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domingo, 9 de março de 2025

POESIA: O GATO - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

 Poesia: O Gato

            Marina Colasanti

No alto do muro

pulando no escuro

miando no mato

entrando em apuro

é o gato, seguro.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglqvYc9Vt-0TIjTHhZ_B907p32VQdDg9ZzYcDkP2ANr7hbIdWjO5Xi_h4k7N1gRkdZ7-9F0C454_7x8l5V5UpO_WDjyKFnEPHDfP3s__Y-YIjW_zNU4iFrGlgwBBXQz3A4bQERWhhtTiTEnU7a8gnNSC-eCSujsQ4J_6pdEE89y57oTKO5qz-BAdVmw2o/s1600/GATO.jpg

De antigo passado

e jeito futuro

movimento puro

ar sofisticado

é o gato, de fato.

 

Só pode ser gato

esse bicho exato

acrobata nato

que só cai de quatro.

Marina Colasanti. O gato. In: Marina Colasanti e outros. Caminho da poesia, São Paulo: Global, 2006.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 92.

Entendendo a poesia:

01 – Quais características do gato são destacadas na primeira estrofe?

      A primeira estrofe destaca a agilidade e a capacidade do gato de se mover em diferentes ambientes: "No alto do muro / pulando no escuro / miando no mato / entrando em apuro / é o gato, seguro."

02 – Como o poema descreve a natureza do gato na segunda estrofe?

      A segunda estrofe descreve a natureza do gato como uma mistura de características antigas e modernas, com movimento puro e ar sofisticado: "De antigo passado / e jeito futuro / movimento puro / ar sofisticado / é o gato, de fato."

03 – O que a terceira estrofe enfatiza sobre o gato?

      A terceira estrofe enfatiza a exclusividade do gato, sua precisão e habilidade acrobática: "Só pode ser gato / esse bicho exato / acrobata nato / que só cai de quatro."

04 – Qual a imagem geral do gato que o poema constrói?

      O poema constrói a imagem de um animal ágil, misterioso, elegante e habilidoso, com uma natureza única e inconfundível.

05 – Qual a importância da repetição da frase "é o gato" no poema?

      A repetição da frase "é o gato" reforça a identidade do animal como o tema central do poema, destacando suas características e presença marcante.

 

 

quinta-feira, 6 de março de 2025

CONTO: UMA VIDA AO LADO - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

 Conto: Uma vida ao lado

            Marina Colasanti

        Fina, a parede. E, além dela, a vida do vizinho.

        Irritante a princípio.  Ruídos, pancadas, tosse, tudo interferindo, infiltrando-se. Depois, aos poucos, familiar.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8coP0d1CrwGPHvnqb15gP-J3H4qCTE0GEB3KSzzMGpnVtJWWZXHpkIsoCnhTcDpu9SOaU6_sw0fn5TZVLUzUBy0TQDdgWFYS0g0v8vImCb75Vu5YGuKDu4XXws_2vYlh_Uav1r_fVJlERERFvhgvSIguPLP4Rg6YMh-WEicydEbEhQlq1eMqr9vYUM18/s320/VIZINHOS.png


        Sabia-lhe o banho, as refeições, as horas de repouso. A cada gesto, um som. E no som, recriado, o via mover-se em geometrias idênticas às suas. A sala, o quarto, o corredor.

        Cada vez mais ligava-se ao vizinho, absorvendo seus hábitos. Ouvia bater de louças e se apressava à cozinha, vinham vozes moduladas e ligava a televisão. À noite só conseguia dormir depois do baque dos sapatos do outro, o ranger da cama assinalando que se metera entre lençóis.

        Perdia-o, porém, quando saía porta afora. Passos, tinir de chaves, lá se ia o vizinho. Sem ele, vazios a sala e o quarto, a parede emudecia, separando silêncios.

        Voltava ao fim do dia, pontual. Passos, tinir de chaves. Ele então acendia a luz ao estalar do interruptor do outro, e juntos punham a casa em andamento.

        Tentava, às vezes, seguir-lhe as andanças. Espiava pelo olho mágico estudando a paciência com que esperava o elevador, postava-se à janela para ver que direção tomava, em que ônibus subia.

