Mostrando postagens com marcador MÚSICA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador MÚSICA. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): RETRATO EM BRANCO E PRETO - TOM JOBIM E CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música (Atividade): Retrato em branco e preto

            Tom Jobim e Chico Buarque

Já conheço os passos dessa estrada

Sei que não vai dar em nada

Seus segredos sei de cor

Já conheço as pedras do caminho

E sei também que ali sozinho

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2sQZsKA9TboJUaZU0FRcJDF2dNWaJDBlU-5vIClLcwJMpzWB6AvSl_i3J1CoSUWuxUC4hK6TBCD4gXw09Z20swb8t7JgwItq2i0Ueq4XV4Ln4TWpA4LtzoL7TxdcELujqnLhGhrshg5nvqsG7CbA33IoaxW_y_BVBOEJIUnMKwaOk85pUQ_5am9wRhlM/s320/hqdefault.jpg


Eu vou ficar tanto pior

O que é que eu posso contra o encanto

Desse amor que eu nego tanto

Evito tanto

E que no entanto

Volta sempre a enfeitiçar

Com seus mesmos tristes, velhos fatos

Que num álbum de retratos

Eu teimo em colecionar

Lá vou eu, de novo como um tolo

Procurar o desconsolo

Que cansei de conhecer

Novos dias tristes, noites claras

Versos cartas, minha cara

Ainda volto a lhe escrever

Para lhe dizer que isso é pecado

Eu trago o peito tão marcado

De lembranças do passado

E você sabe a razão

Vou colecionar mais um soneto

Outro retrato em branco e preto

A maltratar meu coração.

Ed. Musical Arlequim Ltda, 1968.

Entendendo a música:

01 – Que tipo de conhecimento o eu lírico afirma ter sobre o relacionamento?

      O eu lírico afirma que já conhece os passos dessa estrada e sabe que "não vai dar em nada". Ele conhece "os segredos" e "as pedras do caminho" de cor, indicando uma experiência prévia e repetitiva com o término e a dor desse relacionamento.

02 – Qual é a contradição central no comportamento do eu lírico em relação ao amor?

      A contradição central é que, apesar de negar e evitar tanto esse amor, ele "volta sempre a enfeitiçar". O eu lírico reconhece que a insistência nesse sentimento o levará a um "desconsolo" que ele já cansou de conhecer, mas ainda assim cede ao seu encanto.

03 – A que o eu lírico compara a sua teimosia em revisitar as lembranças desse amor?

      O eu lírico compara sua teimosia em revisitar as lembranças desse amor a colecionar "seus mesmos tristes, velhos fatos" num "álbum de retratos". Essa metáfora visual sugere a persistência em guardar e reviver memórias, mesmo que dolorosas.

04 – O que o eu lírico ainda pretende fazer, mesmo sabendo o desfecho negativo, e para qual finalidade?

      Mesmo sabendo do desfecho negativo, o eu lírico ainda pretende escrever "versos, cartas" para a pessoa amada. A finalidade é "lhe dizer que isso é pecado", ou seja, expressar o sofrimento e a dor que ela lhe causou, marcada pelas "lembranças do passado".

05 – Qual é a imagem final usada para descrever o impacto desse amor no coração do eu lírico?

      A imagem final utilizada é a de que ele vai colecionar "mais um soneto" e "outro retrato em branco e preto / A maltratar meu coração". Essa imagem reforça a ideia de que a cada revisita a esse amor, mais uma lembrança dolorosa é adicionada à sua coleção de sofrimento, que não possui cores vibrantes, apenas o luto e a melancolia do preto e branco.

 

 

MÚSICA(ATIVIDDES): POEMA DA LESMA - FRAGMENTO - MANOEL DE BARROS - JERRY ESPÍNDOLA - COM GABARITO

 Música (Atividades): Poema da lesma – Fragmento

             Jerry Espíndola

[...]

Se no tranco do vento a lesma treme,
no que sou de parede a mesma prega;
Se no fundo da concha a lesma freme,
aos refolhos da carne ela se agrega;
Se nas abas da noite a lesma treva,
no que em mim jaz de escuro ela se trava;
Se no meio da náusea a lesma gosma,
no que sofro de musgo a cuja lasma;
Se no vinco da folha a lesma escuma,
nas calçadas do poema a vaca empluma!

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1Q5s6YG5BTNCNPptnE3G0qHpJTtEhq1vrYvhTtWOFsOXi2skgLYDoYEskpRvp7OyGIjEX80iRmgU-QFXhp5egAiC9SHjGxqMysjqp_kmDDHAjPAb7gF6b8vDmxduei4uKj_pfsMvCd0WovQgS30jId-V9j2kOo8Le4M5jcT5Q0XwPiyZmFZXdzWfAit4/s1600/images%20(2).jpg 


[...]

BARROS, Manoel de. Livro de pré-coisas. In: Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010. p. 219 (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 175.

Entendendo a música:

01 – Qual o principal recurso poético utilizado pelo autor para construir as imagens da lesma no poema?

      O autor utiliza intensamente o recurso da comparação (implícita ou explícita) e da analogia, associando ações e características da lesma a estados ou elementos humanos e da natureza, muitas vezes usando a conjunção "Se".

