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domingo, 23 de março de 2025

ARTIGO: FORÇA ESTRANHA - FRAGMENTO - RICARDO B. DE ARAÚJO - COM GABARITO

 Artigo: Força estranha – Fragmento

           Ricardo B. de Araújo

        [...]

        A torcida possui a propriedade de reunir, “na mesma massa”, pessoas situadas em posições sociais diversas, homogeneizando, em torno de clubes, as suas diferenças. Nesse processo, um mecanismo extremamente importante é o uniforme de cada clube: ao mesmo tempo em que separa e distingue cada uma das torcidas, ele “despe” cada torcedor da sua identidade civil, e o integra em um novo contexto, profundamente indiferenciado.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiReZJAO84KWQsf2N4TbSRL1PoDTpja0PVdhlm53jpxOQCemxsD1Ltdc1HPQoq71gV6k_ZzsaK20RfNPxNCaInP1eRHcrugPDgBIqHCsRY7tOTjQymwabsbJanLpjVyS8M9nghGVtVOmOiwuJo-5_alh0rRlT6YTSshLyTNbDR94ryQ2TCe0i9YqQe2DMA/s320/UNIFORME.png


        Nesse contexto de massa que é a torcida, inexistem desigualdades, pelo menos em princípio. Todos estão ali reunidos pela paixão, para torcer por um dos clubes e, portanto, cada torcedor tem, nesse momento, os mesmos direitos que qualquer outro.

        Este último ponto é de grande importância, pois nos leva, de certa forma, da igualdade à liberdade. Com efeito, se todos os torcedores são considerados moralmente iguais, abre-se, então, a possibilidade para que cada um deles possa, com toda a legitimidade, ter uma visão inteiramente pessoal do andamento da partida, da escalação dos times, enfim, de qualquer aspecto relacionado ao mundo do futebol.

        Qualquer torcedor pode, inclusive, discordar das “autoridades” em futebol, os técnicos, dirigentes ou comentaristas, sem que sua interpretação seja considerada insolente ou descabida. Este é um contexto em que, de alguma forma, todo mundo tem opinião, e todos têm o direito de exprimi-la, ou seja, são livres para explicitá-la sem sofrer qualquer constrangimento. É exatamente por isso que as discussões sobre o futebol são consideradas “intermináveis”. Na verdade, esta impressão é causada pela própria dificuldade de se chegar a algum consenso num ambiente tão pluralista e democrático.

        Existe, portanto, no futebol, uma área de decisão privada, na qual cada torcedor tem liberdade para julgar e escolher segundo suas próprias inclinações, sem ter que sofrer qualquer interferência. Lembremo-nos de que a própria opção por se torcer por determinado clube, de trocá-lo por outro, ou mesmo de se desinteressar do futebol, são resoluções de “foro íntimo”, que não interessam a ninguém, e que devem, assim, ser tomadas com toda a independência.

Araújo, R.B. Força Estranha. Ciência Hoje, ano I, v.1, jul./ago. 1982.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 260-261.

Entendendo o artigo:

01 – Qual o papel do uniforme na homogeneização da torcida?

      O uniforme, ao mesmo tempo em que distingue as torcidas, "despe" os torcedores de suas identidades civis, integrando-os em um contexto comum e indiferenciado.

02 – Como a paixão pelo clube iguala os torcedores?

      A paixão pelo clube cria um contexto de massa onde as desigualdades sociais são minimizadas, dando a todos os torcedores os mesmos direitos e voz.

03 – Qual a relação entre igualdade e liberdade na torcida?

      A igualdade moral entre os torcedores abre espaço para que cada um expresse sua visão pessoal sobre o futebol, exercendo sua liberdade de opinião.

04 – Por que as discussões sobre futebol são consideradas "intermináveis"?

      As discussões são intermináveis devido à pluralidade de opiniões e à dificuldade de se chegar a um consenso em um ambiente democrático.

05 – Qual a "área de decisão privada" no contexto do futebol?

      A área de decisão privada refere-se à liberdade de cada torcedor julgar e escolher suas preferências futebolísticas, sem interferências externas.

06 – Como o autor descreve a liberdade de opinião do torcedor?

      O autor enfatiza que o torcedor tem a liberdade de expressar suas opiniões sobre o futebol, discordando até mesmo de autoridades, sem ser considerado insolente.

07 – Qual a importância da escolha do clube para o torcedor, segundo o autor?

      A escolha do clube é uma decisão de "foro íntimo" e pessoal, que deve ser tomada com independência, sem interferência de terceiros.

