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domingo, 23 de março de 2025

POEMA: DEBUSSY - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema: Debussy

             Manuel Bandeira

Para cá, para lá...
Para cá, para lá...
Um novelozinho de linha...
Para cá, para lá...
Para cá, para lá...
Oscila no ar pela mão de uma criação
(Vem e vai...)
Que delicadamente e quase a adormecer o balança
— Psiu... —
Para cá, para lá...
Para cá e...
— O novelozinho caiu.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYEXJ1K-oZhPwSzIf-ld7WYQmSZiiLPoRXPry4rfWr8j-W-s-kkM_TR-bD4kDcLAmm3NsTlr3xvogvopTI0M4sXbWZRNRTE_rO4yVNkQYC3X4WamPH0fNP4RZQ6TFQvlkG6CI5ukJfzsB4NqMDdnYNEjC_PHwLi-FrjP-pt039NdUBZWfaALPw3ka0O30/s320/gato_novelo.jpg


Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. p. 64.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 351.

Entendendo o poema:

01 – Qual a atmosfera predominante no poema?

      A atmosfera predominante é de delicadeza e fragilidade, evocada pela imagem do novelo de linha oscilando no ar e pela referência à música de Debussy, conhecida por sua sutileza e nuances.

02 – Qual a importância da sonoridade no poema?

      A sonoridade é essencial, com a repetição dos sons "para cá, para lá" criando um ritmo suave e hipnótico, que imita o movimento do novelo e a melodia da música.

03 – Qual o significado da expressão "criação" no poema?

      A "criação" pode ser interpretada como uma figura feminina, talvez uma criança ou uma musa, que manipula o novelo com delicadeza, como se estivesse criando uma melodia ou um momento de beleza efêmera.

04 – Como o poema dialoga com a música de Debussy?

      O poema busca capturar a essência da música de Debussy, conhecida por sua atmosfera onírica e pela exploração de sonoridades sutis e delicadas. A repetição e a simplicidade das palavras remetem à musicalidade do compositor francês.

05 – Qual a interpretação possível para a queda do novelo no final do poema?

      A queda do novelo pode simbolizar a fragilidade da beleza e a brevidade dos momentos de encantamento. Ela também pode representar o fim de um sonho ou de uma melodia, deixando um rastro de silêncio e melancolia.

 

 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

POEMA: SATÉLITE - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema: Satélite

           Manuel Bandeira

Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9aFbwL12HWLOCdy11r8WbRKotOTllUdP-EslrRYVnoJMYAAEn9Rp2S5AYs2FRebmIG8XzvcilEw68wJYRMdds4P6OnLwfiZqv1caomVSCiw4-bLMrYcwLZySLoNVm9gs6FdCKz2cmX177u0tfFs6gE7HJManN0wF70vkLRjcOsjQqywXibTWZIW-lrOc/s320/lua-1024x566.png



Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados.
Mas tão-somente
Satélite.

Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
— Satélite.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970. p. 232.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 100-101.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal mudança na percepção da Lua que o poema apresenta?

      A principal mudança é a desmistificação da Lua. O poema a transforma de um objeto de idealização e romantismo, associado a sentimentos como melancolia e amor, para um simples satélite, um corpo celeste com uma função astronômica específica.

02 – Que elementos são utilizados para desconstruir a imagem tradicional da Lua?

      O poema utiliza elementos como "cosmograficamente", "desmetaforizada", "desmitificada" e "despojada do velho segredo de melancolia" para desconstruir a imagem tradicional da Lua. Essas expressões científicas e objetivas contrapõem-se à linguagem poética e emotiva comumente associada à Lua.

03 – Qual a relação entre o eu lírico e a Lua no poema?

      O eu lírico demonstra um certo fascínio pela nova percepção da Lua. Ele expressa satisfação em ver a Lua destituída de suas atribuições românticas, preferindo uma visão mais objetiva e racional do astro.

04 – Que tipo de sentimento o eu lírico expressa em relação à Lua no final do poema?

      No final do poema, o eu lírico expressa um sentimento de satisfação e alívio. Ele se sente "fatigado de mais-valia" e aprecia a Lua em sua simplicidade, como uma "coisa em si".

05 – Qual a importância do título "Satélite" para a compreensão do poema?

      O título "Satélite" resume a nova percepção da Lua apresentada no poema. Ele destaca a função astronômica da Lua, desvinculando-a de qualquer significado simbólico ou emocional. O título é curto e direto, refletindo a objetividade e a simplicidade da nova visão do eu lírico.

