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domingo, 10 de agosto de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: AS 3 FASES DO AMOR ROMÂNTICO - HELEN FISHER - COM GABARITO

 Artigo de Opinião: As 3 fases do amor romântico

           Helen Fisher

        Foi a antropóloga Helen Fisher, famosa pelos seus estudos sobre a bioquímica do amor, que propôs a existência de 3 fases no amor, cada uma delas com as suas características emocionais e os seus compostos químicos próprios. [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX8Hnzo2wPveiWPL2Kw4GQNeT2orUqNRuajC-hbnEFWeqaFJhjGVaiP9VlGiHBB3RtD4z_raDfQbvWwLkgsybVuIHse4_Her8tt8axqBVeM3Ivctj_HiinWdAllG0msC2PuR6YStP5uJpW4m2VZ0vkmoPeqMPGIquVG85ezosWweqnLqxNJPVgept8RM4/s320/neurobiologia_do_amor.png


        A primeira fase é chamada “Fase do desejo” e é desencadeada pelos nossos hormônios sexuais, a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres. [...]

        A segunda fase é a “fase da atração”, enamoramento ou paixão: é quando nos apaixonamos, ou seja, é a altura em que perdemos o apetite, não dormimos, não conseguimos concentrar-nos em nada que não seja o objeto da nossa paixão. É uma fase em que podem acontecer coisas surpreendentes, que por vezes dão origem a situações divertidas (para os outros) e embaraçosas (para o próprio): as mãos suam, a respiração falha, é difícil pensar com clareza, há “borboletas no estômago”... enfim... e isso tem a ver com outro conjunto de compostos químicos que afetam o nosso cérebro: a norepinefrina que nos excita (e acelera o bater do coração), a serotonina que nos descontrola, e a dopamina, que nos faz sentir felizes. [...]

        A terceira fase é a “Fase de ligação” – passamos à fase do amor sóbrio, que ultrapassa a fase de atração/paixão e fornece os laços para que os parceiros permaneçam juntos. Há dois hormônios importantes nessa fase: a oxitocina e a vasopressina. [...]

Química. Boletim SPQ (Sociedade Portuguesa de Química). Portugal, nº100, p. 47-50, mar. 2006. (Fragmento adaptado).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 210.

Entendendo o artigo:

01 – Quem propôs a existência das 3 fases do amor romântico e qual é a área de estudo dela?

      A existência das 3 fases do amor romântico foi proposta pela antropóloga Helen Fisher, conhecida por seus estudos sobre a bioquímica do amor.

02 – Qual é o nome da primeira fase do amor e por quais elementos químicos ela é desencadeada?

      A primeira fase é chamada "Fase do desejo" e é desencadeada pelos hormônios sexuais: a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres.

03 – Descreva as principais características emocionais e físicas da "Fase da atração" (enamoramento ou paixão).

      Na "Fase da atração", as pessoas podem perder o apetite, ter insônia, dificuldade de concentração no objeto da paixão, mãos suadas, falha na respiração, dificuldade para pensar com clareza e a sensação de "borboletas no estômago".

04 – Quais são os três compostos químicos que afetam o cérebro durante a "Fase da atração" e qual o efeito de cada um?

      Os três compostos são: a norepinefrina, que excita e acelera o bater do coração; a serotonina, que descontrola; e a dopamina, que faz sentir feliz.

05 – Qual o nome da terceira fase do amor, o que ela representa para o relacionamento e quais hormônios são importantes nessa etapa?

      A terceira fase é a "Fase de ligação". Ela representa o amor sóbrio, que ultrapassa a paixão e fornece os laços para que os parceiros permaneçam juntos. Os hormônios importantes nessa fase são a oxitocina e a vasopressina.

 

 

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: UM MERCADO FORA DA LEI - FRAGMENTO - ISABELLA HENRIQUES - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Um mercado fora da lei – Fragmento

Por Isabella Henriques

        Há quase três meses foi publicada a resolução nº 163 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), que passou a considerar abusiva toda e qualquer publicidade ou comunicação mercadológica dirigidas ao público infantil com menos de 12 anos.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimZuP7aysOwviHs-4x5Unw1fJLCiYfoHCP44cXEF1t6wUtBkw6HByL3m0F80sPoI3phyphenhyphenJaquE3jz-DFYDufL9SxL8BDlcXB9nM3YPXs5EBTIdHo5iyjonuIVNJy0CKDTAEYr-_dxA78sEOONNzmFtnXNDlY7L_PUEAuqliuDe7n58jtuoeOMuIjJp1Ea4/s320/destaque-publicidade-infantil.jpeg

        No entanto, o que se verifica é um completo desrespeito à norma. A publicidade que fala diretamente com a criança com a intenção de seduzi-la para o consumo continua firme e forte nos canais televisivos segmentados infantis, na tevê aberta, nos cinemas, nas escolas, nos parques, nos clubes, na distribuição de brindes colecionáveis das cadeias de fast-food e em outros inúmeros espaços de convivência.

        E como justificar isso? Como explicar para mães e pais cansados do bombardeio publicitário que atingem seus filhos que a norma está em vigor, mas praticamente o mercado inteiro não a cumpre? Não há como. Só mesmo a constatação de que, para as empresas anunciantes, para as agências de publicidade e para os veículos de comunicação envolvidos, os interesses financeiros e corporativos são enormemente mais importantes que o saudável desenvolvimento das nossas crianças.

        A publicidade e a comunicação mercadológica que se dirigem diretamente às crianças, além de ilegais, são antiéticas e imorais. Aproveitam-se da peculiar fase de desenvolvimento dos pequenos, justamente quando não conseguem entender o caráter persuasivo das mensagens ou mesmo diferenciar o conteúdo de entretenimento do comercial. A publicidade infantil intensifica problemas sociais como o consumismo infantil, a formação de valores materialistas, o aumento da obesidade infanto-juvenil, a violência e a erotização precoce.

        [...]

        Na prática, a resolução nº 163, em conjunto com o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor, deveria significar o fim dos abusos mercadológicos desferidos às crianças, ou seja, o fim do direcionamento da publicidade ao público infantil, à medida que se trata de uma norma emanada de um conselho deliberativo, com poder vinculante e, obrigatoriamente, precisaria ser observada e cumprida em território nacional.

        No entanto, o mercado age à revelia da norma, acreditando estar acima dela, acima do Conanda, da própria sociedade que o compõe e do clamor social pela proteção das crianças. Pensa ser até mesmo intocável pela Constituição Federal ou pelo Código de Defesa do Consumidor. Nada lhe atinge. Só o que lhe interessa é o expressivo volume financeiro que movimenta ao convencer crianças de que elas precisam consumir cada vez mais.

        Ocorre que a sociedade brasileira atual exige a responsabilização daqueles que infringem os direitos sociais, inclusive o das crianças a uma infância plena, sadia e feliz.

        É por isso que, como única forma de se frear esse assédio, caberá aos Procons, à Secretaria Nacional do Consumidor, aos Ministérios Públicos, às Defensorias Públicas e ao próprio Poder Judiciário, coibir as ilegalidades cometidas, inclusive com a aplicação das respectivas sanções, a fim de se garantir a construção de um país que verdadeiramente honre suas crianças.

Isabella Henriques. Um mercado fora da lei. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiiniao/173276-um-mercado-fora-da-lei.shtml. Acesso em: 11 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 200-201.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é o principal problema abordado pela autora no artigo?

      A autora aborda o completo desrespeito do mercado publicitário à Resolução nº 163 do Conanda, que considera abusiva toda publicidade ou comunicação mercadológica direcionada a crianças menores de 12 anos. Ela denuncia que, apesar da norma em vigor, a publicidade com a intenção de seduzir crianças ao consumo continua disseminada.

