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sábado, 28 de maio de 2022

POEMA: PERO VAZ DE CAMINHA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Pero Vaz de Caminha

 A Descoberta

Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra

Os Selvagens

Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados

As Meninas da Gare

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.

 ANDRADE, Oswald de. Pau Brasil. In: Obras completas. 5. ed. São Paulo: Globo, p. 69-70. 

 

Poema: A Mão-de-obra

São bons de porte e finos de feição

E logo sabem o que se lhes ensina,

Mas têm o grave defeito de ser livres.

    PAES, José Paulo. In: Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1996, p. 86. (Seleção de Davi Arrigucci Jr.).

Fonte: Livro – Língua Portuguesa – Heloísa Harue Takazaki – ensino médio – Coleção Vitória-Régia – Volume único – 1ª edição Curitiba - IBEP. 2004, p. 92-3.

Entendendo o poema:

01 – Começaremos a análise, observando o poema de Oswald de Andrade. A construção desse poema tem a ver com a construção da obra de arte acima. De posse dessa informação, explique como o poema foi construído.

      A obra de Picasso se constitui de fragmentos, pedaços de papéis e elementos naturais recortados e colados. A obra de Oswald de Andrade também foi feita a partir de uma remontagem: o poeta escolheu, “recortou” e remontou frases da Carta de Caminha, criando uma nova configuração para o texto: um poema.

02 – Para cada conjunto de versos, no poema “Pero Vaz de Caminha”, Oswald de Andrade criou um título. Qual desse títulos...

a)   Dessacraliza o fato histórico, tratando o descobrimento com uma certa ironia, ao sugerir que a chegada dos portugueses foi fruto de um “acaso”?

“A Descoberta”.

b)   Contrapõe-se com as ideias do corpo do poema? Como?

“Os Selvagens”. A ideia de ferocidade presente no título é negada no poema: eles têm medo de uma galinha.

c)   Mistura tempos históricos e faz comparações?

“As Meninas da Gare”. As índias estão sendo comparadas às “meninas” da estação de trem.

03 – Tome o texto de Oswald como um todo: a ideia foi a de endossar ou inverter os sentidos da Carta original de Caminha? Explique.

      A ideia foi inverter, satirizar as ideias contidas na Carta de Pero Vaz de Caminha.

04 – A obra “Pau Brasil”, de Oswald de Andrade, foi publicada originalmente em 1929 e constitui a síntese de uma visão histórica. A ideia do poeta era entender o país, a formação e o pensamento brasileiros numa época de insatisfação política e de crescente nacionalismo. Nesse sentido, pode-se dizer que a colagem de Oswald de Andrade também reflete uma visão crítica que tem a ver com seu tempo? Por quê?

      Sim, a escolha do tema e a crítica às ideias da época sobre o “achamento” do Brasil estão presentes no texto de Oswald.

05 – Agora, releia o poema de José Paulo Paes, que é posterior ao de Oswald de Andrade. Pode-se dizer que esse poema, “A mão-de-obra”, dialoga tanto com a Carta de Caminha quanto com o poema de Oswald de Andrade? Explique.

      Sim. O poema de José Paulo Paes também é uma montagem de frases recortadas da Carta de Caminha, estrutura essa que “dialoga” intertextualmente com a obra de Oswald.

06 – Quanto ao sentido, o poema de José Paulo Paes endossa a visão de Caminha ou se aproxima da visão crítica de Oswald? Explique.

      Aproxima-se da visão crítica de Oswald. O título sugere que o interesse português sobre os primeiros povos que aqui estavam era a condição que apresentavam para o trabalho.

 

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

POESIA: VÍCIO DA FALA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: Vício da fala

   Oswald de Andrade

Para dizerem milho dizem mio

Para melhor dizem mió

Para pior pió

Para telha dizem teia

Para telhado dizem teiado

E vão fazendo telhados.

Disponível em: Acesso em: 20 set. 2017.


