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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

POEMA: MINHA SOMBRA - JORGE DE LIMA - COM GABARITO

 Poema: MINHA SOMBRA

        Jorge de Lima

De manhã
a minha sombra
Com meu papagaio e o meu macaco
Começam a me arremedar.
E quando saio
A minha sombra vai comigo
Fazendo o que eu faço
Seguindo os meus passos.

Depois é meio-dia.
E a minha sombra fica do tamaninho
De quando eu era menino.
Depois é tardinha.
E a minha sombra tão comprida
Brinca de pernas de pau.

Minha sombra , eu só queria
Ter o humor que você tem,
Ter a sua meninice,
Ser igualzinho a você.

E de noite quando escrevo,
Fazer como você faz,
Como eu fazia em criança:
Minha sombra
Você põe a sua mão
Por baixo da minha mão,
Vai cobrindo o rascunho dos meus poemas
Se saber ler e escrever.

Jorge de Lima

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, a sombra imita o menino:

a)   De manhã.

b)   Ao meio-dia.

c)   À tardinha.

d)   À noite.

02 – Que tema é abordado no poema?

      Saudades da infância.

03 – O eu lírico conta algo que:

a)   Está acontecendo no presente.

b)   Aconteceu em um passado bem próximo.

c)   Aconteceu num passado distante.

d)   Acontecerá num futuro bem próximo.

04 – Em que versos o eu lírico revela que gostaria de ser alegre como na infância?

      “Minha sombra, eu só queria
       Ter o humor que você tem,
       Ter a sua meninice,
       Ser igualzinho a você.”

05 – Quem era a sombra no poema?

      A criança que era o eu lírico.

 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

POEMA: INVENÇÃO DE ORFEU -JORGE DE LIMA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Invenção de Orfeu
          
   Jorge de Lima – Canto VIII (Fragmento)

Era uma vez um povo de marujos
que quis passar às Índias impossíveis,
dobrando cabos, moçambiques, bacos,
nadando em Áfricas desertas e armadilhas.
Ó herança em meu sangue devastada!
Ó piloto afogado, ó rei sem nau!
[...]
Amo-te “idioma-vasco”, sempre ouvido
no clima dessas quíloas afogadas,
esses mares antigos navegados,
escorbutos comendo a língua viva,
sebastianismos vendo irreais reinos,
essa linguagem toda, minha fala.

                                       LIMA, Jorge de. “Invenção de Orfeu”. In: Poesias completas. Rio de Janeiro, Aguilar, 1974. v. 3. p. 203.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p.120-1.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo:

·        Bacos: Referência a Baco, Deus do vinho.

·        Escorbuto: Doença causada pela carência de vitamina C, caracterizada por hemorragias e queda dos dentes.

·        Orfeu: Personagem mitológica; poeta.

·        Quíloas: Referente a Quíloa, cidade situado em uma ilha da costa do Zanzibar, no oceano Índico.

·        Sebastianismo: Referente a D. Sebastião, rei de Portugal.

02 – Em que verso da primeira estrofe o poeta expressa a forte influência da cultura portuguesa em nossa formação? Transcreva-o.
      No 5° verso: “Ó herança em meu sangue devastada!”

03 – O poeta narra feitos humanos ou divinos?
      Feitos humanos.

04 – Por que o poeta se refere à nossa língua como “idioma-vasco”?
      Porque a língua portuguesa era o idioma de Vasco da Gama.

terça-feira, 28 de maio de 2019

POEMA: ESSA NEGRA FULÔ - JORGE DE LIMA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Essa Negra Fulô
  
            Jorge de Lima

Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!

Essa negra Fulô!

Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô!

Essa negra Fulô!

"Era um dia uma princesa
que vivia num castelo
que possuía um vestido
com os peixinhos do mar.
Entrou na perna dum pato
saiu na perna dum pinto
o Rei-Sinhô me mandou
que vos contasse mais cinco".

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Vai botar para dormir
esses meninos, Fulô!
"minha mãe me penteou
minha madrasta me enterrou
pelos figos da figueira
que o Sabiá beliscou".

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô!)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
— Ah! Foi você que roubou!
Ah! Foi você que roubou!

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô).

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?

Essa negra Fulô!
                   Jorge de Lima. Poesia completa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

Entendendo o poema:

01 – O poema é uma narrativa e conta uma história que envolve a escrava Fulô. A palavra fulô é uma variação popular da palavra flor.
a)   Que relação tem esse dado com o desfecho da narrativa?
O nome da personagem sugere que ela seja bonita, o que coincide com o provável desfecho da história: o senhor de engenho se apaixona pela negra.

b)   Que relação tem o eu lírico do texto com o Sinhô da história contada?
O Sinhô era o dono do engenho; logo, era o avô do eu lírico, conforme o verso “no banguê dum meu avô”.

