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domingo, 29 de outubro de 2023

POEMA: TODAS AS VIDAS - CORA CORALINA - COM GABARITO

 Poema: Todas as vidas

              Cora Coralina

Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho,
olhando pra o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhV7T25dlBajupopLczC60fTB0xQbhrvTlMa6-_KaKOgIFPptjihPySO4yJnvdG92NWcWLqCE_xZZtiv4BHLYERbznS1vnNl-LObxeNTm21XvvQEiA3O7OHll-GEHSi-e2-qunstKavHDenWQbbHDkjwiCQEQPxwUAxN1eydmaIIPMKaZMihPV_l3QjZ8c/s320/Cora_Coralina.jpg


Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho,
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde de São-Caetano.

Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.

Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.

Vive dentro de mim
a mulher roceira.
– Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos.
Seus vinte netos.

Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera das obscuras.

Cora Coralina, em “Poemas dos becos de Goiás e estórias mais”, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1965.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a principal ideia ou tema do poema?

      O poema celebra e homenageia a diversidade de experiências e vidas das mulheres brasileiras, destacando diferentes aspectos de suas vidas e papéis na sociedade.

02 – Quais são algumas das figuras femininas mencionadas no poema?

      O poema menciona diversas figuras femininas, como a cabocla velha, a lavadeira, a mulher cozinheira, a mulher do povo, a mulher roceira e a mulher da vida.

03 – O que a mulher cozinheira simboliza no poema?

      A mulher cozinheira simboliza a habilidade culinária e a cultura alimentar do povo brasileiro, destacando a importância da comida tradicional e da cozinha caseira.

04 – Qual é o papel da mulher roceira no poema?

      A mulher roceira representa a vida rural e o trabalho árduo no campo, enfatizando a relação próxima com a terra, a maternidade e a criação dos filhos.

05 – O que o poema sugere sobre a diversidade das vidas das mulheres brasileiras?

      O poema sugere que as mulheres brasileiras desempenham papéis diversos e desempenham uma ampla gama de atividades, desde tarefas domésticas até trabalhos na roça, enfatizando a riqueza da cultura e das experiências femininas.

06 – Qual é a mensagem geral transmitida pelo poema "Todas as vidas"?

        A mensagem geral do poema é a celebração e a valorização das múltiplas facetas da vida das mulheres brasileiras, reconhecendo a importância de todas as suas experiências e contribuições para a sociedade.

 

 

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

POEMA: MEU EPITÁFIO - CORA CORALINA - COM GABARITO

 Poema: MEU EPITÁFIO

            Cora Coralina

Morta… serei árvore
Serei tronco, serei fronde
E minhas raízes
Enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRbNSRXEJvUhP3aTxOVOd7vb1_61Iet6_X7rL0zFhcxrpIFdcLUZP4c9H9laHl4BTsSCRbvW9PnI5v1lZBXoOheRAgfuArxp1e9B_cq2wIlyqrJ2kx9o0s_Y0MF1hDbuyjp47PpYcMbzo1Us31P6nkPhwBMXLuhaAGJ2JDXYQNgC2x4iXAW6ZNWYRL5gI/s1600/PAINEIRA.jpg


Enfeitei de folhas verdes
A pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal.

Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.

Cora Coralina, meu livro de cordel.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o título do poema e quem é a autora?

      O título do poema é "MEU EPITÁFIO" e a autora é Cora Coralina.

02 – Como a autora descreve sua transformação após a morte?

      A autora descreve que após a morte, ela se transformará em uma árvore, com tronco, fronde e raízes enlaçadas às pedras de seu berço.

03 – Qual é o simbolismo por trás da autora enfeitando a pedra de seu túmulo com folhas verdes?

      O simbolismo por trás disso é a representação da vida vegetal, sugerindo que a morte não é o fim, mas uma continuação da vida de alguma forma.

04 – O que a autora quer dizer com "Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos"?

      A autora está afirmando que a imortalidade está ligada à contribuição que deixamos na Terra, especialmente através de nossas palavras e criações artísticas, que permanecem após nossa morte.

05 – Qual é a imagem poética central usada pela autora neste poema?