02 – Em quais canais e locais a publicidade infantil ainda está presente, segundo o texto?

      A publicidade infantil ainda está presente em canais televisivos segmentados infantis, na TV aberta, nos cinemas, nas escolas, nos parques, nos clubes, na distribuição de brindes colecionáveis de cadeias de fast-food e em "outros inúmeros espaços de convivência" das crianças.

03 – Como a autora justifica o desrespeito das empresas à resolução do Conanda?

      A autora justifica o desrespeito afirmando que, para as empresas anunciantes, agências de publicidade e veículos de comunicação, os interesses financeiros e corporativos são "enormemente mais importantes" do que o desenvolvimento saudável das crianças. Ela sugere que o mercado age "à revelia da norma, acreditando estar acima dela".

04 – Por que a publicidade direcionada a crianças é considerada antiética e imoral pela autora?

      A publicidade direcionada a crianças é considerada antiética e imoral porque se aproveita da fase peculiar de desenvolvimento dos pequenos, que ainda não conseguem entender o caráter persuasivo das mensagens ou diferenciar conteúdo de entretenimento do comercial.

05 – Quais são os problemas sociais intensificados pela publicidade infantil, de acordo com o artigo?

      A publicidade infantil intensifica problemas sociais como o consumismo infantil, a formação de valores materialistas, o aumento da obesidade infanto-juvenil, a violência e a erotização precoce.

06 – Que órgãos e poderes a autora aponta como responsáveis por coibir as ilegalidades da publicidade infantil?

      A autora aponta os Procons, a Secretaria Nacional do Consumidor, os Ministérios Públicos, as Defensorias Públicas e o próprio Poder Judiciário como os responsáveis por coibir as ilegalidades e aplicar as sanções cabíveis, sendo a única forma de "frear esse assédio".

07 – O que a Resolução nº 163 do Conanda, em conjunto com o Código de Defesa do Consumidor, deveria significar na prática?

      Na prática, a Resolução nº 163 do Conanda, em conjunto com o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor, deveria significar o fim dos abusos mercadológicos desferidos às crianças, ou seja, o fim do direcionamento da publicidade ao público infantil. Isso porque se trata de uma norma com poder vinculante, que deveria ser obrigatoriamente observada e cumprida em todo o território nacional.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: CRIANÇAS, CORES E IMAGINAÇÃO - MONICA DE SOUSA - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Crianças, cores e imaginação

Por Monica de Sousa

        Embora a discussão sobre a necessidade de regulamentar a publicidade infantil no país seja pertinente, uma resolução do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda), ao tentar evitar excessos, atingiu, por tabela, um sem-número de atividades econômicas e culturais destinadas única e exclusivamente à criança.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaWRoOq0hwI3-90G5BKZSC-kYpnxHUZ-LgKuBK3_cBYklgKG7Qdew-gXL9J6L8CUF2Mi-Sc2kgfZwjOEYUYGpL7Z5g3_wRF0-SFkINSOOPDShDX0WlGneW6b7ZrXYEBdwI3iUGFWxUC9tz1G815M4cHCYz8d-MoaZTX_uP6WHxZ5I0MGJCBGuPY9Jmkb0/s320/images.jpg


        Trata-se do licenciamento de marcas, pelo qual o criador de uma música, um personagem ou uma animação infantil cede o direito de uso de sua criação ao fabricante de um produto. É o licenciamento que, no final, permite que essas criações sobrevivam, dado o limitadíssimo consumo cultural em nosso país.

        A resolução, de abril deste ano, além de estabelecer que é abusiva a conduta de direcionar a publicidade à criança, com a intenção de persuadi-la para o consumo de produtos e serviços, também considera abusiva toda a comunicação mercadológica dirigida à criança que contenha linguagem infantil, excesso de cores, trilhas sonoras e personagens infantis, desenhos animados e bonecos. A mesma resolução define comunicação mercadológica não apenas como a publicidade propriamente dita, mas também páginas na internet, embalagens, ações em shows e disposição dos produtos em lojas e supermercados.

        Na tentativa de coibir eventuais abusos, a resolução provoca efeitos certamente indesejáveis. Estranho imaginar, por exemplo, uma boneca embalada em papel pardo na vitrine da loja de brinquedos ou uma caixa de lápis de cor que, por fora, seja inteira em preto e branco. Difícil aceitar também que se queira substituir o papel crucial que os pais exercem na educação de seus filhos. Aos pais cabe impor regras saudáveis de consumo de produtos e limitar compras de artigos que considerem prejudiciais às crianças.

        Ao considerar abusivo o uso de criações desenvolvidas para a criança em embalagens de produtos infantis, a resolução afetará diretamente a produção cultural voltada às crianças. Curioso notar que a nova norma abre uma exceção ao permitir o uso dos personagens, cores e trilhas sonoras infantis em campanhas de utilidade pública – como se essas mesmas criações brotassem de fonte natural e não fossem produzidas por músicos, artistas, cartunistas e escritores para serem comercializadas, direta ou indiretamente, por meio do licenciamento. Esses, sim, serão diretamente afetados caso a resolução se mantenha.

        Quem se espanta com a posição desses artistas “ao trocar suas criações por dinheiro” e acredita que a publicidade é a mais nefasta das profissões deve lembrar não apenas os casos de abuso existentes no passado e no presente e cujos exemplos proliferam nas redes sociais. Mas também aqueles que, ao atingirem em cheio o universo infantil, levaram à criança muito mais do que um simples produto. Como o lápis de cor que inseriu no imaginário infantil um valioso pedacinho da música popular brasileira ao imortalizar a “Aquarela” de Toquinho envolta em cores e desenhos na TV.

        A sociedade responsavelmente cobra dos órgãos públicos mais atenção na prevenção aos riscos a que a criança está exposta. Mas, certamente, não é seu desejo passar uma borracha nos desenhos, personagens e animações que fazem parte do universo infantil. Tampouco creio que as famílias queiram evitar o excesso de cores ou as músicas infantis que tanto encantam seus filhos em qualquer situação.

        Ainda assim, ao agir com o legítimo intuito de coibir práticas comerciais abusivas direcionadas à criança, a resolução acabou por recomendar que se apaguem algumas das luzes do universo infantil.

        O que precisamos mais do que tudo neste momento é ouvir a sociedade e debater o tema sem radicalismos, para que se chegue a um consenso do que é, no fim das contas, o melhor para a criança.

Monica de Sousa. Crianças, cores e imaginação. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/173275-criancas-cores-e-imaginacao.shtml. Acesso em: 11 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 201.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é o principal tema abordado pela autora no artigo?

      O principal tema abordado pela autora é a Resolução do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda) que, embora com a intenção de regulamentar a publicidade infantil e evitar excessos, acabou por afetar negativamente diversas atividades econômicas e culturais voltadas para crianças, como o licenciamento de marcas e o uso de elementos visuais e sonoros infantis.

02 – O que é o licenciamento de marcas e qual sua importância para as criações infantis, segundo o texto?

      O licenciamento de marcas é o processo pelo qual o criador de uma música, personagem ou animação infantil cede o direito de uso de sua criação ao fabricante de um produto. Segundo o texto, o licenciamento é crucial para a sobrevivência dessas criações, dada a limitação do consumo cultural no Brasil.

03 – Quais elementos a resolução do Conanda considera abusivos na comunicação mercadológica dirigida à criança?

      A resolução do Conanda considera abusivos elementos como linguagem infantil, excesso de cores, trilhas sonoras e personagens infantis, desenhos animados e bonecos em qualquer comunicação mercadológica dirigida à criança, não apenas na publicidade tradicional, mas também em páginas de internet, embalagens, shows e disposição de produtos em lojas e supermercados.

