terça-feira, 29 de setembro de 2020

CONTO: A PISCINA DO TIO VICTOR - ONDJAKI - COM GABARITO

 Conto: A piscina do tio Víctor

            Ondjaki

     Para o tio Víctor que nos dava prendas-do-dia. Para a "Buraquinhos"

  Quando o tio Víctor chegava de Benguela, as crianças até ficavam com vontade de fugar à escola só para ir lhe buscar no aeroporto dos voos das províncias. A maka é que ele chegava sempre a horas difíceis e a minha mãe não deixava ninguém faltar às aulas.

        Então era em casa, à hora do almoço, que encontrávamos o tio Víctor. E o sorriso dele, gargalhada tipo cascata e trovão também, nem dá para explicar aqui em palavras escritas. Só visto mesmo, só uma gargalhada dele já dava para nós começarmos a rir à toa, alegres, enquanto ele iniciava umas magias benguelenses.

        -- Isto vocês de Luanda nunca viram - abria a mala onde tinha rebuçados, chocolates ou outras prendas de encantar crianças, mais o baralho de cartas para magias de aparecer e desaparecer o ás de ouros, também umas camisas posteradas que nós, "os de Luanda", não aguentávamos.

        À noite deixávamos ele jantar e beber o chá que ele gostava sempre depois das refeições. Devagarinho, eu e os primos, e até alguns amigos da rua, sentávamos na varanda à espera do tio Víctor. É que o tio Víctor tinha umas estórias de Benguela que, é verdade, nós os de Luanda até não lhe aguentávamos naquela imaginação de teatro falado, com escuridão e alguns mosquitos tipo convidados extra.

        Eu já tinha dito ao Bruno, ao Tibas e ao Jika, cambas da minha rua, que aquele meu tio então era muito forte nas estórias. Mas o principal, embora ninguém tivesse nunca visto só uma foto de admirar, era a piscina que ele disse que havia em Benguela, na casa dele:

        -- Vocês de Luanda não aguentam, andam aqui a beber sumo Tang!

        Ele ria a gargalhada dele, nós ríamos com ele, como se estivessem mil cócegas espalhadas no ar quente da noite.

        -- Nós lá temos uma piscina enorme – fazia uma pausa dos filmes, nós de boca aberta a imaginar a tal piscina. – Ainda por cima, não é água que pomos lá – eu a olhar para o Tibas, depois para o Jika:

        -- Não vos disse?

        O tio Víctor continuou assim numa fala fantasmagórica:

        -- Vocês aqui da equipa do Tang não aguentam..., a nossa piscina lá é toda cheia de Coca-Cola!

        Aí foi o nosso espanto geral: dos olhos dos outros, eu vi, saía um brilho tipo fósforo quase a acender a escuridão da varanda e assustar os mosquitos, nós, as crianças, de boca aberta numa viagem de língua salivada, outros a começarem a rir de espanto, de repente todos gargalhámos, o tio Víctor também, e rebentámos numa salva de palmas que até a minha mãe veio ver o que se estava a passar.

        Agora já ninguém me perguntava nada, falavam diretamente com o tio Víctor, queriam mais pormenores da piscina e ainda saber se podiam ir lhe visitar um dia destes.

        -- Vai todo mundo – o tio Víctor riu, olhou para mim, piscou-me o olho. – Vem um avião buscar a malta de Luanda! Preparem a roupa, vão todos mergulhar na piscina de Coca-Cola, nós lá não bebemos desse vosso sumo Tang...

        -- Ó Víctor, para lá de contar essas coisas às crianças – a minha mãe chegou à varanda. Ele piscou-lhe o olho e continuou ainda mais entusiasmado.

        -- Não tem maka nenhuma, pode ir toda malta da rua, temos lá em Benguela a piscina de Coca-Cola! Os cantos da piscina são feitos de chuinga e chocolate!

        Nós batemos palmas de novo, depois estreámos um silêncio de espanto naquelas quantidades de doce.

        -- A prancha de saltar é de chupa-chupa de morango, no chuveiro sai Fanta de laranja, carrega-se num botão ainda sai Sprite... – ele olhava a minha mãe, olhos doces apertados pelas bochechas de tanto riso, batemos palmas e fomos saindo.