        E, justamente numa tarde em que espreitava, viu o outro atravessar em má hora a rua movimentada, hesitar, correr e ser atropelado por um furgão.

        Percebeu que precisava trabalhar rápido. Sem hesitar, arrancou as portas dos armários, as cortinas, pegou a caixa de ferramentas, e começou a serrar, lixar, bater, colar.

        Tudo estava pronto quando ouviu o caixão do outro chegar para o velório. Sobre a mesa da sala, na exata posição em que o do vizinho deveria estar, colocou seu próprio caixão. Depois abriu a porta de par em par e, vestido no terno azul-marinho, deitou-se cruzando as mãos sobre o peito.

        Ainda teve tempo de pensar que tinha esquecido de engraxar os sapatos. E já os primeiros visitantes começavam a chegar, entrando com a mesma tristeza nos dois apartamentos, para prantear defuntos tão iguais.

Marina Colasanti. Contos de amor rasgado. Rio de Janeiro: Rocco. © by Marina Colasanti.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 557-558.

Entendendo o conto:

01 – Qual a relação do narrador com o vizinho?

      A relação é de uma profunda observação e imitação. O narrador absorve os hábitos do vizinho, sincronizando suas ações com as dele.

02 – Como o narrador se sente quando o vizinho sai de casa?

      O narrador sente um vazio e um silêncio incômodo, como se uma parte de sua própria vida estivesse ausente.

03 – O que o narrador faz para tentar acompanhar a vida do vizinho fora de casa?

      O narrador espia o vizinho pelo olho mágico, observa-o pela janela e tenta descobrir para onde ele vai.

04 – Qual o evento trágico que ocorre com o vizinho?

      O vizinho é atropelado por um furgão ao atravessar uma rua movimentada.

05 – Qual a ação surpreendente que o narrador toma após a morte do vizinho?

      O narrador constrói seu próprio caixão e se deita nele, imitando a cena do velório do vizinho.

06 – Por que o narrador decide fazer o que faz?

      A decisão do narrador demonstra uma obsessão em replicar a vida do vizinho, até mesmo na morte, demonstrando uma perda da própria identidade.

07 – Qual o detalhe que o narrador percebe no final da história?

      O narrador percebe que esqueceu de engraxar os sapatos, demonstrando uma preocupação com os detalhes, mesmo em um momento extremo.

 

 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

CRÔNICA: QUEM TEM OLHOS - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

 Crônica: Quem tem olhos

              Marina Colasanti

        Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.


Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC66UmXX7Brq_6EO1PUr1BYDwAY4V3sYWAz2ycbd-0tr6XlW7_t5UyB_c3XlzIypVRxO9agXhPaWxSxqamGqY4o5cohlbsE1iSPwZd3a8LqT_gORtgL1vnFJ_3qGCmkuUjeDwovhLfPQr5jqkUm9F-nVq9ACyC0VRasSp585_Wewf1S3qpzlkqY1UbQvk/s320/JANELA.jpg

        Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.

        Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.

        De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se para vê-los. E não se debruçava.

        Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente.

        Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.

        Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma de barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.

        A mulher olhava a parede cinzenta. E parecia estar bem.

        E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe uma vista. Depois, entendi.

        A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e em cores. Só ela os via. Mas com que nitidez!

        Bem diferente daquela cidadezinha da Dinamarca onde, em viagem, reparei que havia espelhos estrategicamente colocados nas janelas, permitindo que se visse a rua sem ter que abrir os vidros. Espelhos redondos, como retrovisores, onde às pessoas quase escondidas o mundo certamente aparecia pequeno e distorcido, enevoado pelos vidros e cortinas.

        A mulher da parede não, era grandiosa. Uma dama em seu elevado posto de observação. Teria podido passar a vida ali, se apenas alguém lhe desse comida.

        E vendo-a tão entretida diante do nada, e do tudo, ocorreu-me que muitas pessoas olham televisão exatamente como ela olhava a parede. Sem ver, vendo outra coisa. A família reunida na sala, aquela luz azulada banhando todos no mesmo tom lunar, imagens na tela pequena, e alguém em meio à família projetando por cima das imagens criadas em estúdio outras imagens, mais vívidas, pessoais, criadas no laboratório dos desejos. Ninguém, na sala, suspeita da sua fuga, ninguém a sabe ausente. Olhando para o mesmo ponto acreditam estar vendo a mesma coisa. E se tranquilizam na falsa semelhança.

