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domingo, 2 de março de 2025

MANIFESTO: DA POESIA PAU-BRASIL - (FRAGMENTO) - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 MANIFESTO: DA POESIA PAU-BRASIL – Fragmento

                      Oswald de Andrade

        A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.

        [...]

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhswNuqJgTTX-uoviamxG8bUrN1oEoqfykgRA1AiNIxtvck9zxAsulnUFdIyxwi5lfIDVA-zilDhEwFWJr4ZjWrtJQb-pkWiLrWwZUqvo8leyQC72OWgLsPhjBL2t_27_5GjbQyRnVabB9NRKQTtLszHzD-11C6tBEkaamShBN9oXmcNQSNa2KB4JLJfLA/s320/PAU.jpg

        Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. [...]

        A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.

        [...]

        O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa

        [...]

        Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.

        [...]

In: Gilberto Mendonça Teles. Vanguarda europeia e Modernismo brasileiro. Petrópolis, Vozes; Brasília, INL, 1976.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 254-255.

Entendendo o manifesto:

01 – Qual é a principal proposta do Manifesto da Poesia Pau-Brasil?

      A principal proposta do manifesto é a criação de uma poesia brasileira original e autêntica, que valorize a cultura local, a linguagem coloquial e a síntese, em contraposição à poesia tradicional e erudita.

02 – O que significa a afirmação de que "a poesia existe nos fatos"?

      Essa afirmação significa que a poesia não está apenas nos livros ou nos poemas, mas também na realidade cotidiana, na beleza das paisagens, nas cores das casas e na forma como as pessoas se expressam. Oswald de Andrade defende que a poesia deve estar presente na vida real, e não apenas em ambientes eruditos.

03 – Qual é a crítica do manifesto ao "gabinetismo" e à "prática culta da vida"?

      O manifesto critica a poesia que se distancia da vida real, que se fecha em gabinetes e se preocupa apenas com a erudição e a formalidade. Oswald de Andrade defende uma poesia que se conecte com a vida cotidiana, com a linguagem do povo e com a realidade brasileira.

04 – Quais são as características da "língua pau-brasil" defendida no manifesto?

      A "língua pau-brasil" é uma língua sem arcaísmos, sem erudição, natural e neológica, que valoriza a contribuição de todos os erros e que se expressa como falamos e como somos. É uma língua que busca a originalidade e a autenticidade, em contraposição à língua erudita e formal.

05 – Quais são as principais características da estética pau-brasil defendida no manifesto?

      A estética pau-brasil defende a síntese, o equilíbrio geométrico, o acabamento técnico, a invenção e a surpresa, em contraposição ao detalhe naturalista e à morbidez romântica. É uma estética que busca a originalidade, a criatividade e a liberdade de expressão.

 

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

MANIFESTO: ANTROPÓFAGO - FRAGMENTO - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 MANIFESTO: ANTROPÓFAGO – Fragmento

                       Oswald de Andrade

        Só a ANTROPOFAGIA nos une. Socialmente. Economicamente.

        Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

        Tupi, or not tupi that is the question. [...]

        Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwYxKXIwQDLuwa6LkFjXRPNRcb52fQ1zdiXGn0P-ppRgIbTnUQj6TVvlI3ys8lKZh44G1jd27bvKVeXCtmh_k-dZ7EnLHQgZpXQ9N01c3zP1SCjVGLqCdqyuV3rj74W3adsQPdXwXpd7OrqRPMulg4_iFabAd6P1Bj3GAJ7auX5-wIZSocFeJtXXDpx3Q/s320/OSWALD.jpg


        Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.

        A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.

        [...]

        Nunca fomos catequizados. Fizemos foi o Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.

        [...]

        Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade. [...]

        [...]. A alegria é a prova dos nove.

        No matriarcado de Pindorama. [...]

        [...]

        Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema. [...]

        A nossa independência ainda não foi proclamada. [...]

        Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.

In: Gilberto Mendonça Teles. Op. Cit. p. 293, 294, 296, 298, 299 e 300.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 255.

Entendendo o manifesto:

01 – Qual é a ideia central do Manifesto Antropófago?

      A ideia central do manifesto é a proposta de uma cultura brasileira original e forte, que, em vez de copiar modelos estrangeiros, os "devora" e transforma, criando algo novo e genuinamente nacional. Essa "devoração" é a antropofagia, uma metáfora para a assimilação crítica e criativa de influências externas.

