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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

LENDA: GUILHERME TELL - TATIANA BELINKY - COM GABARITO

 Lenda: Guilherme Tell 

            Tatiana Belinky

        Há muitos anos, antes de ser um país livre e soberano, a Suíça era governada por um regente autoritário chamado Gessler. Todo mundo tinha medo dele, porque quem desobedecesse às suas ordens era impiedosamente castigado. A única pessoa que não o temia era o bravo caçador das montanhas de nome Guilherme Tell, respeitado pelos seus conterrâneos por ser, além de homem de bem, um exímio arqueiro. Ninguém o superava na pontaria certeira com o arco e a flecha. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9UiTXwoBeRAekexJzOStyYVgfyEkyfAOSZ65AzBVr4_nqvClvcFBgELmVrWrTnakeushZqSKi73JgGnIGplo8_uQa5AuxJSF4WGdbU058wpHGhM2NqC5OQe1dtCXwHHjfGsAREHSSLgIYT-5JqbShkdpOak3iYJ80bnKmzEdcHEmAdAjtFFUiBNMEVis/s1600/GESSLER.jpg


        O tirano Gessler, arrogante e vaidoso, gostava de aterrorizar a gente do povo. Por isso, mandou erguer na praça principal um poste no qual fez pendurar o seu chapéu. Diante desse ridículo símbolo de autoridade, todos os passantes deveriam se curvar. E todos obedeciam de medo de ser cruelmente punidos. Todos, menos Guilherme Tell, que não se submetia àquela humilhação por considerá-la abaixo de sua dignidade. Até que um dia aconteceu de o próprio Gessler estar na praça quando Tell passou por ali com seu filho de oito anos. 

        Vendo que o caçador não se curvara diante do chapéu, Gessler ficou furioso e mandou que seus soldados o agarrassem, gritando: 

        -- Tell, tu me desafiaste, e quem me desafia morre. Mas tu podes escapar da morte se fizeres o que eu te ordeno. 

        E o poderoso Gessler mandou que encostassem o filho do caçador ao poste com uma maçã sobre a cabeça. Então, continuou: 

        -- Agora, Tell, terá de provar a tua fama de grande arqueiro acertando a maçã na cabeça do teu filho com uma única flechada. Se acertares, o que duvido, sairá livre. Mas, se errares, será executado aqui, na frente de todo este povo. 

        E Guilherme Tell foi colocado no ponto mais distante da praça, com o seu arco e uma flecha. 

        -- Cumpra-se a minha ordem! – Bradou Gessler. 

        -- Atire, meu pai – disse o menino. – Eu não tenho medo. 

        Com o coração apertado, Guilherme Tell levantou o arco, apontou a flecha, esticou a corda e, de dentes cerrados, mirou em direção ao alvo. Zummmm! A flecha zuniu no ar, rapidíssima, e rachou ao meio a maçã sobre a cabeça da criança. 

        Um suspiro de alívio subiu da multidão, que assistia horrorizada àquele cruel espetáculo. 

        Nesse momento, Gessler viu a ponta de outra flecha escondida debaixo do gibão do arqueiro. 

        -- Para que a segunda flecha se tinha direito a um só arremesso? – urrou o tirano. Guilherme Tell respondeu, em alto e bom som: 

        -- A segunda flecha era para varar o teu coração, Gessler, se eu tivesse ferido o meu filho. 

        E, pegando o menino pela mão, Guilherme Tell deu as costas ao tirano e foi embora. 

        Anos mais tarde, o arqueiro foi um valoroso combatente pela independência da sua terra e pela liberdade de seu povo. 

Lenda Popular Suíça – Recontada por: Tatiana Belinky. Disponível em: https://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_uel_port_pdp_eliane_maria_sperandio.pdf. Acesso em: 25 abr. 2021.

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP198-202.

Entendendo a lenda:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Regente: governante.

·        Autoritário: dominador, impositivo.

·        Tirano: governante injusto e cruel.

·        Arrogante: orgulhoso.

·        Conterrâneos: pessoas da mesma terra da mesma cidade.

·        Zuniu: zumbiu, assobiou.

·        Exímio: perfeito, brilhante, consagrado.

·        Gibão: tipo de colete.

02 – Como as lendas tem origem na tradição oral, elas costumam ser breves e claras para prender a atenção de quem as ouve. Assinale o item que indica a estrutura apresentada no texto Guilherme Tell.