 

 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

POESIA: VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA (FRAGMENTO) - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poesia: Vou-me Embora pra Pasárgada(Fragmento)

               Manuel Bandeira


Vou-me embora pra Pasárgada
sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibukh2Hf1JllGxV5y-1c5M4h3a2ncdU6GYhoCIPexjhONdQwyAkDMiekR-LcE-Dl_62RQhyphenhyphenZ3YOwBsnNYaT2KbwSVi_b7V-_zyXFAv68UuZ1m3TRLe-Y3pkneCLPr-voZFG2IUkRIQlhriIRnbAs2NjpEVA2zJTjYV_cKnbrK28PcVl3jjSm1EM4GWMvA/s320/pasargada.jpg

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

 

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

 

[...]

 

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
        
Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90 - Manuel Bandeira: sua vida e sua obra estão em "Biografias".

           In: http://www.releituras.com/mbandeira_pasargada.asp

 

Entendendo o texto

 01-Marque (V) para efeitos de sentidos pertinentes ao texto-discurso e (F) para efeitos de sentidos não pertinentes:

    a-(  V   ) Percebe-se o discurso de que o eu lírico deseja viver em um local em que possa realizar todos os seus desejos;

    b-( V   ) Percebe-se o discurso de que o eu lírico não se encontra feliz no local onde vive atualmente, por isso deseja tanto ir-se embora para Pasárgada;

    c-(  F   ) Percebe-se o discurso de que o eu lírico não vê vantagem alguma em ser amigo de pessoas poderosas;

    d-( V    ) Percebe-se o discurso de que o eu lírico possui o desejo de voltar a realizar brincadeiras de criança;

    e-(  F    ) Percebe-se o discurso de que a satisfação do eu lírico com sua atual vida afetivo-sexual é um dos motivos para o mesmo querer ir-se embora para Pasárgada;

    f-( V    ) Percebe-se o discurso de que o eu lírico, às vezes, em crises de tristeza, pensa em cometer suicídio;

02-Qual a tese central defendida no texto-discurso?

      a-defende a valorização da vida como ela é;

      b- defende fugir da atual realidade para ir em busca de outro modo de viver;

      c- defende aceitação da realidade da vida;

      d- defende a importância de fazer viagens.

03-É o próprio Bandeira quem explica: “Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda minha obra. Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias [...]. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”. Senti na redondilha a primeira célula de um poema [...].. Face a essa explicação do autor, qual alternativa abaixo melhor simbolizaria esse lugar a que o eu lírico chamou de Pasárgada?

      a- local imaginário em que o eu lírico poderia escapar de todas as dores e angústias e viver uma vida plena;

      b- local imaginário em que o eu lírico poderia aprender a viver;

      c- local imaginário em que o eu lírico poderia ter uma vida tranquila;

      d- local imaginário em que o eu lírico poderia ter sonhos;

04-No argumento “Vou-me embora pra Pasárgada/ Lá sou amigo do rei”, o eu lírico valoriza:

      a- o fato de se ter relação próxima com os governantes;

      b- o fato de ser oposição aos governantes;

      c- a importância do regime da monarquia;

      d- nenhuma das respostas;

05-No argumento “Lá tenho a mulher que eu quero/ Na cama que escolherei”, o eu lírico valoriza:

     a- a perversão sexual;

     b- a liberdade de se fazer o que se deseja;    

     c- o casamento;

     d- a paixão.

06-Nos versos “E como farei ginástica/Andarei de bicicleta/Montarei em burro brabo/Subirei no pau-de-sebo/Tomarei banhos de mar!/E quando estiver cansado/Deito na beira do rio/Mando chamar a mãe-d'água/Pra me contar as histórias/Que no tempo de eu menino/ Rosa vinha me contar”,  o eu lírico valoriza:

       a- a importância de ir para um Spa;

       b- a importância das brincadeiras da infância;

       c- a importância da vida no campo;

       d- a importância de um piquenique.

07-Nos versos “Tem um processo seguro/De impedir a concepção”,  o eu lírico valoriza:

        a- a importância da segurança;

        b- a importância de se evitar gravidez indesejada;

        c- a importância de se proteger contra DSTs;

        d- o avanço da medicina.