02 – O que significa a frase "Tupi, or not tupi: that is the question"?

      Essa frase é uma paródia da famosa fala de Hamlet ("To be or not to be: that is the question") e representa a busca por uma identidade brasileira autêntica, baseada nas raízes indígenas e na cultura local, em vez de seguir modelos europeus.

03 – Qual é a crítica do manifesto aos "importadores de consciência enlatada"?

      O manifesto critica a importação acrítica de ideias e modelos culturais estrangeiros, que sufocam a criatividade e a originalidade brasileiras. Oswald de Andrade defende a valorização da "existência palpável da vida" brasileira, com suas particularidades e riquezas.

04 – O que é a "Revolução Caraíba" defendida no manifesto?

      A "Revolução Caraíba" é uma metáfora para a transformação radical da cultura brasileira, inspirada nas revoltas indígenas e na força da cultura local. Oswald de Andrade a considera maior que a Revolução Francesa, pois busca a "unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem".

05 – Qual é a visão do manifesto sobre o passado do Brasil?

      O manifesto idealiza o passado do Brasil, especialmente o período pré-colonial, como uma época de felicidade e liberdade, antes da chegada dos portugueses e da imposição da cultura europeia. Oswald de Andrade valoriza a cultura indígena e o "matriarcado de Pindorama".

06 – Qual é a crítica do manifesto à catequização e à cultura europeia?

      O manifesto critica a catequização e a imposição da cultura europeia, que teriam sufocado a cultura indígena e a originalidade brasileira. Oswald de Andrade critica figuras como Anchieta e a idealização da cultura portuguesa nas obras de Alencar.

07 – Qual é a proposta do manifesto para a independência do Brasil?

      O manifesto defende que a independência do Brasil ainda não foi totalmente alcançada, pois o país ainda está preso a modelos culturais estrangeiros. Oswald de Andrade propõe uma "independência antropofágica", que consiste em "devorar" e transformar as influências externas, criando uma cultura brasileira autêntica e original.

 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

POEMA: BRASIL - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Brasil

O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
― Sois cristão?
― Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
― Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn6F__csBblEoJvs_fidtsuqealVYLECxcl1zxL4vAFCS3llaNXknIfGZMxHbr4e7UbMxlKyTPXqk-KCBUSD-Mq7pL5GzFRN0YBEg14-dPvzdssCGl0cJjydNtHhfCBYRbS0jgBYp6k7rEuVd8x3Rz5pBw1Sc0-c5k2jhmF0HX-aBiA9_6Q97y0PyYyT0/s1600/CARAVELA.jpg 


Oswald de Andrade.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 227.

Entendendo o poema:

01 – Qual o significado da pergunta "Sois cristão?" feita ao índio no poema?

      A pergunta "Sois cristão?" não busca apenas uma resposta religiosa, mas simboliza a imposição cultural europeia sobre os povos indígenas. É uma forma de questionar a identidade e os valores do outro, impondo um padrão cultural e religioso.

02 – O que representam as onomatopeias "Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!" e "Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!"?

      As onomatopeias representam a tentativa de imitar sons e expressões indígenas e africanas, respectivamente. Elas servem para enfatizar a diversidade cultural que compõe a identidade brasileira, mas também para ironizar a forma como essa diversidade é muitas vezes estereotipada e simplificada.

03 – Qual a crítica social presente no poema?

      O poema critica a colonização brasileira, a escravidão e a imposição da cultura europeia sobre os povos indígenas e africanos. A ironia e a linguagem coloquial são utilizadas para subverter os valores tradicionais e questionar a construção da identidade nacional.

04 – Como o Carnaval é retratado no poema?

      O Carnaval é apresentado como resultado da miscigenação cultural, fruto da união entre portugueses, indígenas e africanos. No entanto, a celebração é vista de forma ambígua, como um momento de encontro e diversidade, mas também como uma forma de mascarar as desigualdades sociais e as contradições da sociedade brasileira.

05 – Qual a importância do poema "Brasil" para a literatura brasileira?

