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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

CONTO: O KAZUKUTA - ONDJAKI - COM GABARITO

 Conto: O Kazukuta

         Ondjaki

        Nós estávamos sempre atentos à queda das nêsperas, das pitangas e das goiabas, e era mesmo por gritarmos ou por corrermos que o Kazukuta acordava assim no modo lento de vir nos espreitar, saía da casota dele a ver se alguma fruta ia sobrar para a fome dele.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6rO2lJvm7PSq7BbmvmNZWM324d35-ExcjSgzD2SYd8Tl2AkrXVRieqDlEGcHihFNUDEoMaWsxvPbRIh3FTNUlUpYJWqXfghZSxuBAfIAuwnhnQXqhCli-xKvvTt1eWFmybnzm5nmPqsKWC-3fbLABzd3ivaiZRfc3FmEtMTZ2tO2hItRAt-pqXR3Fnbw/s320/osdaminharua.jpg


        Normalmente ele comia as nêsperas meio cansadas ou de pele já escura que ninguém apanhava. Mexia-se sempre devagarinho, e bocejava, e era capaz de ir procurar um bocadinho de sol pra lhe acudir as feridas, ou então mesmo buscar regresso na casota dele. Às vezes, mesmo no meio das brincadeiras, meio distraído, e antes de me gritarem com força para eu não estar assim tipo estátua, eu pensava que, se calhar, o Kazukuta naquele olhar dele de ramelas e moscas, às vezes, ele podia estar a pensar. Mesmo se a vida dele era só estar ali na casota meio triste, sair e entrar, tomar banho de mangueira com água fraca, apanhar nêsperas podres e voltar a entrar na casota dele, talvez ele estivesse a pensar nas tristezas da vida dele.

        Acho que o Kazukuta era um cão triste porque é assim que me lembro dele. Nós mesmo não lhe ligávamos nenhuma. Ninguém brincava com ele, nem já os mais velhos lhe faziam só uma festinha de vez em quando. Mesmo nós só queríamos que ele saísse do caminho e não nos viesse lamber com a baba dele bem grossa de pingar devagarinho e as feridas quase a nunca sararem. Acho que o Kazukuta nunca apanhou nenhuma vacina, se calhar ele tinha alergia ou medo, não sei, devia perguntar no tio Joaquim. Também o Kazukuta não passeava na rua e cada vez andava só a dormir mais.

        Sim, o Kazukuta era um cão triste.

        Um dia era de tarde, e vi o tio Joaquim dar banho ao Kazukuta. Um banho longo. Fiquei espantado: o tio Joaquim que ficava até tarde a ler na sala, o tio Joaquim que nos puxava as orelhas, o tio Joaquim silencioso, como é que ele podia ficar meia hora a dar banho ao Kazukuta?

        Lembro o Kazukuta a adorar aquele banho, deve ser porque era um banho sincero, deve ser porque o tio punha devagarinho frases em kimbundu ao Kazukuta, e ele depois ia adormecer. Kazukuta..., lembro bem os teus olhos doces brilharem tipo um mar de sonho só porque o tio Joaquim – o tio Joaquim silencioso – veio te dar banho de mangueira e te falou palavras tranquilas num kimbundu assim com cheiros da infância dele.

        E demorou. Nós já estávamos quase a parar a nossa brincadeira. Porque afinal a água caía nos pelos do Kazukuta, e os pelos ficavam assim coladinhos ao corpo, e virados para baixo como se já fossem muito pesados, e a água foi, não tinha mais, e mesmo sem fechar a torneira o tio Joaquim, com a mangueira ainda a pingar as últimas gotas dela, e no regresso do Kazukuta à casota, depois daquele abano tipo chuvisco de nós rirmos, o Tio Joaquim deu a notícia que tinha demorado aquele tempo todo para falar:

        -- Meninos, a tia Maria morreu.

        Até tive medo, não daquela notícia assim muito séria, mas do que alguém perguntou:

        -- Mas podemos continuar a brincar só mais um bocadinho?

        O tio largou a mangueira, veio nos fazer festinhas.

        -- Sim, podem.

        Parece mesmo vi um sorriso pequenino na boca dele. O tio Joaquim era muito calado e sorria devagarinho como se nunca soubesse nada das horas e das pressas dos outros adultos. Às vezes ele aparecia no quintal sem fazer ruído e espreitava a nossa brincadeira sem corrigir nada. Olhava de longe como se fosse uma criança quieta com inveja de vir brincar conosco também.

        O tio Joaquim era muito calado e sorria devagarinho como se nunca soubesse nada das horas e das pressas dos outros adultos. O tio Joaquim gostava muito de dar banho ao Kazukuta. Um dia kazukuta estava muito velho e morreu mesmo.

ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007. p. 27-29.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 7º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 35-36.

Entendendo o conto:

01 – Como o narrador infantil descreve a rotina e o estado geral do cão Kazukuta no início do conto?

