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domingo, 23 de março de 2025

POEMA: POEMA BRASILEIRO - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Poema brasileiro

             Ferreira Gullar

No Piauí de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSXOSNuhcbqkn9mCJNsVOgWetCAYqtM7W1_FmQuKYuroMUj5pcEPDva51ENSkdmxubE-D8RW2apufqXruk6GalgTQC8AznUQPdi34E46c1s75HaTmuWMRjgMnPZJnSTm-m1X1Lad_9bt03T1QYSsG2_sZoWtSNlaHvEEQWkmIjas7GeU4c4kFpvdpzK9E/s320/PI-taxa-mortalidade-infantil-2019.png


No Piauí
de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade.

No Piauí
de cada 100 crianças
que nascem
78 morrem
antes
de completar
8 anos de idade.

antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade

Ferreira Gullar. “Poema brasileiro”. In: Toda poesia (1950/1980). São Paulo, Círculo do Livro, 1982. p. 221.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 24.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema aborda a alta taxa de mortalidade infantil no Piauí, destacando a dura realidade enfrentada por muitas crianças na região.

02 – Qual efeito a repetição da frase "antes de completar 8 anos de idade" causa no leitor?

      A repetição intensifica o impacto da estatística, enfatizando a fragilidade da vida das crianças e a tragédia da mortalidade infantil precoce.

03 – Qual é a mensagem que o poeta busca transmitir com este poema?

      O poeta busca denunciar a desigualdade social e a precariedade das condições de vida que levam a essa alta taxa de mortalidade, buscando gerar indignação e conscientização.

04 – Qual é a importância do número "78" no poema?

      O número "78" representa a alarmante estatística de crianças que morrem antes dos 8 anos no Piauí, sendo o ponto central da denúncia do poema.

05 – De que forma o poeta usa a linguagem para reforçar a mensagem do poema?

      O poeta utiliza uma linguagem direta e concisa, com repetições e quebras de verso, para criar um ritmo que enfatiza a gravidade da situação e impacta o leitor.

 

 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

POEMA: AGOSTO 1964 - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Agosto 1964

             Ferreira Gullar

Entre lojas de flores e de sapatos, bares,

mercados, butiques,

viajo

num ônibus Estada de Ferro – Leblon

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtDYBy8j-ruY6ElqOKP3EG1___a9F95NvVhwTy2BBhiX-nU7kEQd_xSBNgBvmwW5lwf5NNIBem7iVxeGCb9amotSAGBYaFMBJLZ82yaP2KKCG8GlR7i1ejVgCkTBLXBPHu5JFQu9vGSL78aWSpCIVLBJdc0SP1XiLlqrN6TYYpPFoimCPvHhmv662d6Vw/s320/1964.jpg


Volto do trabalho, a noite em meio,

fatigado de mentiras.

O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,

relógio de lilases, concretismo,

neoconcretismo, ficções de juventude, adeus,

que a vida

eu a compro à vista dos donos do mundo.

Ao peso dos impostos, o verso sufoca,

a poesia agora responde a inquérito policial-militar.

Digo adeus à ilusão

mas não ao mundo. Mas não à vida,

meu reduto e meu reino.

Do salário injusto,

da punição injusta,

da humilhação, da tortura,

do terror,

retiramos algo e com ele construímos um artefato

um poema

uma bandeira.

Dentro da noite veloz & Poema sujo. São Paulo: Círculo do livro. s.d. p. 55.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 492.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o contexto histórico e social retratado no poema "Agosto 1964"?

      O poema, "Agosto 1964" de Ferreira Gullar foi escrito durante um período de grande repressão política no Brasil, logo após o golpe militar de 1964. O país vivenciava uma atmosfera de medo, censura e perseguição, com a instauração da ditadura militar.

02 – Qual é a principal emoção expressa pelo poeta no poema?

      O poeta expressa principalmente a frustração e a desilusão diante da realidade política e social do país. Ele se mostra "fatigado de mentiras" e descreve um ambiente opressor, onde a poesia é submetida a "inquérito policial-militar" e o peso dos impostos sufoca a liberdade de expressão.

