Mostrando postagens com marcador OLAVO BILAC. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador OLAVO BILAC. Mostrar todas as postagens

domingo, 22 de outubro de 2023

POESIA: MEIO-DIA -OLAVO BILAC - COM GABARITO

 Poesia: Meio-dia

             Olavo Bilac

Meio-dia. Sol a pino.
Corre de manso o regato.
Na igreja repica o sino;
Cheiram as ervas do mato.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU_ASlMoe7apdBJjMBrNSsiOPwlSVNTtwQEQrtw4C5vUaXlW4-7OL9Rc5IqpDQpCa44bvXmO5YIl-nVK05sAz3fawVa2F9JFfPvTEpqkay71apbn6aqgBMcCaYKRcbGKOL1Ettf2tzzlcQDLnR8pUVVIg_SgGvpb1j12dtJq3Tn5__jVKQ5nBNdeehiko/s320/SOL.jpg


Na árvore canta a cigarra;
Há recreio nas escolas:
Tira-se, numa algazarra,
A merenda das sacolas.

O lavrador pousa a enxada
No chão, descansa um momento,
E enxuga a fronte suada,
Contemplando o firmamento.

Nas casas ferve a panela
Sobre o fogão, nas cozinhas;
A mulher chega à janela,
Atira milho às galinhas.

Meio-dia! O sol escalda,
E brilha, em toda a pureza,
Nos campos cor de esmeralda,
E no céu cor de turquesa…

E a voz do sino, ecoando
Longe, de atalho em atalho,
vai pelos campos, cantando
A Vida, a Luz, o Trabalho.

Olavo Bilac @ In Poesias Infantis (2° ed.) 1929.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central da poesia "Meio-dia" de Olavo Bilac?

      O tema central da poesia é a descrição da vida cotidiana ao meio-dia, destacando a tranquilidade e a beleza da natureza nesse momento do dia.

02 – Que elementos da natureza são mencionados na poesia para descrever o cenário ao meio-dia?

      Na poesia, são mencionados o sol, o regato, as ervas do mato, árvores, cigarra, e o céu, entre outros elementos naturais.

03 – O que acontece na igreja ao meio-dia na poesia?

      Na igreja, repica o sino ao meio-dia, como mencionado no poema.

04 – Como a vida rural é retratada na poesia ao meio-dia?

      A vida rural é retratada com o lavrador descansando, contemplando o céu, e as atividades relacionadas à agricultura, como tirar merendas das sacolas.

05 – O que as mulheres fazem nas casas ao meio-dia na poesia?

      Nas casas, as mulheres estão ocupadas cozinhando e alimentando as galinhas.

06 – Qual é a descrição do cenário natural ao meio-dia na poesia?

      O cenário natural ao meio-dia é descrito como tendo campos verdes como esmeraldas e um céu azul como turquesa.

07 – Que mensagem ou sentimento é transmitido pelo sino ecoante no final da poesia?

      O sino ecoante transmite uma mensagem de celebração da vida, da luz e do trabalho, destacando a beleza da vida cotidiana e da natureza ao meio-dia.

 

 

POESIA: A CANÇÃO DE ROMEU - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 Poesia: A CANÇÃO DE ROMEU

            Olavo Bilac.

Abre a janela... acorda!

Que eu, só por te acordar, 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS9NSSWHp_8o1VrpbApmYKgwOU6Ewkt12aJUOecHEIqKocokRu4ALHR6fjlJr1NQ8_m_rBu7ZNwEuhuKkTaBMIIJiKNc44JxFCnDfQiBDAs7-UK4QxHTDtujuBqNSogoZQMvhLHMbcb7-Viz8j2VZGKfIr7iXZfJm3jy08vXxXiLFpVgeqc8rAA_LpAN0/s320/JANELA.jpg


Vou pulsando a guitarra, corda a corda, 

Ao luar!

As estrelas surgiram

Todas: e o limpo véu, 

Com lírios alvíssimos, cobriram

Do céu,

De todas a mais bela

Não veio ainda, porém: 

Falta uma estrela... És tu! Abre a janela,

E vem!

