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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

NOTÍCIA: NÃO PUDE ESTAR COMPARECENDO - FRAGMENTO - PASQUALE CIPRO NETO - COM GABARITO

 Notícia: Não pude estar comparecendo – Fragmento

                 PASQUALE CIPRO NETO – Colunista da Folha

        [...]

        O fato é que de repente surgiu no Brasil a esquisita mania de usar o verbo “estar” seguido de outro verbo no gerúndio. Essa dupla na verdade é um trio, porque antes vem outro verbo. Algo como “o economista vai estar realizando uma série de palestras.” O que na verdade já poderia ser dito com apenas um verbo (realizará), ou com dois (vai realizar), acaba se transformando numa perífrase (rodeio de palavras) enfadonha.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgir3nvHJcw4CRs7TKT5Y_w6fLf6n3CXnR8UY2wnmchxeRGfDE4o5H940_DGTUjCsu3aUNtO65ju5RvtIHBz1omMcPuu7_k1nks23-7aBlyLnJamds0ieunX0tI6Z3qeHa9pPLYGUFIEYCK06tkuI69MFdiqDOPIndj1aoTzO5ZMCWZ0gtmI2nkPDY2hG0/s320/PERIFRASE.jpg


        O grande problema é que isso parece chique, tem uma cara de coisa da língua formal, culta, mas não passa de uma grande chatice.

        Uma amiga telefonou para a central de atendimento a clientes de um cartão de crédito. Depois de intermináveis "a gente vai estar tentando resolver o seu problema", "a senhora vai estar recebendo um extrato", "uma funcionária vai estar verificando", "a gente vai estar mandando uma cópia para a senhora", a funcionária perguntou: "A senhora pode estar enviando uma cópia do último pagamento?".

        Irônica, mordaz, minha amiga respondeu: "Estar enviando eu não posso, mas enviar eu posso". Inútil. Pelo que disse em seguida, parece que a funcionária não entendeu a ironia.

        Há alguns dias, um jogador do Santos deu entrevista à rádio Jovem Pan. Trata-se de rapaz letrado, bem falante, de classe média alta, que estudou em bons colégios. Feliz com sua atuação, o jovem atleta ofereceu os gols à mãe. "Mande-lhe uma mensagem", propôs o radialista. O jogador declarou seu amor à genitora e disse: "Desculpe, mãe. Seu aniversário foi ontem, mas eu não pude estar comparecendo à festa".

        "Não pude estar comparecendo" é de lascar. Que tal "Não pude comparecer"? Simples e indolor, não?

        É isso. Cuidado com modismos linguísticos. Esse cacoete já passou da fala e já frequenta a língua escrita, com ares de coisa boa. Fuja disso!

Folha de São Paulo, São Paulo, 19 fev. 1998. Fragmento.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 451-452.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a principal crítica do autor ao uso do gerúndio na construção "estar + gerúndio"?

      O autor critica o uso excessivo e inadequado da construção "estar + gerúndio", considerando-a uma "perífrase enfadonha" que torna a linguagem mais complexa e menos clara do que o necessário. Ele argumenta que essa construção, muitas vezes, é utilizada de forma artificial para dar um ar de formalidade à linguagem, mas que acaba soando artificial e inadequada.

02 – Quais são os exemplos utilizados pelo autor para ilustrar o uso inadequado do gerúndio?

      O autor apresenta diversos exemplos de uso inadequado do gerúndio, como em diálogos com atendentes de telemarketing e em entrevistas com jogadores de futebol. Nesses exemplos, a construção "estar + gerúndio" é utilizada de forma repetitiva e desnecessária, tornando a comunicação mais difícil e menos eficaz.

03 – Qual é a principal consequência do uso excessivo dessa construção?

      O uso excessivo da construção "estar + gerúndio" pode levar a uma linguagem rebuscada e artificial, dificultando a compreensão da mensagem. Além disso, essa construção pode transmitir uma impressão de falta de espontaneidade e naturalidade na comunicação.