      O poema "Brasil" é considerado um dos mais importantes da literatura modernista brasileira por sua originalidade, irreverência e capacidade de sintetizar a complexidade da identidade nacional. Ele contribuiu para a renovação da poesia brasileira, abrindo caminho para novas formas de expressão e questionamento.

 

 

sábado, 28 de maio de 2022

POEMA: PERO VAZ DE CAMINHA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Pero Vaz de Caminha

 A Descoberta

Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra

Os Selvagens

Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados

As Meninas da Gare

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.

 ANDRADE, Oswald de. Pau Brasil. In: Obras completas. 5. ed. São Paulo: Globo, p. 69-70. 

 

Poema: A Mão-de-obra

São bons de porte e finos de feição

E logo sabem o que se lhes ensina,

Mas têm o grave defeito de ser livres.

    PAES, José Paulo. In: Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1996, p. 86. (Seleção de Davi Arrigucci Jr.).

Fonte: Livro – Língua Portuguesa – Heloísa Harue Takazaki – ensino médio – Coleção Vitória-Régia – Volume único – 1ª edição Curitiba - IBEP. 2004, p. 92-3.

Entendendo o poema:

01 – Começaremos a análise, observando o poema de Oswald de Andrade. A construção desse poema tem a ver com a construção da obra de arte acima. De posse dessa informação, explique como o poema foi construído.

      A obra de Picasso se constitui de fragmentos, pedaços de papéis e elementos naturais recortados e colados. A obra de Oswald de Andrade também foi feita a partir de uma remontagem: o poeta escolheu, “recortou” e remontou frases da Carta de Caminha, criando uma nova configuração para o texto: um poema.

02 – Para cada conjunto de versos, no poema “Pero Vaz de Caminha”, Oswald de Andrade criou um título. Qual desse títulos...

a)   Dessacraliza o fato histórico, tratando o descobrimento com uma certa ironia, ao sugerir que a chegada dos portugueses foi fruto de um “acaso”?

“A Descoberta”.

b)   Contrapõe-se com as ideias do corpo do poema? Como?

“Os Selvagens”. A ideia de ferocidade presente no título é negada no poema: eles têm medo de uma galinha.

c)   Mistura tempos históricos e faz comparações?

“As Meninas da Gare”. As índias estão sendo comparadas às “meninas” da estação de trem.

03 – Tome o texto de Oswald como um todo: a ideia foi a de endossar ou inverter os sentidos da Carta original de Caminha? Explique.

      A ideia foi inverter, satirizar as ideias contidas na Carta de Pero Vaz de Caminha.

04 – A obra “Pau Brasil”, de Oswald de Andrade, foi publicada originalmente em 1929 e constitui a síntese de uma visão histórica. A ideia do poeta era entender o país, a formação e o pensamento brasileiros numa época de insatisfação política e de crescente nacionalismo. Nesse sentido, pode-se dizer que a colagem de Oswald de Andrade também reflete uma visão crítica que tem a ver com seu tempo? Por quê?

      Sim, a escolha do tema e a crítica às ideias da época sobre o “achamento” do Brasil estão presentes no texto de Oswald.

05 – Agora, releia o poema de José Paulo Paes, que é posterior ao de Oswald de Andrade. Pode-se dizer que esse poema, “A mão-de-obra”, dialoga tanto com a Carta de Caminha quanto com o poema de Oswald de Andrade? Explique.

      Sim. O poema de José Paulo Paes também é uma montagem de frases recortadas da Carta de Caminha, estrutura essa que “dialoga” intertextualmente com a obra de Oswald.

06 – Quanto ao sentido, o poema de José Paulo Paes endossa a visão de Caminha ou se aproxima da visão crítica de Oswald? Explique.

      Aproxima-se da visão crítica de Oswald. O título sugere que o interesse português sobre os primeiros povos que aqui estavam era a condição que apresentavam para o trabalho.

 

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

POESIA: VÍCIO DA FALA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: Vício da fala

   Oswald de Andrade

Para dizerem milho dizem mio

Para melhor dizem mió

Para pior pió

Para telha dizem teia

Para telhado dizem teiado

E vão fazendo telhados.

Disponível em: Acesso em: 20 set. 2017.