02 – Como a lesma é caracterizada em relação à sua reação ao "tranco do vento"?

      Em relação ao "tranco do vento", a lesma treme, sugerindo sua fragilidade e sensibilidade.

03 – No verso "Se no fundo da concha a lesma freme", o que a ação de "fremer" pode sugerir sobre o estado da lesma?

      "Fremer" pode sugerir que a lesma vibra, estremece ou pulsa em seu refúgio, talvez indicando uma agitação interna, vida ou sensibilidade mesmo no isolamento.

04 – O que o poema sugere sobre a relação da lesma com a escuridão da noite e a "náusea"?

      Com a noite, a lesma "treva" (assume a escuridão), e com a náusea, ela "gosma", associando-a a sensações e aspectos mais densos e talvez repulsivos, mas naturais à sua existência.

05 – Qual a imagem final e surpreendente que o poema apresenta, destoando das anteriores e introduzindo um novo elemento?

      A imagem final e surpreendente é "nas calçadas do poema a vaca empluma!", quebrando a sequência lógica e introduzindo um elemento inesperado e quase surreal, que pode sugerir a liberdade criativa da poesia ou um desfecho irônico.

 

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): AQUARELA - TOQUINHO - COM GABARITO

 Música (Atividades): Aquarela

             Toquinho

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.

Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva,

E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6O3Ppne7O9kQqNiBQq_V0Fl13eBO-9HMMHvbnihQPf-dNl-QzmqzKbr2hud2MQnfmJytuyZTbGqsLKrf2j2e0NIDSXvoa11NvxsFwHvUPhVfVzh0JeRZCdTxAGAcl3lRCNG1VHv1p48fvv53b3umv2zOvTfnq25pSguXQoYc1Gpq99P08C73t2-SrLvY/s320/4ee99e.2e16d0ba.fill-1024x538.format-jpeg.jpegquality-80.jpg


 

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,

Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.

Vai voando, contornando a imensa curva norte e sul,

Vou com ela, viajando, Havaí, Pequim ou Istambul,

Pinto um barco a vela branco, navegando, é tanto céu e mar num beijo azul.

 

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená.

Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar.

Basta imaginar e ele está partindo, sereno, lindo,

E se a gente quiser ele vai pousar.

 

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida

Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida.

De uma América a outra eu consigo passar num segundo,

Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo.

 

Um menino caminha e caminhando chega no muro

E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está.

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar,

Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar.

Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar.

 

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá.

O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar.

Vamos todos numa linda passarela

De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.

 

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá).

E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)

Giro um simples compasso e num círculo eu faço um mundo (que descolorirá).

Composição: Maurizio Fabrizio / Guido Morra / Toquinho / Vinícius de Moraes. Aquarela. Ariola, 1983.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 44.

Entendendo a música:

01 – De acordo com a primeira estrofe da canção “Aquarela”, o que o narrador desenha primeiramente numa folha qualquer?

A. Um sol amarelo.

B. Um guarda-chuva fazendo chover com dois riscos.

C. Uma luva correndo o lápis em torno da mão.

D. Um castelo com cinco ou seis retas.

02 – Na segunda estrofe, o que o narrador “imagina” quando “um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel”?

A. Uma linda gaivota a voar no céu.

B. Um beijo azul no céu e mar.

C. Um barco a vela branco navegando.

D. Uma imensa curva norte e sul.

03 – Que cores são atribuídas ao “lindo avião” que “vem surgindo entre as nuvens”?

A. Verde e vermelho.

B. Amarelo e azul.

C. Rosa e grená.

D. Branco e azul.

04 – Na canção, como o futuro é metaforicamente descrito?

A. Uma astronave que tentamos pilotar.

B. Um muro à espera da gente.

C. Uma passarela que descolorirá.

D. Um navio de partida com amigos.

05 – Qual é o destino final da “linda passarela de uma aquarela” mencionada na última estrofe?

A. Ela se tornará permanente.

B. Ela descolorirá.

C. Ela nos levará a um destino certo.

D. Ela brilhará para sempre.

06 – Para desenhar uma luva, o que o narrador faz com o lápis?

A. Gira um simples compasso.

B. Usa cinco ou seis retas.

C. Faz chover com dois riscos.

D. Corre o lápis em torno da mão.

07 – Quais são os destinos internacionais que o narrador “viaja” com a gaivota imaginada?

A. Norte e sul.

B. Rio de Janeiro e São Paulo.

C. América e o mundo.

D. Havaí, Pequim ou Istambul.

sábado, 9 de agosto de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): DESAFINADO - TOM JOBIM - COM GABARITO

 Música (Atividades): Desafinado

            Tom Jobim

Quando eu vou cantar, você não deixa
E sempre vêm a mesma queixa
Diz que eu desafino, que eu não sei cantar
Você é tão bonita
Mas tanta beleza também pode se acabar

Fonte:  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqaWaA6Ghv5zYfhyphenhyphenkg6cVwxp1uZ8zr3tXb4aRRbZL7HnuofEDFXNfRlUC8ggqoquHngRcCYVxvTczxZYJ0-AhsGazy9RhyphenhyphenrzR9sHg-1zdGilT8PB2nBUxxvnX5lFhVOkAqATGr_8d3PErcajp8_5RYMxcLnbamgFWPMqpMSOFemP6YIufuSeSFId7FLto/s320/maxresdefault.jpg


Se você disser que eu desafino, amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm o ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, isto é muito natural

O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração
Fotografei você na minha Rolleiflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão

Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar
Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados

também bate um coração.