 

 

domingo, 9 de março de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: UM PROCESSO DIRECIONAL NA VIDA - CARL ROGERS - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Um processo direcional na vida

          Carl Rogers

        Quer falemos de uma flor ou de um carvalho, de uma minhoca ou de um belo pássaro, de uma maçã ou de uma pessoa, creio que estaremos certos ao reconhecermos que a vida é um processo ativo, e não passivo. Pouco importa que o estímulo venha de dentro ou de fora, pouco importa que o ambiente seja favorável ou desfavorável. Em qualquer uma dessas condições, os comportamentos de um organismo estarão voltados para a sua manutenção, seu crescimento e sua reprodução. Essa é a própria natureza do processo a que chamamos vida. Esta tendência está em ação em todas as ocasiões. Na verdade, somente a presença ou ausência desse processo direcional total permite-nos dizer se um dado organismo está vivo ou morto.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhssICJWtN5dT1NhPu88eRnkiozJ4fRJtG1qyKprFix-IyrE8hXIES2N6a0jAvHbGjVAQFPGk6OsOcltAcvXzenq92WXSdvc6g8OGLgx8EG4uzezrhWo2YJZL-HR9AMeijbisto8IuwwDYWIofBkEboUIQVMzi_QONp24Zsm4kVnveSn5hkhRnknOE5QBU/s320/PROCESSO.jpg


        A tendência realizadora pode, evidentemente, ser frustrada ou desvirtuada, mas não pode ser destruída sem que se destrua também o organismo. Lembro-me de um episódio da minha meninice, que ilustra essa tendência. A caixa em que armazenávamos nosso suprimento de batatas para o inverno era guardada no porão, vários pés abaixo de uma pequena janela. As condições eram desfavoráveis, mas as batatas começavam a germinar – eram brotos pálidos e brancos, tão diferentes dos rebentos verdes e sadios que as batatas produziam quando plantadas na terra, durante a primavera. Mas esses brotos tristes e esguios cresceram dois ou três pés em busca da luz distante da janela. Em seu crescimento bizarro e vão, esses brotos eram uma expressão desesperada da tendência direcional de que estou falando. Nunca seriam plantas, nunca amadureceriam, nunca realizariam seu verdadeiro potencial. Mas sob as mais adversas circunstâncias, estavam tentando ser uma planta.

        A vida não entregaria os pontos, mesmo que não pudesse florescer. Ao lidar com clientes cujas vidas foram terrivelmente desvirtuadas, ao trabalhar com homens e mulheres nas salas de fundo dos hospitais do Estado, sempre penso nesses brotos de batatas. As condições em que se desenvolveram essas pessoas têm sido tão desfavoráveis que suas vidas quase sempre parecem anormais, distorcidas, pouco humanas. E, no entanto, pode-se confiar que a tendência realizadora está presente nessas pessoas. A chave para entender seu comportamento é a luta em que se empenham para crescer e ser, utilizando-se dos recursos que acreditam ser os disponíveis. Para as pessoas saudáveis, os resultados podem parecer bizarros e inúteis, mas são uma tentativa desesperada da vida para existir. Esta tendência construtiva e poderosa é o alicerce da abordagem centrada na pessoa.

        Em resumo, os organismos estão sempre em busca de algo, sempre iniciando algo, sempre “prontos para alguma coisa”. Há uma fonte central de energia no organismo humano. Essa fonte é uma função do sistema como um todo, e não de uma parte dele.  Maneira mais simples de conceitua-la é como uma tendência à plenitude, à autorrealização, que abrange não só a manutenção, mas também o crescimento do organismo.

Carl Rogers. Um jeito de ser. São Paulo: E.P.U., 1983. 

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 603-604.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a ideia central do artigo de Carl Rogers?

      A ideia central é que a vida é um processo ativo e direcional, impulsionado por uma tendência inata à realização, presente em todos os organismos, desde plantas até seres humanos.

02 – Como Carl Rogers define a "tendência realizadora"?

      Rogers define a tendência realizadora como uma força interna que impulsiona os organismos a buscar a manutenção, o crescimento e a reprodução, mesmo em condições adversas.

03 – Qual o exemplo utilizado por Carl Rogers para ilustrar a "tendência realizadora"?

      Rogers utiliza o exemplo de brotos de batata que crescem em um porão escuro, buscando a luz de uma pequena janela, para ilustrar como essa tendência se manifesta mesmo em condições desfavoráveis.

04 – Como a "tendência realizadora" se manifesta em seres humanos, de acordo com o autor?

      Em seres humanos, a tendência realizadora se manifesta como uma busca constante por crescimento pessoal e autorrealização, mesmo diante de dificuldades e experiências traumáticas.

05 – Qual a importância da "tendência realizadora" na abordagem centrada na pessoa, desenvolvida por Carl Rogers?

      A tendência realizadora é o alicerce da abordagem centrada na pessoa, que reconhece o potencial de cada indivíduo para o crescimento e a mudança, independentemente de suas circunstâncias.

06 – O que o autor quis dizer com a frase “A vida não entregaria os pontos, mesmo que não pudesse florescer”?

      Essa frase significa que, mesmo em situações muito difíceis e sem condições favoráveis para o pleno desenvolvimento, a vida sempre buscará existir e se manifestar de alguma forma.

