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domingo, 29 de outubro de 2023

POEMA: MEU POVO, MEU POEMA - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Meu povo, meu poema

             Ferreira Gullar

Meu povo e meu poema crescem juntos

como cresce no fruto

a árvore nova

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggrVQjiFmOf0Za4KjQovIvbk707UOfmbGzszBLS2tbdBkL-M4kZvFMz0n_p4oFQVznw-NCIDwNqXWWcWHpZfghmm_38zz4KR_qKkp4ZJ9_gCn2W7O1tt2pYlUisUUAnOBbg3KyoxX9S7AmOc44KY8w1cv_zP0Ipyo1wXnfxqax9AP_nu-vTE11Zq-md0Y/s1600/POVO.jpg


 

No povo meu poema vai nascendo

como no canavial

nasce verde o açúcar

 

No povo meu poema está maduro

como o sol

na garganta do futuro

 

Meu povo em meu poema

se reflete

como a espiga se funde em terra fértil

 

Ao povo seu poema aqui devolvo

menos como quem canta

do que planta.

Ferreira Gullar. Toda poesia. José Olympio: Rio de Janeiro, 2000.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema principal do poema "Meu Povo, Meu Poema" de Ferreira Gullar?

      O tema principal do poema é a relação entre o povo e a poesia, destacando como a poesia se desenvolve a partir das experiências e da cultura do povo.

02 – Como o poeta descreve a conexão entre o povo e a poesia no poema?

      O poeta descreve a conexão entre o povo e a poesia usando metáforas, comparando-a ao crescimento de árvores, canaviais e ao sol na garganta do futuro.

03 – Qual é a metáfora usada para ilustrar como a poesia se desenvolve no povo?

      O poema usa a metáfora do crescimento do açúcar no canavial, sugerindo que a poesia cresce naturalmente a partir das raízes do povo.

04 – O que o poeta quer dizer quando afirma que "Meu povo em meu poema se reflete"?

      O poeta está dizendo que o povo está incorporado à poesia, influenciando e sendo parte integrante do poema.

05 – Como o poema expressa a ideia de que o poeta está devolvendo a poesia ao povo?    

      O poeta expressa a ideia de devolução ao povo comparando-a a alguém que planta algo que crescerá e prosperará, enfatizando a importância de compartilhar a poesia com o povo.

06 – Que movimento literário Ferreira Gullar estava associado, e como isso pode influenciar a interpretação do poema?

      Ferreira Gullar estava associado ao Concretismo, um movimento literário que enfatizava a precisão e a clareza na poesia. Isso pode influenciar a interpretação do poema, pois o poema tende a ser conciso e simbólico, buscando uma relação direta entre a poesia e o povo.

07 – Qual é o tom geral do poema "Meu Povo, Meu Poema"?

      O tom geral do poema é de celebração e conexão entre o poeta e o povo, com um toque de otimismo e esperança em relação ao futuro.

 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

POEMA: OCORRÊNCIA - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Ocorrência

           Ferreira Gullar

Aí o homem sério entrou e disse: bom dia. 

Aí o outro homem sério respondeu: bom dia. 

Aí a mulher séria respondeu: bom dia. 

Aí a menininha no chão respondeu: bom dia. 

Aí todos riram de uma vez. 

 

Menos as duas cadeiras, a mesa, o jarro, as flores 

as paredes, o relógio, a lâmpada, o retrato, os livros, 

o mata-borrão, os sapatos, as gravatas, as camisas, os lenços. 

Ferreira Gullar. Toda poesia. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 106-7.

Entendendo o poema:

01 – O poema não informa claramente em que lugar acontece a cena descrita. Porém, ele dá algumas pistas: o comportamento dos homens, da mulher, da menininha e dos objetos. Na sua opinião, que lugar provavelmente é esse?

      Provavelmente um escritório, pois há livros e mata-borrão.

02 – O homem cumprimenta com formalidade o outro homem e a mulher. O poeta os caracteriza com uma única palavra.

a)   Que palavra é essa?

Sério.

b)   A que classe gramatical ela pertence: à dos substantivos ou à dos adjetivos?

À dos adjetivos.

03 – Um incidente quebra a seriedade da cena. Qual é ele?

      A menininha responder bom dia e todos rirem de uma vez.

04 – A atitude da menininha causa uma descontração no ambiente.

a)   Que seres não participam dessa descontração?