Composição: Newton Mendonça / Tom Jobim.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 32.

Entendendo a música:

01 – Qual é a principal queixa que a parceira do cantor tem sobre ele, de acordo com o início da música?

A – Ele desafina e não sabe cantar.

B – Ele canta muito alto, causando incômodo.

C – Ele não consegue compor novas músicas.

D – Ele canta músicas de outro estilo musical.

02 – Como o cantor justifica o seu estilo de cantar, após ser classificado como 'anti-musical'?

A – Ele diz que é o jeito dele, pois 'possuo apenas o que Deus me deu'.

B – Ele afirma que o gosto musical de sua parceira é ultrapassado.

C – Ele propõe que eles cantem juntos para verem a diferença.

D – Ele argumenta que 'isto é Bossa Nova, isto é muito natural'.

03 – O que o cantor usa para 'fotografar' a parceira, revelando a sua ingratidão?

A – Uma câmera Rolleiflex.

B – Uma máquina Polaroid.

C – A imagem foi capturada em sua memória, não com uma câmera.

D – Uma câmera digital.

04 – O que os 'desafinados' também têm, de acordo com a música?

A – Um coração, no peito.

B – Uma habilidade musical secreta.

C – Uma paixão por música popular.

D – Uma voz que precisa de correção.

05 – Qual é a única coisa sobre a qual a parceira 'não poderá falar assim', segundo o cantor?

A – O seu amor por ela.

B – O seu ouvido, que ele diz ser o que 'Deus me deu'.

C – Seu estilo de cantar, pois é o que ele sabe fazer.

D – A sua enorme ingratidão.

 

 

domingo, 3 de agosto de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): MARACATU ATÔMICO - CHICO SCIENCE - COM GABARITO

 Música (Atividades): Maracatu Atômico

             Chico Science

O bico do beija-flor, beija a flor, beija a flor
E toda a fauna, a flora grita de amor
Quem segura o porta-estandarte, tem arte, tem arte
E aqui passa com raça eletrônico, maracatu atômico

Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Mamauê

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp_QVpzByJ_85TSkVKGmzJJK4fFdobnJhMsOfAyVQ03fplydxWubwUEkiAYkYgiLhCpG-rQK6xMVjXeFx5ZW8OQxRIdzq0vQkYKamKrrcNhbNCEaMKe5Jq6b_IwyHopgIpMg9G0VaZf1zP_LHpAJ1oi5IaiGEAN29HPRZewj11PmSm4K1Ufkl9T7uR298/s320/maxresdefault.jpg


Atrás do arranha-céu, tem o céu, tem o céu
E depois tem outro céu sem estrelas
Em cima do guarda-chuva, tem a chuva, tem a chuva
Que tem gotas tão lindas que até dá vontade de comê-las

Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê

No meio da couve-flor, tem a flor, tem a flor
Que além de ser uma flor tem sabor
Dentro do porta-luva, tem a luva, tem a luva
Que alguém de unhas negras e tão afiadas esqueceu de pôr

Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê

No fundo do para-raio, tem o raio, tem o raio
Que caiu da nuvem negra do temporal
Todo quadro-negro, é todo negro, é todo negro
E eu escrevo seu nome nele só pra demonstrar o meu apego

Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê

O bico do beija-flor, beija a flor, beija a flor
E toda a fauna, a flora grita de amor
Quem segura o porta-estandarte tem arte, tem arte
E aqui passa com raça eletrônico maracatu atômico

Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê.

Composição: Chico Science; Jorge Mautner; Nelson Jacobina. Maracatu atômico. In: Chico Science & Nação Zumbi. Afrociberdelia, Sony Music, 1996.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 330-331.

Entendendo a música:

01 – Qual é a principal característica da linguagem utilizada na letra de "Maracatu Atômico" e como ela contribui para o tema da música?

      A principal característica da linguagem em "Maracatu Atômico" é a repetição de palavras e sons, criando um ritmo hipnótico e um jogo de palavras que mescla elementos cotidianos e oníricos. Essa repetição, como em "o bico do beija-flor, beija a flor, beija a flor" ou "no meio da couve-flor, tem a flor, tem a flor", não é apenas estilística; ela contribui para o tema da reinterpretação e da descoberta do extraordinário no ordinário. Ao repetir e fragmentar as frases, Chico Science destaca as partes de um todo, revelando belezas e particularidades que passariam despercebidas. Essa técnica reflete a proposta do movimento Manguebeat, de misturar o arcaico e o tecnológico, o orgânico e o industrial, o popular e o erudito, criando uma "estética da lama" que vê riqueza na hibridez.

02 – De que forma a música "Maracatu Atômico" representa a fusão de elementos tradicionais e modernos, característica do Manguebeat?