07 – O que o autor quis dizer com a frase “Em resumo, os organismos estão sempre em busca de algo, sempre iniciando algo, sempre “prontos para alguma coisa”. Há uma fonte central de energia no organismo humano.”?

       Essa frase resume a ideia de que os seres vivos, especialmente os humanos, possuem uma energia interna que os impulsiona a agir, crescer e buscar a realização, independentemente das circunstâncias. Essa energia é a força motriz da vida.

 

 

quinta-feira, 6 de março de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: NÃO SE PODE SER SEM REBELDIA - PAULO FREIRE - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Não se pode ser sem rebeldia 

                             Paulo Freire

        Eu acho que os adultos, pais e professores, deveriam compreender melhor que a rebeldia, afinal, faz parte do processo da autonomia, quer dizer, não é possível ser sem rebeldia. O grande problema está em como amorosamente dar sentido produtivo, dar sentido criador ao ato rebelde e de não acabar com a rebeldia. Tem professores que acham que a única saída para a rebelião, para a rebeldia é a punição, é a castração. Eu confesso que tenho grandes dúvidas em torno da eficácia do castigo.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS8Pfd49J8-MLjEWypDIBhXh0J0u-otsnmvkkQv2K4qd4I3Ad-V1v0tNlw6nMaBRYR8pXLm9VyhjuAo1LXnz3e3WI9coVVQaK36zAQNO9bsSKnfrVCbf-FsdH9STaYSlcsUvn2SU-FjYCWx5U4VlXcSdJWZb7q4oVOXO9x3A3OHwYaoDpE5-xPjNlzbmY/s320/Limite.jpg


        Eu acho que a liberdade não se autentica sem o limite da autoridade, mas o limite que a autoridade se deve propor a si mesma, para propor ao jovem a liberdade, é um limite que necessariamente não se explicita através de castigos. Eu acho que a liberdade precisa de limites, a autoridade inclusive tem a tarefa de propor os limites, mas o que é preciso, ao propor os limites, é propor à liberdade que ela interiorize a necessidade ética do limite, jamais através do medo. 

        A liberdade que não faz uma coisa porque teme o castigo não está “eticizando-se”. É preciso que eu aceite a necessidade ética, aí o limite é compromisso e não mais imposição, é assunção. O castigo não faz isso. O castigo pode criar docilidade, silêncio. Mas os silenciados não mudaram o mundo. 

Paulo Freire, Pedagogia dos sonhos possíveis. Org. Ana M. A. Freire. Editora Unesp.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 591.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a visão de Paulo Freire sobre a rebeldia na formação da autonomia?

      Paulo Freire acredita que a rebeldia é uma parte essencial do processo de desenvolvimento da autonomia. Ele defende que adultos, pais e professores devem compreender que a rebeldia é natural e necessária.

02 – Qual a crítica de Paulo Freire em relação ao uso do castigo como forma de lidar com a rebeldia?

      Freire expressa dúvidas sobre a eficácia do castigo, argumentando que ele pode levar à docilidade e ao silêncio, mas não promove a mudança genuína ou a internalização de limites éticos.

03 – Como Paulo Freire vê a relação entre liberdade e autoridade?

      Freire acredita que a liberdade precisa de limites estabelecidos pela autoridade, mas esses limites devem ser propostos de forma que a liberdade interiorize a necessidade ética deles, e não por meio do medo ou do castigo.

04 – O que significa "eticizar-se" no contexto do artigo de Paulo Freire?

      "Eticizar-se" significa internalizar a necessidade ética de um limite, de modo que a pessoa aceite e compreenda a importância desse limite como um compromisso, e não apenas como uma imposição externa.

05 – Qual a diferença entre limites impostos pelo medo e limites internalizados eticamente, segundo Paulo Freire?

      Limites impostos pelo medo geram apenas conformidade externa e temporária, enquanto limites internalizados eticamente levam a uma mudança genuína de comportamento e à construção de uma consciência ética.

 

quarta-feira, 5 de março de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: É ÍNDIO OU NÃO É ÍNDIO? DANIEL MUNDURUKU - COM GABARITO

 Artigo de opinião: É índio ou não é índio?

                            Daniel Munduruku

        Certa feita tomei o metrô até a praça da Sé. Eram os primeiros dias que estava em São Paulo e gostava de andar de metrô e ônibus. Tinha um gosto especial em mostrar-me para sentir a reação das pessoas quando me viam passar. Queria poder ter a certeza de que as pessoas me identificavam como índio a fim formar minha autoimagem.

 FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5tBiSmGlvXtl4DUGNxY6rdEUDQKD6BgOOa_6ImP6rTIM2FFqj80Mid2zdHSp8I-l2jRt5G00x7NhheYQVXKWgV-ZyiMNs8aFKTyfToyNb7PkoJOYkDiNEnMiAw9edXwgHXq74oNPBw4WvghdZ1aS6RyI1seCTNuRomzQpAdklEgXnOzaKEKm4HVCT0Ag/s1600/SE.jpg


        Nessa ocasião a que me refiro, ouvi o seguinte diálogo entre duas senhoras que me olharam de cima a baixo quando entrei no metrô:

        -- Você viu aquele moço que entrou no metrô? Parece que é índio – disse a primeira senhora.