04 – Que exemplos a autora utiliza para ilustrar os "efeitos indesejáveis" da resolução?

      A autora utiliza exemplos como uma boneca embalada em papel pardo na vitrine de uma loja de brinquedos ou uma caixa de lápis de cor inteira em preto e branco por fora, para ilustrar os efeitos indesejáveis e, para ela, estranhos da resolução.

05 – Qual o papel dos pais na educação de consumo dos filhos, de acordo com o artigo?

      Segundo a autora, o papel crucial dos pais é impor regras saudáveis de consumo e limitar a compra de artigos que considerem prejudiciais às crianças. Ela argumenta que a resolução do Conanda tenta substituir esse papel fundamental dos pais.

06 – Como a resolução afeta os artistas e produtores de conteúdo infantil?

      A resolução afeta diretamente os músicos, artistas, cartunistas e escritores que criam para o universo infantil. Ao considerar abusivo o uso de suas criações em embalagens e produtos infantis, a resolução ameaça o modelo de comercialização direta ou indireta (por meio do licenciamento) que permite a sobrevivência dessas obras. A autora ressalta que, embora a resolução abra exceção para campanhas de utilidade pública, essas criações não "brotam de fonte natural", mas são produzidas para serem comercializadas.

07 – Qual é a proposta final da autora para lidar com a questão da publicidade infantil?

      A proposta final da autora é ouvir a sociedade e debater o tema sem radicalismos, buscando um consenso sobre o que é, no fim das contas, o melhor para a criança. Ela acredita que, embora a intenção de coibir abusos seja legítima, a resolução atual está "apagando algumas das luzes do universo infantil" ao proibir elementos que fazem parte da imaginação das crianças.

 

 

domingo, 27 de julho de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: O SIENITO E A SOMBRA AMBIENTAL EM PEDRA LAVRADA - ROSSANA DIAS COSTA - COM GABARITO

 Artigo de opinião: O Sienito e a Sombra Ambiental em Pedra Lavrada

          Rossana Dias Costa

        No Brasil, a cada dia tornou-se comum a ocorrência de problemas ambientais de várias ordens. Na cidade de Pedra Lavrada, no interior da Paraíba, ultimamente não tem sido diferente. No momento, a maior preocupação dos habitantes é com relação à empresa mineradora “Elizabeth”, que há quase uma década vem explorando as riquezas minerais do município, principalmente o sienito, matéria-prima utilizada na fabricação da cerâmica e da porcelana.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiisVf0UMo6KPX9Vba9XaOIpUqkkm7xboGBuaiWOLpcTvxefFuysNMexmExEM2bdCO1HALzypIiclAfZvshNWXPuRzPCJXlKwjJlClrGwNwUJlrna04a2Hym2DFnLSMLoOzw5e7r7K7Dgh3wkbSvGEO5qQ38MBR7GJM9YDlauVjgob_C67Z1jZ89jjbYAk/s320/i208.jpg


        No período de implantação dessa mineradora aqui na cidade, governantes e empreendedores afirmavam que a empresa só traria desenvolvimento para o município, benefícios para a população, oportunidade de empregos para muitos jovens, aumentando assim a renda das famílias e, consequentemente, trazendo lucros para os cofres públicos.

        Entretanto, podemos afirmar que não tivemos apenas benefícios, as consequências desastrosas logo começaram a surgir com mais rapidez e intensidade do que se esperava. A instalação da fábrica para a extração das pedras brutas resultou numa série de problemas ao meio ambiente, como desmatamento de uma enorme área de vegetação nativa, fuga de animais e aves silvestres, poluição de açudes, do solo e do ar.

        Com o passar do tempo, essa trágica situação se agravou cada vez mais. Hoje, as casas do centro da cidade e as que ficam nas proximidades dessa fábrica encontram-se com a estrutura comprometida, devido aos abalos provocados pelas enormes explosões para a retirada das pedras. Isso sem falar na poeira que é lançada sobre a cidade, além dos produtos químicos provenientes do material explosivo.

        Um outro problema resultante desse empreendimento são as péssimas condições das estradas que servem de acesso para o transporte do material. Devido ao peso transportado pelas carretas, as estradas, que já não tinham manutenção, só pioraram. Embora a população se sinta prejudicada, ela se cala, pois as várias denúncias feitas à justiça não foram atendidas, e a empresa continua agindo da mesma forma.

        É certo que outras empresas mineradoras já se instalaram antes no nosso município, mas nenhuma delas com o porte da Elizabeth. Por isso não danificavam tanto o meio ambiente como a atual vem fazendo. A medida que ela vai se expandindo para outros pontos do município, vão também aumentando os problemas locais.

        Para essa empresa não continuar causando tantos impactos ambientais, os moradores esperam que ela invista em projetos ambientais, sociais e culturais, além de disponibilizar meios reparadores para as famílias prejudicadas e oferecer melhores condições de saúde e de segurança aos seus trabalhadores. Não é certo que a população se prejudique tanto para que uma grande empresa se beneficie, enriquecendo cada vez mais.

        Ao meu ver, não há necessidade de uma empresa destruir tanto nossas riquezas naturais, além da nossa história. Se não agirmos enquanto é tempo, a Serra dos Albinos e o Picoto, nossos patrimônios naturais mais belos, serão destruídos.

        Por outro lado, sei que a nossa população precisa de uma renda fixa e nosso município de desenvolvimento, mas é necessário, e urgente, a execução de projetos que visem à valorização de bens culturais, sociais e ambientais, equilibrando, assim, desenvolvimento e natureza.

        Resta-nos, portanto, esperar que as autoridades ajam, encontrando de fato soluções que preservem nossa história, e nossos bens naturais, uma vez que a população deseja, sim, o desenvolvimento do município, mas também melhor qualidade de vida.

Rossana Dias Costa. Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/imagens/stories/publico/noticias/20101201opiniao.pdf. Acesso em: 5 jan. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 6º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 85-86.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é o principal problema ambiental que a cidade de Pedra Lavrada enfrenta, de acordo com o artigo?

      O principal problema ambiental que a cidade de Pedra Lavrada enfrenta, segundo o artigo, é o impacto da empresa mineradora "Elizabeth", que vem explorando as riquezas minerais do município há quase uma década, resultando em diversos problemas ambientais.

02 – Que mineral é extraído pela mineradora Elizabeth e qual sua principal utilização?

      A mineradora Elizabeth extrai principalmente sienito, que é uma matéria-prima utilizada na fabricação de cerâmica e porcelana.

03 – Quais foram as promessas iniciais feitas pelos governantes e empreendedores na época da implantação da mineradora?

      Na época da implantação da mineradora, governantes e empreendedores afirmaram que a empresa traria desenvolvimento para o município, benefícios para a população, oportunidade de empregos para muitos jovens, aumento da renda das famílias e lucros para os cofres públicos.

04 – Quais são as consequências negativas concretas da atuação da mineradora Elizabeth que o artigo menciona?

      As consequências negativas mencionadas incluem desmatamento de uma enorme área de vegetação nativa, fuga de animais e aves silvestres, poluição de açudes, do solo e do ar. Além disso, as casas do centro da cidade e das proximidades da fábrica têm a estrutura comprometida devido aos abalos das explosões, há poeira e produtos químicos lançados sobre a cidade, e as estradas de acesso para o transporte do material estão em péssimas condições.

05 – Por que a população de Pedra Lavrada se cala diante dos problemas, apesar de se sentir prejudicada?

      A população se cala porque as várias denúncias feitas à justiça não foram atendidas, e a empresa continua agindo da mesma forma, o que gera um sentimento de impotência.

