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sexta-feira, 17 de outubro de 2025

CONTO: A CASA DA GRITARIA - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM QUESTÕES OBJETIVAS E GABARITO

 Conto: A Casa da Gritaria - Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        — Que barulhada! — exclamou Emília, ao aproximar-se da Casa das INTERJEIÇÕES. — Será algum viveiro de papagaios?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoEOjq6s9iMzFzpGgSCA5SSftblFPqs_r_oyCPVHNKJ2175u0MsJvnu1qTm-ALBMHuVNVcDksmCBk3C4_wfw9cMgF6EH654zkBDX4KdY6A1XbycxwgwNH2LHOZ2btMUGKP3X4rkfETLSnWcuFp6rO7oQzpYeiaq2SUd2i_6LbfrQD9IxWYXj3-sPnNboQ/s320/1853567fab11a9187d1a36d210cdd8ad.jpg


        — São elas. Aquilo lá dentro parece um hospício, porque as Interjeições não passam de gritinhos.

        — Gritos de quê?

    — De tudo. Gritos de Dor, de Alegria, de Aplauso...

        A Casa das Interjeições parecia mesmo um viveiro de papagaios. Assim que entrou, Emília viu passarem correndo dois gemidinhos de DOR, as Interjeições Ai! e Ui! Logo em seguida viu, a dar pulos, três gritinhos de ALEGRIA: — Ah! Oh! Eh! Depois viu três de nariz comprido, as Interjeições de DESEJO: — Tomara! Oh! Oxalá! E viu três num entusiasmo doido — as Interjeições de ANIMAÇÃO: — Eia! Sus! Coragem! E viu quatro de APLAUSO, batendo palmas: — Viva! Bravo! Bem!

        Apoiado! E viu mais quatro com caras de horror e nojo, que eram as Interjeições de AVERSÃO: — Ih, Xi! Irra! Apre! E viu algumas de APELO, chamando desesperadamente alguém:

        — Olá! Psiu! Alô! E viu duas de SILÊNCIO, encolhidinhas, de dedo na boca: — Psiu! Caluda! E viu uma bem velhinha, de ADMIRAÇÃO — Cáspite! 

        — Que baitaquinhas! — comentou Emília, tapando os    ouvidos. — Já estou tonta, tonta...

        — E há ainda aqui — disse o Verbo Ser — esta pequena caixa com as ONOMATOPÉIAS, OU Interjeições IMITATIVAS de certos sons.

        Emília viu nessa caixinha as Onomatopeias Chape!, que imita o som do animal patinhando n'água. E viu Zás-Trás!, que imita movimento rápido. E viu também o célebre Nhoque!, muito usado por Pedrinho para imitar bote de cachorro bravo,  E viu Tchibum! — que imita barulho duma coisa que cai  n'água. E viu Trrrlin!, que imita som de esporas no assoalho,  E viu Tique-Taque, som de relógio. E ToqueToque, som de batida em porta. E viu Coin, Coin, Coin, som de Rabicó quando leva pelotadas do bodoque de Pedrinho.

        — Sim, senhor! — disse Emília, retirando-se. — São muito galantinhas, mas deixam uma pessoa atordoada. Lá no sítio usamos muito algumas destas interjeições, e ainda várias outras inventadas por nós. Tia Nastácia é uma danada para inventar Interjeições. Danada para tudo, aquela negra...

        E, mudando de tom:

        — Por que Vossa Serência não aparece por lá, um dia, para uma visita a Dona Benta? Por ser muito velho? Ora, deixe-se disso!... Estamos lá acostumados com a velhice. Dona Benta é velha e Tia Nastácia também. Cachorro bravo?... Oh, é bicho que nunca houve no sítio. Só temos Rabicó, que é um marquês que não morde, e a Vaca Mocha, que não tem chifre — e agora este Quindim, que é a pérola dos gramáticos.

        — E há ainda mais coisas por lá — continuou Emília, depois duma pausa. — Há os famosos bolinhos de Tia Nastácia, feitos de polvilho, leite, uma colherzinha de sal, etc. Depois ela frita. Quando Rabicó sente de longe o cheiro desses bolinhos, vem na volada. Mas não pilha um só. É comida de gente e não de... marquês.

        E finalizou, com uma piscadinha marota:

        — Dona Benta é viúva. Vá, que até pode sair casamento...

        O Verbo Ser olhava para Emília com os olhos arregalados. Ele não sabia a história da célebre torneirinha de asneiras...

