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domingo, 5 de novembro de 2023

TEXTO: FAZER RENASCER O NATAL - FREI BETTO - COM GABARITO

 Texto: Fazer renascer o Natal

           Frei Betto

        Abaixo Papai Noel! Viva o menino Jesus!

        O melhor da festa é esperar por ela, diz o provérbio. O melhor do Natal é ter passado por ele, sentem muitos sem dizer.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIvoxc72kBmafdBhRAsKLnJSUJCUnsCgbdfElFPOV9qU2qIaVJDrH3-y3MtGAjCmZp4-QOwSbVFlr_ZeLMBu-COxvXxMVtL3snG5q2NBEqTzHia7X2nvgCSWSzAvZ1pOMCYOlOmfaSLCAxbgM5xXTpNRfC7mEqW0DopGsacC8lC1FAf5o-bO80dL4DauE/s320/NATAL.png


        É insuportável a fissura desencadeada pelas festas de fim de ano. O consumo compulsório de produtos, o apetite compulsivo de comilanças, a máscara da alegria estampada no rosto para encobrir o bolso furado, a corrida aos espaços de lazer, as estradas engarrafadas, as filas intermináveis nos supermercados, os sinos de papel envoltos nas fitas vermelhas dos shopping centers, aquela mesma musiquinha marota, tudo satura o espírito.

        Seria esse anti-clima um castigo divino à nossa reverência pagã à figura de Papai Noel?

        Natal é pouco verso e muito reverso. Em pleno trópico, nosso mimetismo enfeita de neve de algodão a árvore de luzinhas intermitentes. O estômago devora castanhas, nozes, avelãs e amêndoas, quando a saúde pede saladas e legumes.

        Já que o espírito arde de sede daquela Água Viva do poço de Jacó (João 4), afoga-se o corpo em álcool e gorduras. A gula de Deus busca, em vão, saciar-se no ato de se empanturrar à mesa.

        Talvez seja no Natal que nossas carências fiquem mais expostas. Damos presentes sem nos dar, recebemos sem acolher, brindamos sem perdoar, abraçamos sem afeto, damos à mercadoria um valor que nem sempre reconhecemos nas pessoas. No íntimo, estamos inclinados à simplicidade da manjedoura. O mal-estar decorre do fato de nos sentirmos mais próximos dos salões de Herodes.

        (...)

        Mudemos nós e o Natal. Abaixo Papai Noel, viva o Menino Jesus! Em vez de presentes, presença – junto à família, aos que sofrem, aos enfermos, aos soropositivos, aos presos, às famílias das vítimas de crimes, às crianças de rua, aos dependentes de droga, aos deficientes físicos e mentais, aos excluídos.

        Façamos da ceia cesta a quem padece fome e do abraço laço de solidariedade a quem clama por justiça. Instalemos o presépio no próprio coração e deixemos germinar, Aquele que se fez pão e vinho para que todos tenham vida com fartura e alegria.

        Abandonemos a um canto a árvore morta coberta de lantejoulas e plantemos no fundo da alma uma oração que sacie nossa fome de transcendência.

        Deixemo-nos, como Maria, engravidar pelo Espírito de Deus. Então, algo de misteriosamente novo haverá de nascer em nossas vidas.

FREI BETO. Fazer renascer o Natal – Abaixo Papai Noel! Viva o menino Jesus! Caros Amigos. 20, novembro de 1998.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a crítica principal do autor em relação ao Natal?

      O autor critica a ênfase excessiva no consumo, na comida, no materialismo e na superficialidade das festas de Natal.

02 – Segundo o autor, qual é o problema com a figura de Papai Noel?

      O autor sugere que a reverência pagã a Papai Noel pode contribuir para o anti-clima do Natal, desviando o foco do verdadeiro significado da festa.

03 – Como o autor descreve a forma como o Natal é celebrado no contexto tropical?

      O autor menciona que, apesar de estar em um clima tropical, as pessoas muitas vezes tentam imitar tradições de inverno, como a neve de algodão e alimentos pesados, em vez de adotar uma celebração mais apropriada ao clima quente.

04 – Qual é a crítica do autor em relação ao comportamento das pessoas durante o Natal?

      O autor critica a tendência das pessoas a dar presentes sem verdadeira generosidade, abraçar sem afeto real e valorizar mercadorias em detrimento das pessoas.

05 – O que o autor sugere como uma alternativa para celebrar o Natal de forma mais significativa?

