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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

SONETO: PASTORES, QUE LEVAIS AO MONTE O GADO - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

 Soneto: Pastores, que levais ao monte o gado

             Cláudio Manuel da Costa

Pastores, que levais ao monte o gado,
Vêde la como andais por essa serra;
Que para dar contagio a toda a terra,
Basta ver-se o meu rosto magoado:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRmzidddgOFVY549tHEABH-70sFrXQd-GBMJM54Qu0C23EN6mfIVuFU1Df-QSQ_-hyXZYiJHu8ejcVYxQ2ezqGuT8ITbmXnDIBZEDGSamVWzdGVGfElGH_kQBXvugOX6bTWrn81MfI1sunWuB4Cx0mXZyMhblJPnmds-XxwUTRCUZXEG9ZAaH4NBt2CbA/s320/Rumunia_5806.jpg



Eu ando (vós me vedes) tão pezado;
É a Pastora infiel, que me faz guerra,
E’ a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martirio tão cansado.

Se a quereis conhecer, vinde commigo,
Vereis a formozura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:

Deixai, não a vejais; eu volo imploro;
Que se seguir quizerdes o que eu sigo,
Chorareis, ó Pastores, o que eu choro.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 116.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto?

      O tema central do soneto é o sofrimento do eu lírico (o poeta) causado por um amor não correspondido. Ele expressa sua dor e desilusão amorosa, comparando-a a um contágio que pode se espalhar.

02 – Quem são os "pastores" mencionados no soneto e qual é o seu papel?

      Os "pastores" são figuras que representam a tranquilidade e a despreocupação. O poeta os adverte sobre os perigos da serra, tanto os perigos físicos quanto o perigo de se depararem com a sua dor, que é tão intensa que pode "contagiar" a todos.

03 – Como o poeta descreve a causa de seu sofrimento?

      O poeta descreve a causa de seu sofrimento como sendo a "Pastora infiel", que lhe faz guerra e é a fonte de seu "martírio cansado". Ele a idealiza como possuidora de uma beleza que ele adora, mas que ao mesmo tempo é a causa de sua dor.

04 – Por que o poeta adverte os pastores para não verem a Pastora?

      O poeta adverte os pastores para não verem a Pastora porque ele não quer que eles sintam a mesma dor que ele sente. Ele expressa um misto de amor e ódio, pois ao mesmo tempo em que a adora, reconhece que ela é a causa de seu sofrimento.

05 – Quais são as características estilísticas marcantes do soneto?

      O soneto apresenta características típicas do Arcadismo, como a idealização da natureza e a presença de elementos pastoris. A linguagem é contida e elegante, buscando a beleza formal e a expressão equilibrada dos sentimentos. O soneto também explora a oposição entre a tranquilidade dos pastores e a dor do poeta.

 

 

SONETO: LEIA A POSTERIDADE, Ó PÁTRIO RIO - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

 Soneto: Leia a posteridade, ó pátrio Rio

             Cláudio Manuel da Costa

Leia a posteridade, ó patrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado,
Porque vejas uma hora despertado
O somno vil do esquecimento frio:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfefNwM4_M9UYQ58CdSzT2VWUPLJHqf9yNP0C5ChO-1HuQy1fr295854GXF2mZ24TBd8rZj-DNS0-6Vh-ZFEShAlyTG3OLRq0S7ymPRj1i2yRK5_dv5mJw5DL4s9eiDJNR-mNP62lk1xSXzNZRauhWtSW_6kvjFGMqp0Y8CahnKsbiLBP2_Xej_E_WsBQ/s1280/PATRIO.jpg

 



Não vês nas tuas margens o sombrio,
Fresco assento de um álamo copado;
Não vês Ninfa cantar, pastar o gado
Na tarde clara do calmoso estio.

Turvo banhando as pallidas arêas
Nas porções do riquissimo thezouro
O vasto campo da ambição recrêas.

Que de seus raios o Planeta louro,
Enriquecendo o influxo em tuas vêas,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.

In: Sérgio Buarque de Holanda. Antologia dos poetas brasileiros coloniais. São Paulo, Perspectiva, 1979.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 108.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto "Leia a posteridade, ó pátrio Rio"?

