terça-feira, 14 de maio de 2019

EDITORIAL: INIMIGOS ÚTEIS - ULISSES CAPOZOLI - COM QUESTÕES GABARITADAS

EDITORIAL: Inimigos úteis
             
                         Ulisses Capozoli

  VÍRUS – CAPAZES DE INFECTAR seres vivos ou, mais recentemente, programas de computadores –, à primeira vista podem ser apenas mais um desses conceitos vagos que aparecem com frequência na mídia. Ao menos para a maioria das pessoas.
      Considerados mais atentamente, no entanto, vírus – que infectam organismos – são estruturas fascinantes.
        Vírus podem ser considerados vivos? A dúvida sobre essa classificação dá a medida da complexidade dessas estruturas que, no entanto, podem ter desempenhado papel fundamental na emergência das mais diferentes formas de vida. Os vírus teriam, por exemplo, esculpido o DNA, o chamado ácido da vida.
        Esta edição especial de SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL dedicada aos vírus, com relato do histórico da descoberta dessas estruturas, investigação sobre atuação e estratégias refinadas para multiplicação em organismos vegetais, animais e humanos, entre outras considerações, tem o objetivo de ampliar o horizonte dos leitores para as amplas potencialidades dessas estruturas. Vírus podem tanto produzir infecções letais como servir de instrumentos terapêuticos. No primeiro caso estão infecções como as da AIDS e, no segundo, estratégias que ampliam a frente de combate ao câncer.
        Independentemente do aspecto prático e imediato, no entanto, os vírus surpreendem de muitas maneiras e sugerem várias ordens de reflexões.
        A mutabilidade dessas estruturas, além de abordagens – que cabem perfeitamente no enfoque matemático da teoria dos jogos – certamente suscita considerações de natureza filosófica mais complexa, e questionamentos sobre a origem e natureza da vida. Cabem ainda outras avaliações como a adoção de estratégicas que, de um ponto de vista ético, interpretaríamos como recursos “trapaceiros”.
        Mas se há dúvida sobre vírus serem ou não estruturas vivas, faz sentido levar a sério a possibilidade de que possam desenvolver estratégias com recurso à trapaça?
        Numa consideração isolada – como sempre ocorre em interpretações não devidamente contextualizadas – pode parecer absurda. Levando-se em conta um conjunto de relatos, como os que integram esta adição especial, no entanto, essa interpretação ganha sentido novo e uma fascinante coerência.
        Para assegurar a qualidade desta edição tivemos a contribuição, na qualidade de consultores especiais, de dois médicos: o especialista em moléstias infecciosas, Francisco Oscar de Siqueira França, do Serviço de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e do Hospital Vital Brasil, do Instituto Butantã. Ele partilhou uma leitura cuidadosa, acompanhada de recomendações, com a médica Noêmia Barbosa Carvalho, assistente do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC.
        Com essa edição esperamos ajudar a minimizar a rarefação de trabalhos na área de virologia publicados em português e dirigidos a leitores não necessariamente especializados.
        Boa Leitura.
                         Ulisses Capozoli. Revista Scientific American Brasil.
N° 28, s/d. Edição especial.
Entendendo o texto:

01 – O editorial escrito por Ulisses Capozoli fornece algumas informações sobre o assunto geral das matérias publicadas nesse número da revista Scientific American Brasil?
      Sim. Ele indica que a revista trata do tema vírus.

02 – O editorial da Scientific American Brasil apresenta uma questão polêmica. Qual?
      Se os vírus são ou não seres vivos.

03 – Essa questão polêmica é respondida ao longo do editorial ou fica em aberto? Na sua opinião, por que isso ocorre?
      A questão fica em aberto, porque o assunto anunciado por ela será tema das matérias publicadas na revista.

04 – Segundo o texto, quais as características de um vírus?
      São seres “fascinantes”, e discute-se se são ou não seres vivos. São também responsáveis por provocar doenças em plantas e animais embora também sejam vetores de pesquisas para a cura de outras doenças e males que afetam os seres vivos.

05 – A forma como o autor do editorial descreve os vírus pode ser considerada mais objetiva ou mais subjetiva? Justifique sua opinião.
      Há uma mistura de impressões subjetivas e características objetivas dos vírus, evidenciada pelos adjetivos utilizados e pelas explicações a respeito dos vírus.

06 – Além do assunto “vírus”, que outras informações podem ser obtidas pela leitura do editorial?
      O editorial também alerta para o fato de não haver muitas publicações em português sobre vírus.

07 – Qual o objetivo da revista Scientific American Brasil que se pode depreender da leitura do seu editorial?
      Trata-se de uma publicação de caráter científico cujo objetivo, nesse texto, é apresentar estudos e pesquisas sobre o tema vírus ao público leitor brasileiro.

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