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sexta-feira, 28 de março de 2025

HISTÓRIA: EVA TUPINAMBÁ - RONALD RAMINELLI - COM GABARITO

 História: EVA TUPINAMBÁ – Fragmento

              Ronald Raminelli

        A FAMÍLIA INDÍGENA

        Para os europeus, as relações de parentesco nas comunidades indígenas eram pouco rígidas, já que o tio poderia desposar a sobrinha. Entretanto, os casamentos entre filho e mãe, filho e irmã e pai e filha eram proibidos. Os enlaces matrimoniais seguiam uma regra muito simples, segundo Léry. Desejando se unir, os varões se dirigiam a uma mulher, viúva ou donzela, e perguntavam sobre sua vontade de casar. Se o interesse fosse recíproco, pediam a permissão do pai ou do parente mais próximo. Depois de obtida a permissão dos parentes, os noivos consideravam-se casados. Não havia cerimônias, nem promessa recíproca de indissolubilidade ou perpetuidade da relação. O marido poderia expulsar a mulher e vice-versa. Se ficassem fartos do convívio, a união estaria desfeita. Ambos poderiam, então, procurar outros parceiros, sem maiores constrangimentos. Entre os selvagens era costume, quando o esposo se enfadava da companheira, presentear outro homem com sua mulher. A maioria dos índios tinha somente uma mulher. A poligamia, porém, era amplamente difundida entre os grandes guerreiros e caciques. Os chefes podiam viver com catorze mulheres sem causar estranhamento. [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDX474BRHBeMQ8vnyU2bN8M2Q999wuiXVZ71Jy553NTnx2j1RLjM0ytQ62zQAUcONoQG8eSip3ST0usFSgfTSupFFJb_-8ordjqlDOmXZRQah1hFEpBHwY5DwOAtWLcj7EVA-E1GIIYMGJFyR7Au4-09yLSDi1K_aPyxAWUhHphw3xYR0VIKR3P1MlTNc/s320/Entre-a-terra-e-a-eternidade-1-322x280.png


        A poligamia, entre os bravos guerreiros, era símbolo de prestígio. Enumerar as esposas era uma forma de homenagear a sua virtude. Quanto maior o número de mulheres, mais valentes eram considerados os homens. Muitas vezes, os pais prometiam suas filhas, ainda meninas, aos chefes da tribo ou aos homens que com eles tivessem amizade. A união realizava-se somente depois que a menina atingisse a idade de casar. O enlace, contudo, persistia até o momento em que se repudiassem mutuamente. O casamento do chefe seguia os mesmos pressupostos de qualquer outra união entre casais da tribo.

        [...]

RAMINELLI, Ronald. Eva Tupinambá. In: História das mulheres no Brasil. São Paulo, Contexto/Unesp, 1997. p. 18-19.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 107-108.

Entendendo a história:

01 – Como os europeus percebiam as relações de parentesco nas comunidades indígenas?

      Os europeus achavam as relações de parentesco indígenas pouco rígidas, estranhando costumes como o casamento entre tio e sobrinha.

02 – Quais tipos de casamento eram proibidos nas comunidades indígenas?

      Casamentos entre filho e mãe, filho e irmã, e pai e filha eram proibidos.

03 – Como funcionava o processo de casamento entre os indígenas, segundo Léry?

      O homem manifestava seu interesse à mulher, e se fosse recíproco, pedia permissão aos pais dela. Após a permissão, eram considerados casados, sem cerimônias ou promessas de união eterna.

04 – Qual a visão dos indígenas sobre a dissolução do casamento?

      O casamento poderia ser desfeito por vontade de ambas as partes, sem constrangimentos, e ambos poderiam buscar novos parceiros.

05 – Como a poligamia era vista nas comunidades indígenas?

      A poligamia era comum entre guerreiros e caciques, sendo um símbolo de prestígio e virilidade.

06 – Qual o papel do número de esposas na sociedade indígena?

      Quanto maior o número de esposas, mais valente e prestigiado o homem era considerado.

07 – Como funcionava o costume de prometer filhas em casamento?

      Pais prometiam suas filhas, ainda meninas, a chefes ou amigos, mas a união só se concretizava quando a menina atingia a idade de casar, podendo ser desfeita por mútuo repúdio.

 

 

terça-feira, 18 de março de 2025

HISTÓRIA: ROBIN HOOD - RUMO A SHERWOOD - FRAGMENTO - TELMA GUIMARÃES CASTRO ANDRADE - COM GABARITO

 História: Robin Hood – Rumo a Sherwood – Fragmento

              Telma Guimarães Castro Andrade

        [...]

        Robin, além de vingar a morte do pai, também queria ajudar o seu povo. Nunca tinha visto tanta gente passando fome, pedindo esmola.

        -- Vamos assaltar os ricos amigos do príncipe e do xerife que passam pelas estradas – explicou Robin. – Eles não tomam o dinheiro dos pobres? Pois então! Vamos tirá-lo dos seus amigos e devolver aos pobres. Que tal?

