        “Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vendam-se depressa.

         Antes que ele acorde e se descubra também morto”.

      Resposta pessoal do aluno.

sábado, 16 de janeiro de 2021

BIOGRAFIA/RELATO: A CASA - JOSÉ PAULO PAES - COM GABARITO

 RELATO/BIOGRAFIA: A CASA                      

  José Paulo Paes

       Não acredito que o futuro de quem quer que seja possa estar escrito com antecedência na configuração das linhas da mão ou dos astros do céu. Mas não posso deixar inteiramente de lado a ideia de o local de meu nascimento ter influído nos rumos de minha vida. Pois nasci numa livraria. Melhor dizendo, num quarto bem ao lado da Livraria, Papelaria e Tipografia J.V. Guimarães. É o que diz a placa da loja do meu avô materno, em cuja casa de Taquaritinga vim ao mundo no dia 22 de julho de 1926.

      Não me lembro evidentemente desse dia. Mas não deve ter sido diferente dos dias em que nasceram, anos depois, minhas duas irmãs, Ernestina e Fernanda. Em dias assim, a rotina da casa patriarcal de J. V. Guimarães mudava muito. As mulheres corriam apressadas de um lado para o outro, cochichando misteriosamente entre si. As crianças eram mandadas cedo para o quintal, advertidas de não fazer barulho para não incomodar minha mãe, cujos gemidos de parturiente eu e meu primo Quinzinho ouvíamos de longe, meio assustados.

        Nesses dias remotos os bebês não nasciam em hospitais. Nasciam em casa mesmo, pelas mãos de uma parteira ou de um clínico geral amigo da família. Para cada um dos seus dois filhos e de suas três filhas, meu avô mandava fazer um quarto. O de meus pais era o primeiro da casa, ao lado da sala de visitas e logo atrás da livraria, cujas largas portas de madeira, pintadas de azul, davam para a rua do Comércio. Mais tarde, mudaram-lhe o nome para rua Prudente de Morais, receio que para desgosto do meu avô. Ele não simpatizava muito com o regime republicano, porque exilara o velho Imperador, a quem ele admirava. Tanto assim que havia um retrato da família imperial pendurado em nossa sala de visitas, logo acima do piano alemão.

        Meu avô era português, mas viera ainda rapazola para o Brasil. Tivera uma vida meio aventurosa de bombeiro e soldado nos tempos de Floriano Peixoto. Já era tipógrafo e dono de jornal em Ribeirão Bonito, São Paulo, quando se casou com minha avó, Cândida Marçal, ou Dona Zizinha, emérita contadora de histórias de sacis, bruxas e assombrações. Os filhos do casal nasceram todos em Ribeirão Bonito. A família veio completa para Taquaritinga quando meu avô resolveu para lá transferir seus negócios, menos o jornal. [...]

        [...] De meu pai, Paulo Artur Paes da Silva, herdei o Paulo do meu nome; o José veio-me do avô paterno, conforme era praxe nas famílias portuguesas. Meu pai era português de nascença e nunca chegou a perder de todo o sotaque. Conheceu minha mãe em uma de suas passagens de caixeiro-viajante por Taquaritinga e com ela se casou em 1925.

        Embora tivesse apenas o curso primário, era um homem inteligente, ativo, habilidoso. Foi dono de um semanário, A Notícia, e de um escritório de contabilidade e corretagem de seguros. Mas terminou seus dias como caixeiro-viajante. Gostava de ler: tinha no quarto uma pequena biblioteca, na qual predominavam os romances policiais, por que era fanático, e livros sobre maçonaria, de que era membro. Além de marceneiro amador, era um excelente cozinheiro de fim de semana. Nos sábados e domingos, apossava-se da cozinha para fazer um arroz de frango e umas iscas de bacalhau simplesmente divinos. Uma festa culinária para a família toda, que nos outros dias tinha de suportar a comida insossa de vovó Zizinha.