Entendendo a poesia:

01 – A poesia a seguir, intitulada de “Vício da fala”, de autoria de Oswald de Andrade, é um texto característico do modernismo brasileiro de primeira fase, cuja característica é a crítica bem-humorada da cultura e da sociedade brasileira. Com base nisso, escolha a alternativa que melhor descreve essa crítica trazida pelo texto:

a)   O poeta retrata a realidade dura dos trabalhadores da construção civil, mas entende que o trabalho manual é muito lento, por esse motivo eles não conseguem estudar.

b)   O poeta retrata a realidade dura dos trabalhadores da construção civil, criticando o ensino da língua portuguesa nas escolas como insuficiente para ensinar o português padrão.

c)   O poeta retrata a realidade dura dos trabalhadores que constroem as cidades e que, por sua vez, carecem de oportunidades para uma vida melhor, como a educação, por exemplo.

d)   O poeta retrata uma realidade social caracterizada pela diferença de classes sociais, já que os trabalhadores não podem comprar o material para os telhados que eles constroem.

02 – A poesia “Vício da fala” é um texto do movimento modernista brasileiro, que, em sua primeira fase, teve seu auge nos anos 20 com a Semana de Arte Moderna de São Paulo, que se tornou o marco inicial do próprio movimento. Nessa semana, os expoentes da arte modernista brasileira puderam apresentar seus trabalhos relacionados à arte, à literatura etc. Considerando-se a crítica trazida pela poesia “Vício da fala” e as próprias características desse movimento, escolha a alternativa que melhor resume esse modernismo de primeira fase:

a)   Movimento de encontro de uma identidade nacional por meio da descrição de paisagens idílicas e tipos humanos brasileiros apresentados como heróis.

b)   Movimento de vanguarda que procurou romper com os modelos tradicionais, principalmente europeus, buscando sua própria identidade artística.

c)   Movimento experimental que valorizou a mistura de sensações muito mais do que o sentido estrito das imagens e palavras em relação à realidade.

d)   Movimento que buscou, por meio da arte e da literatura, reconstruir de forma clara e objetiva os dados da realidade vivida nos meios urbanos e rurais.

 

03 – Sobre o poema de Oswald de Andrade, julgue as seguintes proposições:

I. O poema de Oswald de Andrade volta-se contra o preconceito linguístico e nos chama a atenção para a necessidade de uma espécie de ética linguística pautada na diferença entre as línguas, nesse caso em uma única língua.

II. O poema critica a maneira de falar do povo brasileiro, sobretudo das classes incultas que desconhecem o nível formal da língua.

III. Para ele, os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”, “teiado”, de certa forma, constroem um “telhado”, ou seja, criam novas formas de pronúncia que se sobressaem, em muitos casos, à norma culta.

IV. A palavra “vício”, encontrada no título do poema, denota certo preconceito linguístico do autor, que julga a norma culta superior ao coloquialismo presente na fala das pessoas menos esclarecidas.

a)   Todas estão corretas.

b)   I e III estão corretas.

c)   I, III e IV estão corretas.

d)   II e III estão corretas.

04 – No contexto histórico-cultural do movimento modernista brasileiro, o poema “Vício na fala” tem como motivação uma importante questão para os seus maiores representantes, particularmente Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Trata-se de

a)     Experimentar uma estética revolucionária, que seja uma possibilidade para a interpretação da realidade nacional.

b)     Criticar a elite cultural nacional por reconhecer e reverenciar o valor literário dos erros da norma linguística não culta.

c)     Valorizar a tendência principal do movimento realista brasileiro: tornar irrelevantes os erros gramaticais da fala popular.

d)     Ironizar a pretensão literária dos autores pré-modernistas, cujos textos tinham por base os desvios da norma culta.

05 – Assinale a alternativa correta sobre a variedade do português utilizado na construção do poema.

a)   O texto trata de vícios de linguagem na fala de descendentes de imigrantes italianos e alemães na Região Sul do Brasil.

b)    O poeta se refere a uma variedade de língua usada no Brasil pelos escravos, que desapareceu após a abolição da escravatura.

c)   O autor aborda a pronúncia estereotipada dos brasileiros que moram em regiões de fronteira e têm contato com a língua espanhola.

d)   O poema apresenta exemplos de variação linguística no português falado no Brasil, característica de diferentes grupos sociais.

e)   O poema critica o modo como as pessoas incultas usam a língua portuguesa no Brasil.

06 – De quem o poeta está falando?