03 – O que o poeta quer dizer com os versos "Adeus, Rimbaud, relógio de lilases, concretismo, neoconcretismo, ficções de juventude"?

      Nesses versos, o poeta se despede de ideais e movimentos artísticos que representavam a liberdade e a esperança de um futuro melhor. Ele reconhece que a realidade daquele momento histórico o afasta dessas "ficções de juventude" e o coloca diante de um mundo mais cruel e opressor.

04 – Como o poeta relaciona a experiência da opressão com a criação artística no poema?

      O poeta mostra que, mesmo diante da opressão, da injustiça e da violência, é possível transformar a dor em arte. Ele afirma que "do salário injusto, da punição injusta, da humilhação, da tortura, do terror" é possível retirar algo e construir um "artefato", um poema, uma bandeira. A arte, nesse contexto, surge como uma forma de resistência e de expressão da esperança.

05 – Qual é a mensagem final do poema "Agosto 1964"?

      A mensagem final do poema é um chamado à resistência e à luta pela liberdade, mesmo em tempos de escuridão. O poeta se recusa a abandonar o mundo e a vida, que são seu "reduto e reino", e reafirma a importância da arte como forma de expressão e de resistência diante da opressão.

 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

POEMA: MUITAS VOZES - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Muitas Vozes

             Ferreira Gullar

Meu poema
é um tumulto:
a fala
que nele fala
outras vozes
arrasta em alarido.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKeFsH4gN35GbiU54roWZESGNU_MDpPIaqMitbLEBoqIZ6G1a6zS4vYXYcVehDsjH6-LMKyo_CKVe5EiemefVZiX7jkSf5xtkz9Sx-OfbQwymjkbiZK72bHuuADWQyPnCfBOm_ImDvCHpnUxk3HJwqvs0p38B0IrfrFomWkkRltEwLufQ7p9Uj1leL0Bo/s1600/vozes.jpg



(estamos todos nós
cheios de vozes
que o mais das vezes
mal cabem em nossa voz:

se dizes pêra
acende-se um clarão
um rastilho
de tardes e açucares
ou
se azul disseres
pode ser que se agite
o Egeu
em tuas glândulas)

A água que ouviste
num soneto de Rilke
os ínfimos
rumores no capim
o sabor
do hortelã
(essa alegria)

A boca fria
da moça
o maruim na poça
a hemorragia da manhã

Tudo isso em ti
se deposita
e cala.
Até que de repente
um susto
ou uma ventania
(que o poema dispara)
chama
esses fosseis à fala.

Meu poema
é um tumulto, um alarido:
basta apurar o ouvido.

GULLAR, Ferreira. Muitas vozes. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 392.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a principal característica do poema, segundo o eu lírico?

      O eu lírico descreve o poema como um "tumulto", um alarido de muitas vozes. Ele explica que o poema não é apenas a sua voz, mas também as vozes de outras pessoas, de suas experiências e de suas memórias.

02 – O que significa a expressão "cheios de vozes" no poema?

      A expressão "cheios de vozes" significa que cada pessoa carrega dentro de si uma multitude de experiências, de sentimentos e de pensamentos que influenciam a sua forma de ver o mundo. Essas vozes, muitas vezes, não são expressas diretamente, mas estão presentes em nossas ações e em nossas escolhas.

03 – Como as vozes se manifestam no poema, de acordo com o eu lírico?

      As vozes se manifestam de diversas formas no poema. O eu lírico menciona exemplos concretos, como a água de um soneto de Rilke, os rumores no capim, o sabor do hortelã, a boca fria da moça, o maruim na poça e a hemorragia da manhã. Esses elementos sensoriais representam as diversas vozes que habitam o interior do eu lírico.

04 – O que faz com que essas vozes "calar" se manifestem no poema?

      O eu lírico explica que essas vozes permanecem caladas dentro de nós até que um "susto" ou uma "ventania" as desperte. Esses eventos inesperados, que podem ser tanto internos quanto externos, são o que "disparam" o poema, ou seja, o que permitem que as vozes se manifestem através da escrita.

05 – Qual é a relação entre o poema e o título "Muitas Vozes"?