02 – Esse poema, no conjunto da obra de Jorge de Lima, pertence à fase em que ele se voltou para temas brasileiros, ligados à tradições populares.
a)   Identifique no poema palavras e expressões que demonstrem a preocupação do poeta de empregar uma língua brasileira.
Entre outras, Fulô, Sinhô, Sinhá, cafuné, frasco de cheiro, levar couro, Cadê.
b)   Faça a escansão de alguns versos do poema. Que tipo de verso, muito comum no cancioneiro popular e nas cantigas de roda, foi empregado nesse poema?
A redondilha maior (versos de 7 sílabas poéticas).

c)   Identifique no texto um trecho que comprove a incorporação de outros elementos da cultura popular na construção do poema.
São os versos entre aspas, que incorporam elementos do cancioneiro popular (poemas, cantigas de roda).

03 – Ao longo do poema, a expressão “Essa negra Fulô” pode ser lida com diferentes entonações e, de acordo com o contexto e a entonação, ganha diferentes sentidos. Que sentido tem essa expressão no contexto em que:
a)   O Sinhô vai ver a negra levar couro do feitor?
Sentido de espanto, surpresa e interesse.

b)   A Sinhá acusa a negra de ter roubado vários de seus pertences?
Sentido de acusação, raiva e desprezo.

04 – Fulô é acusada de roubar lenço, cinto, broche, terço de ouro, perfume. Na sua opinião, Fulô estaria realmente roubando os pertences da Sinhá? Tanto em caso afirmativo quanto negativo, levante hipóteses sobre por que isso estaria acontecendo.
      As duas possibilidades existem. Como Fulô é vaidosa, ela pode estar roubando esses objetos de Sinhá para ficar bonita e seduzir o Sinhô. Outra leitura é Sinhá acusar a negra por ciúme, para que ela seja castigada. Outra possibilidade ainda é o Sinhô estar roubando os objetos da esposa para poder “castigar” a moça sozinho.

05 – Releia a última estrofe. Nela a Sinhá pergunta “Cadê, cadê teu Sinhô / que Nosso Senhor me mandou?”
a)   Como você interpreta o “sumiço” do Sinhô?
É provável que o Sinhô não tenha sumido do engenho e, sim, que tenha se afastado da Sinhá, pelo fato de estar se relacionando com Fulô.

b)   Que dado da formação étnica do povo brasileiro o poema retrata?
O relacionamento (sexual, afetivo) entre escravos e seus senhores.



segunda-feira, 2 de abril de 2018

POEMA: VOLTA À CASA PATERNA - JORGE LIMA - COM GABARITO

POEMA -  Volta à casa paterna


É tarde e eu quero entrar em casa,
Que a noite vem aí, cheia dos seus espantos.
A luz foi intensa, o dia foi cálido,
O ritmo das horas é monótono e irreal.
As danças do pátio, as paisagens de fora,
Os caminhantes são falsos.
Os caminhos são errados.

Os ritmos são errados.
Os poemas são outros.
A noite aí vem cheia dos seus espantos.
Há uma rede aqui dentro que me embalou.
Há uma parede da sala uma estampa sagrada
Que por mim chorou.
Há um raio de lua no corredor.
Será a alma de meu pai que Deus mandou?
Casa, doce casa sem elevador,
Cadê o Ford que me levou?
Há sombras que passam, fantasmas que vão,
Que vem, que choram, que riem, que me beijam...
Há um livro aberto na minha mesa:
Padre Nosso que estás no céu, santificado,
Vem a nós... assim na terra...
                                       
                                       LIMA, Jorge de. In: BUENO, Alexei (Org.).
                                                      Jorge de Lima: poesia completa.
                                                  Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.
                                                                          p. 291. (Fragmento).

Entendendo o poema:

01 – A temática abordada nesse poema foi trabalhada por outros autores, como o autor parnasiano Luís Guimarães Júnior, no soneto “Visita à casa paterna”.
     a) Releia os dois primeiros versos do texto e explique por que o eu lírico deseja voltar à casa paterna.
      O tempo passou (“é tarde”), e ele sentiu necessidade de rever seu antigo lar, enquanto isso é possível, fugindo assim de seus problemas.

     b) Como foram as experiências do eu lírico durante o tempo em que viveu distante da casa paterna.
      Difíceis, pois parece que nada deu certo na vida dele.