      O tema central do soneto é a busca pela imortalidade através da poesia. O poeta deseja que seu nome e o do rio sejam lembrados pelas futuras gerações, perpetuados nos versos que ele escreve.

02 – Que elementos da natureza são mencionados no soneto e qual o seu significado?

      O soneto menciona o rio, o álamo, a ninfa e o gado. Esses elementos representam a natureza idealizada do Arcadismo, um cenário bucólico e harmonioso que contrasta com a realidade da ambição e da exploração.

03 – Qual é a crítica presente no soneto em relação à ambição humana?

      O poeta critica a ambição humana, que transforma o rio e suas margens em um "vasto campo" de exploração em busca de riquezas. Essa ambição é contrastada com a beleza e a simplicidade da natureza, que é desfigurada pela ação do homem.

04 – O que significa a expressão "Quanto em chamas fecunda, brota em ouro"?

      Essa expressão refere-se à exploração do ouro, que transforma a terra em "chamas" (metáfora para a atividade de mineração) e, em seguida, produz o metal precioso. Ela representa a busca desenfreada por riquezas, que pode ser destrutiva para a natureza.

05 – Qual é a importância do soneto "Leia a posteridade, ó pátrio Rio" na obra de Cláudio Manuel da Costa?

      O soneto é importante por expressar a visão do poeta sobre a natureza, a ambição humana e a busca pela imortalidade. Ele revela a influência do Arcadismo na obra de Cláudio Manuel da Costa, com sua idealização da natureza e sua crítica à exploração desenfreada. Além disso, o soneto demonstra a habilidade do poeta em utilizar a forma do soneto para expressar seus sentimentos e reflexões de forma concisa e expressiva.

 

 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

SONETO: DEIXA, QUE POR UM POUCO AQUELE MONTE - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

 Soneto: Deixa, que por um pouco aquele monte

             Cláudio Manuel da Costa

Deixa, que por um pouco aquele monte
Escute a glória, que a meu peito assiste:
Porque nem sempre lastimoso, e triste
Hei de chorar à margem desta fonte.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiGGNQxomif2Whjz6nmr1cAzdAwgN8a-1pi3GjgIEhKpvGJZrxg8T03MkflBGDiDV45st16D0S6SckST4Gu1XIViXporHoAk5vE4sfZ5JM9f2j8naTMO9zb9nRFOOzcS9ZrKgVF0x_BrLSwmngb1kMUvH_ijh2ezqT6xAKSo2PPC2JN81srgWwmJgCgyw/s1600/MONTE.jpg



Agora, que nem sombra há no horizonte,
Nem o álamo ao zéfiro resiste,
Aquela hora ditosa, em que me viste
Na posse de meu bem, deixa, que conte.

Mas que modo, que acento, que harmonia
Bastante pode ser, gentil pastora,
Para explicar afetos de alegria!

Que hei de dizer, se esta alma, que te adora,
Só costumada às vozes da agonia,
A frase do prazer ainda ignora!

NÚPILL – Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e linguística. http://www.cce.ufsc.br/-nupill/literatura/claudio.html#SONETOS. (Consulta em junho/2003).

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 455.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto?

      O tema central do soneto é a expressão da alegria do poeta ao se encontrar com sua amada pastora. Ele deseja compartilhar essa felicidade com a natureza ao redor, após um período de tristeza e lamentações.

02 – Qual é a mudança de sentimento expressa no soneto?

      O soneto marca uma transição do sofrimento e da tristeza para a alegria. O poeta, que antes chorava à margem da fonte, agora deseja compartilhar sua felicidade com o monte, que testemunhou suas lamentações.

03 – Que elementos da natureza são mencionados no soneto e qual é o seu significado?

      O soneto menciona o monte, a fonte, o horizonte e o álamo. Esses elementos representam a natureza como testemunha dos sentimentos do poeta. O monte e a fonte são particularmente importantes, pois foram cenários de suas tristezas passadas, e agora ele deseja que compartilhem sua alegria.

04 – Qual é a dificuldade que o poeta enfrenta ao tentar expressar sua alegria?