06 – O que os moradores de Pedra Lavrada esperam da empresa Elizabeth para mitigar os impactos ambientais?

      Os moradores esperam que a empresa invista em projetos ambientais, sociais e culturais, além de disponibilizar meios reparadores para as famílias prejudicadas e oferecer melhores condições de saúde e segurança aos seus trabalhadores.

07 – Quais são os dois patrimônios naturais de Pedra Lavrada que o autor teme que sejam destruídos pela expansão da mineradora?

      O autor teme que a Serra dos Albinos e o Picoto, que são os patrimônios naturais mais belos do município, sejam destruídos pela expansão da mineradora.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: O PROBLEMA QUE OFUSCA O BRILHO - THAIRINY CRISTIANE RIBEIRO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: O problema que ofusca o brilho

           Thairiny Cristiane Ribeiro

        Localizada no interior do Estado de São Paulo, Limeira já foi muito conhecida por ser a capital da laranja e por abrigar a primeira fazenda que recebeu imigrantes como trabalhadores no final do século XIX. Com o passar dos anos, os setores que sustentam a economia de Limeira mudaram, e hoje a cidade tornou-se a capital da joia folheada.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUTLMQ77R44VEOCmU-1q1UcZc_jrt6Xy2jpTwDKxS_MrfK8N__zF6Q7K2_g7HFu8roFr1tgI4xROp4wL6Gwn4fnTrYqQaZ8QL1S4YoOvWOSGBpqor0JhKBrLXR6R4QRVQYUDxmHk0Dr9m-vLiVCKKjsVjHwwZhdseLXzVk4gDDnHHTE8TgOsKpYmRHg9U/s320/cidade-do-interior-de-sp-e-a-capital-nacional-da-joia-folheada.jpg


        Grande parte da população da cidade trabalha e sustenta suas famílias com a fabricação de bijuterias, que inclui solda, montagem e banho (tratamento químico que dá brilho às peças), com a comodidade de serem montadas em fabriquetas de fundo de quintal e banhadas em grandes ou pequenas empresas, clandestinas ou legalizadas.

        No entanto, uma questão muito discutida aqui é o impacto ambiental causado principalmente por empresas não regularizadas, geralmente situadas em bairros da periferia da cidade. Por não terem condições básicas de funcionamento e pela ganância dos proprietários que só visam ao lucro e não tratam seus resíduos químicos, despejam tais substâncias, provenientes do processo produtivo dos folheados, diretamente no esgoto de Limeira. Como consequência disso, as águas fluviais da cidade apresentam grande quantidade de metais pesados, como cromo, níquel, cobre e chumbo – um risco para a saúde e o bem-estar dos cidadãos, que, em contato com esses metais, podem ser acometidos de problemas gastrintestinais, anemia, danos no sistema nervoso central, disfunção renal, entre outros.

        Entretanto, são essas empresas poluidoras que mais empregam a população humilde da cidade, que por ter poucos recursos de renda e educação aceita trabalhar nessas fábricas, mesmo correndo riscos de contaminação, muitas vezes sem registro em carteira de trabalho e sem direitos básicos como décimo terceiro salário e licença-maternidade.

        Já os proprietários alegam que os custos para o tratamento e regularização da empresa são altos, assim como as exigências para a legalização são absurdas, inviabilizando a produção.

        De acordo com a Associação Limeirense de Joias (Aljoias), o custo para o tratamento de resíduos químicos é viável, até mesmo para as pequenas empresas, e o rigor é necessário para a legalização, já que esse setor expõe as pessoas a alto risco, direta ou indiretamente.

        Do meu ponto de vista, deve-se investir em projetos educacionais de formação profissional para que esses trabalhadores possam competir no mercado de trabalho e exigir seus direitos. Também é necessário fiscalizar com eficácia, punir e até mesmo promover o fechamento dessas empresas que não tratam seus resíduos e, portanto, desobedecem às leis ambientais. Consequentemente, com a regularização e a profissionalização dos trabalhadores desse setor, a economia, a saúde dos cidadãos e a infraestrutura de Limeira melhorarão.

        Todos querem brilhar: ao comprar uma joia folheada, os consumidores querem brilhar; as empresas, ao crescerem, gerarem empregos, aumentarem seus lucros, querem brilhar; o município quer aumentar os índices de desenvolvimento, e, portanto, também quer brilhar. Mas não podemos permitir que as nossas águas percam o brilho, afetando a saúde da população.

        É claro que as medidas citadas não irão solucionar todos os problemas dos limeirenses com relação a essas empresas, mas, pelo menos, a tentativa para resolvê-los vale; afinal de contas, como dizia Karl Marx, sociólogo alemão, de nada valem as ideias sem homens que possam pô-las em prática.

Thairiny Cristiane Ribeiro. Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/images/stories/publico/noticias/20101201opiniao.pdf. Acesso em: 5 jan. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 6º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 75-76.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é a principal atividade econômica de Limeira hoje e como ela se relaciona com o passado da cidade?

      Atualmente, Limeira é a capital da joia folheada, com grande parte da população envolvida na fabricação de bijuterias. Antigamente, a cidade era conhecida como a capital da laranja e por ter abrigado a primeira fazenda a receber imigrantes.

02 – Qual é o principal problema ambiental que Limeira enfrenta devido à produção de joias folheadas?

      O principal problema é o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado de resíduos químicos (provenientes do tratamento que dá brilho às peças) por empresas não regularizadas, que despejam essas substâncias diretamente no esgoto da cidade.

03 – Quais metais pesados são encontrados em grande quantidade nas águas fluviais de Limeira devido a essa poluição, e quais são os riscos para a saúde dos cidadãos?

      As águas apresentam grande quantidade de metais pesados como cromo, níquel, cobre e chumbo. O contato com esses metais pode causar problemas gastrintestinais, anemia, danos no sistema nervoso central e disfunção renal.

04 – Por que as empresas poluidoras continuam a empregar a população, mesmo com os riscos?

      Essas empresas empregam a população humilde da cidade, que, por ter poucos recursos de renda e educação, aceita trabalhar nelas mesmo correndo riscos de contaminação e, muitas vezes, sem registro em carteira e direitos básicos.

05 – Qual a alegação dos proprietários das empresas não regularizadas para não tratarem os resíduos?

      Os proprietários alegam que os custos para o tratamento e a regularização são muito altos, e as exigências para a legalização são absurdas, tornando a produção inviável.

06 – Qual a posição da Associação Limeirense de Joias (Aljoias) em relação ao custo do tratamento de resíduos e à necessidade de rigor na legalização?

      A Aljoias afirma que o custo para o tratamento de resíduos químicos é viável, mesmo para pequenas empresas, e que o rigor na legalização é necessário, pois o setor expõe as pessoas a alto risco, direta ou indiretamente.

07 – Quais as soluções propostas pela autora do artigo para o problema em Limeira?

      A autora propõe investir em projetos educacionais de formação profissional para os trabalhadores, a fim de que possam competir no mercado de trabalho e exigir seus direitos. Além disso, ela defende a fiscalização eficaz, punição e até o fechamento das empresas que não tratam seus resíduos e desobedecem às leis ambientais.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: OS PEDESTRES VÃO RECUPERAR SUA CIDADANIA? EDUARDO VASCONCELLOS - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Os pedestres vão recuperar sua cidadania?