Entendendo a poesia:

01 – A poesia a seguir, intitulada de “Vício da fala”, de autoria de Oswald de Andrade, é um texto característico do modernismo brasileiro de primeira fase, cuja característica é a crítica bem-humorada da cultura e da sociedade brasileira. Com base nisso, escolha a alternativa que melhor descreve essa crítica trazida pelo texto:

a)   O poeta retrata a realidade dura dos trabalhadores da construção civil, mas entende que o trabalho manual é muito lento, por esse motivo eles não conseguem estudar.

b)   O poeta retrata a realidade dura dos trabalhadores da construção civil, criticando o ensino da língua portuguesa nas escolas como insuficiente para ensinar o português padrão.

c)   O poeta retrata a realidade dura dos trabalhadores que constroem as cidades e que, por sua vez, carecem de oportunidades para uma vida melhor, como a educação, por exemplo.

d)   O poeta retrata uma realidade social caracterizada pela diferença de classes sociais, já que os trabalhadores não podem comprar o material para os telhados que eles constroem.

02 – A poesia “Vício da fala” é um texto do movimento modernista brasileiro, que, em sua primeira fase, teve seu auge nos anos 20 com a Semana de Arte Moderna de São Paulo, que se tornou o marco inicial do próprio movimento. Nessa semana, os expoentes da arte modernista brasileira puderam apresentar seus trabalhos relacionados à arte, à literatura etc. Considerando-se a crítica trazida pela poesia “Vício da fala” e as próprias características desse movimento, escolha a alternativa que melhor resume esse modernismo de primeira fase:

a)   Movimento de encontro de uma identidade nacional por meio da descrição de paisagens idílicas e tipos humanos brasileiros apresentados como heróis.

b)   Movimento de vanguarda que procurou romper com os modelos tradicionais, principalmente europeus, buscando sua própria identidade artística.

c)   Movimento experimental que valorizou a mistura de sensações muito mais do que o sentido estrito das imagens e palavras em relação à realidade.

d)   Movimento que buscou, por meio da arte e da literatura, reconstruir de forma clara e objetiva os dados da realidade vivida nos meios urbanos e rurais.

 

03 – Sobre o poema de Oswald de Andrade, julgue as seguintes proposições:

I. O poema de Oswald de Andrade volta-se contra o preconceito linguístico e nos chama a atenção para a necessidade de uma espécie de ética linguística pautada na diferença entre as línguas, nesse caso em uma única língua.

II. O poema critica a maneira de falar do povo brasileiro, sobretudo das classes incultas que desconhecem o nível formal da língua.

III. Para ele, os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”, “teiado”, de certa forma, constroem um “telhado”, ou seja, criam novas formas de pronúncia que se sobressaem, em muitos casos, à norma culta.

IV. A palavra “vício”, encontrada no título do poema, denota certo preconceito linguístico do autor, que julga a norma culta superior ao coloquialismo presente na fala das pessoas menos esclarecidas.

a)   Todas estão corretas.

b)   I e III estão corretas.

c)   I, III e IV estão corretas.

d)   II e III estão corretas.

04 – No contexto histórico-cultural do movimento modernista brasileiro, o poema “Vício na fala” tem como motivação uma importante questão para os seus maiores representantes, particularmente Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Trata-se de

a)     Experimentar uma estética revolucionária, que seja uma possibilidade para a interpretação da realidade nacional.

b)     Criticar a elite cultural nacional por reconhecer e reverenciar o valor literário dos erros da norma linguística não culta.

c)     Valorizar a tendência principal do movimento realista brasileiro: tornar irrelevantes os erros gramaticais da fala popular.

d)     Ironizar a pretensão literária dos autores pré-modernistas, cujos textos tinham por base os desvios da norma culta.

05 – Assinale a alternativa correta sobre a variedade do português utilizado na construção do poema.

a)   O texto trata de vícios de linguagem na fala de descendentes de imigrantes italianos e alemães na Região Sul do Brasil.

b)    O poeta se refere a uma variedade de língua usada no Brasil pelos escravos, que desapareceu após a abolição da escravatura.

c)   O autor aborda a pronúncia estereotipada dos brasileiros que moram em regiões de fronteira e têm contato com a língua espanhola.

d)   O poema apresenta exemplos de variação linguística no português falado no Brasil, característica de diferentes grupos sociais.

e)   O poema critica o modo como as pessoas incultas usam a língua portuguesa no Brasil.

