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terça-feira, 16 de abril de 2024

VERSOS: O MOSTRENGO - (FRAGMENTO - IV) - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 Versos: O MOSTRENGO – (Fragmento – IV)

             Fernando Pessoa

O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar;

À roda da nau voou três vezes,

Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,

Meus tectos negros do fim do mundo?»

E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPFFtBouHuCUusdlzTUiGI_VULXmFKMW922dxcDnv76l_bCJ7heYTO9qCnw1F09AOg2xDGA5TZUSLmbfl36K6rnGG8ZO2VBZUsrnpyxgkqBBw0CXzOjAOPsiQaXTJpGkVer7mkoBKK8vkd1jFpRezjVTZRtMbJT_1NHhtFti7V3G3K7N9eaFNMhilwZs8/s1600/Dom%20Jo%C3%A3o.jpg


 

«De quem são as velas onde me roço?

De quem as quilhas que vejo e ouço?»

Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso,

«Quem vem poder o que só eu posso,

Que moro onde nunca ninguém me visse

E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:

«El-Rei D. João Segundo!»

 

Três vezes do leme as mãos ergueu,

Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:

«Aqui ao leme sou mais do que eu:

Sou um Povo que quer o mar que é teu;

E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,

Manda a vontade, que me ata ao leme,

De El-Rei D. João Segundo!»

Mensagem. Fernando Pessoa. In: GALHOZ, Maria Aliete (Org.). Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999. p. 79 – 80.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 65 – 66.

Entendendo os versos:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Tectos: tetos.

·        Quilhas: peças de um navio localizadas na parte inferior de sua estrutura às quais se prendem as grandes partes que formam o casco da embarcação.

02 – “O mostrengo” é um intertexto que dialoga com o hipotexto Os Lusíadas.

a)   Com que episódio se estabelece esse diálogo intertextual?

Com o episódio do Gigante Adamastor.

b)   Que elementos presentes no texto tornam claro esse diálogo?

O eu lírico se refere a um “mostrengo que está no fim do mar” e que dialoga com um homem do leme.

03 – Quem se dirige aos marinheiros de Vasco da Gama?

      O Gigante Adamastor.

04 – É possível afirmar que o personagem já conhecia os portugueses, a quem chama de “gente ousada”? Justifique sua resposta.

      Sim, o Gigante Adamastor já conhecia os portugueses. Isso fica claro em sua fala, pois reconhece textualmente que os lusitanos “cometeram grandes cousas” e que eles “nunca repousam” diante dos limites e das adversidades.

05 – A fala do mostrengo do poema de Pessoa evidencia que o personagem já conhecia os portugueses? Justifique a resposta com um trecho do texto.

      O mostrengo do poema de Fernando Pessoa, diferentemente do Gigante Adamastor, não se sabe quem é o povo que ousou entrar em seu mar, por isso faz uma pergunta na primeira estrofe: «Quem é que ousou entrar / Nas minhas cavernas que não desvendo / Meus tectos negros do fim do mundo?»

06 – Qual das vítimas que morreram no Cabo das Tormentas poderia ser o “homem do leme”, com quem o mostrengo fala no poema de Pessoa?

      Bartolomeu Dias, que descobriu o Cabo das Tormentas em 1487.

07 – Em nome de quem fala o “homem do leme”?

      Em nome d’El Rei D. João II.

08 – O que o “homem do leme” quer dizer ao afirmar: “Aqui ao leme sou mais do que eu”?

      O “homem do leme”, Bartolomeu Dias, reconhece-se como representante não somente dele mesmo ou do rei que o financiou (“mandou”), D. João II. Ele representa o povo português, que deseja dominar o mar.

sábado, 21 de outubro de 2023

POEMA: LEVAVA EU UM JARRINHO - FERNANDO PESSOA -COM GABARITO

 Poema: Levava eu um jarrinho

             Fernando Pessoa

Levava eu um jarrinho

P’ra ir buscar vinho

Levava um tostão

P’ra comprar pão;

E levava uma fita

Para ir bonita.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyqbcIGqe5eZJ4-3TMSM_9jy2q1cmd_z6AL5RUnvfUmCYte4A6wu_hEPIQK_sPQw6ehGAG_cwNfE43Qul6Sp8yYyxSQWcRVCcFHP23eKyMZpkVKxn7TUy7exQ896H7Ve9o8oiM2qSW5nNoD_09Yz7tY1ZvinbyHdzIxKwV38OdpXihsBxKI9qo5Jb6sEQ/s320/jarro-1.jpeg


Correu atrás

De mim um rapaz:

Foi o jarro p’ra o chão,

Perdi o tostão,

Rasgou-se-me a fita...