        Projeto encontrará grande resistência por parte dos que se acostumaram a uma liberdade injusta e opressiva

EDUARDO VASCONCELLOS – ESPECIAL PARA A FOLHA

        O programa de melhoria das condições de segurança dos pedestres da Prefeitura de São Paulo é a melhor notícia relativa ao trânsito da cidade nos últimos dez anos. O respeito aos pedestres é essencial em um ambiente de trânsito marcado pela violência e pela incivilidade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTE7aOH_Y3leHQHobIa73JYO1skx1vBNEH-vs-CYQGN45q70zMmplf0ABl5yF_uq50483eWcgoZxex0_p8THDWD_dbNUqSMv5c8K_GJaaYp2HzkythhbeLfSUxx2C-liYwlmY967e_g-mxRzn8qmv9dS1Nx4gFEsDIB6i3ZtiNwLeuYXvpCX2gPQ3E3C0/s320/pedestres.jpg


        Em uma cidade que foi construindo a insustentabilidade nas últimas cinco décadas por meio de projetos absurdos de incentivo generalizado ao uso do automóvel, em um ambiente de desigualdade social e econômica e com baixo nível de cidadania, as pessoas com acesso ao automóvel se acostumaram a usar as vias como propriedade particular, sem respeitar os usuários mais numerosos e mais frágeis, como os pedestres e os ciclistas.

        Motoristas e motociclistas ignoram esses usuários e dirigem em velocidades que podem matar um pedestre ou um ciclista em segundos.

        A falta de fiscalização agravou o problema, permitindo que a ocupação das vias continuasse sendo feita na base da força e do uso violento de um veículo individual. O projeto em curso, portanto, é muito relevante. Ele tem de ser expandido para outras áreas da cidade.

        Também é preciso uma redução generalizada da velocidade máxima nas ruas. O projeto encontrará grande resistência por parte dos que se acostumaram a esta liberdade injusta e opressiva. Sua superação exigirá não só recursos humanos e materiais, mas também um processo amplo de discussão da cidadania a fim de que a civilidade substitua a força na utilização do espaço viário.

        Persiste, porém, um sério problema estrutural. A ideologia do crescimento baseado no automóvel e na expansão indiscriminada do sistema viário ainda está viva, comprovada pela decisão da prefeitura de construir um túnel para veículos particulares na parte sul da cidade, de quase R$ 4 bilhões, o que é um acinte quando consideramos, por exemplo, a necessidade de melhorar o nosso sistema de transporte público.

        Além disto, a proposta nega o movimento crescente no mundo e no Brasil para alterar esse sistema iníquo e falido de apoio ao transporte individual. Enquanto esta mentalidade persistir, o projeto de resgate dos direitos dos pedestres e da reconstrução de um ambiente de trânsito civilizado terá enormes dificuldades de obter sucesso. O governo municipal, portanto, precisará mostrar de que lado finalmente está.

EDUARDO VASCONCELLOS. Folha de S. Paulo, 8 ago. 2011.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 166.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é a "melhor notícia relativa ao trânsito da cidade nos últimos dez anos" mencionada pelo autor?

      A melhor notícia é o programa de melhoria das condições de segurança dos pedestres da Prefeitura de São Paulo.

02 – Como o autor descreve o comportamento de motoristas e motociclistas em relação a pedestres e ciclistas na cidade?

      O autor afirma que motoristas e motociclistas ignoram esses usuários e dirigem em velocidades que podem matá-los em segundos, tratando as vias como propriedade particular.

03 – Por que o projeto de melhoria para pedestres enfrentará "grande resistência", segundo o artigo?

      O projeto enfrentará grande resistência por parte daqueles que se acostumaram a uma "liberdade injusta e opressiva" no uso das vias.

04 – Além do projeto de segurança para pedestres, o que mais é necessário para a melhoria do trânsito na cidade, de acordo com o autor?

      O autor aponta a necessidade de uma redução generalizada da velocidade máxima nas ruas e um processo amplo de discussão da cidadania para que a civilidade substitua a força no uso do espaço viário.

05 – Qual é o "sério problema estrutural" que, para o autor, ainda persiste e pode dificultar o sucesso do projeto para pedestres?

      O "sério problema estrutural" é que a ideologia do crescimento baseado no automóvel e na expansão indiscriminada do sistema viário ainda está viva, exemplificada pela decisão da prefeitura de construir um túnel para veículos particulares de quase R$ 4 bilhões, o que contraria o movimento mundial de apoio ao transporte público.

 

quarta-feira, 23 de julho de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: A POLÊMICA DOS CELULARES NAS ESCOLAS - FRAGMENTO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: A polêmica dos celulares nas escolas – Fragmento

          Priscilla Nery

        Foi-se o tempo em que celular era um luxo apenas dos ricos. Esse aparelhinho caiu no gosto popular e hoje é difícil encontrar alguém que não tenha um. Até as crianças levam um telefone móvel na mochila a todos os lugares, inclusive à escola.

        Com o tempo, o celular, que era usado pelas crianças e adolescentes somente em casos de urgência e para a segurança deles, acabou virando moda e artigo indispensável. Tanto que [...] esse aliado na comunicação familiar pode se tornar um tormento na vida de professora, coordenadores e diretores de colégios.

        [...]

        Wagner Sanchez, diretor pedagógico do Colégio Módulo, em São Paulo, afirma que, como acontece em muitas instituições de ensino, seus alunos são advertidos a não levar o telefone para a escola. [...]

        Ele conta que o colégio onde trabalha possui, inclusive, um código disciplinar que proíbe que os estudantes atendam aos celulares durante aas aulas. [...] Isso porque o aparelhinho tira a atenção dos estudantes [...].

Priscilla Nery. Disponível em: http://vilamulher.terra.com.br/a-polemica-dos-celulares-nas-escolas-8-1-55-381.html. Acesso em: 18 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 178.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é a principal mudança observada no uso de celulares ao longo do tempo, de acordo com o texto?

      A principal mudança observada é que o celular, que antes era considerado um luxo para poucos e usado por crianças apenas em casos de urgência ou segurança, tornou-se um item de consumo popular e um artigo indispensável para muitos, incluindo as crianças que o levam para a escola.

02 – Como o uso de celulares pode se tornar um problema para os profissionais da educação?

      O texto indica que o celular, que deveria ser um aliado na comunicação familiar, pode se tornar um "tormento" na vida de professores, coordenadores e diretores de colégios, sugerindo que seu uso inadequado pode atrapalhar o ambiente escolar.

03 – Qual é a postura do Colégio Módulo, em São Paulo, em relação ao uso de celulares pelos alunos?

      O Colégio Módulo, por meio de seu diretor pedagógico Wagner Sanchez, adverte os alunos a não levarem o telefone para a escola. Além disso, a instituição possui um código disciplinar que proíbe que os estudantes atendam aos celulares durante as aulas.

04 – Qual é a principal razão citada pelo diretor Wagner Sanchez para a proibição do uso de celulares em sala de aula?

      Wagner Sanchez afirma que a principal razão para a proibição é que o aparelho "tira a atenção dos estudantes", prejudicando o foco no aprendizado durante as aulas.

05 – O que o artigo sugere sobre a percepção atual do celular em comparação com o passado, especialmente para as crianças?

      O artigo sugere que, no passado, o celular era visto como um item para emergências e segurança das crianças. Atualmente, ele se transformou em "moda" e um "artigo indispensável" para elas, indicando uma mudança cultural significativa em relação à sua utilidade e presença no cotidiano infantil.