      O autor sugere que as pessoas devem abandonar o materialismo e se concentrar em dar presença em vez de presentes. Ele também incentiva a solidariedade e a empatia, especialmente em relação aos menos favorecidos.

06 – Como o autor descreve a transformação desejada para o Natal?

      O autor deseja que as pessoas internalizem o verdadeiro espírito do Natal, focando na simplicidade, na solidariedade e no crescimento espiritual em vez de enfeites e festas superficiais.

07 – Qual é a metáfora utilizada pelo autor para simbolizar a transformação desejada no Natal?

      O autor usa a metáfora da gravidez espiritual, comparando-a à virgindade de Maria e sugerindo que algo "misteriosamente novo" nascerá nas vidas das pessoas se elas mudarem a forma como celebram o Natal.

 




quinta-feira, 16 de abril de 2020

TEXTO: VIDA SIM, DROGAS NÃO! (FRAGMENTO) - FREI BETTO - COM GABARITO

Texto: Vida sim, drogas não! (Fragmento)
        
    Frei Betto
        (...)

    O narcotráfico movimenta por ano, no mundo, cerca de US$ 400 bilhões ­ pouco menos que o PIB brasileiro. Os cabeças escapam através da lavagem de dinheiro, do tráfico de influências, da compra de policiais, militares e juízes. Os pés-de-chinelo são caçados nas favelas, morrem crivados de balas ou padecem nas prisões.
        De 1980 a 1996, os assassinatos, no Brasil, dobraram de 13 para 25 por cada grupo de 100 mil habitantes. Entre jovens de 15 a 19 anos, o índice subiu para 44,8/100 mil. A maioria em decorrência do uso e do tráfico de drogas.
        Quem são os culpados? Todos nós somos responsáveis, até mesmo por omissão frente ao problema, e somos também vítimas (assaltos por drogados, acidentes de trânsito em consequência de bebidas, disseminação da Aids, políticos eleitos com o dinheiro do narcotráfico etc.). Inútil pensar que a questão da droga é um problema individual. É, sim, uma grave questão social.
        A droga não é causa, é efeito. Se quisermos erradicá-la, teremos de encarar de frente um desafio: a mudança da sociedade em que vivemos. Não se trata de ceder ao maniqueísmo ideológico e acreditar que o advento do socialismo porá fim ao problema. Também nas sociedades socialistas da Europa do Leste o narcotráfico atuava, como hoje opera em Cuba.
        Essa "civilização química" na qual vivemos resulta do nosso desencanto subjetivo. Uma pessoa destituída de valores espirituais ­ religião, utopia, ideologia etc. ­ tende a buscar sucedâneos que preencham o seu vazio interior. No fundo, recorre-se à droga para alterar o estado de consciência. Eis uma necessidade da qual nenhum ser pode prescindir. Ninguém aguenta ser "normal" o tempo todo.
        É uma exigência de nossa saúde espiritual cultivar a subjetividade, como o artista esteticamente febril diante de sua obra, o profissional encantado com o seu projeto, o militante guevarianamente empenhado em sua luta, a jovem apaixonada, o místico tocado pelo amor divino. São estados de plenitude e felicidade.
        Porém, não se encontram à venda na farmácia da esquina, nem merecem publicidade na mídia. Até porque são valores anticonsumistas. Quanto mais realizada uma pessoa, graças ao sentido que imprime à sua vida, menos ela sente necessidade de recursos artificiais que alteram momentaneamente o estado de consciência para, em seguida, passado o efeito, desabar no vazio de si mesmo, no abismo da própria frustração.
        Mudar a sociedade não é só transformar as suas estruturas. Isso é o prioritário: assegurar a todos alimentação, moradia, saúde e educação, trabalho, lazer e cultura, o que supõe distribuição de riqueza, partilha dos frutos do trabalho humano, soberania nacional, reforma agrária etc. Mudar a sociedade é modificar também os valores que regem a vida social. Essa revolução cultural certamente é mais difícil que a primeira, a social. Talvez por isso o socialismo tenha desabado como um castelo de cartas no Leste europeu. Saciou a fome de pão, mas não a de beleza. Erradicou-se a miséria, mas não se logrou que as pessoas cultivassem sentimentos altruístas, valores éticos, atitudes de compaixão e solidariedade. O resultado é assombroso: após 70 anos de socialismo, a Rússia hoje destaca-se pelas máfias de prostituição infantil e pela corrupção crônica em todos os escalões da sociedade.
        (...)
         FREI BETTO. In: O São Paulo. Jornal da Arquidiocese de São Paulo. 7 mar. 2001, p. 4.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 54-7.
Entendendo o texto:

01 – Logo no início do texto, o autor chama a atenção do leitor para um dado importante. Que dado é esse?
      A quantidade exorbitante de dinheiro movimentada pelo narcotráfico (cerca de 400 bilhões de dólares).