Vejam que desdita!

Se eu não levasse um jarrinho,

Nem fosse buscar vinho,

Nem trouxesse uma fita

Para ir bonita,

Nem corresse atrás

De mim um rapaz

Para ver o que eu fazia,

Nada disto acontecia.

Quadras ao Gosto Popular. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1965. (6ª ed., 1973). 

 - 118-119.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o título do poema?

      O título do poema é "Levava eu um jarrinho".

02 – Quais eram os objetos que a pessoa estava carregando no poema?

      A pessoa estava carregando um jarrinho, um tostão e uma fita.

03 – Por que a pessoa levou um tostão consigo?

      A pessoa levou um tostão consigo para comprar pão.

04 – O que aconteceu com o jarrinho no poema?

      No poema, o jarrinho caiu ao chão.

05 – Por que a pessoa perdeu o tostão?

      A pessoa perdeu o tostão quando o jarrinho caiu.

06 – O que aconteceu com a fita no poema?

      A fita rasgou-se no poema.

07 – Qual é a ironia presente no poema?

      A ironia presente no poema está relacionada ao fato de que, se a pessoa não tivesse levado o jarrinho, o tostão e a fita, nada disso teria acontecido, sugerindo que as coisas simples da vida podem levar a infortúnios inesperados.

 

 

sábado, 14 de agosto de 2021

POEMA(FRAGMENTO): AUTOPSICOGRAFIA - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 POEMA(FRAGMENTO): AUTOPSICOGRAFIA

               

                         Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

 

Fernando Pessoa. Autopsicografia.

Em: Fernando Pessoa: obra poética. Rio de Janeiro:

Cia. José Aguilar Editora, 1972. p. 164.

Entendendo o texto

1) O termo “fingidor” no primeiro verso pode ser classificado como:

( ) forma nominal ( ) substantivo (x ) adjetivo

Por quê?

O termo “fingidor” é nesse verso um substantivo porque tem a função de nomear um ser que finge, no contexto, indeterminado pelo artigo indefinido.

2) Reescreva o primeiro verso do poema substituindo o termo “fingidor” por uma forma nominal do verbo “fingir” compatível com a estrutura gramatical do verso:

O poeta é um fingido.

3) Há diferença de sentido entre o verso construído na questão 2 e o original do poema? Justifique sua resposta.

Sim, pois o substantivo “fingidor” designa, por definição, uma pessoa que pratica a ação de fingir, ao passo que a forma nominal “fingido”, com valor de adjetivo no contexto, designa apenas uma característica do poeta e não concretamente algo que ele faz.

4) A quem se refere o verbo “fingir” no segundo verso e em qual tempo e o modo ele está conjugado?

O verbo fingir se refere a “poeta” e está conjugado no presente do indicativo.

5) Como o tempo verbal empregado no verbo “fingir” contribui com a construção da imagem dos poetas proposta pelo eu lírico do poema?

Ao usar o presente do indicativo para se referir à ação de “fingir”, supostamente praticada pelos poetas, o eu lírico atribui um modo de ser a eles, definindo permanentemente o caráter dos poetas em sua visão.

6) O termo “fingir” no terceiro verso do poema pode ser classificado como:

(x ) forma nominal ( ) substantivo ( ) verbo conjugado

Por quê?

Trata-se de uma forma nominal (infinitivo), pois o verbo fingir nessa ocasião não indica nenhum tipo de flexão ou modo e é empregado única e exclusivamente para designar uma ação.

segunda-feira, 29 de março de 2021

POEMA: GATO QUE BRINCAS NA RUA - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 POEMA: GATO QUE BRINCAS NA RUA


        Fernando Pessoa

 Gato que brincas na rua

como se fosse na cama

invejo a sorte que é tua

porque nem sorte se chama.

 

Bom servo das leis fatais

que regem pedras e gentes,

que tens instintos gerais

e sentes só o que sentes.

