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domingo, 10 de agosto de 2025

REPORTAGEM: A COMPOSIÇÃO ESTÁ EM CRISE? FRAGMENTO - CLARISSA MACAU - COM GABARITO

 Reportagem: A composição está em crise? – Fragmento

        Artistas discutem sinais de esgotamento criativo na música popular brasileira e especulam caminhos para sua renovação

        Clarissa Macau – 01 de Junho de 2014

        [...]

        O axé, o funk, o tecnobrega e o pagode são mais rítmicos, oriundos das periferias das cidades brasileiras. Sobre eles, o cantor Tom Zé observou, no documentário Palavra encantada: “Antigamente, a canção era consumida pelo auditivo e cognitivo, hoje é consumida por partes do corpo. Como aparece uma canção que não toca na alma, mas na carne?”.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxu65CT7Qh7wZRiaTHkUfv00KOkUH1eZfqQON1spFOVagZxYiYlWrFzsByT_N9M5NjD053M-5lW720F3SYlB8PXgXomAB_RBqYYKt3mn6HBruOrXOryJzKbZng5jbbvmZO-wPc8PCNRrUAjGRrElZ90kkTlFA42hwzIeJSC_WKftkwk-lCSn7sG_TyqKg/s320/1f79eb92bfa45931ba7111c99cc306dc.jpeg


        O pianista Taubkin se preocupa com a “invasão” dessas músicas como carro-chefe do gosto popular. “As pessoas estão perdendo o ouvido, quase não reconhecem quando alguém está desafinado. Tem baterista que toca sem ritmo, guitarrista com acorde errado e vocalista desafinado, e a máquina de gravação conserta tudo!

        Se não fosse importante consertar esses detalhes, não precisava acertar o ritmo, nem acertar a afinação. Estão aniquilando a ideia de criação e radicalizando o conceito de produto. Um tecnobrega está há milhões de quilômetros longe da qualidade de um samba de Cartola.”

        Mas, seja qual for a origem de uma canção, sempre há a chance do nascimento de uma obra de arte. É o que defende Luiz Tatit. “De repente, ainda é possível o surgimento de uma canção admirável no campo da produção em série, ao povão. Caso de músicas como Dia de domingo, de Michael Sullivan e Paulo Massadas, interpretada por Tim Maia e Gal Costa, e “É o amor”, dos sertanejos Zezé de Camargo e Luciano. Lembremos: quase todo o repertório de Lupicínio Rodrigues, compositor de uma música chamada “de piranha”, considerado cafona nos anos 1950, hoje é cult.

        [...]

MACAU, Clarissa. A composição está em crise? Revista Continente Online, 6 jun. 2014. Disponível em: http://www.revistacontinente.com.br/index.php/component/content/article/479-sonoras/8931-a-composicao-esta-em-crise.html. Acesso em: 3 mar. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 75-76.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual a principal questão abordada na reportagem em relação à música popular brasileira?

      A reportagem discute os sinais de esgotamento criativo na música popular brasileira e especula sobre os caminhos para sua renovação.

02 – Qual a observação de Tom Zé sobre gêneros como axé, funk, tecnobrega e pagode, e o que isso implica sobre a forma de consumo da música?

      Tom Zé observa que "Antigamente, a canção era consumida pelo auditivo e cognitivo, hoje é consumida por partes do corpo." Isso implica que esses gêneros "não tocam na alma, mas na carne", focando mais no ritmo e na fisicalidade.

03 – Qual a preocupação do pianista Taubkin em relação à "invasão" de certas músicas no gosto popular?

      A preocupação de Taubkin é que as pessoas estão "perdendo o ouvido", quase não reconhecem desafinação, e que a tecnologia de gravação corrige erros de ritmo, acorde e afinação. Ele argumenta que isso está aniquilando a ideia de criação e radicalizando o conceito de produto, em detrimento da qualidade.

04 – Apesar das críticas, o que Luiz Tatit defende sobre a possibilidade de surgimento de obras de arte na produção musical popular?

      Luiz Tatit defende que, seja qual for a origem da canção, sempre há a chance do nascimento de uma obra de arte. Ele acredita que ainda é possível o surgimento de uma canção admirável mesmo na produção em série para o "povão".

05 – Quais exemplos de músicas ou artistas Luiz Tatit cita para ilustrar sua defesa de que a qualidade pode surgir na música popular massificada?

      Luiz Tatit cita "Dia de domingo", de Michael Sullivan e Paulo Massadas, interpretada por Tim Maia e Gal Costa, e "É o amor", dos sertanejos Zezé de Camargo e Luciano. Ele também menciona Lupicínio Rodrigues, que teve sua obra considerada "cafona" no passado e hoje é "cult".

REPORTAGEM: POR QUE FAZEMOS AMIGOS? FRAGMENTO - CAMILLA COSTA E BRUNO GARTTONI - COM GABARITO

 Reportagem: Por que fazemos amigos? – Fragmento

        Pura, sincera, desinteressada. A amizade humana não nasceu assim. Mas um improviso do cérebro revolucionou tudo – e fez a humanidade ser o que é hoje

Por Camilla Costa e Bruno Garattoni

        [...]

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzihNKcP6rshQQ7FELRx9fZJxlwTX2KrilbeateeGXSKBqtmv27YZsOmlJ5ITCqSlzKjAEVigl8rmtPCV1zwDxAL_vbt5pQ4vlr-1woMZ7bYeOtdlA3hnCDukFyACBKhChqY5Km_E1N2zpUtEgJZ5KDNL9kwxw2aKhKbOQDcLmob64p2wCAMI0VrCPrqU/s320/1571984182890.png

        Bem menos que 1 milhão

        Ter amigos só traz benefícios. Quanto mais, melhor. Mas há um limite. Um estudo feito na Universidade de Oxford comparou o tamanho do cérebro humano, mais precisamente do neocórtex (área responsável pelo pensamento consciente), com o de outros primatas. Ele cruzou essas informações com dados sobre a organização social de cada uma das espécies ao longo do tempo. E chegou a uma conclusão revelador 150 é o máximo de amigos que uma pessoa consegue ter ao mesmo tempo.