Entendendo o conto:

01. No trecho, o que a personagem Emília pensa que a Casa das INTERJEIÇÕES poderia ser, ao ouvir a barulhada?

A. Um circo com animais.

B. Um asilo de velhinhos.

C. Uma fábrica de doces.

D. Um viveiro de papagaios.

 02. De acordo com o Verbo Ser, por que a Casa das Interjeições parece um hospício?

A. Porque as Interjeições não passam de gritinhos.

B. Porque as Interjeições são bichos selvagens e perigosos.

C. Porque as Interjeições estão doentes e precisam de cuidado.

D. Porque as Interjeições estão sempre cantando ópera.

 

03. Quais Interjeições são representadas no conto como 'gemidinhos de DOR'?

A. Tomara! Oh! Oxalá!

B. Ai! e Ui!

C. Olá! Psiu! Alô!

D. Viva! Bravo!

 

04. Qual é a classificação das interjeições 'Ih, Xi! Irra! Apre!', que Emília viu 'com caras de horror e nojo'?

A. Interjeições de AVERSÃO.

B. Interjeições de APLAUSO.

C. Interjeições de SILÊNCIO.

D. Interjeições de ANIMAÇÃO.

 

05. Qual a onomatopeia que, segundo o texto, imita o som de 'batida em porta'?

A. Tique-Taque.

B. Toque-Toque.

C. Trrrlin!

D. Chape!

 

06. O que as ONOMATOPÉIAS representam, de acordo com a explicação do Verbo Ser?

A. Interjeições Imitativas de certos sons.

B. Interjeições de Desejo.

C. Palavras que indicam nome de pessoas.

D. Gritos de Admiração.

 

07. Qual onomatopeia, listada no texto, representa o som 'que imita barulho duma coisa que cai n’água'?

A. Nhoque!

B. Chape!

C. Zás-Trás!

D. Tchibum!

 

08. Qual interjeição (ou grupo) é mencionada no texto como sendo 'bem velhinha' e expressando ADMIRAÇÃO?

A.Oxalá!

B. Cáspite!

C. Caluda!

D. Ai!

 

09. Ao final do trecho, o que Emília sugere ao Verbo Ser sobre Dona Benta?

A. Que ele deveria fazer os bolinhos de polvilho.

B. Que Dona Benta quer vender o Sítio.

C. Que ele faça uma visita para tentar um casamento com ela.

D. Que ele ajude a proteger o sítio do cachorro bravo.

 

10. Qual personagem do Sítio do Picapau Amarelo é chamado por Emília de 'a pérola dos gramáticos' no final do conto?

A. O Verbo Ser.

B. Quindim.

C. Tia Nastácia.

D. Rabicó.

 

 

 

 

 

CONTO: A VIAGEM - O SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO VI - FRAGMENTO - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 Conto: A viagemO Sítio do Pica-pau Amarelo VI – Fragmento

            Monteiro Lobato

        [...]

        Narizinho respondeu ao convite por meio dum borboletograma.

        Não sabem o que é? Invenção da Emília. Como não houvesse telégrafo para lá, a boneca teve a ideia de mandar a resposta escrita em asas de borboleta. Agarrou uma borboleta azul que ia passando e rabiscou-lhe na asa, com um espinho, o seguinte:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjaSBdMOtG-c0lTAsyp41tkEJb76YpM-SMyzYqyj33KTtciZ35FWvrk4eRAJW9sgOB3norqHIbtk2s-0aCxzKj_E0HT0JIipsydXVdgkvg_yXoe3GLY7wLtfDVb9w5VyUqME2nSBcDhz265ogSdamxd0_N07K_ERSWRhWODXWRVkSq5CU7bGfb8Ll9XaM/s320/ilustracao-representativa-dos-personagens-do-sitio-do-picapau-amarelo.jpg


        “Narizinho, a Condessa e o Marquês agradecem a honra do convite e prometem não faltar.”

        — Por que não incluiu o nome de Pedrinho, Emília? — perguntou a menina.

        — Porque ele não é nobre — nem barão ainda é!…

        Pronto que foi o borboletograma, surgiu uma dificuldade. A quem endereçá-lo? À rainha das Vespas ou à das Abelhas?

        — Já resolvo o caso — disse Emília, e soltou a borboleta com estas palavras: “Vá direitinha, hein? Nada de distrair-se com flores pelo caminho.”

        — Ir para onde? — perguntou a borboleta.

        — Para a casa de seu sogro, ouviu? Malcriada! Atrever-se a fazer perguntas a uma condessa!

        — Mas… — ia dizendo humildemente a borboleta. Emília, porém, interrompeu-a com um berro.

        — Ponha-se daqui para fora! Não admito observações. Conheça o seu lugar, ouviu?

        A borboleta lá se foi, amedrontada e desapontadíssima.

        — Você parece louca, Emília! — observou Narizinho. – Como há de ela saber o endereço se você não deu endereço algum?

        — Sabe, sim! — retorquiu a boneca. — São umas sabidíssimas as senhoras borboletas. Se sabem fabricar pó azul para as asas, que é coisa dificílima, como não hão de saber o endereço dum borboletograma?

        [...]

Monteiro Lobato. Reinações de Narizinho. São Paulo, Brasiliense, 1984.

Entendendo o conto:

01 – Qual foi o meio de comunicação inventado por Emília para Narizinho responder ao convite e o que é esse meio?

      O meio de comunicação foi o borboletograma, que é a resposta escrita nas asas de uma borboleta, usada por falta de telégrafo no local.

02 – Quem escreveu a resposta no borboletograma e com o quê?

      A resposta foi escrita por Emília (a boneca) em uma borboleta azul, usando um espinho para rabiscar na asa.

03 – Qual era o conteúdo da mensagem escrita no borboletograma?