        -- É, parece. Mas eu não tenho tanta certeza assim. Viu que ele usa calça jeans? Não é possível que ele seja índio usando de branco. Acho que não é índio de verdade – retrucou a outra senhora.

        -- É poder ser. Mas você viu o cabelo dele? É lisinho, lisinho. Só índio tem cabelo assim, desse jeito. Acho que ele é índio, sim – defendeu-me a primeira.

        -- Sei não. Você viu que ele usa relógio? Índio vê a hora olhando para o tempo. O relógio do índio é o sol, a lua, as estrelas… Não é possível que ele seja índio – argumentou a outra.

        -- Mas ele tem o olho puxado – disse a primeira senhora.

        -- E também usa sapatos e camisa – ironizou a segunda.

        -- Mas tem as maçãs do rosto muito salientes. Só os índios tem rosto desse jeito. Não, ele não nega. Só pode ser um índio, e parece ser dos puros.

        -- Não acredito. Não existem mais índios puros – afirmou cheia de sabedoria a segunda senhora. – Afinal, o que um índio estaria fazendo andando de metrô? Índio de verdade mora na floresta, carrega arco, flecha, caça, pesca, planta mandioca. Acho que não é índio coisa nenhuma…

        -- Você viu o colar que ele está usando? Parece que é de dentes. Será que é de dentes de gente?

        -- De repente até é. Ouvi dizer que ainda existem índios que comem gente medrou a segunda senhora.

        -- Você não disse que achava que ele era índio? Por que está com medo?

        -- Por via das dúvidas...

        -- O que você acha de falarmos com ele?

        -- E se ele não gostar?

        -- Paciência… Ao menos nós teremos as informações mais precisas, você não acha?

        -- É, eu acho, mas confesso que não tenho muita coragem de iniciar um diálogo com ele. Você pergunta? – Isto dito pela segunda senhora que, a esta altura, já se mostrava um tanto constrangida.

        -- Eu pergunto.

        Eu estava ouvindo a conversa de costas para as duas e de vez em quando ria com vontade. De repente, senti um leve toque de dedos. Virei-me. Infelizmente, elas demoraram a chamar-me. Meu ponto de desembarque estava chegando. Olhei para elas, sorri e disse:

        -- Sim!

MUNDURUKU, Daniel. Histórias de índio. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1997, p. 34.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 95-96.

Entendendo o artigo:

01 – Por que Daniel Munduruku gostava de andar de metrô e ônibus em São Paulo?

      Ele gostava de andar de metrô e ônibus para sentir a reação das pessoas ao vê-lo e para formar sua autoimagem.

02 – O que as duas senhoras discutiam sobre Daniel no metrô?

      Elas discutiam se Daniel era ou não índio, baseando-se em sua aparência e nas roupas que ele usava.

03 – Quais características físicas de Daniel foram mencionadas pelas senhoras como indicativas de que ele poderia ser índio?

      Elas mencionaram seu cabelo liso, olhos puxados e maçãs do rosto salientes.

04 – Por que uma das senhoras duvidava que Daniel fosse índio?

      Ela duvidava porque ele usava calça jeans, relógio, sapatos e camisa, itens que ela não associava com a imagem de um índio.

05 – O que uma das senhoras sugeriu fazer para confirmar se Daniel era índio?

      Ela sugeriu falar com ele para obter informações mais precisas.

06 – Qual foi a reação de Daniel ao ouvir a conversa das senhoras?

      Ele ria com vontade enquanto ouvia a conversa de costas para as duas senhoras.

07 – Como Daniel respondeu quando as senhoras finalmente o abordaram?

      Ele sorriu e disse "Sim" quando elas o chamaram, pouco antes de seu ponto de desembarque chegar.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: FESTA DE IEMANJÁ - MARCELO XAVIER - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Festa de Iemanjá

           Marcelo Xavier

        Cinco horas da manhã do dia 2 de fevereiro. O bairro do Rio Vermelho, em Salvador, acorda com um foguetório daqueles. Está começando mais uma festa de Iemanjá, e vai durar o dia todo. As primeiras pessoas chegam, com seus presentes para a Rainha do Mar. São perfumes, espelhos, flores, brinquedos, colares, pulseiras. No barracão dos pescadores, os organizadores recebem as oferendas, que vão colocando em grandes balaios redondos. Algumas baianas jogam água-de-cheiro na cabeça do povo. Outras dançam, girando e cantando pontos de candomblé, ao som de atabaques, agogôs, tambores e pandeiros. O sol brilha sobre tudo, como o mais ilustre dos convidados. O mar espera, paciente. Ele sabe que, ao final da tarde, como sempre, todos aqueles presentes vão acabar em suas águas. O mar é a casa de Iemanjá – portanto, festa é dele, também.