      O narrador descreve Kazukuta como um cão triste, que se movia lentamente e passava a maior parte do tempo na sua casota. Sua rotina resumia-se a sair para espreitar a queda das frutas (comendo as "cansadas ou de pele já escura" que sobravam), procurar sol para suas feridas (que "quase a nunca saravam"), tomar banho de mangueira com água fraca e voltar para a casota. Ele era um cão negligenciado, a quem "ninguém brincava" e que não recebia afeto.

02 – O que o narrador, mesmo em meio às brincadeiras, chega a imaginar sobre o cão, desafiando a percepção de que Kazukuta era apenas um animal?

      O narrador imagina que, "naquele olhar dele de ramelas e moscas," o Kazukuta podia estar a pensar. Ele reflete que, mesmo que a vida do cão fosse só a rotina triste de sair e entrar na casota, "talvez ele estivesse a pensar nas tristezas da vida dele." Essa reflexão humaniza o cão, atribuindo-lhe uma consciência e uma dor existencial.

03 – Qual é a ação do Tio Joaquim que espanta o narrador, e o que essa ação revela sobre a relação do Tio com Kazukuta?

      O que espanta o narrador é o fato de o Tio Joaquim — um homem silencioso, leitor e que costumava puxar as orelhas das crianças — ter ficado meia hora a dar um banho longo e sincero no Kazukuta. Essa ação revela uma sensibilidade e um afeto ocultos do Tio, que se manifestavam não em palavras para os humanos, mas em carinho e cuidado para com o cão negligenciado.

04 – Durante o banho, que elemento cultural e afetivo o Tio Joaquim utiliza para se comunicar com Kazukuta, e qual é o efeito disso no cão?

      O Tio Joaquim falava "devagarinho frases em kimbundu" para o Kazukuta, com palavras tranquilas "com cheiros da infância dele." Esse uso da língua ancestral confere um caráter íntimo e profundo ao afeto. O efeito é notável: o Kazukuta demonstra que "adorava aquele banho," com seus "olhos doces brilharem tipo um mar de sonho."

05 – O banho demorado e a notícia que o Tio Joaquim revela ao final estão interligados. Qual é a função desse tempo de banho em relação à notícia?

      O banho longo serve como um preâmbulo ou um ritual de preparação para a notícia séria da morte da "tia Maria." O Tio Joaquim estava usando o tempo e o ato carinhoso de dar banho ao cão como uma forma de lidar com a própria dor e o luto, adiando o momento de dar a notícia às crianças, o que é explicitado na frase "tinha demorado aquele tempo todo para falar."

06 – Qual é a reação imediata das crianças à notícia da morte da tia Maria, e o que essa reação sugere sobre a percepção infantil da morte e do luto?

      A reação das crianças é uma pergunta inocente e centrada em si mesmas: "Mas podemos continuar a brincar só mais um bocadinho?" Essa reação sugere que a morte, para elas, é um evento sério, mas distante e abstrato, que não interrompe de imediato a prioridade do seu universo, que é a brincadeira e a alegria do momento presente.

07 – Como o narrador descreve o Tio Joaquim após o momento da notícia e até o final do excerto? O que essa descrição finaliza sobre o seu caráter?

      O narrador o descreve como um homem muito calado que sorria devagarinho, sem "pressas dos outros adultos." Ele é visto espreitando a brincadeira das crianças "sem corrigir nada," quase como uma "criança quieta com inveja de vir brincar." Essa descrição reforça o caráter do Tio como uma figura contemplativa, silenciosa e com uma ternura velada, que compreende a vida e o tempo de maneira diferente dos outros adultos

CONTO: O PARAÍSO SÃO OS OUTROS - FRAGMENTO - VALTER HUGO MÃE - COM GABARITO

 Conto: O PARAÍSO SÃO OS OUTROS – Fragmento

           Valter Hugo Mãe

        [...]

        Eu adoraria ver jacarés, ursos brancos ou cobras de dez metros. Uma vizinha da nossa rua tem uma vaidosa galinha d'Angola. Eu gosto de animais e mais ainda dos esquisitos e invulgares, até dos que parecem feios por serem indispostos. Os bichos só são feios se não entendermos seus padrões de beleza. Um pouco como as pessoas. Ser feio é complexo e pode ser apenas um problema de quem observa.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHWdTukLACHo4Yw4nz8VJuy-r_Y6tgsuJ_s8uf3V-WTvEKhUwBYu9iOesPk4_78Ddi5RrsrIPYJhC03Pw9_ZhbkA22Q2Ga2iwytny62AKxM7NExBz7Wl4-ohln6cr3ZXd_6J2ydqx76MOWoEVxqYu8UVjb81KEberbdKqohad9apmk5DLgRZchdYQ3wzI/s320/BELEZA.jpg


        Eu uso óculos desde os cinco anos de idade. Estou sempre por detrás de uma janela de vidro. Não faz mal, é porque eu inteira sou a minha casa. Sou como o caracol, mas muito mais alta e veloz. A minha mãe também acha assim, que o corpo é casa. Habitamos com maior ou menor juízo.