        Olho da rua a mulher à janela e me alegro. Fechada num apartamento provavelmente pequeno, sem ninguém que lhe dê muita atenção, acima de uma rua estreita e sem árvores, diante de uma parede alta e cinzenta, ainda assim não está sozinha nem entediada. Tira de si, como um ectoplasma, as imagens que o mundo teima em lhe negar, as imagens da vida. E delas se alimenta. Cria, embora ninguém – talvez nem ela – lhe reconheça a criação. E com seu olhar planta árvores, acende luzes, faz festa.

        Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, ele não disse mas digo eu, quem tem olhos veja.

COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. p. 159-161.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 476-477.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

Recato: recanto, esconderijo.

Canga: domínio, opressão.

Ectoplasma: espécie de substância que envolveria o espírito.

02 – Qual a principal característica da mulher observada pela narradora?

a) Sua solidão e isolamento.

b) Sua capacidade de criar um mundo interior rico.

c) Sua indiferença ao mundo exterior.

d) Sua tristeza e melancolia.

03 – O que a parede cinzenta representa na crônica?

a) Um obstáculo à felicidade.

a) Um símbolo da monotonia da vida urbana.

c) Uma tela para a imaginação da mulher.

d) Uma metáfora para a solidão.

04 – Qual a diferença entre a mulher da crônica e as pessoas que assistem televisão, segundo a narradora?

a) A mulher da crônica é mais feliz.

b) As pessoas que assistem televisão são mais passivas.

c) Não há diferença significativa entre elas.

d) A mulher da crônica é mais criativa.

05 – O que a narradora admira na mulher?

a) Sua capacidade de encontrar beleza em um lugar comum.

b) Sua resignação diante da vida.

c) Sua capacidade de se adaptar a qualquer situação.

d) Sua indiferença ao mundo exterior.

06 – Qual o significado da frase "Quem tem olhos veja"?

a) Uma exortação para enxergar além das aparências.

b) Uma crítica à passividade das pessoas.

c) Uma afirmação da importância da imaginação.

d) Todas as alternativas anteriores.

07 – Qual o tom geral da crônica?

a) Pessimista e melancólico.

b) Otimista e esperançoso.

c) Reflexivo e contemplativo.

d) Crítico e denunciador.

08 – Qual o tema central da crônica?

a) A importância da imaginação para superar a adversidade.

b) A alienação das pessoas diante da realidade.

c) A solidão na vida urbana.

d) A importância da arte na vida das pessoas.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

LIVRO(ATIVIDADES): DOZE REIS E A MOÇA NO LABIRINTO DO VENTO - AUTORA: MARINA COLASANTI - COM GABARITO

 LIVRO(ATIVIDADES): DOZE REIS E A MOÇA NO LABIRINTO DO VENTO

AUTORA: MARINA COLASANTI

Capítulo 01 – A moça tecelã

 

01. O que fazia lá fora a claridade da manhã? p.10

Desenhava o horizonte.

02. Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, o que a moça colocava na lançadeira? p.10

Colocava grossos fios cinzentos do algodão mais felpudos.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIJ46BLKTjzU_OXu9IOu6v-U2UTTPToG28yUW2m5TggBrZpu7-mnl454fPuqnVMcnwNiWkoyjXQOTiPJf6gPiGjxdR-ZukOesnH68-clv-7HYK6hf3UpDwaj9htdtlVwdVNqGYPIj-fY0_EVvtIGhxnoKV2jcU-kfCRWqEKtDE2_6Gip8LKEEwo3YYQ8o/s1600/TECELA.png


03. Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça fazer o quê para que o sol voltasse a acalmar a natureza? p.10

Bastava a moça tecer com seus belos fios dourados.

04. Que fazia a moça na hora da fome? p.11

Tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas.


05. Pela primeira vez pensou como seria bom ter o quê? p. 11

Ter um marido ao lado.

06. A moça começou a entremear no tapete e aos poucos o que foi aparecendo? p.11

Chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado.

07. Por que a moça não precisou abrir a porta?  p.11

Porque o moço meteu a mão na maçaneta tirou o chapéu de pluma, e foi entrando na sua vida.