      O poeta expressa a dificuldade de encontrar palavras e formas de expressar a alegria, um sentimento novo para ele, que está acostumado com as "vozes da agonia". Ele teme que sua alma, habituada à tristeza, não encontre a "frase do prazer".

05 – Como o soneto explora a relação entre o poeta e a pastora?

      O soneto mostra que a presença da pastora é a causa da alegria do poeta. O verso "Na posse de meu bem, deixa, que conte" revela que a felicidade do poeta está ligada ao amor que ele sente por ela. A pastora é a figura central que transforma a tristeza em alegria na vida do poeta.

 

SONETO: POUCO IMPORTA, FORMOSA DALIANA - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

 Soneto: Pouco importa, formosa Daliana

             Cláudio Manuel da Costa

Pouco importa, formosa Daliana,
Que fugindo de ouvir me, o fuso tomes;
Se quanto mais me afliges, e consomes,
Tanto te adoro mais, bela serrana.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRSZiFxnqyhj0Z1B01Mu7ozTEp5SmmoXTtVK2r4edbSmRD2Inwp-OIdALGjl92uT6XcC5QO9bMeS4kqeB-nOAgO5zG4QzIMcmS0IFsOZ1ZkhHaEvgisR7FrX7gDWGh8yAWnb3R7ex76KQOJvTOUCV96aB-bpfSbXQkR7AtCitQmN2QbJ-_UUMnoFNqfMg/s1600/AMOR.jpg


Ou já fujas do abrigo da cabana,
Ou sobre os altos montes mais te assomes,
Faremos imortais os nossos nomes,
Eu por ser firme, tu por ser tirana.

Um obséquio, que foi de amor rendido,
Bem pode ser, pastora, desprezado;
Mas nunca se verá desvanecido:

Sim, que para lisonja do cuidado,
Testemunhas serão de meu gemido
Este monte, este vale, aquele prado.

NÚPILL – Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e linguística. http://www.cce.ufsc.br/-nupill/literatura/claudio.html#SONETOS. (Consulta em junho/2003).

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 454.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto "Pouco importa, formosa Daliana"?

        O tema central do soneto é o amor não correspondido do poeta por Daliana, uma bela serrana que foge de seus cortejos. O poeta expressa sua paixão persistente, mesmo diante da indiferença e da crueldade de Daliana.

02 – Qual é a atitude do poeta em relação à rejeição de Daliana?

        O poeta demonstra uma atitude de persistência e resignação. Apesar de Daliana fugir de seus cortejos e demonstrar indiferença, o poeta declara que seu amor só aumenta. Ele aceita a rejeição como parte de seu destino, mas não desiste de amar Daliana.

03 – Como o poeta descreve Daliana?

      O poeta descreve Daliana como "formosa" e "bela serrana", exaltando sua beleza e sua origem. No entanto, ele também a chama de "tirana", reconhecendo sua crueldade ao rejeitá-lo. Essa dualidade na descrição de Daliana revela a complexidade dos sentimentos do poeta em relação a ela.

04 – Qual é a promessa que o poeta faz no soneto?

      O poeta promete que o amor dos dois será imortalizado. Ele afirma que sua firmeza em amar Daliana e a crueldade dela em rejeitá-lo garantirão que seus nomes sejam lembrados para sempre. Essa promessa revela a crença do poeta na força do amor para transcender o tempo.

05 – Quais são os elementos da natureza que o poeta evoca no soneto?

      O poeta evoca elementos da natureza como "monte", "vale" e "prado" para testemunhar seu gemido de amor. Esses elementos simbolizam a vastidão e a eternidade da paixão do poeta, que se estende para além do tempo e do espaço.