(  ) Os parágrafos são longos e complicados, com palavras difíceis e cheios de informações.

(X) As frases são curtas, simples e garantem a compreensão do texto.

03 – Na sua opinião, por que a história de Guilherme Tell é uma lenda?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: porque não possui um tempo definido e, no final, transmite um comportamento exemplar.

04 – Algumas lendas mesclam fatos históricos, ou seja, que realmente existiram, com imaginação popular.

a)   Você acha que as personagens dessa história podem ter existido de verdade? Por quê?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Na história, Guilherme Tell acerta uma maçã com uma flecha, mesmo estando bem distante dela. Em sua opinião, esse acontecimento se aproxima mais da:

(  ) realidade.

(X) fantasia.

05 – Identifique o protagonista e o antagonista do texto.

      Protagonista: Guilherme Tell; antagonista: Gessler.

06 – Por que o povo temia Gessler?

      Porque Gessler castigava quem o desobedecia.

·        Qual era o símbolo de sua autoridade?

Um poste com seu chapéu pendurado, diante do qual todos deviam se curvar.

07 – Releia este trecho.

        “Vendo que o caçador não se curvara diante do chapéu, Gessler ficou furioso e mandou que seus soldados o agarrassem [...]”

·        Quem é esse caçador? Por que ele não se curvou diante do chapéu?

Guilherme Tell. Porque achava uma exigência humilhante e abaixo de sua dignidade.

08 – Gessler poupou o arqueiro da morte, mas lhe deu outra ordem.

a)   Que ordem foi essa?

Tell deveria acertar, com uma única flechada, uma maçã colocada sobre a cabeça do próprio filho.

b)   Se ele não acertasse, qual seria seu castigo?

Seria executado ali mesmo na praça, diante de todos.

c)   Por que Guilherme Tell não rejeitou a ordem recebida?

Porque estava certo de que iria acertar

 

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

POEMA: VIVA A PAZ! - TATIANA BELINKY - COM GABARITO

 POEMA: VIVA A PAZ!

                   (Tatiana Belinky)

Dois gatinhos assanhados
se atracaram, enfezados.
A dona se irritou
e a vassoura agarrou!

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiViT6YmU15DQCTaAIQef1eYJoEqHgjx7Rt-J64IRV180loBVubKWuQExuHkWBU_60MrO83hSzCf7X8NII5NeOIvcAW0neq8rfXD2fUMNMtBiZobXan2ly-vDYDFHzITdyHXlZfKpmdpsmQWvDdYMb_EXfaLQQkZ806Why5r1S8hn45yM1mnFlehpE1HUU/s1600/FOFO.jpg


E apesar do frio, na hora,
os varreu porta afora,
bem no meio do inverno,
com um frio "do inferno"!

Os gatinhos, assustados,
se encolheram, já gelados,
junto à porta, no jardim,
aguardando o triste fim!


De terror acovardados,
os dois gatinhos, coitados,
não puderam nem miar,
lamentando tanto azar!

Sem ouvir nenhum miado,
a dona, por seu lado,
dos gatinhos teve dó,
e a porta abriu de uma vez só!

Mesmo estando tão gelados,
os dois gatinhos arrepiados
Zás! Bem junto do fogão
surgem, sem reclamação!

E a dona comentou:
tanto faz quem começou!
Uma encrenca boba assim
bom é que tenha logo um fim!

E ela acrescentou, então,
não querem brigar mais, não?
E os gatinhos, enroscados,
esqueceram da briga, aliviados.

Confortados, no quentinho,
com sossego e com carinho,
dormem bem, bichos queridos,
já da briga esquecidos.

 

Entendendo o texto

01. O tema do texto é:

     a) A briga que os gatinhos arranjaram um com o outro.

     b) O carinho e admiração que a dona tem pelos gatinhos.

     c) O frio que os gatinhos estavam sentindo no jardim.

     d) A amizade e admiração que os gatinhos têm um pelo outro. 

02. Quem é o eu lírico no poema "Viva a Paz!" de Tatiana Belinky?

     a) Uma dona.

     b) Os gatinhos.

     c) O narrador observador.

     d) Ó inverno.

03. Como o espaço é utilizado no poema para transmitir a atmosfera da história?

     a) O espaço é indiferente à trama.

     b) O espaço intensifica o frio do inverno.

     c) O espaço é um mero pano de fundo.

     d) O espaço é irrelevante para a narrativa.