        Quando entrei de novo em casa, fui lá para cima dizer boa noite a todos. Passei no quarto do tio Víctor, ele tinha só uma luz do candeeiro acesa.

        -- Tio, um dia podemos mesmo ir na tua piscina de Coca-Cola?

        Ele fez assim com o dedo na boca, para eu fazer um pouco-barulho.

        -- Nem sabes do máximo... No avião que vos vem buscar, as refeições são todas de chocolate com umas palhinhas que dão voltas tipo montanha-russa!, lá em Benguela há rebuçados nas ruas, é só apanhar! e ficou a rir mesmo depois de apagar a luz, até hoje fico a perguntar onde é que o tio Víctor de Benguela ia buscar tantas gargalhadas para rir assim sem medo de gastar o reservatório do riso dele.

        Fui me deitar, antes que a minha mãe me apanhasse a conversar àquela hora. No meu quarto escuro quis ver, no teto, uma água que brilhava escura e tinha bolinhas de gás que faziam cócegas no corpo todo. Nessa noite eu pensei que o tio Víctor só podia ser uma pessoa tão alegre e cheia de tantas magias porque ele vivia em Benguela, e lá eles tinham uma piscina de Coca-Cola com bué de chuínga e chocolate também. Vi, também no teto, o jeito dele estremecer o corpo e esticar os olhos em lágrimas de tanto rir.

        Foi bonito: adormeci, em Luanda, a sonhar a noite toda com a província de Benguela.

                                                                            Tribuna de Minas, 11 mar. 2016. Disponível em: www.tribunademinas.com.br/noticias/cidade/11-03-2016/temporal-alaga-diferentes-pontos-da-cidade.html.

Acesso em: 14 jul. 2018.

Entendendo o conto:

01 – Releia o trecho a seguir:

        “Eu já tinha dito ao Bruno, ao Tibas e ao Jika, cambas da minha rua, que aquele meu tio então era muito forte nas estórias.”.

a)   A palavra cambas se refere a quem?

Refere-se a Bruno, Tibas e Jika.

b)   Com base no contexto da frase, qual é o significado da palavra?

Cambas significa “amigos, colegas, camaradas”.

c)   O que significa dizer que o tio “era muito forte nas estórias”?

Significa que o tio contava bem histórias, que sabia muitas histórias e as contava de modo interessante.

d)   Quais são as personagens do conto citadas ou presentes nessa passagem?

O tio Victor, os meninos da turma e o narrador, que é um dos meninos.

02 – Marque a alternativa que apresenta o sinônimo da expressão destacada no trecho. “A maka é que ele chegava sempre a horas difíceis e a minha mãe não deixava ninguém faltar às aulas.”

a)   A solução.

b)   O problema.

c)   A alternativa.

d)   O melhor.

03 – Em: I, a seguir, há um trecho do conto lido e, em: II, uma notícia publicada em um jornal brasileiro. Observe as palavras destacadas e compare seus usos.

I – “-- Vocês aqui da equipa do Tang não aguentam..., a nossa piscina lá é toda cheia de Coca-Cola!”.

II – “[...] O espaço é completamente inadequado para nos receber, pois não tem estrutura para aguentar uma chuva um pouco mais forte. Estamos esperando a reforma da nossa sede para podermos estudar tranquilamente”, afirmou uma estudante, que preferiu não se identificar”.

a)   Em II, sobre o que é o depoimento da estudante?

Sobre as consequências da chuva em sua escola.

b)   No português do Brasil, qual é o sentido de aguentar?

Suportar.

c)   No conto de Onjaki, qual é o sentido de aguentar? Se precisar, consulte o dicionário.

Imaginar.

04 – O conto é uma narrativa que se desenvolve a partir da chegada de uma personagem importante.

a)   De onde vinha tio Victor? Os sobrinhos costumavam visita-lo? Como se pode saber disso?

Vinha de Benguela. Os sobrinhos não o visitavam. Eles ficavam sempre fascinados com a descrição fantasiosa do tio Victor e, como não conheciam Benguela, acreditavam nas histórias.

b)   Em que cidade se passa a narrativa?

Em Luanda, capital de Angola.

c)   Releia o primeiro parágrafo. Os verbos chegava, ficavam e deixava localizam as ações em que tempo? Por que é usado esse tempo verbal?