02 – Qual é a ideia principal desse parágrafo?
      Mostrar que as consequências são piores para os pobres que se envolvem com o narcotráfico, já que os ricos podem “comprar” a justiça.

03 – O que mostram os dados estatísticos no segundo parágrafo?
      Que a maioria dos assassinatos ocorridos entre jovens de 19 a 25 anos é decorrente do uso ou tráfico de drogas.

04 – No terceiro parágrafo, o autor apresenta seu ponto de vista sobre o problema das drogas:
a)   Como ele faz isso?
Inicialmente lança uma pergunta – “Quem são os culpados?” –, para depois responde-la.

b)   Segundo o autor, todos nós somos de algum modo responsáveis pela situação gerada pelas drogas. Explique.
Quem não toma nenhuma atitude é responsável por omissão diante do problema.

c)   Qual é a ideia principal apresentada pelo autor nesse parágrafo?
A droga é um problema social e não só individual.

05 – O que o autor quer dizer ao afirmar que o problema da droga é efeito e não causa?
      Não é a droga a responsável pelos males da sociedade, mas são os problemas sociais que acabam levando ao consumo de droga.

06 – Segundo ele, qual é a condição para se acabar com o problema da droga?
      A transformação total da sociedade.

07 – Maniqueísmo é uma doutrina segundo a qual tudo se baseia em dois princípios opostos: o bem e o mal. De acordo com uma visão maniqueísta, se o socialismo representasse o bem, qual seria o mal?
      O capitalismo.

08 – Vivemos numa sociedade capitalista. Ao propor uma transformação na nossa sociedade, o autor está propondo necessariamente o socialismo como alternativa? Explique.
      Não. Segundo ele, o problema das drogas também estava presente nas sociedades socialistas.

09 – O que o autor quer dizer com a expressão “civilização química”?
      Possivelmente quer dizer que nossa sociedade está dominada por produtos químicos, principalmente os que causam dependência.

10 – Qual é, segundo ele, a causa desse tipo de civilização?
      A falta de valores espirituais, que gera um vazio interior.

11 – Explique com suas palavras a frase: “Ninguém aguenta ser ‘normal’ o tempo todo”.
      Resposta pessoal do aluno.

12 – No sexto parágrafo, de acordo com o autor, de que maneiras podemos cultivar nossa subjetividade, isto é, cultivar nossos valores espirituais?
      Por meio de uma atividade artística, da militância política, da paixão, da fé, etc.

13 – No sétimo parágrafo:
a)   “...não se encontram à venda na farmácia da esquina...”. O que o autor quis dizer com essa frase?
Que os valores espirituais não são facilmente encontráveis.

b)   Que palavras ou expressões do 5° e do 6° parágrafos podem-se relacionar ao termo farmácia?
“Civilização química”, droga, saúde, febril.

c)   Reescreva a frase que segue, começando com a expressão “Quanto menos...”, mantendo o mesmo sentido: Quanto mais realizada é uma pessoa, menos ela sente necessidade de recursos artificiais.
Quanto menos realizada é uma pessoa, mais ela sente necessidade de recursos artificiais.

d)   “Até porque são valores anticonsumistas”. Qual é o sentido, no texto, da palavra destacada?
Que não são de consumo rápido e efeito momentâneo.

14 – Do oitavo parágrafo, transcreva os dois períodos que resumem a opinião do autor sobre o tema.
      “Mudar a sociedade não é só transformar as suas estruturas”; “Mudar a sociedade é modificar também os valores que regem a vida social”.