      O título "Muitas Vozes" resume a principal característica do poema: a presença de diversas vozes que se manifestam através da escrita. O poema é um espaço onde essas vozes podem se expressar, seja de forma clara e direta, seja de forma implícita e simbólica. O poema, portanto, é um reflexo da complexidade e da pluralidade da experiência humana.

 

 

domingo, 5 de janeiro de 2025

POESIA: AGOSTO 1964 - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poesia: Agosto 1964

            Ferreira Gullar 

Entre lojas de flores
e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo num ônibus
Estrada de Ferro-Leblon.
Volto do trabalho,
a noite em meio,
fatigado de mentiras.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbnqOqF4KohuLysuIlEoHXiMnjhRK3rX41ks-TL_jnU35L_Jhx1i4IKgUV6vNrqWERph77ud-wicBi1wGhEU_IAtQ_G3T2AI4CpKguUGQUIZuOpM66d7bboCG3B7WdBUPmn09HuczA7FdOsX8BUVdwmdOCnHz33Vw55JMgYoutYEzgfBajRtuU_LKq01M/s320/FERRO.jpg

O ônibus sacoleja.
Adeus, Rimbaud,
relógio de lilases,
concretismo,
neoconcretismo,
ficções da juventude,
adeus, que a vida
eu compro à vista
aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos,
o verso sufoca,
a poesia agora
responde a inquérito
policial-militar.

Digo adeus à ilusão
mas não ao mundo.
Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação,
da tortura, do horror,
retiramos algo e com ele
construímos um artefato
um poema
uma bandeira.

Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001. p. 170.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3 / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11. Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 365.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal temática abordada no poema?

      A principal temática do poema é a relação entre o indivíduo e o contexto histórico-social, mais especificamente, a vivência do poeta diante do golpe militar de 1964. Gullar retrata o cotidiano, a rotina de trabalho, a desilusão política e a busca por resistência e expressão artística em meio à repressão.

02 – Como o poeta descreve a realidade do Brasil após o golpe militar?

      Gullar descreve uma realidade marcada pela repressão, pela censura e pela perda de liberdade. Os versos "a poesia agora responde a inquérito policial-militar" e "digo adeus à ilusão" evidenciam a dificuldade de produzir arte e pensamento crítico em um contexto autoritário. A imagem do ônibus sacolejando simboliza a instabilidade e a insegurança da época.

03 – Qual o papel da poesia diante do contexto histórico retratado no poema?

      A poesia, para Gullar, é uma forma de resistência e afirmação da identidade. Mesmo diante da repressão, o poeta busca na arte um espaço para expressar seus sentimentos e pensamentos. A poesia se torna uma forma de luta contra a opressão, um refúgio e um meio de dar voz àqueles que foram silenciados.

04 – Quais as referências culturais presentes no poema?

      O poema faz referência a diversos elementos da cultura, como a literatura (Rimbaud), as vanguardas artísticas (concretismo, neoconcretismo) e a política. Essas referências demonstram a formação intelectual do poeta e a sua busca por uma linguagem poética que dialogue com o seu tempo.

05 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é a necessidade de resistir e manter viva a esperança, mesmo diante da adversidade. Apesar da repressão e da desilusão, o poeta afirma a importância da vida, da arte e da luta por um mundo mais justo e livre. O verso "Mas não à vida, meu reduto e meu reino" sintetiza essa ideia de resistência e afirmação da individualidade.

 

domingo, 29 de outubro de 2023

POEMA: MEU POVO, MEU POEMA - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Meu povo, meu poema

             Ferreira Gullar

Meu povo e meu poema crescem juntos

como cresce no fruto

a árvore nova

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggrVQjiFmOf0Za4KjQovIvbk707UOfmbGzszBLS2tbdBkL-M4kZvFMz0n_p4oFQVznw-NCIDwNqXWWcWHpZfghmm_38zz4KR_qKkp4ZJ9_gCn2W7O1tt2pYlUisUUAnOBbg3KyoxX9S7AmOc44KY8w1cv_zP0Ipyo1wXnfxqax9AP_nu-vTE11Zq-md0Y/s1600/POVO.jpg


 

No povo meu poema vai nascendo

como no canavial

nasce verde o açúcar

 

No povo meu poema está maduro

como o sol

na garganta do futuro

 

Meu povo em meu poema

se reflete

como a espiga se funde em terra fértil

 

Ao povo seu poema aqui devolvo

menos como quem canta

do que planta.

