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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

CRÔNICA: SOMOS GENTE - FRAGMENTO - LYA LUFT - COM GABARITO

 Crônica: Somos gente – Fragmento

              Lya Luft

        Decretaram que pessoas com mais de sessenta anos merecem alguns benefícios.

        Há mais tempo decretaram que negro era gente. Há menos tempo que isso decretaram que mulher também era gente, pois podia votar.

        Mas voltando aos com mais de sessenta: decretaram coisas que deveriam ser naturais numa sociedade razoável. Não as vejo como benefícios, mas como condições mínimas de dignidade e respeito. Benefício tem jeito de concessão, caridade. Coisas como não lhes cobrarem mais pelo seguro saúde porque estão mais velhos, na idade em que possivelmente vão de verdade começar a precisar de médico, remédio, hospital, não deveriam ser impostas por decreto.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDlgEBl4jSMIwQ74FuHbM6y-RwzYcr-Ajq2aoJ1cCnqQBC4ey7yeLCKLits3VlKRhh-zHdZOeadoUBsGRBDGBA5W-WxDf9EFRaYde8r9IRF_5-C4p2iCP4kb8Cf2nHnxVwr8wAxm0a4QnCi0T1vfUyKv3BJhPrgHBi82G0gPGkU0yT3H9TeCHzNvJ_HoI/s320/decreto3.jpg


        Decretaram também que depois dos sessenta as pessoas podem andar de graça no ônibus e pagar meia entrada no cinema. Perceberam, pois, que após os sessenta as pessoas ainda se locomovem e se divertem. Pensei que achassem que nessa altura a gente ficasse inexoravelmente meio inválido e... invalidado.

        Que sociedade esquisita esta nossa, em que é preciso decretar que em qualquer idade a gente é gente.

        [...]

             LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro:
                                                                                             Record, 2005. p. 137. (Fragmento).

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 396-397.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal crítica presente no texto?

      A principal crítica presente no texto é a necessidade de leis e decretos para garantir direitos básicos à população, como saúde, transporte e lazer. A autora questiona por que é preciso legislar para garantir que pessoas idosas sejam consideradas cidadãos com os mesmos direitos que os demais.

02 – Qual a visão da autora sobre os "benefícios" para idosos?

      A autora não vê os "benefícios" para idosos como algo positivo, mas sim como uma necessidade básica. Ela argumenta que esses direitos não deveriam ser considerados como favores, mas como direitos fundamentais que garantem a dignidade e o respeito à pessoa idosa.

03 – Qual a ironia presente no texto?

      A ironia está presente na necessidade de leis para garantir que as pessoas sejam consideradas "gente". A autora questiona como uma sociedade pode chegar ao ponto de precisar legislar para garantir direitos básicos como saúde e transporte para todos os cidadãos, independentemente da idade.

04 – Qual a importância da idade na construção da argumentação da autora?

      A idade é utilizada como um exemplo para ilustrar a desigualdade e a discriminação que ainda existem na sociedade. Ao destacar os desafios enfrentados pelas pessoas com mais de 60 anos, a autora chama a atenção para a necessidade de garantir direitos iguais para todos, independentemente da idade, raça ou gênero.

05 – Qual a mensagem principal do texto?

      A mensagem principal do texto é a necessidade de uma sociedade mais justa e igualitária, onde os direitos básicos sejam garantidos para todos os cidadãos. A autora defende a ideia de que a dignidade humana é um direito inalienável e que não deve ser dependente de leis ou decretos.

 

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

ARTIGO DE OPINIÃO: EXISTE UMA IDADE MELHOR? LYA LUFT - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: Existe uma idade melhor?