15 – Segundo o autor, o que é mais fácil: fazer com que a população incorpore valores anticonsumistas ou passar de um governo capitalista para um socialista?
      A segunda alternativa é a resposta.     
      


terça-feira, 24 de setembro de 2019

TEXTO: INDIGÊNCIA SEXUAL E AFETIVA - FREI BETTO - COM QUESTÕES GABARITADAS

TEXTO: Indigência Sexual e Afetiva
                              
                    Frei Betto

  A pesquisa da Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] sobre a sexualidade da juventude brasileira, divulgada este ano, é no mínimo preocupante. Como ressaltou Jorge Werthein, representante do organismo da ONU no Brasil, há aspectos positivos, como o repúdio à promiscuidade e a busca de mais conhecimento sobre a questão. Os jovens brasileiros tendem a iniciar a vida sexual mais cedo (entre 11 e 14 anos) e consideram desimportante a virgindade. Mas nem sempre se protegem contra as DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e a AIDS, e tendem a discriminar os homossexuais.
       Ano passado, acompanhei uma pesquisa realizada no Ceará. indicava o aumento da gravidez precoce e a diminuição dos casos de aborto. As meninas, com certeza induzidas por exemplos televisivos, preferem assumir a “produção independente”, ainda que isso implique riscos de abandono da escola, ingresso na prostituição e mais criança na rua. Na pesquisa da Unesco, 14,7 por cento das entrevistadas admitiram ter engravidado, pela primeira vez, entre 10 e 14 anos.
       O Unicef [Fundo das Nações Unidas] constata que a educação escolar de uma menina vale, na América Latina, em termos de efeitos sociais, pela educação de cinco meninos. Quanto mais escolaridade da mãe, menor índice de natalidade e maior o período de vida do filho. São as mães que assumem, sempre mais, a chefia da família, e são também as principais transmissoras de valores e sentidos aos filhos.
        O que me espanta é que os jovens se queixem de que têm poucas fontes de conhecimento da sexualidade. Só nas últimas décadas, as escolas começaram a introduzir o tema nas salas de aula, assim mesmo com ênfase na higiene corporal, tendo em vista as DSTs. A família, aos poucos, começa a derrubar tabus, exceto nas classes populares, onde a falta de conhecimento obriga os jovens a aprenderem “na rua”, como se dizia na minha geração. Hoje, “aprende-se”  na televisão. Primeiro, com a exacerbação do voyeurismo, tipo Big Brother. É o bordel despejado, via eletrônica, no quarto das crianças ou na sala da casa. Sem que famílias, escolas e igrejas cuidem da educação do olhar de crianças e jovens.
       Em minha adolescência, em Belo Horizonte, havia cineclubes, onde aprendíamos, nos debates após a exibição dos filmes, a distinguir obras de arte do mero entretenimento. Por que as escolas não exibem, em vídeos, clipes publicitários, trechos de filmes e telenovelas, programas humorísticos? Não há melhor caminho para despertar a consciência crítica, o discernimento, que debater em grupo as mensagens implícitas quanto, por exemplo, à dignidade da mulher num quadro de humor ou o fetiche do carro numa peça publicitária.
        Os animais têm uma sexualidade atávica, presos a seus ciclos libidinosos. Talvez essa herança instintiva, acrescida de tabus religiosos, nos impeça de falar da sexualidade com a mesma liberdade com que tratamos a geografia e a história do nosso país. E, quanto menos se fala, mais bobagem se faz. O melhor seria a televisão, com o seu poder de irradiação, entrar em detalhes a respeito de menstruação e masturbação, homossexualismo e machismo, castidade e promiscuidade. Mas nem sempre interessa tratar esses temas às claras. O tabu reforça o mistério, que excita a imaginação, que alimenta o voyeurismo, que atrai milhares de telespectadores à exibição de produtos que imprimem à sexualidade o sabor libidinoso da pornografia. Ao contrário da realidade, a fantasia não conhece limites... E dá-lhe delegacias de mulheres e a proliferação de assédios e estupros, e o preconceito aos homossexuais.
          Suponho que 99 por cento da humanidade case algum dia. Mas tenho certeza de que a grande maioria é obrigada a improvisar nessa opção tão importante. Pois, se ainda estamos nos primórdios da educação sexual, falta muito para atingirmos a idade da pedra da educação afetiva. Que eu saiba, uma única instituição se dedica a preparar noivos para o casamento – a Igreja. Fora disso, não há nenhuma didática que sistematize, para proveito alheio, a convivência conjugal, a educação dos filhos, os valores da família, as fases da sexualidade do casal, o modo de dialogar com os filhos sobre vida sexual e afetiva, o descasamento e o recasamento, o universo da homossexualidade, etc. Em consequência, cada um que faça o próprio caminho, à base do improviso, repetindo erros que poderiam ser evitados se houvesse, em nossa sociedade, espaços e recursos de educação para o amor.
[...]
[...] estamos começando a ter vergonha de assumir valores, cultivar o espírito e fazer projetos. Nos escombros da modernidade, tudo é aqui e agora, my brother. E, quando o desemprego, o baixo nível da educação, a violência, a desagregação familiar nos fecham as cortinas do horizonte da felicidade, o jeito é apelar para o prazer imediato, epidérmico, já que a vida se reduz a um jogo de sobrevivência e a morte pode estar nos espreitando na próxima esquina.
Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto.