      A mensagem era: "Narizinho, a Condessa e o Marquês agradecem a honra do convite e prometem não faltar."

04 – Por que Emília não incluiu o nome de Pedrinho no borboletograma, segundo a própria boneca?

      Emília explicou que não incluiu o nome de Pedrinho porque "ele não é nobre — nem barão ainda é!…".

05 – Qual foi a dificuldade que surgiu após o borboletograma ficar pronto?

      A dificuldade era a quem endereçar a mensagem: "À rainha das Vespas ou à das Abelhas?".

06 – Como Emília resolveu o problema do endereço ao soltar a borboleta?

      Emília disse à borboleta: “Vá direitinha, hein? Nada de distrair-se com flores pelo caminho.” e, quando questionada, respondeu: “Para a casa de seu sogro, ouviu? Malcriada! Atrever-se a fazer perguntas a uma condessa!”. Ela não deu um endereço específico.

07 – Qual foi o argumento de Emília para justificar que a borboleta saberia o endereço, mesmo sem ter sido dado um?

      Emília argumentou que as borboletas "são umas sabidíssimas" e que, se "sabem fabricar pó azul para as asas, que é coisa dificílima, como não hão de saber o endereço dum borboletograma?".

 

CONTO: ENTRE OS ADJETIVOS - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 Conto: Entre os Adjetivos – Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        No bairro dos ADJETIVOS O aspecto das ruas era muito diferente. Só se viam palavras atreladas. Os meninos admiraram-se da novidade e o rinoceronte explicou:

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbQfPfv-FtuVg4Z4Bcpl7TNevh7SghcGGwk-K2e2PjljZVzUaG6xFkhxrLU79Jkkpd2PxAwDovuNDLSztnvLfTQPHM4o0kSaWN99ASD__RXCXJ6UnNbUyL4EvLPa8WgBZkIRr2KxIK-8y-pmORlLVEj_o9TDENZq7e_0ysbzf6HexJ9tiCKxNKh0Ohk-E/s320/adjetivos-port-fundo.png

        — Os Adjetivos, coitados, não têm pernas; só podem movimentar-se atrelados aos Substantivos. Em vez de designarem seres ou coisas, como fazem os Nomes, os adjetivos designam as qualidades dos Nomes.

        Nesse momento os meninos viram o Nome Homem, que saía duma casa puxando um Adjetivo pela coleira.

        — Ali vai um exemplo — disse Quindim. — Aquele Substantivo entrou naquela casa para pegar o Adjetivo Magro. O meio da gente indicar que um homem é magro consiste nisso — atrelar o Adjetivo Magro ao Substantivo que indica o Homem.

        — Logo, Magro é um Adjetivo que qualifica o Substantivo — disse Pedrinho — porque indica a qualidade de ser magro.

        — Qualidade ou defeito? — asneirou Emília. — Para Tia Nastácia ser magro é defeito gravíssimo.

        — Não burrifique tanto, Emília! — ralhou Narizinho. — Deixe o rinoceronte falar.

        O armazém dos Adjetivos era bem espaçoso e algumas prateleiras recobriam as paredes. Na prateleira dos qualificativos PÁTRIOS, Narizinho encontrou muitos conhecidos seus, entre os quais Brasileiro, Inglês, Chinês, Paulista, Polaco, Italiano, Francês e Lisboeta, que só eram atrelados a seres ou coisas do Brasil, da Inglaterra, da China, de São Paulo, da Polônia, da Itália, da França e de Lisboa.

        Havia ali muito poucos Adjetivos daquela espécie. Mas as prateleiras dos que não eram Pátrios estavam atopetadinhas. Os meninos viram lá centenas, porque todas as coisas possuem qualidades e é preciso um qualificativo para cada qualidade das coisas. Viram lá Seguro, Rápido, Branco, Belo, Mole, Macio, Áspero, Gostoso, Implicante, Bonito, Amável, etc. — todos os que existem.

        — E na sala vizinha? — perguntou o menino.

        — Lá estão guardadas as LOCUÇÕES ADJETIVAS.

        — O que são essas Senhoras Locuções? — perguntou Emília.

        — São expressões que equivalem a um adjetivo e são empregadas no lugar deles. Por exemplo, quando digo: O calor da tarde aborrece o Visconde, estou usando a Locução Da tarde em lugar do Adjetivo Vespertino; ou quando digo Presente de Rei, em lugar de Presente Rêgio.

        Aquele Presente Régio agradou Emília, que ficou pensativa.

        O movimento no bairro dos Adjetivos mostrava-se intenso. Milhares de Nomes entravam constantemente para retirar das prateleiras os Adjetivos de que precisavam — e lá se iam com eles na trela.

        Outros vinham repor nos seus lugares os Adjetivos de que não necessitavam mais.

        — As palavras não param — observou Quindim. — Tanto os homens como as mulheres (e sobretudo estas) passam a vida a falar, de modo que a trabalheira que os humanos dão às palavras é enorme.

        Nesse momento uma palavra passou por ali muito alvoroçada. Quindim indicou-a com o chifre, dizendo:

        — Reparem na talzinha. É o Substantivo Maria, que vem em busca de Adjetivos. Com certeza trata-se de algum namorado que está a escrever uma carta de amor a alguma Maria e necessita de bons Adjetivos para melhor lhe conquistar o coração.