        -- Mas seremos só nós dois contra muitos soldados! – Will falou sério.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFX2EetZwHo5BzCg4QbVcwOQ99EOBRZuWmj-KjKrRLJ3KEMQg_9NnMeJocl8iZrcA0mMj5NjuerIOcboHzcBGk1YxzqXrUFCoiQUzMX0ezyyZi7ragiHVIJ7R8SMEQEV5Y2GlrFOB8oxNj0ZuG-YE4nBup1A-CWVvp9BjSAkgjwFlE7O6XcU_JVVu0JnA/s320/Robin_Hood_Alla_conquista_di_Sherwood_01.jpg


        -- Aposto que arrumaremos mais gente... – Robin puxou o capuz sobre a cabeça.

        Tinham achado uma grande clareira na floresta. Foi lá que começaram a praticar arco e flexa. Por sorte havia também uma caverna, para abrigo em dias de chuva.

        [...]

        Um assalto

        -- Precisamos de dinheiro! – Robin estava reunido com seus homens na caverna. – Há muita gente passando fome em Nottingham. Temos de ajuda-los.

        -- Soube que um amigo do príncipe está a caminho... – informou João Pequeno. – Parece que está trazendo muito dinheiro.

        -- Vamos assaltar o ricaço! – Robin chamou seus homens. – Precisamos de paus, arcos e muitas flechas. Não se esqueçam de cobrir a cabeça com o capuz.

        Preparariam uma armadilha bem no meio de uma estrada muito estreita. Alguns homens fingiriam consertar uma carroça para abrigar a comitiva a parar. Com isso, eles atacariam pelos lados, saindo do meio das árvores.

        A armadilha funcionou direitinho. Assim que o ricaço desceu da carruagem para ver o que estava acontecendo, Robin o atacou. Num minuto, seus homens dominaram o cocheiro e os demais empregados.

        -- Fiquei sabendo que o senhor carrega muitas moedas de ouro... – Robin saltou do cavalo.

        -- Eu não... – o homem, muito bem vestido, tentou esconder uma caixa.

        -- Vamos! Entregue o dinheiro! – Robin ordenou. – Tenho certeza de que não vai lhe fazer falta. Aposto que tem muito mais que isso! – Robin tomou a caixa do homem.

        -- Tenha piedade, moço... – o homem pediu.

        -- Pois eu tenho. Tenho pena dos pobres, dos miseráveis, dos esfomeados, das pessoas que estão sem casa para morar... Este dinheiro, senhor, vai ajudar os necessitados. É para uma boa causa! Ah, estou vendo que carrega um baú bem grande... Roupas!

        Robin pegou o baú com a ajuda de um de seus homens.

        -- Bondade sua dividir estas roupas com os pobres... – Robin sorriu.

        -- Mas... mas nós vamos ficar sem nada? – o homem estava furioso.

        -- Vão ficar com a roupa do corpo. Muitos não têm nem isso, senhor... – Robin apontou a espada para o corpo do homem.

        -- Vou com... contar tu... tudo ao pri... príncipe... – ele gaguejava.

        Pois conte tudo. Conte que foi... assaltado.

        [...].

Telma Guimarães Castro Andrade. Robin Hood. Telma Guimarães Castro Andrade. (Adap.). São Paulo: Scipione, 1998. p. 7-8. (Reencontro infantil).

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 213-214.

Entendendo a história:

01 – Qual era o principal objetivo de Robin Hood?

      Além de vingar a morte do pai, Robin Hood queria ajudar o povo que passava fome.

02 – Qual era o plano de Robin Hood para ajudar os pobres?

      O plano era assaltar os ricos amigos do príncipe e do xerife que passavam pelas estradas e devolver o dinheiro aos pobres.

03 – Onde Robin Hood e seus homens praticavam arco e flecha e se abrigavam?

      Eles praticavam em uma clareira na floresta e se abrigavam em uma caverna em dias de chuva.

04 – Qual foi o primeiro alvo do assalto de Robin Hood e seus homens?

      O primeiro alvo foi um amigo do príncipe que estava trazendo muito dinheiro.

05 – Como Robin Hood e seus homens prepararam a armadilha para o ricaço?

      Eles fingiram consertar uma carroça em uma estrada estreita para obrigar a comitiva a parar, e então atacaram pelos lados, saindo das árvores.

06 – O que Robin Hood pegou do homem rico além do dinheiro?

      Robin Hood também pegou um baú com roupas, alegando que seriam divididas com os pobres.

07 – Qual foi a reação do homem rico ao ser assaltado?

      O homem ficou furioso e ameaçou contar tudo ao príncipe.