 

És feliz porque és assim,

Todo o nada que és é teu.

Eu vejo-me e estou sem mim,

Conheço-me e não sou eu.


 Entendendo o poema

1.   Que sensação uma primeira leitura desse poema provoca em você: alegria, melancolia, inquietação, serenidade? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal.

2.   Como você imagina a cena observada pelo eu lírico? Copie o verso que justifica sua resposta.

Resposta pessoal.

3.   Releia a primeira estrofe e responda às questões a seguir:

a)   Segundo o eu lírico, qual é a sorte do gato? Que sentimento o eu lírico confessa diante disso?

É o fato de o gato mostra-se feliz, confortável, mesmo sem ter consciência disso.

O eu lírico inveja essa condição.

b)   O significa saber o nome das coisas?

Significa conhece-las, reconhece-las e ter consciência de sua existência.

c)   O que você acha que significa dizer que a sorte do gato não tem nome?

Resposta pessoal. Sugestão: O eu lírico sugere ser sorte viver sem ter consciência do que se vive, livre de autojulgamentos, “sentido só o que sente”.

   4- Releia a segunda estrofe e responda às questões a seguir.

a)   Discuta com um colega: O que são leis fatais?

Resposta pessoal. Sugestão: São as leis da natureza, que se impõem sobre todos os seres, como o desgaste das rochas, a passagem do tempo e a morte dos seres vivos.

b)   A que se refere a oração adjetivaque tens instintos gerais e sentes só o que sentes”?

Refere-se ao gato.

c)   O que essa oração esclarece sobre o elemento a que se refere?

Significa que o gato age como qualquer outro gato; suas ações são instintivas; ele não pensa no que é.

5 – Releia a última estrofe do poema e, abaixo as acepções para o termo “nada”, retiradas de um dicionário.

nada – pr.indef.

1.Coisa nenhuma [...] adv.

2.De modo nenhum [...] sm.

3.O não existente, a não existência, o vazio [...]

4.Ser ou coisa insignificante [...]

a) Em sua opinião, a palavra “nada” empregada no poema corresponde a algo mencionado em outros versos? Justifique sua resposta.

O “nada” citado na última estrofe recupera a ideia de viver sem pensar que se vive, presente nos versos “porque nem sorte se chama” e “sentes só o que sentes”, e não corresponde às acepções apresentadas.

b) Podemos afirmar que o eu lírico é feliz como o gato? Justifique.

Não. O eu lírico se observa, reflete sobre si mesmo (“Eu vejo-me”), não se encontra e não se reconhece.

 6. Assinale a alternativa mais adequada ao sentido do poema.


a) O eu lírico inveja a sorte do gato, porque este tem a felicidade de uma vida segura, ao passo que ele, eu lírico, está solitário e desamparado.
B) Entre o eu lírico e o gato há a distância devida a que este se situa do lado de uma generalidade despreocupada, enquanto aquele vive uma individualidade consciente e problemática.
c) O gato é feliz porque brinca despreocupado de sua própria sorte; o eu lírico é infeliz porque não se adapta a sua situação.
d) O gato tem a felicidade instintiva; o eu lírico, a angústia das sensações e das ideias incertas, em razão de excessivo intelectualismo.
e) O gato não é nada, mas é feliz porque se conforma às “leis fatais”; o eu lírico (o homem), que se revolta contra essas leis, vive torturado pela solidão e pela incerteza.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

POEMA EM LINHA RETA - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 POEMA EM LINHA RETA

           Fernando Pessoa


 Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

               Apud: Antologia poética de Fernando Pessoa. Introdução e seleção de Walmir Ayala. Rio de Janeiro, Tecnoprint, s/d. p. 122.

               Fonte: Português – Linguagem & Participação, 8ª Série – MESQUITA, Roberto Melo / Martos, Cloder Rivas – 2ª edição – 1999 – Ed. Saraiva, p. 189-191.

Fonte da imagem:https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fcursoderedacao.net%2Fpoema-em-linha-reta-fernando-pessoa%2F&psig=AOvVaw2urcYB_8fUhwgn9CHOXX8e&ust=1608335906496000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCKC986Wc1u0CFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Reles: desprezível, insignificante.

·        Infâmia: comportamento sem ética, sem moral, desonra.

·        Vil: que tem pouco valor, infame.