02 – No poema há um verso que se repete, com pequenas alterações, e que praticamente divide o texto em dois momentos: o da ida e o da volta.
     a) Qual é esse verso? Explique o sentido que ele expressa, comparando-o ao verso que lhe é similar.
      “A noite aí vem cheia dos seus espantos”. Nesse caso, o advérbio aí está antes do verbo e não há vírgula como no outro verso, na segunda linha: “que a noite vem aí, cheia dos seus espantos.”

     b) Na segunda parte do poema, o eu lírico parece buscar um refúgio, Para reencontrar-se. Como acontece, então, essa volta?
      Identifica-se com os objetos de sua infância que lhe trazem boas lembranças: a rede que o embalou, a estampa sagrada (de um santo ou talvez da mãe); e imagina a presença do pai.

03 – Na casa, o eu lírico já não se sente mais sozinho, pois retornam as lembranças e as visões da infância.
     a) Na terceira estrofe, que efeito produz a repetição do pronome relativo que?
      Realça as ações que ocorrem em uma sequência, como se o eu lírico estivesse vivendo tudo aquilo novamente.

     b) O que poderia simbolizar o livro aberto sobre a mesa e, em seguida, na quarta estrofe, a oração que se inicia?
      Pode ser que o livro aberto seja a Bíblia; em muitas casas brasileiras, é comum mantê-las abertas em prateleiras próximas da entrada.

04 – Releia estes versos:
                “É tarde e eu quero entrar em casa,
                Que a noite vem aí, cheia dos seus espantos.
                A luz foi intensa, o dia foi cálido,
                O ritmo das horas é monótono e irreal”.

     a) Qual é a oração sem sujeito e o predicado verbo-nominal encontrados nesses versos?
      “É tarde”: oração sem sujeito; “que vem aí, cheia dos seus espantos”: predicado verbo-nominal.

     b) Transcreva os núcleos dos predicados nominais em cada oração.
      Tarde, intensa, cálido, monótono, irreal.

 c)Qual o sujeito e o seu núcleo no quarto verso?
        O ritmo das horas; núcleo: ritmo.

  d)Há predicado verbal apenas em que verso?
        “E quero entrar em casa”.

     
     

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

POEMA: RETRETA DO VINTE - JORGE DE LIMA -COM GABARITO


POEMA– RETRETA DO VINTE
                 Jorge de Lima


O cabo mulato balança a batuta,
Meneia a cabeça, acorda com a vista
Os bombos, as caixas, os baixos e as trompas.

(No centro da praça o busto de D. Pedro escuta.)
Batuta pra esquerda: relincham clarins,


Requintas, tintins e as vozes meninas da banda do 20.
Batuta à direita: de novo os trombones
E as trompas soluçam. E os bombos e as caixas: ban-ban!
Vêm logo operários, meninas, cafuzas,
Mulatos, portugas, vem tudo pra ali.
Vem tudo, parecem formigas de asas
Rodando, rodando em torno da luz.

Nos bancos da praça conversas acesas,
Apertos, beijocas, talvezes.

(D. Pedro II espia do alto.
As barbas tão alvas,
Tão alvas nem sei!)

E os pares passeiam,
Parece que dançam,
Que dançam ciranda
Em torno do Rei.
                             Jorge de Lima. Poemas Negros. In: Obra Poética.
                                       Pg. 226, Editora Getúlio Costa, Rio, 1949.

1 – O cabo mulato, maestro da banda, comunica-se com os músicos por meio de:
      (   ) Palavras.        (X) Gestos e sinais.    (   ) Sinais sonoros.

2 – Que gestos e sinais faz ele?
      Agita a batuta, balança a cabeça, dirige o olhar aos músicos.

3 – Quando o maestro agitava a batuta para a esquerda era para fazer sinal aos músicos que tocavam instrumentos de som:
      (   ) Grave (grosso)             (X) Agudo (fino).

4 – Quando movia a batuta para a direita, ele se dirigia aos músicos que tocavam instrumentos de som:
      (X) Grave.                (   ) Agudo.

5 – Os que vêm assistir à retreta são, em geral, pessoas:
      (   ) Idosas.         (X) Do povo.          (   ) Da alta sociedade.

6 – No poema encontramos os seguintes elementos ou conceitos: a praça, os namorados, a banda, o busto de D. Pedro II. Escreva-os por ordem de importância dentro do poema:
      1 – A banda.
      2 – Os namorados.
      3 – O busto de D. Pedro II.
      4 – A praça.

7 – Dentre os quinze primeiros versos, quais os que sugerem a movimentação ou circulação das pessoas pela praça?
      Vem tudo, parecem formigas de asas.
      Rodando, rodando em torno da luz.

8 – Além desses, sugerem ainda essa movimentação os versos que compõem:
      (   ) A 2ª estrofe.        (   ) A 4ª estrofe.       (X) A 6ª estrofe.