06 – De quem o poeta está falando?

      O poeta refere-se ao povo (aos trabalhadores) brasileiros.

 

quarta-feira, 1 de julho de 2020

POEMA: APERITIVO - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: APERITIVO

     Oswald de Andrade

A felicidade anda a pé
Na Praça Antônio Prado
São 10 horas azuis
O café vai tão alto como a manhã de arranha-céus
Cigarros Tietê
Automóveis
A cidade sem mitos.

ANDRADE, Oswald de.

Entendendo o poema:

01 – Todas as características seguintes podem ser verificadas nos versos, menos uma. Indique-a.

a)   Valorização do cotidiano.

b)   Nacionalismo.

c)   Verso livre.

d)   Influência das vanguardas europeias.

e)   Resgate de valores tradicionais.

02 – Nos dois primeiros versos do poema, qual é a imagem inicial da cidade de São Paulo e da “vida” que nela se movimenta?

      O passeio do poeta pela paulistaníssima Praça Antônio Prado.

03 – Em que momento do dia se desenrola essa cena?

      Pela manhã.

04 – Que imagens são utilizadas para caracterizar esse momento?

      Café, céu azul, dia claro.

05 – Os três últimos versos do poema apresentam outros aspectos da cidade por meio de alguns elementos. Que elementos são destacados pelo eu lírico?

      Os aspectos da cidade são apresentados através do cigarro, do Rio Tietê e os automóveis.

      O eu lírico fala sobre o progresso que ainda viria na cidade.

06 – Explique por que a composição desse poema é comparada de uma pintura cubista.

      A cena é montada em quadros que aparentemente não se encaixam. Ele pega partes do cenário, enquadra e coloca um sobre o outro.

07 – No verso: “O café vai alto como a manhã de arranha-céus”, que traços do modernismo há? De que realidade brasileira é citada neste verso?

      Os traços são: linguagem simples, o urbanismo com os “arranha-céus”.

      Ele cita o café que é o que movimenta a economia na época, sendo assim dando importância a realidade brasileira.


quarta-feira, 12 de junho de 2019

POEMA: PRONOMINAIS - OSWALD DE ANDRADE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Pronominais
    
          Oswald de Andrade

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

Pau-Brasil. 2. ed. São Paulo: Globo, 2003. p. 167.

Entendendo o poema:

01 – Em se tratando da gramática normativa em relação à colocação pronominal, qual foi a intenção do autor diante de sua criação?
      A intenção do autor foi de criticar as padronizações da chamada linguagem culta. Desta maneira ele utiliza-se da ironia para repudiar as ideologias concernentes à era parnasiana.  
  
02 – Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:
a)   Condenam essa regra gramatical.
b)   Acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
c)   Criticam a presença de regras na gramática.
d)   Afirmam que não há regras para uso de pronomes.
e)   Relativizam essa regra gramatical.

03 – Identifique no poema de Oswald de Andrade um exemplo de colocação pronominal de acordo com a norma culta e outro de acordo com a língua informal. Em seguida, explique o uso desses pronomes encontrados, informando se há próclise, mesóclise ou ênclise.
      Informal: "Me dá um cigarro" utilização de próclise e que não é permitido de acordo com a gramatica brasileira por iniciar a frase com um pronome.     Formal: "Dê-me um cigarro" utilização de ênclise que está de acordo com a norma culta da gramática brasileira.

04 – Como podemos justificar o erro de colocação pronominal na poesia de Oswald de Andrade?
      O "erro" pode ser justificado de acordo com a norma gramatical de que não se pode iniciar uma frase com pronominal.

05 – Quanto à linguagem e à rima, qual é a diferença entre esse poema e os poemas “tradicionais”?
      A principal característica da poesia modernista da primeira fase foi a transgressão aos modelos de poesia da época. OSWALD DE ANDRADE propunha novos temas revolucionário a forma (rima – versos livres) – ausência de ritmo. E conteúdo para criar uma poesia genuinamente brasileira.