          Lya Luft

        A vida é um rio que corre. Nós somos os peixes, galhos e folhas caídas das árvores que essa torrente leva. Se pensarmos assim, imaginando que vamos desaguar no estranho silencioso nebuloso mar chamado morte, que pode não ser o fim de tudo, teremos uma visão realista das etapas da nossa existência. Sou pouco simpática à invenção de rótulos que distorcem realidades revelando apenas um preconceito: envelhecer é feio, é degradante, vamos ser eternamente jovens, seguindo aos pulinhos até o fim, fantasiados de Peter Pan. Disfarçamos realidades naturais porque as vemos como algo feio, inadmissível, pobres de nós, ignorantes do que é normal e digno e bom.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV_n6PDLVwdqkwbZoEBTWP1OflR-WAA4KxQeo2j4oMbx7OA0znUYLcOQ3WmaVhrWDrHE5Zgr_ClAoMVdM-aLmA-d7baE0tksOzRwJ1IdEZeP8uE9CjpZdULFCt6W06D6TW7eYOpAw-OH5Ffs0YqTV7w6NKwU74mlVvaWCeZ8iIVbna5YL2ZdpBL4izJRg/s320/MELHOR%20IDADE.jpg


        Assim, inventam-se termos para a velhice: um pior do que o outro. “Terceira idade” não significa grande coisa, pois, se podemos viver até 80 ou 90 ainda ativos – (o número de pessoas nessas condições tende a aumentar -, vamos criar uma quarta idade e uma quinta: isso tudo me parece bastante tolo. Pior ainda é chamar a velhice, que alguns consideram se iniciar aos 60, outros aos 70 ou aos 80, de “melhor idade”. Quem disse que é melhor? Melhor do que qual outra fase? Melhor é algo muito subjetivo, em geral nos referimos à infância, mas a infância é sempre feliz? A Juventude não sofre? A maturidade não exige trabalhos e sacrifício?

        Por que consideramos a passagem do tempo decadência, e não transformação? Tudo é um processo que se inicia quando somos concebidos, depois somos lançados nesse rio de tantas águas chamado vida. Uma cadeia de mudanças que após um bom tempo traz limitações físicas, menos elasticidade, menos beleza no conceito geral, talvez menos lucidez. Alguma dependência de outros, quem sabe, e, se não cultivamos bons afetos, isso pode ser doloroso. Mas não necessariamente decrepitude e vergonha a esconder! Todas essas naturais transformações deveriam vir acompanhadas de qualidades que na juventude não tínhamos. Capacidade de amar melhor, por exemplo: filhos criados, amizades consolidadas, velhos casamentos sendo uma parceria tranquila, e tempo disponível, são grandes privilégios. Podemos amar com mais alegria, pois não precisamos educar netos, apenas curtir, querer bem, deixar que gostem de nossa companhia, não sendo os chatos cobradores, exigentes a reclamar que as visitas são poucas, que merecíamos mais atenção. Temos tempo para curtir coisas que passavam despercebidas na correria anterior, como uma bela paisagem, um bom filme, um bom livro, uma boa conversa, doces memórias, não pensando no que perdemos, mas no que tivemos e ficou em nós, se fomos atentos e não fúteis demais.

        “O que a senhora faz para se manter jovem?”, me perguntou um jornalista recentemente. Achei graça: eu não quero me manter jovem, quero ser uma pessoa interessada, e quem sabe interessante, na fase em que estou. Querer ter 40 anos aos 70 é tão patético quanto querer ter 20 aos 40, como se nos tivessem embalsamado na idade que achamos ideal. Que idade será essa? A infância é para alguns a fase mais feliz; para outros foi a juventude, e assim vai. Não acho que a chamada “terceira idade” seja a melhor, e detesto a expressão “melhor idade”, que apenas revela um preconceito atroz. Mas nela podemos ter e passar adiante coisas boas, belas e alegres, e contemplar do alto desses anos todos com mais lucidez e calma, por exemplo, a mediocridade reinante neste momento no país, se é que isso nos interessa. Deveria interessar.

        Mas uma cruel fixação na juventude nos impede de curtir naturalmente a passagem do tempo, que, se aliada a certo bom humor, nos torna amados e amorosos, ligados ao mundo mesmo quando a velha senhora morte começa a rondar a nossa casa. E, se acreditarmos que esse rio da vida que corre não termina num nada absurdo, mas em nova fase, quem sabe não precisaremos tapar a cabeça feito crianças diante do que nos espera nesse mar onde tudo deságua – inclusive nossos preconceitos, nossas fragilidades e nossas ilusões.