04. Quais figuras de linguagem são utilizadas para descrever a ação da dona com a vassoura?

     a) Metáfora.

     b) Hipérbole.

     c) Prosopopeia.

     d) Antítese.

05. Como as rimas são empregadas no poema "Viva a Paz!"?

     a) O poema não possui rimas.

     b) Rimas alternadas.

     c) Rimas pareadas.

     d) Rimas interpoladas.

06. Qual é a principal mensagem transmitida no poema em relação à resolução de conflitos?

     a) A violência é a solução.

     b) A indiferença é a melhor resposta.

     c) O diálogo e a compreensão são fundamentais.

     d) Os conflitos devem ser ignorados.

 

 

 

quarta-feira, 22 de junho de 2022

ANEDOTA: LOROTAS DE PESCADOR(VELHA ANEDOTINHA) -TATIANA BELINKY - COM GABARITO

 ANEDOTA: LOROTAS DE PESCADOR (Velha anedotinha)

                    Tatiana Belinky

João e José dois velhos amigos que gostavam de pescar, comparavam suas proezas esportivas, como sempre um procurando superar o outro.

— Outro dia eu pesquei um bagre — disse João —, e nem queira saber, era o maior bagre que olhos mortais já viram. Pesava pelo menos duzentos quilos.

— Isso não é nada - respondeu José. — Outro dia eu estava pescando, e adivinhe o que veio pendurado no meu anzol? Uma lâmpada de navio, com uma data gravada nela: A.D. 1392l .Imagine só: cem anos antes da descoberta da América por Cristóvão Colombo.

E não é só isso: dentro da lâmpada havia uma luz, e ela ainda estava acesa!

João olhou para a cara de José e ficou calado por um momento. Mas logo sorriu e disse:

— Olhe aqui, José, vamos entrar num acordo. Eu abato 198 quilos do meu bagre. E você apaga a luz da sua lâmpada, está bem?

BELINKY, Tatiana. Mentiras... e mentiras. São Paulo: Companhia das letrinhas, 2004.

Entendendo o texto

01. De que se trata o texto?

Lorotas de pescadores.

02. Quais eram os personagens da anedota?

João e José.

03. Que fato provocou o desenrolar dos acontecimentos descritos no texto?

O fato de cada pescador querer contar mais vantagem que o outro.

04. A que conclusão chegou João ao final?

Ele propõe um acordo a José.

05. Que acordo foi este? Descreva-o.

João abatia 198 quilos do bagre e José apagaria a lâmpada que estava acesa desde o tempo de Cristóvão Colombo.

    06. No trecho “... e ela ainda estava acesa!”, a exclamação sugere

        (A) coragem.

        (B) emoção.

        (C) respeito.

        (D) valorização.

 

 