        O jacaré é um bicho indisposto, eu sei. Gosto muito dele, mas não devo chegar perto. Nunca vi, já disse. Tenho pena. Talvez seja pior para o jacaré, por não o amar. Eu gosto dele mas não sei se constrói. Estou a ser sincera. Ainda tenho que ler sobre isso. Talvez os bichos ferozes construam coisas às quais não sabemos dar valor. É importante pensarmos no valor que cada coisa ou lugar tem para cada bicho. Só assim vamos compreender a razão de cada coisa ser como é. Depois de entendermos melhor, a beleza comparece.

        [...].

MÃE, Valter H. O paraíso são os outros. Porto: Porto Editora, 2014. p. 13.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 7º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 52.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal ideia que o narrador desenvolve sobre a beleza, tanto em relação aos animais quanto às pessoas?

      O narrador estabelece que a beleza é subjetiva e complexa, sendo primariamente um problema de perspectiva. Ele afirma que os bichos (e, implicitamente, as pessoas) "só são feios se não entendermos seus padrões de beleza." Portanto, o que é percebido como feio ou "indisposto" pode ser apenas uma falha de compreensão ou um "problema de quem observa."

02 – Qual metáfora o narrador e sua mãe utilizam para descrever o corpo, e o que ela implica sobre a forma como o indivíduo se relaciona com o mundo?

      A metáfora utilizada é que o corpo é uma casa. O narrador se compara a um caracol, que carrega sua casa. Essa imagem implica que o indivíduo é um ser que habita a si mesmo, e a relação com o mundo se dá sempre a partir desse espaço interno ("eu inteira sou a minha casa"). A mãe acrescenta que se habita essa casa "com maior ou menor juízo," sugerindo a importância da consciência e da sabedoria na gestão do próprio ser.

03 – O narrador menciona que usa óculos desde cedo e que está "sempre por detrás de uma janela de vidro." Como esse detalhe pode ser interpretado simbolicamente, além de seu sentido literal?

      Simbolicamente, os óculos e a "janela de vidro" reforçam a ideia de mediação e observação. O narrador vê o mundo através de um filtro. Isso pode sugerir tanto uma necessidade de correção da visão para enxergar o mundo com clareza, quanto uma distância reflexiva ou uma barreira protetora entre o "eu-casa" e o exterior, enfatizando sua postura contemplativa.

04 – Na reflexão sobre o jacaré, o narrador expressa uma dúvida: "Eu gosto dele mas não sei se constrói." O que essa dúvida sugere sobre o critério de valor que o narrador aplica, e como ele tenta resolver essa questão?

      A dúvida sobre o jacaré "construir" sugere que o critério de valor do narrador está ligado à utilidade ou à capacidade criativa de um ser. Ele tenta resolver essa questão elevando o critério: propõe que, talvez, os bichos ferozes construam coisas às quais os humanos não sabem dar valor. A resolução, portanto, é a necessidade de compreensão e empatia, valorizando o que "cada coisa ou lugar tem para cada bicho" antes de julgar seu valor.

05 – Qual é a condição final que o narrador estabelece para que a beleza de algo ou alguém possa ser revelada?

      A condição final é a compreensão. O narrador afirma: "Depois de entendermos melhor, a beleza comparece." Isso significa que a beleza não é uma qualidade inerente e imediata do objeto, mas sim o resultado de um processo de reflexão, entendimento e valorização da razão de ser de cada coisa.

 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

CONTO: A CASA DA GRITARIA - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM QUESTÕES OBJETIVAS E GABARITO

 Conto: A Casa da Gritaria - Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        — Que barulhada! — exclamou Emília, ao aproximar-se da Casa das INTERJEIÇÕES. — Será algum viveiro de papagaios?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoEOjq6s9iMzFzpGgSCA5SSftblFPqs_r_oyCPVHNKJ2175u0MsJvnu1qTm-ALBMHuVNVcDksmCBk3C4_wfw9cMgF6EH654zkBDX4KdY6A1XbycxwgwNH2LHOZ2btMUGKP3X4rkfETLSnWcuFp6rO7oQzpYeiaq2SUd2i_6LbfrQD9IxWYXj3-sPnNboQ/s320/1853567fab11a9187d1a36d210cdd8ad.jpg


        — São elas. Aquilo lá dentro parece um hospício, porque as Interjeições não passam de gritinhos.

        — Gritos de quê?

    — De tudo. Gritos de Dor, de Alegria, de Aplauso...

        A Casa das Interjeições parecia mesmo um viveiro de papagaios. Assim que entrou, Emília viu passarem correndo dois gemidinhos de DOR, as Interjeições Ai! e Ui! Logo em seguida viu, a dar pulos, três gritinhos de ALEGRIA: — Ah! Oh! Eh! Depois viu três de nariz comprido, as Interjeições de DESEJO: — Tomara! Oh! Oxalá! E viu três num entusiasmo doido — as Interjeições de ANIMAÇÃO: — Eia! Sus! Coragem! E viu quatro de APLAUSO, batendo palmas: — Viva! Bravo! Bem!