 

domingo, 9 de março de 2025

HISTÓRIA(CONTO): TEREZA BICUDA - (FRAGMENTO) - MARIA JOSÉ SILVEIRA - COM GABARITO

 História (conto): Tereza Bicuda – Fragmento

              Maria José Silveira

        A história de Tereza Bicuda eu mesma não presenciei nem conheço ninguém que tenha presenciado, pois Tereza viveu muito tempo atrás, num tempo bem antigo. O que eu sei é de ouvir contar, mas o João Fonseca dali da venda, sabe quem é? O filho de Safira? Pois ele, sim, já viu com os próprios olhos a ventania assombrada de Tereza Bicuda com seus marimbondos e abelhas jangadas por conta disso passou três dias de cama.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMJ0soViX84enxB5asSL6_QbqcYAKYI7qh2zorMJjznIe2H7vBTYWxXpgHnUnZuOnDgQM1g3LexKKiEp3dLUWVaBbGOYqI-B7dObq0S3eXjxDP0UHTC87KIhFT5WvSBBLN8t1-xL82gieY5xBomo9K2eJeaUO7JB22SAeFwBTjnyefowQXnrkHlMmWNXY/s1600/TEREZA.jpg

        Mas isso foi pouco tempo atrás, ela já morta.

        Ela viva, ninguém daqui conheceu.

        Do tempo em que ela vivia, o que todo mundo sabe é que Tereza Bicuda era uma mulher muito ruim, um poço de maldades, pode-se dizer. Fazia maldades com o pai, com a mãe, com o marido, que a escorraçou de casa.

        Fazia maldades até com as amigas. [...]

        Agora, tinha uma coisa que Tereza amava, pois todo mundo tem. Por pior que seja uma criatura, ela sempre tem um ponto fraco, alguma coisa talvez um pouco perdida, mas que está lá no fundo, escondida em algum canto. Alguma coisa que a faz parecer, por alguns momentos, uma pessoa comum, alguém capaz de algum tipo de emoção boa.

        E essa coisa, para Tereza, era a serra.

        Ela adorava subir a serra e ficar por lá. Às vezes ficava dias lá em cima, sabe Deus onde!, e voltava carregada de cajus e mangabas e essa era a única coisa boa que Tereza fazia na vida: dava as frutas, cada uma mais bonita que a outra, maduras, sumarentas, polpudas, docíssimas, para quem encontrasse no seu caminho aquele dia.

        Quem ganhava essas frutas de Tereza dizia que jamais tinha comido nada igual.

        E assim a vida foi passando, no passo que a vida tem, até que chegou o dia de Tereza morrer e ela morreu, como todo mundo um dia acaba morrendo, não importa o mal nem o bem que tenha feito na vida. Morreu cheia de pecados, mas morreu. E foi enterrada do lado de fora da igreja.

        Tereza era rica, todo mundo sabia, mas como era também muito má e pecadora, e fazia questão de não pôr os pés na igreja, em nenhuma das três igrejas da cidade, nunca pôs os pés em nenhuma delas, o padre nem precisou pensar duas vezes para decidir que ela não merecia ser enterrada dentro de um lugar onde sequer entrava em vida.

        Mandou enterrá-la do lado de fora, num local bem afastado, um local onde só se enterravam os criminosos reconhecidos, mortos sem extrema-unção.

        Ninguém se lembrou, e mesmo se tivesse lembrado, não teria falado porque ninguém gostava dela e não ia de jeito nenhum se dar ao trabalho de pensar em atender seu último pedido, ia?

        Só que teria sido melhor se tivessem se dado ao trabalho, porque foi então que o furdunço começou.

        Começou num dia que o coveiro estava cavando uma cova perto de onde Tereza Bicuda foi enterrada. Ele estava cavando lá, tranquilo, como sempre tinha sido seu jeito de cavar, quando ouviu uma voz meio tremida, meio irritada, meio pedinte, e totalmente macabra, totalmente horrorosa:

        -- Mané Coveiroooooo, meee tiree daquiii!

        Ele, que era coveiro desde menino, desde pequenino trabalhando ao lado do pai também coveiro, estava acostumado demais com tudo aquilo, e não tinha medo de nada, nada mesmo – aliás, minto! Mané Coveiro tinha um medo danado de uma coisa, mas era de uma coisa só, e não tinha nada a ver com defunto nem alma penada, mas isso já é outro caso que, se vocês quiserem, conto depois.

        Naquele dia, no entanto, Mané Coveiro ficou intrigado com aquilo.

        -- Vaia! O que vem a ser isso agora!

        E a voz tremida e horrorosa tornava a gritar:

        -- Mané Coveiroooooo, meee tireee daqui!

        Aquela gritaria toda não parava, e ele, que era coveiro mas não era besta, resolveu sair de perto. Deu por encerrado seu dia de trabalho, fechou o cemitério e foi pra casa descansar a cabeça.

        Quando a noite daquele dia caiu, de repente deu uma ventania pavorosa, dessas de derrubar árvore e até casa mal construída ou muito velha, e o povo todo também escutou uns gritos na rua, gritos horríveis, de presságio e anúncio de coisa ruim.

        A noite inteira assim, uma noite horrorosa que custou a passar e não deixou ninguém da cidade dormir.