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglKTwWnMXcdaf2M70sjIuhJJa_UnJzMLT4FXEzLDdY00tJfHM6Q0dUsqHQz_f-8poyMb6G7JDU3SE9s8kqTLL9rzBlgZJJsu5ZcZAMHC7Xje1zpGPgws9Tt56ByvUHNjrCGXDKQlruRvwcmXnIRYuPrZSpFtsOoCRYGkCiIh6DdTFmxxUr6-m9-7e9_1s/s320/festa-imenaja-1-1-848x477.jpeg


        O presente principal é arrumado com todo o carinho, por um grupo de pessoas. Trata-se da escultura de um enorme golfinho, cercado de bonecos, espelhos e outros presentes menores.

        A certa altura do dia, a fila de oferendas parece uma enorme serpente, enfeitada de flores, arrastando-se lentamente na direção do barracão. No corpo dessa fila-serpente tem gente de todo tipo. A maioria se veste de branco. Na cabeça, lenços e chapéus. Nas mãos, os presentes para Iemanjá.

        Todo a região é tomada pelos cheiros, gostos e sons da festa: são vendedores de fitinhas coloridas, colares, comida, bebida, flores; baianas, com seus tabuleiros, e bandos de devotos.

        Às quatro horas da tarde, como bem sabia o mar, os balaios, carregados de presentes e de flores, são levados para os barcos, junto com o presente principal. Ao som de palmas, vivas, batuques e cantos, o cortejo parte para o alto-mar, onde vão ser deixados os presentes.

        No bairro do Rio Vermelho, a festa continua até o amanhecer.

XAVIER, Marcelo. Festas – O folclore do Mestre André. Belo Horizonte, Formato, 2000. p. 14.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 158-159.

Entendendo o artigo:

01 – Quando e onde ocorre a festa de Iemanjá descrita no artigo?

      A festa de Iemanjá ocorre no dia 2 de fevereiro, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador.

02 – Quais tipos de presentes são oferecidos a Iemanjá durante a festa?

      Os presentes incluem perfumes, espelhos, flores, brinquedos, colares e pulseiras.

03 – Quem organiza e recebe as oferendas durante a festa?

      Os pescadores organizam e recebem as oferendas no barracão.

04 – Que atividades ocorrem durante a festa além da entrega de presentes?

      As atividades incluem baianas jogando água-de-cheiro na cabeça do povo, danças, cantos de candomblé, e a venda de fitinhas coloridas, colares, comida e bebida.

05 – Como é a fila de oferendas descrita no artigo?

      A fila de oferendas parece uma enorme serpente enfeitada de flores, composta por pessoas de todo tipo, a maioria vestida de branco e carregando presentes para Iemanjá.

06 – O que é feito com os balaios de presentes ao final da tarde?

      Os balaios de presentes são levados para os barcos, junto com o presente principal, e depois são deixados no alto-mar.

07 – Até que hora a festa continua no bairro do Rio Vermelho?

      A festa continua até o amanhecer do dia seguinte.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: O HOMEM NA AMÉRICA - CÉSAR COLL & ANA TEBEROSKY - COM GABARITO

 Artigo de opinião: O homem na América

           César Coll & Ana Teberosky

A invenção da escrita há aproximadamente cinco mil anos, serve para separar duas grandes épocas históricas: a Pré-História e a História. Para estudar a história do passado dos homens, os historiadores se baseiam em documentos escritos. Mas como reconstituir a Pré-História, quando os povos ainda desconheciam a escrita? Para estudar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos utilizam objetos, pinturas, utensílios, esqueletos, enfeites, restos de casas, fezes e alimentação. Esses objetos são chamados de cultura material e, depois de analisados, podem mostrar o desenvol­vimento da tecnologia, a evolução das artes, o contato entre as diferentes culturas.

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsjo5Wy1kNigkOWNp_Yk_1_nL-tWa96lQH52KOLL36ckVLStB6xhijJ03vBgYeAI5QjJqTPJo0Ej2dZGmsR83ReySG9zv4YX5UYh_JtxkrI34D80vlMqpIo_YOmUTT49ltE9BIBQv6i91x796cPgjwOfKAFWKBOsFf3ysLZtr-IyCHiRZ_wW9Ew8JiuwI/s320/foto4.jpg


        O homem chegou à América

        A espécie humana, chamada cientificamente de Homo sapiens sapiens, é fruto de uma longa evolução que parece ter se iniciado na África, há milhões de anos, quando o homem começou a se diferenciar dos chimpanzés.

        Acredita-se que os momentos finais dessa evolução ocorreram na Europa ou no norte da África há cerca de 70 mil anos. A partir daí, os homens se espalharam pela Terra, adaptando-se aos mais variados ambientes.

        A evolução do homem

        O clima naquela época era muito mais frio do que hoje, e o planeta Terra era coberto por grande gelo. Acredita-se que os primeiros povoadores da América vieram da Ásia e atravessaram uma “ponte” de gelo que hoje são as águas do estreito de Bering, entre o Alasca e a Ásia.