        Apoiado! E viu mais quatro com caras de horror e nojo, que eram as Interjeições de AVERSÃO: — Ih, Xi! Irra! Apre! E viu algumas de APELO, chamando desesperadamente alguém:

        — Olá! Psiu! Alô! E viu duas de SILÊNCIO, encolhidinhas, de dedo na boca: — Psiu! Caluda! E viu uma bem velhinha, de ADMIRAÇÃO — Cáspite! 

        — Que baitaquinhas! — comentou Emília, tapando os    ouvidos. — Já estou tonta, tonta...

        — E há ainda aqui — disse o Verbo Ser — esta pequena caixa com as ONOMATOPÉIAS, OU Interjeições IMITATIVAS de certos sons.

        Emília viu nessa caixinha as Onomatopeias Chape!, que imita o som do animal patinhando n'água. E viu Zás-Trás!, que imita movimento rápido. E viu também o célebre Nhoque!, muito usado por Pedrinho para imitar bote de cachorro bravo,  E viu Tchibum! — que imita barulho duma coisa que cai  n'água. E viu Trrrlin!, que imita som de esporas no assoalho,  E viu Tique-Taque, som de relógio. E ToqueToque, som de batida em porta. E viu Coin, Coin, Coin, som de Rabicó quando leva pelotadas do bodoque de Pedrinho.

        — Sim, senhor! — disse Emília, retirando-se. — São muito galantinhas, mas deixam uma pessoa atordoada. Lá no sítio usamos muito algumas destas interjeições, e ainda várias outras inventadas por nós. Tia Nastácia é uma danada para inventar Interjeições. Danada para tudo, aquela negra...

        E, mudando de tom:

        — Por que Vossa Serência não aparece por lá, um dia, para uma visita a Dona Benta? Por ser muito velho? Ora, deixe-se disso!... Estamos lá acostumados com a velhice. Dona Benta é velha e Tia Nastácia também. Cachorro bravo?... Oh, é bicho que nunca houve no sítio. Só temos Rabicó, que é um marquês que não morde, e a Vaca Mocha, que não tem chifre — e agora este Quindim, que é a pérola dos gramáticos.

        — E há ainda mais coisas por lá — continuou Emília, depois duma pausa. — Há os famosos bolinhos de Tia Nastácia, feitos de polvilho, leite, uma colherzinha de sal, etc. Depois ela frita. Quando Rabicó sente de longe o cheiro desses bolinhos, vem na volada. Mas não pilha um só. É comida de gente e não de... marquês.

        E finalizou, com uma piscadinha marota:

        — Dona Benta é viúva. Vá, que até pode sair casamento...

        O Verbo Ser olhava para Emília com os olhos arregalados. Ele não sabia a história da célebre torneirinha de asneiras...

Entendendo o conto:

01. No trecho, o que a personagem Emília pensa que a Casa das INTERJEIÇÕES poderia ser, ao ouvir a barulhada?

A. Um circo com animais.

B. Um asilo de velhinhos.

C. Uma fábrica de doces.

D. Um viveiro de papagaios.

 02. De acordo com o Verbo Ser, por que a Casa das Interjeições parece um hospício?

A. Porque as Interjeições não passam de gritinhos.

B. Porque as Interjeições são bichos selvagens e perigosos.

C. Porque as Interjeições estão doentes e precisam de cuidado.

D. Porque as Interjeições estão sempre cantando ópera.

 

03. Quais Interjeições são representadas no conto como 'gemidinhos de DOR'?

A. Tomara! Oh! Oxalá!

B. Ai! e Ui!

C. Olá! Psiu! Alô!

D. Viva! Bravo!

 

04. Qual é a classificação das interjeições 'Ih, Xi! Irra! Apre!', que Emília viu 'com caras de horror e nojo'?

A. Interjeições de AVERSÃO.

B. Interjeições de APLAUSO.

C. Interjeições de SILÊNCIO.

D. Interjeições de ANIMAÇÃO.

 

05. Qual a onomatopeia que, segundo o texto, imita o som de 'batida em porta'?

A. Tique-Taque.

B. Toque-Toque.

C. Trrrlin!

D. Chape!

 

06. O que as ONOMATOPÉIAS representam, de acordo com a explicação do Verbo Ser?

A. Interjeições Imitativas de certos sons.

B. Interjeições de Desejo.

C. Palavras que indicam nome de pessoas.

D. Gritos de Admiração.

 

07. Qual onomatopeia, listada no texto, representa o som 'que imita barulho duma coisa que cai n’água'?

A. Nhoque!

B. Chape!

C. Zás-Trás!

D. Tchibum!

 

08. Qual interjeição (ou grupo) é mencionada no texto como sendo 'bem velhinha' e expressando ADMIRAÇÃO?

A.Oxalá!