        Na manhã seguinte, quando o coveiro foi ver, lá estava o caixão de Tereza Bicuda da banda de fora da sepultura.

        Mané Coveiro matutou um pouco mas fez que não tinha percebido nada, que aquilo era muito normal, e enterrou o caixão de novo, no mesmo local.

        Aí, de noite, aconteceu tudo outra vez, do mesmo jeitinho: a mesma ventania de dar medo, os mesmos gritos na rua, e todo mundo sem poder dormir, com pavor de algo terrível acontecer.

        Na manhã seguinte, de novo o caixão da banda de fora do buraco da cova.

        E Mané Coveiro, outra vez, fez que não estava nem aí, como se estivesse acostumado a ver esse tipo de coisa. Tornou a botar o caixão no seu lugar, do mesmo jeitinho.

        E tudo se repetiu, tudo do mesmo jeito, por várias noites.

        Foi indo, foi indo, com aquelas noites todas de ventania e gritos e aquela ameaça de algo horrível acontecer, o povo começou a ficar tresnoitado. Mané Coveiro também foi ficando cansado de ter que enterrar de novo aquele trambolho daquele caixão, toda manhã.

        Foi então que alguém parece que se lembrou do último desejo da defunta. Será que era isso que queria aquela maldita que não deixava ninguém dormir em paz?

        Por via das dúvidas, os homens mais corajosos da cidade resolveram formar um grupo e se dar ao trabalho de atender ao desejo da defunta e levar seu caixão para a serra.

        E lá enterraram ela, na beira de um córrego que desde então ficou conhecido como o Córrego de Tereza Bicuda.

        [...]

        Agora, se a paz voltou às noites da cidade, naquele lugar, no entanto, nunca ninguém mais chegou perto. Quem tentou, como aquele rapaz, o João Fonseca, filho de Safira, que é teimoso que só ele, conta que os cajus e mangabas que dão ali são os mais bonitos da serra, os mais doces.

        Só que tudo fica lá mesmo, apodrecendo, porque ninguém tem gosto nem coragem de apanhar. Quando alguém mais afoito vai, como esse filho de Safira, não consegue trazer nada. As árvores em volta estão carregadas de caixas pretas de marimbondos e abelhas e faz uma ventania danada no local.

        [...]

 SILVEIRA, Maria José. Tereza Bicuda. In: ______. Uma cidade de carne e osso: casos do interior. São Paulo: FTD, 2004. p. 19; 22-25.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 100-102.

Entendendo a história:

01 – Quem foi Tereza Bicuda?

      Tereza Bicuda foi uma mulher conhecida por sua maldade e por ter vivido há muito tempo atrás.

02 – O que as pessoas diziam sobre as maldades de Tereza?

      As pessoas diziam que Tereza fazia maldades com todos ao seu redor, incluindo seus pais, marido e amigos.

03 – Qual era o único ponto fraco ou paixão de Tereza?

      O único ponto fraco de Tereza era a serra, onde ela gostava de passar dias e coletar frutas.

04 – Qual era a única bondade que Tereza praticava?

      Tereza distribuía as frutas que coletava na serra para as pessoas que encontrava em seu caminho.

05 – Por que Tereza foi enterrada fora da igreja?

      Tereza foi enterrada fora da igreja porque era considerada má e pecadora, e nunca frequentava nenhuma das igrejas da cidade.

06 – O que aconteceu quando o coveiro começou a cavar uma cova perto do túmulo de Tereza?

      O coveiro ouviu uma voz macabra pedindo para ser retirada dali e, durante a noite, o caixão de Tereza apareceu fora da sepultura.

07 – O que acontecia todas as noites após o enterro de Tereza?

      Todas as noites, uma ventania pavorosa e gritos eram ouvidos na cidade, e o caixão de Tereza aparecia fora da cova.

08 – Qual foi a solução encontrada para acalmar o espírito de Tereza?

      Os moradores da cidade decidiram atender ao último desejo de Tereza e enterraram seu caixão na serra, perto de um córrego.

09 – O que acontece com as frutas que crescem perto do túmulo de Tereza na serra?

      As frutas que crescem perto do túmulo de Tereza são bonitas e doces, mas ninguém tem coragem de pegá-las devido à presença de marimbondos e abelhas, além da ventania no local.

10 – Qual a mensagem principal do conto?

      O conto explora temas como a maldade, o arrependimento, o medo do desconhecido e a importância de respeitar os desejos dos outros, mesmo após a morte.