        Esses homens vieram em pequenos bandos, seguindo os rastros de grandes animais, como mamutes, elefantes, bisões gigantes, mastodontes, gliptodontes e outros, que migraram da Ásia para a América e se espalharam pelo continente. Os homens eram principalmente caçadores, e as mulheres provavelmente coletavam plantas selvagens comestíveis e executavam tarefas domésticas: preparavam as peles para usar como proteção contra o vento, a chuva e o frio, e trançavam cestos.

        Não se sabe exatamente em que data o homem chegou à América. Alguns arqueólogos acreditam que pequenos grupos humanos atingiram o continente, sob temperaturas baixíssimas, há cerca de 40 mil anos. Outros contestam essa hipótese, dizendo que a ocupação na América se deu por volta de 12 mil anos atrás.

        De lá para cá, a temperatura da Terra começou a subir, o estreito de Bering descongelou, e a América se separou definitivamente das outras partes do mundo habitado.

COLL, César & TEBEROSKY, Ana. Aprendendo História e Geografia. São Paulo, Ática, 2000. p. 127-8.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 222-223.

Entendendo o artigo:

01 – O que serve para separar a Pré-História da História?

      A invenção da escrita, ocorrida há aproximadamente cinco mil anos, serve para separar a Pré-História da História.

02 – Como os historiadores e arqueólogos estudam a Pré-História?

      Para estudar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos utilizam objetos, pinturas, utensílios, esqueletos, enfeites, restos de casas, fezes e alimentação, chamados de cultura material.

03 – Onde a espécie humana, Homo sapiens sapiens, parece ter se originado?

      A espécie humana, Homo sapiens sapiens, parece ter se originado na África há milhões de anos, quando o homem começou a se diferenciar dos chimpanzés.

04 – Quando e onde ocorreram os momentos finais da evolução humana?

      Acredita-se que os momentos finais da evolução humana ocorreram na Europa ou no norte da África há cerca de 70 mil anos.

05 – Como os primeiros povoadores da América chegaram ao continente?

      Acredita-se que os primeiros povoadores da América vieram da Ásia e atravessaram uma "ponte" de gelo que hoje são as águas do estreito de Bering, entre o Alasca e a Ásia.

06 – Quais eram as principais atividades dos primeiros homens e mulheres na América?

      Os homens eram principalmente caçadores, seguindo grandes animais como mamutes e elefantes, enquanto as mulheres provavelmente coletavam plantas selvagens comestíveis e executavam tarefas domésticas como preparar peles e trançar cestos.

07 – Quando se acredita que os humanos chegaram à América e quais são as hipóteses divergentes?

      Alguns arqueólogos acreditam que pequenos grupos humanos atingiram a América há cerca de 40 mil anos, enquanto outros contestam essa hipótese, sugerindo que a ocupação ocorreu por volta de 12 mil anos atrás.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: O QUE É NEOLOGISMO - FRAGMENTO - NELLY CARVALHO - COM GABARITO

Texto Artigo de opinião: O que é neologismo – Fragmento

           Nelly Carvalho

        A evolução da sociedade nas últimas décadas tem sido tão vertiginosa em todos os setores, que se torna para nós um desafio acompanhá-la [...]. Mas não acompanhar esse ritmo significa ficar de fora, desconhecer as informações mais recentes. [...]

  FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmsayrmVYF47XaL-YAy0pd0rbHtDhX4tTX4vNIia8RnzhdXxnGCwLhuNvX6nlI_BhTfk_gpCsfcaaEiGpzIuXSwtY1NWoD1RKjOiiTj404Z2jMAOE6DHmC3UXmKm0w5jKf6UY9hrbT7W5kWVbw5OIsQ6SCYIrcqXg-9Jy4NHTwVXDgEke7lyXo9Je9vpo/s1600/ZAPI.jpg


        A língua, espelho da cultura, reflete essa busca frenética de novidade, evoluindo rapidamente, introduzindo novos termos, logo aceitos. Se os vocábulos novos foram considerados pelos gramáticos “vícios” da linguagem, hoje em dia são aclamados e consagrados, de imediato.

        São eles os neologismos, termo que significa nova palavra [...]. Estão os neologismos ligados a todas as inovações nos diversos ramos de atividade humana, seja na arte, técnica, ciência, política ou economia.

        [...]

        Falando em neologismo, os pontos de referências serão sempre mudança, evolução novidade, novo, criação, surgimento, inovação.

        Daí o neologismo ser algo tão ligado à sociedade atual, algo tão ao gosto do homem de hoje, sequioso de mudanças e novidades.

        Ao incorporá-los a meu vocabulário ativo incluí-los na minha linguagem, sinto-me participante do mundo, das suas evoluções e seus problemas.

        Nelly Carvalho, O que é o Neologismo. Coleção Primeiros passos. São Paulo: Brasiliense, 1984.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 352-353.