B. Cáspite!

C. Caluda!

D. Ai!

 

09. Ao final do trecho, o que Emília sugere ao Verbo Ser sobre Dona Benta?

A. Que ele deveria fazer os bolinhos de polvilho.

B. Que Dona Benta quer vender o Sítio.

C. Que ele faça uma visita para tentar um casamento com ela.

D. Que ele ajude a proteger o sítio do cachorro bravo.

 

10. Qual personagem do Sítio do Picapau Amarelo é chamado por Emília de 'a pérola dos gramáticos' no final do conto?

A. O Verbo Ser.

B. Quindim.

C. Tia Nastácia.

D. Rabicó.

 

 

 

 

 

CONTO: A VIAGEM - O SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO VI - FRAGMENTO - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 Conto: A viagemO Sítio do Pica-pau Amarelo VI – Fragmento

            Monteiro Lobato

        [...]

        Narizinho respondeu ao convite por meio dum borboletograma.

        Não sabem o que é? Invenção da Emília. Como não houvesse telégrafo para lá, a boneca teve a ideia de mandar a resposta escrita em asas de borboleta. Agarrou uma borboleta azul que ia passando e rabiscou-lhe na asa, com um espinho, o seguinte:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjaSBdMOtG-c0lTAsyp41tkEJb76YpM-SMyzYqyj33KTtciZ35FWvrk4eRAJW9sgOB3norqHIbtk2s-0aCxzKj_E0HT0JIipsydXVdgkvg_yXoe3GLY7wLtfDVb9w5VyUqME2nSBcDhz265ogSdamxd0_N07K_ERSWRhWODXWRVkSq5CU7bGfb8Ll9XaM/s320/ilustracao-representativa-dos-personagens-do-sitio-do-picapau-amarelo.jpg


        “Narizinho, a Condessa e o Marquês agradecem a honra do convite e prometem não faltar.”

        — Por que não incluiu o nome de Pedrinho, Emília? — perguntou a menina.

        — Porque ele não é nobre — nem barão ainda é!…

        Pronto que foi o borboletograma, surgiu uma dificuldade. A quem endereçá-lo? À rainha das Vespas ou à das Abelhas?

        — Já resolvo o caso — disse Emília, e soltou a borboleta com estas palavras: “Vá direitinha, hein? Nada de distrair-se com flores pelo caminho.”

        — Ir para onde? — perguntou a borboleta.

        — Para a casa de seu sogro, ouviu? Malcriada! Atrever-se a fazer perguntas a uma condessa!

        — Mas… — ia dizendo humildemente a borboleta. Emília, porém, interrompeu-a com um berro.

        — Ponha-se daqui para fora! Não admito observações. Conheça o seu lugar, ouviu?

        A borboleta lá se foi, amedrontada e desapontadíssima.

        — Você parece louca, Emília! — observou Narizinho. – Como há de ela saber o endereço se você não deu endereço algum?

        — Sabe, sim! — retorquiu a boneca. — São umas sabidíssimas as senhoras borboletas. Se sabem fabricar pó azul para as asas, que é coisa dificílima, como não hão de saber o endereço dum borboletograma?

        [...]

Monteiro Lobato. Reinações de Narizinho. São Paulo, Brasiliense, 1984.

Entendendo o conto:

01 – Qual foi o meio de comunicação inventado por Emília para Narizinho responder ao convite e o que é esse meio?

      O meio de comunicação foi o borboletograma, que é a resposta escrita nas asas de uma borboleta, usada por falta de telégrafo no local.

02 – Quem escreveu a resposta no borboletograma e com o quê?

      A resposta foi escrita por Emília (a boneca) em uma borboleta azul, usando um espinho para rabiscar na asa.

03 – Qual era o conteúdo da mensagem escrita no borboletograma?

      A mensagem era: "Narizinho, a Condessa e o Marquês agradecem a honra do convite e prometem não faltar."

04 – Por que Emília não incluiu o nome de Pedrinho no borboletograma, segundo a própria boneca?

      Emília explicou que não incluiu o nome de Pedrinho porque "ele não é nobre — nem barão ainda é!…".

05 – Qual foi a dificuldade que surgiu após o borboletograma ficar pronto?

      A dificuldade era a quem endereçar a mensagem: "À rainha das Vespas ou à das Abelhas?".

06 – Como Emília resolveu o problema do endereço ao soltar a borboleta?

      Emília disse à borboleta: “Vá direitinha, hein? Nada de distrair-se com flores pelo caminho.” e, quando questionada, respondeu: “Para a casa de seu sogro, ouviu? Malcriada! Atrever-se a fazer perguntas a uma condessa!”. Ela não deu um endereço específico.

07 – Qual foi o argumento de Emília para justificar que a borboleta saberia o endereço, mesmo sem ter sido dado um?