Os objetos: as duas cadeiras, a mesa, o jarro, as flores, as paredes, o relógio, a lâmpada, o retrato, os livros, o mata-borrão, os sapatos, as gravatas, as camisas, os lenços.

b)   A que classe gramatical pertencem as palavras usadas para indicar esses seres: à dos substantivos ou à dos adjetivos?

À dos substantivos.

 

 

domingo, 27 de março de 2022

POEMA: FINAL - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Final

          Ferreira Gullar


Era o que eu tinha a contar
Sobre o meu gato Gatinho
Que muito tem me ensinado
De amizade e de carinho.

Um siamês, pelo escuro
Olhos azuis, cara preta
É o bicho – lhes asseguro –
Mais “fofo” deste planeta.

Um gato chamado Gatinho, de Ferreira Gullar. São Paulo: Salamandra, 2000.

Fonte: Gramática Reflexiva – 6° ano – Atual Editora – William & Thereza – 2ª edição reformulada – São Paulo. 2008. p. 88-9.

Entendendo o poema:

01 – Na 1ª estrofe do poema, foram empregados os substantivos gato e Gatinho. Considerando a classificação desses substantivos, explique por que apenas um deles tem letra inicial maiúscula.

      Gatinho é substantivo próprio, ao passo que gato é substantivo comum.

02 – Como você sabe, substantivos abstratos podem nomear sentimentos e ações. Identifique no poema dois substantivos abstratos que traduzem os sentimentos existentes entre o gato e seu dono.

      Amizade e carinho.

03 – Na 2ª estrofe, o poeta descreve o seu gato. Que substantivos, simples e comuns, participam dessa descrição do animal?

      Siamês, pelo, olhos, cara, bicho.

04 – O substantivo gato é primitivo. Que substantivos derivados dele você conhece?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: gatil, gateza, gataria, gaticídio, gatinhar, engatinhar.

 

 

sábado, 31 de julho de 2021

POEMA: PERDE E GANHA - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 POEMA: Perde e ganha

             Ferreira Gullar


Vida tenho uma só

que se gasta com a sola do meu sapato

a cada passo pelas ruas

e não dá meia-sola.

 

Perdi-a já

em parte

num pôquer solitário,

mas ganhei de novo

para um jogo comum.

 

E neste jogo a jogo

inteira, a cada lance,

que a vida ou se perde ou se ganha com os demais

e assim se vive

que o mais é pura perda.

 

(Toda poesia. 18. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. p. 172.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 3/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p. 74/75.


Entendendo o poema

 

1. Na primeira estrofe do poema há um período composto por subordinação. Observe:

“Vida tenho uma só que se gasta com a sola do meu sapato”

A oração que se gasta com a sola do meu sapato está subordinada à oração anterior por meio do conectivo que, um pronome relativo.

a)   Que palavras, expressas anteriormente, esse conectivo retoma e substitui?

Uma vida.

b)   Substitua o pronome relativo que pelas palavras que são retomadas por ele. Que função sintática essas palavras desempenham na oração que se gasta com a sola do meu sapato?

A função de sujeito.

2. O período composto analisado na questão anterior também poderia ter sido construído assim:

Tenho só uma vida, gasta com a sola do meu sapato.

a)   Nesse período, qual é a classe gramatical da palavra gasta?

Classe dos adjetivos.

b)   Que função sintática a palavra gasta desempenha?

A de predicativo do objeto.

3. No poema “Perde e ganha”, o eu lírico reflete sobre a vida e compara-a a um jogo.

a) Que expressões do campo semântico de jogo são utilizadas para construir essa comparação?

 “Perde e ganha”; “Perdia-a já / em parte / num pôquer”; “mas ganhei de novo /para um jogo comum”; “E neste jogo a jogo”

 b)Nesse jogo, o eu lírico prefere o jogo solitário ou o jogo coletivo? Por quê?

O jogo coletivo (“jogo comum”), pois no “pôquer solitário” acabou por perder parte de sua vida.

 

sexta-feira, 25 de junho de 2021

CRÔNICA: O MENINO E O ARCO-ÍRIS - GULLAR FERREIRA - COM GABARITO

 CRÔNICA: O menino e o arco-íris

                  Gullar Ferreira


Era uma vez um menino curioso e entediado. Começou assustando-se com as cadeiras, as mesas e os demais objetos domésticos. Apalpava-os, mordia-os e jogava-os no chão: esperava certamente uma resposta que os objetos não lhe davam. Descobriu alguns objetos mais interessantes que os sapatos: os copos – estes, quando atirados ao chão, quebravam-se. Já era alguma coisa, pelo menos não permaneciam os mesmos depois da ação. Mas logo o menino (que era profundamente entediado) cansou-se dos copos: no fim de tudo era vidro e só vidro.