 

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

HISTÓRIA: O CORREIO-CORUJA - (FRAGMENTO) - J.K. ROWLING - COM GABARITO

 História: O Correio-coruja – Fragmento

              J. K. Rowling

        Harry Potter era um menino bastante fora do comum em muitas coisas. Para começar, ele detestava as férias de verão mais do que qualquer outra época do ano. Depois, ele realmente queria fazer seus deveres de casa, mas era obrigado a fazê-los escondido, na calada da noite. E, além de tudo, também era bruxo.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij-YtCPoet1ScVHuzuDjpY4RZM2-CkI0z2QM0UuVD6qP7o0f1XjWmNxA9JLqYBREGWLQhyphenhyphenbthFVy_gDM6hWE7Lf9YBNPU307P3oJNxPaQ4-40xVF2if15eRF4HicNE7CMnhPY_VKf-Ayjd89azBya27ydBBUzfroCsvksLEev2Gt7S1-oSrwhP4nL8738/s1600/CORREIO.jpg

        Era quase meia-noite e Harry estava deitado de bruços na cama, as cobertas puxadas por cima da cabeça como uma barraca, uma lanterna em uma das mãos e um grande livro encadernado em couro (História da Magia de Batilda Bagshot), aberto e apoiado no travesseiro. Harry correu a ponta da caneta de pena de águia pela página, franzindo a testa, à procura de alguma coisa que o ajudasse a escrever sua redação, “A queima de bruxas no século XIV foi totalmente despropositada — discuta”.

        A caneta pousou no alto de um parágrafo que pareceu a Harry promissor. Ele empurrou os óculos redondos para a ponta do nariz, aproximou a lanterna do livro e leu:

        Os que não são bruxos (mais comumente conhecidos pelo nome de (trouxas) tinham muito medo da magia na época Medieval, mas não tinham muita capacidade para reconhecê-la. Nas raras ocasiões em que apanhavam um bruxo ou uma bruxa de verdade, a sentença de queimá-los na fogueira não produzia o menor efeito. O bruxo, ou bruxa, executava um Feitiço para Congelar Chamas e depois fingia gritar de dor, enquanto sentia uma cocegazinha suave e prazerosa. De fato, Wendelin, a Esquisita, gostava tanto de ser queimada na fogueira que se deixou apanhar nada menos que quarenta e sete vezes, sob vários disfarces.

        Harry prendeu a caneta entre os dentes e passou a mão embaixo do travesseiro à procura do tinteiro e de um rolo de pergaminho. Devagar e com muito cuidado, retirou a tampa do tinteiro, molhou a pena e começou a escrever, parando de vez em quando para escutar, porque se algum dos Dursley, a caminho do banheiro, ouvisse sua pena arranhando o pergaminho, ele provavelmente ia acabar trancafiado no armário embaixo da escada pelo resto do verão.

        A família Dursley, que morava na Rua dos Alfeneiros, 4, era o motivo pelo qual Harry jamais aproveitava as férias de verão. Tio Válter, tia Petúnia e o filho deles, Duda, eram os únicos parentes vivos de Harry. Eram trouxas e tinham uma atitude muito medieval com relação à magia. Os pais de Harry, já falecidos, que tinham sido bruxos, nunca eram mencionados sob o teto dos Dursley. Durante anos, tia Petúnia e tio Válter tinham alimentado esperanças de que, se oprimissem Harry o máximo possível, seriam capazes de acabar com a magia que houvesse nele. Para sua fúria, tinham fracassado. Agora, viviam aterrorizados que alguém pudesse descobrir que Harry passara a maior parte dos últimos dois anos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. O máximo que podiam fazer, porém, era trancar os livros de feitiços, a varinha, o caldeirão e a vassoura de Harry no início das férias de verão e proibir que o menino falasse com os vizinhos. [...]

ROWLING, J. K. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. p. 9-10.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 30-31.

Entendendo a história: 

01 – Por que Harry Potter detesta tanto as férias de verão?

      Harry detesta as férias de verão porque tem que passar esse período com seus tios trouxas, os Dursley, que o maltratam e não aceitam sua condição de bruxo. Eles o obrigam a viver em um ambiente hostil e reprimido, o oposto do mundo mágico de Hogwarts.

02 – Qual a relação de Harry com a magia durante as férias?

      Durante as férias, Harry é privado de sua magia. Seus livros, varinha e outros objetos mágicos são escondidos, e ele é proibido de praticar qualquer tipo de feitiçaria. Essa privação o frustra e o faz sentir-se isolado e diferente.

03 – Como os Dursley reagem à magia de Harry?

      Os Dursley têm medo e desprezo pela magia. Eles acreditam que a magia é algo ruim e perigoso, e fazem de tudo para negar a existência dela e reprimir os poderes de Harry.

04 – Qual a importância da escrita para Harry?

      A escrita é uma forma de escape para Harry. Ao escrever sua redação, ele se transporta para um mundo mágico, onde pode explorar sua imaginação e se conectar com sua verdadeira identidade.

05 – O que revela a história de Wendelin, a Esquisita, sobre a perseguição aos bruxos?

      A história de Wendelin, que se deixava capturar repetidamente para ser queimada na fogueira, revela o absurdo da perseguição aos bruxos na Idade Média. Ela mostra que os bruxos eram frequentemente vítimas de preconceito e medo, e que muitas vezes se divertiam com a situação, demonstrando sua superioridade mágica.