      Emília argumentou que as borboletas "são umas sabidíssimas" e que, se "sabem fabricar pó azul para as asas, que é coisa dificílima, como não hão de saber o endereço dum borboletograma?".

 

CONTO: ENTRE OS ADJETIVOS - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 Conto: Entre os Adjetivos – Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        No bairro dos ADJETIVOS O aspecto das ruas era muito diferente. Só se viam palavras atreladas. Os meninos admiraram-se da novidade e o rinoceronte explicou:

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbQfPfv-FtuVg4Z4Bcpl7TNevh7SghcGGwk-K2e2PjljZVzUaG6xFkhxrLU79Jkkpd2PxAwDovuNDLSztnvLfTQPHM4o0kSaWN99ASD__RXCXJ6UnNbUyL4EvLPa8WgBZkIRr2KxIK-8y-pmORlLVEj_o9TDENZq7e_0ysbzf6HexJ9tiCKxNKh0Ohk-E/s320/adjetivos-port-fundo.png

        — Os Adjetivos, coitados, não têm pernas; só podem movimentar-se atrelados aos Substantivos. Em vez de designarem seres ou coisas, como fazem os Nomes, os adjetivos designam as qualidades dos Nomes.

        Nesse momento os meninos viram o Nome Homem, que saía duma casa puxando um Adjetivo pela coleira.

        — Ali vai um exemplo — disse Quindim. — Aquele Substantivo entrou naquela casa para pegar o Adjetivo Magro. O meio da gente indicar que um homem é magro consiste nisso — atrelar o Adjetivo Magro ao Substantivo que indica o Homem.

        — Logo, Magro é um Adjetivo que qualifica o Substantivo — disse Pedrinho — porque indica a qualidade de ser magro.

        — Qualidade ou defeito? — asneirou Emília. — Para Tia Nastácia ser magro é defeito gravíssimo.

        — Não burrifique tanto, Emília! — ralhou Narizinho. — Deixe o rinoceronte falar.

        O armazém dos Adjetivos era bem espaçoso e algumas prateleiras recobriam as paredes. Na prateleira dos qualificativos PÁTRIOS, Narizinho encontrou muitos conhecidos seus, entre os quais Brasileiro, Inglês, Chinês, Paulista, Polaco, Italiano, Francês e Lisboeta, que só eram atrelados a seres ou coisas do Brasil, da Inglaterra, da China, de São Paulo, da Polônia, da Itália, da França e de Lisboa.

        Havia ali muito poucos Adjetivos daquela espécie. Mas as prateleiras dos que não eram Pátrios estavam atopetadinhas. Os meninos viram lá centenas, porque todas as coisas possuem qualidades e é preciso um qualificativo para cada qualidade das coisas. Viram lá Seguro, Rápido, Branco, Belo, Mole, Macio, Áspero, Gostoso, Implicante, Bonito, Amável, etc. — todos os que existem.

        — E na sala vizinha? — perguntou o menino.

        — Lá estão guardadas as LOCUÇÕES ADJETIVAS.

        — O que são essas Senhoras Locuções? — perguntou Emília.

        — São expressões que equivalem a um adjetivo e são empregadas no lugar deles. Por exemplo, quando digo: O calor da tarde aborrece o Visconde, estou usando a Locução Da tarde em lugar do Adjetivo Vespertino; ou quando digo Presente de Rei, em lugar de Presente Rêgio.

        Aquele Presente Régio agradou Emília, que ficou pensativa.

        O movimento no bairro dos Adjetivos mostrava-se intenso. Milhares de Nomes entravam constantemente para retirar das prateleiras os Adjetivos de que precisavam — e lá se iam com eles na trela.

        Outros vinham repor nos seus lugares os Adjetivos de que não necessitavam mais.

        — As palavras não param — observou Quindim. — Tanto os homens como as mulheres (e sobretudo estas) passam a vida a falar, de modo que a trabalheira que os humanos dão às palavras é enorme.

        Nesse momento uma palavra passou por ali muito alvoroçada. Quindim indicou-a com o chifre, dizendo:

        — Reparem na talzinha. É o Substantivo Maria, que vem em busca de Adjetivos. Com certeza trata-se de algum namorado que está a escrever uma carta de amor a alguma Maria e necessita de bons Adjetivos para melhor lhe conquistar o coração.

        A palavra Maria achegou-se a uma prateleira e sacou fora o Adjetivo Bela; olhou-o bem e, como se o não achasse bastante, puxou fora a palavra Mais; e por fim puxou fora o Adjetivo Belíssima.

        — A palavra Mais forma o Comparativo, com o qual o namorado diz que essa Maria é Mais Bela do que tal outra; e com o Adjetivo Belíssima ele dirá que Maria é extraordinariamente bela. E desse modo, para fazer uma cortesia à sua namorada, ele usa os dois GRAUS DO ADJETIVO. Partindo da forma normal que é a palavra Bela, usa o GRAU COMPARATIVO, com a expressão Mais Bela, e usa o GRAU SUPERLATIVO, com a palavra Belíssima.