A alva cortina anciosa

Do leito entreabre; e ao chão

Saltando, o ouvido presta à harmoniosa

Canção. 

Solta os cabelos cheios

De aroma: e semi-nus, 

Surjam formosos, trêmulos, teus seios

À luz. 

Repousa o espaço mudo; 

Nem numa aragem, vês?

Tudo é silêncio, tudo calma, tudo 

Mudez.

Abre a janela, acorda! 

Que eu, só por te acordar, 

Vou pulsando a guitarra corda a corda, 

Ao luar!

Que puro céu! que pura 

Noite! nem um rumor...

Só a guitarra em minhas mãos murmura: 

Amor!...

Não foi o vento brando

Que ouviste soar aqui: 

É o choro da guitarra, perguntando

Por ti. 

Não foi a ave que ouviste, 

Chilrando no jardim:

É a guitarra que geme e trila triste

Assim.

Vem, que esta voz secreta

É o canto de Romeu!

Acorda! quem te chama, Julieta,

Sou eu!

Porém... Ó cotovia, 

Silêncio! a aurora, em véus

De nevoa e rosas, não desdobre o dia

Nos céus...

Silêncio que ela acorda...

Já fulge o seu olhar...

Adormeça a guitarra, corda a corda, 

Ao luar!

Entendendo a poesia:

01 – Quem é o autor da poesia "A Canção de Romeu"?

      O autor da poesia "A Canção de Romeu" é Olavo Bilac.

02 – Qual é a principal ação que o narrador da poesia está realizando no início do poema?

      No início do poema, o narrador está tocando uma guitarra para acordar alguém que ele ama.

03 – Qual é o tema principal da poesia?

      O tema principal da poesia é o amor e a tentativa de acordar Julieta através da música e da beleza da noite.

04 – Que instrumento musical é mencionado na poesia?

      O instrumento musical mencionado na poesia é a guitarra.

05 – O que o narrador pede que Julieta faça na poesia?

      O narrador pede que Julieta abra a janela e acorde para ouvir sua serenata.

06 – O que a guitarra simbolicamente representa na poesia?

      A guitarra simbolicamente representa a expressão do amor do narrador por Julieta, já que é através dela que ele tenta acordá-la e conquistá-la.

07 – O que as estrelas fazem no céu de acordo com a poesia?

      As estrelas surgem no céu, e um véu límpido cobre o céu com lírios alvíssimos.

08 – Qual é a importância da estrela que falta no céu na poesia?

      A estrela que falta no céu é simbólica de Julieta. O narrador pede que ela abra a janela para se juntar às estrelas no céu.

09 – Como a poesia descreve a chegada da aurora?

      A poesia descreve a chegada da aurora como um momento de silêncio e expectativa, com a preocupação de que o dia não desdobre antes que Julieta seja despertada.

10 – Quem falta na noite estrelada, de acordo com o poema, e o que o autor pede a essa pessoa?

      Falta uma estrela na noite estrelada, e o autor pede à pessoa amada que abra a janela e venha.

11 – Qual é a reação da pessoa amada ao chamado do autor na poesia?

      A pessoa amada parece despertar e prestar atenção à canção do autor, soltando seus cabelos cheios de aroma e revelando seus seios à luz.

12 – O que a guitarra murmura nas mãos do autor enquanto ele espera a pessoa amada?

      A guitarra murmura a palavra "Amor" nas mãos do autor.

13 – Por que o autor pede silêncio à cotovia no poema? O que ele teme?

      O autor pede silêncio à cotovia para que a aurora não desdobre o dia nos céus, pois ele teme que a chegada da aurora possa interromper o momento romântico e íntimo que ele compartilha com a pessoa amada.

 

 

 

quinta-feira, 22 de junho de 2023

POEMA (FRAGMENTO): MANHÃ DE VERÃO - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 POEMA(FRAG.): MANHÃ DE VERÃO

               Olavo Bilac

[…]

 

Diz a palmeira: “Invejo-a! ao vir a luz radiante,

Vem o vento agitar-me e desnastrar-me a coma:

E eu pelo vento envio ao seu cabelo ondeante

Todo o meu esplendor e todo o meu aroma!”