*Fonte: Revista Veja, 30/01/2013

Entendendo o texto:

01 – Qual metáfora a autora usa para descrever a passagem do tempo?

      A autora usa a metáfora do "rio que corre" para descrever a passagem do tempo.

02 – Por que a autora critica o uso do termo "melhor idade"?

      A autora critica o uso do termo "melhor idade" porque considera que a ideia de uma idade ser melhor do que outra é subjetiva e revela preconceito.

03 – Como a autora acredita que as transformações naturais da idade avançada podem ser acompanhadas por qualidades positivas?

      A autora acredita que a idade avançada pode ser acompanhada por qualidades positivas, como a capacidade de amar melhor, relacionamentos consolidados e tempo para desfrutar da vida de maneira mais tranquila.

04 – Por que a autora não quer se "manter jovem"?

      A autora não quer se "manter jovem" porque prefere ser uma pessoa interessada e interessante na fase em que está, em vez de tentar parecer mais jovem do que é.

05 – Qual é a atitude da autora em relação à passagem do tempo?

      A autora tem uma atitude positiva em relação à passagem do tempo, desde que seja acompanhada de bom humor, amor e lucidez.

06 – Segundo a autora, por que a fixação na juventude pode ser prejudicial?

      A fixação na juventude pode ser prejudicial porque impede as pessoas de apreciarem naturalmente a passagem do tempo e de serem amadas e amorosas em idades mais avançadas.

07 – Qual é a visão da autora em relação à morte?

      A autora sugere que a morte não é necessariamente o fim de tudo, mas uma nova fase, e que essa perspectiva pode ajudar as pessoas a encararem a passagem do tempo com mais calma.

08 – Como a autora descreve a fase da "terceira idade"?

      A autora não faz uma descrição específica da "terceira idade" no texto, mas critica o uso desse termo e a expressão "melhor idade".

09 – Qual mensagem a autora deseja transmitir em relação à passagem do tempo e à idade?

      A autora deseja transmitir a mensagem de que a passagem do tempo é um processo natural que pode ser enriquecido por qualidades positivas, desde que as pessoas superem a fixação na juventude.

10 – Por que a autora menciona a mediocridade reinante no país?

      A autora menciona a mediocridade reinante no país para enfatizar a importância de estar ligado ao mundo e consciente dos problemas sociais, mesmo em idades avançadas, e como uma reflexão sobre a sociedade em geral.

 

 

sexta-feira, 17 de junho de 2022

ARTIGO DE OPINIÃO: O QUE DEIXAR PARA NOSSAS CRIANÇAS - LYA LUFT - COM GABARITO

 Artigo de Opinião: O que deixar para nossas crianças

                             Lya  Luft

           Aos que detestam datas marcadas, porque as consideram exploração comercial, digo que concordo em parte; explora-se a nossa burrice existencial básica, que se submete aos modismos, às propagandas, ao consumismo desvairado. Pais que se endividam para comprar brinquedos e objetos caros e supérfluos para crianças que poderiam fazer coisa bem mais interessante, como jogar bola, pular corda, ler um livro, armar um quebra-cabeça, praticar esporte. Isso acontece na Páscoa, no Dia das Crianças, no Natal, em cada aniversário. Nesse aspecto, acho que os dias marcados para celebrar coisas positivas se tornam – para os tolos e frívolos, os desavisados – coisa negativa, fonte de tormento e preocupação.

         Mas, visto sob outro prisma, não acho ruim existirem datas em que a gente é levada a lembrar, a demonstrar o afeto que se dilui no cotidiano, a fazer algum gesto carinhoso a mais. A prestar uma homenagem: refiro-me agora à data vizinha do Dia das Crianças, o Dia do Professor, celebrado na semana passada. Ofício tão desprestigiado, por mal pago, pouco respeitado e mal amado, que milhares e milhares de jovens escolhem outra carreira. E não me falem de sacerdócio: o professor, ou a professora, precisa comer e dar de comer, morar e pagar moradia, transportar - se e pagar transporte, comprar remédio, respirar, viver, Além disso, deveria poder estudar, ler, comprar livros, aperfeiçoar-se e descansar para enfrentar o dia-a-dia de uma profissão muito desgastante.