        A palavra Maria achegou-se a uma prateleira e sacou fora o Adjetivo Bela; olhou-o bem e, como se o não achasse bastante, puxou fora a palavra Mais; e por fim puxou fora o Adjetivo Belíssima.

        — A palavra Mais forma o Comparativo, com o qual o namorado diz que essa Maria é Mais Bela do que tal outra; e com o Adjetivo Belíssima ele dirá que Maria é extraordinariamente bela. E desse modo, para fazer uma cortesia à sua namorada, ele usa os dois GRAUS DO ADJETIVO. Partindo da forma normal que é a palavra Bela, usa o GRAU COMPARATIVO, com a expressão Mais Bela, e usa o GRAU SUPERLATIVO, com a palavra Belíssima.

        — Mas nem sempre é assim — observou Emília. — Lá no sítio, quando eu digo Mais Grande, Dona Benta grita logo: "Mais grande é cavalo".

        — E tem razão — concordou o rinoceronte —, porque alguns Adjetivos, como Bom, Mau, Grande e Pequeno, saem da regra e dão-se ao luxo de ter formas especiais para exprimir o Comparativo. Bom usa a forma Melhor. Mau usa a forma Pior. Grande usa a forma Maior, e Pequeno usa a forma Menor. O resto segue a regra.

        — E para que serve o SUPERLATIVO?

        — Para exagerar as qualidades do Adjetivo. Forma-se principalmente com um íssimo ou com um Érrimo no fim da palavra, como Feliz, Felicíssimo; Salubre, Salubérrimo. Ou então usa o O Mais, como O Mais Feliz.

        — E se quiser exagerar para menos? — indagou Pedrinho.

        — Nesse caso usa a expressão O Menos Feliz...

        — Sim — murmurou Emília distraidamente, com os olhos postos no Visconde, que continuava calado e apreensivo como quem está incubando uma ideia. — O Sonsíssimo Visconde, ou O Mais Sonso de todos os sabugos científicos...

        De fato, o Visconde estava preparando alguma. Deu de ficar tão distraído, que até começou a atrapalhar o trânsito. Tropeçou em várias palavras, pisou no pé de um Superlativo e chutou um O maiúsculo, certo de que era uma bolinha de futebol.

        Que seria que tanto preocupava o Senhor Visconde?

OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LOBATO. Edição do Círculo do Livro. Emília no País da Gramática. As figuras de sintaxe. https://www.fortaleza.ce.gov.br.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal característica das palavras no bairro dos Adjetivos e qual é a função dessas palavras, segundo Quindim?

      A principal característica é que as palavras (Adjetivos) andam atreladas aos Substantivos, pois não têm pernas. A função dos Adjetivos é designar as qualidades (ou defeitos) dos Nomes / Substantivos.

02 – O que são os Adjetivos Pátrios e onde Narizinho os encontrou?

      Os Adjetivos Pátrios são qualificativos que indicam a origem de seres ou coisas. Narizinho os encontrou na prateleira dos qualificativos PÁTRIOS do armazém dos Adjetivos (Ex: Brasileiro, Chinês, Lisboeta).

03 – O que são as Locuções Adjetivas e qual exemplo Quindim usou para ilustrar a substituição de um adjetivo por uma locução?

      Locuções Adjetivas são expressões que equivalem a um adjetivo e são usadas no lugar deles. O exemplo dado foi a substituição do Adjetivo Vespertino pela Locução Adjetiva "Da tarde" (em calor da tarde).

04 – Qual Substantivo (Nome) foi visto buscando Adjetivos no armazém, e qual era a provável razão dessa busca?

      O Substantivo que buscava Adjetivos era Maria. A razão provável era que algum namorado estava escrevendo uma carta de amor para alguma Maria e necessitava de bons Adjetivos para conquistar o coração dela.

05 – Quais são os dois Graus do Adjetivo que a palavra Maria usou para fazer uma cortesia ao seu namorado, e quais palavras foram usadas para formá-los?

      Os dois graus usados foram:

      GRAU COMPARATIVO (com as palavras Mais Bela, usando a palavra Mais).

      GRAU SUPERLATIVO (com a palavra Belíssima, usando o sufixo -íssima).

06 – Quais são os quatro Adjetivos que, de acordo com Quindim, fogem à regra do Comparativo e usam formas especiais? Cite a forma Comparativa de cada um.

      Os quatro Adjetivos são:

      Bom (usa a forma Melhor).

      Mau (usa a forma Pior).

      Grande (usa a forma Maior).

      Pequeno (usa a forma Menor).

07 – O que o Visconde de Sabugosa estava fazendo no final do trecho, e por que Emília o chamou de "O Sonsíssimo Visconde"?

      O Visconde estava calado, apreensivo, tropeçando e atrapalhando o trânsito, pois estava incubando uma ideia (preparando alguma coisa). Emília o chamou de "O Sonsíssimo Visconde" (ou "O Mais Sonso de todos os sabugos científicos") usando um Superlativo (aumentando a qualidade de sonso) para brincar com a distração e a natureza pensativa do sabugo.