        Minha mãe, que se chamava Diva Guimarães Paes, completara apenas o primário, mas redigia com correção e certo apuro literário, numa letra bonita, as cartas que me escrevia toda semana quando fui estudar fora. Era uma mulher baixinha e vivaz, sempre risonha (raríssimas vezes a vi triste), de uma bondade e de uma solicitude a toda prova. Com meu avô aprendera rudimentos de arte tipográfica e chegara a imprimir um jornalzinho seu. Era uma leitora voraz dos romances água-com-açúcar da coleção das Moças e dos folhetins de capa e espada assinados pela minha avó, que os recebia semanalmente pelo correio e os encadernava em grossos volumes. Para a criançada ainda analfabeta da casa, os folhetins de Dona Zizinha não interessavam. Interessavam, sim, as histórias de assombração por ela contadas numa voz de arrepiar, cheia de efeitos sonoros.

        Nos dias da minha infância interioriana, havia uma separação nítida entre o mundo dos adultos e o mundo das crianças. Ficávamos o menos possível dentro de casa, pois ali estávamos sob o olhar vigilante e autoritário dos mais velhos. Em especial da tia Aglai, que supervisionava a arrumação da casa. Ela nos dava bons pitos quando, vindos do quintal, sujávamos o seu chão de tábuas lavadas, que mais tarde passaram a ser enceradas a capricho. Durante as refeições na grande mesa de abrir – meu avô ocupava a cabeceira e eu tinha o privilégio de sentar-me à sua direita –, tia Aglai me chamava a atenção toda vez que eu apoiava o cotovelo para segurar a cabeça numa das mãos, enquanto comia enfastiadamente com a outra: “Tem medo que a sua cabeça caia dentro do prato, é?”

        Longe dos pitos dos adultos, o quintal era a pátria da liberdade que nos pertencia quase por inteiro. Quase, porque, se bem pudéssemos trepar pelas árvores de fruta e nos empanturrar de mangas, laranjas, tangerinas, jabuticabas e uvaias, os canteiros de verduras plantadas pelo meu avô e os canteiros de flores ciumentamente cuidados pela minha avó eram-nos zona proibida. Quem se atrevesse a passar-lhes a fronteira estava sujeito a um puxão de orelhas. O meu companheiro de brinquedos era o primo Quinzinho, seis meses mais novo que eu e hoje um veterano endodontista e, São José do Rio Preto.

        Para a nossa imaginação inflamada pelas aventuras dos seriados das matinês de sábado e domingo, o quintal se transformava, com a maior facilidade do mundo, em deserto árabe, selva africana ou faroeste bravio. Tínhamos um gosto especial por inventar esconderijos e passagens secretas. Quando meu tio Arnóbio, pai de Quinzinho, construiu casa própria e para ela se mudou, eu ia às vezes brincar no seu pomar. Ali ajudei meu primo a escavar uma passagem secreta sob o muro da frente, por onde nos esgueirávamos para a rua quando nos dava na telha. O diabo foi que, com a primeira chuva, um pedaço do muro desabou sobre o buraco sorrateiramente escavado, para surpresa do tio Arnóbio, que nunca conseguiu descobrir a verdadeira causa do desastre.

             Quem, eu? – Um poeta como outro qualquer. São Paulo, Atual, 1996.

Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Língua Portuguesa, 6ª série- Editora Ática – São Paulo, 2003 – p.108-112.

Fonte da imagem acima:https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fmyloview.com.br%2Ffotomural-desenho-de-esboco-da-antiga-casa-entre-o-pomar-no-11C239&psig=AOvVaw0xijOgcVlXiQVQEQxMsiCk&ust=1610929117935000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCOitiunYoe4CFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o relato:

01 – Nesse texto o autor nos conta um pouco de sua infância. Converse com seus colegas: que pessoas e fatos marcaram sua infância? Você se lembra de suas brincadeiras, de seus companheiros?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Mesmo que você não conheça algumas palavras empregadas no texto, provavelmente conseguiu entender o significado pelo contexto. Se ainda for necessário, consulte o dicionário.

·        Avultar: aumentar, acentuar.