      A imagem poética central é a transformação da autora em uma árvore após a morte, simbolizando a continuidade da vida e da influência por meio da natureza e da arte.

 

 

POEMA: MINHA CIDADE - CORA CORALINA - COM GABARITO

 Poema: Minha cidade

             Cora Coralina

Goiás, minha cidade… 
Eu sou aquela amorosa 
de tuas ruas estreitas, 
curtas, 
indecisas, 
entrando, 
saindo 
uma das outras. 
Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa. 
Eu sou Aninha. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXJVxaC4XAz8ZeytBx-0EbW9znUOzTWBLlt_SR8PTYnW0mjQNLyu5wb3sxkS9_h1I20pI3AVXBdbeX0bg4bZOgOwmPNPmCKF-4RxgGQP4rkon07Bt6SKixsdLdZyHc9Vk44BCN07r2zLAW3Gxidhk7TsaH1GG42BqZrvgGBsGRUtBG2G46k1Y-BSJ_M0U/s1600/GOIAS.jpg


Eu sou aquela mulher 
que ficou velha, 
esquecida, 
nos teus larguinhos e nos teus becos tristes, 
contando estórias, 
fazendo adivinhação. 
Cantando teu passado. 
Cantando teu futuro. 

Eu vivo nas tuas igrejas 
e sobrados 
e telhados 
e paredes. 

Eu sou aquele teu velho muro 
verde de avencas 
onde se debruça 
um antigo jasmineiro, 
cheiroso 
na ruinha pobre e suja. 

Eu sou estas casas 
encostadas 
cochichando umas com as outras. 
Eu sou a ramada 
dessas árvores, 
sem nome e sem valia, 
sem flores e sem frutos, 
de que gostam 
a gente cansada e os pássaros vadios. 

Eu sou o caule 
dessas trepadeiras sem classe, 
nascidas na frincha das pedras: 
Bravias. 
Renitentes. 
Indomáveis. 
Cortadas. 
Maltratadas. 
Pisadas. 
E renascendo. 

Eu sou a dureza desses morros, 
revestidos, 
enflorados, 
lascados a machado, 
lanhados, lacerados. 
Queimados pelo fogo. 
Pastados. 
Calcinados 
e renascidos. 
Minha vida, 
meus sentidos, 
minha estética, 
todas as virações 
de minha sensibilidade de mulher, 
têm, aqui, suas raízes. 

Eu sou a menina feia 
da ponte da Lapa. 
Eu sou Aninha. 

                     Cora Coralina. Poema dos becos de Goiás e histórias mais. Rio de Janeiro: Global, 1985. p. 47-48.

Entendendo o poema:

01 – Quem é a autora do poema "Minha cidade"?

      A autora do poema "Minha cidade" é Cora Coralina.

02 – Qual é o título do livro em que este poema foi publicado?

      O poema faz parte do livro "Poema dos becos de Goiás e histórias mais," publicado em 1985.

03 – Onde se passa a história narrada no poema?

      A história narrada no poema se passa na cidade de Goiás, que é a cidade natal da autora.

04 – Qual é o personagem mencionado no poema que se identifica como "a menina feia da ponte da Lapa"?

      A personagem referida como "a menina feia da ponte da Lapa" é a própria autora, Cora Coralina, quando era jovem.

05 – O que a autora faz nos "larguinhos e nos becos tristes" da cidade?

      Nos "larguinhos e nos becos tristes" da cidade, a autora conta histórias, faz adivinhações e canta o passado e o futuro da cidade.

06 – Que elementos naturais são mencionados no poema, associados à cidade de Goiás?

      Elementos naturais como igrejas, sobrados, telhados, árvores, muros com avencas e morros são mencionados no poema, todos associados à cidade de Goiás.

07 – Como a autora descreve a relação das pessoas com a natureza na cidade?

      A autora descreve a relação das pessoas com a natureza na cidade como uma ligação forte e resiliente, onde árvores, trepadeiras e morros são descritos como indomáveis e renascendo, representando a persistência da natureza e sua importância na vida das pessoas da cidade.