 

quinta-feira, 3 de julho de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: MINHA HISTÓRIA COMO PROFESSORA - ROSA MARIA MONSANTO GLÓRIA - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Minha história como professora

                Rosa Maria Monsanto Glória

        A todos os professores deste enorme país, por tudo que representam para os seus alunos, especialmente aqueles que conseguem perceber a relevância do seu papel. A todos que de um modo ou de outro contribuíram para que a cada dia eu me tornasse mais o que sou hoje: PROFESSORA

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5gKYgUkpEU6kPcsEbj_pTgknIdFNJPA6k13_V1HOJzzNLi2Q6xqVPXUF3FsGlAxmtdSXDUP41Mo_7G05xVxknmjZEXjQmT4ogAe8wlElJh7Xtj5hq1v9ahDq2zLYCkzvlrnoa7xXhbH5u-X8LLej2YH5C6XkHoB3RlnK2gzgJjdmnXOLw0eMUT_TfWpg/s320/professora-lousa-quadro-negro.jpg


        É engraçado como a escola sempre esteve muito presente na minha vida. Parando agora para refletir melhor, já nem sei se ela não tem sido minha própria vida. Bem, nem quero me aprofundar nisso, para não correr o risco de fazer com que pensem (ou que os que me conhecem, confirmem) que eu seja maluca...

        Pra começo de conversa, vou contar como começou esta obsessão, penso, como para a maioria das crianças pequenas e sem muitos recursos financeiros (para não dizer pobres) da minha geração.

        As escolas de educação infantil eram "artigo de luxo". As públicas eram poucas e muito concorridas e as particulares eram para os ricos ou para os filhos de mães que trabalhavam fora, coisa que, pelo menos perto de onde eu morava, não era muito comum. Lembro-me de que na rua onde eu morava nenhuma mãe trabalhava fora. Portanto, como eu não atendia a nenhum desses critérios, nem era rica, nem minha mãe trabalhava fora, não fui para o "Jardim" – era assim que se dizia na época. Porém, vocês nem podem imaginar como eu sonhava em ir para a escola, na verdade eu queria mesmo era ir para o "Grupo" – como se chamavam as escolas de Ensino Fundamental –, as escolas de verdade, onde a gente aprendia a ler e a escrever.

        Na rua onde morava e moro até hoje, havia meninas mais velhas que eu, que já iam para a escola de uniforme e "mala", enquanto eu, criancinha, como elas diziam, ficava em casa sonhando com o dia em que pudesse ir também.

        Tenho a nítida lembrança do dia em que minha mãe foi fazer a matrícula no 1° ano e começou então a providenciar as coisas para que eu fosse para a escola. Ela mesma costurou minha saia com tecido xadrezinho de preto e branco com uma prega na frente e minhas camisas branquinhas com gola e bolso com o distintivo do Grupo. Também havia os sapatos tipo colegial preto e as meias brancas até os joelhos. Mas o que mais me fascinou, o que mais me encantou foi a mala preta que ganhei do meu avô. Ela era maravilhosa, tinha um cheirinho bom de couro, dentro dela cabia um mundo de coisas: os cadernos novos, o estojo, os livros que com certeza a professora pediria para comprar, enfim, tudo que fosse preciso para uma menina que queria muito ir para a escola.

        Chegou o grande dia, nem dormi direito, tamanha era a minha ansiedade. Quando deu a hora de ir para a escola, tenho certeza de que se não fosse pelo fato de minha mãe me levar pela mão, o que as pessoas veriam pela rua seria uma meninazinha de laço na cabeça – a única de uniforme no primeiro dia de aula – flutuando até chegar à porta da escola, sendo ancorada por uma grande mala preta, levando ali todos os seus sonhos.

        A vida seguiu em frente, eu adorava a escola, as professoras, os colegas de classe. Ia para lá num período e no outro brincava de escola e de outras coisas também. Durante todo o primário não tive nenhuma falta, ia todos os dias, chovesse ou fizesse sol. Não suportava a ideia de ter de faltar por qualquer que fosse o motivo, nem mesmo quando nasceu minha irmãzinha e era emenda de feriado. Quando chegavam as férias, que naquele tempo eram muito mais longas, principalmente se a gente fechasse as notas, eu ficava eufórica nos primeiros dias, até mesmo meio exibida, pois sempre fechava as notas com médias altas e era muito elogiada por isso – porém depois de uma ou duas semanas o que eu mais queria era que elas acabassem. Morria de saudades de tudo, até mesmo da merendeira que era muito ranzinza e brigava se a gente deixasse uma gotinha de sopa no prato... Da professora, então, nem se fale! E para passar o tempo eu engraxava minha mala e deixava tudo arrumado lá dentro, tornando a fazer isso muitas vezes durante as férias. Agora, adulta, penso que a escola cumpria, para mim e para as outras crianças, um papel extremamente importante: ela era o principal espaço de convivência social que tínhamos; nós de fato frequentávamos a escola, alguns de nós frequentavam a igreja, brincávamos juntos e nada mais, pelo menos para mim era assim. Não tinha shopping, festinhas, balé, natação, judô, inglês...Tinha a escola.

        Cresci mais e ela continuou sendo minha fiel companheira, fazia parte da fanfarra, do grupo de teatro, do coral, ia às aulas de educação física no período oposto ao da aula regular. Se tinha gincana, lá estava eu. Arrecadar prendas para a festa junina era uma farra. Dos desfiles cívicos, eu participava também. No campeonato de handebol entre as escolas do bairro, é claro que eu ia, mas só para torcer, pois era péssima atleta.

        Já não levava minha malinha preta, afinal no ginásio não ficava bem, o que os meninos iriam pensar?! Mas os sonhos continuavam comigo e a escola ainda fazia parte deles. Estava definido: seria professora.

        Fui para o curso de magistério, numa das escolas mais concorridas da minha cidade, depois de ter sofrido a espera da segunda chamada do exame "vestibulinho". Estava radiante e orgulhosa de mim mesma, afinal não era nada fácil entrar para aquela escola (pública) – mesmo que tivesse conseguido a vaga na segunda lista, ainda assim era motivo de glória. Fui para o primeiro dia de aula na escola nova com o coração aos pulos, como quando tinha sete anos, ia de uniforme e minha malinha agora se transformara numa bolsa esportiva – Tiger –, como era moda na época, novamente presente do meu avô. Na "mala", caderno universitário, estojinho, carteira com alguns trocados, passe escolar e a certeza de que seguia pelo caminho certo, seria professora, a melhor que pudesse ser.

        Os quatro anos que passei naquela escola foram "os melhores da minha vida", pelo menos é o que eu pensava na época. Tinha aulas pela manhã, e quase todas as tardes ficava por lá também, um dia era educação física, no outro, estágio, nos outros eram trabalhos na biblioteca (a mais amada que eu já frequentei) ou na sala de estágio, outro espaço maravilhoso da escola que chegava a causar uma pontinha de inveja aos outros alunos dos outros cursos, afinal só as professoras e as "meninas do magistério" tinham uma sala para trabalhos e reuniões. Ali vivi muitas coisas importantes da minha vida, conheci muitas pessoas, tive professores que me fizeram ver a vida de outra forma e acreditar ainda mais nesta profissão, fiz amizades duradouras, o primeiro namorado, ri, chorei, cantei, dancei, amei, vivi... Estar ali naquela escola, utilizar todos aqueles espaços, participar de tudo que me fosse possível, viver intensamente aquele lugar era tudo que eu sempre sonhei, era a escola que cabia na minha malinha de sonhos.

        O curso acabou: estava formada, era professora. Na cabeça o sonho realizado e a certeza de continuar vivendo a escola todos os dias. Nas mãos, não mais uma malinha, mas uma sacola cheia de materiais e livros que certamente seriam úteis no meu trabalho com os meus alunos. Meu Deus, como era lindo me ouvir dizer: meus alunos!

        Começou então outra etapa da minha vida. Agora era adulta, professora formada, como diziam meus pais, mas como deixar de ser aluna? Não podia, isso seria insuportável. Então lecionava durante o dia e fazia pedagogia à noite – perfeito, era professora, mas era também aluna.