Mais tarde pôde passar para o quintal e descobriu as galinhas e as plantas. Já eram mais interessantes, sobretudo as galinhas, que falavam uma língua incompreensível e bicavam a terra.

Conheceu o peru, a galinha-d´Angola e o pavão. Mas logo se acostumou a todos eles, e continuou entediado como sempre.

Não pensava, não indagava com palavras, mas explorava sem cessar a realidade.

Quando pôde sair à rua, teve novas esperanças: um dia escapou e percorreu o maior espaço possível, ruas, praças, largos onde meninos jogavam futebol, viu igrejas, automóveis e um trator que modificava um terreno. Perdeu-se. Fugiu outra vez para ver o trator trabalhando. Mas eis que o trabalho do trator deu na banalidade: canteiros para flores convencionais, um coreto etc. E o menino cansou-se da rua, voltou para o seu quintal.

O tédio levou o menino aos jogos de azar, aos banhos de mar e às viagens para a outra margem do rio. A margem de lá era igual à de cá. O menino cresceu e, no amor como no cinema, não encontrou o que procurava. Um dia, passando por um córrego, viu que as águas eram coloridas. Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!

Desde então, todos os dias dava um jeito de ir ver as cores do córrego. Mas quando alguém lhe disse que o colorido das águas provinha de uma lavanderia próxima, começou a gritar que não, que as águas vinham do arco-íris. Foi recolhido ao manicômio.

E daí?

(GULLAR, Ferreira. O menino e o arco-íris. São Paulo: Ática, 2001. p. 5)

Fonte: http://textoemmovimento.blogspot.com.br/2013/03/texto-o-menino-e-o-arco-iris.html

 Fonte: Trilhando novos caminhos – Língua Portuguesa, 8º ano,2021.

Fonte da imagem -https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fi.pinimg.com%2Foriginals%2F07%2F58%2F81%2F075881c6cb3bcc40e607221dad1b3b16.jpg&imgrefurl=https%3A%2F%2Fbr.pinterest.com%2Fpin%2F741123682412829531%2F&tbnid=BwFr0mioUr1XxM&vet=12ahUKEwju38XT5LPxAhXln5UCHXVJBV8QMygAegUIARDmAQ..i&docid=RUxzZ5rFabTEWM&w=750&h=277&q=ARCO%20IRIS&ved=2ahUKEwju38XT5LPxAhXln5UCHXVJBV8QMygAegUIARDmAQ

Entendendo o texto

1) (SARESP/2010) Na expressão ―Mas logo se acostumou a todos eles - , o termo destacado refere-se a

(A) animais no quintal.

(B) cadeiras e mesas.

(C) sapatos e copos.

(D) jogos de azar.

 

2) (SARESP/2010) O tema do texto é

(A) a natureza.

(B) a tolerância.

(C) a curiosidade.

(D) a saudade.

 

3) (SARESP/2010) De acordo com o texto, o menino procurava, desde criança, por

(A) banhos de mar.

(B) galinhas e plantas interessantes.

(C) um arco-íris.

(D) alguma coisa surpreendente.

 

4) (SARESP/2010) “E daí?” A frase final do texto demonstra que a opinião do narrador sobre o destino do menino é de

(A) pena e desespero.

(B) simpatia e aprovação.

(C) indiferença e esperança.

(D) esperança e simpatia.

 

5) (SARESP/2010) No trecho “Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!”, o ponto de exclamação indica

(A) o tédio do menino.

(B) a surpresa do menino.

(C) a dúvida do narrador.

(D) o comentário do narrador.

 

6) (SARESP/2010) O texto acima é

(A) uma crônica.

(B) uma notícia.

(C) um informativo.

(D) uma fábula.

 

quinta-feira, 25 de março de 2021

POEMA: NO MUNDO HÁ MUITAS ARMADILHAS - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

POEMA: NO MUNDO HÁ MUITAS ARMADILHAS

        Ferreira Gullar

 No mundo há muitas armadilhas

e o que é armadilha pode ser refúgio

e o que é refúgio pode ser armadilha


Tua janela por exemplo

aberta para o céu

e uma estrela a te dizer que o homem é nada


ou a manhã espumando na praia

a bater antes de Cabral, antes de Troia

(há quatro séculos Tomás Bequimão

tomou a cidade, criou uma milícia popular

e depois foi traído, preso, enforcado)


No mundo há muitas armadilhas

e muitas bocas a te dizer

que a vida é pouca

que a vida é louca

E por que não a Bomba? te perguntam.