 

 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

SONETO: QUANDO CHEIOS DE GOSTO, E DE ALEGRIA - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

 SONETO: Quando cheios de gosto, e de alegria

                  Cláudio Manuel da Costa

 

Quando cheios de gosto, e de alegria

Estes campos diviso florescentes,

Então me vêm as lágrimas ardentes

Com mais ânsia, mais dor, mais agonia.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXTXJ8T1FnzzGsBmg67mUgt6AMm0AwZXy8PAnMnOMRz46JwCChEt5InLNMmru4yxiKH4a_5-_oFMcNj9ibCCK6veD8VB_zSUTLx5yBz8iob4hRayhvkXUpVswcHadwqYMqRH5K5uz1VsnsWCv2GIMiad9pIGi8tdpDGucdL8j750ct9KIVRjAf4R_jAmk/s1600/MELANCOLIA.jpg


 

Aquele mesmo objeto, que desvia

Do humano peito as mágoas inclementes,

Esse mesmo em imagens diferentes

Toda a minha tristeza desafia.

 

Se das flores a bela contextura

Esmalta o campo na melhor fragrância,

Para dar uma ideia de ventura;

 

Como, ó Céus, para os ver terei constância,

Se cada flor me lembra a formosura

Da bela causadora de minha ânsia?

In: Péricles Eugênio da Silva Ramos, org. Poemas de Cláudio Manuel da Costa. São Paulo: Cultrix, 1976, p. 72.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 146.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o sentimento central expresso no soneto?

      O sentimento central é a melancolia e a tristeza do eu lírico, mesmo diante da beleza da natureza. Ele experimenta um contraste entre a alegria do ambiente externo e a dor que sente interiormente.

02 – Qual é a causa da tristeza do eu lírico?

      A causa da tristeza é a lembrança da amada, que é evocada pela beleza das flores. Cada flor o faz recordar da formosura da mulher que ama, intensificando sua dor e a sensação de ausência.

03 – Como a natureza é descrita no soneto?

      A natureza é descrita como "florescentes campos", com "bela contextura" e "melhor fragrância". As flores são apresentadas como símbolos de alegria e ventura, criando um contraste com o estado emocional do eu lírico.

04 – Qual é o papel das flores no soneto?

      As flores têm um papel duplo no soneto. Ao mesmo tempo em que representam a beleza da natureza, elas também servem como um gatilho para a memória da amada, intensificando a tristeza e a dor do eu lírico.

05 – Qual é a principal emoção expressa no último verso do soneto?

      O último verso expressa a ânsia do eu lírico, que se refere ao seu desejo intenso e doloroso pela amada. A beleza das flores se torna um tormento, pois o impede de esquecer a mulher que causa sua dor.

 

 

domingo, 1 de dezembro de 2024

SONETO: ESTE É O RIO, A MONTANHA É ESTA - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

 Soneto: Este é o rio, a montanha é esta

             Cláudio Manuel da Costa

Este é o rio, a montanha é esta,
Estes os troncos, estes os rochedos;
São estes inda os mesmos arvoredos;
Esta é a mesma rústica floresta.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYHVl_Px50DuCmSCvgvd5KYUrZl6NQOhOxEu0EM5JJ97ko3X3Ty3pmwWEUm3sHFqgv6N9mpGWg2VJCT_fzEZK8wf0aJ5euuXJsk71fUrDwSWwj_C34weT0fsH5oNQmcDw9UZ75lxYukgCcd3_RI2qMWWLbLh7DoDK1MhrLBbu0KRL_wdOemJdBHjwNClM/s320/FLORESTA.jpg


Tudo cheio de horror se manifesta,
Rio, montanha, troncos e penedos;
Que de amor nos suavíssimos enredos
Foi cena alegre, e urna é já funesta.

Oh! quão lembrado estou de haver subido
Aquele monte, e às vezes que baixando
Deixei do pranto o vale umedecido!

Tudo me está a memória retratando;
Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.

Soneto VIII. In: Massaud Moisés. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1980, p. 78-79.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 254.

Entendendo o soneto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Penedos: grandes pedras, rochedos.

·        Urna: recipiente onde se depositam as cinzas dos mortos; uma funerária.

·        Funesta: que causa a morte; deplorável, lamentável.

02 – Qual a principal temática abordada no soneto?

      O soneto de Cláudio Manuel da Costa aborda a temática da saudade e da melancolia. O eu lírico retorna a um lugar que já conhecia e que, antes, era cenário de alegres momentos de amor. Agora, esse mesmo lugar evoca lembranças dolorosas e a consciência da passagem do tempo.