06 – Qual é a principal crítica do autor?
      Critica a gramática normativa (norma culta) valoriza em seus versos a fala popular, a do “bom falante”.

07 – A partir de poemas como esse, o que a primeira geração modernista propunha como mudança para a literatura em nosso país?
      Sim, a mudança era reduzir a distância entre a linguagem falada e escrita, uma as principais característica do Primeiro Tempo Modernista.

08 – Marque a alternativa incorreta em relação ao poema modernista:
a)   Exaltação do falar coloquial brasileiro.
b)   A presença do humor/ironia.
c)   A liberdade da métrica.
d)   Discriminação racial.
e)   Nacionalização da Língua Portuguesa.

09 – De acordo com o poema, o que é ser um “bom brasileiro”?
      O bom brasileiro é aquele que fala o português do Brasil, não aquele que fica “macaqueando a sintaxe lusíada”, ou seja, seguindo os padrões da gramática normativa, que não respeita a prosódia nacional.

10 – O poeta faz uma oposição entre o que “Diz a gramática / Do professor e do aluno / E do mulato sabido” e o que “o bom negro e o bom branco / Da Nação Brasileira / Dizem todos os dias”. Linguisticamente, o que ele quer mostrar?
      O distanciamento entre a variedade padrão e a variedade popular da língua.

11 – Associe o título ao conteúdo do poema e responda: 
a)   Que regra da variedade padrão d língua o poeta põe em discussão?
A regra que proíbe o emprego do pronome oblíquo em início de frase.

b)   Oswald de Andrade fez parte do modernismo, movimento literário que, entre outras propostas, valorizava nossas tradições e costumes. Considerando-se que a construção “Dê-me um cigarro” é própria da prosódia lusitana, para o autor, o que é ser brasileiro do ponto de vista linguístico?
É seguir a prosódia brasileira, em lugar da prosódia lusitana.

12 – Que função a palavra mas tem no poema?
      A de ligar a 1ª estrofe à 2ª, estabelecendo uma ideia de oposição, de contraste.

13 – A ausência de pontuação no poema é uma das “irreverências” dos escritores modernistas. Como seria a pontuação do poema, de acordo com a variedade padrão escrita?
      Resposta pessoal do aluno.


sábado, 25 de maio de 2019

POEMA: 3 DE MAIO - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: 3 de maio
          
  Oswald de Andrade

Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi.

 ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.

Entendendo o poema:
01 – No Manifesto da Poesia Pau-Brasil, Oswald de Andrade propunha: “Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres”.

a)   Aponte semelhanças entre o poema “3 de maio” e as ideias defendidas por Oswald no Manifesto da Poesia Pau-Brasil.
A verdadeira poesia é tida como aquela que é capaz de nos levar a ver as coisas como se fosse pela primeira vez.

b)   De acordo com as ideias presentes no poema e no manifesto, em que consiste “ver com olhos livres”?
Ver as coisas como elas realmente são. 

sexta-feira, 24 de maio de 2019

POEMA: A TRANSAÇÃO - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: A transação
        
     Oswald de Andrade

O fazendeiro criara filhos
Escravos escravas
Nos terreiros de pitangas e jabuticabas
Mas um dia trocou
O ouro da carne preta e musculosa
As gabirobas e os coqueiros
Os monjolos e os bois
Por terras imaginárias
Onde nasceria a lavoura verde do café.

                 Pau-Brasil. 2. ed. São Paulo: Globo, 2003.  p. 123.

Entendendo o poema:
01 – Em relação ao texto identifique elementos da paisagem nacional.
      Lavoura verde do café, gabirobas e coqueiros, monjolos e bois.

02 – O poema expressa um momento de profunda transformação vivida pela economia brasileira no século XX explicite esse momento.
      A Escravidão e o cultivo do café, pois era a base da economia na época.

03 – Associe o poema aos principais ciclos da economia brasileira. 
      O poema é associado aos escravos e ao café, pois os escravos plantavam o café que também os sustentava.