Por que não a Bomba para acabar com tudo, já

que a vida é louca?


Contudo, olhas o teu filho, o bichinho

que não sabe

que afoito se entranha à vida e quer

a vida

e busca o sol, a bola, fascinado vê

o avião e indaga e indaga


A vida é pouca

a vida é louca

mas não há senão ela.

E não te mataste, essa é a verdade.


Estás preso à vida como numa jaula.

Estamos todos presos

nesta jaula que Gagárin foi o primeiro a ver

de fora e nos dizer: é azul.

E já o sabíamos, tanto

que não te mataste e não vais

te matar

e aguentarás até o fim.


O certo é que nesta jaula há os que têm

e os que não têm

há os que têm tanto que sozinhos poderiam

alimentar a cidade

e os que não têm nem para o almoço de hoje


A estrela mente

o mar sofisma. De fato,

o homem está preso à vida e precisa viver

o homem tem fome

e precisa comer

o homem tem filhos

e precisa criá-los

Há muitas armadilhas no mundo e é preciso quebrá-las.

 GULLAR, Ferreira. Melhores poemas de Ferreira Gullar. Seleção e apresentação de Alfredo Bosi. 6. ed. São Paulo: Global, 2000. p. 58-59.

Fonte: Livro – APROVA BRASIL- Língua Portuguesa – 9º Ano -  Editora Moderna;editora responsável, Thaís Ginícolo Cabral. --São Paulo : Moderna, 2019, p.48-51

 

1.   Denomina-se eu lírico a voz que fala no poema. No poema, que sentimentos são manifestados pelo eu lírico na comparação que faz nos versos a seguir?

 “No mundo há muitas armadilhas

e o que é armadilha pode ser refúgio

e o que é refúgio pode ser armadilha”

 O eu lírico compara o mundo (a vida) a uma armadilha e a um refúgio. Como armadilha, o mundo é visto negativamente, trazendo problemas, surpresas desagradáveis; como refúgio, ele é visto como proteção.

 2. Na estrofe citada na questão anterior, a palavra refúgio tem o sentido de

a) esconderijo.

b) perigo.

c) abrigo.

d) fuga.

 3. Assinale a alternativa que expressa uma possível interpretação para a estrofe a seguir.

 “Contudo, olhas o teu filho, o bichinho

que não sabe

que afoito se entranha à vida e quer

a vida

e busca o sol, a bola, fascinado vê

o avião e indaga e indaga”

 a) As crianças são deslumbradas porque não conhecem a vida.

b) As crianças são ingênuas porque jogam bola e admiram o sol e os aviões.

c) As crianças não se sentem presas e são ávidas por conhecer o novo.

d) As crianças aproveitam a vida porque ela é pouca e louca.

 4.4A linguagem dos poemas geralmente é figurada, metafórica. Que metáfora é empregada na estrofe a seguir para referir-se à Terra?

Lembre: metáfora é o emprego de uma palavra ou expressão em lugar de outra, com a qual guarda alguma semelhança.

 “Estás  preso à vida como numa jaula.

Estamos todos presos

nesta jaula que Gagárin foi o primeiro a ver

de fora e nos dizer: é azul.

E já o sabíamos, tanto

que não te mataste e não vais

te matar

e aguentarás até o fim.”

 No poema, a palavra jaula é utilizada como metáfora para Terra; “Estamos todos presos / nesta jaula que Gagárin foi o primeiro a ver / de fora e nos dizer: é azul”.

 5.Extraia do poema a estrofe em que o eu lírico aborda as desigualdades sociais.

“O certo é que nesta jaula há os que têm / e os que não têm / há os que têm tanto que sozinhos poderiam / alimentar a cidade / e os que não têm nem para o almoço de hoje”.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

POEMA: O LAMPEJO - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 POEMA: O LAMPEJO

          Ferreira Gullar

O poema não voa de asa-delta

não mora na Barra
não frequenta o Maksoud.
Pra falar a verdade, o poema não voa:
anda a pé
e acaba de ser expulso da fazenda Itupu
pela polícia.

Come mal dorme mal cheira a suor,
parece demais com o povo:
é assaltante?
é posseiro?
é vagabundo?
frequentemente o detêm para averiguações
às vezes o espancam
às vezes o matam
às vezes o resgatam
da merda
por um dia
e o fazem sorrir diante das câmeras da TV
de banho tomado.