sexta-feira, 15 de março de 2019

AUTOBIOGRAFIA: RÚSSIA - BRASIL - TATIANA BELINKY - COM QUESTÕES GABARITADAS

AUTOBIOGRAFIA: RÚSSIA - BRASIL
                           Tatiana Belinky

        Eu não nasci no Brasil: sou imigrante. Nasci na Rússia, na então capital, que já não se chamava São Petersburgo, como quando foi fundada e construída pelo imperador Pedro, o Grande, e ainda não se chamava Leningrado – agora São Petersburgo, recuperando assim seu nome original. Quando eu nasci, dois anos depois da Revolução Russa, um ano após o término da Primeira Guerra Mundial, a cidade se chamava Petrogrado – “cidade de Pedro”, em russo. O país estava em plena guerra civil, havia mesmo fome na cidade, os alimentos estavam racionados, a vida era muito difícil. Então meus pais, que eram cidadãos letonianos, resolveram voltar para Riga, capital da Letônia, um dos pequenos países do Mar Báltico. E foi assim que, de um ano de idade até os dez vivi com meus pais e meus dois irmãos [...] na bonita cidade de Riga, conhecida principalmente pela madeira que exportava para o mundo inteiro, o famoso pinho-de-Riga.
        Mas também em Riga a vida não era fácil. A situação econômica era ruim, a política, pior ainda, e as coisas não andavam boas para meus pais, gente de classe média remediada. Até que a situação se tornou insustentável, e meus pais resolveram sair do país, tentar arrumar a vida em outra terras.
        [...]
        Então sou – ou fui – imigrante. Mas sou brasileira, como consta no meu “RG” – casada com brasileiro, com filhos e netos brasileiros: marido santista, filhos, netos e bisnetos paulistanos.
        [...]
        Só que eu não virei brasileira de repente, do dia para a noite, sem mais nem menos. Quando cheguei ao Brasil, tinha pouco mais de dez anos e todo um passado europeu atrás de mim: toda uma vida, todo um “caldo de cultura”. Clima, costumes, educação, idioma, até a maneira de vestir e de morar eram muito diferentes. E levei algum tempo até me “aclimatar” e acostumar com todas as coisas novas que me esperavam no Brasil, na cidade de São Paulo e, principalmente, na Rua Jaguaribe [...].
        Hoje – e já há muito tempo – eu não trocaria o Brasil por nenhuma espécie de “paraíso terrestre” em qualquer outra parte do mundo. (E, note-se que eu viajei muito, vi muitos países, coisas bonitas e interessantes...) [...]
        Viajar para o Brasil! Foi o que nos disseram papai e mamãe, naquele dia: nós íamos viajar para o Brasil, um país que ficava na América, muito longe, do outro lado do oceano. E que nós íamos navegar até lá num navio transatlântico – que coisa romântica e empolgante!
        [...]
        Papai de fato partiu antes de nós – para “apalpar o terreno” e, finalmente, três meses depois, chegou também a hora da nossa partida. [...]
        Saímos de Riga de trem noturno, até Berlim, de onde iríamos para Hamburgo, e de lá, desse velho porto alemão, embarcaríamos rumo ao Brasil.
        As despedidas na estação ferroviária de Riga foram emocionadas e emocionantes. De repente a gente se deu conta de que estávamos deixando para trás toda a nossa grande família, boa parte da qual se apinhava na plataforma: vovô e vovó, tios e tias, primos e primas, adultos e crianças – toda uma multidão de pessoas próximas e queridas, que sempre fizeram parte integrante da nossa vida – e das quais de repente íamos ficar separados e distantes, não sabíamos por quanto tempo.
        Por fim, vinte e um dia depois de alçarmos âncora em Hamburgo, chegamos! Chegamos ao Rio de Janeiro. O General Mitre entrou na Baía de Guanabara ao anoitecer e ficou fora da barra à espera da licença de ancorar até a manhã do dia seguinte. Todo mundo correu para as amuradas, e ficamos olhando de longe aquela vista incomparável: a linha harmoniosamente curva da praia de Copacabana, toda faiscante no seu “colar de pérolas”, como era chamada, carinhosamente, a iluminação da Avenida Atlântica. [...]
        O nosso primeiro contato com a paisagem brasileira foi o Rio de Janeiro, e não podia ter sido mais encantador.

BELINKY, Tatiana. Transplante de menina. São Paulo: Uno Educação, 2008.

Entendendo o texto:

01 – Qual o significado de Petrogrado?
        Significa Cidade de Pedro, em Russo.

02 – Por que os pais da narradora resolveram voltar para a cidade de Riga, na Letônia?
      Porque o país estava em plena Guerra Civil, e tinha muita fome, os alimentos racionados e a vida era muito difícil.

03 – Como era a vida em Riga?
        A vida não era fácil.

04 – Por que os pais da narradora decidiram sair de seu país?
       Porque a situação econômica era ruim, a política, pior ainda, e as coisas não andavam boas para meus pais, gente de classe média remediada. Até que a situação se tornou insustentável, e meus pais resolveram sair do país, tentar arrumar a vida em outra terras.

05 – Por que a narradora afirma que não virou brasileira, de repente, de uma hora para outra?
      Porque ela já tinha vivido até os dez anos na Europa. E vindo para o Brasil teve que aprender tudo de novo.

06 – A expressão “caldo de cultura” se refere a que aspectos presentes no texto?
      Refere-se a tudo que ela teve que aprender e acostumar num outro país: Clima, costumes, educação, idioma diferente, etc.

07 – Que parágrafo do texto mostra que a narradora gosta do Brasil?
      “Hoje – e já há muito tempo – eu não trocaria o Brasil por nenhuma espécie de “paraíso terrestre” em qualquer outra parte do mundo.”

08 – Qual o efeito de sentido das exclamações, no sexto parágrafo?
      Tem o sentido de afirmação e de alegria e felicidade.

09 – Qual o efeito de sentido das aspas na expressão “apalpar o terreno” no sétimo parágrafo?
      Tem o efeito de conhecer, verificar se é uma boa ideia mudar para aquele lugar.