No passado, no pretérito imperfeito. É usado para localizar a história no tempo, fazendo a descrição de ações habituais no passado.

05 – Como você caracterizaria o tio Victor?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Tio Victor parece ser alegre, divertido, criativo, cheio de imaginação, bom contador de histórias.

06 – Foco narrativo é o modo como a narrativa é contada. Identifique-o respondendo aos itens a seguir.

a)   O narrador observa a história ou também faz parte dela? Quem é ele?

O narrador faz parte da história; ele é um dos meninos que ouvem as narrativas do tio. Era na casa do menino que o tio se hospedava quando vinha a Luanda.

b)   Em que pessoa do discurso ele narra? Justifique sua resposta transcrevendo do texto duas passagens que a comprovem.

Em 1ª pessoa. Exemplos: “A Maka é que ele chegava sempre a horas difíceis e a minha mãe não deixava ninguém faltar às aulas”; “Então era uma casa, à hora do almoço, que encontrávamos o tio Victor”.

07 – Que história contada pelo tio deixa os meninos espantados?

      A história da piscina de Coca-Cola.

08 – Que imagem as crianças fazem do tio Victor?

      As crianças admiram o tio, ele é um ídolo que vive em um lugar cheio de diversões e fantasias.

09 – E qual é a ideia que o tio Victor tem dos meninos, ao descrever a casa dele com piscina de Coca-Cola, chuveiro de Fanta e outras fantasias?

      Ele vê nos meninos ingenuidade, considera que são cheios de imaginação e têm gosto pelas coisas simples e divertidas, além de apreciarem guloseimas.

POEMA: O DEUS-VERME - AUGUSTO DOS ANJOS - COM GABARITO

 Poema: O DEUS-VERME

              Augusto dos Anjos

Fator universal do transformismo.
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme - é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...

Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

Disponível em: https://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select-action=&co-obra=1772. Acesso em: 3/1/2016.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      É a decomposição da matéria, resultante da ação dos vermes.

02 – Explique o título do poema, levando em conta o papel do verme no universo.

      O verme é visto como um deus porque sobrevive a todos os seres e os devora quando morrem, transformando-os em um novo tipo de matéria. Além disso, está em todo lugar e não faz distinção entre seres ricos e pobres, humanos e não humanos.

03 – Que verso do poema demonstra o desprezo do eu lírico pelas crenças humanas?

      “Livre das roupas do antropomorfismo” ou ainda “Jamais emprega o acérrimo exorcismo”.

04 – Há, no texto, alguma referência a espiritualidade, sentimentos, sonhos?

        Não.

05 – Conclua: Que visão o eu lírico tem da vida e do mundo?

      Ele tem a visão de que tudo na vida e no mundo se resume à matéria, que é perecível, e caminha para a destruição, para o nada, numa atitude pessimista.

 

CRÔNICA: O ÚLTIMO COMPUTADOR - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: O Último Computador     

                Luís Fernando Veríssimo

        Um dia, todos os computadores do mundo estarão ligados num único e definitivo sistema, e o centro do sistema será na cidade de Duluth, nos Estados Unidos. Toda a memória e toda a informação da humanidade estarão no Último Computador. As pessoas não precisarão mais ter relógios individuais, calculadoras portáteis, livros etc. Tudo o que quiserem fazer – compras, contas, reservas – e tudo o que desejarem saber estará ao alcance de um dedo. Todos os lares do mundo terão terminais do Último Computador. Haverá telas e botões do Último Computador em todos os lugares frequentados pelo homem, desde o mictório até o espaço. E um dia, um garoto perguntará a seu pai:

        – Pai, quanto é dois mais dois?

        – Não pergunte a mim, pergunte a Ele.

        O garoto apertará o botão e, num milésimo de segundo, a resposta aparecerá na tela mais próxima. E, então, o garoto perguntará:

        – Como é que eu sei que isso está certo?

        – Ora, Ele nunca erra.

        – Mas se desta vez errou?

        – Não errou. Conte nos dedos.

        – Contar nos dedos?

        – Uma coisa que os antigos faziam. Meu avô me contou. Levante dois dedos, depois mais dois... Olhe aí. Um, dois, três, quatro. Dois mais dois quatro. O Computador está certo.