03 – Como o eu lírico descreve a paisagem?

      A paisagem é descrita de forma estática e imutável: "Este é o rio, a montanha é esta...". No entanto, essa aparente imutabilidade contrasta com a transformação interior do eu lírico, que vê a mesma paisagem com outros olhos, carregada de emoções e lembranças.

04 – Qual a relação entre a paisagem e os sentimentos do eu lírico?

      A paisagem funciona como um gatilho para as lembranças e emoções do eu lírico. Cada elemento da natureza - o rio, a montanha, os troncos - está associado a momentos vividos e, agora, desperta a saudade e a tristeza.

05 – Que figura de linguagem é predominante no soneto?

      A figura de linguagem predominante no soneto é a antítese. A oposição entre a beleza da natureza e a tristeza do eu lírico, entre o passado feliz e o presente melancólico, cria um efeito de contraste que intensifica a emoção.

06 – Qual o significado dos versos "Vem as mortas espécies despertando"?

      Essa frase sugere que as lembranças, como espécies mortas, são despertadas pela contemplação da paisagem. A saudade, antes adormecida, é reavivada pelo contato com o lugar que foi cenário de um amor perdido.

 

 

domingo, 12 de maio de 2024

SONETO: XIV - CLÁUDIO MANOEL DA COSTA - COM GABARITO

 SONETO: XIV

                Cláudio Manoel da Costa

Quem deixa o trato pastoril amado 

Pela ingrata, civil correspondência, 

Ou desconhece o rosto da violência, 

Ou do retiro a paz não tem provado. 

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPJ3mIUGODClDm9qzUFeMJv9zsqfex7H4_rnQMhMGyWcPz5K1vJCQC9mx5swpD5MYEv9tQCsk-NNewLx8OlhDwa8KvO7RGBzWsYRqg5DzodE_m__1poaENpRoUbxfGMwSsotU9vb0rtVg4SFC7TUS7Lv-ZTwA6sX5m8Hw5kDqZSNfDs8-9dZ940Yo_XpM/s320/PASTORIL.jpg

Que bem é ver nos campos transladado 

No gênio do pastor, o da inocência! 

E que mal é no trato, e na aparência 

Ver sempre o cortesão dissimulado! 

 

Ali respira amor sinceridade; 

Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 

Um só trata a mentira, outro a verdade. 

 

Ali não há fortuna, que soçobre; 

Aqui quanto se observa, é variedade: 

Oh ventura do rico! Oh bem do pobre! 

COSTA, Cláudio Manuel da. Soneto XIV. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000040.pdf. Acesso em: 29 out. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 128 – 129.

Entendendo o soneto:

01 – De acordo com o soneto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Civil correspondência: referência à vida da cidade.

·        Transladado: transposto.

·        Cortesão: habitante da cidade.

·        Soçobre: acabe.

·        Ventura: sorte, destino.

02 – No soneto lido, forma e conteúdo harmonizam-se perfeitamente. Observe como, no primeiro quarteto, os versos se relacionam sonoramente.

Quem deixa o trato pastoril amado

Pela ingrata, civil correspondência,

Ou desconhece o rosto da violência,

Ou do retiro a paz não tem provado.”

a)   Qual é o esquema de rimas desse primeiro quarteto?

                        As rimas do primeiro quarteto são interpoladas: ABBA.

              b)   Observe o sentido dos versos que rimam entre si. Que relação temática podemos estabelecer entre eles?

Os versos que rimam entre si tratam da mesma temática. O primeiro e o quarto (A) fazem referência ao ambiente do campo; o segundo e o terceiro (B) remetem à cidade.

03 – Explique de que maneira, no segundo quarteto, o poeta dá continuidade à oposição entre o campo e a cidade.

      Nos dois primeiros versos, o bem é relacionado ao campo; nos dois últimos, o mal é relacionado à cidade.

04 – Após comparar o campo e a cidade nos dois quartetos, o poeta trabalha com a alternância das características desses espaços nos dois tercetos.

a)   Qual o esquema de rimas presente nos terceiros?