 

CONTO: ENTRE AS CONJUNÇÕES - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 Conto: Entre as Conjunções – Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        O Verbo Ser levou Emília para a Casa das CONJUNÇÕES, que ficava ao lado.

          As Conjunções — explicou ele — também ligam; mas em vez de ligarem simples palavras (como fazem as Preposições) ligam grupos de palavras, ou isso a que os gramáticos chamam:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPdXGbyEH7DQDM1HHUVFmP6KOE3QB2sfV55insBEBvbJVfjIB7PbgTSysmcgHnj41AFHvLYX4LnVVsmWyn60DGJY1fJZk_sUrIyDWHlr7PubbGVdbNiU16aOWzP09In7HOqmc50ZZeZGAT4iThNqh5lj1DNrMTx2NjNmTO5Ab5ywUQ8Vhz5J9Gh6PUReE/s320/conjuncoes-tudo-o-que-voce-precisa-para-arrasar-nos-vestibulares.jpg


        ORAÇÃO.

          Oração não é reza? — perguntou Emília.

          E reza e é também uma frase que forma sentido perfeito. Quando alguém diz: Emília é uma boneca, está formando uma Oração curtinha. Mas há frases muito compridas, compostas de várias Orações; nesse caso é preciso ligar as Orações entre si por meio das Conjunções. Não fazendo isso, a frase cai aos pedaços.

          Compreendo — disse Emília. — Se eu digo... — e engasgou.    

          Espere — advertiu Ser. — Se você diz: A água é mole e a pedra é dura, você está amarrando duas Orações diversas com o barbantinho da Conjunção E.

        Emília viu na Casa das Conjunções dois armários, um com as Conjunções COORDENATIVAS e outro com as Conjunções SUBORDINATIVAS. No armário das Coordenativas encontrou muitas conhecidas suas, como E, Também, Então, Bem Como, Que, Ou, Mas, Porém, Todavia, Senão, Somente, Pois Bem, Ora, Aliás...

          Como são numerosas! — comentou a boneca. — Nunca supus que fosse necessário tanta variedade de fios para amarrar as Senhoras Orações.

          Os homens costumam amarrar as Orações de tantos modos diferentes, que todas essas cordinhas se tornam necessárias.

        Emília ainda viu lá Logo, Pois, Portanto, Assim, Por Isso, Daí, Ou, Isto É, Por Exemplo, e muitas mais.

        No segundo armário estavam as Conjunções Subordinativas, que ligam as Orações dum modo especial, escravizando uma à outra. Eram igualmente abundantíssimas, e Emília notou as seguintes: Quando, Apenas, Como, Enquanto, Desde Que, Logo Que, Até Que, Assim Que, Ao Passo Que, Se, Salvo, Exceto, Sem Que, Porque, Visto Que, De Modo Que, Para Que, Segundo, Conforme, Embora e outras.

          Xi... São tantas que já estão me enjoando — disse Emília, fazendo um muxoxo. — Chega de Casa de Fios. Vamos ver outra coisa.

          Só nos resta visitar as Interjeições — disse o Verbo Ser, tirando do bolso uma caixinha de rape para tomar a sua pitada.

          Isso é tabaco ou pó de pirlimpimpim? — perguntou Emília.

          Pó de pirlimpimpim? — repetiu o Verbo Ser, franzindo a testa. — Que pó é esse?

        Emília riu-se.

        — Nem queira saber, Serência! É um pozinho levado da breca. Uma vez tomamos uma pitada e fomos parar na Lua...

        E enquanto ia caminhando para a Casa das Interjeições, a boneca desfiou a primeira aventura da Viagem ao céu.

OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LOBATO. Edição do Círculo do Livro. Emília no País da Gramática. As figuras de sintaxe. https://www.fortaleza.ce.gov.br.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal função das Conjunções, segundo a explicação do Verbo Ser, e qual o seu papel fundamental na construção de frases mais longas?

      A principal função das Conjunções é ligar grupos de palavras, ou o que os gramáticos chamam de Oração. Em frases longas compostas por várias Orações, as Conjunções são necessárias para amarrar as Orações entre si, impedindo que a frase "caia aos pedaços".

02 – O que é uma Oração, no contexto da gramática, de acordo com o Verbo Ser?

      Uma Oração é uma frase que forma sentido perfeito. O Verbo Ser exemplifica com a frase curtinha: "Emília é uma boneca".

03 – Onde as Conjunções estavam guardadas na casa visitada, e quais são os dois grandes grupos em que elas são divididas?

      As Conjunções estavam guardadas em dois armários. Os dois grupos são as Conjunções Coordenativas e as Conjunções Subordinativas.

04 – Qual é a diferença na forma como as Conjunções Coordenativas e Subordinativas ligam as Orações?

      As Conjunções Coordenativas ligam as Orações sem que haja uma relação de dependência explícita (como a Conjunção E). As Conjunções Subordinativas ligam as Orações de um modo especial, escravizando uma à outra (criando uma dependência), como Porque ou Quando.