        – Bacana. Mas, pai: e 366 mais 17? Não dá para contar nos dedos. Jamais vamos saber se a resposta do Computador está certa ou não.

        – É...

        – E se for mentira do Computador?

        – Meu filho, uma mentira que não pode ser desmentida é a verdade.

        Quer dizer, estaremos irremediavelmente dominados pela técnica, mas sempre sobrará filosofia.

(Luís Fernando Veríssimo).

Entendendo a crônica:

01 – No trecho: “O garoto apertará o botão e, num milésimo de segundo, a resposta aparecerá na tela mais próxima”, a expressão destacada significa o mesmo que:

a)    “Muito rápido”.

b)   “Em um minuto”.

c)    “Em mil segundos”.

d)   “Pouco menos de um minuto”.

e)   “Depois de muito tempo”.

02 – O Último Computador será criado porque:

a)     “As pessoas não precisarão mais ter relógios individuais, calculadoras portáteis, livros etc.”.

b)    “Tudo o que desejarem saber estará ao alcance de um dedo”.

c)     “Todos os lares do mundo terão terminais do Último Computador”.

d)    “Jamais vamos saber se a resposta do Computador está certa ou não”.

e)    “Estaremos irremediavelmente dominados pela técnica”.

03 – No trecho: “Todos os lares do mundo terão terminais do Último Computador”, a palavra em destaque foi empregada com o mesmo sentido que em:

a)   Infelizmente o paciente chegou ao estado terminal.

b)   A empresa investiu em um novo terminal de acesso às informações dos clientes.

c)   O terminal de passageiros foi bloqueado para embarque e desembarque até que resolvessem o problema.

d)   O terminal rodoviário não suportou o excesso de passageiros durante o último feriado.

e)   A mulher registrou queixa no terminal de atendimento ao cliente mais próximo de sua residência.

04 – Na frase: “Não pergunte a mim, pergunte a Ele”, o pronome Ele refere-se:

a)   Ao pai do garoto.

b)   Ao avô do garoto.

c)   Ao Último Computador.

d)   Ao autor do texto.

e)   Ao leitor.

05 – Na fala: “– Mas se desta vez errou?”, o uso da palavra mas estabelece uma relação de:

a)   Confirmação do que foi expresso pelo pai na fala anterior.

b)   Comparação com as assertivas anteriores.

c)   Condição imposta pelo garoto para aceitar a resposta do pai.

d)   Oposição à opinião expressa pelo pai do garoto.

e)   Suposição ao que foi exposto no início do texto.

06 – Sobre o texto, leia as seguintes afirmações:

I – A expressão “um dia” remete à ideia de futuro.

II – O menino acredita que o Último Computador jamais cometerá um engano.

III – Para o pai, a “mentira” do Computador não poderia ser desmentida.

IV – A maior vantagem do Último Computador seria criar uma elite inteligente.

Estão corretas as alternativas:

a)   I e II, apenas.

b)   I e III, apenas.

c)   II e IV, apenas.

d)   I, II e IV.

e)   II, III e IV.

07 – Ao reescrever a frase: “Haverá telas e botões do Último Computador em todos os lugares frequentados pelo homem”, substituindo o verbo haver pelo verbo existir, teremos:

a)    Existirá telas e botões do Último Computador em todos os lugares frequentados pelo homem.

b)    Existirão telas e botões do Último Computador em todos os lugares frequentados pelo homem.

c)    Existiram telas e botões do Último Computador em todos os lugares frequentados pelo homem.

d)    Existem telas e botões do Último Computador em todos os lugares frequentados pelo homem.

e)    Existiriam telas e botões do Último Computador em todos os lugares frequentados pelo homem.

08 – Sobre a passagem “(…) estaremos irremediavelmente dominados pela técnica”, podemos afirmar que:

a)   O progresso tecnológico alcançará somente os lares de Duluth nos Estados Unidos.

b)   O avanço tecnológico está apenas no imaginário do homem moderno.

c)   O homem não se submeterá ao avanço da Ciência da Computação.

d)   A humanidade poderá ser dominada pela tecnologia.

e)   A informação produzida pela humanidade será apagada dos arquivos do Último Computador.