         Então, reunindo a ideia das duas datas, crianças e mestres, reflito um pouco sobre o que me sugeriu dias atrás um amigo:

        - Escreva sobre que mundo estamos deixando para nossas crianças, pois vai nascer minha primeira neta, e essa questão se tornou presente em minha vida.

        Pois é. Criança tem entre muitos esse dom de nos dar um belo susto existencial: abala as estruturas da nossa conformidade, nos torna alerta, nos deixa ansiosos. O que estou fazendo por ela, o que posso fazer por ela, quem devo ser ou me tornar para representar um bem para esse neto ou neta, filho ou filha, aluno ou aluna?

        Se forem as crianças de minha casa, a questão se torna crucial, e o amor é a dádiva primeira.

       E aí entram também os casais, tema por vezes espinhoso. Temos em casa um clima fundamentalmente bom e harmonioso, apesar das naturais diferenças e dificuldades? Por baixo do cotidiano de aparente rotina corre um rio de afeto ou grassam discórdia e rancores? Como apresentar ao imaginário infantil a figura do nosso parceiro ou parceira? Lembro aqui a atitude infeliz de tantas mulheres: desabafar diante dos filhos, pequenos ou adultos, sua raiva e insatisfação. Pior; usar os filhos para manipular emocionalmente o parceiro, usando-os para promover a própria vitimização e tornar quase um monstro o pai deles.

       Vão mais uma vez dizer que privilegio os homens, mas essa postura, vingativa, cruel e mesquinha, é muito mais frequente nas mulheres, sobretudo nas separadas. Não somos todas umas santas, não somos boazinhas. A mãe-vítima e a santa esposa me assustam: hão de cobrar, com altos juros, todo esse sacrifício.

       Enfim: que legado deixamos para as crianças? Primeiro, vem o legado pessoal: quem somos, quem podemos ser, quem poderíamos nos tornar, para que elas tenham um mínimo de confiança, um mínimo de amor por si próprias, um mínimo de otimismo para poder enfrentar a dura vida. Depois, podemos olhar para fora e imaginar um mundo, pelo menos um país, onde elas não tenham de presenciar espetáculos degradantes de corrupção, melancólicos jogos de interesse ou de poder.

       Onde os líderes sejam honrados, onde seus pais não se desesperem nem descreiam de tudo.

       Onde todos tenham escolas sólidas com professores bem pagos e bem preparados. Onde, em precisando, elas disponham de hospitais excelentes e médicos em abundância, de higiene em sua casa, comida em sua mesa, horizonte em sua vida.

        E que as crianças possam ter a seu lado, mais que um anjo da guarda, a Senhora Esperança: ela será a melhor companheira e o mais precioso legado.

 LYA LUFT é escritora. Texto retirado da revista Veja de 24/10/2007.

1.   Com quem a autora estabelece um “diálogo” no primeiro parágrafo do texto?

Com os pais que gostam de dias marcados para comemorar datas festivas, ou melhor, serem explorados pelo comércio.

2.   Há uma perspectiva de concordância ou discordância nessa “conversa”?

A autora diz que concorda em parte com os detestam datas marcadas.     

3.   Ainda no primeiro parágrafo, pode-se perceber uma contradição nas ações das pessoas que dizem detestar datas marcadas. Que ideias estão se opondo, nesse caso?

Porque ainda se submete aos modismos, às propagandas, ao consumismo desvairado.

4.   Qual é a posição da autora perante a afirmação de que nas datas especiais os pais se endividam ao comprar brinquedos e objetos caros e supérfluos?

Que poderiam fazer coisa bem mais interessante, como jogar bola, pular corda, ler um livro, armar um quebra-cabeça, praticar esporte.