      "Maracatu Atômico" é uma representação exemplar da fusão de elementos tradicionais e modernos, pilar do Manguebeat. Essa fusão é explícita na própria expressão "maracatu atômico": o maracatu evoca a tradição cultural pernambucana, com suas raízes africanas e seu forte caráter popular e ritualístico, enquanto "atômico" remete à modernidade, à energia, à tecnologia e, por vezes, à disrupção. A letra reforça essa junção ao descrever um "porta-estandarte" que "tem arte" e passa "com raça eletrônico, maracatu atômico", evidenciando a inserção de elementos tecnológicos na tradição. Além disso, as imagens poéticas misturam o natural ("fauna, flora", "beija-flor", "chuva") com o urbano e tecnológico ("arranha-céu", "porta-luva", "para-raio", "quadro-negro"), criando uma paisagem sonora e lírica que celebra a coexistência desses mundos.

03 – Analise o refrão "Manamauê, auêia, aê / Manamauê, auêia, aê / Manamauê, auêia, aê / Mamauê". Qual é sua função e o que ele evoca?

      O refrão tem uma função percussiva e mântrica na música. Ele evoca os cantos e os rituais do maracatu e de outras manifestações culturais afro-brasileiras, que frequentemente utilizam vocalizações rítmicas e repetitivas para criar uma atmosfera de transe e coletividade. A ausência de um significado literal claro nessas sílabas reforça sua dimensão sonora e rítmica, transportando o ouvinte para um universo que transcende a lógica racional. Ele serve como um elemento de coesão, unindo as diferentes imagens e ideias apresentadas nas estrofes e reforçando a identidade cultural arraigada do maracatu, mesmo em sua versão "atômica".

04 – Que tipo de sensações ou ideias são provocadas pelas imagens sensoriais da música, como "gotas tão lindas que até dá vontade de comê-las" ou "couve-flor, tem a flor... tem sabor"?

      As imagens sensoriais da música, como "gotas tão lindas que até dá vontade de comê-las" e "couve-flor, tem a flor... tem sabor", provocam uma sensação de descoberta e encantamento com o detalhe e o inusitado. Elas estimulam a percepção multissensorial, misturando o visual ("gotas lindas", "flor" da couve-flor) com o paladar ("vontade de comê-las", "tem sabor"). Essas descrições inusitadas e quase sinestésicas realçam a beleza e a riqueza presentes em elementos cotidianos, convidando o ouvinte a olhar para o mundo com um novo olhar, valorizando o que é muitas vezes ignorado. Refletem a capacidade de Chico Science de transformar o prosaico em poético, o trivial em surpreendente, e de encontrar uma lógica própria, a "lógica da lama", que revela as maravilhas ocultas no universo simples.

05 – Como a música "Maracatu Atômico" expressa a visão do artista sobre a complexidade da realidade brasileira, onde o "micro" e o "macro" se encontram?

      A música "Maracatu Atômico" expressa a visão do artista sobre a complexidade da realidade brasileira através da constante interconexão entre o "micro" e o "macro". O poema lírico transita de detalhes singelos como "o bico do beija-flor" e "gotas tão lindas" para grandezas como "toda a fauna, a flora" e "o céu". O cenário urbano do "arranha-céu" se conecta ao infinito do "céu sem estrelas", e o íntimo ("alguém de unhas negras... esqueceu de pôr") encontra seu paralelo no universal ("toda a fauna, a flora grita de amor"). Essa alternância constante entre o particular e o geral, o detalhe e o panorama, demonstra que a riqueza e a complexidade do Brasil residem nessa intersecção e sobreposição de realidades. A "geleia geral" ou o "maracatu atômico" é, portanto, a manifestação dessa multiplicidade, onde cada pequeno elemento contém um universo, e o todo é a soma de detalhes surpreendentes e contraditórios.

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): GELÉIA GERAL - GILBERTO GIL - COM GABARITO

 Música (Atividades): Geleia Geral

             Gilberto Gil

Um poeta desfolha a bandeira
E a manhã tropical se inicia
Resplandente, cadente, fagueira
Num calor girassol com alegria
Na geleia geral brasileira
Que o Jornal do Brasil anuncia
Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_FO9h_G09wjcLDkm8hyphenhyphenMclmkkWjxY9fDMopeGiCAt0OkhRmn7RQgr6xdsnp2eMLu8QhdqlUgb_OBwB0fFqhRI9pZLH_m0fbPqI-xTeKEzQyZL8JhhPzJuJThUNZsrUpogkm4Twg0IMhKMYSadeWXRaQymqjp99-bSefOdDXA8HhP8kIJJWMHVMDujbPc/s320/unnamed.png


A alegria é a prova dos nove
E a tristeza é teu porto seguro
Minha terra é onde o Sol é mais limpo
E Mangueira é onde o samba é mais puro
Tumbadora na selva-selvagem
Pindorama, país do futuro

Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi

É a mesma dança na sala
No Canecão, na TV
E quem não dança não fala
Assiste a tudo e se cala
Não vê no meio da sala
As relíquias do Brasil
Doce mulata malvada
Um LP de Sinatra
Maracujá, mês de abril
Santo barroco baiano
Superpoder de paisano
Formiplac e céu de anil
Três destaques da Portela
Carne-seca na janela
Alguém que chora por mim
Um carnaval de verdade
Hospitaleira amizade
Brutalidade jardim

Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi

Plurialva, contente e brejeira
Miss linda Brasil diz: Bom dia
E outra moça também Carolina
Da janela examina a folia
Salve o lindo pendão dos seus olhos
E a saúde que o olhar irradia

Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi

Um poeta desfolha a bandeira
E eu me sinto melhor colorido
Pego um jato, viajo, arrebento
Com o roteiro do sexto sentido
Voz do morro, pilão de concreto
Tropicália, bananas ao vento

Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi.