O poema se vende
se corrompe
confia no governo
desconfia
de repente se zanga
e quebra trezentos ônibus nas ruas de Salvador.

O poema é confuso
mas tem o rosto da história brasileira:
tisnado de sol
cavado de aflições
e no fundo do olhar, no mais fundo,
detrás de todo o amargor,
guarda um lampejo
um diamante
duro como um homem
e é isso que obriga o exército a se manter de prontidão.

 Fonte da imagem:https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Ftrabalhadoresdaluz.altervista.org%2Fate-o-ultimo-lampejo%2F&psig=AOvVaw20gYdhccFeBXdBdnRAFeOV&ust=1605718839875000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCLD9q4SHiu0CFQAAAAAdAAAAABAD

ENTENDENDO O POEMA

1)   Após a leitura do poema, pode-se dizer que temática é abordada?

Sim, a temática social e do engajamento político.

 

2)   Como é exposta essas temáticas no poema?

A voz poética expõe as desigualdades sociais do Brasil, além da violência e exploração sofridas por esse povo.

 

3)   O eu poético compara o poema a quem? Cite um verso que comprove.

Compara ao povo.

“O poema não voa de asa delta

não mora na Barra

não frequenta Maksoud...”

 

4)   Que lugares são citados no poema. Explique.

Barra = Bairro no RJ – Barra da Tijuca

Maksoud = Hotel de luxo em São Paulo – Capital

Fazenda Itupu = Atualmente – Conjunto Habitacional Jardim São Bento – em São Paulo – Capital

Salvador = Cidade de Salvador – Capital da Bahia

 

5)   Nos versos:

“...às vezes o espacam

às vezes o matam

às vezes o resgatam.” Que figura de linguagem encontramos nesses versos?

A figura de linguagem é Anáfora.

 

6)   Como o eu lírico termina o poema?

Termina o poema com um tom de esperança, pois o “lampejo” no olhar do povo pode ser lido como a consciência, algo que pode levar à revolução.

7)   Depois de ler atentamente o poema, pode-se afirmar do ponto de vista da produção de sentidos que:

a)   O autor está preocupado com os problemas sociais, portanto a arte poética, no texto, é instrumento de denúncia.

b)   Não há características elitistas na arte poética do autor, pois para o eu poético o poema está do lado de quem “anda a pé”; “come mal”, “cheira suor”, dentre outros trechos.

c)   Há características elitistas no poema, uma vez que, apenas, fala-se de como o homem do povo se expressa, sem levar em consideração a classe econômica de alto poder aquisitivo.

d)   A violência faz parte constante da arte poética do autor, deixando evidente que é, através dela, que muitas vezes, alcançam-se determinados propósitos.

sábado, 29 de agosto de 2020

POEMA: A ESTRELA - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: A Estrela

               Ferreira Gullar

Gatinho, meu amigo

fazes ideia do que seja uma estrela?

 

Dizem que todo este nosso imenso planeta

coberto de oceanos e montanhas

é menos que um grão de poeira

se comparado a uma delas

 

Estrelas são explosões nucleares em cadeia

numa sucessão que dura bilhões de anos

 

O mesmo que a eternidade

 

Não obstante, Gatinho, confesso

que pouco me importa

quanto dura uma estrela

 

Importa-me quanto duras tu,

querido amigo,

e esses teus olhos azul-safira

com que me fitas

               Ferreira Gullar. Relâmpago. Revista de poesia nº. 14 abril de 2004.

Entendendo o poema:

01 – Identifique os seres que, nesse poema, equivalem a eu, tu e ela.

      Eu: eu lírico; tu: gatinho; ela: estrela.

02 – A linguagem é mais objetiva quando o eu lírico fala de ela ou de tu?

      Quando fala de ela.

03 – Agora conclua: de que modo a linguagem é responsável pela impressão de afastamento em relação a ela e de intimidade com tu?

      O gatinho é chamado de amigo e de querido, e o eu lírico fala diretamente com ele, criando intimidade, enquanto a estrela é um assunto, tratado com linguagem objetiva.

04 – O que significa a expressão fazer ideia, do segundo verso?

      Saber, supor.

05 – Observe o conteúdo das estrofes 2, 3 e 4. Como elas se relacionam com a primeira estrofe?

      Elas apresentam a resposta da pergunta feita na primeira estrofe.

06 – A partir da 5ª estrofe, percebemos que a definição da estrela é um pretexto para o eu lírico expressar um sentimento. Qual?