06 – Qual o papel da escola de Hogwarts na vida de Harry?

      Hogwarts representa um refúgio para Harry, um lugar onde ele pode ser ele mesmo e aprender sobre sua magia. A escola oferece a Harry um senso de pertencimento e o contato com outras pessoas como ele.

07 – O que o fragmento revela sobre o caráter de Harry Potter?

      O fragmento mostra que Harry é um menino inteligente, curioso e resiliente. Ele enfrenta as adversidades com coragem e não se deixa abater pelas dificuldades. Além disso, Harry possui um senso de justiça e compaixão, características que o farão se tornar um grande bruxo e um herói.

 

 

domingo, 1 de dezembro de 2024

HISTÓRIA: LEVIATÃ - FRAGMENTO- THOMAS HOBBES - COM GABARITO

 História: Leviatã – Fragmento

              Thomas Hobbes

        [...]

        É certo que há algumas criaturas vivas, como as abelhas e as formigas, que vivem sociavelmente um com as outras (e por isso são contadas por Aristóteles entre as criaturas políticas), sem outra direção senão seus juízos e apetites particulares, nem linguagem através da qual possam indicar umas às outras o que consideram adequado para o benefício comum. Assim, talvez haja alguém interessado em saber por que a humanidade não pode fazer o mesmo. Ao que tenho a responder o seguinte.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGgYtil6lb2ZNV9ML-bmtTsbfl5IwRz07ZQ9iaZWZYa1xq6J-ILDg7-p8G4BWeR1-ppJ6PYoR41-T__pr3EgAdMo2xlYxqTfn3613hpluYL9Vg2pNntwo7ixjlm9K141Lke9rU75lJ_GEX1kZ67Ftcm20HPIxF15KgZvRRr8Ohl5qtqo8DbYXpaP7JZSw/s320/SOCIAL.jpeg


        Primeiro, que os homens estão constantemente envolvidos numa competição pela honra e pela dignidade, o que não ocorre no caso dessas criaturas. E é devido a isso que surgem entre os homens a inveja e o ódio, e finalmente a guerra, ao passo que entre aquelas criaturas tal não acontece.

        Segundo, que entre essas criaturas não há diferença entre o bem comum e o bem individual e, dado que por natureza tendem para o bem individual, acabam por promover o bem comum. Mas o homem só encontra felicidade na comparação com os outros homens, e só pode tirar prazer do que é eminente.

        Terceiro, que, como essas criaturas não possuem (ao contrário do homem) o uso da razão, elas não veem nem julgam ver nenhum erro na administração de sua existência comum. Ao passo que entre os homens são em grande número os que se julgam mais sábios e mais capacitados que os outros para o exercício do poder público. E esses esforçam-se por empreender reformas e inovações, uns de uma maneira e outros doutra, acabando assim por levar o país à desordem e à guerra civil. [...]

Thomas Hobbes. “Leviatã”. In: Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2004, p. 142.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 291.

Entendendo a história: 

01 – Qual a principal diferença entre a organização social de abelhas e formigas e a dos seres humanos, segundo Hobbes?

      A principal diferença reside na busca por honra e dignidade. Enquanto as abelhas e formigas agem por instinto e visam o bem comum de forma natural, os seres humanos são motivados pela competição, pela inveja e pelo desejo de superioridade. Essa busca constante por reconhecimento e poder leva à desordem e à guerra entre os homens.

02 – Como Hobbes explica a dificuldade dos seres humanos em viver em sociedade sem um poder central?

      Hobbes argumenta que a ausência de um poder central forte leva à guerra de todos contra todos, pois os homens são, por natureza, egoístas e ambiciosos. Sem um poder capaz de impor a ordem e garantir a segurança, os indivíduos se veem constantemente ameaçados e competem uns com os outros por recursos e poder.

03 – Qual a importância da razão na organização social, segundo Hobbes?

      A razão, para Hobbes, é uma ferramenta ambígua. Por um lado, ela permite aos homens reconhecer a necessidade de um poder comum para garantir a paz e a segurança. Por outro lado, a crença na própria sabedoria e a busca por reformas levam à desordem e à guerra civil, pois os homens discordam sobre a melhor forma de organizar a sociedade.

04 – Como Hobbes concebe o bem comum?

      Para Hobbes, o bem comum é subjetivo e varia de acordo com os interesses de cada indivíduo. Não existe um bem comum objetivo e universal, mas sim uma busca constante por satisfazer os desejos e as necessidades individuais. A busca por poder e reconhecimento é, portanto, uma expressão do egoísmo humano e impede a construção de um bem comum compartilhado.

05 – Qual a relação entre a natureza humana e a formação do Estado, segundo Hobbes?

      Hobbes estabelece uma relação direta entre a natureza humana e a formação do Estado. A natureza egoísta e competitiva dos homens torna a vida em estado de natureza, ou seja, sem um poder central, insustentável. Para garantir a paz e a segurança, os homens devem renunciar a parte de sua liberdade e estabelecer um contrato social, submetendo-se ao poder de um soberano absoluto.