        Para que você mantenha uma amizade com alguém, precisa memorizar informações sobre aquela pessoa (desde o nome até detalhes da personalidade dela), que serão acionadas quando vocês interagirem. Por algum motivo, o cérebro não comporta dados sobre mais de 150 pessoas. Os relacionamentos que extrapolam esse número são inevitavelmente mais casuais. Não são amizade. Outros pesquisadores foram além e constataram que, dentro desse grupo de 150, há uma série de círculos concêntricos de amizades 5, 15, 50 e 150 pessoas, cada um com características diferentes.

        O curioso é que esses círculos já haviam sido mencionados por filósofos como Confúcio, Platão e Aristóteles – e também estão presentes em várias formas de organização humana. Na Antiguidade clássica, já era considerado o número máximo de amigos íntimos que alguém poderia ter. Tirando o futebol, 12 a 15 pessoas é a quantidade de jogadores na maioria dos esportes coletivos. Cinquenta é o número médio de pessoas nos acampamentos de caça em comunidades primitivas (como os aborígenes da Austrália, por exemplo). Cento e cinquenta é o tamanho médio dos grupos do período neolítico, dos clãs da sociedade pré-industrial, das menores cidades inglesas no século 11 e, até hoje, de comunidades camponesas tradicionais como os amish que dividem uma comunidade em duas quando ela ultrapassa as 150 pessoas. Os 150 podem, inclusive, ser a chave do sucesso profissional. Como no caso da Gore-Tex, uma empresa têxtil americana que se divide e abre uma nova sucursal cada vez que seu número de funcionários passa de 150 pessoas. A vantagem disso é que todos os empregados se conhecem, têm relações amistosas e cooperam melhor. “As coisas ficavam confusas quando havia mais de 150 pessoas”, explicou o fundador da empresa, William Gore, numa entrevista concedida alguns anos antes de morrer, em 1986.

[...].

COSTA, Camila; GARATTONI, Bruno. Por que fazemos amigos? Superinteressante. São Paulo, p. 48-49, fev. 2011. (Fragmento adaptado).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 321-322.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é a ideia central da reportagem sobre a origem da amizade humana?

      A reportagem sugere que a amizade humana, hoje vista como pura e desinteressada, nem sempre foi assim. Ela evoluiu de um "improviso do cérebro" que revolucionou a humanidade.

02 – Qual é a relação entre o tamanho do cérebro humano e o número de amigos que uma pessoa pode ter?

      Um estudo da Universidade de Oxford comparou o neocórtex (área responsável pelo pensamento consciente) de humanos e outros primatas, concluindo que 150 é o número máximo de amigos que uma pessoa consegue ter ao mesmo tempo.

03 – Por que existe um limite para o número de amizades que o cérebro consegue manter?

      Para manter uma amizade, o cérebro precisa memorizar informações sobre a pessoa (desde o nome até detalhes da personalidade). Por algum motivo, o cérebro não comporta dados sobre mais de 150 pessoas, tornando relacionamentos que extrapolam esse número mais casuais.

04 – Além do limite de 150 amigos, o que outros pesquisadores descobriram sobre a organização das amizades?

      Outros pesquisadores foram além e constataram que, dentro do grupo de 150, existem círculos concêntricos de amizades: 5, 15, 50 e 150 pessoas, cada um com características diferentes.

05 – Como os filósofos antigos e as comunidades primitivas se relacionam com os números de amizade identificados no estudo?

      É curioso que esses círculos de amizade já haviam sido mencionados por filósofos como Confúcio, Platão e Aristóteles. Além disso, eles também estão presentes em várias formas de organização humana, como o número médio de pessoas em acampamentos de caça de comunidades primitivas (50 pessoas) e o tamanho médio dos grupos do período neolítico (150 pessoas).

06 – Cite exemplos históricos e modernos que reforçam a teoria dos limites de amizade ou de grupo.

      Exemplos incluem o número de jogadores na maioria dos esportes coletivos (12 a 15 pessoas), o tamanho médio de clãs na sociedade pré-industrial (150 pessoas), e o modo como comunidades camponesas tradicionais como os amish se dividem ao ultrapassar 150 pessoas.

07 – Como a empresa Gore-Tex utilizou o conceito do número de Dunbar para seu sucesso profissional?

      A Gore-Tex, uma empresa têxtil americana, adotou o princípio de se dividir e abrir uma nova sucursal cada vez que seu número de funcionários ultrapassa 150 pessoas. Isso garante que todos os empregados se conheçam, mantenham relações amistosas e cooperem melhor, evitando a "confusão" que William Gore, o fundador, percebeu em grupos maiores.

 

 

sábado, 9 de agosto de 2025

REPORTAGEM: É FREVO! - FRAGMENTO - FELIPE OLIVEIRA - COM GABARITO

 Reportagem: É frevo! – Fragmento

        Ele tem cerca de 100 anos de idade, é natural do Recife e faz qualquer um se mexer. Agora, no Carnaval, queima montes de calorias. Tem gente dizendo que pode até virar a primeira dança clássica brasileira

        Quando alguém fala em dança, música ou Carnaval brasileiro, todo mundo pensa logo no samba. Mas o frevo, nascido em Pernambuco, mais precisamente no Recife, não só é igualmente brasileiro como também explode no Carnaval. A grande diferença é que, ao contrário do samba, não se espalhou pelo país.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJUlXZJpDIRoMWkd5mxTanIOuIp3CkyTJ1r_DVT-bEqsBT7w2jIr3TbzkixFF0qYN2rdLoWvpIAHke11lKwfRDnHXNEOPb9kAneTZ1H97mbV-BHWkyt9MskbTYV4KkpVE-ZZSpws15C-ib05mF3XdEwPocvW_sNirgtLtT1IH-loZAhgp6OcASlPfxD_E/s320/9c655bc5-e08d-4a90-8ba0-d288a6b02c1e.jpeg


        Claro que brasileiros de todos os cantos reconhecem o ritmo quando o ouvem. Afinal, cantores conhecidos, como Caetano Veloso ou Moraes Moreira, já gravaram frevos que ficaram famosos nacionalmente. Muitos também são capazes de identificar – ainda que para alguns seja impossível botar em prática – os passos que acompanham esse tipo de música. Mas tocar, cantar e dançar frevo é coisa de pernambucano. Uma pena, na opinião do músico e bailarino também de Pernambuco Antônio Nóbrega, que defende a possibilidade de se usar o frevo como base para o desenvolvimento de uma dança clássica genuinamente brasileira. Algo para ser ensinado nas academias, ao lado do conhecido clássico europeu e do jazz. [...]