·        Emérita: sábia, conhecedora.

·        Endodontista: profissional que pratica endodontia.

·        Esgueirar-se: escapulir, safar-se.

·        Parturiente: mulher que está prestes a parir.

·        Patriarcal: que se refere ao pai.

03 – Logo no início do texto o autor afirma não acreditar que o futuro de alguém possa estar escrito nas linhas da mão ou na configuração dos astros.

a)   Você concorda com a opinião dele?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Releia o boxe “Conheça o autor”. Qual a profissão de José Paulo Paes?

Escritor.

c)   Que fato passado ele acredita que o influenciou na escolha de sua profissão?

O fato de ter nascido em uma casa vizinha a uma livraria.

04 – Quando e onde o autor do texto nasceu?

      Em 22 de julho de 1926, em Taquaritinga.

05 – Releia:

        “... As mulheres corriam apressadas de um lado para o outro, cochichando misteriosamente entre si. As crianças eram mandadas cedo para o quintal, advertidas de não fazer barulho para não incomodar minha mãe, cujos gemidos de parturiente eu e meu primo Quinzinho ouvíamos de longe, meio assustados.” Essa cena é descrita do ponto de vista de uma criança ou de um adulto? Justifique sua resposta.

      Do ponto de vista de uma criança. Os meninos viam as mulheres correrem e não eram informados sobre o que estava acontecendo; mandados para o quintal, ouviam gemidos cuja natureza não identificavam e que, por isso, assustavam.

06 – José Paulo Paes conta como foi escolhido seu nome: a partir dos nomes do avô paterno, José, e do pai, Paulo, como era costume nas famílias portuguesas. E o seu nome, como foi escolhido? Se não souber, converse com seus pais e familiares sobre isso e anote suas observações. Traga-as para a classe e comente-as com seus colegas.

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Forma dupla com um colega para responder às questões:

a)   Na sua opinião, o leitor desse texto fica conhecendo alguns aspectos da época em que o autor viveu? Por quê?

Sim, em geral, ao ler o relato da vida de uma pessoa, o leitor entra também em contato com a cultura da época em que essa pessoa viveu.

b)   Que semelhanças e diferenças há entre os costumes descritos no texto e os que existem em sua região hoje em dia, no que se refere a relações familiares, atividades ou profissões dos adultos e atividades e brincadeiras das crianças?

Resposta pessoal do aluno.

08 – Ao longo do texto, o autor vai caracterizando os familiares com os quais conviveu na infância: o pai, a mãe, o avô, a avó, a tia Aglai, o primo Quinzinho. Descreva oralmente cada um deles. Na sua opinião, qual o mais interessante? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

09 – Releia um trecho em que o autor fala sobre sua mãe: “Era uma leitora voraz dos romances água-com-açúcar da coleção das Moças e dos folhetins de capa e espada assinados pela minha avó [...]”.

a)   Qual o significado das expressões destacadas no trecho acima?

A expressão água-com-açúcar significa “romântico, piegas, ingênuo”; “romances água-com-açúcar” são histórias de amor ingênuas e adocicadas. Folhetins de capa e espada eram os fragmentos de romances de aventuras cavalheirescas publicadas nos jornais, dia a dia ou semanalmente.

b)   Perguntes a algumas pessoas idosas de sua família ou conhecidas que livros elas costumavam ler no passado. Elas conhecem as leituras mencionadas no texto? Anote no caderno as informações recolhidas e comente-as com os colegas.

Resposta pessoal do aluno.

10 – A avó do autor gostava muito de ler e era grande contadora de histórias. Converse com seus colegas: alguém contava ou ainda conta histórias para você? Você gosta dessa atividade? Que lembranças você tem de sua infância em relação a ouvir histórias?

      Resposta pessoal do aluno.

      

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

POEMA: À GARRAFA - JOSÉ PAULO PAES - COM GABARITO

 POEMA: À garrafa    

                José Paulo Paes

Contigo adquiro a astúcia
de conter e de conter-me.
Teu estreito gargalo
é uma lição de angústia.