06 – Qual o papel do soberano no Estado hobbesiano?

      O soberano, segundo Hobbes, possui um poder absoluto e indivisível, sendo a única fonte de lei e ordem na sociedade. Sua função é garantir a segurança dos súditos e evitar que eles retornem ao estado de natureza. O soberano pode ser um indivíduo ou uma assembleia, mas em ambos os casos, seu poder deve ser irrestrito.

07 – Quais as críticas que podem ser feitas à teoria política de Hobbes?

      A teoria política de Hobbes tem sido criticada por diversos autores, que apontam, por exemplo, o caráter excessivamente pessimista de sua visão da natureza humana e a justificativa do poder absoluto do soberano. Outras críticas se referem à falta de limites ao poder do soberano e à possibilidade de abusos por parte deste.

 

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

HISTÓRIA: O PRÍNCIPE MAQUIAVEL - CAP.XXV - FRAGMENTO - NICOLAU MAQUIAVEL - COM GABARITO

 História: O Príncipe Maquiavel – cap. XXV – Fragmento

        DE QUANTO PODE A FORTUNA NAS COISAS HUMANAS E DE QUE MODO SE LHE DEVA RESISTIR

        Não ignoro que muitos têm tido e têm a opinião de que as coisas do mundo sejam governadas pela fortuna e por Deus, de forma que os homens, com sua prudência, não podem modificar nem evitar de forma alguma; por isso poder-se-ia pensar não convir insistir muito nas coisas, mas deixar-se governar pela sorte. Esta opinião tornou-se mais aceita nos nossos tempos pela grande modificação das coisas que foi vista e que se observa todos os dias, independente de qualquer conjetura humana. Pensando nisso algumas vezes, em parte inclinei-me em favor dessa opinião.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiA8dWaD5HMSOSLc903rxVG8PQms0TuHdXW65UGkeqD5Tl_6AYqvC8PBTWJOzw0cI5P98Ynmm1cL9Xk3XYj7Qr06P3AiPLSft8Dl1kN1UAqn7DiiXgMZHVuQ1xNkAB5DNUgg7LZJXM4GPr_QG2VafU1nFhlEHLin9Z4lOyWKJFsPLAQgYynmYfyMPcaExI/s320/o-principe.jpg


        Contudo, para que o nosso livre arbítrio não seja extinto, julgo poder ser verdade que a sorte seja o árbitro da metade das nossas ações, mas que ainda nos deixe governar a outra metade, ou quase. Comparo-a a um desses rios torrenciais que, quando se encolerizam, alagam as planícies, destroem as árvores e os edifícios, carregam terra de um lugar para outro; todos fogem diante dele, tudo cede ao seu ímpeto, sem poder opor-se em qualquer parte. E, se bem assim ocorra, isso não impedia que os homens, quando a época era de calma, tomassem providências com anteparos e diques, de modo que, crescendo depois, ou as águas corressem por um canal, ou o seu ímpeto não fosse tão desenfreado nem tão danoso.

        [...].

Nicolau Maquiavel. O príncipe (tradução Márcio Plugliese). Curitiba: Hemus, 2002, p. 169.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 110-111.

Entendendo a história:

01 – Qual a principal tese defendida por Maquiavel nesse fragmento?

      A principal tese é que a fortuna, ou seja, o acaso e as circunstâncias externas, exercem um papel significativo nas vidas dos homens e nos acontecimentos históricos. No entanto, Maquiavel argumenta que a ação humana, representada pela virtude, também desempenha um papel fundamental, permitindo que os indivíduos influenciem os eventos e minimizem os impactos da fortuna.

02 – Qual a comparação utilizada por Maquiavel para ilustrar a relação entre a fortuna e a ação humana?

      Maquiavel compara a fortuna a um rio torrencial. Assim como um rio inunda as planícies e destrói tudo em seu caminho, a fortuna pode causar grandes mudanças e transtornos. No entanto, os homens podem construir diques e canais para controlar o fluxo das águas, assim como podem tomar medidas para mitigar os efeitos da fortuna.

03 – Qual a importância da virtude na visão de Maquiavel?

      A virtude, para Maquiavel, representa a capacidade do indivíduo de agir com prudência, coragem e sagacidade. É através da virtude que o príncipe pode tomar decisões acertadas, antecipar os acontecimentos e aproveitar as oportunidades que a fortuna lhe oferece. A virtude permite que o indivíduo não seja apenas um mero espectador dos eventos, mas um agente ativo na construção de seu próprio destino.

04 – Como a ideia de livre arbítrio se relaciona com a influência da fortuna?

      Maquiavel reconhece a influência da fortuna, mas não a considera determinante. Ele acredita que os seres humanos possuem livre arbítrio, ou seja, a capacidade de escolher suas ações. A virtude permite que os indivíduos exerçam esse livre arbítrio de forma a moldar os acontecimentos e superar os obstáculos impostos pela fortuna.