05 – Emília menciona algumas Conjunções que conhecia, listadas no armário das Coordenativas. Cite três exemplos dessas Conjunções Coordenativas.

      Emília encontrou no armário das Coordenativas conjunções como: E, Ou, Mas, Porém, Todavia, Senão, Logo, Pois, Portanto, Assim, Por Isso, Ora, Aliás, entre outras.

 

CONTO: EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - UMA IDEIA DA SENHORA EMÍLIA - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 Conto: EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA – Uma ideia da Senhora Emília

            Monteiro Lobato

        Dona Benta, com aquela paciência de santa, estava ensinando gramática a Pedrinho. No começo Pedrinho rezingou.

          Maçada, vovó. Basta que eu tenha de lidar com essa caceteação lá na escola. As férias que venho passar aqui são só para brinquedo. Não, não e não. . .

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirePOIYMHOxFg8zm-o2TlXNkh8o2FD3PBCAgbFSfN7ECqC0rTIQHOIylEAvZo47pxZw96Pnw2VY7DqnBQA0iIEqXu2GugFXEl_IeCLeBFgPjncKBJ0dzHzzzP4-wfcqJOof5zcVwDwE-BR6Vnv48BjGBkb6b_EQpuPYDTaOOpTBTWnYRP_gUICqYK_Se8/s320/PINTURA.jpg


          Mas, meu filho, se você apenas recordar com sua avó o que anda aprendendo na escola, isso valerá muito para você mesmo, quando as aulas se reabrirem. Um bocadinho só, vamos! Meia hora por dia. Sobram ainda vinte e três horas e meia para os famosos brinquedos.

        Pedrinho fez bico, mas afinal cedeu; e todos os dias vinha sentar-se diante de Dona Benta, de pernas cruzadas como um oriental, para ouvir explicações de gramática.

          Ah, assim, sim! — dizia ele. — Se meu professor ensinasse como a senhora, a tal gramática até virava brincadeira.

        Mas o homem obriga a gente a decorar uma porção de definições que ninguém entende. Ditongos, fonemas, gerúndios. . .

        Emília habituou-se a vir assistir às lições, e ali ficava a piscar, distraída, como quem anda com uma grande ideia na cabeça.

        É que realmente andava com uma grande ideia na cabeça.

          Pedrinho — disse ela um dia depois de terminada a lição —, por que, em vez de estarmos aqui a ouvir falar de gramática, não havemos de ir passear no País da Gramática?

        O menino ficou tonto com a proposta.

          Que lembrança, Emília! Esse país não existe, nem nunca existiu. Gramática é um livro.

        — Existe, sim. O rinoceronte, que é um sabidão, contou-me que existe. Podemos ir todos, montados nele. Topa?

        Perguntar a Pedrinho se queria meter-se em nova aventura era o mesmo que perguntar a macaco se quer banana. Pedrinho aprovou a ideia com palmas e pinotes de alegria, e saiu correndo para convidar Narizinho e o Visconde de Sabugosa. Narizinho também bateu palmas — e se não deu pinotes foi porque estava na cozinha, de peneira ao colo, ajudando Tia Nastácia a escolher feijão.

          E onde fica esse país? — perguntou ela.

          Isso é lá com o rinoceronte — respondeu o menino. — Pelo que diz a Emília, esse paquiderme é um grandessíssimo gramático.

          Com aquele cascão todo?

          É exatamente o cascão gramatical — asneirou Emília, que vinha entrando com o Visconde.

        Os meninos fizeram todas as combinações necessárias, e no dia marcado partiram muito cedo, a cavalo no rinoceronte, o qual trotava um trote mais duro que a sua casca. Trotou, trotou e, depois de muito trotar, deu com eles numa região onde o ar chiava de modo estranho.

          Que zumbido será esse? — indagou a menina.

        — Parece que andam voando por aqui milhões de vespas invisíveis.

          É que já entramos em terras do País da Gramática — explicou o rinoceronte.

        — Estes zumbidos são os SONS ORAIS, que voam soltos no espaço.

          Não comece a falar difícil que nós ficamos na mesma — observou Emília. — Sons Orais, que pedantismo é esse?

          Som Oral quer dizer som produzido pela boca, A, E, I, O, U são Sons Orais, como dizem os senhores gramáticos,

          Pois diga logo que são letras! — gritou Emília.

          Mas não são letras! — protestou o rinoceronte. — Quando você diz A ou O, você está produzindo um som, não está escrevendo uma letra. Letras são sinaizinhos que os homens usam para representar esses sons. Primeiro há os Sons Orais; depois é que aparecem as letras, para marcar esses Sons Orais. Entendeu?

        O ar continuava num zunzum cada vez maior. Os meninos pararam, muito atentos, a ouvir.

          Estou percebendo muitos sons que conheço — disse Pedrinho, com a mão em concha ao ouvido.

          Todos os sons que andam zumbindo por aqui são velhos conhecidos seus, Pedrinho.

          Querem ver que é o tal alfabeto? — lembrou Narizinho. — E é mesmo!... Estou distinguindo todas as letras do alfabeto...