Ferreira Gullar. Toda poesia. José Olympio: Rio de Janeiro, 2000.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema principal do poema "Meu Povo, Meu Poema" de Ferreira Gullar?

      O tema principal do poema é a relação entre o povo e a poesia, destacando como a poesia se desenvolve a partir das experiências e da cultura do povo.

02 – Como o poeta descreve a conexão entre o povo e a poesia no poema?

      O poeta descreve a conexão entre o povo e a poesia usando metáforas, comparando-a ao crescimento de árvores, canaviais e ao sol na garganta do futuro.

03 – Qual é a metáfora usada para ilustrar como a poesia se desenvolve no povo?

      O poema usa a metáfora do crescimento do açúcar no canavial, sugerindo que a poesia cresce naturalmente a partir das raízes do povo.

04 – O que o poeta quer dizer quando afirma que "Meu povo em meu poema se reflete"?

      O poeta está dizendo que o povo está incorporado à poesia, influenciando e sendo parte integrante do poema.

05 – Como o poema expressa a ideia de que o poeta está devolvendo a poesia ao povo?    

      O poeta expressa a ideia de devolução ao povo comparando-a a alguém que planta algo que crescerá e prosperará, enfatizando a importância de compartilhar a poesia com o povo.

06 – Que movimento literário Ferreira Gullar estava associado, e como isso pode influenciar a interpretação do poema?

      Ferreira Gullar estava associado ao Concretismo, um movimento literário que enfatizava a precisão e a clareza na poesia. Isso pode influenciar a interpretação do poema, pois o poema tende a ser conciso e simbólico, buscando uma relação direta entre a poesia e o povo.

07 – Qual é o tom geral do poema "Meu Povo, Meu Poema"?

      O tom geral do poema é de celebração e conexão entre o poeta e o povo, com um toque de otimismo e esperança em relação ao futuro.

 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

POEMA: OCORRÊNCIA - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Ocorrência

           Ferreira Gullar

Aí o homem sério entrou e disse: bom dia. 

Aí o outro homem sério respondeu: bom dia. 

Aí a mulher séria respondeu: bom dia. 

Aí a menininha no chão respondeu: bom dia. 

Aí todos riram de uma vez. 

 

Menos as duas cadeiras, a mesa, o jarro, as flores 

as paredes, o relógio, a lâmpada, o retrato, os livros, 

o mata-borrão, os sapatos, as gravatas, as camisas, os lenços. 

Ferreira Gullar. Toda poesia. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 106-7.

Entendendo o poema:

01 – O poema não informa claramente em que lugar acontece a cena descrita. Porém, ele dá algumas pistas: o comportamento dos homens, da mulher, da menininha e dos objetos. Na sua opinião, que lugar provavelmente é esse?

      Provavelmente um escritório, pois há livros e mata-borrão.

02 – O homem cumprimenta com formalidade o outro homem e a mulher. O poeta os caracteriza com uma única palavra.

a)   Que palavra é essa?

Sério.

b)   A que classe gramatical ela pertence: à dos substantivos ou à dos adjetivos?

À dos adjetivos.

03 – Um incidente quebra a seriedade da cena. Qual é ele?

      A menininha responder bom dia e todos rirem de uma vez.

04 – A atitude da menininha causa uma descontração no ambiente.

a)   Que seres não participam dessa descontração?

Os objetos: as duas cadeiras, a mesa, o jarro, as flores, as paredes, o relógio, a lâmpada, o retrato, os livros, o mata-borrão, os sapatos, as gravatas, as camisas, os lenços.

b)   A que classe gramatical pertencem as palavras usadas para indicar esses seres: à dos substantivos ou à dos adjetivos?

À dos substantivos.

 

 

domingo, 27 de março de 2022

POEMA: FINAL - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Final

          Ferreira Gullar


Era o que eu tinha a contar
Sobre o meu gato Gatinho
Que muito tem me ensinado
De amizade e de carinho.