      O poeta refere-se ao povo (aos trabalhadores) brasileiros.

 

quarta-feira, 1 de julho de 2020

POEMA: APERITIVO - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: APERITIVO

     Oswald de Andrade

A felicidade anda a pé
Na Praça Antônio Prado
São 10 horas azuis
O café vai tão alto como a manhã de arranha-céus
Cigarros Tietê
Automóveis
A cidade sem mitos.

ANDRADE, Oswald de.

Entendendo o poema:

01 – Todas as características seguintes podem ser verificadas nos versos, menos uma. Indique-a.

a)   Valorização do cotidiano.

b)   Nacionalismo.

c)   Verso livre.

d)   Influência das vanguardas europeias.

e)   Resgate de valores tradicionais.

02 – Nos dois primeiros versos do poema, qual é a imagem inicial da cidade de São Paulo e da “vida” que nela se movimenta?

      O passeio do poeta pela paulistaníssima Praça Antônio Prado.

03 – Em que momento do dia se desenrola essa cena?

      Pela manhã.

04 – Que imagens são utilizadas para caracterizar esse momento?

      Café, céu azul, dia claro.

05 – Os três últimos versos do poema apresentam outros aspectos da cidade por meio de alguns elementos. Que elementos são destacados pelo eu lírico?

      Os aspectos da cidade são apresentados através do cigarro, do Rio Tietê e os automóveis.

      O eu lírico fala sobre o progresso que ainda viria na cidade.

06 – Explique por que a composição desse poema é comparada de uma pintura cubista.

      A cena é montada em quadros que aparentemente não se encaixam. Ele pega partes do cenário, enquadra e coloca um sobre o outro.

07 – No verso: “O café vai alto como a manhã de arranha-céus”, que traços do modernismo há? De que realidade brasileira é citada neste verso?

      Os traços são: linguagem simples, o urbanismo com os “arranha-céus”.

      Ele cita o café que é o que movimenta a economia na época, sendo assim dando importância a realidade brasileira.


quarta-feira, 12 de junho de 2019

POEMA: PRONOMINAIS - OSWALD DE ANDRADE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Pronominais
    
          Oswald de Andrade

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

Pau-Brasil. 2. ed. São Paulo: Globo, 2003. p. 167.

Entendendo o poema:

01 – Em se tratando da gramática normativa em relação à colocação pronominal, qual foi a intenção do autor diante de sua criação?
      A intenção do autor foi de criticar as padronizações da chamada linguagem culta. Desta maneira ele utiliza-se da ironia para repudiar as ideologias concernentes à era parnasiana.  
  
02 – Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:
a)   Condenam essa regra gramatical.
b)   Acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
c)   Criticam a presença de regras na gramática.
d)   Afirmam que não há regras para uso de pronomes.
e)   Relativizam essa regra gramatical.

03 – Identifique no poema de Oswald de Andrade um exemplo de colocação pronominal de acordo com a norma culta e outro de acordo com a língua informal. Em seguida, explique o uso desses pronomes encontrados, informando se há próclise, mesóclise ou ênclise.
      Informal: "Me dá um cigarro" utilização de próclise e que não é permitido de acordo com a gramatica brasileira por iniciar a frase com um pronome.     Formal: "Dê-me um cigarro" utilização de ênclise que está de acordo com a norma culta da gramática brasileira.

04 – Como podemos justificar o erro de colocação pronominal na poesia de Oswald de Andrade?
      O "erro" pode ser justificado de acordo com a norma gramatical de que não se pode iniciar uma frase com pronominal.

05 – Quanto à linguagem e à rima, qual é a diferença entre esse poema e os poemas “tradicionais”?
      A principal característica da poesia modernista da primeira fase foi a transgressão aos modelos de poesia da época. OSWALD DE ANDRADE propunha novos temas revolucionário a forma (rima – versos livres) – ausência de ritmo. E conteúdo para criar uma poesia genuinamente brasileira.

06 – Qual é a principal crítica do autor?
      Critica a gramática normativa (norma culta) valoriza em seus versos a fala popular, a do “bom falante”.

07 – A partir de poemas como esse, o que a primeira geração modernista propunha como mudança para a literatura em nosso país?
      Sim, a mudança era reduzir a distância entre a linguagem falada e escrita, uma as principais característica do Primeiro Tempo Modernista.