        Saltos e piruetas

        Mas por que o papel de gerar esse produto artístico nacional não poderia ser do samba? “Porque o samba não é uma dança”, justifica Nóbrega. “É basicamente um passo, ao qual podem ser acrescidos adornos.” Opiniões à parte, o certo é que a coreografia do frevo não padece dessa carência. São cerca de 120 passos diferentes. Muitos tão acrobáticos quanto aquelas piruetas nas quais o russo Mikhail Baryshnikov é craque. Segundo o compositor erudito brasileiro César Guerra Peixe (1914-1994), trata-se de um gênero único, pois o dançarino dança a orquestração. Por isso mesmo, para compor um frevo é preciso conhecer os papéis dos vários instrumentos numa orquestra, principalmente os dos metais.

        As primeiras composições, não por acaso, foram de mestres de bandas, como José Lourenço da Silva, o Zuzinha. É que o frevo nasceu da competição entre bandas marciais (veja o quadro ao lado). Cada uma com seu grupo de capoeiras, leões-de-chácara cheios de ginga, à frente, elas foram moldando as marchas militares à cadência da luta-dança, dando origem à nova música. “O nascimento do frevo não tem data específica”, avisa o historiador Leonardo Dantas Silva, da Fundação Joaquim Nabuco, de Recife. “Ele foi nascendo aos poucos, resultado de uma sincronização entre música e dança.”

        Levado para o Rio, não empolgou

        Por volta de 1880 começaram a surgir as primeiras sociedades carnavalescas do Recife. Eram os chamados “clubes pedestres”. Compostos por populares, eles se apresentavam assim mesmo: a pé. A aristocracia ficava nos clubes fechados. Quando os capoeiras eram reprimidos à frente das bandas marciais [...], se refugiavam nos desfiles dessas agremiações e passavam a defender seus estandartes.

        As orquestras desses clubes tocavam polca, maxixe, tango, marchas. E também foram influenciadas pelos passos da capoeira. Quando nasceu, em 1889, é provável que o Clube Vassourinhas já tocasse o frevo. Depois o gênero evoluiu, adquirindo uma personalidade ainda mais marcante. Quem ouvia essa música nova tentava encontrar paralelos. Em visita a Recife, em 1942, o cineasta americano Orson Welles teria chegado a acha-la parecida com a italiana tarantela. Especialistas negam a semelhança.

        Difícil de identificar, o frevo era também duro de imitar. Bem que se tentou, várias vezes, levá-lo para o Rio, mas não deu certo. “Frevo não é espetáculo, que nem as escolas de samba, mas participação do povo”, explicou o estudioso Valdemar de Oliveira no livro Frevo, Capoeira e Passo. “Se não há povo participante em quantidade e, sobretudo, em qualidade, que lhe dê corpo e alma, desfilará um ajuntamento de virtuose, ou pseudo-virtuose, não frevo”.

        Malabarismo na rua não é pra qualquer um

        Se é importante conhecer bem música para compor o frevo, parece ser necessário ainda algo mais para tocá-lo bem. Valdemar de Oliveira reclama que só quando a Federação Carnavalesca Pernambucana resolveu mandar o maestro Zuzinha ao Rio, para ensaiar as bandas cariocas encarregadas de gravar as composições premiadas no Carnaval, os resultados ficaram melhores. Antes, as notas vinham corretas, ele conta, mas o andamento era errado e o ritmo, frouxo.

        Talvez haja um pouco de bairrismo na avaliação. Mais aberto, Francisco Nascimento da Silva, 60 anos, o Nascimento do Passo, resolveu até abrir uma escola em Recife para ensinar a dança a turistas ou mesmo a moradores mais duros de cintura. “Em um mês qualquer um pode se tornar um bom dançarino”, exagera. Talvez a generosidade venha do fato de que ele não é pernambucano. Veio, menino, do Amazonas. Cá para nós, um mês de aulas deve dar apenas para passar o Carnaval sem vexame, arriscando uns vinte dos 120 passos conhecidos.

        [...].

Felipe Oliveira. É frevo! Revista Superinteressante, n° 113, fev. 1997. Disponível em: http://super.abril.com.br/historia/frevo-436886.shtml. Acesso em: 22 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 118-119.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é a principal diferença apontada entre o frevo e o samba?

      A principal diferença é a popularização. O samba se espalhou por todo o país e é universalmente associado ao Carnaval brasileiro. Já o frevo, embora seja reconhecido por brasileiros, não se espalhou tanto e é predominantemente uma manifestação cultural de Pernambuco. Outra distinção é que o frevo, com seus cerca de 120 passos, é considerado uma dança, enquanto o samba é definido na reportagem como um passo básico, ao qual podem ser acrescentados adornos.

02 – Quem é Antônio Nóbrega e qual é a sua proposta para o frevo?

      Antônio Nóbrega é um músico e bailarino pernambucano. Ele defende a ideia de que o frevo poderia se tornar a base para o desenvolvimento de uma dança clássica genuinamente brasileira, sendo ensinado em academias de dança ao lado do balé europeu e do jazz.

03 – Por que, segundo César Guerra Peixe, o frevo é considerado um gênero único?

      Segundo o compositor erudito, o frevo é único porque o dançarino "dança a orquestração". Isso significa que a dança não é apenas um acompanhamento da música, mas uma interpretação física da complexidade musical. Por isso, para compor um frevo, é preciso ter um conhecimento aprofundado dos instrumentos de uma orquestra, especialmente os de metal.

04 – Como o frevo nasceu, de acordo com o historiador Leonardo Dantas Silva?

      O frevo nasceu da competição entre bandas marciais. Essas bandas, que tinham grupos de capoeiristas à frente, foram moldando as marchas militares à cadência da capoeira (uma luta-dança), resultando em uma nova música. O historiador explica que o frevo não tem uma data de nascimento específica, mas foi o resultado de uma "sincronização entre música e dança" que aconteceu gradualmente.

05 – Qual a razão, segundo o estudioso Valdemar de Oliveira, para o frevo não ter se popularizado no Rio de Janeiro?

      Valdemar de Oliveira explica que o frevo não é um espetáculo como as escolas de samba, mas uma "participação do povo". Ele defende que a essência do frevo está na participação espontânea de um grande número de pessoas com qualidade e alma. Sem essa participação popular em massa, o frevo perde sua essência e se torna apenas um "ajuntamento de virtuose" (pessoas talentosas), mas não o frevo de verdade.