          Não, menina; você está apenas distinguindo todos os sons das letras do alfabeto — corrigiu o rinoceronte com uma pachorra igual à de Dona Benta. — Se você escrever cada um desses sons, então, sim; então surgem as letras do alfabeto.

          Que engraçado! — exclamou Pedrinho, sempre de mão em concha ao ouvido. — Estou também distinguindo todas as letras do alfabeto: o A, o C, o D, o X, o M...

        O rinoceronte deu um suspiro.

          Mas chega de sons invisíveis — gritou a menina. —-Toca para diante. Quero entrar logo no tal País da Gramática.

        — Nele já estamos — disse o paquiderme. — Esse país principia justamente ali onde o ar começa a zumbir. Os sons espalhados pelo ar, e que são representados por letras, fundem-se logo adiante em SÍLABAS, e essas Sílabas formam PALAVRAS — as tais palavras que constituem a população da cidade onde vamos. Reparem que entre as letras há cinco que governam todas as outras. São as Senhoras VOGAIS — cinco madamas emproadas e orgulhosíssimas, porque palavra nenhuma pode formar-se sem a presença delas. As demais letras ajudam; por si mesmas nada valem. Essas ajudantes são as CONSOANTES e, como a palavra está dizendo, só soam com uma Vogai adiante ou atrás. Pegue as dezoito Consoantes do alfabeto e procure formar com elas uma palavra. Experimente, Pedrinho.

        Pedrinho experimentou de todos os jeitos, sem nada conseguir.

          Misture agora as Consoantes com uma Vogai, com o A, por exemplo, e veja quantas palavras pode formar.

        Pedrinho misturou o A com as dezoito Consoantes e imediatamente viu que era possível formar um grande número de palavras.

        Nisto dobraram uma curva do caminho e avistaram ao longe o casario de uma cidade. Na mesma direção, mais para além, viam-se outras cidades do mesmo tipo.

          Que tantas cidades são aquelas, Quindim? — perguntou Emília.

        Todos olharam para a boneca, franzindo a testa. Quindim? Não havia ali ninguém com semelhante nome.

          Quindim — explicou Emília — é o nome que resolvi botar no rinoceronte.

          Mas que relação há entre o nome Quindim, tão mimoso, e um paquiderme cascudo destes? — perguntou o menino, ainda surpreso.

          A mesma que há entre a sua pessoa, Pedrinho, e a palavra Pedro — isto é, nenhuma. Nome é nome; não precisa ter relação com o "nomado". Eu sou Emília, como podia ser Teodora, Inácia, Hilda ou Cunegundes. Quindim!... Como sempre fui a botadeira de nomes lá do sítio, resolvo batizar o rinoceronte assim — e pronto! Vamos, Quindim, explique-nos que cidades são aquelas.

        O rinoceronte olhou, olhou e disse:

        — São as cidades do País da Gramática. A que está mais perto chama-se Portugália, e é onde moram as palavras da língua portuguesa. Aquela bem lá adiante é Anglópolis, a cidade das palavras inglesas.

          Que grande que é! — exclamou Narizinho.

          Anglópolis é a maior de todas — disse Quindim. — Moram lá mais de quinhentas mil palavras.

          E Portugália, que população de palavras tem?

          Menos de metade — aí umas duzentas e tantas mil, contando tudo.

          E aquela, à esquerda?

          Galópolis, a cidade das palavras francesas. A outra é Castelópolis, a cidade das palavras espanholas. A outra é Italópolis, onde todas as palavras são italianas.

          E aquela, bem, bem, bem lá no fundo, toda escangalhada, com jeito de cemitério?

         São os escombros duma cidade que já foi muito importante — a cidade das palavras latinas; mas o mundo foi mudando e as palavras latinas emigraram dessa cidade velha para outras cidades novas que foram surgindo. Hoje, a cidade das palavras latinas está completamente morta. Não passa dum montão de velharias. Perto dela ficam as ruínas de outra cidade célebre do tempo antigo — a cidade das velhas palavras gregas. Também não passa agora dum montão de cacos veneráveis.

        Puseram-se a caminho; à medida que se aproximavam da primeira cidade viram que os sons já não zumbiam soltos no ar, como antes, mas sim ligados entre si.

          Que mudança foi essa? — perguntou a menina.

          Os sons estão começando a juntar-se em SÍLABAS, depois as Sílabas descem e vão ocupar um bairro da cidade.

          E que quer dizer Sílaba? — perguntou a boneca.

          Quer dizer um grupinho de sons, um grupinho ajeitado; um grupinho de amigos que gostam de andar sempre juntos; o G, o R e o A, por exemplo, gostam de formar a Sílaba Gra, que entra em muitas palavras.

          Graça, Gravata, Gramática... — exemplificou Pedrinho.

          Isso mesmo aprovou Quindim. — Também o M e o U gostam de formar a Sílaba Mu, que entra em muitas palavras.

          Muro, Mudo, Mudança. . . — sugeriu a menina.

          Isso mesmo — repetiu Quindim. — E reparem que em cada palavra há uma Sílaba mais emproada e importante que as outras pelo fato de ser a depositária do ACENTO TÔNICO. Essa Sílaba chama-se a TÔNICA.