5.   A autora fala da participação de algumas pessoas na vida das crianças. Quais são e qual o ponto de vista da autora em relação a cada uma dessas pessoas?

As crianças e aos professores.

6.   Existe, no texto, uma preocupação visível com o bom exemplo a ser deixado para as crianças. Copie o parágrafo que expõe essa ideia.      

Enfim: que legado deixamos para as crianças? Primeiro, vem o legado pessoal: quem somos, quem podemos ser, quem poderíamos nos tornar, para que elas tenham um mínimo de confiança, um mínimo de amor por si próprias, um mínimo de otimismo para poder enfrentar a dura vida.

7.   Qual é a “conversa” que o texto fez (e ainda faz) com você? Que posição você assume diante dessa conversa?

Resposta pessoal.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

CRÔNICA: REVOGUE-SE - LYA LUFT - COM QUESTÕES GABARITADAS

CRÔNICA: REVOGUE-SE

               Lya Luft

Relacionamentos se constroem ao longo dos anos de sua duração: os dois parceiros vão tramar consciente ou inconscientemente a teia que os vai envolver ou separar, o casulo onde vão abrigar ou sufocar seus filhos.

Amor não deveria ser prisão ou dever, mas crescimento e libertação. Porém se gostamos de alguma coisa ou de alguém, queremos que esteja sempre conosco. Perda e separação significam sofrimento, mas não o fim da vida nem o fim de todos os afetos.

Certa vez me entregaram um bilhete que dizia:

"Se você ama alguém, deixe-o livre."

Poucas afirmações são tão difíceis de cumprir, poucas contêm tamanha sabedoria em relação aos amores, todos os amores: filhos, amigos, amantes. Amor é risco, viver é risco. Pois permitir, até querer que o outro cresça ao nosso lado, pode significar que crescerá afastando-se de nós.

Mas - essa é a força e a beleza do desafio de uma vida a dois - o outro, crescendo, pode-se abrir mais para nós, que participaremos dessa expansão. Instaura-se uma instigante parceria amorosa, na qual o tempo não servirá para desgaste mas para construção. É um processo de refinamento da cumplicidade que brilha em algumas relações mesmo depois de muitos anos, muitas perdas, e muitos difíceis recomeços - desde que haja sobre o que reconstruir.

[...]

 

LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 145-146. (Fragmento).

https://atividadesdeportugueseliteratura.blogspot.com/2015/11/leitura-e-analise-de-cronica.html

Entendendo o texto

01.Em que parágrafo a cronista menciona o acontecimento que derivou esta crônica?

       No primeiro parágrafo.

02.Que tema é abordado pela cronista?

        O tema é a construção dos relacionamentos: entre parceiros de um casal e também entre pais e filhos.

03.O título de um texto é sempre o primeiro a levantar expectativas quanto ao seu conteúdo. A partir dele fazemos uma série de suposições iniciais que depois podem ser modificadas ou confirmadas. Que emoções e ideias foram despertadas pela leitura dessa crônica? Comente.

       Resposta pessoal.

04.A partir do segundo parágrafo, a cronista apresenta argumentos para fundamentar suas opiniões sobre a forma como as pessoas deveriam amar. Que ideias básicas ela desenvolve sobre esse assunto?

Ela defende o ponto de vista de que a pessoa que ama deve permitir ao outro fazer suas próprias escolhas e viver em liberdade, ainda que essa atitude gere inseguranças. De acordo com ela, esse comportamento vai tornar os relacionamentos mais sólidos e, portanto, mais felizes.

05.Segundo a autora, as pessoas que se envolvem em relacionamentos com liberdade para crescer podem seguir caminhos diferentes. Que opinião ela apresenta para fundamentar seu ponto de vista? 

"Amor é risco, viver é risco". Ao afirmar isso, a autora considera que, num relacionamento em que os parceiros tenham liberdade para crescer lado a lado, eles tanto podem se distanciar como se aproximar mais, fazendo com que um participe da evolução do outro.

06.Interprete o sentido do título do texto, tendo em vista as opiniões da autora sobre o tema. A quem o título se dirige?