06 – Que dificuldades foram relatadas em relação à execução musical do frevo fora de Pernambuco?

      A reportagem menciona que, quando as bandas cariocas tentaram gravar composições de frevo, os resultados não foram satisfatórios. Embora as notas estivessem corretas, o andamento era errado e o ritmo, "frouxo". Somente quando um maestro pernambucano foi enviado ao Rio para ensiná-los os resultados melhoraram, indicando a necessidade de uma sensibilidade cultural e rítmica específica para tocar o frevo corretamente.

07 – Quem é Nascimento do Passo e qual sua visão sobre o aprendizado da dança?

      Nascimento do Passo, um dançarino de 60 anos que veio do Amazonas, é o dono de uma escola de frevo no Recife. Ele é descrito como "mais aberto" do que outros e acredita que qualquer pessoa pode se tornar um bom dançarino em apenas um mês de aulas. Embora a reportagem considere essa afirmação um exagero, ela mostra a visão generosa de alguém que busca democratizar a dança.

 

 

REPORTAGEM: O ENSINO MÉDIO E SEUS CAMINHOS - FRAGMENTO - FILIPE JAHN - COM GABARITO

 Reportagem: O ensino médio e seus caminhos – Fragmento

        Programas governamentais miram a integração entre a educação profissional e o ensino médio tradicional e a flexibilização do currículo, com a introdução de disciplinas optativas para que alunos possam construir seu percurso de aprendizado

        Por Filipe Jahn – Publicado em 10/09/2011

        Um dos principais dilemas da educação contemporânea é aquele que gira em torno da permanência dos alunos do ciclo médio nos bancos escolares. Atraídos pelo número de estímulos e pela velocidade da sociedade, a escola lhes parece enfadonha. No entanto, muito do que lhes parece fora de propósito nessa fase – experiências, relações, conhecimentos – só irá adquirir sentido ao longo do tempo. Muitas vezes acaba por não fazer, por diversos motivos, entre eles o abandono da escola.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCH0faaHBjlKpabmTlLjRNrhLyedoq6ZtZ3iQ_u3EHhd0bvIr0wuSh1jAf-kPhvyFZcsoUzNiOpZlYr11UdVMYNXrT75SP2Dn7eHoNaSYoIsioU7fHS57Y_redQr6uiobgTiW18qqq_kthYtR71hBVV4YUZtnLEWzYKEfvsd5_huoblgPWCthFN9_Mpdo/s320/918.jpg


        Todo esse clima de desinteresse dos adolescentes pela vida escolar tem gerado muitas reflexões mundo afora sobre os possíveis caminhos de fazer com que o ensino médio seja vivido e percebido como significativo. Nessa perspectiva, o desafio dos sistemas de ensino nos últimos anos envolve a capacidade de organizar um programa curricular que consiga, ao mesmo tempo, formar os jovens para continuar os estudos no ensino superior e prepará-los para o mercado de trabalho. [...].

        No Brasil, o cenário segue roteiro parecido. As novas proposições do governo federal para o ensino médio têm o objetivo de elevar o índice de conclusão do ensino médio regular para o patamar de países mais desenvolvidos. [...]

        [...]

        Para aumentar esses índices de conclusão, o MEC aposta na ampliação da educação profissional, ainda pouco expressiva no Brasil. No âmbito do ensino secundário, ela responde por apenas 14% das matrículas, contra 77% da Áustria, 58% da Alemanha, 44% da França, 42% da China e 37% do Chile.

        Realidade brasileira

        Para melhorar o cenário, o governo federal aposta, desde 2004, em propostas que apontem para um programa curricular mais flexível. Uma das principais medidas foi a possibilidade de integrar ensino regular e a educação profissional, sacramentada pelo decreto 5.154/04. Dessa maneira, instituições privadas e públicas oferecem as aulas regulares em um turno e cursos que preparem para o mercado de trabalho em outro, sob uma mesma matrícula.

        Esse é o caso de Matheus Escobar, aluno do 2º ano da Escola Técnica Estadual (Etec) Jorge Street, em São Paulo. Durante a tarde, ele cursa as disciplinas do ensino formal tradicional; de manhã, tem aulas de desenho técnico mecânico, automação industrial e eletrônica digital, entre outras.

        Aos 16 anos, Matheus resolveu fazer o ensino médio integrado porque, na sua opinião, esse caminho lhe dará mais chances de seguir os estudos no ensino superior. “Quero ir o mais rápido possível para a universidade. Se tiver de ser uma particular, com a mecatrônica tenho chances de arrumar um bom trabalho para conseguir pagá-la”, diz, referindo-se à formação técnica que está cursando, umas das 83 oferecidas no ensino técnico paulista.

        Os números comprovam a tese do estudante. Uma pesquisa conduzida pelo economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada em 2010, apontou que a chance de arrumar emprego para jovens que cursam alguma modalidade de educação profissional é 48% maior. A possibilidade de carteira assinada também cresce 38%. Para chegar a esses índices a pesquisa relacionou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007 e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) dos oito anos anteriores.

        [...]

        Novo modelo

        Outra proposta implantada em caráter experimental é o Ensino Médio Inovador (EMI). Lançado no ano passado, tem entre as suas principais ações o aumento da carga horária letiva anual de 800 para mil horas e a destinação de 20% dessa carga à oferta, pela escola ou por parceiros, de disciplinas eletivas.

        Nesse modelo, o currículo passa a valorizar a interdisciplinaridade e deve ser organizado em torno de quatro eixos: trabalho, tecnologia, ciência e cultura. Também é previsto o incentivo à contratação de professores com dedicação exclusiva e o estímulo às atividades de produção artística e de aulas teórico-práticas em laboratórios.

        O EMI funciona atualmente em escolas de 18 estados que resolveram aderir a ele e recebem apoio técnico e financeiro da União. Segundo dados da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC), os recursos totais somam R$ 33 milhões e atingem 296 mil estudantes em 357 escolas.

        Atualmente a SEB reformula o programa e uma nova versão está prevista para maio. Uma das medidas sendo planejadas é articulá-lo com outro programa do ministério, o Mais Educação, que oferece suporte financeiro diretamente às escolas para passarem a ofertar atividades optativas. Elas são agrupadas em macrocampos como esporte e lazer, cultura e artes, cultura digital, educomunicação e educação econômica.