08. Aquela noite, deitada contra o ombro dele, a moça pensou em quê? p.13

Pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

09. Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo o quê? p.13

Tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços.

10. Afinal, o palácio ficou pronto. Que cômodo o marido escolheu para ela? p.14

Escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.

11. Por qual motivo o marido alegou ao colocá-la no alto da torre? p.14

Disse que é para que ninguém saiba do tapete.

12. Que disse o marido antes de trancar a porta à chave? p.14

Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos.

13. E pela primeira vez pensou como seria bom estar sozinha de novo. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear, e fez o quê? p. 14

Segurou a lançadeira ao contrário e, jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido.

 

Capítulo 02 – Entre leão e unicórnio 

 

01. Quem estava deitado do lado da recém-esposa do rei? p.17

Viu um leão deitado.

02. O que a rainha não ousou revelar antes do casamento ao rei? p.17

Que desde sempre esse leão me acompanha.

03. Onde mora o leão? p.17

Mora na porta do meu sono, e não deixa ninguém entrar ou sair.

04. Penalizado, o rei perguntou o que poderia fazer para livrá-la de tão cruel carcereiro. O que ela respondeu? p. 18

Quando o leão aparecer – pegue a espada e corte-lhe as patas.

05. Numa madrugada quente o rei viu que o quarto real estava invadido pelo o quê? p.18

Invadido por dezenas de beija-flores e que um enxame de abelhas se agrupava na cabeceira.

06. Só ao rei perceber o primeiro espreguiçar-se da rainha, emergiu de dentro da cama, contando-lhe da bicharada. O que falou a rainha?  p.18

É que dormindo ao seu lado, meu caro esposo, cada vez mais doce e mais floridos se fazem meus sonhos – explicou ela, sorrindo com ternura.

07. Uma noite, tendo jantado muito o rei acordou no meio da noite e foi tomar um pouco de ar. Que animal viu no seu aposento real? p.19

Um unicórnio azul.

08. Onde o unicórnio leva a rainha? p.19

Leva meus sonhos lá onde eu não tenho acesso. Galopa a noite inteira sem que eu tenha controle.

09. O rei só desejava que a rainha adormecesse rápido, para quê? p.20

Noite após noite, partiu o rei nas costas do unicórnio, para só retornar ao amanhecer.

10. Que pediu a mais fiel de suas damas de companhia? p.21

Deveria esconder-se debaixo da cama real, assim que ela adormecesse veria surgir um leão sem patas e que ela com fio de seda, as costurasse no lugar.

 

Capítulo 03 – A mulher Ramada 

 

01. O jardineiro no canto mais afastado do jardim, ninguém via. Ele fazia o quê? p.26

Plantando, podando, cuidando do chão, confundia-se quase com suas plantas, mimetizava-se com as estações.

02. Já se fazia grande e frondosa a primeira árvore que havia plantado, quando sentiu o quê? p.26

Quando uma dor de solidão começou a enraizar-se no seu peito.

03. No dia seguinte, o que o jardineiro recebeu? p.26

Duas belas mudas.

04. Durante meses ele trabalhou, fazendo o quê com as mudas? p. 27

Conduzindo os ramos de forma a preencher o desenho que só ele sabia, podando os espigões teimosos que escapavam à harmonia exigida.

05. E aos poucos, entre suas mãos, o arbusto foi tomando feitio, como? p.27

Fazendo surgir dos pés plantados no gramado duas lindas pernas, depois o ventre, os seios, os gentis braços da mulher que seria sua.

06. Que nome recebeu a mulher ramada?  p.28

Rosamulher.

07. De tanto contrariar a primavera, o que aconteceu com o jardineiro? p.30

Adoeceu.

08. Rosamulher florida, pareceu-lhe ainda mais linda. E o coração do jardineiro soube o quê? p.30

Que nunca mais teria coragem de podá-la. Nem mesmo para mantê-la presa em seu desenho.

 

Capítulo 04 – A No colo do verde vale  

 

01. Na juventude, naquela época, certo de que o mundo inteiro era arrastado por ele, como numa imensa rede, fazia o quê? p.34

Enchia-se de orgulho e poder.