As rimas dos tercetos são alternadas: CDC e DCD.

b)   Levando em conta sua compreensão integral do poema, a que se referem os advérbios ali e aqui, o artigo um e o pronome outro, presentes no primeiro terceto?

Ali: campo; aqui: cidade; um: cidade; outro: campo.

c)   Os elementos a que se referem os advérbios ali e aqui se mantêm no segundo terceto? Explique.

Não. No segundo terceto, ali passa a referir-se à cidade, e aqui, ao campo.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

POEMA: SONETO LXII - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

Poema: SONETO LXII
         
   Cláudio Manuel da Costa

Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte rico, e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,


Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia;
E o que te agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.

                 In: Péricles Eugênio da Silva Ramos, org. Poemas de
Cláudio Manuel da Costa. São Paulo: Cultrix, 1976. p. 63.
Entendendo o poema:
01 – O eu lírico do poema, no 1° verso, em “Torno a ver-vos, ó montes”, menciona um regresso.

a)   De onde vem o eu lírico e onde ele se encontra de volta?
O eu lírico vem dos campos, onde ele afirma ter deixado os “gabões grosseiros” para as cidades, onde passou a usar o “Traje da corte rico e fino”. Ele se encontra novamente na área rural, nos campos, pois percebeu que ali ele poderia descansar e livrar-se das correrias e dos problemas das cidades.

b)   Logo, o eu lírico é um homem urbano ou rural?
Portanto, o eu lírico é um homem rural. Porém, ele só permanece rural atualmente porque já experimentou ser urbano, o que o corrompeu e o fez voltar à vida nos campos que tinha.

c)   Como o eu lírico se sentia antes e como se sente agora? Justifique sua resposta com palavras ou expressões do texto.
Ao citar: “... chega a ter mais preço e mais valia, que da cidade o lisonjeiro encanto” e “E o que até agora se tornaria em pranto, se converta em afetos de alegria”, o eu lírico demonstra como era sua situação nas cidades e como ela é, atualmente, nos campos.

02 – De acordo com a visão expressa pelo eu lírico, faça uma contraposição entre os dois espaços mencionados no poema:
a)   Quanto ao aspecto material.
Material refere-se ao espaço urbano, apesar da riqueza material, há pobreza em relação aos aspectos espirituais. Existe uma grande quantidade de riquezas, mas é isso que corrompe o homem.

b)   Quanto ao aspecto espiritual.
Já no espaço rural, há pobreza em relação aos aspectos materiais, mas é isso que faz com que as pessoas sejam ricas no espírito, isto é, sejam felizes, humildes, caridosas, bondosas...

03 – O poema apresenta como temática:
a) o encanto que a vida na cidade produz.
b) a vida sofrida e cansativa no meio rural.
c) a superioridade do ambiente rural em relação ao urbano.
d) a superioridade do ambiente urbano em relação ao rural.

04 – O interlocutor do eu lírico é:
a) os montes       
b) Corino         
c) Almendro      
d) os vaqueiros

05 – “Torno a ver-vos, ó montes; o destino/Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;” os versos destacados revelam
a) saudade       
b) regresso         
c) arrependimento      
d) decepção.

06 – De acordo com os versos do poema, o eu lírico:
a) lamenta sua saída da Corte.
b) expressa desprezo pela choupana.
c) planeja retornar a Corte.
d) valoriza a vida simples e natural.

07 – Segundo o texto, a vida na Corte para o eu lírico:
a) tem mais valia.
b) gerava infelicidade.
c) tinha mais afeto.
d) era cheia de alegria.



sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

POESIA: DESTES PENHASCOS FEZ A NATUREZA- CLÁUDIO MANUEL COSTA- COM GABARITO

POESIA :Destes penhascos fez a natureza
                 Cláudio Manuel Costa

 Nestes versos, a paisagem de Minas Gerais desempenha papel muito importante no desenvolvimento do soneto.

Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara


Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza.

Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei, que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.