·        Cobardia: covardia.

·        Parasita: aquele que vive à custa dos outros.

·        Ideal: a perfeição.

·        Absurdo: sem sentido, contrário à razão e à lógica.

·        Oiço: ouço.

·        Grotesco: ridículo.

·        Titubear: vacilar, hesitar.

·        Mesquinho: pobre, mísero.

·        Literalmente: ao pé da letra, no exato sentido da palavra.

·        Enxovalhos: Injúrias, insultos.

·        Vileza: baixeza.

·        Moços de fretes: carregadores de malas.

02 – Copie a alternativa correta. Nos dois versos iniciais, o eu lírico:

a)   Realmente só tem conhecimentos que são campeões em tudo.

b)   Está ironizando; na verdade, os conhecimentos apenas contam vantagens.

c)   Assim como seus conhecimentos, só conhece, até hoje, vitórias.

03 – Por que o poeta fala de conhecidos e não de amigos?

      Porque a falta de sinceridade dessas pessoas o afasta delas. Pode-se inferir que ele não tem amigos.

04 – Como se apresenta o eu poético?

      Apresenta-se como um covarde, vil, sujo, um ser ridículo.

05 – Como você entendeu o verso: “Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo”?

      O poeta julga-se o único ser errado do mundo.

06 – Explique: “Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil.”?

      Todos calam sobre seus erros e só falam das suas virtudes e vitórias.

07 – Na verdade, o eu poético faz uma denúncia. Qual?

      Denuncia a hipocrisia e a falsidade das pessoas.

08 – Retire do poema um verso que demonstre ser dos outros e não do eu poético as afirmações negativas sobre sua personalidade (atente para a concordância verbal).

      “Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?”

09 – Como você explicaria o título: Poema em linha reta?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As pessoas que vivem “disfarçando” suas verdades têm um comportamento sinuoso, e o poeta, ao declarar suas fraquezas, demonstra-se honesto, reto.

10 – Você acredita que este poema transmite uma verdade?

      Resposta pessoal do aluno.

11 – Como o eu poético está se sentindo? Copie a alternativa correta:

a)   Irritado por ter tantas fraquezas de caráter.

b)   Revoltado pelas injustiças que sofre.

c)   Desconsolado porque ninguém tem condições de entende-lo.

d)   Desconsolado por obter só derrotas, enquanto outros conseguem muitas vitórias.

sábado, 22 de agosto de 2020

POEMA: EROS E PSIQUE - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 Poema: EROS E PSIQUE

                                                          Fernando Pessoa

Conta a lenda que dormia

Uma Princesa encantada

A quem só despertaria

Um Infante, que viria

De além do muro da estrada.

 

Ele tinha que, tentado,

Vencer o mal e o bem,

Antes que, já libertado,

Deixasse o caminho errado

Por o que à Princesa vem.

 

A Princesa Adormecida,

Se espera, dormindo espera.

Sonha em morte a sua vida,

E orna-lhe a fronte esquecida,

Verde, uma grinalda de hera.

 

Longe o Infante, esforçado,

Sem saber que intuito tem,

Rompe o caminho fadado.

Ele dela é ignorado.

Ela para ele é ninguém.

 

Mas cada um cumpre o Destino —

Ela dormindo encantada,

Ele buscando-a sem tino

Pelo processo divino

Que faz existir a estrada.

 

E, se bem que seja obscuro

Tudo pela estrada fora,

E falso, ele vem seguro,

E, vencendo estrada e muro,

Chega onde em sono ela mora.

 

E, inda tonto do que houvera,

À cabeça, em maresia,

Ergue a mão, e encontra hera,

E vê que ele mesmo era

A Princesa que dormia.

Poesias. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). - 237.

Entendendo o poema:

01 – No final do poema, na última estrofe, a situação conflituosa tem um desfecho surpreendente, expresso no verso: “E vê que ele mesmo era”. Essa afirmação constitui uma figura de linguagem, denominada:

a)   Paradoxo.

b)   Ironia.

c)   Metonímia.

d)   Eufemismo.

e)   Personificação.