 

REPORTAGEM: ALUNOS APRENDEM NA ESCOLA A VALORIZAR A CULTURA AFRO-BRASILEIRA - JORNAL HOJE - COM GABARITO

 Reportagem: Alunos aprendem na escola a valorizar a cultura afro-brasileira

                        Novos professores estão sendo treinados pelo projeto "A Cor da Cultura", que tem parceria da TV Globo e do Canal Futura.

        Pelé, o rei do futebol, levou o nome do Brasil para todos os cantos do planeta. “Desde pequeno ele morava numa favela. Ele jogou bola demais, trouxe três copas do mundo para o nosso Brasil”, comenta Welisson Ferreira, 12 anos.

        O mestiço Machado de Assis é considerado por muitos o maior escritor do país. Na música, grandes nomes como Milton Nascimento... “Acho legal ele ser mineiro e ter a raça negra”, comenta um aluno.

        “O dia 20 de novembro é dedicado a Zumbi, o dia da Consciência Negra, que foi o líder da luta contra a escravidão no Brasil”, explica a professora.

        Descobrir a importância dos negros na formação da cultura e na sociedade mudou o comportamento dos alunos de uma escola, em Belo Horizonte. Oitenta por cento deles são afrodescendentes que hoje têm orgulho da própria cor.

        “Eles se identificam, procuram fazer alguma coisa parecida. A relação entre os alunos está um pouco melhor de esta reconhecendo-se como cidadão. Acho importante tá trabalhando com os alunos pra formação da identidade mesmo”, comenta Maria Angélica Jesus Costa, professora.

        Maria Angélica recebeu treinamento para valorizar a história e a cultura afro-brasileira em sala de aula. Em Minas e em outros cinco estados quinze mil professores estarão usando a metodologia do projeto A Cor da Cultura que tem a parceria da TV Globo até 2011. Parte do material didático foi cedido pelo canal Futura.

        “Ele traz uma dinâmica muito grande. São vídeos, histórias, jogos, é muito plural, do mesmo jeito que é a nossa história”, declara Shirley, professora UFMG.

        “O negro fez parte do nosso país, sabe, eu tenho orgulho desta cultura. Sem eles nosso país não teria esta cultura, este ritmo diferente, acho que a mistura que teve formou um povo muito bacana”, diz Raiza Santana Melo, 11 anos.

        Os kits com material pedagógico podem ser solicitados por secretarias de educação de todo o país ao Ministério da Educação mais informações no site www.acordacultura.org.br.  

Jornal Hoje – Edição do dia 18/11/2010 18/11/2010 13h21

Entendendo a Reportagem:

01 – Qual a manchete da reportagem?

      Alunos aprendem na escola a valorizar a cultura afro-brasileira.

02 – Qual é o título auxiliar?

      Novos professores estão sendo treinados pelo projeto "A Cor da Cultura", que tem parceria da TV Globo e do Canal Futura.

03 – O que fez mudar o comportamento dos alunos de belo Horizonte?

      Foi descobrir a importância dos negros na formação na cultura e na sociedade fez os alunos mudarem o comportamento.

04 – O que a professora explicou sobre o dia 20 de novembro?

      “O dia 20 de novembro é dedicado a Zumbi, o dia da Consciência Negra, que foi o líder da luta contra a escravidão no Brasil”.     

05 – Qual foi o comentário da professora Maria Angélica Jesus Costa?

      “Eles se identificam, procuram fazer alguma coisa parecida. A relação entre os alunos está um pouco melhor de esta reconhecendo-se como cidadão. Acho importante tá trabalhando com os alunos pra formação da identidade mesmo”.     

06 – Qual o nome do projeto adotado em Minas e quem são os parceiros?

      “A cor da cultura”.

07 – Qual a declaração de Shirley, professora UFMG?

     “Ele traz uma dinâmica muito grande. São vídeos, histórias, jogos, é muito plural, do mesmo jeito que é a nossa história”.      

08 – O que disse cada criança sobre o assunto:

Welisson Ferreira – Pelé, o rei do futebol, levou o nome do Brasil para todos os cantos do planeta. “Desde pequeno ele morava numa favela. Ele jogou bola demais, trouxe três copas do mundo para o nosso Brasil”.