02. Quando pisava com o pé direito – dizia afundando bem o calcanhar e trazia o quê? p.34

Trazia a primavera.

03. Ele dizia ser o próprio vento. E que comandava a ordem de tudo. Que fazia então? p.35

Faço a hora do sol, e marco a noite da lua. Eu que empurro este mundo todo para frente.

04. Pela primeira vez desde a alegria, percebeu que tropeçava em algo novo. O quê? p. 35

Parar, seria possível.

05. Mas a ideia seguiu caminho com ele, mais tentadora a cada passo. E o tempo começou a olhar o quê? p.35

Olhar o mundo com outros olhos, procurando em todo lugar a sedução que o faria cometer tão grande audácia.

06. Olhou a floresta. Pensou o bom que seria deitar naquele musgo rasgado de sol. E já se via quase lagarto, quando lembrou o quê?  p.36

Lembrou que as árvores parariam de crescer, as folhas parariam de se mexer, o sol pararia de brilhar.

07. Temendo a própria coragem, espraiou-se no vale, estender-se longo como  ele mesmo não sabia ser. E pela primeira vez o quê? p.37

Descansou.

08. E ali, inclinado sobre a vida, descobriu aquilo que nunca suspeitara. O quê? p.39

Não era ele, com seus passos, que ordenava tudo.

 

Capítulo 05 – Uma concha à beira-mar 

 

01. Sozinho no seu quarto, o príncipe percebeu que uma única coisa chamava seu prazer. O que era? p.41

Era a concha rosa, búzio entreaberto, oferecido pelo rei de um país distante.

02. Curioso, o príncipe pegou a concha e pôs-se à escuta. E ouviu o quê? p.41

Um leve canto soprado vinha lá de dentro, brisa, alísio, aragem, zéfiro resvalando pelo caracol da fenda.

03. O príncipe lentamente virou a concha, e um filete claro escorreu pela fenda, fino e breve, colhido em poça na palma da mão. Como provou? p.42

Provou, e que a ponta da língua confirmou salgada, de salgado mar.

04. Cada vez mais se apegava à concha. Fazendo o quê? p. 43

Entregue durante horas às cristas amarulhadas de suas histórias.

05. Logo ao amanhecer, que a trança aconteceu. Como era a trança? p.43

Loura, que para seu absoluto espanto o príncipe viu escorrer pela fenda no fluxo do filete, e lá ficar, pendurada e gotejante, balançando de leve.

06. Que fez o príncipe antes que fosse recolhida por sua misteriosa dona?  p.43

Agarrou-a na ponta dos dedos e com firme delicadeza começou a puxar.

07. De dentro da concha, debatendo-se entre luzir de escamas e rosada  pele. Quem aos poucos foi surgindo? p.43

Uma sereia.

08. Tão linda que, ao vê-la, o príncipe logo entendeu o quê? p.43

Entendeu sua paixão pelo mar, e mais bonito ainda lhe pareceu o que não conhecia.

09. A água que o príncipe derramava na mão, esvaziando a concha, era o quê? p. 44

Eram lágrimas da sereia, que logo com seu pranto a tornava a encher.

10. De nada adiantavam, todo o carinho do príncipe, os minúsculos móveis e o passar do tempo. O que ela queria? p. 44

Só o mar ela queria. Só o mar podia fazê-la sorrir.

11. O príncipe selou o cavalo e partiu em longa viagem. Para quê? p. 44

Colocou a sereia de volta na concha, guardada a concha numa sacola de couro que pendurou no pescoço, partiu para o país salgado daquele rei distante.

12. Do alto do penhasco, o príncipe viu a seus pés o vasto e fundo azul. E ansioso abriu a sacola para quê? p.45

Para libertar a sereia e colher seu primeiro sorriso.

13. Ele pegou a primeira, procurou em vão sua voz, levando-a ao ouvido. Pegou a segunda, a terceira. E ele foi andando fazendo o quê? p. 45

Recolhendo as conchas uma por uma, enquanto nas marcas dos seus pés a água vinha se deitar em poça e depositar outras conchas.

 

Capítulo 06 – Onde os Oceanos se encontram

 

01.  Quem viviam em uma pequena ilha? p.49

Lânia e Lisíope, ninfas irmãs.