 

 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX6bShAeR7wZmu4cuj1tVPfnTs7SaKJQpl9-usSIn6one-BA-pskBQk59gypfvH7XJ_KUMLKQ447btzn7-BlQhxxd0Bu7VwXpFkoUpz-_1pALpAPU2yyRoR4f3gIqwykfZnEVzQE3_wYAuX7NSmf1tuvplGfLqvg488zUcUu2EVpNk2urATpyliK0O9KA/s320/VERAO.jpg

E a floresta, que canta, e o sol, que abre a coroa

De ouro fulvo, espancando a matutina bruma,

E o lírio, que estremece, e o pássaro, que voa,

E a água, cheia de sons e de flocos de espuma,

 

Tudo, – a cor, o dano, o perfume e o gorjeio,

Tudo, elevando a voz, nesta manhã de estio,

Diz: “Pudesses dormir, poeta! no seu seio,

Curvo como este céu, manso como este rio!”

 

BILAC, Olavo. Alma inquieta. Belém: Núcleo de Educação a Distância da Universidade do Amazonas.

Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000245.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2018.

Fonte: Livro – Português – Conexão e Uso -7º Ano – Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho, Editora Saraiva, 1ª ed., São Paulo, 2018.p.268.

ENTENDENDO O POEMA

01. Sobre o que fala o eu poético?

 Ele ressalta a beleza da natureza ao amanhecer.

02. Existem figuras de linguagem que têm papel fundamental na organização do poema.

I.             Reconheça uma delas, que você já estudou, e explique por que ganha essa importância.

A personificação, pois o eu poético “conversa” com os elementos da natureza.

II.           A repetição da conjunção e na segunda estrofe reproduzida também tem papel fundamental na composição do poema. Que efeito ela traz?

Possibilidade: Reforça a ideia da acumulação sucessiva de visões da natureza, o que desperta a sensibilidade e emoção do leitor.

A figura de linguagem criada pela repetição de uma mesma conjunção chama-se polissíndeto.

 

sábado, 14 de maio de 2022

POEMA: A RONDA NOTURNA - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 Poema: A ronda noturna

          Olavo Bilac


Noite cerrada, tormentosa, escura, 

Lá fora. Dorme em trevas o convento. 

Queda imoto o arvoredo. Não fulgura 

Uma estrela no torvo firmamento. 

 

Dentro é tudo mudez. Flébil murmura, 

De espaço a espaço, entanto, a voz do vento: 

E há um rasgar de sudários pela altura, 

Passo de espectros pelo pavimento... 

 

Mas, de súbito, os gonzos das pesadas 

Portas rangem... Ecoa surdamente 

Leve rumor de vozes abafadas. 

 

E, ao clarão de uma lâmpada tremente, 

Do claustro sob as tácitas arcadas 

Passa a ronda noturna, lentamente... 

 

BILAC, Olavo. In: CANDIDO, Antônio. Presença da literatura brasileira. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1972. v. 2.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 180-1.

Entendendo o poema:

01 – Complete a frase: "A ronda noturna" é um poema que ..............

a)   Conta uma história de terror. 

b)    Apenas descreve um ambiente. 

c)   Defende um ponto de vista. 

d)   Expõe um sentimento. 

e)   Apresenta narração e descrição. 

02 – A resposta à questão anterior pode ser justificada por uma das seguintes afirmações sobre o poema. Escreva-a no caderno.

a)    Trata-se apenas da descrição impessoal, distanciada, da atmosfera que envolve um convento. 

b)    Trata-se de uma tentativa de convencer os leitores de que o eu lírico viu fantasmas percorrendo os corredores de um convento. 

c)     Trata-se da expressão emocionada e pessoal de um eu lírico fascinado pela visão noturna de um convento.

d)    Trata-se de um poema narrativo em que predomina a descrição pouco pessoal do entorno e da atmosfera noturna de um convento, seguida de um evento que quebra parte do silêncio que envolve o local. 