 

domingo, 29 de maio de 2022

BIOGRAFIAS: PELÉ, ROBERTO CARLOS E CORA CORALINA - COM GABARITO

 Biografias: Pelé, Roberto Carlos e Cora Coralina

Texto 1

       Pelé

        Nascido em Três Corações, pequena cidade mineira, em 23 de outubro de 1940, sua carreira no futebol começou cedo. Jogou alguns anos em equipes amadoras e, com 11 anos, foi descoberto pelo jogador Waldemar de Britto, que o convidou para fazer parte do Clube Atlético de Bauru. Em 1956, aos 15 anos, Britto o levou para o Santos.

        Quando chegou ao clube santista com o garoto, Waldemar de Britto disse: “esse menino vai ser o melhor jogador de futebol do mundo”. Previsão que logo começaria a se tornar realidade.

        Em 7 de setembro do mesmo ano, chegaria seu primeiro “show” quando entrou na partida e marcou o sexto gol da vitória de 7x1 do Santos sobre o Corinthians de Santo André. Depois, na primeira partida do torneio regular, marcou 4 gols. Na campanha seguinte foi titular e se transformou no maior artilheiro do Campeonato Paulista.

        Em 7 de julho de 19557, estreou na seleção, tinha apenas 17 anos quando se transformou no jogador mais jovem a ganhar uma Copa do Mundo. Ali o mundo passou a conhecer a Pérola Negra. Foi assim que começou uma lenda que cresceria até transformá-lo no rei do futebol e no atleta do século.

Fonte de pesquisa: Ismael López. Futebol: Pelé. Terra: Atletas do século. Extraído de: www.terra.com.br/esportes/atletaas/pele.htm. Acesso em: 21 jan. 2013.

Texto 2

      

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiliqfxFR5XfTbSrulMmiX3LrXuA8epTchX1bs_OWstNl3xxP6Q2wZ9jSNwbtndXLJPK-NkSTstVHtkK303LdtZjhknoXCrHT_xSHwtMoU_sVWdqDDel_u1pyHLEj22RsPc2dUJffY0ilqbUB-n1xHgwZdRs62vSOcwsaatJ6jtJtusc51WyaqYRYeS/s1600/Roberto.jpg

  Roberto Carlos

        Roberto Carlos (1941) é cantor e compositor brasileiro. O “Rei” da música romântica brasileira. Foi o líder do movimento musical chamado Jovem Guarda, que surgiu nos anos 1960. Em parceria com Erasmo Carlos, compôs inúmeros sucessos.

        Roberto Carlos (1941) nasceu em Cachoeira do Itapemirim, Espirito Santo, no dia 19 de abril de 1941. Filho do relojoeiro Robertinho Braga e da costureira Laura Moreira Braga, estudou no Conservatório Musical de sua cidade. Aos 9 anos apresentou-se pela primeira vez cantando, no programa infantil da Rádio Cachoeira. Já chamava a atenção imitando o cantor Bob Nelson. Aos 12 mudou-se com a família para Niterói, Rio de Janeiro.

        Em 1957, com a popularização do rock’n’roll americano, Roberto Carlos, junto com Tim Maia, Arlênio Lívio e Wellington Oliveira, formam a banda “The Sputniks”. No ano seguinte a banda estava desfeita e Roberto Carlos inicia sua carreira solo. Gravou alguns compactos no final da década de 1950. Junto com Erasmo Carlos, faz versões [de músicas] e inicia sua maior parceria musical. Em 1961, lança seu primeiro LP, Louco por você. Em 1963, com disco Parei na contramão, com as músicas Splish splash, O calhambeque e É proibido fumar, inicia sua carreira de grande sucesso. [...]

                                  Roberto Carlos: cantor e compositor brasileiro. E-biografias. Extraído de: www.e-biografias.net/roberto_carlos. Acesso em: 21 jan. 2013.

Texto 3

       

Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRWwGsDbhECIUPEukEXI9OdxB8R17KUhC1tNIaBCvRnPi2un2MrmC4nj-PKUwsFBe4Y7hd52dRfIDwuEXf8KPErmWyc3l70MR44kG4ADX5Xih1y8E7u7Odg7UoPW0fnIzCrZWsoVuMMLgTRt9LJUGR3zYW3zB62PBZxFD__rBDD9dpJ8C11wxPFRo8/s1600/cora.jpg 

Cora Coralina

        Cora coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (Vila Boa de Goiás, 20 de agosto de 1889 – Goiânia, 10 de abril de 1985) foi uma poetisa brasileira.