02. Cabia a Lisíope, a mais delicada, a fazer o quê? p.49

Lavá-los com água doce de fonte, envolvê-los nos lençóis de linho que ambas haviam tecido.

03.  Que fez Lânia, vendo um corpo emborcado aproximar-se flutuando? p.49

Entrou nas ondas para buscá-lo, e agarrando-o pelos cabelos o trouxe até a areia.

04.  Tocada por tamanha paixão, concordou a Morte, instruindo Lânia, a quê? p. 50

Na maré vazante deveria colocar o corpo do moço sobre a areia, com a cabeça voltada para o mar.

05.  Um dia, antes do amanhecer, ajoelhada sobre a ponta da pedra, Lânia chamou quem? p.51

Morte! Morte! Venha me atender.

06.  Qual foi o último pedido de Lânia?  p.51

Que levasse sua irmã.

07.  Que instrução a Morte deu a Lânia? p.51

Que deveria deitar a irmã sobre a areia lisa da maré vazante, com os pés voltados para o mar.

08.  Que faz o jovem sem ousar despertar a Lisíope? p.52

Se deita ao seu lado.

09.  Quando Lânia despertou, procurou na claridade e viu o quê? p. 53

Viu o travesseiro abandonado. Viu o lençol flutuando ao longe. Da irmã nenhum vestígio.

10.  Diante de seus passos, estampada na areia, deparou com quê? p. 53

Deparou com a forma de dois corpos deitados lado a lado.

 

Capítulo 07 – Um desejo e dois irmãos

 

01.  Descreva como eram os dois príncipes? p.57

Um louro e um moreno. Um de olhos azuis e o outro com olhos verdes.

02.  O que eles tinham em comum? p.57

Cada um deles queria ser o outro.

03.  Como foi dividido o reino para os dois irmãos? p.57

O rei deu o céu para o filho louro, que governasse junto ao sol brilhante como seus cabelos. E entregou-lhe pelas rédeas um cavalo alado.

Ao moreno coube o verde mar, reflexo dos seus olhos. E um cavalo-marinho.

04.   O príncipe de cima sentiu calor, e desejou ter o quê? p. 58

O mar para si, certo de que nada o faria mais feliz do que mergulhar no seu frescor.

05.   O príncipe de baixo sentiu frio, e quis o quê? p.58

Quis possuir o céu, certo de que nada o faria mais feliz do que voar na sua mornança.

06.  Qual desafio os irmãos lançaram?  p.60

Alinhariam os cavalos na beira da areia e partiriam para a linha do horizonte.

07.  Qual era o prêmio? p.60

Chegasse primeiro ficaria com o reino do outro.

08.  Por que os dois irmãos não desistiam? p.61

Porque nessa segunda coisa também eram iguais, no desejo de vencer.

09.  Céu e mar cada vez mais próximos, confundiram o quê? p. 61

Seus azuis, igualaram suas transparências.

10.  A onda inchou, rolou, envolvendo os irmãos num mesmo abraço, de que jeito? p. 62

Jogando um corpo contra o outro, juntando para sempre aquilo que era tão separado.

 

Capítulo 08 – De suave canto

 

01.  Como nos anos anteriores as garças pousaram onde? p.64

Na beira do pântano desabrochando asas sobre as longas pernas.

02.  Qual foi a diferença dos outros anos? p.64

Não fizeram seus ninhos entre os caniços da margem.

03.  De volta do pântano um caçador trouxe que notícia? p.64

Que aquele ano estava reservado para o nascimento da filha da Rainha das Garças.

04.   Quem era Taim? p. 66

Era o mais moço, era o mais bonito.

05.  Taim viu que uma árvore crescia na água escura, e que no mais alto dos galhos, rodeada de garças tinha quem? p.66

Uma linda jovem cantava e cantava.

06.  O que Taim fez com a corda de seda?  p.67

Teceu uma enorme harpa.

07.  Ouvindo a resposta de amor; que fizeram as garças? p.67

Abriram asas e se foram, deixando a moça sozinha.

08.   Taim sabia que não podia entrar na lama para busca-la e afundar como os outros. Que fez, então? p.67

Então desembainhou a faca de prata, cortou dois galhos retos, e no meio de cada um abriu um entalhe.