Entendendo o texto:

01 – Por que acompanhar a evolução da sociedade é considerado um desafio?

      Acompanhar a evolução da sociedade é considerado um desafio porque ela tem sido muito rápida e vertiginosa em todos os setores, tornando difícil acompanhar todas as novidades e informações mais recentes.

02 – Como a língua reflete a busca frenética de novidade da sociedade?

      A língua reflete essa busca frenética de novidade ao evoluir rapidamente, introduzindo novos termos que são logo aceitos, servindo como um espelho da cultura e das mudanças sociais.

03 – O que são neologismos e como eram vistos pelos gramáticos no passado?

      Neologismos são novas palavras introduzidas na língua. No passado, os gramáticos os consideravam "vícios" da linguagem, mas atualmente são aclamados e consagrados rapidamente.

04 – Em quais ramos de atividade humana os neologismos estão presentes?

      Os neologismos estão presentes em diversos ramos de atividade humana, como na arte, técnica, ciência, política e economia, refletindo inovações e mudanças em cada área.

05 – Qual é a relação entre neologismos e a sociedade atual?

      Os neologismos estão intimamente ligados à sociedade atual, pois representam mudança, evolução, novidade, criação e inovação. Eles são algo que agrada ao homem de hoje, que está sempre em busca de mudanças e novidades.

 

 


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: TODA CULTURA É PARTICULAR - (FRAGMENTO) - LEANDRO KONDER - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Toda cultura é particular – Fragmento

                             Leandro Konder

        Não existe, nem pode existir uma cultura universal constituída. No nosso século, os antropólogos vivem ensinando isso a quem quiser aprender.

        Tal como acontece com cada indivíduo, os grupos humanos, grandes ou pequenos, vão adquirindo e renovando, construindo, organizando e reorganizando, cada um a seu modo, os conhecimentos de que necessitam.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8kdYGO31qRRe-nWS2hvAku4ST-_dYHPtehdkCLM_6e5tQ4eYHPo0HCaOMgnr90QkTWmMy9ZDLGaO0OxZXFUaSVq-gVTlX2otw_qysUOG-4vzVQdfbOrhR6zfHqtSE53AGeGkW-dYhjVOZtslP6u4XooM04Ark5zLEbBdPs9-O_-Y-NEkA73yTE9LPFhM/s320/CULTURA.png

        O movimento histórico da cultura consiste numa diversificação permanente. A cultura universal – que seria a cultura da Humanidade – depende dessa diversificação, quer dizer, depende da capacidade de cada cultura afirmar sua própria identidade, desenvolvendo suas características peculiares.

        No entanto, as culturas particulares só conseguem mostrar sua riqueza, sua fecundidade, na relação de umas com as outras. E essa relação sempre comporta riscos.

        Em condições de uma grande desigualdade de poder material, os grupos humanos mais poderosos podem causar graves danos e destruições fatais às culturas dos grupos mais fracos. [...]

        Todos tendemos a considerar nossa cultura particular mais universal do que as outras. [...] Cada um de nós tem suas próprias convicções. [...]

        Tanto indivíduos como grupos têm a possibilidade de se esforçar para incorporar às suas respectivas culturas elementos de culturas alheias. [...]

        Apesar dos perigos da relação com as outras culturas (descaracterização, perda da identidade, morte), a cultura de cada pessoa, ou de cada grupo humano, é frequentemente mobilizada para tentativas de auto-relativização e de autoquestionamento, em função do desafio do diálogo. 

Leandro Konder. O Globo, 02/08/98.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 333.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é a principal ideia defendida no artigo de opinião "Toda cultura é particular"?

      A principal ideia defendida no artigo é que não existe uma cultura universal constituída, mas sim uma diversidade de culturas particulares, cada uma com sua própria identidade e características peculiares.

02 – De que forma o movimento histórico da cultura é descrito no artigo?

      O movimento histórico da cultura é descrito como uma diversificação permanente, onde cada grupo humano adquire, renova, constrói e reorganiza seus conhecimentos de maneira singular.

03 – Qual é a relação entre as culturas particulares e a cultura universal, segundo o autor?

      A cultura universal, que seria a cultura da Humanidade, depende da diversificação das culturas particulares. Cada cultura, ao afirmar sua identidade e desenvolver suas características, contribui para a riqueza da cultura universal.

04 – Quais são os riscos apontados pelo autor na relação entre culturas diferentes?

      O autor aponta que a relação entre culturas diferentes sempre comporta riscos, especialmente em condições de desigualdade de poder material. Grupos humanos mais poderosos podem causar danos e destruições fatais às culturas dos grupos mais fracos.

05 – Como o artigo aborda a questão da tendência de considerar a própria cultura como mais universal do que as outras?