Por translúcida pões
o dentro fora e o fora dentro
para que a forma se cumpra
e o espaço ressoe.


Até que, farta da constante
prisão da forma, saltes
da mão para o chão
e te estilhaces, suicida,


numa explosão
de diamantes.

PAES, J. P. Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.

Entendendo o poema

1)   A reflexão acerca do fazer poético é um dos mais marcantes atributos da produção literária contemporânea, que, no poema se expressa por um(a):

a)   Reconhecimento, pelo eu lírico, de suas limitações no processo criativo, manifesto na expressão “Por translúcidas pões”.

b)   Subserviência aos princípios do rigor formal e dos cuidados com a precisão metafórica, como se em “prisão da forma”.

c)   Visão progressivamente pessimista, em face, da impossibilidade da criação poética, conforme expressa o verso “e te estilhaces, suicida”.

d)   Processo de contenção, amadurecimento e transformação da palavra, representado pelos versos “numa explosão/de diamantes”.

e)   Necessidade premente de libertação da prisão representada pela poesia, simbolicamente comparada à “garrafa” a ser “estilhaçada”.

2)   A reflexão acerca do fazer poético é um dos mais marcantes atributos da produção literária contemporânea, que, no poema é expressado através de quê?

Através do processo de contenção, amadurecimento e transformação da palavra, representando pelos versos “numa explosão/de diamantes”.

3)   O eu lírico nessa primeira estrofe nos descreve o quê?

O gargalo da garrafa como lição de angústia... Aprender a conter-se no espaço da garrafa... .

4)   Esse poema é um exemplo da habilidade do poeta em tecer a metapoema. O que significa?

Significa escrever um poema sobre poema, poema como entendimento do mundo, o mundo como pratica do poema.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

FÁBULA: DAS FALSAS POSIÇÕES - MÁRIO QUINTANA -(In: José Paulo Paes) - COM GABARITO

 Fábula: Das falsas posições

            Mário Quintana


Com a pele do leão vestiu-se o burro um dia.

Porém no seu encalço, a cada instante e hora,

“Olha o burro! Fiau! Fiau!” gritava a bicharada...

Tinha o parvo esquecido as orelhas de fora!

                             In: José Paulo Paes et al. Poesias. 17, ed. São Paulo: Ática, 2002. P. 19. (Para gostar de ler 6). By Elena Quintana.

Entendendo a fábula:

01 – Qual desejo é revelado pela atitude do burro?

      O desejo de se passar por um leão, isto é, de parecer um animal forte e imponente diante dos outros animais.

02 – O que impede o personagem de realizar seu desejo?

      O fato de esquecer as orelhas de fora da pele de leão, impedindo que ele seja confundido com o leão.

03 – Escreva o sujeito e o predicado dos períodos contidos nos versos 1 e 4.

      Verso 1 – Sujeito: o burro; Predicado: com a pele do leão vestiu-se um dia.

      Verso 4 – Sujeito: O parvo: Predicado: Tinha esquecido as orelhas de fora!

04 – Agora, reescreva os mesmos versos usando a ordem direta.

      O burro vestiu-se com a pele do leão um dia. O parvo tinha esquecido as orelhas de fora!

05 – Releia a fábula em voz alta, prestando atenção ao som dos versos. Com que finalidade a ordem indireta foi usada no terceiro verso?

      A ordem indireta permitiu a rima de bicharia com dia, do primeiro verso.

 

 

sábado, 29 de agosto de 2020

ENTREVISTA: "HÁ UMA GERAÇÃO SEM PALAVRAS" - JOSÉ PAULO PAES - COM GABARITO

 Entrevista: "HÁ UMA GERAÇÃO SEM PALAVRAS”

      José Paulo Paes

              A malhação física encanta a juventude com seus que pode ser bom. Mas seria ainda melhores se eles se preocupassem um pouco mais com os “músculos cerebrais”, porque, como diz o poeta e tradutor José Paulo Paes, “produzem satisfações infinitamente superiores”.