Composição: Gilberto Gil / Torquato Neto. Tropicália ou panis et circencis. Philips, 1968.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 314-315.

Entendendo a música:

01 – Qual é o significado da expressão "Geleia Geral Brasileira" no contexto da música?

      A expressão "Geleia Geral Brasileira" é central para a música e representa a fusão caótica, mas vibrante, de elementos díspares que compõem a cultura e a realidade do Brasil. Gilberto Gil a utiliza para descrever a mistura de tradições antigas e modernidade, o popular e o erudito, o belo e o brutal, o nacional e o estrangeiro. A "geleia" sugere uma mistura densa e heterogênea, onde tudo se entrelaça sem uma ordem aparente, refletindo a complexidade e a diversidade do país, que é anunciada, ironicamente ou não, pelo "Jornal do Brasil". É a coexistência de contrastes que define a identidade brasileira.

02 – De que forma a música explora a dualidade entre otimismo e pessimismo na realidade brasileira?

      A música explora a dualidade entre otimismo e pessimismo de várias maneiras. Por um lado, há uma clara exaltação da alegria e da beleza do Brasil, com versos como "a manhã tropical se inicia / Resplandente, cadente, fagueira / Num calor girassol com alegria" e "Minha terra é onde o Sol é mais limpo / E Mangueira é onde o samba é mais puro". A "alegria é a prova dos nove", sugerindo sua força e resiliência. Por outro lado, há a menção de que "a tristeza é teu porto seguro", reconhecendo a presença constante da melancolia e das dificuldades. A coexistência de "Hospitaleira amizade" e "Brutalidade jardim" também ilustra essa dualidade, mostrando que a beleza e a cordialidade podem coexistir com aspectos mais ásperos da realidade brasileira. A música, portanto, não nega os desafios, mas celebra a capacidade de encontrar alegria e resiliência neles.

03 – Quais elementos da cultura e do cotidiano brasileiros são citados na letra e o que essa variedade sugere?

      A letra de "Geleia Geral" cita uma vasta gama de elementos da cultura e do cotidiano brasileiros, misturando o popular e o erudito, o tradicional e o moderno:

      Elementos culturais e geográficos: "Mangueira", "Pindorama", "Santo barroco baiano", "Portela", "carnaval de verdade".

      Objetos e costumes: "bandeira", "Tumbadora", "LP de Sinatra", "Maracujá", "carne-seca na janela".

      Sensações e conceitos: "calor girassol", "alegria", "tristeza", "sexto sentido", "voz do morro", "Tropicália", "bananas ao vento".

      Personagens e mídias: "poeta", "Jornal do Brasil", "Miss linda Brasil", "Carolina", "Canecão", "TV". Essa variedade sugere a diversidade e a complexidade da identidade brasileira, reforçando a ideia da "geleia geral". É um mosaico de referências que não se limita a um único aspecto, mas abraça a totalidade da experiência brasileira, com suas contradições, belezas e particularidades.

04 – Como o refrão "Ê, bumba-yê-yê-boi / Ano que vem, mês que foi / Ê, bumba-yê-yê-yê / É a mesma dança, meu boi" contribui para o sentido da música?

      O refrão "Ê, bumba-yê-yê-boi / Ano que vem, mês que foi / Ê, bumba-yê-yê-yê / É a mesma dança, meu boi" é fundamental para o sentido da música, pois ele evoca a circularidade do tempo e a persistência das tradições. A referência ao "bumba-meu-boi" conecta a música a uma manifestação cultural popular e ancestral, que se repete ciclicamente. As expressões "Ano que vem, mês que foi" e "É a mesma dança, meu boi" reforçam a ideia de que, apesar das mudanças e da passagem do tempo, certas essências e ritmos da vida brasileira permanecem, marcados por uma repetição quase ritualística. O refrão, portanto, serve como um elo entre o passado e o presente, e uma celebração da continuidade cultural em meio à "geleia geral" de transformações.

05 – Qual o papel da figura do "poeta desfolha a bandeira" na abertura e no encerramento da música?

      A figura do "poeta desfolha a bandeira" no início e no final da música é simbólica e multifacetada. Ao "desfolhar a bandeira", o poeta pode estar realizando um ato de desconstrução da identidade nacional oficial, revelando as múltiplas camadas e realidades por trás dos símbolos patrióticos. É como se ele estivesse abrindo a bandeira para expor as contradições e a riqueza da "geleia geral". No final, quando o eu-lírico afirma "Um poeta desfolha a bandeira / E eu me sinto melhor colorido", há uma sugestão de que essa desconstrução e a exposição da complexidade brasileira levam a uma maior compreensão e a um sentimento de pertencimento mais profundo e autêntico. O poeta, assim, atua como um mediador entre a realidade multifacetada e a percepção do indivíduo.