        Com a primeira escola, vieram muitas alegrias, mas também muitas decepções. Lutei muito contra o desânimo, a acomodação e a hostilidade dos que pensavam que escola era lugar apenas de se cumprir horário e programa de ensino, que só mesmo na cabecinha de uma recém-formada caberia a ideia que "aqueles alunos" teriam jeito. Como podem imaginar, estava eu numa escola de periferia, com uma classe de alunos repetentes por muitos anos porque não sabiam ler e escrever, levava comigo muita vontade e uma sacola cheia de materiais bonitinhos, feitos por minhas próprias mãos, que animavam os alunos pela sua beleza e os fazia sentir-se "cuidados" pela sua professora, o que era bom, mas que pouco contribuía para que aprendessem mais. Durante aquele ano, o conteúdo da mala variou muito: a incerteza quase sempre estava presente, assim como a força de vontade e a insistência que partilhavam espaço com livrinhos de história, a cartilha da pipoca, alguns joguinhos para trabalhar matemática e às vezes alguns docinhos, brinquedinhos e roupas para as crianças.

        Já no curso de pedagogia, tudo era muito diferente do que eu tinha vivido na escola. Havia muitas pessoas numa sala, quase todos os alunos eram mais velhos que eu e as relações eram mais superficiais. Os professores também eram diferentes, eles falavam para grandes massas de alunos, a maioria de nós não tinha nome para eles, mas eles falavam de coisas que eu achava muito interessantes e anotava tudo no caderno. Descobri que a faculdade era uma escola muito diferente da escola que eu queria para viver, embora aprendesse muito nela e tivesse algumas gostosuras: as paqueras, os bate-papos com alguns colegas, o bolinho de queijo da cantina e a sexta-feira...

        Esse ano, o primeiro como professora, foi definitivo para o meu "casamento" com a escola. Nele tive a oportunidade de experimentar pela primeira vez na vida o que é "quebrar a cara". Cheguei cheia de sonhos e boa vontade, sabia que estava fazendo diferença para aqueles alunos, pois me empenhava muito para isso, mas descobri também que, só com isso na minha malinha, pouco poderia contribuir para de alguma forma "ajudar a mudar seus destinos", fadados ao fracasso. Pobres e fracassados – parece que era isso que queriam escrever nas linhas de suas mãos e eu pouco podia, pouco sabia fazer para ajudá-los a fugir deste destino. Não pensem que só chorei durante esse ano, também sorri e cantei com minha turma, fui dura, brava algumas vezes, afinal queria muito que aprendessem, vibrei com suas conquistas e me senti parte de suas vidas. E no final do ano muitos deles estavam diferentes e sabiam ler e escrever.

        Depois disso, muitos outros vieram, muitos outros alunos, crianças e adultos povoaram minha vida. Outras escolas se sucederam à primeira – não muitas, pois fui aprendendo a ganhar raízes, também fui encontrando parceiros mais interessantes e interessados em melhorar suas práticas, tanto nas escolas estaduais como nas municipais por onde passei. E, sendo assim, fui cada vez mais acreditando que aquele era meu lugar. E pela minha inseparável malinha – que ora era uma sacola, ora era o próprio porta-malas do carro – passaram muitas coisas diferentes: livros, jogos, tesoura, cola, papéis, cadernos (muitos), sucatas, rótulos, sementes, fitas K7, fitas de vídeo... e muitos, muitos textos, alguns tão difíceis que eu começava a ler e os deixava de lado, outros que eu devorava com minhas parceiras, outros ainda que eu achava impossível serem de fato sérios... Só sei que, ao lado disso tudo, dentro da malinha compartilhavam do mesmo espaço coisas materiais e muitas coisas nem sempre palpáveis: dúvidas, certezas, conflitos, alegrias, descontentamento, euforia, paixão, satisfação e muita busca.

        Cada vez sabia mais que o que me movia era estar dentro da escola, não importava muito se de educação infantil, 1ª a 4ª série ou se de jovens e adultos: aquele espaço de convivência intensa entre as pessoas e das pessoas com o conhecimento é o que me satisfazia. Até que um dia surge uma oportunidade – única, é o que diziam as pessoas de modo geral. Estava eu, pela primeira vez na vida, frente a frente com a possibilidade de sair da escola que até então, com maior ou menor intensidade, sempre tinha sido o único "palco por onde andei". Havia a chance de integrar a equipe técnica da Secretaria de Educação, que era muito respeitada pela maioria dos professores da rede municipal. Fiquei numa dúvida cruel: por um lado estava tendo uma possibilidade de crescer na carreira dentro de uma rede pública de que eu gostava muito e me orgulhava de fazer parte, por outro teria de abrir mão do "aconchego reconfortante" da escola e me atirar rumo ao desconhecido.

        Demorei muito a me decidir. Nunca imaginei que fosse tão sofrido ter de tomar decisões. Como eu poderia ser tão ingrata e abandonar quem sempre me acolheu tão bem, como seria capaz de viver sem aquele burburinho gostoso de escola quando tem gente, quando tem vida? Mas também, como perder essa oportunidade – única – que acenava para mim como uma chance de conhecer mais, estudar mais... Optei, então, depois de muitas noites sem dormir, muito choro e dores de cabeça, por entrar por essa nova porta que se abria a minha frente, porém não poderia imaginar minha vida sem alunos, e assim continuei sendo professora de jovens e adultos no período noturno.

        Outra etapa da minha vida se iniciava. Estava diante de uma nova função nunca antes por mim vivida, que só conhecia do lado de cá, o de professora que observava de longe o que faziam as pessoas da equipe técnica. O início não foi nada fácil. O primeiro dia novamente parecia com aquele, daquela meninazinha de laço no cabelo que deixava o conforto do lar para aventurar-se num mar de incertezas, levando em sua malinha agora um coração apertado, mas também ansioso pela novidade que se mostrava fascinante, pois acenava com a possibilidade do convívio com outras pessoas e outros saberes. Tinha então novos afazeres, graças a Deus, todos relacionados à escola.

         No primeiro ano, penso que engordei "uma tonelada", tamanha era minha ansiedade em fazer tudo da melhor forma possível. Sentia um medo enorme de não "dar conta do recado", de não ser capaz de contribuir de fato para que os outros professores pudessem trabalhar melhor... De verdade eu acreditava que se eu fizesse tudo direitinho, todos iriam gostar de estudar e procurar mudar suas práticas (quanta pretensão!). Minha mala agora tinha ficado superchique, parecia uma executiva, com pasta de pelica bege, presente não mais do meu avô, que infelizmente já havia partido, mas de minha mãe, que estava muito orgulhosa da sua jovem filha. Dentro dela? Proposta curricular, textos e mais textos teóricos, os mais recentes que conseguia, para serem fartamente distribuídos aos professores, durante minhas visitas às escolas.

        Além disso, tinha outro ponto, que era ao mesmo tempo um alento e um desafio: fazer parte de uma equipe composta de professoras que, como eu, eram novas nessa função e por isso também estavam construindo seu papel e seu lugar no grupo. Isso era bom porque estávamos "buscando nosso lugar ao sol" e por isso tínhamos de nos ajudar mutuamente – e o único jeito que conhecíamos para fazer isso era estudando. Mas, por outro lado, todas sabíamos que para nos tornarmos uma equipe não bastava compartilhar a mesma sala e os mesmo problemas a resolver... Era preciso muito mais. E todas, de modo geral, se esforçavam para isso, o que também foi um aprendizado. Embora muitas vezes tivesse pensado no quanto tinha sido uma idiota em deixar o "conforto pobrezinho do meu lar" para me arriscar por "mares nunca dantes navegados", de certa forma tudo isso me seduzia e, como também não sou de "abandonar o barco", segui em frente. Foram anos de estudo e desafios e minha malinha, fiel escudeira, que me acompanhava de porta em porta, de escola em escola, carregou uma variedade imensa de papéis, registros, relatórios, ideias, projetos, observações... Fui aprendendo – pelo menos creio que sim – a contribuir um pouco mais com o trabalho dos meus colegas professores, tentei ser parceira deles e, nesse caminhar, nunca deixei de respirar escola. Fui aprendendo, nesses anos de trabalho, assim como minhas colegas de equipe, a definir melhor o meu papel. Já sei que, para que a educação se transforme, não basta apenas distribuir aos professores uma infinidade de textos de fundamentação teórica: para que os textos façam sentido, é preciso um trabalho de formação contínua, de discussão real sobre a prática pedagógica.