09.  Taim avançou no lodo, de que forma? p. 67

De sorriso aberto para a Princesa à sua espera.

10.   Como estava o céu da aldeia? p. 67

Uma garça, duas garças, nuvens de garças encobrem o sol.

 

Capítulo 09 – O Rosto atrás do Rosto

 

01.  O Guerreiro das Tendas de Feltro abandonou a vida nômade e decidiu o quê? p.71

Decidiu para sempre habitar o castelo.

02.  Por que ninguém via o rosto do guerreiro? p.71

Porque estava coberto desde os campos de batalha por escura máscara de aço.

03.  Quando ele tirará sua armadura? p.71

Quando não houver mais inimigos e todo perigo tiver passado.

04.   Desejando casar, o guerreiro enviou seus embaixadores a países vizinhos, para quê? p. 71

Para que levassem sua proposta de casamento e trouxessem princesas interessadas em governar com ele o reino.

05.   Como elas vieram? p.71

De palanquim, de carruagem, a dorso de camelo e no alto de elefantes, muitas vieram.

06.   Por que elas voltaram a seus países?  p.71

 Elas se assustaram com a máscara de aço.

07.   Como chegou a mais delicada das jovens? p.72

Chegou montada num urso-pardo.

08.   Que disse o guerreiro a ela? p.72

- Se você me amar, tudo lhe darei. Menos uma coisa. Nunca peça para ver meu rosto.

09.   Que respondeu a jovem ao guerreiro? p. 72

- Não preciso do seu rosto, se tiver seu coração.

10.   Então uma noite ela decidiu aceder uma vela e avançou em direção ao sono do guerreiro, para quê? p. 75

Tiraria a máscara de leve, e a poria no lugar, guardando consigo o segredo!

 

Capítulo 10 – Uma ponte entre dois reinos

 

01.  Quando cortou o cabelo da menina? p.78

Na primeira noite de lua nova.

02.  Passados os anos, comprou tesoura maior, mas logo perdeu o corte e a resistência. Em vão tentou o quê? p.78

Tentou faca, facão, machado.

03.  Somente ela podia tirar fios de seus cabelos, mas acontecia o quê quando ela colhia o fio? p.79

Emanava da cabeça uma gota de sangue, vermelho brilhante que ia rolando pelos cabelos, enrijecendo-se em transparência, até chegar no chão, precioso rubi.

04.   O rei mandou os mensageiros busca-la, mas qual foi a recomendação da mãe dele? p. 81

Não tire um único fio longe de mim.

05.   A velha quis ir a frente, mas seus passos duros para a ponte tão delgada, e ela com os bolsos amontoados de rubis, o pé resvala, pende o corpo e acontece o quê? p.83

A velha despenca em direção ao rio, enquanto no escuro da roupa as pedras de sangue tilintam umas contra as outras.

06.   O rei oferece sua mão a moça e apoiando-se nela, de leve a moça avança pela ponte. E acontece o quê?  p.84

Unindo os dois reinos, sob aplausos das cortes.

 

Capítulo 11 – À procura de um reflexo – p.85 a 92

 

01.  A moça perguntou ao lago, que fez você com a imagem que ontem deitei na tua água? O que ele respondeu? p.86

Como quer que eu saiba, se tantos vêm se procurar em mim?

02.  A moça descalçou os sapatos e, com os tornozelos trançados em tantos nós de água, fez o quê? p.87

Seguiu pelo córrego.

03.   Por que ela não conseguia reconhecer os caminhos? p.87

Porque tudo era tão semelhante.

04.   O que a moça encontrou no imenso salão da gruta? p. 89

Centenas de espelhos cobriam as paredes, centenas de velas brilhavam acesas.

05.   O que havia diante de cada espelho, sobre pedestais? p.89

Repousavam bacias de prata.

06.   Como era a Dama dos Espelhos?  p.89

Bela e cintilante que entre brilhos se confundia.

07.   Havia um rosto de mulher que flutuava na bacia cheia de água. Como ele era? p. 90

Pálido rosto sem tranças, que não a olha, encerrado no círculo de prata.

08.  A moça diz: - Então foi isso que aconteceu com o meu reflexo! E faz o quê? p.90

A moça corre de bacia em bacia, chamando o próprio nome, procurando.