04 – Qual é o tema do poema “A transação”?
      Os negócios.

05 – Um dos traços da poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, são os temas nacionais, vistos por uma perspectiva crítica. Em relação ao poema “A transação”:
a)   Identifique no texto elementos da paisagem nacional.
Terreiros de pitangas e jabuticabas, as gabirobas e os coqueiros e a lavoura verde do café.

b)   O poema expressa um momento de profunda transformação vivida pela economia brasileira no início do século XX. Explicite esse momento.
“Tudo revertendo em riqueza.”.

c)   Associe o poema aos principais ciclos da economia brasileira.
Expressa o movimento republicano e início do processo da Proclamação da República.


terça-feira, 14 de maio de 2019

POEMA: MATURIDADE - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: Maturidade
   

           Oswald de Andrade

O Sr. e a Sra. Amadeu
    Participam a V. Exa.
        O feliz nascimento
            De sua filha
               Gilberta.
               Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade. 4. ed.
São Paulo: Globo, 2006. p. 50.
Entendendo o poema:

01 – No poema “Maturidade” de Oswald de Andrade, o corpo do poema se assemelha a que tipo gênero textual?

     O corpo do poema se assemelha ao gênero textual epistolar. 

02 – Tanto em sua poesia quanto em sua prosa, Oswald de Andrade fez uso de paródias, decolagens e da técnica dadaísta do ready-made, isso é, a atribuição de valor artístico a objetos deslocados de seu contexto normal de uso. Observe o poema “maturidade”.

a)     Com que tipo de gênero textual o corpo do poema se assemelha?
Anúncio. Assemelha-se a um cartão que informa o nascimento de um bebê.

b)     Que novo sentido o texto ganha com o título “maturidade”?
O texto ganha um teor filosófico, existencial. De que estão comemorando o nascimento da primeira filha, pois com o primeiro filho os pais amadurecem.

domingo, 17 de março de 2019

POESIA: BALADA DO ESPLANADA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Poesia: Balada do Esplanada

          
                 Oswald de Andrade

Ontem à noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.

É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.

Eu qu'ria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel

No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
Do menestrel

Pra m'inspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel

Mas não há poesia
Num hotel
Mesmo sendo
'Esplanada
Ou Grand-Hotel

Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador

Oswald de Andrade.  ANDRADE, O. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
Entendendo a poesia:
01 – No poema “Balada do Esplanada”, de que se trata?
      O eu lírico fala que não está venerando o amor e nenhuma mulher, mas sim está esperando um amor qualquer, que está em qualquer lugar.

02 – E no poema “Balada do Esplanada”, como o eu lírico se comporta? Explique e cite passagens justificando sua resposta.
      O eu lírico fracassa no desejo de ser menestrel, na escrita, embora tente fazê-lo na enunciação do poema.

03 – Nos versos: “Pra m'inspirar / Abro a janela / Como um jornal”. Que figura de linguagem há nestes versos?
      Elipse (supressão de um termo que pode ser facilmente subentendido pelo contexto linguístico ou pela situação).

04 – Quais são os dois substantivos no feminino e dois no masculino, que tem uma guinada irônica final no verso?
      Beija – flor; elevador - nós.

05 – Que é esplanada?
      É uma espécie de terreno plano, baldio.

06 – Nos versos: “Há poesia
                             Na dor
                             Na flor
                             No beija-flor
                             No elevador”.
        Por que nestes versos acontecem aliteração?
      Porque todos terminam com ou são repetidos o mesmo som.