        Recebi, então, recentemente, um convite maravilhoso, o mais sedutor de toda a minha vida profissional, que tinha como ingredientes: escola, professores, alunos e formadores. Além disso, poderia conciliar esta ação com o trabalho que vinha fazendo com as escolas de meu município. Então, continuando a acreditar que a escola é por excelência o lugar em que as grandes mudanças na vida dos alunos acontecem, eu e minha malinha nos aventuramos por outros mares – claro que sem deixar de retornar ao porto seguro, onde eu fiz minha morada que é a secretaria onde trabalho. Comecei então a trabalhar com formação de professores. Na mala – agora de viagem, com rodinhas para facilitar o transporte "do peso do saber" – carregava algumas roupas, que variavam conforme a estação; muitos livros, literários e teóricos; fitas de vídeo, cadernos para as anotações, uma pauta a ser discutida e uma imensa vontade de contribuir de alguma forma com o trabalho dos professores deste país. Esta possibilidade me encantou e mudou radicalmente meu jeito de pensar a escola. Estava vivendo um momento único e, com ele, a possibilidade de conhecer pessoas – as mais diferentes, com as mais diferentes experiências – e fazer parte de um trabalho coletivo de fato, estudar e aprender...

        Isso tudo me parecia o paraíso, era muito mais do que um dia eu havia sonhado...

        Mas, quem foi que disse que os sonhos não se tornam realidade e podem ser mais maravilhosos ainda?

        Na sequência desse convite, na verdade como consequência dele, recebi outro. Agora sim, um convite que aquela meninazinha, que nem sequer frequentou o jardim, não poderia jamais imaginar. Participar da equipe pedagógica do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores! Esse era o presente mais lindo que um dia alguém poderia me dar. Agora teria de me afastar um pouco do meu porto seguro, visto que a viagem era longa – a princípio isto me assustou, mas agora, já mais experiente, tenho certeza de que "navegar é preciso" e que quando eu voltar trarei na mala muitas coisas boas para compartilhar com os companheiros em terra.

        Estou aqui então, carregando nas mãos uma mala cheia de bons sonhos, sonhados e construídos a muitas mãos e cabeças, por um grupo de professoras que acredita que é possível pensar e fazer educação neste país. Nesta mala estão depositadas muitas esperanças, não de milagres ou mágicas, visto que o que carrega é conhecimento, mas de possibilidades de mudança. E eu? Aprendi que a escola com certeza é minha vida e que quero viver ainda muito, até que um dia, bem velhinha, possa abrir minha malinha e olhar lá dentro todas as recordações boas que esta profissão me deu de presente.

Rosa Maria Monsanto Glória.

Fonte: Letra e Vida. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – Coletânea de textos – Módulo 3 – CENP – São Paulo – 2005. p. 47-53.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a principal motivação da autora para querer ir à escola na infância, considerando sua condição socioeconômica?

      Para a autora e a maioria das crianças de sua geração sem muitos recursos, a escola de educação infantil era "artigo de luxo". Sua principal motivação para querer ir à escola, especificamente ao "Grupo" (Ensino Fundamental), era o desejo de aprender a ler e a escrever, algo que ela observava nas meninas mais velhas.

02 – Qual objeto se tornou um símbolo da ansiedade e dos sonhos da autora em seu primeiro dia de aula, e por quê?

      A mala preta que ganhou de seu avô foi o objeto mais fascinante. Ela representava um "mundo de coisas" que caberiam dentro dela – cadernos, estojos, livros – e era o âncora de todos os seus sonhos de menina que ansiava por ir à escola.

03 – Como a autora se sentia durante as férias escolares, e o que essa atitude revela sobre sua relação com a escola?

      Nos primeiros dias de férias, a autora ficava eufórica, mas após uma ou duas semanas, sentia muita saudade da escola. Ela passava o tempo engraxando sua mala e arrumando suas coisas, o que revela o quanto a escola era um espaço vital e central em sua vida, não apenas para o aprendizado, mas para a convivência social.

04 – Qual foi a decisão de carreira da autora na adolescência e como ela se sentiu ao ser aprovada para o curso de Magistério?

      Na adolescência, ela definiu que seria professora. Ao ser aprovada no "vestibulinho" para o curso de Magistério, mesmo na segunda chamada, ela se sentiu radiante e orgulhosa, pois era difícil ingressar naquela escola pública concorrida.

05 – Descreva a importância da escola durante os anos de Magistério da autora.

      Os quatro anos de Magistério foram descritos como "os melhores da minha vida". A escola foi um espaço onde ela viveu intensamente, participando de atividades extracurriculares, utilizando diversos espaços (como a biblioteca e a sala de estágio), fazendo amizades duradouras e tendo professores que a fizeram acreditar ainda mais na profissão.

06 – Qual foi a principal "decepção" e aprendizado da autora em seu primeiro ano como professora em uma escola de periferia?

      A autora enfrentou a hostilidade e o desânimo de colegas que não acreditavam no potencial dos alunos repetentes. Ela descobriu que apenas sua boa vontade e materiais bonitos eram insuficientes para "ajudar a mudar seus destinos", percebendo que a transformação exigia mais do que isso. Apesar das dificuldades, muitos de seus alunos aprenderam a ler e escrever.

07 – De que forma o curso de Pedagogia se diferenciava da experiência escolar que a autora almejava para sua vida?

      No curso de Pedagogia, a autora encontrou um ambiente com muitas pessoas, relações mais superficiais e professores que falavam para "grandes massas", sem conhecer os alunos individualmente. Embora aprendesse muito, ela percebeu que a faculdade era "uma escola muito diferente da escola que eu queria para viver".

08 – Qual foi a "dúvida cruel" que a autora enfrentou ao receber o convite para a Secretaria de Educação?

      Ela ficou dividida entre a possibilidade de crescer na carreira em uma rede pública que ela admirava e a necessidade de abrir mão do "aconchego reconfortante" da escola, o "burburinho gostoso" dos alunos e a convivência que tanto a satisfazia.

09 – Como a autora conciliava sua nova função na Secretaria de Educação com sua paixão por lecionar?

      Mesmo assumindo a nova função na equipe técnica da Secretaria de Educação, a autora não abriu mão de ser professora. Ela continuou lecionando para jovens e adultos no período noturno, garantindo que sua vida ainda tivesse a presença e o convívio com alunos.

10 – O que o último convite recebido pela autora (para o Programa de Formação de Professores Alfabetizadores) simboliza para ela e para sua "malinha"?

      Esse convite é o "presente mais lindo", algo que a "meninazinha que nem sequer frequentou o jardim" jamais poderia imaginar. Simboliza a concretização de seus sonhos em uma escala maior. Sua "malinha", agora de viagem com rodinhas, passa a carregar não apenas materiais e livros, mas muitas esperanças e possibilidades de mudança, representando sua contínua busca por contribuir com a educação do país.