quinta-feira, 16 de maio de 2019

DIÁRIO: CONFLITOS DE LUCAS -JÚLIO EMÍLIO BRAZ - COM GABARITO

DIÁRIO:(FRAGMENTO): CONFLITOS DE LUCAS
       
    Júlio Emílio Braz

        Dinheiro meu, problema seu.  A frase se encaixa como uma luva no meu relacionamento com a mesada que papai me dá.
        Não dá para dizer que ele seja injusto. Tanto eu quanto Serginho, meu irmão, recebemos exatamente a mesma quantia e na mesma data.  O meu dinheiro acaba bem antes e quase sempre peço emprestado a ele. Serginho empresta, mas cobra juros e ainda faz questão que meu pai saiba. Conclusão: acabo endividado e levando bronca.
        [...]
        Gosto de Gastar, qual o problema?
        Sou uma vítima da mídia, presa fácil dessa sociedade consumista, qualquer marketing mais esperto me leva no bico. O mundo enche meus olhos com coisas demais e eu gosto de ter, preciso ter. Todo mundo tem, quer ter. Afinal, são tantos apelos da mídia martelando nossa cabeça, criando necessidades...
        Será que é a fase?
        Há coisas que eu compro por comprar e outras, porque eu acho que vão ficar legais ou têm tudo a ver comigo. Muitas vezes nem preciso.
        É crime querer gastar?
        Já posso ouvir meu pai respondendo:
        “Ótimo! Então comece a gastar o seu!”
        Concordo. Tudo a ver. Falo em arranjar um emprego. Briga novamente.
        “Primeiro a escola!”
        Ele repete a mesma frase um montão de vezes, um disco quebrado, enquanto acrescenta mais alguns trocados na mesada. Um cala-boca financeiro.
        Estou ficando de saco cheio de mesada. Quero ganhar o meu. Dá para colocar as duas coisas no mesmo saco: trabalho e escola. Viver dependendo de mesada é como viver à mercê das broncas de meu pai e do agiota juvenil do meu irmão.

        Júlio Emílio Braz. Os papéis de Lucas: pequeno inventário de um adolescente comum. São Paulo: Ediouro, 2000. p. 51.
Entendendo o texto:

01 – Em sua opinião, o que teria motivado Lucas a escrever um diário?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – O que você acha da postura de Lucas diante de seus gastos e sua relação com o consumo? Explique.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – O autor do texto que você leu registra fatos e pontos de vista em 1ª pessoa. A escolha do foco narrativo está adequada ao gênero textual? Justifique sua resposta relacionando-a ao gênero em questão.
      O foco narrativo em 1ª pessoa está adequado ao gênero textual, porque se trata de uma página de diário. Nesse gênero, o autor escreve suas próprias experiências, sentimentos e fatos vividos de forma íntima e confidente.

04 – A linguagem utilizada pressupõe qual tipo de situação comunicativa: formal ou informal? Justifique sua resposta.
      Informal. Porque o produtor do texto registra fatos e sentimentos dele para ele mesmo.

05 – O que motivou Lucas a escrever essa página de diário?
      A relação dele com o consumo e a mesada que recebe do pai.

06 – O relato de Lucas apresenta continuidade ou é registrado livremente, sem a preocupação com a linearidade dos fatos?
      É registrado livremente, de acordo com o que vem à mente de Lucas.

07 – A que público textos como esse, geralmente, são destinados?
      Normalmente, textos como esse são destinados ao próprio autor, como registro de memória de fatos que acontecem consigo.

08 – No início do diário, Lucas afirma que a mesada dele acaba antes da de Serginho. Ao longo do texto, ele deixa claro por que isso ocorre? Justifique apontando as diferenças entre o comportamento de Lucas e o de seu irmão.
      Sim. Lucas tem hábitos consumistas, gasta em excesso e não consegue administrar sua mesada. Já seu irmão é mais contido, pois consegue administrar bem o dinheiro que recebe do pai.

09 – Diante da falta de dinheiro, Lucas atribui a culpa a quem? Por quê?
      Aos apelos da mídia, pois ela estimula aquisição de algo que nem sempre é realmente necessário.

10 – Para fechar o relato dessa página de diário, Lucas expõe sua opinião sobre mesada e consumo. O que ele conclui?
      Lucas conclui que ser dependente de mesada dada pelo pai não é bom. Assim, deseja ter seu próprio dinheiro, por meio de um emprego, conciliando-o com a escola.


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