05 – Qual a implicação prática das ideias de Maquiavel para os governantes?

      Para Maquiavel, os governantes devem ser virtuosos, ou seja, capazes de tomar decisões estratégicas e adaptar-se às circunstâncias. Ao mesmo tempo, eles devem estar preparados para lidar com os imprevistos e as mudanças que a fortuna pode trazer. A combinação de virtude e adaptabilidade é essencial para que um governante possa manter o poder e garantir a estabilidade do Estado.

 

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

HISTÓRIA: O PEQUENO PRÍNCIPE - CAP.XXI - FRAGMENTO - ANTOINE SAINT-EXUPERY - COM GABARITO

 História: O Pequeno Príncipe – Cap. XXI – Fragmento

        [...]

        – Bom dia – disse a raposa.

        – Bom dia – respondeu polidamente o principezinho.

        – Eu estou aqui – disse a voz –, debaixo da macieira…

        – Quem és tu? – perguntou o principezinho. Tu és bem bonita.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYjpq8hp0nwHEzVxN8I9wWHgSTbhpmoQ299cnQZJKGZD-uUgBrTOmyNZpBbzLtqiqVLJqnddzR4z3p35zATWMVsWpl7vwIIhjhrKXZC5llKO_b7UaufSr3ZJgYcPjKJTqXtXYXmNACqW0LnPGBqDmLrTeUgFyLxiEGqOytg5nDiJNjFgFVq03jb33vkxY/s320/raposa-capa.jpg


        – Sou uma raposa – disse a raposa.

        – Vem brincar comigo – propôs o principezinho. Estou tão triste…

        – Eu não posso brincar contigo – disse a raposa. – Não me cativaram ainda.

        – Ah! Desculpa – disse o principezinho.

        Após uma reflexão, acrescentou:

        – Que quer dizer “cativar”?

        – Tu não és daqui – disse a raposa. – Que procuras?

        – Procuro os homens – disse o principezinho. – Que quer dizer “cativar”?

        – Os homens – disse a raposa, – têm fuzis e caçam. – É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?

        – Não – disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?

        – É uma coisa muito esquecida – disse a raposa. Significa “criar laços…”

        – Criar laços?

        – Exatamente – disse a raposa. – Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…

        [...]

        A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

        – Por favor… cativa-me! – disse ela.

        – Bem quisera – disse o principezinho –, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

        – A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa. – Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

        [...]

SAINT-EXUPÉRY, Antoine. O Pequeno Príncipe. Trad. Dom Marcos Barbosa. Rio de Janeiro: Agir, 1974. p. 67-70.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 46.

Entendendo a história:

01 – O que a raposa quer dizer com "cativar"?

      A raposa utiliza a palavra "cativar" para expressar a criação de um vínculo único e especial com outra pessoa. É um processo de se tornar essencial um para o outro, transcendendo a superficialidade e a quantidade para alcançar a qualidade da amizade.

02 – Qual a crítica implícita da raposa à sociedade dos homens?

      A raposa critica a sociedade consumista dos homens, que valoriza a quantidade sobre a qualidade e busca relações superficiais e prontas. A falta de tempo para cultivar amizades genuínas é um reflexo dessa sociedade apressada.

03 – Por que a raposa afirma que "a gente só conhece bem as coisas que cativou"?

      A raposa sugere que o verdadeiro conhecimento se constrói através da experiência e do envolvimento emocional. Ao "cativar" algo ou alguém, dedicamos tempo e atenção para explorá-lo em profundidade, estabelecendo uma conexão única e significativa.

04 – Qual a importância do tempo na construção de uma amizade, segundo o texto?

      O tempo é fundamental para a construção de uma amizade verdadeira. É necessário dedicar tempo para se conhecer, compartilhar experiências e criar memórias juntos. A pressa e a superficialidade impedem o desenvolvimento de vínculos profundos e duradouros.

05 – Qual a relação entre a ideia de "ser único" e o ato de "cativar"?

      Ser único está diretamente ligado ao ato de "cativar". Ao se conectar verdadeiramente com alguém, reconhecemos sua singularidade e valorizamos suas qualidades específicas. Essa conexão exclusiva torna cada indivíduo único aos olhos do outro.

06 – Que ensinamento sobre a amizade podemos extrair desse diálogo entre o príncipe e a raposa?

      O diálogo nos ensina que a amizade é um tesouro que precisa ser cultivado com paciência e dedicação. É preciso ir além das aparências e buscar a conexão emocional para construir laços verdadeiros e duradouros.

07 – Como podemos aplicar esse ensinamento em nossas próprias vidas?

      Podemos aplicar esse ensinamento cultivando a presença e a atenção nas nossas relações interpessoais, valorizando a qualidade sobre a quantidade e buscando conexões autênticas e significativas. Além disso, podemos dedicar tempo para conhecer as pessoas ao nosso redor e criar experiências compartilhadas que fortaleçam os laços de amizade.