        Na opinião de Maria Sylvia Simões, professora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, as ideias do Ensino Médio Inovador representam um avanço na educação brasileira. Por outro lado, lembra a professora, a consolidação do projeto no país inteiro esbarra em um ponto bastante complicado: o MEC e os governos estaduais precisam estar em sintonia. Mas alguns estados já sinalizaram que não deverão aderir. “Se não há vontade política de quem tem o poder de decisão, fica difícil implantar”, comenta Maria Sylvia Simões. Outro problema é o custo do modelo, bem superior ao do ensino médio tradicional.

        O $ da questão

        Esse descompasso entre os entes federativos também está refletido na educação profissional. De acordo com o Censo Escolar 2010, nas escolas da rede federal, o ensino técnico integrado representa a maior parte das matrículas da área, com 46% (76 mil alunos entre 165 mil). Agora, considerando toda a educação profissional, ele cai para último, com 18,9% (215 mil em um universo de 1,14 milhão).

        Entretanto, além de questões políticas, as propostas do governo federal para o ensino médio também enfrentam dificuldades para emplacar nacionalmente por causa de seu custo, difícil de ser assumido pelos estados. Álvaro Chrispino, professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ), explica que, no caso do ensino integrado, o custo de laboratórios e equipamentos é alto e essa forma de articulação também exige capacitar os docentes das duas áreas. “A maioria dos estados só consegue ofertar em quantidade se houver contrapartida da federação.”

        [...]

        A contratação de docentes é outra questão. Maria Sylvia Simões afirma que o sucesso do Ensino Médio Inovador e do ensino integrado significará crescimento da demanda. Assim, as secretarias de Educação precisarão abrir novos concursos e aumentar a carga horária de quem já é da rede. “Só que aí tem de ver quem consegue financiar isso e, ao mesmo tempo, oferecer um salário decente”, pontua.

        [...]

        Quem se beneficia

        Outra discrepância que as propostas do MEC não solucionam é a qualidade das instituições e redes em um sistema que privilegia o mérito do aluno. Como mostra o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) observado em 2009, a média do segundo grau nas redes estaduais brasileiras é 3,4, mas a diferença entre os entes pode chegar a mais de um ponto.

        [...]

        Álvaro Chrispino, docente do Cefet/RJ, diz que, se não houver igualdade de condições entre as escolas, as vagas daquelas que tiverem sucesso com a implantação dos projetos do MEC serão cada vez mais concorridas. Com o tempo, elas podem acabar utilizando mecanismos de seleção.

        Essa tendência decorreria de uma precipitação do MEC, que elaborou boas ideias para todo o país sem levar em conta as desigualdades históricas. “Se a qualidade do sistema de uma rede se mantém desnivelada, as propostas para todo o ensino médio continuam a surtir efeito apenas em uma pequena parcela de jovens”, conclui ele. Ou seja, a educação, ao contrário dos discursos públicos, continuaria a não se efetivar como um fator de redução das desigualdades sociais, ou o faria em ritmo muito menor que o necessário ao equilíbrio social do país. 

Filipe Jahn. O ensino médio e seus caminhos. Revista Educação, n° 169, p. 28-32, maio 2011.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 194-196.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o principal dilema da educação contemporânea, de acordo com o texto, e por que ele acontece?

      O principal dilema é a evasão escolar dos alunos do ensino médio. Isso acontece porque a escola, muitas vezes, parece enfadonha para os adolescentes, que são atraídos pelos estímulos e pela velocidade da sociedade contemporânea. Muitos não veem sentido nas experiências e conhecimentos oferecidos na escola, o que leva ao abandono dos estudos.

02 – Quais são as duas principais propostas do governo federal mencionadas na reportagem para combater o desinteresse e a evasão no ensino médio?

      As duas principais propostas são:

      A integração entre o ensino profissional e o ensino médio tradicional, permitindo que os alunos cursem as disciplinas regulares e, ao mesmo tempo, uma formação técnica.

      O Ensino Médio Inovador (EMI), que busca aumentar a carga horária e flexibilizar o currículo com disciplinas eletivas.

03 – De que forma a educação profissional, segundo a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), beneficia os jovens?

      A pesquisa da FGV mostrou que a educação profissional aumenta em 48% a chance de os jovens conseguirem um emprego e em 38% a possibilidade de terem um contrato formal de trabalho (carteira assinada).

04 – Quais são os quatro eixos temáticos que o currículo do Ensino Médio Inovador (EMI) valoriza?

      O currículo do EMI é organizado em torno de quatro eixos principais: Trabalho; Tecnologia; Ciência e Cultura.

05 – Por que, na opinião de Maria Sylvia Simões, a implantação do Ensino Médio Inovador em todo o país enfrenta dificuldades?

      A professora Maria Sylvia Simões aponta dois problemas principais: a falta de sintonia e vontade política entre o Ministério da Educação (MEC) e os governos estaduais, e o alto custo do modelo, que é superior ao do ensino médio tradicional.

06 – Além dos desafios políticos, qual é a principal dificuldade financeira que as propostas do governo enfrentam para serem implementadas nacionalmente?

      O alto custo é o principal desafio. O texto menciona que, tanto para o ensino integrado quanto para o Ensino Médio Inovador, os gastos com laboratórios, equipamentos e a contratação de docentes qualificados são altos, o que dificulta a adesão dos estados sem uma contrapartida financeira significativa do governo federal.

07 – De acordo com o professor Álvaro Chrispino, qual é o grande risco que as desigualdades históricas podem causar nas propostas do MEC?

      O professor Álvaro Chrispino afirma que, se não houver igualdade de condições entre as escolas, as propostas do MEC só terão efeito em uma pequena parcela de jovens. Isso pode levar a um aumento da concorrência por vagas nas escolas que conseguirem implantar os projetos com sucesso, e essas escolas podem até começar a usar mecanismos de seleção. O resultado é que a educação continuaria a não cumprir seu papel de reduzir as desigualdades sociais.