             Revista Caros Amigos, n. 87, jun. 2004.
 Fonte: Livro- Viva Português – 9º ano – Língua Portuguesa – Ed. Ática – 2011 – p. 225/6/7.

Interpretação escrita
1)   Segundo o autor, a pesquisa da Unesco sobre a sexualidade do jovem brasileiro é preocupante.
a)   Quais são os dados que convencem o leitor de que a pesquisa é preocupante?
Os jovens nem sempre se protegem contra as DSTs e a AIDS e tendem a discriminar os homossexuais. Além disso, 14,7% das entrevistadas admitiram ter engravidado, pela primeira vez, entre 10 e 14 anos.

b)   Na sua opinião, por que esses dados devem ser considerados preocupantes?
Resposta pessoal.

2)   “Como ressaltou Jorge Werthein, representante do organismo da ONU no Brasil, há aspectos positivos, como o repúdio à promiscuidade e a busca de mais conhecimento sobre a questão”. Por que a rejeição à troca de parceiros e a busca de mais conhecimento sobre a sexualidade são considerados aspectos positivos?
Resposta pessoal.

3)   “O que me espanta é que os jovens se queixem de que têm poucas fontes de conhecimento da sexualidade.”
a)   Qual é a crítica do autor à forma como são transmitidos os conhecimentos sobre sexualidade aos jovens?
Nas escolas, o tema foi introduzido nas últimas décadas, mas com ênfase apenas à higiene corporal; nas classes populares, os jovens ainda aprendem “na rua”. Muitos “aprendem” sobre o tema pela televisão, que exacerba o voyeurismo, sem que as famílias, escolas, igrejas orientem o olhar das crianças.

b)   A crítica feita pelo articulista é seguida por uma sugestão. Indique-a.
O articulista sugere que as escolas exibam clipes publicitários, trechos de filmes e de telenovelas, programas humorísticos para despertar a consciência crítica do jovem quanto à forma como certos assuntos são tratados.

c)   Em que o articulista se baseia para dar essa sugestão?
Numa experiência vivida em sua adolescência.

d)   Você concorda com a sugestão dada pelo articulista? Na sua opinião, ela seria eficaz se fosse adotada nas escolas?
    Resposta pessoal.

4)   Segundo o autor, quais são as consequências de não tratar às claras os temas ligados à sexualidade?
Violência contra as mulheres, preconceito contra os homossexuais.

5)   Expliquem a afirmação “Nos escombros da modernidade, tudo é aqui e agora, my brother”.
Essa afirmação retrata de modo irônico o imediatismo adotado como comportamento geral.




segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

TEXTO: DECLARAÇÃO DE AMOR -(VOLUNTÁRIO) FREI BETTO - COM GABARITO

TEXTO:  DECLARAÇÃO DE AMOR
                  Frei Betto


 Visto a camisa do Ano Internacional do Voluntariado, promovido pela ONU, e faço do meu tempo livre laço e abraço que nos une aos desfavorecidos. Espelho-me em meu próximo. Faço de sua dor o meu ardor, de seu sofrer o meu dever, de seu desamparo o ponto em que paro, ouço e destrilho-me do comodismo para ir ao seu encontro.