 Marili Ribeiro

        -- O senhor já disse que a identidade nacional estava abalada pelo desrespeito à língua portuguesa. A situação continua a mesma ou se agravou?

        -- Temos hoje o que poderíamos classificar de uma geração sem palavras. O jovem em geral tem um vocabulário limitado e quase não tem o costume de conversar. Hoje eles vivem experiências praticamente idênticas. Eles assistem ao mesmo filme, jogam o mesmo videogame, torcem para os mesmos times ou um time diferente que nem chega a ser tão diferente assim. De modo que eles não têm o que comunicar um ao outro. A conversa deles é legal, ou então é isso aí. É uma espécie de linguagem enfática, de confirmação. Com isso eles vão perdendo a capacidade de formular o pensamento. A questão da língua não é tanto a questão da correção gramatical. O principal da língua é a capacidade de expressão, de construir pensamentos e de transmiti-los, fazendo-os inteligíveis. Esta capacidade é que está se perdendo progressivamente. A gente conversa com um jovem e vê que o falar dele é interrompido a todo o momento. Muitas vezes ele não chega a completar a frase. (...)

        -- Por que o que é mais fácil, digerível, atinge mais rápido as pessoas?

        -- Tudo vai depender do ambiente em que se vive. Se o indivíduo tem suas qualidades e virtualidades estimuladas vai desenvolve-las, caso contrário elas ficarão adormecidas. Um exemplo de luta contra a inércia muito presente na atual juventude pode ser vista na preocupação com a malhação, a ginástica e o esporte. É evidente que a ginástica interior é muito mais cansativa. Os músculos da inteligência são mais difíceis de adestrar, mas dão satisfações muito maiores. (...)

        -- Some-se a isso o que o senhor chama nossa síndrome do mazombismo...

        -- No Brasil estamos vivendo uma época de total mazombismo. É o Brasil da capital Miami. Que bom se fosse Brasil capital Atenas, ou Moscou. Cidades culturais. Mas é Miami. Na linguagem nós temos o chamado latim do marketing, que é o inglês. Eu tenho uma proposta que seria a de nós adotarmos o inglês como língua nacional, para podermos estudar o português como segunda língua. Aí todos a aprenderiam.

Jornal do Brasil, Caderno B, Rio de Janeiroloja virtual de roupas, 28 dez. 1996, p. 6.

          Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 169/172.

Entendendo a entrevista:

01 – Explique a frase do entrevistado que dá título à entrevista: “Há uma geração sem palavras”.

a)   Recorde o conceito de geração, e determine: a que geração o entrevistado se refere?

Refere-se à geração jovem.

b)   Calcule a idade que o entrevistado tinha quando deu a entrevista e conclua: a que geração ele pertencia?

À geração idosa; a aproximadamente duas gerações depois da geração jovem. (Tinha 70 anos: 1996 – 1926).

c)   Explique o significado que o entrevistado atribui à expressão “sem palavras”.

Vocabulário limitado, dificuldade de expressar o pensamento, frases incompletas.

02 – O entrevistado afirma que os jovens “quase não têm o costume de conversar”, que “não têm o que comunicar um ao outro”.

a)   Segundo o entrevistado, qual é causa de os jovens não terem o que comunicar um ao outro?

Vivem experiências praticamente idênticas, veem, fazem, sentem as mesmas coisas.

b)   Você concorda que os jovens não têm o costume de conversar, não têm o que comunicar um ao outro? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno.

03 – O entrevistado caracteriza a linguagem dos jovens como uma “linguagem enfática, de confirmação”. Com base nos exemplos que o entrevistado dá – as expressões legal, é isto aí –, explique o que ele chama de linguagem enfática, de confirmação.

      Uma linguagem feita de expressões que apenas realçam e aprovam o que o outro diz.

04 – Localize, na entrevista, o trecho em que o entrevistado fala do que ele considera ser “o principal da língua”.

a)   Segundo o entrevistado, “a questão da língua não é tanto a questão da correção gramatical”. Se essa fosse “a questão da língua”, o que se esperaria da linguagem dos jovens?