08-No argumento “Em Pasárgada tem tudo (...) tem alcaloide à vontade”,  o eu lírico valoriza:

        a- as drogas que anestesiam a dor;

        b- as drogas que previnem doenças;

         c- a drogas que destroem a saúde;

09-No argumento “Tem prostitutas bonitas/ Para a gente namorar”, o eu lírico sugere:

       a- sua dificuldade de arrumar uma namorada;

       b- o seu desejo de viver a sexualidade em uma civilização livre de tabus e preconceitos;

       c- sua amizade pelas prostitutas;

       d- seu medo do casamento.

10-Na estrofe “E quando eu estiver mais triste/Mas triste de não ter jeito/Quando de noite me der/Vontade de me matar/— Lá sou amigo do rei —/Terei a mulher que eu quero/
Na cama que escolherei/Vou-me embora pra Pasárgada.”,
o eu lírico argumenta que suas possíveis depressões serão curadas em Pasárgada?

         a- tendo sua cama ideal;

         b- tendo sua amizade com o rei;

         c- tendo a mulher dos seus sonhos;

         d- dando uma volta pela cidade.

11-Nos versos “Andarei de bicicleta/Montarei em burro brabo/Subirei no pau-de-sebo/ Tomarei banhos de mar!”, os verbos indicam:

           a- ações passadas realizadas pelo eu lírico;

           b- ações presentes realizadas pelo eu lírico;

           c- ações futuras desejadas pelo eu lírico;

           d- ações do eu lírico não definidas no tempo.

12-A que ou a quem se referem as palavras sublinhadas no texto-discurso?

As palavras sublinhadas se referem a Pasárgada, o lugar idealizado pelo eu lírico.

13-Qual enunciado indica tempo/momento imaginado pelo eu lírico?

         a- Aqui eu não sou feliz;

         b- Em Pasárgada tem tudo;

         c- E quando estiver cansado;

         d- Lá sou amigo do rei.

14-Produza um texto-discurso, imaginando um lugar paradisíaco em que você pudesse realizar todos os seus desejos e sonhos. Em outras palavras, inspirando-se no poeta, crie você também a sua Pasárgada.

Resposta pessoal.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema tirado de uma notícia de jornal

                                 Manuel Bandeira

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia

num barracão sem número.

Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

Bebeu

Cantou

Dançou

Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxvAPh3KUOK8sInV4bQrJPPTx24kzJGTkxVeiXEok9-N7Io6ja_I2wVPYtBq7p3skWWJmDyuL2No3CDU0KoehnVMQLtuJyd_PAoHMuNwMdp-t3Uur688lq4iHzsw7gJqEStY-P1swAntjK_9gPskt6Ff4rDkcQHuW6nKX07fKAs2ZBqMpFgYqF_dw27y0/s320/JORNAL.jpg


Entendendo o texto 

01. Considerando a linguagem conotativa e denotativa, pode-se afirmar sobre o poema que:

a.   Os Verbos “Bebeu”, “Cantou” e “Dançou” estão no sentido conotativo, linguagem características de poemas.

     b. O texto é predominantemente conotativo, pois se refere à vida difícil da classe trabalhadora que mora na favela.

     c. A Denotação no texto ocorre pelo uso figurativo das palavras como em “morro da Babilônia”.

     d. O poema utiliza a Conotação e a denotação para narrar um noticia de jornal.

      e. O último verso está na linguagem denotativa, pois as palavras estão sendo usadas em seu sentido literal.

02. Quem é o protagonista do poema?

      a) João da Babilônia.

      b) João Gostoso.

      c) Rodrigo de Freitas.

      d) O dono do bar Vinte de Novembro.

03. Em que local o personagem João Gostoso morava?

      a) Lagoa Rodrigo de Freitas.

      b) Bar Vinte de Novembro.

      c) No morro da Babilônia.

      d) No barracão sem número.

04. Quando o personagem João Gostoso se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas?

       a) Pela manhã.

       b) À tarde.

       c) À noite.

       d) Não é especificado no poema.

05. Quais são os verbos de ação presentes no poema?

      a) Bebeu, morreu, atirou.

      b) Morava, chegou, dançou.

      c) Cantou, afogado, bebeu.

      d) Morreu, chegou, atirou.

06. Qual é o espaço (local) onde João Gostoso se atirou e morreu afogado?

      a) Morro da Babilônia.

      b) Bar Vinte de Novembro.

      c) Lagoa Rodrigo de Freitas.

      d) Barracão sem número.