       Abro as janelas do espírito e espano a poeira da dessolidariedade. Arranco os olhos da TV, o traseiro do sofá, a indolência da ociosidade e recolho a língua de inconfidentes mesquinharias. Vou até lá, onde a carência é expectativa de mão amiga: a creche da periferia, o hospital de indigentes, o asilo de memórias esquecidas, as instituições do terceiro setor comprometidas com o pão de cada dia da verdadeira democracia: a cidadania.
     Não faço o trabalho do poder público, nem o isento da obrigação de resgatar, o quanto antes, a dívida social. Não me disponho a ser mão de obra gratuita de entidades que sonegam o direito ao trabalho com o recibo adulterado da boa vontade alheia.
       Ser voluntário é somar esforços, entrar pela porta da compaixão e repartir o que nenhum mercado oferece ou provê: carinho, apoio, talento, cumplicidade, de modo a dar a vez a quem foi emudecido pela opressão, e voz a quem foi excluído pela injustiça.
      O voluntariado resgata a minha autoestima, redesenha minha face humana, desdobra as fibras endurecidas de minha abissal preguiça, insere-me na dinâmica social, faz-me próximo dessas multidões premiadas injustamente pela loteria biológica por nascerem empobrecidas. Eu poderia ser um deles. Meu bem-estar, mais que privilégio, é (b)ônus.
      Sou voluntário porque sou solidário, presente no universo das aflições, na esfera alucinada dos dependentes químicos, na saudável reinvenção do esporte junto àqueles que estão próximos a ser derrotados pelo jogo do crime.
      Mobilizo coletas de alimentos para quem sabe que “a fome é ontem”, como exclamou Gabriela Mistral, e trabalho em favor da conquista de direitos, para quem padece desmandos estruturais e políticos.
      Apoio empresas cientes de sua responsabilidade social. Busco torná-las elos da vasta corrente ética que já não faz da obsessão do lucro sua única razão de ser, pois centram o ser humano em seus empreendimentos ecológicos, liberam funcionários para atividades voluntárias, sem reduzir-lhes salários ou cobrar-lhes reposição de horas. São empresas prestadoras do único serviço que não tem preço: o gesto samaritano.
      Não faço “caridade”, nem dou esmolas. Longe de mim o assistencialismo que aplaca os descasos políticos como quem aplica pomadas.
      Voluntário, sou multidão. Solidário, sou mutirão. Somando com todos aqueles que têm fome e sede de justiça.
      Inebriado pela utopia bíblica do paraíso, recuso-me a acatar qualquer uma das fraturas que negam à família humana o direito à fraternura. Dou as mãos a quem acredita que a felicidade é o artigo único da Declaração Universal dos Direitos Humanos.  

                                            Frei Betto. O Estado de S. Paulo, 15/10/1997.


ENTENDENDO O TEXTO:

01 – O texto tem como título Declaração de amor. Sabendo que declarar significa dar a conhecer, manifestar, anunciar, comunicar, responda.
a) O que o autor dá a conhecer ou anuncia nesse texto?
      Como ser voluntário.

02 – O autor assume de modo consistente a sua posição de comprometimento com os menos favorecidos. Assinale a alternativa que confirme a posição do autor.
a) ( x ) “Visto a camisa do Ano Internacional do Voluntariado, promovido pela ONU, e faço do meu tempo livre laço e abraço que nos une aos desfavorecidos.”
b) (  ) “Arranco os olhos da TV, o traseiro do sofá, a indolência da ociosidade e recolho a língua de inconfidentes mesquinharias.”
c) (  ) “Apoio empresas cientes de sua responsabilidade social”.

03 – A posição do autor vai se revelando pela explicitação do que significa “vestir a camisa”. Releia os dois primeiros parágrafos e explique o que significa essa ideia, segundo o autor.
      Segundo o autor, "vestir a camisa " é comprometimento com o voluntariado, e não fazer o trabalho do poder público ou ser mão de obra gratuita de entidades que sonegam o direito ao trabalho com o recibo adulterado da boa vontade alheia.

04 – O autor apresenta aos leitores sua escala de valores pessoais, ao expressar os motivos que o fazem engajar-se no movimento voluntário.
a) Quais são esses motivos?
      Unir aos desfavorecidos, somar esforços, dar carinho, apoio, cumplicidade, de modo a dar a vez a quem foi emudecido pela opressão, e voz a quem foi excluído pela injustiça.

b) Além do que o voluntariado pode proporcionar aos menos favorecidos, na sua opinião, que outros ganhos pessoais poderiam ser acrescentados?
      Resposta pessoal.

05 – De acordo com o autor, ser voluntário é ser solidário e participar ativamente com ações concretas.
a) Entre as diversas ações que realiza, o autor cita o apoio a determinadas empresas. Em que essas empresas se destacam?
      Empresas ciente se sua responsabilidade social, prestadoras de um único serviço que não tem preço: o gesto samaritano.

b) Na sua opinião, qual estratégia desperta mais o interesse das pessoas pelo voluntariado: abordar as consequências da falta de ação solidária ou citar exemplos de ações bem-sucedidas?
      Resposta pessoal.