06 – Como a música aborda a relação entre o observador (aquele que "não dança") e a "Geleia Geral"?

      A música aborda a relação entre o observador e a "Geleia Geral" de forma crítica e sugestiva na estrofe: "E quem não dança não fala / Assiste a tudo e se cala / Não vê no meio da sala / As relíquias do Brasil". Aqui, a ação de "dançar" é uma metáfora para a participação ativa na vida e na cultura brasileira, enquanto "não dançar" representa a passividade, a alienação ou a incapacidade de se engajar com a complexidade do país. Quem não participa ("não dança") é incapaz de expressar-se ("não fala") e apenas observa passivamente ("Assiste a tudo e se cala"). Mais crucialmente, essa passividade impede que o observador perceba as "relíquias do Brasil" – os elementos ricos e valiosos que compõem a identidade nacional, que estão "no meio da sala", visíveis para quem se permite interagir. A crítica é àqueles que se afastam ou se recusam a imergir na diversidade cultural.

07 – Que papel a "Tropicália" desempenha na mensagem final da música, especialmente quando mencionada em conjunto com "bananas ao vento"?

      A menção de "Tropicália" no final da música, em conjunto com "bananas ao vento", é crucial para a mensagem. A Tropicália foi um movimento artístico e cultural do qual Gilberto Gil foi um dos principais expoentes, caracterizado justamente pela fusão de elementos diversos, nacionais e estrangeiros, tradicionais e modernos, em uma estética de apropriação e ressignificação. "Bananas ao vento" é uma imagem icônica do Tropicalismo, remetendo à antropofagia cultural (devorar e digerir influências) e a um certo exotismo e autoafirmação tropical. Ao citar esses elementos, a música reforça sua própria identidade como uma manifestação da Tropicália, celebrando a liberdade criativa, a mistura e a capacidade do Brasil de reinventar-se a partir de suas próprias particularidades. É um manifesto final sobre a vitalidade e a originalidade da cultura brasileira, que se expressa nessa "geleia geral".

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): TROPICÁLIA LIXO LÓGICO - TOM ZÉ - COM GABARITO

 Música (Atividades): Tropicália Lixo Lógico

             Tom Zé

A pureza Chapeuzinho
Passeando na floresta
Enquanto Seu Lobo não vem:
Mas o Lobo entrou na festa
E não comeu ninguém.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBbIV2eWktJmZluO5l12fEk8jC3oD-t6ts4b7R-r0YZJUfhyphenhyphenfieNq3bkPp5kb255l1TD0GA8J279fcnMQ5P3D4bU0DDmKE9-RVer9M3KbSH_8Q3Hj5WoE2sVhsYDQKGH62eWwZmBaHjj_dJTXwNiGIVwqxpNtm1z-3Z_YBFHrr6WeW2IrhS56QT5nliY8/s320/ab67616d0000b2732fa7da9beb47f795fd6beda1.jpg


Era uma tentação,
Ele tinha belos motes,
O Lobo Seu Aristotes:
Expulsava todo incréu
Ali do nosso céu

Não era melhor, tampouco pior,
Apenas outra e diferente a concepção
Que na creche dos analfatóteles regia
Nossa moçárabe estrutura de pensar
Mas na escola, primo dia,
Conhecemos Aristotes,
Que o seu grande pacote
De pensar oferecia

Não recusamos
Suas equações
Mas, por curiosidade, fez-se habitual
Resolver também com nossas armas a questão -
Uma moçárabe possível solução
Tudo bem, que legal,
Resultado quase igual,
Mas a diferença que restou
O lixo lógico

Aprendemos a jogá-lo
No poço do hipotalo*.
Mas o lixo, duarteiro,
O córtex invadia:
Caegitano entorta rocha
Capinante agiu.

Composição: Tom Zé. Tropicália lixo lógico, 2012. Gravadora independente.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 328-329.

Entendendo a música:

01 – Qual é a crítica central que Tom Zé faz à "pureza" e à entrada do "Lobo" na festa no início da música?

      No início da música, Tom Zé utiliza a metáfora da "pureza Chapeuzinho / Passeando na floresta / Enquanto Seu Lobo não vem" para representar uma visão ingênua ou idealizada da cultura e do pensamento. A "pureza" pode ser interpretada como uma forma de pensamento ocidental dominante, talvez o racionalismo cartesiano ou a lógica aristotélica, que busca a ordem e evita o caos. A entrada do "Lobo" – que não "comeu ninguém" – é uma reviravolta irônica. Esse "Lobo" é, na verdade, "Seu Aristotes", uma personificação da lógica aristotélica e do pensamento ocidental racional. A crítica central é que essa imposição de uma lógica "pura" ou hegemônica, embora não seja destrutiva no sentido literal ("não comeu ninguém"), tenta expulsar ou silenciar outras formas de pensar ("Expulsava todo incréu / Ali do nosso céu"), especialmente as que não se encaixam em seus moldes.

02 – Como a música apresenta a relação entre a "concepção" "moçárabe" de pensar e o "pacote de pensar" de Aristóteles?