Um siamês, pelo escuro
Olhos azuis, cara preta
É o bicho – lhes asseguro –
Mais “fofo” deste planeta.

Um gato chamado Gatinho, de Ferreira Gullar. São Paulo: Salamandra, 2000.

Fonte: Gramática Reflexiva – 6° ano – Atual Editora – William & Thereza – 2ª edição reformulada – São Paulo. 2008. p. 88-9.

Entendendo o poema:

01 – Na 1ª estrofe do poema, foram empregados os substantivos gato e Gatinho. Considerando a classificação desses substantivos, explique por que apenas um deles tem letra inicial maiúscula.

      Gatinho é substantivo próprio, ao passo que gato é substantivo comum.

02 – Como você sabe, substantivos abstratos podem nomear sentimentos e ações. Identifique no poema dois substantivos abstratos que traduzem os sentimentos existentes entre o gato e seu dono.

      Amizade e carinho.

03 – Na 2ª estrofe, o poeta descreve o seu gato. Que substantivos, simples e comuns, participam dessa descrição do animal?

      Siamês, pelo, olhos, cara, bicho.

04 – O substantivo gato é primitivo. Que substantivos derivados dele você conhece?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: gatil, gateza, gataria, gaticídio, gatinhar, engatinhar.

 

 

sábado, 31 de julho de 2021

POEMA: PERDE E GANHA - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 POEMA: Perde e ganha

             Ferreira Gullar


Vida tenho uma só

que se gasta com a sola do meu sapato

a cada passo pelas ruas

e não dá meia-sola.

 

Perdi-a já

em parte

num pôquer solitário,

mas ganhei de novo

para um jogo comum.

 

E neste jogo a jogo

inteira, a cada lance,

que a vida ou se perde ou se ganha com os demais

e assim se vive

que o mais é pura perda.

 

(Toda poesia. 18. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. p. 172.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 3/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p. 74/75.


Entendendo o poema

 

1. Na primeira estrofe do poema há um período composto por subordinação. Observe:

“Vida tenho uma só que se gasta com a sola do meu sapato”

A oração que se gasta com a sola do meu sapato está subordinada à oração anterior por meio do conectivo que, um pronome relativo.

a)   Que palavras, expressas anteriormente, esse conectivo retoma e substitui?

Uma vida.

b)   Substitua o pronome relativo que pelas palavras que são retomadas por ele. Que função sintática essas palavras desempenham na oração que se gasta com a sola do meu sapato?

A função de sujeito.

2. O período composto analisado na questão anterior também poderia ter sido construído assim:

Tenho só uma vida, gasta com a sola do meu sapato.

a)   Nesse período, qual é a classe gramatical da palavra gasta?

Classe dos adjetivos.

b)   Que função sintática a palavra gasta desempenha?

A de predicativo do objeto.

3. No poema “Perde e ganha”, o eu lírico reflete sobre a vida e compara-a a um jogo.

a) Que expressões do campo semântico de jogo são utilizadas para construir essa comparação?

 “Perde e ganha”; “Perdia-a já / em parte / num pôquer”; “mas ganhei de novo /para um jogo comum”; “E neste jogo a jogo”

 b)Nesse jogo, o eu lírico prefere o jogo solitário ou o jogo coletivo? Por quê?

O jogo coletivo (“jogo comum”), pois no “pôquer solitário” acabou por perder parte de sua vida.

 

sexta-feira, 25 de junho de 2021

CRÔNICA: O MENINO E O ARCO-ÍRIS - GULLAR FERREIRA - COM GABARITO

 CRÔNICA: O menino e o arco-íris

                  Gullar Ferreira


Era uma vez um menino curioso e entediado. Começou assustando-se com as cadeiras, as mesas e os demais objetos domésticos. Apalpava-os, mordia-os e jogava-os no chão: esperava certamente uma resposta que os objetos não lhe davam. Descobriu alguns objetos mais interessantes que os sapatos: os copos – estes, quando atirados ao chão, quebravam-se. Já era alguma coisa, pelo menos não permaneciam os mesmos depois da ação. Mas logo o menino (que era profundamente entediado) cansou-se dos copos: no fim de tudo era vidro e só vidro.