Raiza Santana Melo – “O negro fez parte do nosso país, sabe, eu tenho orgulho desta cultura. Sem eles nosso país não teria esta cultura, este ritmo diferente, acho que a mistura que teve formou um povo muito bacana”.

09 – O que você acha sobre o assunto?

      Resposta pessoal do aluno.

NOTÍCIA: SAÚDE SEM FAKE NEWS - SAGE - COM GABARITO

 NOTÍCIA: Saúde sem Fake News  

  SAGE

        As Fake News estão por todos os lados e precisamos aprender a identificá-las e desmenti-las. Principalmente aquelas que envolvem a saúde, pois é comum observarmos a divulgação de receitas milagrosas contra doenças, informações desencontradas sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), a cura de patologias, entre outras notícias fabricadas e criadas para enganar a população. Porém, algumas destas notícias falsas podem trazer prejuízos a nossa saúde, por isso a importância da investigação da fonte da notícia a que temos acesso.

          Como nascem as Fake News?

        Você está na internet e, de repente, lê a seguinte notícia: “Cientista louco descobre como reviver os dinossauros!”.

        Você imediatamente acredita ou fica em dúvida e vai procurar mais informações? Pois é, você com certeza já ouviu muito o termo “Fake News”. Mas você sabe como nascem esse tipo de notícia? Vamos descobrir?

        Segundo a Universidade de Oxford, mais da metade do tráfego da internet é feito por robôs! Muitos deles programados para espalhar uma notícia fabricada a cada 2 segundos. Mas esse é só o início do trabalho. O resto fica com as pessoas que acessam a internet e que acabam sendo enganadas.

        Acontece que, geralmente, uma notícia falsa é muito mais atraente, engraçada e fantástica do que uma verdadeira, então, ela é muito mais compartilhada e visualizada! O que faz com que ela acabe ganhando mais destaque do que uma notícia comum do dia a dia.

        Segundo pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, uma notícia falsa se espalha seis vezes mais rápido do que uma verdadeira.

        Mas, quem ganha com isso? Muitas vezes essas notícias são fabricadas por empresas ou pessoas que querem manipular a opinião pública e influenciá-las sobre determinado assunto. Então, muito cuidado!

Secretaria Adjunta de Gestão Educacional – SAGE.

Entendendo o texto:

01 – O que você entendeu por Fake News?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: são notícias falsas podem trazer prejuízos a nossa saúde.     

02 – Você já recebeu alguma notícia falsa? De que maneira esse conteúdo chegou até você?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Você já comparou alguma notícia recebida em outras fontes? Dê um exemplo:

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Como podemos identificar a fidedignidade de uma notícia? Ou seja, se a informação é verdadeira ou falsa?

      Fazendo uma investigação da fonte da notícia a que temos acesso.

 

     

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

CRÔNICA: PEDRO, O HOMEM DA FLOR.... STANISLAW PONTE PRETA - COM GABARITO

 CRÔNICA: PEDRO, O HOMEM DA FLOR...                       

                   Stanislaw Ponte Preta

Quando anoitece, Pedro pega a sua clássica cestinha, enche de flores, cujas hastes teve o cuidado de enrolar em papel prateado, e sai do barraco rumo à Copacabana, onde fica até alta madrugada, entrando nos bares - em todos os bares, porque Pedro conhece todos - vendendo rosas.

Quando a cesta fica vazia, Pedro conta a féria e vai comer qualquer coisa no botequim mais próximo. Depois volta para casa como qualquer funcionário público que tivesse cumprido zelosamente sua tarefa, na repartição a que serve.

Conversei uma vez com Pedro - o homem da flor. Já o vinha observando quando era o caso de estar num bar em que ele entrava. Vira-o chegar e dirigir-se às mesas em que havia um casal. Pedia licença e estendia a cesta sobre a mesa. Psicologia aplicada, dirão vocês, pois qual homem que se nega a oferecer flor à moça que o acompanha, quando se lhe apresenta a oportunidade? Sim, talvez Pedro seja um bom psicólogo mas, mais que isso, é um romântico. Quando o homem mete a mão no bolso e pergunta quanto custa a flor, depois de ofertá-la à companheira, Pedro responde com um sorriso:

- Dá o que o senhor quiser, moço. Flor não tem preço.