03 – Nas duas primeiras estrofes é descrito o clima que circunda o convento. Observe que em cada uma delas predomina um aspecto. 

a)   Na primeira estrofe, o que circunda o convento? Que palavras ou expressões do texto justificam sua resposta?

A escuridão circunda o convento: noite, cerrada, escura, trevas, não fulgura, torvo.

b)   Na segunda estrofe, o que envolve o convento? Que expressões do texto justificam sua resposta? 

O silêncio, quebrado apenas pelos ruídos do vento: mudez, murmura, voz do vento. 

c)   Releia todo o poema e observe que a escolha do vocabulário e sua organização nos versos produzem uma sonoridade coerente com o clima da cena descrita. Considere que determinados sons podem ser associados ao significado das próprias palavras em que eles se repetem. Depois, copie as frases abaixo em seu caderno e completa-as com as informações corretas:  

·        A ocorrência da consoante v nos três últimos versos da primeira estrofe e no segundo e terceiro versos da segunda estrofe 2.

·        A ocorrência da consoante r em praticamente todos os versos do poema 1.

·        A grande ocorrência da vogal u e o predomínio da vogal o em quase todos os versos do poema 3.

(1) Pode sugerir um rumor que permeia todo o poema. 

(2) Pode sugerir o som do vento. 

(3) Podem reforçar a ideia de escuridão e de som murmurado, fechado, que ecoa pouco. 

04 – Releia: 

“De espaço a espaço, entanto, a voz do vento: 

E há um rasgar de sudários pela altura, 

Passo de espectros pelo pavimento..." 

        Esses versos sugerem som (voz do vento, passo) e movimento (rasgar, espaço, passo). Por que, no entanto, numa primeira leitura, eles apenas reforçam a ausência de vida? 

      Porque se trata, a princípio, apenas do som do vento e do movimento vindo de coisas sem vida – o sudário, espectros (fantasmas), etc.      

05 – Há perfeita oposição entre elementos das duas primeiras estrofes e elementos das duas últimas: a escuridão, a imobilidade e o silêncio murmurado que, nas primeiras estrofes, envolvem o convento são quebrados por eventos que ocorrem nas duas últimas. Estabeleça a correspondência:

a)   O que quebra o silêncio?

O ranger das dobradiças da porta e o rumor de vozes abafadas.

b)   O que quebra a escuridão? 

O clarão de uma lâmpada tremente.

c)   O que quebra a imobilidade? 

O movimento da porta e, sobretudo, a passagem da ronda noturna.

06 – Escreva no caderno apenas as afirmações que poderiam completar corretamente a frase abaixo: 

        O poema “A ronda noturna" .......................

a)   Trata do medo da morte, representada pela angústia do eu lírico com a atmosfera sombria e fantasmagórica do convento. 

b)   Pode ser visto como metáfora da presença vigilante da vida, mesmo em situações em que parece haver o predomínio de um cenário de morte. 

c)   Procura surpreender ao mostrar luz e movimento suaves em um cenário de escuridão e imobilidade pesadas. 

d)   Trata da oposição noite e dia. Assim, as duas primeiras estrofes representam o dia e as duas últimas, a noite. 

 

domingo, 27 de março de 2022

POESIA LÍRICA: NEL MEZZO DEL CAMIN... - OLAVO BILAC - COM GABARITO

  Poesia lírica: Nel mezzo del camin...

                    Olavo Bilac

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada

E triste, e triste e fatigado eu vinha.

Tinhas a alma de sonhos povoada,

E a alma de sonhos povoada eu tinha...

 

E paramos de súbito na estrada

Da vida: longos anos, presa à minha

A tua mão, a vista deslumbrada

Tive da luz que teu olhar continha. 

 

Hoje, segues de novo... Na partida 

Nem o pranto os teus olhos emudece,

Nem te comove a dor da despedida.

 

E eu, solitário, volto a face, e tremo,

Vendo o teu vulto que desaparece

Na extrema curva do caminho extremo. 