      Resposta pessoal.

07.Com que finalidade ou objetivo a autora produziu essa crônica?

Para fazer com que as pessoas reflitam e modifiquem o comportamento, aprendendo a amar o outro sem excesso de cobranças.

08.Crônicas como essa, de Lya Luft, são do tipo argumentativo, porque o texto apresenta o ponto de vista e as opiniões do autor sobre determinado tema. Em que esfera de circulação se encontra esse gênero textual?

Normalmente, as crônicas argumentativas são publicadas em jornais e revistas, e mais tarde podem ser reunidas em um livro.

09. Ao descrever situações antagônicas para falar da forma de amar, a cronista emprega palavras de sentidos opostos em seu discurso. Que palavras são essas e o que elas expressam?

Palavras que expressam as ideias de prisão e de infelicidade: teia, casulo, sufocar, sofrimento, perda, separação, etc. Palavras que expressam as ideias de liberdade: amor, viver, crescendo, força, beleza, expansão, parceria, etc. 




 

 

 

 

domingo, 24 de outubro de 2021

CRÔNICA: OLHE-SE NO ESPELHO - LYA LUFT - COM GABARITO

 CRÔNICA: OLHE-SE NO ESPELHO

                Lya Luft

   No mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher. Era um bate-papo com uma plateia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.

        Foi um momento inesquecível! A plateia inteira fez um ‘oooohh’ de descrédito.

       Aí fiquei pensando: “poxa, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?”

       Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado ‘juventude eterna’. Estão todos em busca da reversão do tempo. Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

      Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada. A fonte da juventude chama-se “mudança”. De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.

       Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.

       [...]

       Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Entendendo o texto

 01. O texto acima é exemplo de um(a)

     a) crônica narrativa, pois apresenta uma história com personagens, ambiente e enredo, sobre tema do cotidiano.

     b) crônica narrativa, pois, apesar de ter uma argumentação, está escrita na 1ª pessoa, o que vai contra as características do gênero.

     c) crônica argumentativa, pois expõe uma reflexão sobre uma questão do cotidiano vivida pela autora, trazendo seu ponto de vista sobre o assunto.

     d) crônica argumentativa, pois traz uma questão do cotidiano exposta de forma impessoal, para que o próprio leitor possa formar sua opinião sem ser guiado pelas próprias impressões da autora.

    e) conto, pois traz uma narrativa com um número indeterminado de personagens passando por uma situação inicial que é desenvolvida ao longo do texto.


02. Segundo Lya Luft,

      a) a mudança é essencial para que as pessoas se sintam mais jovens, desde que aliada às cirurgias plásticas.

      b) de nada adianta as pessoas recorrerem às cirurgias plásticas se não procurarem mudanças que trarão mais qualidade de vida.

      c) a mudança impede o envelhecimento das pessoas, mantendo-as sempre jovens, seja na aparência ou no comportamento.

     d) os métodos avançados utilizados pela tecnologia em procedimentos estéticos poderão fazer até pessoas de 120 anos terem ainda uma aparência jovem.

     e) as pessoas que assistiam a sua palestra ficaram impressionadas com sua aparência devido ao pequeno número de cirurgias plásticas a que a autora se submeteu.


03. Entre as características que definem uma crônica, podem ser destacadas as principais:

   a) a narração em primeira pessoa e o uso expressivo da pontuação.

   b) um modelo fixo, como um diálogo inicial seguido de argumentação objetivo.

  c) o emprego de linguagem acessível ao leitor e a abordagem de fatos do cotidiano.

 d) a existência de trechos cômicos, engraçados, e a narrativa restrita ao passado do autor.

  e) a ausência de reflexões de cunho pessoal e o emprego de linguagem em prosa poética. 

 

 

 

domingo, 25 de outubro de 2020

ARTIGO DE OPINIÃO: FALAR, CALAR - LYA LUFT - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: Falar, calar

                                          Lya Luft

        Hoje eu falo de silêncio. Eu, que amo as palavras, hoje fico nos espaços brancos e nas entrelinhas. Fico ausente, estou ausente embora de longe siga pelo milagre da tecnologia tudo o que acontece onde me leem neste instante.