09.   A Dama joga acima da cabeça uma das bacias, despejando lentamente a água sobre seu rosto. O que acontece com ela? p.92

A moça boquiaberta vê transformar-se aos poucos, fazer-se jovem, dono das feições que antes boiavam em silêncio.

10.  Na claridade da manhã a moça vai ao córrego, se ajoelha, estende o queixo, boca entreaberta para matar a sede. Mas o que acontece? p. 93

No manso fluir da margem outra boca a recebe. Boca idêntica à sua, que no claro reflexo do seu rosto de volta lhe sorri.

 

Capítulo 12 – Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento – p.94 a 100

 

01.  Quantas quinas tem o labirinto de fícus no meio do jardim? p.95

Trezentas e sessenta e cinco quinas.

02.   Para que serve o labirinto? p.95

Para domar o vento.

03.   O que tinha em cada nicho de mármore? p.95

Um rei barbudo.

04.   A filha pergunta ao pai: - Para que os reis? p. 95

Para casar contigo, minha filha, quando chegar a hora.

05.   O que a moça respondeu ao primeiro rei que a pediu em casamento? p.96

- Caso com aquele que souber me alcançar – grita a moça, correndo para o labirinto.

06.   O que a moça disse ao segundo rei?  p.97

- Caso com aquele que seguir meu rastro – desafia a moça em voz alta, diante do labirinto.

07.   Seis meses se foram. E seis reis. No ar frio do inverno avança o sétimo, valente, arco e flechas ao ombro. O que a moça diz a ele? p. 98

- Caso com aquele que cortar meu caminho – atira-lhe a moça sem pressa, à entrada do labirinto.

08.   O que disse a moça ao último rei de bela barba e espada na mão? p.99

- Com o homem que desvendar meu labirinto, só com esse eu casarei.

09.   Com toda a força que séculos de mármore lhe puseram nas mãos; o que esse rei faz? p.99

Desembainha a espada, levanta a lâmina acima da cabeça, e zapt!, abre um talho nas folhas, e novamente zapt!, corta e desbasta, e zapt! zapt! Zapt!, esgalha, abate, arranca os pés de fícus.

10.  Sob a lâmina, trezentas e sessenta e cinco quinas se desfazem. Até que não há mais labirinto, só folhas espalhadas. Qual a reação da moça? p. 100

A moça lhe sorri.

 

Capítulo 13 – Palavras Aladas – p.102 a 107

01.  Qualquer ruído era o que para aquele rei? p.103

Era faca em seus ouvidos.

02.  O que ele ordenou que colocasse por cima dos muros das torres, dos telhados, e dos jardins? p.103

Que passasse imensa redoma de vidro.

03.  Se os sons não podiam entrar, verdade é que também não podiam sair. Qualquer palavra dita, qualquer espirro, soluço, canto ficava como? p.103

Vagando prisioneiro do castelo, sem que lhe fossem de valia fresta de janela ou porta esquecida aberta.

04.   De que forma as palavras foram se acumulando pelos cantos? p. 103/104

Frases serpentearam na superfície dos móveis, interjeições salpicaram as tapeçarias, um miado de gato arranhou os corredores.

05.   Qual foi a frase desgarrada que o cozinheiro disse ao embaixador? p.104

Sobrepondo-se aos elogios reais, mandou o embaixador depenar, bem depressa, uma galinha.

06.   A frase feriu o orgulho do rei. Furioso, deu ordens para quê?  p.104

Para que todos os sons usados fossem recolhidos, e para sempre trancados no mais profundo calabouço.

07.   Uma condessa encheu um cesto, com quê? p. 104

Com um cento de acentos.

08.   Divertiram-se tanto, que acabaram por instituir o quê? p.104/105

Instituir a Temporada Anual de Caça à Palavra.

09.   O Mordomo Real viu-se obrigado a transferir secretamente parte dos sons para onde? p.105

Para aposentos esquecidos do primeiro andar.

10.   A lembrança daquelas palavras pareceu voltar ao rei de muito longe, atravessando o tempo, ardendo novamente no peito. O que ele reconheceu? p. 105

Ele reconheceu com surpresa sua própria voz, sua jovem paixão.