Como eu ia dizendo, conversei uma vez com Pedro e, desse dia em diante, temos conversado muitas vezes. Ele sabe de coisas. Sabe, por exemplo, Que a rosa branca encanta as mulheres morenas, enquanto as louras, invariavelmente, preferem rosas vermelhas. Fiel às suas observações, é incapaz de oferecer rosas brancas às mulheres louras, ou vice versa. Se entra num bar e as flores de sua cesta são todas de uma só cor, não coincidindo com o gosto comum às mulheres presentes, nem chega a oferecer sua mercadoria. Vira as costas e sai em demanda de outro bar, onde estejam mulheres louras, ou morenas, se for o caso.

O pequeno buquê de violetas - quando as há - é carinhosamente arrumado pelas suas mãos grossas de operário, assim como também as hastes prateadas das rosas. Saibam todos os que se fizeram fregueses de Pedro - o homem da flor - que aquele papel prateado artisticamente preso na haste das rosas e que tanto encantava as moças foi antes um comum papel de maços de cigarros vazios, que o próprio Pedro recolheu por aí, nas suas andanças pela madrugada.

Sei que Pedro ama sua profissão, tira dela o seu sustento, mas acima de tudo esforça-se por dignificá-la. Não vê que seria um mero mercador de flores!

Lembro-me da vez em que, entrando pelo escuro do bar, trouxe nas mãos a última rosa branca para a moça morena que bebia calada entre dois homens. Quando os três levantaram a cabeça ante a sua presença, pudemos notar - eu, ele e as demais pessoas presentes - que a moça era linda, de uma beleza comovente, suave, mas impressionante.

Pedro estendeu-lhe a rosa sem dizer uma palavra e, quando um dos rapazes quis pagar-lhe, respondeu que absolutamente era nada. Dava-se por muito feliz por Ter tido a oportunidade de oferecer aquela flor à moça que lá estava. E sem ousar olhar novamente pra ela, e disse:

- Mais flores eu daria se mais flores eu tivesse!

Assim é Pedro - o homem da flor.

Discreto, sorridente e amável, mesmo na sua pobreza. Vende flores quase sempre e oferece flores quando se emociona. Foi o que aconteceu na noite em que, mal chegado à Copacabana, viu o povo que rodeava o corpo do homem morto, vítima de um mal súbito. Só depois que soube que Pedro o conhecia do tempo em que era porteiro de um bar no Lido. Na hora não. Na hora ninguém compreendeu, embora todos se comovessem com seu gesto, ali abaixado a colocar todas as suas flores sobre as mãos do homem morto. Pois foi o que Pedro fez, voltando em seguida para a sua favela do Esqueleto.

Naquela noite, não trabalhou.

ENTENDENDO A CRÔNICA

1)   A personagem Pedro vendia flores em

a)   Bares de Copacabana.

b)   Favelas no Esqueleto.

c)   Portarias no Lido.

d)   Repartições públicas.

 

2)   No segundo parágrafo, o narrador relata o sucesso da venda de flores quando Pedro

a)   Enrola as hastes em papel prateado.

b)   Enrola as hastes das flores e sai.

c)   Entra nos bares e fica até de madrugada na rua.

d)   Conta o dinheiro e vai comer.

 

3)   O fato que origina a crônica é a observação do narrador sobre

a)   O comportamento do vendedor.

b)   A disposição das mesas do bar.

c)   O mistério das mulheres.

d)   A organização das flores no cesto.

 

4)   O narrador apresenta a fala do personagem na seguinte passagem.

a)   “Conversei uma vez com Pedro – o homem da flor.”

b)   “Sim, talvez seja um bom psicólogo”.

c)   “Mais flores daria se mais flores tivesse”.

d)   “Assim é Pedro – o homem da flor”.

 

5)   Do trecho “Naquela noite não trabalhou”, pode-se deduzir que a personagem

a)   Deixara todas as suas flores no chão.

b)   Era uma pessoa cheia de amargura.

c)   Estava cansado de vender flores.

d)   Ficara triste com a morte do colega.

 

6)   O narrador conta a trajetória profissional de seu personagem com

a)   Hostilidade e arrogância.

b)   Tristeza e arrependimento.

c)   Espanto e simpatia.

d)   Ironia  e desprezo.