08 – Marque a alternativa incorreta em relação ao poema modernista:
a)   Exaltação do falar coloquial brasileiro.
b)   A presença do humor/ironia.
c)   A liberdade da métrica.
d)   Discriminação racial.
e)   Nacionalização da Língua Portuguesa.

09 – De acordo com o poema, o que é ser um “bom brasileiro”?
      O bom brasileiro é aquele que fala o português do Brasil, não aquele que fica “macaqueando a sintaxe lusíada”, ou seja, seguindo os padrões da gramática normativa, que não respeita a prosódia nacional.

10 – O poeta faz uma oposição entre o que “Diz a gramática / Do professor e do aluno / E do mulato sabido” e o que “o bom negro e o bom branco / Da Nação Brasileira / Dizem todos os dias”. Linguisticamente, o que ele quer mostrar?
      O distanciamento entre a variedade padrão e a variedade popular da língua.

11 – Associe o título ao conteúdo do poema e responda: 
a)   Que regra da variedade padrão d língua o poeta põe em discussão?
A regra que proíbe o emprego do pronome oblíquo em início de frase.

b)   Oswald de Andrade fez parte do modernismo, movimento literário que, entre outras propostas, valorizava nossas tradições e costumes. Considerando-se que a construção “Dê-me um cigarro” é própria da prosódia lusitana, para o autor, o que é ser brasileiro do ponto de vista linguístico?
É seguir a prosódia brasileira, em lugar da prosódia lusitana.

12 – Que função a palavra mas tem no poema?
      A de ligar a 1ª estrofe à 2ª, estabelecendo uma ideia de oposição, de contraste.

13 – A ausência de pontuação no poema é uma das “irreverências” dos escritores modernistas. Como seria a pontuação do poema, de acordo com a variedade padrão escrita?
      Resposta pessoal do aluno.


sábado, 25 de maio de 2019

POEMA: 3 DE MAIO - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: 3 de maio
          
  Oswald de Andrade

Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi.

 ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.

Entendendo o poema:
01 – No Manifesto da Poesia Pau-Brasil, Oswald de Andrade propunha: “Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres”.

a)   Aponte semelhanças entre o poema “3 de maio” e as ideias defendidas por Oswald no Manifesto da Poesia Pau-Brasil.
A verdadeira poesia é tida como aquela que é capaz de nos levar a ver as coisas como se fosse pela primeira vez.

b)   De acordo com as ideias presentes no poema e no manifesto, em que consiste “ver com olhos livres”?
Ver as coisas como elas realmente são. 

sexta-feira, 24 de maio de 2019

POEMA: A TRANSAÇÃO - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: A transação
        
     Oswald de Andrade

O fazendeiro criara filhos
Escravos escravas
Nos terreiros de pitangas e jabuticabas
Mas um dia trocou
O ouro da carne preta e musculosa
As gabirobas e os coqueiros
Os monjolos e os bois
Por terras imaginárias
Onde nasceria a lavoura verde do café.

                 Pau-Brasil. 2. ed. São Paulo: Globo, 2003.  p. 123.

Entendendo o poema:
01 – Em relação ao texto identifique elementos da paisagem nacional.
      Lavoura verde do café, gabirobas e coqueiros, monjolos e bois.

02 – O poema expressa um momento de profunda transformação vivida pela economia brasileira no século XX explicite esse momento.
      A Escravidão e o cultivo do café, pois era a base da economia na época.

03 – Associe o poema aos principais ciclos da economia brasileira. 
      O poema é associado aos escravos e ao café, pois os escravos plantavam o café que também os sustentava.

04 – Qual é o tema do poema “A transação”?
      Os negócios.

05 – Um dos traços da poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, são os temas nacionais, vistos por uma perspectiva crítica. Em relação ao poema “A transação”:
a)   Identifique no texto elementos da paisagem nacional.
Terreiros de pitangas e jabuticabas, as gabirobas e os coqueiros e a lavoura verde do café.

b)   O poema expressa um momento de profunda transformação vivida pela economia brasileira no início do século XX. Explicite esse momento.
“Tudo revertendo em riqueza.”.

c)   Associe o poema aos principais ciclos da economia brasileira.
Expressa o movimento republicano e início do processo da Proclamação da República.