 

Olavo Bilac. In: Clássicos da poesia lírica brasileira: antologia da poesia brasileira anterior ao Modernismo. O Estado de S. Paulo, p. 153-154.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 10-1.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a forma do texto?

      O texto é uma poesia.

02 – Quantos versos e quantas estrofes há na poesia?

      Possui 14 versos e 04 estrofes.

03 – Quantos versos há em cada estrofes?

      04 versos nas duas primeiras estrofes e 03 versos nas duas últimas.

04 – Há rima no texto? Justifique sua resposta com exemplos.

      Sim: Fatigada / povoada; estrada / deslumbrada; vinha / tinha; minha / continha; partida / despedida; umedece / desaparece; tremo / extremo.

05 – procure descobrir como se chama um poema composto pelo número de versos e de estrofes que você apontou nas questões anteriores.

      Um poema composto por 14 versos (dois quarteto – quatro versos – e dois tercetos – três versos). Chama-se soneto.

06 – De acordo com o texto, qual é a idade da personagem?

      Um adulto que já viveu outras experiências amorosas.

07 – De que ponto de vista é apresentado o amor no texto?

      O amor é apresentado do ponto de vista de quem já viveu e olha para o passado.

 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

POEMA: INFÂNCIA - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 Poema: Infância

            Olavo Bilac

O berço em que, adormecido,
Repousa um recém-nascido,
Sob o cortinado e o véu,
Parece que representa,
Para a mamãe que o acalenta,
Um pedacinho do céu.

Que júbilo, quando, um dia,
A criança principia,
Aos tombos, a engatinhar…

Quando, agarrada às cadeiras,
Agita-se horas inteiras
Não sabendo caminhar!

Depois, a andar já começa,
E pelos móveis tropeça,
Quer correr, vacila, cai…

Depois, a boca entreabrindo,
Vai pouco a pouco sorrindo,
Dizendo: mamãe… papai…

Vai crescendo. Forte e bela,
Corre a casa, tagarela,
Tudo escuta, tudo vê…

Fica esperta e inteligente…
E dão-lhe, então, de presente
Uma carta de A.B.C…

Fonte da imagem acima: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbr.freepik.com%2Fvetores-gratis%2Fas-criancas-que-desenham-retratos-com-lapis-do-giz-dos-desenhos-animados-cacoam-o-jardim-de-infancia_2238501.htm&psig=AOvVaw0S_E12GpPHKt9zIDAc1tua&ust=1611098226267000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCOCBweTOpu4CFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o poema:

01 – Como é a infância nesse poema?

      A criança era “um ser carente de aprendizados e lições de moral”; é a infância como “possibilidade de construção do futuro”.

02 – Que imagens você conseguiu visualizar durante a leitura?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Como a mamãe descreve o recém-nascido?

      Como um pedacinho do céu.

04 – O poema retrata várias fases da vida de uma criança. Cite-as:

      1° - Recém-nascido;

      2° - Engatinhando;

      3° - Andando, correndo; e

      4° - Falando, tagarela.

05 – Quando a criança fica esperta e inteligente ganha um presente. Qual?

      Uma carta de A. B. C. ... (Cartilha).

 

 

sábado, 19 de setembro de 2020

CRÔNICA: A LÍNGUA PORTUGUESA - LYGIA FAGUNDES TELLES / SONETO: LÍNGUA PORTUGUESA - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 Crônica: A LÍNGUA PORTUGUESA


Lygia Fagundes Telles

        Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira. (...)

        Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

        Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

        Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

        Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

        Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que não seria tão bom se ambos tivessem nascido lá. Estaria agora escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

        Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa?

        Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal. Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

        Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! Se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta.

TELES. Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados.  Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111.

    Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 196-9.

Soneto: Língua portuguesa

              Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 200.

Entendendo a crônica: 

01 – O poeta chama a língua portuguesa de flor do Lácio.

a)   Recorde o comentário da narradora: “O tal de Lácio eu não sabia onde ficava...”. Você sabe onde ficava “o tal de Lácio”: onde?