10 – A que se refere “desse velho porto alemão” no oitavo parágrafo?
      Refere-se ao local de onde eles partiram rumo ao Brasil.

11 – Qual a diferença entre EMOCIONADA e EMOCIONANTE, no décimo parágrafo?
·        Emocionada: é o sentimento de felicidade, de conquista.
·        Emocionante: é algo que causa emoção.

12 – No décimo primeiro parágrafo, a que se refere General Mitre?
      Refere-se ao Navio Transatlântico.

13 – A que a iluminação da Avenida Atlântica era comparada?
      Era comparada a um colar de pérolas.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

PROSA: TRANSPLANTE DE MENINA - TATIANA BELINY - COM QUESTÕES GABARITADAS

Prosa: Transplante de Menina
                    Tatiana Belinky

        Corria o ano de 1931.
        Aproximava-se a data do meu aniversário: eu ia completar (dez/onze/doze) anos. Lá em Riga, nossos aniversários eram comemorados com animadas reuniões, no meio de uma grande família: avós, tios e tias, muitos primos e primas, a casa toda (enfeitada/desarrumada/feia), teatrinho feito por nós mesmos, jogos, cirandas, cantorias. E muitos presentes, muitos bolos e doces, e principalmente muito carinho e (tormento/aconchego/tristeza). A cadeira do aniversariante, na cabeceira da mesa, era decorada como um trono, com grinaldas e enfeites de papel, a criançada toda endomingada, ostentando chapéus de penacho e coroas de flores de crepom, tudo confeccionado por nossas próprias mãos. Eram eventos festivos, aguardados com palpitante antecipação, e registrados em (cartões/bilhetes/fotografias) feitas com “explosões” de magnésio, que faziam metade do grupo sair na foto de olhos fechados, e a outra, de olhos arregalados...
        Mas os nossos primeiros aniversários no Brasil nem chegaram a ser comemorados, passaram “em branca nuvem”, em meio à afobação e aos mil problemas da grande mudança. Assim, o dia dos meus 11 anos não teve festa. Mas agora eu ia fazer 12, e estava na Escola Americana, e (morávamos/corríamos/saíamos) numa casa bastante espaçosa, e eu tinha uma porção de coleguinhas – e achei que já poderia recebê-los. Achei, mas não falei nada: a proposta de fazer uma festinha para mim partiu dos meus pais, e eu, claro, fiquei (pouco/muito/sem) contente. Eu deveria convidar alguns meninos e algumas meninas da minha classe, aqueles com quem me relacionava melhor, uns dez ou doze. (Mamãe/saída/quando) prepararia uma bonita mesa de doces e refrigerantes – uma extravagância, nas nossas condições econômicas. E eu e meu irmão faríamos a decoração com enfeites de papel, chapéus e bandeirolas, como fazíamos em lá em Riga. E eu teria minha primeira festa de aniversário no Brasil.
      Dito e feito. Escrevi até convites, com letra caprichada, em cartões com vinhetas (tristes/coloridas/coloridos) da minha própria lavra, e os entreguei aos colegas de classe, na escola, alguns dias antes do evento, encabulada e contente com a receptividade amável dos convidados.
        Quando chegou o dia – era um sábado, dia sem aulas na Escola Americana – preparei tudo, enfeitei a sala, me “enchiquetei” com o primeiro vestido e o primeiro par de sapatos (novos/novas/sujos) desde que chegamos a São Paulo, e esperei pelos meus convidados, ao lado da mesa toda decorada e cheia de guloseimas. Os convidados estavam demorando a chegar, mas já me haviam dito que no Brasil não se costuma chegar na hora, especialmente em festas – pontualidade também era “coisa de estrangeiros” –, então não me preocupei muito, apesar da natural impaciência. Só que a demora estava se prolongando, e uma hora depois da hora marcada ainda não chegara ninguém. Nem duas horas depois. E nem três. E a minha aflição aumentando, a angústia subindo como um nó na garganta, um aperto no coração...
        Resumindo, a triste e interminável tarde chegou ao fim, e (amanheceu/anoiteceu/saiu) sem que aparecesse um só dos meus convidados, nem um único! Frustração, decepção, rejeição – essas foram as minhas companheiras naquele malfadado (presente/aniversário/alegria) dos meus doze anos. Eu não era de chorar, e diante dos meus aflitos pais, que não sabiam o que fazer para me ajudar naquele transe amargo, eu não podia “dar parte de fraca”. Mas a noite, na minha cama, quando ninguém viu, (chorávamos/chorarei/chorei) muito, sufocando as lágrimas no travesseiro. E no ano seguinte eu não quis festa nenhuma.
      Este foi um dos grandes traumas de transição do meu primeiro ano no Brasil, na Rua Jaguaribe. Felizmente, foi também um dos últimos, senão o último, de tamanho impacto. Mas que me deixou uma “equimose” na alma, que custou muito a desaparecer.