Mais tarde pôde passar para o quintal e descobriu as galinhas e as plantas. Já eram mais interessantes, sobretudo as galinhas, que falavam uma língua incompreensível e bicavam a terra.

Conheceu o peru, a galinha-d´Angola e o pavão. Mas logo se acostumou a todos eles, e continuou entediado como sempre.

Não pensava, não indagava com palavras, mas explorava sem cessar a realidade.

Quando pôde sair à rua, teve novas esperanças: um dia escapou e percorreu o maior espaço possível, ruas, praças, largos onde meninos jogavam futebol, viu igrejas, automóveis e um trator que modificava um terreno. Perdeu-se. Fugiu outra vez para ver o trator trabalhando. Mas eis que o trabalho do trator deu na banalidade: canteiros para flores convencionais, um coreto etc. E o menino cansou-se da rua, voltou para o seu quintal.

O tédio levou o menino aos jogos de azar, aos banhos de mar e às viagens para a outra margem do rio. A margem de lá era igual à de cá. O menino cresceu e, no amor como no cinema, não encontrou o que procurava. Um dia, passando por um córrego, viu que as águas eram coloridas. Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!

Desde então, todos os dias dava um jeito de ir ver as cores do córrego. Mas quando alguém lhe disse que o colorido das águas provinha de uma lavanderia próxima, começou a gritar que não, que as águas vinham do arco-íris. Foi recolhido ao manicômio.

E daí?

(GULLAR, Ferreira. O menino e o arco-íris. São Paulo: Ática, 2001. p. 5)

Fonte: http://textoemmovimento.blogspot.com.br/2013/03/texto-o-menino-e-o-arco-iris.html

 Fonte: Trilhando novos caminhos – Língua Portuguesa, 8º ano,2021.

Fonte da imagem -https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fi.pinimg.com%2Foriginals%2F07%2F58%2F81%2F075881c6cb3bcc40e607221dad1b3b16.jpg&imgrefurl=https%3A%2F%2Fbr.pinterest.com%2Fpin%2F741123682412829531%2F&tbnid=BwFr0mioUr1XxM&vet=12ahUKEwju38XT5LPxAhXln5UCHXVJBV8QMygAegUIARDmAQ..i&docid=RUxzZ5rFabTEWM&w=750&h=277&q=ARCO%20IRIS&ved=2ahUKEwju38XT5LPxAhXln5UCHXVJBV8QMygAegUIARDmAQ

Entendendo o texto

1) (SARESP/2010) Na expressão ―Mas logo se acostumou a todos eles - , o termo destacado refere-se a

(A) animais no quintal.

(B) cadeiras e mesas.

(C) sapatos e copos.

(D) jogos de azar.

 

2) (SARESP/2010) O tema do texto é

(A) a natureza.

(B) a tolerância.

(C) a curiosidade.

(D) a saudade.

 

3) (SARESP/2010) De acordo com o texto, o menino procurava, desde criança, por

(A) banhos de mar.

(B) galinhas e plantas interessantes.

(C) um arco-íris.

(D) alguma coisa surpreendente.

 

4) (SARESP/2010) “E daí?” A frase final do texto demonstra que a opinião do narrador sobre o destino do menino é de

(A) pena e desespero.

(B) simpatia e aprovação.

(C) indiferença e esperança.

(D) esperança e simpatia.

 

5) (SARESP/2010) No trecho “Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!”, o ponto de exclamação indica

(A) o tédio do menino.

(B) a surpresa do menino.

(C) a dúvida do narrador.

(D) o comentário do narrador.

 

6) (SARESP/2010) O texto acima é

(A) uma crônica.

(B) uma notícia.

(C) um informativo.

(D) uma fábula.