 

 

REPORTAGEM: UM ENSINO DIFERENTE - FRAGMENTO - VINICIUS GALLON - COM GABARITO

 Reportagem: Um ensino diferente – Fragmento

        Com mais de oito milhões de jovens frequentando o Ensino Médio em todo o Brasil, desafio é criar uma educação inovadora e atraente

        Com a proposta de incentivar as redes estaduais de educação a diversificar os currículos escolares e tornar a escola um espaço mais atraente para os alunos, o Ministério da Educação (MEC) criou o projeto Ensino Médio Inovador. Pela proposta, as instituições de ensino participantes podem incluir, na grade de aula, atividades que integrem educação escolar e formação cidadã.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9AC3V7HBTgJLRvgfafkhnJiCrVdVgcPgw3BkLUIdHlkSKFgLo-CzAYmH1kuxZncJ90Y9gB2EJ8CujH3hCLT-T73YXa00ZTcE0xOZdSRlVMdHwbQFRpzYNKNuCaIet-bnnK_bLV_JW0UU9c68930eVykh8clgiCj1SXEx6aWDAQg49Wy7rvSzBB0EOnC4/s320/aula%20sala%20regiao.jpg


        Iniciada neste ano, participam dessa primeira etapa do projeto 357 escolas em todo o Brasil, totalizando mais de 296312 alunos matriculados. O Paraná é o Estado com maior número de escolas participantes, com 84 instituições, seguido do Pará, que possui 34. O MEC convidou todos os Estados, mas apenas 17, e o Distrito Federal, toparam aderir ao novo modelo de Ensino Médio, que somou recursos de R$ 22,6 milhões, destinados pelo governo federal.

        No Ensino Médio Inovador, uma das mudanças sugeridas pelo MEC é o aumento da carga horária de aulas, que passa das atuais 2400 horas para 3000 horas ao final dos três anos letivos. Outra mudança é a possibilidade de deixar o aluno escolher, pelo menos, 20% da grade curricular que irá estudar, dentro das atividades que a escola oferece. Também faz parte da proposta incluir aulas em laboratórios, valorizar a leitura e garantir formação cultural.

        Ilka Madeira Basto, que está na coordenação de Ensino Médio do Ministério da Educação, explica que o programa tem alguns indicativos a serem seguidos, que garantem as disciplinas básicas, como Língua Portuguesa e Matemática. “Quando falamos de ‘inovador’, esperamos que a escola tenha a oportunidade de adequar e pensar a educação de acordo com a sua realidade local, tendo os eixos trabalho, ciência, tecnologia e cultura”, fala Ilka. Entre as atividades oferecidas pelas escolas estão oficinas de hip-hop, rádio escola, banda fanfarra e instalações de cineclubes.

        No Amapá, oito escolas foram contempladas com o projeto, quatro em Macapá e quatro em Santana, cidade a 20 quilômetros da capital. O projeto foi inicialmente implantado em conjunto com avaliações anteriores do Ensino Médio da região. A carga horária da escola foi ampliada para 3600 horas e cada unidade trabalha de forma diferente com o projeto, de acordo com a realidade de cada localidade. “O maior avanço diz respeito à evasão escolar, que diminuiu consideravelmente. Uma grande conquista também é o aumento de participações em olimpíadas (de Matemática e Português) e nos índices do ENEM. Além disso, acreditamos que o projeto trabalha o aluno enquanto cidadão e membro de uma comunidade”, conta o gerente do Núcleo do Ensino Médio de Macapá e Região (AP), Antônio Carlos Favacho. As ações realizadas nas escolas do Amapá incluem aulas de teatro, implantação de salas específicas para o uso de diversas mídias (midiatecas) e exibição de filmes, além de permitir que a escola fique aberta à comunidade nos finais de semana. “Além disso, fornecemos treinamento específico para os professores. Acreditamos que o Ensino Médio Inovador contempla tanto alunos quanto professores”, diz Antônio.

        Pelo Brasil, além do Ensino Médio Inovador, outras propostas de “revolucionar” a educação acontecem. A seguir, você confere duas iniciativas, feitas no Paraná e Ceará, com a intenção de ter um espaço educativo construído por alunos e professores.

        Transformando experiência em conhecimento

        Em Curitiba (PR), materiais didáticos são criados a partir das experiências vivenciadas nas salas de aulas.

        Ainda hoje, salvo raras exceções, o modelo vigente de educação no Brasil carrega heranças do período medieval, em que a Igreja era detentora de todo o conhecimento e transmitia as orientações que julgava necessárias para o povo. [...]

        Na contrapartida desse modelo tradicional de educação, um programa realizado no Paraná tem gerado ótimas experiências e resultados para os alunos, professores e estudiosos da educação. Trata-se do “Projeto Folhas”, criado a partir da necessidade de produzir materiais didáticos que fossem frutos das experiências vivenciadas nas salas de aulas por professores atuantes na educação básica e pública do Estado. “Acredito que por serem registros de suas experiências cotidianas, em sala de aula, as publicações refletem, ao mesmo tempo, as dificuldades enfrentadas no ensino de determinados conteúdos e as alternativas metodológicas criativas encontradas pelos professores. Esse processo é então registrado no ‘Folhas’ e socializado com outros professores que diariamente passam por situações semelhantes e encontram nesses textos um suporte pedagógico que os auxilie também”, relata um dos coordenadores do projeto, o professor Marcelo Cabarrão.

        [...]

        Conhecimento técnico

        Em Fortaleza (CE), escola prepara estudantes para o mercado de trabalho.

        Foi-se o tempo em que os estudantes preocupavam-se apenas com as provas e trabalhos da escola. Na rotina das instituições de ensino profissionalizantes, os alunos buscam. Além do aprendizado tradicional, conhecimentos que possam orientá-los para o mercado de trabalho. Na escola de ensino profissionalizante Marwin, localizada no Bairro Pirambu, em Fortaleza (CE), essa é a realidade dos estudantes de Ensino Médio.

        No Marwin, os alunos estudam em dois turnos (manhã e tarde) e têm aulas tradicionais aliadas ao conhecimento de um curso técnico que escolhem no ato da matrícula. No total são nove aulas todos os dias. A instituição oferece cursos de Enfermagem, Informática e Turismo desde março de 2009. Este ano, os alunos também puderam escolher entre Modelagem e Vestuário ou Hospedagem.

        A grade curricular dispõe que os estudantes vejam as disciplinas do Ensino Técnico juntamente com as disciplinas tradicionais de forma integrada. Dessa forma, durante a manhã os alunos podem estudar Matemática e depois uma disciplina de Informática, por exemplo. No último ano, os alunos fazem um estágio supervisionado organizado pela escola, que os encaminha a uma determinada instituição. As aulas de campo reforçam o aprendizado, já que os alunos têm a possibilidade de conhecer empresas de sua área de atuação.