02 – Eros e Psique, os nomes que compõem o título do poema, correspondem a figuras da mitologia grega. No início da história mitológica que relaciona as duas figuras, o Deus Eros se apaixona por Psique, uma bela jovem humana. Considerando o aspecto Deus de Eros e o aspecto humano de Psique, podemos dizer que a aproximação desses nomes, no título do poema, constitui a figura de linguagem chamada:

a)   Metáfora.

b)   Personificação.

c)   Antítese.

d)   Eufemismo.

e)   Ironia.

03 – Na primeira estrofe o eu lírico conta uma narrativa duma tradicional “lenda”. Qual?

      De uma princesa que havia sido sujeita a um encantamento e estava, por isso, em estado de dormência. Só um infante (príncipe) que chegasse de terras longínquas poderia quebrar tal sortilégio maligno. A lenda da Bela Adormecida.

04 – Qual o significado de “Eros e Psique”?

      Eros significa Deus do amor e Psique significa alma.

05 – Em que estrofe o eu lírico diz que o infante, para vencer, teria de lutar contra o bem e o mal para não se perder no caminho que o leva até a princesa?

      Na segunda estrofe.

06 – Nos versos: “Pelo processo divino / Que faz existir a estrada”. Que sentido o eu lírico emprega nesses versos?

      Que eles continuam cada um cumprindo o seu destino; que o processo divino significa a força maior que rege o mundo e que faz com que as coisas aconteçam.

07 – Que acontece no final do poema?

      Vencendo todos os obstáculos o infante chega à Princesa. E meio tonto, ergue a mão e encontra a grinalda de hera e aí ele “vê que ele mesmo era / A princesa que dormia”.

      Concluímos que quando o infante encontra hera, a grinalda, ele cai em si de quê o que estava procurando era a sua identidade, a sua verdade.

 

quarta-feira, 24 de junho de 2020

POEMA: BASTA PENSAR EM SENTIR - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

Poema: Basta Pensar em Sentir

                                                             Fernando Pessoa

Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.
Viver é não conseguir.

Fernando pessoa. Poesias Inéditas (1930-1935). Lisboa: Ática. 1955. (imp. 1990). p. 73.

Entendendo o poema:

01 – O poema é um gênero textual do discurso literário. Quais são as características de linguagem que possibilitam a identificação de um poema?

      Organização em versos e estrofes; linguagem figurada; presença facultativa de rimas; maior grau de subjetividade e expressividade.

02 – Qual é a quantidade de estrofes? E de versos?

      Apenas uma estrofe, com nove versos.

03 – Há ocorrência de rimas em todos os versos?

      Sim.

04 – Como se caracterizam as rimas, quanto à classe gramatical e as terminações?

      As palavras que rimam são verbos da primeira e da terceira conjugação, isto é, terminados em –ar, e –ir.

05 – Observe a relação de sentido entre os versos: “Meu coração faz sorrir / Meu coração a chorar”. Há entre os versos uma oposição semântica, isto é, uma oposição de sentidos. Quais são as palavras que enfatizam essa oposição?

      A oposição de sentidos faz-se entre as palavras sorrir e chorar.

06 – Há outros versos e/ou expressões no poema que transmitem essa mesma ideia de oposição?

      Sim, também apresentam sentidos opostos as palavras ficar/ir e chegar/partir.

07 – Qual a figura de linguagem que consiste na utilização de palavras, expressões ou frases que se opõem quanto ao sentido?

      A figura de linguagem é “antítese”.

08 – Agora, observe os seguintes versos:

“Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir.”

        O poeta refere-se ao coração, atribuindo-lhe características humanas: “fazer sorrir”, “chorar”, “parar de andar”, “ficar” e “ir”. Trata-se de uma linguagem metafórica, figurada, mas há uma figura de linguagem específica para nomear a atribuição de aspectos humanos ao que não é humano. Qual é a figura?

      A figura é personificação ou prosopopeia.

09 – O último verso do poema ilustra a ocorrência de metáfora, figura de linguagem que evidencia duas características semânticas comuns entre dois conceitos ou ideias: “Viver é não conseguir”. Releia o poema e a conclusão contida no último verso. Procure interpretar qual é o sentido da vida para o enunciador. Agora, assinale a alternativa que melhor sintetiza a ideia apresentada no poema:

a)   A vida é bela, mesmo com todas as contradições.

b)   Não há um sentido definido para a vida.

c)   A vida é busca constante entre contradições.

d)   Viver é fácil, mesmo em caminhos difíceis.