 

quinta-feira, 25 de março de 2021

POEMA: NO MUNDO HÁ MUITAS ARMADILHAS - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

POEMA: NO MUNDO HÁ MUITAS ARMADILHAS

        Ferreira Gullar

 No mundo há muitas armadilhas

e o que é armadilha pode ser refúgio

e o que é refúgio pode ser armadilha


Tua janela por exemplo

aberta para o céu

e uma estrela a te dizer que o homem é nada


ou a manhã espumando na praia

a bater antes de Cabral, antes de Troia

(há quatro séculos Tomás Bequimão

tomou a cidade, criou uma milícia popular

e depois foi traído, preso, enforcado)


No mundo há muitas armadilhas

e muitas bocas a te dizer

que a vida é pouca

que a vida é louca

E por que não a Bomba? te perguntam.

Por que não a Bomba para acabar com tudo, já

que a vida é louca?


Contudo, olhas o teu filho, o bichinho

que não sabe

que afoito se entranha à vida e quer

a vida

e busca o sol, a bola, fascinado vê

o avião e indaga e indaga


A vida é pouca

a vida é louca

mas não há senão ela.

E não te mataste, essa é a verdade.


Estás preso à vida como numa jaula.

Estamos todos presos

nesta jaula que Gagárin foi o primeiro a ver

de fora e nos dizer: é azul.

E já o sabíamos, tanto

que não te mataste e não vais

te matar

e aguentarás até o fim.


O certo é que nesta jaula há os que têm

e os que não têm

há os que têm tanto que sozinhos poderiam

alimentar a cidade

e os que não têm nem para o almoço de hoje


A estrela mente

o mar sofisma. De fato,

o homem está preso à vida e precisa viver

o homem tem fome

e precisa comer

o homem tem filhos

e precisa criá-los

Há muitas armadilhas no mundo e é preciso quebrá-las.

 GULLAR, Ferreira. Melhores poemas de Ferreira Gullar. Seleção e apresentação de Alfredo Bosi. 6. ed. São Paulo: Global, 2000. p. 58-59.

Fonte: Livro – APROVA BRASIL- Língua Portuguesa – 9º Ano -  Editora Moderna;editora responsável, Thaís Ginícolo Cabral. --São Paulo : Moderna, 2019, p.48-51

 

1.   Denomina-se eu lírico a voz que fala no poema. No poema, que sentimentos são manifestados pelo eu lírico na comparação que faz nos versos a seguir?

 “No mundo há muitas armadilhas

e o que é armadilha pode ser refúgio

e o que é refúgio pode ser armadilha”

 O eu lírico compara o mundo (a vida) a uma armadilha e a um refúgio. Como armadilha, o mundo é visto negativamente, trazendo problemas, surpresas desagradáveis; como refúgio, ele é visto como proteção.

 2. Na estrofe citada na questão anterior, a palavra refúgio tem o sentido de

a) esconderijo.

b) perigo.

c) abrigo.

d) fuga.

 3. Assinale a alternativa que expressa uma possível interpretação para a estrofe a seguir.

 “Contudo, olhas o teu filho, o bichinho

que não sabe

que afoito se entranha à vida e quer

a vida

e busca o sol, a bola, fascinado vê

o avião e indaga e indaga”

 a) As crianças são deslumbradas porque não conhecem a vida.

b) As crianças são ingênuas porque jogam bola e admiram o sol e os aviões.

c) As crianças não se sentem presas e são ávidas por conhecer o novo.

d) As crianças aproveitam a vida porque ela é pouca e louca.

 4.4A linguagem dos poemas geralmente é figurada, metafórica. Que metáfora é empregada na estrofe a seguir para referir-se à Terra?

Lembre: metáfora é o emprego de uma palavra ou expressão em lugar de outra, com a qual guarda alguma semelhança.

 “Estás  preso à vida como numa jaula.

Estamos todos presos

nesta jaula que Gagárin foi o primeiro a ver

de fora e nos dizer: é azul.

E já o sabíamos, tanto

que não te mataste e não vais

te matar

e aguentarás até o fim.”

 No poema, a palavra jaula é utilizada como metáfora para Terra; “Estamos todos presos / nesta jaula que Gagárin foi o primeiro a ver / de fora e nos dizer: é azul”.

 5.Extraia do poema a estrofe em que o eu lírico aborda as desigualdades sociais.

“O certo é que nesta jaula há os que têm / e os que não têm / há os que têm tanto que sozinhos poderiam / alimentar a cidade / e os que não têm nem para o almoço de hoje”.