        A estudante de Vestuário Paula Franciar, de 15 anos, diz que o curso profissionalizante é uma oportunidade única para garantir um futuro melhor para ela, pois as possibilidades de entrar logo no mercado de trabalho são maiores com os conhecimentos adquiridos no curso.

        [...]

        A coordenadora Maria do Socorro do Amaral aponta que a escola possibilita um amadurecimento aos alunos e uma preparação melhor para o ingresso na universidade. “O aluno fica mais preparado para enfrentar os desafios do cotidiano”, diz. A coordenadora comenta que um dos destaques da escola Marwin é o projeto Diretor da Turma, no qual cada professor é responsável por uma sala de aula. Assim, cada docente acompanha o rendimento dos alunos e entra em contato coma família para informa-los do resultado dos estudantes. A coordenadora informa ainda que o projeto é eficaz, pois os docentes têm tempo de se dedicar a ele já que também estão na escola em tempo integral.

Vinícius Gallon (Virajovem Curitiba, PR), Caroline Brito (Virajovem Fortaleza, CE), Sâmia Pereira (Virajovem São Paulo, SP) e Rafael Stemberg. Um ensino diferente. Revista Viração, n° 67, p. 18-21, edição especial, 2010.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 191-193.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o principal objetivo do projeto Ensino Médio Inovador, de acordo com o texto?

A – Aumentar o número de escolas participantes em todo o país para atingir todas as 27 unidades da federação.

B – Focar exclusivamente na preparação dos alunos para o ENEM e olimpíadas de conhecimento.

C – Incentivar as redes estaduais a diversificar os currículos e tornar a escola um espaço mais atraente para os alunos.

D – Oferecer aulas de hip-hop, rádio escola e cineclubes para entreter os alunos.

02 – De acordo com a reportagem, qual é a principal mudança na carga horária de aulas proposta pelo Ensino Médio Inovador?

A – A carga horária é reduzida para 2000 horas, permitindo que os alunos tenham mais tempo para atividades extracurriculares.

B – O projeto não altera a carga horária, apenas a distribuição das disciplinas ao longo do ano.

C – A carga horária é aumentada de 2400 horas para 3000 horas ao final dos três anos letivos.

D – A carga horária passa de 2400 horas para 3600 horas em todas as escolas participantes.

03 – Um dos indicativos do programa 'Ensino Médio Inovador' é a oportunidade da escola adequar e pensar a educação de acordo com a sua realidade local, tendo como eixos principais:

A – Esportes, artes, tecnologia e sustentabilidade.

B – Trabalho, ciência, tecnologia e cultura.

C – Matemática, redação, laboratórios e projetos de pesquisa.

D – Língua Portuguesa, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas.

04 – Segundo a reportagem, qual foi um dos maiores avanços do projeto no Amapá?

A – A diminuição considerável da evasão escolar.

B – A abertura de novas escolas em Santana, cidade a 20 quilômetros da capital.

C – O fornecimento de treinamento específico para os professores de todas as escolas do estado.

D – A criação de novos cursos profissionalizantes para os alunos.

05 – Qual é a principal proposta do 'Projeto Folhas', de Curitiba (PR)?

A – Produzir materiais didáticos a partir das experiências vivenciadas nas salas de aulas por professores.

B – Adotar um modelo de educação tradicional, focado em conteúdos específicos.

C – Incentivar as olimpíadas de Matemática e Português nas escolas da região.

D – Fazer os alunos estudarem em dois turnos para aprimorar os conhecimentos técnicos.

06 – Como a Escola de Ensino Profissionalizante Marwin, em Fortaleza (CE), organiza a grade curricular para seus estudantes?

A – Os estudantes veem as disciplinas do Ensino Técnico juntamente com as disciplinas tradicionais de forma integrada.

B – Os alunos fazem um estágio supervisionado no primeiro ano para conhecerem a área de atuação.

C – Os alunos estudam as disciplinas tradicionais pela manhã e os cursos técnicos à tarde, de forma separada.

D – A escola foca apenas em disciplinas do Ensino Técnico, eliminando as disciplinas tradicionais.

07 – Qual é a função do projeto 'Diretor da Turma' na escola Marwin, em Fortaleza (CE)?

A – Selecionar os alunos mais talentosos para participarem de olimpíadas e competições externas.

B – Permitir que cada professor seja responsável por uma sala de aula, acompanhando o rendimento dos alunos e o contato com a família.

C – Atribuir um aluno monitor para cada sala, responsável por auxiliar os colegas com dificuldades.

D – Organizar as aulas de campo e os estágios supervisionados dos alunos.

 

domingo, 3 de agosto de 2025

REPORTAGEM: CRIADA A MEMBROS CIA. DE DANÇA - FRAGMENTO - LETÍCIA DE SOUZA - COM GABARITO

 Reportagem: Criada a Membros Cia. de Dança – Fragmento

        Criada há 10 anos em Macaé, a Membros Cia. De Dança. Traz linguagem política para os palcos em três espetáculos

Por Letícia de Souza

        Nenhum passo da companhia de dança Membros é em falso. Cada movimento no palco assume uma dimensão política, seja para contestar um preconceito, para levantar questões sociais importantes – que merecem ser vistas sob outros ângulos –, seja para mostrar um novo horizonte a quem não tinha perspectiva. Talvez por isso o grupo criado em Macaé, no Rio de Janeiro, tenha tanta visibilidade no exterior. A companhia já se apresentou em mais de 100 cidades de 20 países e desembarca em Brasília com um projeto inédito no Brasil: a trilogia Membros, o corpo político que dança, que havia sido levada somente à Áustria.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhycAn5Qq_VJU0n-L-UR5Cwvq1pK8zNtSwvJc-b2qPKrKeKtyWIgjE_pUO8jsC1XjKwGnhOhQPljdHC6RyuJAnu0CFjr6B13kLTcSQqq-tVbaAc4gFpwvT8XWbSjxCbMobcPoAoJjWcMI0ZRF_CX1ty12jrYvDVcwd9aPwovdWbp70-4p83zA4Ms-Q083k/s320/1575055329.jpg


        Composto pelos espetáculos Raio X, Febre e Medo, que abordam a violência, o projeto pode ser conferido neste fim de semana no Teatro da Caixa. Apesar de formarem um conjunto, eles são apresentados em dias diferentes, de forma sequencial, com o objetivo de sugerir um aprofundamento do tema. Raio X entra em cena hoje, Febre, amanhã, e Medo, no domingo. O público, contudo, não perde o fio da meada se assistir a apenas uma das narrativas.