07 – Por que o poema é uma imitação de estilo em regime lúdico?
      Porque o poeta imita a arte dos menestréis, produzindo uma balada ao estilo das tradicionais, onde insere palavras que apresentam elipse sonoras, a exemplo da pronúncia portuguesa: “Antes d’ir”; “Eu qu’ria”; “m’inspirar”; “splanada”.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

TEXTO: MANIFESTO PAU-BRASIL/ESCAPULÁRIO/VÍCIO NA FALA/O CAPOEIRA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Texto: Manifesto Pau-Brasil

                        Oswald de Andrade

        "A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.
        O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.
        Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia. Tudo revertendo em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases feitas. Negras de Jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar difícil.
        O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho.
        A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.
        Mas houve um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como borrachas sopradas. Rebentaram.
        A volta à especialização. Filósofos fazendo filosofia, críticos, critica, donas de casa tratando de cozinha.
        A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem.
        Tinha havido a inversão de tudo, a invasão de tudo: o teatro de tese e a luta no palco entre morais e imorais. A tese deve ser decidida em guerra de sociólogos, de homens de lei, gordos e dourados como Corpus Juris.
        Ágil o teatro, filho do saltimbanco. Ágil e ilógico. Ágil o romance, nascido da invenção. Ágil a poesia.
        A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança.
        Uma sugestão de Blaise Cendrars: – Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.
        Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos, perdidos como chineses na genealogia das ideias.
        A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.
        Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os futuristas e os outros.
        Uma única luta - a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação.
        Houve um fenômeno de democratização estética nas cinco partes sábias do mundo. Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadros de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava. A interpretação no dicionário oral das Escolas de Belas Artes queria dizer reproduzir igualzinho... Veio a pirogravura. As meninas de todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado - o artista fotógrafo.
        Na música, o piano invadiu as saletas nuas, de folhinha na parede. Todas as meninas ficaram pianistas. Surgiu o piano de manivela, o piano de patas. A pleyela. E a ironia eslava compôs para a pleyela. Stravinski.
        A estatuária andou atrás. As procissões saíram novinhas das fábricas.
        Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano.
        Ora, a revolução indicou apenas que a arte voltava para as elites. E as elites começaram desmanchando. Duas fases: 1º) a deformação através do impressionismo, a fragmentação, o caos voluntário. De Cézanne e Malarmé, Rodin e Debussy até agora. 2º) o lirismo, a apresentação no templo, os materiais, a inocência construtiva.
        O Brasil profiteur. O Brasil doutor. E a coincidência da primeira construção brasileira no movimento de reconstrução geral. Poesia Pau-Brasil.
        Como a época é miraculosa, as leis nasceram do próprio rotamento dinâmico dos fatores destrutivos.
        A síntese
        O equilíbrio
        O acabamento de carrosserie
        A invenção
        A surpresa
        Uma nova perspectiva
        Uma nova escala.
        Qualquer esforço natural nesse sentido será bom. Poesia Pau-Brasil.
        O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa.
        Uma nova perspectiva.
        A outra, a de Paolo Ucello criou o naturalismo de apogeu. Era uma ilusão ética. Os objetos distantes não diminuíam. Era uma lei de aparência. Ora, o momento é de reação à aparência. Reação à cópia. Substituir a perspectiva visual e naturalista por uma perspectiva de outra ordem: sentimental, intelectual, irônica, ingênua.
        Uma nova escala:
        A outra, a de um mundo proporcionado e catalogado com letras nos livros, crianças nos colos. O redame produzindo letras maiores que torres. E as novas formas da indústria, da viação, da aviação. Postes. Gasômetros Rails. Laboratórios e oficinas técnicas. Vozes e tics de fios e ondas e fulgurações. Estrelas familiarizadas com negativos fotográficos. O correspondente da surpresa física em arte.
        A reação contra o assunto invasor, diverso da finalidade. A peça de tese era um arranjo monstruoso. O romance de ideias, uma mistura. O quadro histórico, uma aberração. A escultura eloquente, um pavor sem sentido.
        Nossa época anuncia a volta ao sentido puro.
        Um quadro são linhas e cores. A estatuária são volumes sob a luz.
        A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.
        Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.
        Temos a base dupla e presente – a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva-doce. Um misto de "dorme nenê que o bicho vem pegá" e de equações.
        Uma visão que bata nos cilindros dos moinhos, nas turbinas elétricas; nas usinas produtoras, nas questões cambiais, sem perder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil.
        Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia íntima. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amorosa. A saudade dos pajés e os campos de aviação militar. Pau-Brasil.
        O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional.
        Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época.
        O estado de inocência substituindo o estada de graça que pode ser uma atitude do espírito.
        O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica.
        A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna.
        Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo digerido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.
        Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil."
                        OSWALD DE ANDRADE. In: Correio da Manhã, 18 de março de 1924.
      Disponível em: http://www.lumiarte.com / luardeoutono/oswald/manifpaubr.html.
                                                              Acesso em 20 abril 2003.
Entendendo o texto:
01 – Qual é a finalidade de um texto como esse?
      Apresentar e justificar uma nova proposta estética e literária.