 

 

 

domingo, 22 de outubro de 2023

CONTO: CHUCHU - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 CONTO: Chuchu

           Manuel Bandeira

          Joanita, em sua última carta escrita de Haia: "Mas que saudades de chuchu com molho branco". 

        Eu sei que toda gente despreza o chuchu, a coisa mais bestinha que Deus pôs no mundo, “Cucurbitácea” reles que medra em qualquer beirada de quintal. Não tenho também nenhuma ternura especial pelo chuchu, mas já reparei que há uma certa injustiça em considerar insípido um prato que é insípido só porque raras são as cozinheiras que sabem prepará-lo. 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUyUy8H7cN152f-FwpAObds60Ra-spbjkvfQBcLMdbrc79S-qqkGf2nKb2U7S0Rev7kJM1_gzfBc6KnwJJmWNH6SCKtedKylCHkCjmp05s56T5ukCpBDs9lP_dEkxwdB9uTvNpSHCsgNLrGr29ddxngRkAQtbDHZdOcPmiNi2lgTHicMncGJ1XkZpjSvw/s1600/CHUCHU.jpg


        Sei ainda que os médicos nutricionistas banem o chuchu de todas as suas dietas, dizem que o chuchu não vale nada, é uma mistura de água e celulose, desprovida de qualquer vitamina ou sal. O chuchu é meu eterno ponto da discórdia com meu querido amigo Dr. Rui Coutinho. Quando ele desfaz do chuchu em minha presença, salto logo em defesa do humilde caxixe. Argumento assim: "Antigamente, antes da descoberta das vitaminas, se dizia o mesmo da alface. Mas o sabor da planta, a boniteza de sua folha verdinha, ou talvez o instinto secreto da espécie sempre levará o homem a comer a aristocrática Lactucasativa. Um dia se descobriu que a alface é rica em vitamina A, cálcio e ferro. Então a alface deixou de ser água e celulose, e entrou nos menus autorizados e recomendados pelos nutricionistas. 

        Quem me dirá que um dia, próximo ou distante, não se descobrirá no chuchu um elemento novo, indispensável à economia orgânica? O que me parece inexplicável é que nós brasileiros persistamos em comer sem quase nenhum deleite essa coisinha verde e mole que se derrete na boca sem deixar vontade de repetir a dose.” 

        -- Rui Coutinho sorri cético. 

        Enquanto isso, na Holanda, Joanita, podendo comer os pratos mais saborosos do mundo, tem saudade é de chuchu com molho branco. Que desforra para o chuchu! 

Manuel Bandeira.

Entendendo o texto:

01 – A passagem destacada no início do texto pode ser considerada uma frase? Justifique sua resposta:

      Sim, a passagem destacada no início do texto pode ser considerada uma frase, embora seja uma citação direta. Ela é uma sentença completa que expressa um pensamento, e é seguida de dois-pontos, o que a torna uma frase completa.

02 – Ainda com relação à passagem que abre o texto, nela há dois segmentos. O segundo, sozinho, pode ser considerado uma frase? Por que ele vem isolado por aspas? 

      O segundo segmento, isolado por aspas, pode ser considerado uma frase independente, pois também expressa um pensamento completo. As aspas são usadas para destacar essa fala de Joanita e separá-la da narrativa do autor.

03 – Explique por que "Lactucasativa" e "menus" aparecem destacados no texto: 

      "Lactucasativa" e "menus" aparecem destacados no texto porque são termos em latim e em francês, respectivamente, usados pelo autor para dar um toque erudito ao texto. Isso é comum em textos literários e tem o objetivo de enriquecer a linguagem.

04 – Quanto ao gênero, como você classificaria o texto? Que fato serviu de motivo para o autor escrevê-lo? 

      O texto pode ser classificado como um ensaio pessoal ou uma crônica literária. O autor, Manuel Bandeira, escreveu o texto para expressar sua opinião sobre o chuchu e questionar a injustiça em considerá-lo insípido. O motivo para escrever o texto é sua reflexão sobre a culinária e a percepção do chuchu como um alimento subestimado.

05 – No texto, há um trecho dissertativo. Que palavra introduz a dissertação? 

      A palavra que introduz a dissertação no texto é "Argumento."

06 – Qual é o principal argumento utilizado na defesa do chuchu? O que você pensa a respeito dele? Convenceu? 

