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segunda-feira, 10 de junho de 2019

POEMA: SONETO LXII - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

Poema: SONETO LXII
         
   Cláudio Manuel da Costa

Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte rico, e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,


Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia;
E o que te agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.

                 In: Péricles Eugênio da Silva Ramos, org. Poemas de
Cláudio Manuel da Costa. São Paulo: Cultrix, 1976. p. 63.
Entendendo o poema:
01 – O eu lírico do poema, no 1° verso, em “Torno a ver-vos, ó montes”, menciona um regresso.

a)   De onde vem o eu lírico e onde ele se encontra de volta?
O eu lírico vem dos campos, onde ele afirma ter deixado os “gabões grosseiros” para as cidades, onde passou a usar o “Traje da corte rico e fino”. Ele se encontra novamente na área rural, nos campos, pois percebeu que ali ele poderia descansar e livrar-se das correrias e dos problemas das cidades.

b)   Logo, o eu lírico é um homem urbano ou rural?
Portanto, o eu lírico é um homem rural. Porém, ele só permanece rural atualmente porque já experimentou ser urbano, o que o corrompeu e o fez voltar à vida nos campos que tinha.

c)   Como o eu lírico se sentia antes e como se sente agora? Justifique sua resposta com palavras ou expressões do texto.
Ao citar: “... chega a ter mais preço e mais valia, que da cidade o lisonjeiro encanto” e “E o que até agora se tornaria em pranto, se converta em afetos de alegria”, o eu lírico demonstra como era sua situação nas cidades e como ela é, atualmente, nos campos.

02 – De acordo com a visão expressa pelo eu lírico, faça uma contraposição entre os dois espaços mencionados no poema:
a)   Quanto ao aspecto material.
Material refere-se ao espaço urbano, apesar da riqueza material, há pobreza em relação aos aspectos espirituais. Existe uma grande quantidade de riquezas, mas é isso que corrompe o homem.

b)   Quanto ao aspecto espiritual.
Já no espaço rural, há pobreza em relação aos aspectos materiais, mas é isso que faz com que as pessoas sejam ricas no espírito, isto é, sejam felizes, humildes, caridosas, bondosas...

03 – O poema apresenta como temática:
a) o encanto que a vida na cidade produz.
b) a vida sofrida e cansativa no meio rural.
c) a superioridade do ambiente rural em relação ao urbano.
d) a superioridade do ambiente urbano em relação ao rural.

04 – O interlocutor do eu lírico é:
a) os montes       
b) Corino         
c) Almendro      
d) os vaqueiros

05 – “Torno a ver-vos, ó montes; o destino/Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;” os versos destacados revelam
a) saudade       
b) regresso         
c) arrependimento      
d) decepção.

06 – De acordo com os versos do poema, o eu lírico:
a) lamenta sua saída da Corte.
b) expressa desprezo pela choupana.
c) planeja retornar a Corte.
d) valoriza a vida simples e natural.

07 – Segundo o texto, a vida na Corte para o eu lírico:
a) tem mais valia.
b) gerava infelicidade.
c) tinha mais afeto.
d) era cheia de alegria.



sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

POESIA: DESTES PENHASCOS FEZ A NATUREZA- CLÁUDIO MANUEL COSTA- COM GABARITO

POESIA :Destes penhascos fez a natureza
                 Cláudio Manuel Costa

 Nestes versos, a paisagem de Minas Gerais desempenha papel muito importante no desenvolvimento do soneto.

Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara


Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza.

Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei, que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.

           Costa, Cláudio Manuel da. In: Proença Filho, Domício (Org.).
      A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Aguilar, 1996. p. 95.
Interpretação do texto:

01 – Na segunda estrofe, ocorre uma personificação do Amor. Como ele é apresentado?
      O Amor é apresentado como um guerreiro forte, que vence os tigres, e que toma como objetivo render o eu lírico, declarando-lhe guerra ao coração.

a)   Qual é a imagem utilizada na terceira estrofe pelo eu lírico para se referir a esse Amor? Explique o uso dessa imagem.
O eu lírico se refere ao sentimento amoroso como um “cego engano”, do qual ele não conseguiu fugir. Ao utilizar essa imagem, o eu lírico associa o Amor a algo que lhe causa sofrimento, mas que, mesmo assim acaba por vencê-lo.