      A música apresenta a relação entre a "concepção" "moçárabe" de pensar e o "pacote de pensar" de Aristóteles como um confronto de sistemas de lógica e raciocínio. A "moçárabe estrutura de pensar" refere-se a uma forma de conhecimento híbrida, que emerge da mistura de culturas (como a árabe e a ibérica na Península Ibérica durante a Idade Média), caracterizada por sua flexibilidade e talvez uma menor rigidez lógica. Em contrapartida, o "pacote de pensar" de Aristóteles representa a lógica ocidental formal, com suas "equações" e regras bem definidas. Tom Zé sugere que, embora não recusem as equações de Aristóteles, há uma curiosidade e uma necessidade de resolver questões "com nossas armas", ou seja, com a própria lógica moçárabe. O resultado, embora "quase igual", revela uma "diferença que restou" – o "lixo lógico". Isso indica que a lógica ocidental não é a única nem a superior, e que outras formas de raciocínio, mesmo que consideradas "impuras" ou "ilógicas" por ela, são válidas e necessárias.

03 – O que Tom Zé quer dizer com "lixo lógico" e como ele se relaciona com a ideia de "Tropicália"?

      O "lixo lógico" é a diferença que resta quando se tenta aplicar a lógica aristotélica (ocidental e racional) a uma realidade que não se encaixa perfeitamente nela. É aquilo que é descartado, considerado irracional, absurdo ou sem sentido pelas regras estabelecidas. Para Tom Zé, esse "lixo" não é desprezível; ao contrário, ele é valorizado e se torna a essência da "Tropicália". O movimento tropicalista defendia a antropofagia cultural, a apropriação e a digestão de elementos diversos (nacionais, estrangeiros, populares, eruditos) para criar algo novo e autêntico, que muitas vezes desafiava as categorizações e as lógicas estabelecidas. O "lixo lógico" é justamente a riqueza da contradição, da ambiguidade e do sincretismo que define a identidade brasileira, algo que a lógica pura tenta descartar, mas que o Tropicalismo abraça como fonte de criatividade e verdade.

04 – Qual é o significado de "Aprendemos a jogá-lo / No poço do hipotalo" e o que acontece quando "o lixo... o córtex invadia"?

      A frase "Aprendemos a jogá-lo / No poço do hipotalo" sugere que, em algum momento, as formas de pensar consideradas "ilógicas" ou "desviantes" foram suprimidas ou relegadas às áreas do cérebro associadas a funções mais primitivas, emoções ou inconsciente (o hipotálamo). É como se houvesse um esforço para reprimir ou esconder aquilo que não se encaixa na lógica dominante. No entanto, o poema afirma que "Mas o lixo, duarteiro, / O córtex invadia". O córtex é a parte do cérebro associada ao raciocínio, à linguagem e à consciência. Isso significa que o "lixo lógico" – as formas de pensar não convencionais, a criatividade, a irreverência, o hibridismo – não pode ser contido. Ele irrompe, toma conta do pensamento racional e o subverte. Essa invasão é uma vitória do pensamento não-linear e da cultura híbrida sobre a lógica cartesiana, resultando em novas formas de expressão e percepção.

05 – Como as últimas linhas, "Caegitano entorta rocha / Capinante agiu", personificam a ideia do "lixo lógico" em ação?

      As últimas linhas, "Caegitano entorta rocha / Capinante agiu", são uma personificação vibrante da ideia do "lixo lógico" em ação, usando neologismos e nomes próprios para ilustrar essa subversão.

      "Caegitano entorta rocha": "Caegitano" é uma fusão de Caetano Veloso e Gilberto Gil, figuras centrais do Tropicalismo. "Entorta rocha" sugere um poder transformador, quase mágico, que desafia a rigidez e a solidez da lógica estabelecida ("rocha"). É a ideia de que a criatividade e a irreverência tropicalista são capazes de moldar e redefinir a realidade, quebrando paradigmas.

      "Capinante agiu": "Capinante" remete à ação de "capinar", de limpar ou cortar mato, mas aqui ganha um sentido de ação direta e talvez inesperada, "agindo" de forma transformadora. Pode também ser uma alusão a Capinam, outro artista ligado ao movimento.

 

 

domingo, 27 de julho de 2025

MÚSICA (ATIVIDADES): LENÇO NO PESCOÇO - WILSON BATISTA - COM GABARITO

 Música (Atividades): Lenço no Pescoço

             Wilson Batista

Meu chapéu do lado
Tamanco arrastando
Lenço no pescoço
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio

Fonte https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgh8yRhSRfyIGc4k1CxoMAxu4U0E-t6HulrPRZ-AixVlr6r0fq43_6i_3B9G87JzTT2CYnOB8PhHqaBTn7RfnBnfFMa0bRUUmOcsypnkdtkzgeLf9EeXrnFUB_8XnFUSfuKcPa-CfNmVetmMyEsqEIq5hRuUhW_IzS3J3j-dVmSNNfJcDf9h0qxTnhMSM4/s320/sddefault.jpg


Sei que eles falam
Deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha
Andar no miserê
Eu sou vadio
Porque tive inclinação
Eu me lembro, era criança
Tirava samba-canção
Comigo não
Eu quero ver quem tem razão

E eles tocam
E você canta
E eu não dou.

Composição: Wilson Batista.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 377.