      O afeto pelo gatinho.

07 – O título “A Estrela” passa, então, a se referir a duas ideias. Quais seriam?

      A estrela como corpo celeste, citada no início do poema, e o gatinho, que seria a estrela no sentido conotativo, isto é, algo muito importante na vida do eu lírico.

 

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

POEMA: HOMEM COMUM - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

Poema: Homem Comum    

   Ferreira Gullar

Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento

ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião,
e a vida sopra dentro de mim
pânica, a vida sopra de mim de modo assustador,
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.

Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas
rostos e
mãos, o quarda-sol vermelho ao meio-dia
em Pastos-Bons
defuntas alegrias flores passarinhos
facho de tarde luminosa
nomes que já nem sei
bandejas bandeiras bananeiras
tudo
misturado
essa lenha perfumada
que se acende
e me faz caminhar
Sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo,
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo melhor.
Poeta fui de rápido destino.
Mas a poesia é rara e não comove
nem move o pau-de-arara.
Quero, por isso, falar com você,
de homem para homem,
apoiar-me em você
oferecer-lhe o meu braço
que o tempo é pouco
e o latifúndio está aí, matando.

Que o tempo é pouco
e aí estão o Chase Bank,
a IT & T, a Bond and Share,
a Wilson, a Hanna, a Anderson Clayton,
e sabe-se lá quantos outros
braços do polvo a nos sugar a vida
e a bolsa
Homem comum, igual
a você,
cruzo a Avenida sob a pressão do imperialismo.
A sombra do latifúndio
mancha a paisagem
turva as águas do mar
e a infância nos volta
à boca, amarga,
suja de lama e de fome.

Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonho e margaridas.

Ferreira Gullar

Entendendo o poema:

01 – Para alargar e definir a imagem de “homem comum”, o autor não se utiliza:

a)   De comparações.

b)   Do efeito dos adjetivos.

c)   Da construção de versos livres.

d)   Da força dos verbos.

e)   Da beleza dos substantivos saudosistas.

02 – Nos últimos 5 versos, o poeta faz um hino de louvor a:

a)   Sermos pessoas comuns, do dia-a-dia.

b)   Vermos algum sentido na vida.

c)   Não nos desesperamos.

d)   Sermos pessoas ajustadas e felizes.

e)   Sermos gente, povo solitário e unido.

03 – No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poético, frequente no modernismo. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de:

a)   Agregação construtiva e poder de intervenção na ordem instituída.

b)   Força emotiva e capacidade de preservação da memória social.

c)   Denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos e utopias.

d)   Ampliação do universo cultural e intervenção nos valores humanos.

e)   Identificação com o discurso masculino e questionamento dos temas líricos.

04 – De acordo com o poema, quem é e como é o homem comum?

      Ele é de carne (busca coisas materiais); e de memória (busca coisas imateriais).

05 – O que se opõe a esse homem?

      O tempo é pouco...

06 – Observe o seguinte trecho do poema: “Ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião e a vida sopra dentro de mim pânica / feito a chama de um maçarico”. No texto lido, o termo “pânica” tem o seguinte valor sintático e semântico:

a)   Predicativo do sujeito – sentido de assustada.

b)   Predicativo do sujeito – sentido de estática.

c)   Adjunto adnominal – sentido de amedrontada.

d)   Adjunto adverbial de modo- sentido de apavorada.

e)   Predicativo do sujeito – sentido de esquecida.

07 – Homem comum:

“Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
e a vida sopra dentro de mim
pânica
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.
[...]

Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonho e margaridas.”

Nos versos em destaque, o sujeito poético:

a)   Convida seus iguais a lutar por uma vida mais justa e digna.

b)   Relativiza a fragilidade humana diante da possibilidade de união.

c)   Deslumbra-se diante de sua capacidade de se tornar diferente dos demais.

d)   Traduz um sentimento melancólico e pessimista diante da fragilidade humana.

e)   Vê, na coletividade, o anonimato como algo que esfria ao ânimos para sonhos e lutas sociais.

08 – O que o sujeito poético nesse poema procura?

      Procura-se identificar e por isso vai em busca da sua identidade.

09 – O sujeito poético se apresenta como resultado das experiências que viveu. Que caminhos ele mapeou?

      Percursos materiais (representados pela carne) e imateriais (simbolizados pela memória).

10 – O eu lírico se aproxima do universo do leitor demonstrando partilhar com ele experiências cotidianas. Cite-as.

      “Ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião”.