02 – Quem é i interlocutor a quem o eu lírico se dirige na última estrofe? O que o eu lírico lhe diz?
      O eu lírico dirige-se às pedras. Ele diz para temerem a ferocidade do Amor (caracterizado como “tirano”), que mais se empenha onde há mais resistência.

03 – No soneto transcrito, o poeta evidencia uma forte característica de sua obra: a incorporação de elementos da paisagem local ao cenário árcade. Qual é o elemento local presente no texto?
      O elemento da paisagem local (Minas Gerais) incorporado é o cenário rochoso (penhascos e penhas).

a)   Que relação, o eu lírico estabelece, na primeira estrofe, entre esse cenário e si mesmo? Explique.
O eu lírico marca a oposição entre o cenário e sua alma: seria de esperar que entre as rochas que caracterizam o cenário se encontrasse um “peito forte”, mas entre as “penhas” se criou uma “alma terna” e um “peito sem dureza”, que não consegue resistir à guerra que o Amor declara contra ele.

04 – A apresentação do cenário é importante para o desenvolvimento do tema do soneto. Explique de que maneira o eu lírico relaciona o cenário em que nasceu a esse tema.
      O eu lírico opõe a dureza do cenário à força do Amor. Nem mesmo um cenário como esse garantiu sua proteção contra o sentimento que o tomou, conforme se observa na segunda estrofe do soneto final, o eu lírico alerta as “penhas” sobre a tirania do amor que será mais forte quanto mais resistência houver. Poderíamos dizer que, nessa estrofe, o eu lírico sugere que cenário “duro” é o que determina a força maior que o Amor empregará para vencer seu adversário.

05 – De acordo com o soneto, o que significa as palavras abaixo:
·        Penha: rocha.
·        Render: sujeitar, dominar, vencer.
·        Apurar-se: esmerar-se, esforçar-se, aplicar-se.

06 – Qual é a causa da perplexidade do sujeito lírico, expressa na primeira estrofe?
      A causa da sua perplexidade é a constatação da diferença entre a ternura de sua alma e a dureza da paisagem de pedra, onde ele se criou.

07 – Quase duzentos anos depois, em 1940, outro poeta da mesma região de Minas Gerais publicou os seguintes versos:
        “Alguns anos vivi em Itabira.
        Principalmente nasci em Itabira.
        Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
        Noventa por cento de ferro nas calçadas.
        Oitenta por cento de ferro nas almas.
        E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.”
                                                     Carlos Drummond de Andrade

a)   Qual é a semelhança entre o soneto de Cláudio e os versos de Drummond?
Ambos estabelecem relações entre a alma e a paisagem da terra natal.

b)   Qual é a diferença entre as comparações feitas pelos dois poetas?
Para Cláudio, a alma é terna, contrastando com a dureza da paisagem de pedra.
Para Drummond, a alma tem quase o mesmo teor de ferro que as pedras de Itabira.

08 – Cláudio utilizou os elementos convencionais da paisagem neoclássica (locus amoenus)? Justifique sua resposta.
      Não. Os elementos que compõem a paisagem neoclássica são suaves, idealizados e artificiais, como um jardim; os elementos utilizados pelo poeta são duros, grosseiros e realistas – a paisagem rochosa de Minas.

09 – Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor.
a)   Qual foi a decisão tomada pelo Amor, em relação ao sujeito lírico?
O Amor decidiu dominá-lo.

b)   Segundo a última estrofe, a dureza da pedra seria defesa suficiente contra o Amor? Por quê?
Não. Porque o Amor se torna mais forte em quem mais resiste a ele.