EDITORIAL: Inimigos
úteis
VÍRUS
– CAPAZES DE INFECTAR seres vivos
ou, mais recentemente, programas de computadores –, à primeira vista podem ser
apenas mais um desses conceitos vagos que aparecem com frequência na mídia. Ao
menos para a maioria das pessoas.
Considerados mais atentamente, no
entanto, vírus – que infectam organismos – são estruturas fascinantes.
Vírus podem ser considerados vivos? A
dúvida sobre essa classificação dá a medida da complexidade dessas estruturas
que, no entanto, podem ter desempenhado papel fundamental na emergência das
mais diferentes formas de vida. Os vírus teriam, por exemplo, esculpido o DNA,
o chamado ácido da vida.
Esta edição especial de SCIENTIFIC
AMERICAN BRASIL dedicada aos vírus, com relato do histórico da descoberta
dessas estruturas, investigação sobre atuação e estratégias refinadas para
multiplicação em organismos vegetais, animais e humanos, entre outras
considerações, tem o objetivo de ampliar o horizonte dos leitores para as
amplas potencialidades dessas estruturas. Vírus podem tanto produzir infecções
letais como servir de instrumentos terapêuticos. No primeiro caso estão
infecções como as da AIDS e, no segundo, estratégias que ampliam a frente de
combate ao câncer.
Independentemente do aspecto prático e
imediato, no entanto, os vírus surpreendem de muitas maneiras e sugerem várias
ordens de reflexões.
A mutabilidade dessas estruturas, além
de abordagens – que cabem perfeitamente no enfoque matemático da teoria dos
jogos – certamente suscita considerações de natureza filosófica mais complexa,
e questionamentos sobre a origem e natureza da vida. Cabem ainda outras
avaliações como a adoção de estratégicas que, de um ponto de vista ético, interpretaríamos
como recursos “trapaceiros”.
Mas se há dúvida sobre vírus serem ou
não estruturas vivas, faz sentido levar a sério a possibilidade de que possam
desenvolver estratégias com recurso à trapaça?
Numa consideração isolada – como sempre
ocorre em interpretações não devidamente contextualizadas – pode parecer
absurda. Levando-se em conta um conjunto de relatos, como os que integram esta
adição especial, no entanto, essa interpretação ganha sentido novo e uma
fascinante coerência.
Para assegurar a qualidade desta edição
tivemos a contribuição, na qualidade de consultores especiais, de dois médicos:
o especialista em moléstias infecciosas, Francisco Oscar de Siqueira França, do
Serviço de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas, da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e do Hospital Vital
Brasil, do Instituto Butantã. Ele partilhou uma leitura cuidadosa, acompanhada
de recomendações, com a médica Noêmia Barbosa Carvalho, assistente do Departamento
de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC.
Com essa edição esperamos ajudar a
minimizar a rarefação de trabalhos na área de virologia publicados em português
e dirigidos a leitores não necessariamente especializados.
Boa Leitura.
Ulisses
Capozoli. Revista Scientific American Brasil.
N° 28, s/d. Edição
especial.
Entendendo o texto:
01 – O editorial escrito por
Ulisses Capozoli fornece algumas informações sobre o assunto geral das matérias
publicadas nesse número da revista Scientific American Brasil?
Sim. Ele indica
que a revista trata do tema vírus.
02 – O editorial da
Scientific American Brasil apresenta uma questão polêmica. Qual?
Se os vírus são
ou não seres vivos.
03 – Essa questão polêmica é
respondida ao longo do editorial ou fica em aberto? Na sua opinião, por que
isso ocorre?
A questão fica em
aberto, porque o assunto anunciado por ela será tema das matérias publicadas na
revista.
04 – Segundo o texto, quais
as características de um vírus?
São seres
“fascinantes”, e discute-se se são ou não seres vivos. São também responsáveis
por provocar doenças em plantas e animais embora também sejam vetores de
pesquisas para a cura de outras doenças e males que afetam os seres vivos.
05 – A forma como o autor do
editorial descreve os vírus pode ser considerada mais objetiva ou mais
subjetiva? Justifique sua opinião.
Há uma mistura de
impressões subjetivas e características objetivas dos vírus, evidenciada pelos
adjetivos utilizados e pelas explicações a respeito dos vírus.
06 – Além do assunto
“vírus”, que outras informações podem ser obtidas pela leitura do editorial?
O editorial
também alerta para o fato de não haver muitas publicações em português sobre
vírus.
07 – Qual o objetivo da
revista Scientific American Brasil que se pode depreender da leitura do seu
editorial?
Trata-se de uma
publicação de caráter científico cujo objetivo, nesse texto, é apresentar
estudos e pesquisas sobre o tema vírus ao público leitor brasileiro.
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