04 – Qual é a alternativa sugerida pelo autor para evitar o uso inadequado do gerúndio?

      O autor sugere o uso de construções mais simples e diretas, como a substituição da construção "estar + gerúndio" por um verbo no infinitivo ou no futuro do presente. Por exemplo, em vez de dizer "vou estar realizando", pode-se dizer "vou realizar" ou "realizarei".

05 – Qual é a mensagem principal do texto?

      A mensagem principal do texto é um alerta sobre o uso inadequado do gerúndio na língua portuguesa. O autor defende a importância de uma linguagem clara, objetiva e natural, evitando construções complexas e artificiais que dificultam a comunicação. Ele convida os leitores a refletirem sobre a importância da escolha das palavras e a evitarem modismos linguísticos que podem prejudicar a qualidade da comunicação.

 



sexta-feira, 24 de julho de 2020

TEXTO: GRAFIA ERA DIFERENTE MESMO! PASQUALE CIPRO NETO - COM GABARITO

Texto: Grafia era diferente mesmo!

            Pasquale Cipro Neto

    Você já leu algum texto escrito há muito, muito tempo, muito tempo, algo como um jornal de 1935?

      Seu avô já lhe disse que no tempo dele a grafia era diferente? Pois acredite, era mesmo!

     As pessoas mais velhas têm uma certa dificuldade para escrever porque na década de 40 houve uma profunda modificação na grafia das palavras da língua portuguesa.

        Adjetivos que indicam nacionalidade, como francês, inglês, eram escritos com z, sem acento: francez, inglez. Isso explica por que até hoje se veem restaurantes que servem "comida" chineza". Chinesa se escreve com s.

        Palavras terminadas em al, como jornal, geral, faziam o plural em aes: jornaes, geraes. Hoje se escrevem com i. (jornais, gerais).

        Era interessante o emprego das consoantes duplas, em palavras como elle, sabbado, annular, occasião, apparelho, etc. As sequências em ct e oç também existiam, em palavras como omnibus, activo, funcção.

        Quer mais? O ph era usado em telephone, physica, pharmacia. O grupo ph tinha o mesmo som do f.

        Usava-se a letra h entre as vogais, em palavras como comprehender, Jundiahy, que hoje se escrevem: compreender, Jundiaí, respectivamente.

        Bahia ficou com o h, para manter a tradição.

        Tenha paciência com o vovô e a vovó. E nada de arrumar desculpas.

        Desde que você nasceu, não houve nenhuma mudança ortográfica.

        Trate de aprender a grafar corretamente as palavras da nossa querida língua portuguesa.


Compare as diferenças:

attenção      -    atenção
machina      -    máquina
francez        -    francês
excellencia  -    excelência
sabbado      -    sábado
alumno        -    aluno
anno            -    ano
prompta       -    pronta.

Pasquale Cipro Neto. Folha de S. Paulo, 13 de set. 1997 (Folhinha).

                              Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 217/8-223.

Entendendo o texto:

01 – Você observou a propaganda do guaraná espumante? Ela traz alguma diferença com relação às dos dias de hoje? Em quê?

      Sim. As propagandas, a cada dia, tornam-se, por vezes, mais coloridas, chamativas e, acima de tudo, massificantes a ponto de o telespectador passar a ser um consumidor assíduo do produto.

02 – Você já teve oportunidade de folhear jornais antigos na biblioteca de sua casa, na da escola ou na de amigos? O que reparou?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Você entendeu por que certas pessoas têm dificuldade na grafia de determinadas palavras? Dê exemplos de acordo com o texto. Procure, no lugar em que você mora, se ainda há nomes de bares, casas de comércio, etc. Com grafia antiga. Pesquise e comente.

      “As pessoas mais velhas têm uma certa dificuldade para escrever porque na década de 40 houve uma profunda modificação na grafia das palavras da língua portuguesa.”

04 – A grafia facilitou sua vida? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.