Na Península Itálica (região onde surgiu Roma).

b)   Por que o poema chama a língua portuguesa de flor do Lácio?

Porque é um produto excepcionalmente bom, bonito (como uma flor) da língua que se falava no Lácio; porque é uma língua tão bela quanto uma flor que tem sua origem no latim, língua falada no Lácio.

02 – O poeta atribui à língua características que se opõem; explique:

a)   A língua é bela, mas é inculta – por que é inculta?

É inculta porque não é produto de cultura, é a língua de um povo ainda sem tradição cultural; É inculta porque é primitiva, rude.

b)   A língua é esplendor (brilho, grandiosidade), mas é sepultura – por que é sepultura?

Porque, por ser uma língua desconhecida, o que é escrito nela fica fora do alcance dos outros, fica escondido, oculto.

03 – Por que a narradora ficou tão perturbada ao ver a língua portuguesa chamada de sepultura?

      Porque escrevia e assustou-se com a possibilidade de que não tivesse leitores, de que seus textos ficassem inacessíveis.

04 – Para a narradora, a solução para escapar da língua-sepultura seria escrever em italiano: “Estaria agora escrevendo em italiano, italiano!”.

a)   Por que italiano, e não francês, alemão, inglês...?

Porque era descendente de italianos, poderia ter nascido na Itália, a língua italiana era para ela uma possibilidade que tinha sido perdida.

b)   Escrever em italiano e não em português seria melhor não por causa do número de falantes. Que vantagem teria o italiano sobre o português?

O italiano é uma língua mais difundida no mundo, mais estudada, mais conhecida, é a língua de um país com mais representação econômica, cultural e literária que os países de língua portuguesa.

05 – Recorde a opinião do pai sobre o poema: “O soneto é muito bonito...”. De acordo com o soneto de Olavo Bilac; conte o número de estrofes, o número de versos em cada estrofes e conclua: qual é a forma de um soneto?

      O objetivo é provocar a leitura do poema de Bilac e aproveitar a referência a soneto, na crônica, para que os alunos conheçam esta forma de composição poética.

      Duas estrofes de quatro versos – dois quartetos, e duas estrofes de três versos – dois tercetos.

06 – Recorde o que a narradora diz ao pai: “Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!”. Que argumentos o pai usa para contestar essa afirmação?

      Quem escreve bem, será lido em sua própria língua; há a possibilidade das traduções; não se deve renegar a própria língua, porque seria renegar o próprio país.

07 – Recorde estas palavras do pai: “... veja que confissão de amor ele fez à nossa língua!”. Consulte o soneto, em que versos o poeta confessa seu amor à língua portuguesa?

      O objetivo é mais uma vez remeter à leitura do poema.

      Primeiro verso da segunda estrofe; primeiro e terceiro verso do primeiro terceto.

08 – O pai chama a atenção da filha para um aspecto do soneto: “Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora?”

a)   Identifique, no soneto, as outras palavras que rimam com sepultura, além da palavra obscura.

Impura, ternura.

b)   Por que, entre as palavras que, no soneto, rimam com sepultura, obscura destacou-se como a rima mais apropriada?

As duas palavras se aproximam, quanto ao sentido: em ambos há a ideia de sem luz, sombrio, desconhecido.

09 – Qual é a opinião do pai:

a)   Sobre o soneto?

O soneto é muito bonito, faz uma bela confissão de amor à língua, as rimas são bem escolhidas.

b)   Sobre o destino de obras escritas em língua portuguesa?

Se são bem escritas, permanecerão, mesmo sendo em português, e poderão ser traduzidas.

c)   Sobre a reclamação da filha contra a língua portuguesa?

É uma atitude feia, não se deve renegar a própria língua.

10 – A filha começou a conversa expondo ao pai este problema: “... nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai pra debaixo da terra, desaparece!”. A crônica não revela se a filha deixou de pensar assim, depois da conversa com o pai.

        Se você estivesse no lugar da filha, teria mudado seu modo de pensar? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.