Uma linguagem de acordo com as normas gramaticais.

b)   Levando em conta aquilo que o entrevistado considera “o principal da língua”, o que se espera da linguagem dos jovens?

Que seja capaz de expressar o pensamento de forma inteligível, compreensível.

05 – Releia o início da resposta do entrevistado à segunda pergunta: ela fala dos estímulos que o jovem recebe, hoje, de seu ambiente, para lutar “contra a inércia”. Explique.

a)   A atual juventude recebe estímulos para lutar contra que tipo de inércia? Lutar como?

Contra a inércia do corpo; lutar malhando, fazendo ginástica, praticando esporte.

b)   Infere-se das palavras do entrevistado que a juventude atual não recebe estímulos para lutar contra que tipo de inércia?

Contra a inércia da mente, da inteligência.

06 – Na resposta à segunda pergunta, o entrevistado se refere a uma “ginástica interior”, e a “músculos da inteligência”.

a)   A ginástica exercita o corpo; a “ginastica interior” exercita o quê?

Exercita a mente, a inteligência.

b)   A que se refere a expressão “músculos da inteligência”?

Aos pensamentos, ideias, reflexões.

c)   Segundo o entrevistado, os “músculos da inteligência são mais difíceis de adestrar mas dão satisfações muito maiores”: quais satisfações?

O prazer de conhecer, de compreender; O prazer de ler; O prazer de descobrir, inventar, criar...

07 – Em sua resposta à última pergunta, o entrevistado reclama do “Brasil capital Miami”, e deseja um “Brasil capital Atenas, ou Moscou”.

a)   Nessas expressões, Miami simboliza o quê? Atenas e Moscou simbolizam o quê?

Miami – o modo de vida norte-americano; o consumismo, a tecnologia, o progresso material.... Atenas e Moscou – a cultura, as tradições e valores intelectuais, morais...

b)   O que caracteriza um “Brasil capital Miami”?

Um Brasil que privilegia o progresso material, o desenvolvimento tecnológico, o consumismo....

c)   O que caracterizaria um “Brasil capital Atenas, ou Moscou”?

Um Brasil que privilegiaria o desenvolvimento cultural, os valores intelectuais, a preservação das tradições.

08 – O entrevistado afirma que “no Brasil estamos vivendo uma época de total mazombismo”. Explique: estamos vivendo uma época de quê?

      De nostalgia por não sermos iguais aos Estados Unidos, de desejo de sermos como os países mais desenvolvidos.

09 – O entrevistado chama a língua inglesa de “latim do marketing”. Para explicar essa expressão, leia as informações:

        LATIM – Durante o Império Romano, a língua latina dominou grande parte do mundo; até o século XVIII, o latim foi língua de prestígio, usada para a comunicação entre eruditos, cientistas, intelectuais.

        MARKETING – Nesta expressão, significa: conjunto de ações que visam influenciar as pessoas quanto a determinada ideia, marca, pessoa, produto, etc.

        Conclua: por que o inglês é chamado, hoje, de “latim do marketing”?

      O inglês é o latim de hoje, porque é o que foi o latim: uma língua de prestígio, que domina quase todas as áreas de comunicação; é uma língua de marketing porque sua supremacia exerce influência sobre as pessoas para que assumam as características, os valores, os produtos, os comportamentos das culturas em que o inglês é a língua oficial, principalmente os Estados Unidos.

10 – Em suas últimas palavras, o entrevistado usa de ironia.

a)   Ao propor que se adote o inglês como língua nacional, o entrevistado diz o contrário do que realmente pensa. O que é que ele, na verdade, pensa?

Pensa que o inglês não deveria ter tanto prestígio, que é necessário valorizar a língua nacional, o português.

b)   A proposta feita pelo entrevistado cria um efeito humorístico: por quê?

É uma proposta absurda, irrealizável, por isso se torna cômica, engraçada; tem efeito humorístico também porque ridiculariza a importância que as pessoas atribuem ao inglês, em detrimento de sua própria língua.