          O mesmo nome da mãe de Pedrinho!... — observou Emília arregalando os olhos.

          Não, boba. Mamãe chama-se Tônica e o rinoceronte está falando em Sílaba Tônica. É muito diferente.

          Perfeitamente — confirmou Quindim. — No nome de Dona Tônica a Sílaba Tônica é Ni; e na palavra que eu disse a Sílaba Tônica é o To. E na palavra Pedrinho, qual é a Tônica?

          Dri — responderam todos a um tempo.

          Isso mesmo. Mas os senhores gramáticos são uns sujeitos amigos de nomenclaturas rebarbativas, dessas que deixam as crianças velhas antes do tempo. Por isso dividem as palavras em OXÍTONAS, PAROXÍTONAS e PROPAROXÍTONAS, conforme trazem o Acento Tônico na última Sílaba, na penúltima ou na antepenúltima.

          Nossa Senhora! Que "luxo asiático"! — exclamou Emília. — Bastava dizer que o tal acento cai na última, na penúltima ou na antepenúltima. Dava na mesma e não enchia a cabeça da gente de tantos nomes feios. Proparoxítona! Só mesmo dando com um gato morto em cima até o rinoceronte miar...

          E há mais ainda — disse Quindim. — As pobres palavras que têm a desgraça de ter o acento na antepenúltima sílaba, quando não são xingadas de Pro-pa-ro-xí-to-nas, são xingadas de ESDRÚXULAS. As palavras Áspero, Espírito, Rícino, Varíola, etc, são Esdrúxulas.

        — Es-drú-xu-las! — repetiu Emília. — Eu pensei que Esdrúxulas quisesse dizer esquisito.

          E pensou certo — confirmou o rinoceronte. — Como na língua portuguesa as palavras com acento na antepenúltima não são muitas, elas formam uma esquisitice, e por isso são chamadas de Esdrúxulas.

        E assim conversando, o bandinho chegou aos subúrbios da cidade habitada pelas palavras portuguesas e brasileiras.

OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LOBATO. Edição do Círculo do Livro. Emília no País da Gramática. As figuras de sintaxe. https://www.fortaleza.ce.gov.br.

Entendendo o conto:

01 – Por que Pedrinho inicialmente se recusa a ter aulas de Gramática com Dona Benta, e o que o faz ceder?

      Pedrinho rezinga, alegando que as férias são apenas para brincadeiras e que a Gramática é uma "caceteação" que ele já tem que aturar na escola. Ele cede quando Dona Benta o convence a estudar apenas meia hora por dia, garantindo que as 23 horas e meia restantes seriam para os brinquedos.

02 – Qual é a "grande ideia na cabeça" de Emília que dá origem à aventura, e quem ela convida para participar?

      A grande ideia de Emília é que, em vez de apenas ouvir falar de Gramática, eles deveriam "ir passear no País da Gramática". Ela convida Pedrinho, Narizinho, e o Visconde de Sabugosa para a aventura.

03 – Quem Emília informa ser o guia da viagem, e qual o novo nome que ela batiza esse guia e por quê?

      O guia da viagem é o rinoceronte, que Emília batiza com o nome de Quindim. Ela justifica o nome dizendo que é a mesma relação entre a pessoa de Pedrinho e a palavra Pedro: "Nome é nome; não precisa ter relação com o 'nomado'."

04 – Qual é a primeira manifestação sonora que os viajantes percebem ao entrar em terras do País da Gramática, e o que Quindim explica serem esses sons?

      Eles percebem um zumbido estranho no ar, como se fossem "milhões de vespas invisíveis". Quindim explica que estes são os SONS ORAIS, ou seja, sons produzidos pela boca (como A, E, I, O, U), que voam soltos no espaço e que, quando escritos, são representados por letras.

05 – Qual a diferença essencial entre Vogais e Consoantes no País da Gramática, conforme explica Quindim?

      As Vogais (A, E, I, O, U) são as "cinco madamas emproadas e orgulhosíssimas" que governam todas as outras letras, pois palavra nenhuma pode formar-se sem a presença delas. As Consoantes são apenas "ajudantes" que, por si mesmas, nada valem e "só soam com uma Vogal adiante ou atrás."

06 – Quais são duas das cidades vizinhas de Portugália (cidade das palavras portuguesas) que eles avistam, e qual a que se destaca por ser a maior?

      Eles avistam Anglópolis (palavras inglesas), Galópolis (palavras francesas), Castelópolis (palavras espanholas) e Italópolis (palavras italianas). A cidade de Anglópolis é a maior de todas, com mais de quinhentas mil palavras.

07 – Qual a crítica de Emília aos nomes que os gramáticos dão às classificações de palavras quanto à Sílaba Tônica (Oxítonas, Paroxítonas e Proparoxítonas)?

      Emília critica os nomes por serem "nomenclaturas rebarbativas" e um "luxo asiático" que deixa as crianças velhas antes do tempo. Ela afirma que bastava dizer que o acento cai na última, penúltima ou antepenúltima sílaba, sem precisar usar nomes feios como "Proparoxítona" e "Esdrúxulas."