      O artigo reconhece que tanto indivíduos quanto grupos tendem a considerar sua cultura particular como mais universal do que as outras, devido às próprias convicções. No entanto, o autor destaca a importância do diálogo e do autoquestionamento para relativizar essa visão e incorporar elementos de outras culturas.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: AS PALAVRAS E AS COISAS - (FRAGMENTO) - JOSÉ GERALDO COUTO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: As palavras e as coisas – Fragmento

José Geraldo Couto – colunista da folha – Futebol

        Guimarães Rosa, possivelmente o maior escritor brasileiro depois de Machado de Assis, dizia que seu sonho era escrever um dicionário.

        Ignoro se Rosa gostava de futebol (até onde eu sei, nunca escreveu nada a respeito), mas certamente ele se encantaria com a riqueza vocabular associada ao esporte mais popular do mundo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibREf84yxbFfbRC5BR5AuEL1Tu2awM7eo4HbWEIkG7avHtg_B26vOGPj19mSBrMSKJBgo4dBwWMzTQUvZ495Ek6ZPEPGctpWwebhHvzfH8m9P4VQc4Sqs1m_qViny2Ktul6eGtvKB0Q6muerAcq7E9TeneDl8viKopEJZrLRnHADaWBqBl3cKMoDC2gyM/s320/Joao%20Guimar%C3%A3es%20Rosa%2001.jpg


        Poliglota, cultor dos neologismos formados a partir de diversos idiomas, o autor de "Sagarana" devia se deliciar com as palavras de origem inglesa aclimatadas ao português do Brasil por obra e graça do jogo da bola.

        É certo que alguns desses termos ingleses caíram em desuso. É o caso de "offside" (substituído por "impedimento"), "hands" ("toque" ou "mão"), "center forward" ("centroavante") etc.

        Outros, entretanto, foram devidamente abrasileirados e incorporados de tal maneira ao nosso idioma que raramente lembramos de sua origem: "chute" (versão de "shoot"), "beque" (de "back"), "pênalti" (de "penalty") etc., sem falar no próprio "futebol" ("football").

        Há ainda as palavras inglesas que mantiveram uma vigência praticamente apenas regional, como "corner", ainda muito usada no Rio de Janeiro, mas substituída no resto do país por "escanteio", "tiro de canto" ou somente "canto".

        Rosa, se acompanhasse o futebol, se deliciaria com a variedade de metáforas produzidas para dar conta do que acontece dentro das quatro linhas.

        Há, por exemplo, o recurso a uma infinidade de objetos cujo formato ou movimento lembra o de certas jogadas: carrinho, chapéu, bicicleta, janelinha (expressão gaúcha para bola entre as pernas), ponte.

        Mas o ramo mais bonito, do ponto de vista de um escritor, deve ser o das metáforas extraídas da natureza: meia-lua, frango, peixinho, folha seca.

        Ao criar uma jogada dessas – como Didi, que "inventou" a folha seca –, ou executá-la com perfeição, um craque faz poesia pura, rivalizando com Deus e nomeando as coisas como se estivesse no primeiro dia da Criação.

        Guimarães Rosa, infelizmente, não produziu seu sonhado dicionário.

        Nunca saberemos, portanto, se o homem que criou a saga fantástica de Riobaldo e Diadorim sabia o significado, dentro do campo de futebol, de uma chaleira, um lençol, um chuveirinho ou um corta-luz.

        [...]

Folha de São Paulo, 17/7/02.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 274-275.

Entendendo o artigo:

01 – Qual era o sonho de Guimarães Rosa, segundo o artigo?

      O sonho de Guimarães Rosa era escrever um dicionário.

02 – Qual a opinião do autor sobre a relação de Guimarães Rosa com o futebol?

      O autor desconhece se Guimarães Rosa gostava de futebol, mas acredita que ele se encantaria com a riqueza vocabular associada ao esporte.

03 – Que tipo de palavras do futebol o autor menciona como sendo de origem inglesa?

      O autor menciona palavras como "offside", "hands", "center forward", "chute", "beque", "pênalti" e "futebol" como sendo de origem inglesa.

04 – O que o autor destaca sobre a variedade de metáforas no futebol?

      O autor destaca a variedade de metáforas no futebol, tanto aquelas que se referem a objetos (carrinho, chapéu, bicicleta, janelinha, ponte) quanto aquelas que se referem à natureza (meia-lua, frango, peixinho, folha seca).

05 – Qual a comparação que o autor faz entre um craque de futebol e um escritor?

      O autor compara um craque de futebol que cria uma jogada nova ou executa uma jogada com perfeição a um escritor, afirmando que ambos fazem poesia pura e rivalizam com Deus ao nomear as coisas.

06 – O que o autor lamenta no final do artigo?

      O autor lamenta que Guimarães Rosa não tenha produzido seu sonhado dicionário, pois nunca saberão se ele conhecia o significado de certas expressões do futebol.

07 – Qual a principal ideia que o autor explora no artigo?

      O autor explora a riqueza da linguagem do futebol, mostrando como ela se apropria de palavras de origem inglesa, cria metáforas originais e expressa a beleza e a imprevisibilidade do esporte.