Entendendo a música:

01 – Qual é a principal característica do eu-lírico apresentada nos primeiros versos da música?

A – A canção é um lamento sobre as dificuldades da vida de um sambista.

B – A letra descreve a vestimenta e o comportamento de um trabalhador.

C – O personagem principal é um malandro orgulhoso de sua vida boêmia.

D – O foco da música é a crítica social à falta de oportunidades no Rio de Janeiro.

02 – Como o eu-lírico se posiciona em relação às pessoas que trabalham?

A – Ele se sente envergonhado por não seguir as normas sociais de trabalho.

B – Ele justifica sua escolha de vida pela liberdade e despreocupação que ela oferece.

C – Ele vê os trabalhadores como exemplos a serem seguidos para uma vida melhor.

D – Ele contrasta sua vida com a dos que trabalham, percebendo-os em dificuldades.

03 – Qual é a explicação que o eu-lírico dá para sua condição de "vadio"?

A – Ele herdou o estilo de vida de seus pais, que também eram vadios.

B – Ele foi forçado a ser vadio devido à falta de oportunidades de trabalho.

C – Ele aprendeu a sambar na infância, o que o tornou um sambista famoso.

D – Sua "inclinação" para ser vadio veio de uma experiência precoce com a música.

04 – O que a expressão "Comigo não / Eu quero ver quem tem razão" revela sobre a atitude do eu-lírico?

A – Pedir desculpas por sua conduta e buscar a aceitação da sociedade.

B – Expressar arrependimento por suas escolhas de vida e prometer mudança.

C – Reafirmar sua postura de desafio e questionar a moralidade alheia.

D – Descrever a rotina diária de um sambista que vive na boemia.

05 – No início da música, as descrições "Meu chapéu do lado / Tamanco arrastando / Lenço no pescoço / Navalha no bolso / Eu passo gingando / Provoco e desafio" servem para:

A – Simbolizam a busca por trabalho e uma vida mais digna.

B – Representam a submissão do personagem às regras sociais estabelecidas.

C – Descrevem um ambiente de conflito físico iminente entre o malandro e os outros.

D – Demonstram a indumentária típica do malandro carioca e sua atitude de confiança.

MÚSICA(ATIVIDADES): RAPAZ FOLGADO - NOEL ROSA - COM GABARITO

 Música (Atividades): Rapaz Folgado

             Noel Rosa

Deixa de arrastar o teu tamanco
Pois tamanco nunca foi sandália
E tira do pescoço o lenço branco
Compra sapato e gravata
Joga fora esta navalha que te atrapalha

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj87_rpjzydIehb7USxIT2HMSxIAvSbLOyj-xMFipyG8o3YpPLrVJoWzCrfXFk4bCD9aJoNMJh0wSMabtB7lDxjfm1FTNPKEx0s8ZB-CvPZIDdHBjnw6UfBvRh8Uv6HbyGQXyG6h6qxNxQ2EBQAVr2FZXjjzTivqfnk9gnPNhg25spgRPc6zQ6LcKRhodw/s1600/ab67616d00001e02acccd802e4e9f7384dddef9e.jpg


Com chapéu do lado deste rata
Da polícia quero que escapes
Fazendo um samba-canção
Já te dei papel e lápis
Arranja um amor e um violão

Malandro é palavra derrotista
Que só serve pra tirar
Todo o valor do sambista
Proponho ao povo civilizado
Não te chamar de malandro
E sim de rapaz folgado.

Composição: Noel Rosa.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 377.

Entendendo a música:

01 – Qual é o conselho principal que o eu lírico dá ao 'rapaz folgado' no início da música?

A – Fazer um samba-canção para escapar da polícia.

B – Comprar um violão e aprender a tocar.

C – Deixar de usar tamanco e lenço branco, e se vestir de forma mais social.

D – Arranjar um amor e deixar a navalha de lado.

02 – Por que o eu lírico sugere que o 'rapaz folgado' jogue fora a navalha?

A – Porque ele não precisa dela para fazer samba.

B – Porque ela o atrapalha e pode levá-lo a problemas com a polícia.

C – Porque a navalha pode machucar as pessoas.

D – Porque é um objeto antiquado para um sambista.

03 – Qual é a proposta do eu lírico em relação ao termo 'malandro'?

A – Que a palavra 'malandro' seja considerada um elogio ao sambista.

B – Que o povo civilizado continue usando o termo para se referir aos sambistas.

C – Que o povo civilizado não chame mais o rapaz de malandro, e sim de 'rapaz folgado'.

D – Que o termo 'malandro' seja substituído por 'sambista' para valorizar o artista.

04 – O que o eu lírico espera que o 'rapaz folgado' faça com papel e lápis?

A – Fazer anotações sobre como se tornar um malandro.

B – Escrever cartas de amor para o seu novo romance.

C – Fazer um samba-canção para fugir dos problemas.

D – Desenhar o seu novo visual com sapato e gravata.

05 – Qual a razão principal para o eu lírico considerar 'malandro' uma palavra derrotista?

A – Porque o malandro não arranja amor nem violão.

B – Porque a malandragem está fora de moda.

C – Porque só quem é da polícia usa essa palavra.

D – Porque ela tira todo o valor do sambista.