02 – A quem parece ser dirigido?
      Ao público em geral, especialmente, àqueles interessados em arte e em poesia.

03 – Releia s seguintes enunciados. Qual é a finalidade deles para o propósito do texto?
·        “Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano.”
·        “O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa.”
·        “Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadros de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava. A interpretação no dicionário oral das Escolas de Belas Artes queria dizer reproduzir igualzinho...”
      Negar o que estava sendo feito então, através de crítica ao movimento parnasiano na poesia e o Naturalismo, na prosa.

04 – Explique com suas palavras a seguinte declaração do Manifesto: “Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.”
      É interessante levar o aluno a compreender que a produção modernista, tal como estava sendo proposta, não poderia ser analisada sob a luz dos acadêmicos de então.

05 – Observe que o Manifesto, de forma metalinguística, apresenta aquilo que prega. Cite e comente trechos do Manifesto que se utilizam da metalinguagem.
      Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo dirigido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem “ontologia”. Nesse trecho, o poeta manifesta, por meio de metalinguagem, economia e experimentalismo linguísticos, rompendo com a tradição da norma culta portuguesa da época, que prescrevia a sintaxe corrente e condenava as frases truncadas, a linguagem telegráfica, a falta de conjunções e preposições.

06 – “A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”
a)   O que se defende nesse trecho?
Uma língua brasileira, não condicionada ao padrão europeu.

b)   Faça um exercício: transforme esse trecho em um parágrafo mais corrente, adequado à sintaxe tradicional, empregando preposições, conjunções e verbos.
É preciso que a nossa língua esteja desprovida de arcaísmos, que seja empregada sem erudição, de forma natural e neológica. Todos os erros que cometemos são contribuições milionárias para a formação de um língua própria, que deve estar de acordo com o que falamos e com o que somos.

c)   Qual das formas é mais adequada para expressar o protesto do poeta?
A primeira. A forma que se distancia da sintaxe tradicional.

07 – A ironia e o deboche podem ser considerados recursos persuasivos, pois inibem os contra-argumentos de caráter lógico. Cite um trecho irônico e um satírico do “Manifesto Pau-Brasil”.
      “Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente.” “As meninas de todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado – o artista fotógrafo.”

08 – Compare as ideias contidas no “Manifesto Pau-Brasil” com os seguintes poemas, retirados do livro Poesia Pau-Brasil, publicado em 1925.

ESCAPULÁRIO

No Pão de Açúcar
De Cada Dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De Cada Dia.

      ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 5. ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 53.

a)   A que outro texto remete o poema?
À oração católica “Pai Nosso”.

b)   A primeira frase do Manifesto é “A poesia está nos fatos”. Relacione essa frase com o poema “Eucapulário”.
A poesia, para os modernistas da primeira geração, era visto como algo cotidiano, como o pão.

VÍCIO NA FALA

Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior dizem pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

      ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 5. ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80.

a)   A ideia de uma língua brasileira foi uma das preocupações de Oswald de Andrade. Como se manifesta nesse poema?
Os “telhados”, os textos, são construídos pelo povo, pela língua cotidiana.

b)   O que seria, metaforicamente, os “telhados” mencionados no último verso?
Pode ser uma referência aos textos, a tudo aquilo que se constrói, que se edifica.

O CAPOEIRA

- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.

       ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. 5. ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 87.

a)   Compare o poema com tomadas de uma câmara cinematográfica. O que há de semelhante?
A simultaneidade de imagens.

b)   Que outra característica própria da primeira geração modernista pode ser observada nesse poema?
A incorporação da linguagem popular.