        Raio X é baseado nos conflitos típicos do sistema carcerário brasileiro. “Buscamos estudos de literatura marginal, que são livros escritos por detentos ou por pesquisadores desse campo de investigação”, conta Paulo Azevedo, diretor artístico da companhia. Em Febre, o grupo utiliza a figura do menino em situação de risco como metáfora para tratar as “doenças” da sociedade. Na última narrativa, a violência se projeta no corpo feminino, numa perspectiva que flerta com a prostituição. A intenção é romper o rótulo de fragilidade do gênero.

        A Membros Cia. de Dança foi fundada por Paulo Azevedo e pela coreógrafa Taís Vieira em 1999. Na época, eles apresentaram a jovens de escolas públicas de Macaé a dança a partir da cultura do hip hop. A iniciativa foi tão bem sucedida que surgiu uma escola de formação. Nas apresentações em Brasília, sobem ao palco 12 intérpretes (como são chamados os dançarinos) e todos se profissionalizaram dentro da própria companhia.

        Três perguntas – Paulo Azevedo

        Vocês são uma companhia reconhecida por tratar a dança como manifestação política. O que isso significa?

        Significa que nos amparamos no principal referencial que entendemos como político, que é o corpo. Então, no momento em que esse corpo refaz o seu papel enquanto instrumento político, seja ele em forma de manifestação, protesto, silêncio, torna-se para a gente um referencial de pesquisa.

        Por que a opção por retratar a violência?

        De forma geral, a primeira violência que a gente constata é sobre gente mesmo. Vivemos em uma cidade cujo referencial é apenas o petróleo. Para a comunidade de uma forma geral, o imaginário de sucesso é quando um jovem da região consegue um emprego em uma firma que presta serviço para a Petrobras ou na própria Petrobras. As famílias dificilmente vão enxergar o processo artístico desses jovens como algo exitoso. Então, a primeira violência que surgiu para a gente foi a de colocarem que não era possível acreditar nos nossos projetos, fazer tudo o que a gente acabou conseguindo fazer.

        Qual é a linguagem do espetáculo?

        O hip hop a dança contemporânea talvez sejam mais fáceis de identificar. Mas, se fossem enquadrar a gente, acho que fazemos uma dança política. Também trazemos elementos da capoeira. [...]

Correio Brasiliense, em 30 de out. de 2009.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 282-283.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é a principal característica e o propósito da Membros Cia. de Dança, e como isso se manifesta em suas apresentações?

      A principal característica da Membros Cia. de Dança é sua linguagem política, onde cada movimento no palco assume uma dimensão de crítica social. O propósito da companhia é usar a dança para contestar preconceitos, levantar questões sociais importantes e oferecer novas perspectivas. Isso se manifesta em suas apresentações através da abordagem de temas como a violência, explorando conflitos do sistema carcerário, a figura do menino em situação de risco como metáfora para doenças sociais, e a violência projetada no corpo feminino, buscando romper o rótulo de fragilidade. Para o diretor Paulo Azevedo, o corpo em si é um instrumento político, e sua pesquisa se baseia nesse referencial.

02 – Descreva a trilogia "Membros, o corpo político que dança", mencionando seus espetáculos constituintes e a temática central de cada um.

      A trilogia "Membros, o corpo político que dança" é um projeto inédito no Brasil, que havia sido apresentado somente na Áustria. Ela é composta por três espetáculos: "Raio X", "Febre" e "Medo". A temática central que permeia os três é a violência, com o objetivo de aprofundar a discussão sobre o tema ao longo das apresentações sequenciais.

      "Raio X" é baseado nos conflitos típicos do sistema carcerário brasileiro, utilizando estudos de literatura marginal.

      "Febre" emprega a figura do menino em situação de risco como uma metáfora para as "doenças" da sociedade.

      "Medo" projeta a violência no corpo feminino, explorando uma perspectiva que flerta com a prostituição, com a intenção de romper o rótulo de fragilidade do gênero.

03 – Como a Membros Cia. de Dança foi fundada e qual a relevância de sua escola de formação para os dançarinos?

      A Membros Cia. de Dança foi fundada em 1999 por Paulo Azevedo e pela coreógrafa Taís Vieira, em Macaé, Rio de Janeiro. Inicialmente, eles apresentaram a dança a partir da cultura do hip hop para jovens de escolas públicas da cidade. A iniciativa foi tão bem-sucedida que culminou na criação de uma escola de formação. A relevância dessa escola é que ela permitiu que todos os 12 intérpretes (como são chamados os dançarinos) que sobem ao palco nas apresentações em Brasília se profissionalizassem dentro da própria companhia. Isso demonstra um modelo de desenvolvimento e capacitação interna, valorizando e formando talentos a partir de suas próprias bases.

04 – De acordo com Paulo Azevedo, por que a companhia optou por retratar a violência em suas obras?

      Segundo Paulo Azevedo, a opção por retratar a violência surgiu de uma constatação sobre a primeira violência que o grupo enfrentou: a descrença em seus projetos artísticos. Vivendo em uma cidade como Macaé, cujo referencial econômico é majoritariamente o petróleo, o imaginário de sucesso para a comunidade estava centrado em empregos na Petrobras ou em empresas ligadas ao setor. As famílias, de forma geral, tinham dificuldade em enxergar o processo artístico como algo exitoso ou viável. Portanto, a violência inicial que a companhia buscou abordar foi a de ser desacreditada em sua capacidade de alcançar o sucesso por meio da arte, transformando essa experiência em um pilar para suas criações.

05 – Qual é a linguagem de dança predominante nos espetáculos da Membros Cia. de Dança, e o que mais a caracteriza?

      A linguagem de dança predominante nos espetáculos da Membros Cia. de Dança é o hip hop e a dança contemporânea, que são as mais fáceis de identificar. No entanto, Paulo Azevedo ressalta que a companhia faz uma "dança política", o que a caracteriza de forma mais abrangente. Além disso, a companhia também incorpora elementos da capoeira em suas coreografias. Essa fusão de estilos, combinada com a forte dimensão política de seus movimentos, define a identidade artística da Membros Cia. de Dança.