      O principal argumento utilizado na defesa do chuchu é a ideia de que, assim como aconteceu com a alface, que antes era considerada insípida e depois foi reconhecida como rica em vitaminas, o chuchu pode ser redescoberto como um alimento importante para a saúde. O autor sugere que o chuchu pode conter elementos benéficos à saúde que ainda não foram identificados. Este argumento pode ser considerado válido, uma vez que a pesquisa em nutrição constantemente faz novas descobertas sobre os benefícios de diferentes alimentos.

07 – Encerrado o texto, o autor afirma: "Que desforra para o chuchu!". Esse enunciado constitui uma frase? Justifique: 

      Sim, o enunciado "Que desforra para o chuchu!" constitui uma frase. É uma exclamação que expressa a ideia de que Joanita, ao sentir saudades de chuchu com molho branco na Holanda, está valorizando o chuchu, o que é irônico, considerando a desvalorização anterior do alimento.

08 – Qual é o significado do adjetivo "insípida" em cada uma das frases seguintes: "O chuchu é uma comida insípida" e "Era uma insípida noite de verão"? 

      Em "O chuchu é uma comida insípida," o adjetivo "insípida" significa que o chuchu não tem sabor ou gosto pronunciado. Em "Era uma insípida noite de verão," o adjetivo "insípida" se refere a uma noite monótona, sem interesse ou emoção.

09 – Na linguagem coloquial, a expressão "pra chuchu" tem sentido de abundância. Que expressão do texto comprova esse sentido dessa expressão popular? 

      A expressão do texto que comprova o sentido de abundância da expressão popular "pra chuchu" é a seguinte: "Era uma insípida noite de verão."

10 – Na frase "O chuchu é meu pomo da discórdia com meu querido amigo Dr. Rui Coutinho", qual é o sentido da expressão destacada?

      Na frase "O chuchu é meu pomo da discórdia com meu querido amigo Dr. Rui Coutinho," a expressão "ponto da discórdia" é usada de forma figurativa para indicar que o chuchu é um tópico de desacordo ou discussão constante entre o autor e seu amigo Dr. Rui Coutinho. É uma referência à maçã da discórdia da mitologia grega, que levou à queda de Troia, simbolizando algo que causa conflitos ou desentendimentos.

 

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

POEMA: ESTRADA - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema: Estrada

              Manuel Bandeira

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo o mundo é igual. Todo o mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.

Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! Que a vida passa!
E a mocidade vai acabar.

 BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicOCCxk0wk74I-2umUC_WowlaHjPUk9HNWqkPDPOE7IcCcaOJmCNduHvO2iOm1hxmtITG-p5Sx9VuLSa1FRhODL_j3KclsIM4I1-rOR1L1eZDPF-QV24HsiyZWh1hLOJK6H-nBArpVbXEnAM1Nw87QFefh3WSYyz1m5nBPwKlIZ_YFAU2414HvqNEZdY8/s320/ESTRADA.jpg


Entendendo o poema

01.A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para

(A) o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à cidade.

(B) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural.

(C) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude.

(D) a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.

(E) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.

 

02. Qual é a temática central do poema "Estrada"?

O poema "Estrada" aborda a ideia da passagem do tempo, da jornada da vida e das escolhas que fazemos ao longo do caminho.

03. Qual é o sentimento ou emoção predominante no poema?

O sentimento predominante no poema é a nostalgia. O poeta expressa um misto de saudade e reflexão sobre a jornada da vida.

04. Como o poeta descreve a estrada no poema?

A estrada no poema é descrita como "suja e feia", uma metáfora para as dificuldades e desafios da vida. Ela também é descrita como "enluarada", sugerindo momentos de beleza e luz.

05. Qual é a mensagem central transmitida pelo poeta?

A mensagem central é sobre a inevitabilidade do tempo e da mudança. O poeta reflete sobre as escolhas que fez e como o tempo passou, trazendo lembranças e saudades.

06. Como o poema "Estrada" se relaciona com a experiência humana?

O poema se relaciona com a experiência humana ao retratar a jornada da vida como uma estrada cheia de altos e baixos. O poeta reflete sobre as decisões tomadas ao longo desse caminho e as memórias que permanecem.

 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

POEMA: NA RUA DO SABÃO - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema: Na rua do sabão

             Manuel Bandeira


Cai cai balão

Cai cai balão

Na Rua do Sabão!


O que custou arranjar aquele balãozinho de papel!

Quem fez foi o filho da lavadeira.

Um que trabalha na composição do jornal e tosse muito.