BELINKY, Tatiana. Transplante de menina: da rua dos Navios à rua Jaguaribe.
São Paulo: Moderna, 2003, p. 153-155. (Adaptado)
Entendendo a prosa:
01 – Leia o trecho a seguir: “[...] Eram eventos festivos, aguardados com palpitante antecipação, e registrados em fotografias feitas com “explosões” de magnésio, que faziam metade do grupo sair na foto de olhos fechados, e a outra, de olhos arregalados [...]”. Sobre o emprego dos tempos verbais no trecho apresentado, é possível afirmar que a palavra:
a)   “Eram” expressa uma ação concluída no presente.
b)   “Faziam” indica um fato rotineiro e ação passada.
c)   “Aguardados” indica um fato não habitual concluído no passado.
d)   “Sair” expressa uma ação corriqueira e concluída no presente. Habilidade Localizar uma informação explícita em um texto (notícia, relato de viagem, diário, crônica social ou crônica esportiva).

02 – Os primeiros aniversários no Brasil passaram “em branca nuvem” devido à:
a)   Ausência dos avós, tios e tias, primos e primas.
b)   Afobação e aos mil problemas da grande mudança.
c)   Extravagância, nas condições econômicas da família.
d)   Necessidade de convidar alguns colegas da escola.

03 – O uso do travessão em “[...] eu tinha uma porção de coleguinhas – e achei que já poderia recebê-los”, indica que o narrador está fornecendo ao leitor uma:
a)   Informação a mais.
b)   Explicação rotineira.
c)   Afirmação sem importância.
d)   Indicação de que está triste.

04 – No texto, a expressão “[...] nossos primeiros aniversários no Brasil nem chegaram a ser comemorados, passaram ‘em branca nuvem’” marca a:
a)   Alegria da família em promover uma festa de 12 anos
b)   Desilusão da menina em não comemorar seus 12 anos.
c)   Tristeza da aniversariante por não receber os parentes que moram em Riga.
d)   Decepção da garota por convidar somente alguns meninos e meninas da classe.

05 – Releia o texto, procurando nos parênteses as palavras mais adequadas para completa-lo.
      As palavras, na ordem, são: doze; enfeitada; aconchego; fotografias; morávamos; muito; mamãe; coloridas; novos; anoiteceu; aniversário; chorei.

06 – Explique por que esse texto não é uma receita, nem um manual, nem uma história em quadrinhos, nem uma poesia.
      O texto não apresenta “ingredientes e modo de fazer”, instruções para o funcionamento de um objeto, ilustrações e balões em quadrinhos nem versos.

07 – Que tipo de texto é este?
      É um texto literário, narrado “em prosa”.

08 – Explique o que significa:
·        Endomingada: roupas usadas aos domingos.
·        Passar em branca nuvens: não acontecer nada de importante.
·        Equimose na alma: marca, ferida.
·        Enchiquetei: fiquei chique.
·        Coisas de estrangeiros: costume de pessoas que vieram de outros países.
·        Dou parte de fraca: ficar triste, enfraquecer.

09 – Escreva uma frase ou um parágrafo que resuma o assunto do texto.
      É a história de uma menina que preparou uma festa de aniversário à qual nenhum colega ou convidado compareceu.

10 – Compare a festa de aniversário que as pessoas costumavam fazer em Riga e a festa de 12 anos da personagem.
      Em Riga os aniversários eram comemorados com festas animadas, teatro, cantorias, enfeites, presentes e, principalmente, muito carinho.
      A festa de doze anos da personagem foi preparada com cuidado e carinho (convites, doces e guloseimas, roupa, sapato), mas, na verdade, não aconteceu. Foi muito triste.

11 – Encontre os substantivos próprios presentes no texto. Que papel eles representam na narrativa?
      Os substantivos próprios são: Riga, Brasil, Escola American, São Paulo, Rua Jaguaribe. São substantivos que representam nomes de lugares, importantes para situar a narrativa da personagem.