        — Mas nem sempre é assim — observou Emília. — Lá no sítio, quando eu digo Mais Grande, Dona Benta grita logo: "Mais grande é cavalo".

        — E tem razão — concordou o rinoceronte —, porque alguns Adjetivos, como Bom, Mau, Grande e Pequeno, saem da regra e dão-se ao luxo de ter formas especiais para exprimir o Comparativo. Bom usa a forma Melhor. Mau usa a forma Pior. Grande usa a forma Maior, e Pequeno usa a forma Menor. O resto segue a regra.

        — E para que serve o SUPERLATIVO?

        — Para exagerar as qualidades do Adjetivo. Forma-se principalmente com um íssimo ou com um Érrimo no fim da palavra, como Feliz, Felicíssimo; Salubre, Salubérrimo. Ou então usa o O Mais, como O Mais Feliz.

        — E se quiser exagerar para menos? — indagou Pedrinho.

        — Nesse caso usa a expressão O Menos Feliz...

        — Sim — murmurou Emília distraidamente, com os olhos postos no Visconde, que continuava calado e apreensivo como quem está incubando uma ideia. — O Sonsíssimo Visconde, ou O Mais Sonso de todos os sabugos científicos...

        De fato, o Visconde estava preparando alguma. Deu de ficar tão distraído, que até começou a atrapalhar o trânsito. Tropeçou em várias palavras, pisou no pé de um Superlativo e chutou um O maiúsculo, certo de que era uma bolinha de futebol.

        Que seria que tanto preocupava o Senhor Visconde?

OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LOBATO. Edição do Círculo do Livro. Emília no País da Gramática. As figuras de sintaxe. https://www.fortaleza.ce.gov.br.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal característica das palavras no bairro dos Adjetivos e qual é a função dessas palavras, segundo Quindim?

      A principal característica é que as palavras (Adjetivos) andam atreladas aos Substantivos, pois não têm pernas. A função dos Adjetivos é designar as qualidades (ou defeitos) dos Nomes / Substantivos.

02 – O que são os Adjetivos Pátrios e onde Narizinho os encontrou?

      Os Adjetivos Pátrios são qualificativos que indicam a origem de seres ou coisas. Narizinho os encontrou na prateleira dos qualificativos PÁTRIOS do armazém dos Adjetivos (Ex: Brasileiro, Chinês, Lisboeta).

03 – O que são as Locuções Adjetivas e qual exemplo Quindim usou para ilustrar a substituição de um adjetivo por uma locução?

      Locuções Adjetivas são expressões que equivalem a um adjetivo e são usadas no lugar deles. O exemplo dado foi a substituição do Adjetivo Vespertino pela Locução Adjetiva "Da tarde" (em calor da tarde).

04 – Qual Substantivo (Nome) foi visto buscando Adjetivos no armazém, e qual era a provável razão dessa busca?

      O Substantivo que buscava Adjetivos era Maria. A razão provável era que algum namorado estava escrevendo uma carta de amor para alguma Maria e necessitava de bons Adjetivos para conquistar o coração dela.

05 – Quais são os dois Graus do Adjetivo que a palavra Maria usou para fazer uma cortesia ao seu namorado, e quais palavras foram usadas para formá-los?

      Os dois graus usados foram:

      GRAU COMPARATIVO (com as palavras Mais Bela, usando a palavra Mais).

      GRAU SUPERLATIVO (com a palavra Belíssima, usando o sufixo -íssima).

06 – Quais são os quatro Adjetivos que, de acordo com Quindim, fogem à regra do Comparativo e usam formas especiais? Cite a forma Comparativa de cada um.

      Os quatro Adjetivos são:

      Bom (usa a forma Melhor).

      Mau (usa a forma Pior).

      Grande (usa a forma Maior).

      Pequeno (usa a forma Menor).

07 – O que o Visconde de Sabugosa estava fazendo no final do trecho, e por que Emília o chamou de "O Sonsíssimo Visconde"?

      O Visconde estava calado, apreensivo, tropeçando e atrapalhando o trânsito, pois estava incubando uma ideia (preparando alguma coisa). Emília o chamou de "O Sonsíssimo Visconde" (ou "O Mais Sonso de todos os sabugos científicos") usando um Superlativo (aumentando a qualidade de sonso) para brincar com a distração e a natureza pensativa do sabugo.

 

CONTO: ENTRE AS CONJUNÇÕES - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 Conto: Entre as Conjunções – Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        O Verbo Ser levou Emília para a Casa das CONJUNÇÕES, que ficava ao lado.