           Costa, Cláudio Manuel da. In: Proença Filho, Domício (Org.).
      A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Aguilar, 1996. p. 95.
Interpretação do texto:

01 – Na segunda estrofe, ocorre uma personificação do Amor. Como ele é apresentado?
      O Amor é apresentado como um guerreiro forte, que vence os tigres, e que toma como objetivo render o eu lírico, declarando-lhe guerra ao coração.

a)   Qual é a imagem utilizada na terceira estrofe pelo eu lírico para se referir a esse Amor? Explique o uso dessa imagem.
O eu lírico se refere ao sentimento amoroso como um “cego engano”, do qual ele não conseguiu fugir. Ao utilizar essa imagem, o eu lírico associa o Amor a algo que lhe causa sofrimento, mas que, mesmo assim acaba por vencê-lo.

02 – Quem é i interlocutor a quem o eu lírico se dirige na última estrofe? O que o eu lírico lhe diz?
      O eu lírico dirige-se às pedras. Ele diz para temerem a ferocidade do Amor (caracterizado como “tirano”), que mais se empenha onde há mais resistência.

03 – No soneto transcrito, o poeta evidencia uma forte característica de sua obra: a incorporação de elementos da paisagem local ao cenário árcade. Qual é o elemento local presente no texto?
      O elemento da paisagem local (Minas Gerais) incorporado é o cenário rochoso (penhascos e penhas).

a)   Que relação, o eu lírico estabelece, na primeira estrofe, entre esse cenário e si mesmo? Explique.
O eu lírico marca a oposição entre o cenário e sua alma: seria de esperar que entre as rochas que caracterizam o cenário se encontrasse um “peito forte”, mas entre as “penhas” se criou uma “alma terna” e um “peito sem dureza”, que não consegue resistir à guerra que o Amor declara contra ele.

04 – A apresentação do cenário é importante para o desenvolvimento do tema do soneto. Explique de que maneira o eu lírico relaciona o cenário em que nasceu a esse tema.
      O eu lírico opõe a dureza do cenário à força do Amor. Nem mesmo um cenário como esse garantiu sua proteção contra o sentimento que o tomou, conforme se observa na segunda estrofe do soneto final, o eu lírico alerta as “penhas” sobre a tirania do amor que será mais forte quanto mais resistência houver. Poderíamos dizer que, nessa estrofe, o eu lírico sugere que cenário “duro” é o que determina a força maior que o Amor empregará para vencer seu adversário.

05 – De acordo com o soneto, o que significa as palavras abaixo:
·        Penha: rocha.
·        Render: sujeitar, dominar, vencer.
·        Apurar-se: esmerar-se, esforçar-se, aplicar-se.

06 – Qual é a causa da perplexidade do sujeito lírico, expressa na primeira estrofe?
      A causa da sua perplexidade é a constatação da diferença entre a ternura de sua alma e a dureza da paisagem de pedra, onde ele se criou.

07 – Quase duzentos anos depois, em 1940, outro poeta da mesma região de Minas Gerais publicou os seguintes versos:
        “Alguns anos vivi em Itabira.
        Principalmente nasci em Itabira.
        Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
        Noventa por cento de ferro nas calçadas.
        Oitenta por cento de ferro nas almas.
        E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.”
                                                     Carlos Drummond de Andrade

a)   Qual é a semelhança entre o soneto de Cláudio e os versos de Drummond?
Ambos estabelecem relações entre a alma e a paisagem da terra natal.

b)   Qual é a diferença entre as comparações feitas pelos dois poetas?
Para Cláudio, a alma é terna, contrastando com a dureza da paisagem de pedra.
Para Drummond, a alma tem quase o mesmo teor de ferro que as pedras de Itabira.

08 – Cláudio utilizou os elementos convencionais da paisagem neoclássica (locus amoenus)? Justifique sua resposta.
      Não. Os elementos que compõem a paisagem neoclássica são suaves, idealizados e artificiais, como um jardim; os elementos utilizados pelo poeta são duros, grosseiros e realistas – a paisagem rochosa de Minas.

09 – Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor.
a)   Qual foi a decisão tomada pelo Amor, em relação ao sujeito lírico?
O Amor decidiu dominá-lo.

b)   Segundo a última estrofe, a dureza da pedra seria defesa suficiente contra o Amor? Por quê?
Não. Porque o Amor se torna mais forte em quem mais resiste a ele.