Comprou o papel de seda, cortou-o com amor, compôs os gomos oblongos...

Depois ajustou o morrão de pez ao bocal de arame.

Ei-lo agora que sobe, – pequena coisa tocante na escuridão do céu.

 

Levou tempo para criar fôlego.

Bambeava, tremia todo e mudava de cor.

A molecada da Rua do Sabão

Gritava com maldade:

Cai cai balão!


Subitamente, porém, entesou, enfunou-se e arrancou das mãos que o tenteavam.

E foi subindo...

                                      para longe...

                                                                    serenamente...

Como se o enchesse o soprinho tísico do José.

 

Cai cai balão!

A molecada salteou-o com atiradeiras

                                              assobios

                                              apupos

                                              pedradas.

Cai cai balão!

Um senhor advertiu que os balões são proibidos pelas posturas municipais.

Ele foi subindo...

                               muito serenamente...

                                                                      para muito longe...

Não caiu na Rua do Sabão.

Caiu muito longe... Caiu no mar, – nas águas puras do mar alto.

Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983. p. 195-6.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 152-4.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Apupo: vaia, gritos e assobios.

·        Arrancar: desprender(-se), soltar(-se).

·        Atiradeira: estilingue, bodoque.

·        Enfunar-se: encher-se de vento; tornar-se bojudo; inflar.

·        Entesar: tornar direito, reto; esticar, endireitar.

·    Morrão de pez: pedaço de corda ou mecha com breu ou piche em que se coloca fogo.

·        Oblongo: que tem mais comprimento que largura; alongado.

·        Saltear: atacar de repente.

·        Tentear: apalpar, dirigir.

·        Tísico: aquele que sofre de tuberculose pulmonar.

02 – O início do poema refere-se a uma cantiga de nosso folclore.

a)   Em que época do ano e em que tipo de festividade ela é cantada?

No início do inverno, em junho, nas festas juninas.

b)   Que fatos citados no poema se relacionam com essa festa?

Crianças cantarem a cantiga Cai cai balão e o menino soltar balão.

03 – José arranjou o balãozinho de papel com dificuldade. Qual é a condição social do menino? Justifique sua resposta.

      O menino é de uma classe social desfavorecida; é pobre. Ele é filho da lavadeira e trabalha na composição de um jornal.

04 – Enquanto o balão vai, aos poucos, ganhando altura e subindo, a molecada muda de atitude gradativamente.

a)   Como a molecada reage enquanto o balão ganhava fôlego?

A molecada gritava com maldade “Cai cai balão”, torcendo para que ele caísse.

b)   E quando ele começou a subir?

Atacou o balão com atiradeiras (estilingues) e pedradas, assobiando e vaiando.

05 – A tuberculose é uma doença contagiosa, causada pelo bacilo de Koch, e se localiza frequentemente nos pulmões. Até o início do século XX não tinha cura. Comparando a tuberculose com a Aids, doença que atualmente também é contagiosa e incurável, como você imagina que as pessoas agiam naquela época em relação a um tuberculoso?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Em razão do medo de se contagiarem ou por falta de informação a respeito da doença, as pessoas excluíam socialmente os doentes, tinham preconceito.

06 – No poema, podemos comparar José com o balãozinho.

a)   Que semelhanças há entre o comportamento do balão tentando subir e i que José apresentava em razão da sua condição física de menino tuberculoso?

O balãozinho levou tempo para criar fôlego. Bambeava, tremia e mudava de cor. Do mesmo modo, José, tuberculoso, tinha dificuldade para respirar, tossia muito, tremia, perdia o fôlego e mudava de cor.

b)   Ao agredirem o balão, quem na verdade os meninos pretendiam agredir? Justifique sua resposta.

Eles pretendiam agredir José, pois tinham preconceito em relação ao garoto, pelo fato de ele ter contraído uma doença contagiosa e incurável. Ou então porque sentiam inveja de José.

07 – Apesar da maldade dos moleques, o balãozinho subiu muito serenamente e caiu muito longe, “nas águas puras do mar alto”.

a)   Comparando novamente José com o balão, qual seria, na sua opinião, o sonho do menino que o balãozinho conseguiu realizar?

O sonho de sair da prisão representada pela doença, o desejo de conhecer o mundo, de ser livre, de ser aceito, etc.

b)   Considerando que José estava doente, infectado pela tuberculose, o que podem representar as “águas puras” do mar alto?

Podem representar a purificação de José, o fim de sua doença.