          As Conjunções — explicou ele — também ligam; mas em vez de ligarem simples palavras (como fazem as Preposições) ligam grupos de palavras, ou isso a que os gramáticos chamam:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPdXGbyEH7DQDM1HHUVFmP6KOE3QB2sfV55insBEBvbJVfjIB7PbgTSysmcgHnj41AFHvLYX4LnVVsmWyn60DGJY1fJZk_sUrIyDWHlr7PubbGVdbNiU16aOWzP09In7HOqmc50ZZeZGAT4iThNqh5lj1DNrMTx2NjNmTO5Ab5ywUQ8Vhz5J9Gh6PUReE/s320/conjuncoes-tudo-o-que-voce-precisa-para-arrasar-nos-vestibulares.jpg


        ORAÇÃO.

          Oração não é reza? — perguntou Emília.

          E reza e é também uma frase que forma sentido perfeito. Quando alguém diz: Emília é uma boneca, está formando uma Oração curtinha. Mas há frases muito compridas, compostas de várias Orações; nesse caso é preciso ligar as Orações entre si por meio das Conjunções. Não fazendo isso, a frase cai aos pedaços.

          Compreendo — disse Emília. — Se eu digo... — e engasgou.    

          Espere — advertiu Ser. — Se você diz: A água é mole e a pedra é dura, você está amarrando duas Orações diversas com o barbantinho da Conjunção E.

        Emília viu na Casa das Conjunções dois armários, um com as Conjunções COORDENATIVAS e outro com as Conjunções SUBORDINATIVAS. No armário das Coordenativas encontrou muitas conhecidas suas, como E, Também, Então, Bem Como, Que, Ou, Mas, Porém, Todavia, Senão, Somente, Pois Bem, Ora, Aliás...

          Como são numerosas! — comentou a boneca. — Nunca supus que fosse necessário tanta variedade de fios para amarrar as Senhoras Orações.

          Os homens costumam amarrar as Orações de tantos modos diferentes, que todas essas cordinhas se tornam necessárias.

        Emília ainda viu lá Logo, Pois, Portanto, Assim, Por Isso, Daí, Ou, Isto É, Por Exemplo, e muitas mais.

        No segundo armário estavam as Conjunções Subordinativas, que ligam as Orações dum modo especial, escravizando uma à outra. Eram igualmente abundantíssimas, e Emília notou as seguintes: Quando, Apenas, Como, Enquanto, Desde Que, Logo Que, Até Que, Assim Que, Ao Passo Que, Se, Salvo, Exceto, Sem Que, Porque, Visto Que, De Modo Que, Para Que, Segundo, Conforme, Embora e outras.

          Xi... São tantas que já estão me enjoando — disse Emília, fazendo um muxoxo. — Chega de Casa de Fios. Vamos ver outra coisa.

          Só nos resta visitar as Interjeições — disse o Verbo Ser, tirando do bolso uma caixinha de rape para tomar a sua pitada.

          Isso é tabaco ou pó de pirlimpimpim? — perguntou Emília.

          Pó de pirlimpimpim? — repetiu o Verbo Ser, franzindo a testa. — Que pó é esse?

        Emília riu-se.

        — Nem queira saber, Serência! É um pozinho levado da breca. Uma vez tomamos uma pitada e fomos parar na Lua...

        E enquanto ia caminhando para a Casa das Interjeições, a boneca desfiou a primeira aventura da Viagem ao céu.

OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LOBATO. Edição do Círculo do Livro. Emília no País da Gramática. As figuras de sintaxe. https://www.fortaleza.ce.gov.br.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal função das Conjunções, segundo a explicação do Verbo Ser, e qual o seu papel fundamental na construção de frases mais longas?

      A principal função das Conjunções é ligar grupos de palavras, ou o que os gramáticos chamam de Oração. Em frases longas compostas por várias Orações, as Conjunções são necessárias para amarrar as Orações entre si, impedindo que a frase "caia aos pedaços".

02 – O que é uma Oração, no contexto da gramática, de acordo com o Verbo Ser?

      Uma Oração é uma frase que forma sentido perfeito. O Verbo Ser exemplifica com a frase curtinha: "Emília é uma boneca".

03 – Onde as Conjunções estavam guardadas na casa visitada, e quais são os dois grandes grupos em que elas são divididas?

      As Conjunções estavam guardadas em dois armários. Os dois grupos são as Conjunções Coordenativas e as Conjunções Subordinativas.

04 – Qual é a diferença na forma como as Conjunções Coordenativas e Subordinativas ligam as Orações?

      As Conjunções Coordenativas ligam as Orações sem que haja uma relação de dependência explícita (como a Conjunção E). As Conjunções Subordinativas ligam as Orações de um modo especial, escravizando uma à outra (criando uma dependência), como Porque ou Quando.

05 – Emília menciona algumas Conjunções que conhecia, listadas no armário das Coordenativas. Cite três exemplos dessas Conjunções Coordenativas.

      Emília encontrou no armário das Coordenativas conjunções como: E, Ou, Mas, Porém, Todavia, Senão, Logo, Pois, Portanto, Assim, Por Isso, Ora, Aliás, entre outras.