        Ausente presente como tantas vezes tantas pessoas.

        Nas histórias que relato ou invento, hoje não me interessam tanto as tramas e os personagens: somos todos sombras que andam de um lado para o outro, aparecem e desaparecem em quartos, corredores, jardins. Caem de escadas, jogam-se no poço, naufragam como rostos ou ratos.

        A mim seduzem palavras e silêncios, e jeitos de olhar. O formato de uma boca melancólica, ou o baixar de uma pálpebra que esconde o desejo de morrer ou de matar, ódio ou desamparo, hipocrisia, ah, o olhar sorrateiro, o estrábico olhar dos mentirosos.

        A mim interessam as coisas que normalmente ninguém valoriza. Porque o real está no escondido. Por isso escrevo: para esconjurar o avesso das coisas e da vida, de onde nos vem o medo, que impulsiona como a esperança.

        Nas relações amorosas, sou fascinada pela fração de segundo, o lapso mínimo em que os olhares se desencontram e a palavra que podia ser pronunciada se recolhe por pusilanimidade, egoísmo ou autocompaixão. E a cumplicidade se rompe e a gente se sente sozinha.

        O caminho do desencontro é ladrilhado de silêncios, quando se devia falar, e de palavras quando melhor teria sido ficar calado: e a gente sabia, ah, sim, sabia. Pior: é ladrilhado de gestos que não foram feitos quando o outro precisava.

        E no silêncio o peso da omissão, cumplicidade com o erro, se agiganta.

        [...]

Revista Veja, 7/9/2005.

Fonte: Língua Portuguesa. Viva Português. 9° ano. Editora Ática. Elizabeth Campos. Paula Marques Cardoso. Silvia Letícia de Andrade. 2ª edição. 2011. P. 136-7.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Esconjurar: afastar ou exorcizar; fazer desaparecer.

·        Pusilanimidade: característica de quem é pusilânime (covarde).

02 – Comparem os períodos, depois façam o que se pede no caderno:

·        “Hoje eu falo de silêncio.”

·        “Eu, que amo as palavras, hoje fico nos espaços brancos e nas entrelinhas.”         

          a)   Classifiquem os períodos em relação ao número de orações.

          O primeiro período é simples e o segundo é composto.

    b)   A autora se caracteriza por meio de uma oração subordinada adjetiva explicativa. Escreva essa oração.

Que amo as palavras.

c)   Qual oração do segundo período:

·        Se opõe à ideia de silencia?

Que amo as palavras.

·        Se refere ao silêncio?

Eu hoje fico nos espaços brancos e nas entrelinhas.

03 – A autora declara que está ausente-presente como tantas pessoas. A palavra ou expressão que melhor indica esse estado é:

a)   Melancolia.

b)   Pusilanimidade.

c)   Silêncio.

d)   Ódio.

04 – Por meio de antíteses, a autora mostra um pouco de sua desilusão. Os pares de palavras que indicam isso são:

a)   Falar x calar.

b)   Ausente x presente.

c)   Aparecem x desaparecem.

d)   Palavras x silêncios.

e)   Tramas x personagens.

05 – A oração subordinada que expressa um fato oposto à ideia da oração principal, confirmando assim as ideias contidas nas questões 2 e 3, é:

a)   “[...] embora de longe siga pelo milagre da tecnologia tudo [...]” (subordinada adverbial concessiva).

b)   “[...] que acontece [...]” (subordinada adjetiva restritiva).

c)   “[...] onde me leem neste instante.” (Subordinada adverbial locativa).

06 – Em seu texto a autora procura explicar o objetivo, a finalidade de sua profissão. A oração subordinada adverbial que indica isso é:

a)   “Porque o real está no escondido.” (Adverbial causal).

b)   “[...] para esconjurar o avesso das coisas e da vida [...]” (Adverbial final).

07 – Leiam a reorganização dos períodos do penúltimo parágrafo:

        “O caminho do desencontro é ladrilhado de silêncios, quando se devia falar, e de palavras quando melhor teria sido ficar calado: e a gente sabia, ah, sim, sabia. Pior: é ladrilhado de gestos que não foram feitos quando o outro precisava.”

        Nesse parágrafo a autora marca os desencontros da vida com momentos. Esses momentos são indicados por orações subordinadas adverbiais temporais. Identifiquem-nas.

      Quando se devia falar; quando o melhor teria sido ficar calado; quando o outro precisava.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

CRÔNICA: OS FILHOS DO LIXO - LYA LUFT - COM GABARITO

Crônica: Os filhos do lixo
                    
                            Lya Luft


        Há quem diga que dou esperança; há quem proteste que sou pessimista. Eu digo que os maiores otimistas são aqueles que, apesar do que vivem ou observam, continuam apostando na vida, trabalhando, cultivando afetos e tendo projetos. Às vezes, porém, escrevo com dor. Como hoje.
        Acabo de assistir a uma reportagem sobre crianças do Brasil que vivem do lixo. Digamos que são o lixo deste país, e nós permitimos ou criamos isso. Eu mesma já vi com estes olhos gente morando junto de lixões, e crianças disputando com urubus pedaços de comida estragada para matar a fome.
        A reportagem era uma história de terror – mas verdadeira, nossa, deste país. Uma jovem de menos de 20 anos trazia numa carretinha feita de madeiras velhas seus três filhos, de 4, 2 e 1 ano.
        Chegavam ao lixão, e a maiorzinha, já treinada, saía a catar coisas úteis, sobretudo comida. Logo estavam os três comendo, e a mãe, indagada, explicou com simplicidade: "A gente tem de sobreviver, né?".
        Não sei como é possível alguém dizer que este país vai bem enquanto esses fatos, e outros semelhantes, acontecem. Pois, sendo na nossa pátria, não importa em que recanto for, tudo nos diz respeito, como nos dizem respeito a malandragem e a roubalheira, a mentira e a impunidade e o falso ufanismo. Ouvimos a toda hora que nunca o país esteve tão bem. Até que em algumas coisas, talvez muitas, melhoramos.
        Mas quem somos, afinal? Que país somos, que gente nos tornamos, se vemos tudo isso e continuamos comendo, bebendo, trabalhando e estudando como se nem fosse conosco? Deve ser o nosso jeito de sobreviver – não comendo lixo concreto, mas engolindo esse lixo moral e fingindo que está tudo bem. Pois, se nos convencermos de que isso acontece no nosso meio, no nosso país, talvez na nossa cidade, e nos sentirmos parte disso, responsáveis por isso, o que se poderia fazer?

Entendendo a crônica:

01 – Assinale a alternativa que NÃO contém uma característica comum ao texto lido:
a) É argumentativo.
b) Trata de uma questão relevante em termos sociais, sustentando a opinião do autor.
c) As justificativas das posições elencadas pela autora reiteram o caráter argumentativo do texto.
d) A autora sustenta seu ponto de vista em bases sólidas, embora não emita opinião permitindo que o leitor a forme.
e) O texto oferece uma análise mais detalhada e reflexiva de uma notícia veiculada pela mídia.

02 – “Eu mesma já vi com estes olhos”. Assinale a alternativa que contém a melhor análise do significado da expressão:
a) O trecho contém um termo que repete desnecessariamente uma ideia já retratada.
b) A redundância do termo ‘já vi com estes olhos’ é legítima para conferir à expressão mais vigor e clareza.
c) A construção ‘eu mesma já vi’ é irrepreensível em seu emprego e constitui um pleonasmo vicioso.
d) ‘vi com estes olhos’ deixa a desejar a confirmação da ideia que desejou reiterar.
e) ‘eu mesma’ contém um fenômeno chamado tautologia que se configura pela repetição desnecessária de dois termos que se excluem.

03 – Pelo termo ‘ufanismo’, entende-se:
a) orgulho exagerado.
b) corrupção
c) falta de patriotismo
d) ocultação da verdade
e) imitação do estrangeiro.