        Filha do desembargador Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana foi criada às margens do Rio Vermelho.

        Apesar de ter cursado somente as primeiras quatro séries do Ensino Fundamental, começou a escrever os seus primeiros textos aos 14 anos de idade, publicando-os em jornais locais. É dessa época seu primeiro conto, Tragédia na roça.

        Em 1911 casou-se com um advogado paulista e se mudou para Jaboticabal, interior de São Paulo. Com a morte do marido, Cora teve de sustentar os filhos sozinha. Mudou-se para a cidade de São Paulo, onde viveu por um tempo, e depois voltou para o interior do estado, desta vez para Penápolis. Anos mais tarde, transferiu-se para Andradina, no Mato Grosso. Em 1956, retornou a Goiás.

        Ao completar 50 anos de idade [...], assumiu o pseudônimo de Cora Coralina e, aos 77 anos, publicou o primeiro livro, Poemas dos becos de Goiás e Estórias mais. Onze anos depois compôs Meu livro de cordel.

Fontes de pesquisa: Algo sobre: Cora Coralina. www.algosobre.com.br/biografias/cora-coralina.html#bio. Jornal de Poesia. Extraído de: www.jornaldepoesia.jor.br/cora.html3#bio. Acesso em: 21 jan. 2013.

       Fonte: Língua Portuguesa – Caminhar e transformar – Aos finais do ensino fundamental – 1ª edição – São Paulo – FTD, 2013. p. 41-4.

Entendendo as biografias:

01 – Nas biografias que você leu:

a)   Como os acontecimentos da vida dos biografados estão organizados?

     (   ) Do mais novo para o mais antigo.

     (   ) Do mais importante para o menos importante.

     (X) Do mais antigo para o mais recente, ou seja, em sequência temporal.

b)   Por quem os fatos são relatados?

(   ) Pela própria pessoa.

(X) Por outra pessoa.

02 – Com base em seus conhecimentos e na leitura dos textos, responda.

a)   Qual é a finalidade das biografias?

As biografias preservam informações culturais, garantem a autoria de obras e inventos, eternizam as ideias das pessoas e apresentam exemplos de vida.

b)   Que tipos de informações a biografias pode trazer?

Nome, local e data de nascimento, informações sobre a infância, a juventude, a fase adulta, as realizações, os principais trabalhos e contribuições da pessoa biografadas.

03 – Releia as biografias 1 e 2 e observe que, em cada uma delas, há uma ou mais expressões para se referir ao biografado em substituição ao nome.

a)   Que expressões são essas?

Biografia 1: Pérola Negra, rei do futebol, atleta do século.

Biografia 2: “Rei” da música romântica brasileira.

b)   Que palavra é comum aos dois biografados?

A palavra rei.

04 – Marque um X nas informações verdadeiras. A biografia:

(X) É um texto em geral comprometido com a veracidade das informações.

(   ) É um texto em geral comprometido com a fantasia.

(X) É dirigida aos leitores que têm curiosidade em conhecer a vida de uma determinada pessoa.

 

terça-feira, 8 de março de 2022

POEMA: A ESCOLA DA MESTRA SILVINA - CORA CORALINA - COM GABARITO

 Poema: A escola da mestra Silvina

            Cora Coralina


Minha escola primária...

Escola antiga de antiga mestra.

Repartida em dois períodos

para a mesma meninada,

das 8 às 11, da 1 às 4.

Nem recreio, nem exames.

Nem notas, nem férias.

Sem cânticos, sem merenda...

Digo mal – sempre havia distribuídos

alguns bolos de palmatória...

A granel?

Não, que a Mestra

Era boa, velha, cansada, aposentada.

Tinha já ensinado a uma geração

antes da minha.

 

A gente chegava “-- Bença, Mestra.”

Sentava em bancos compridos,

escorridos, sem encosto.

Lia alto lições de rotina:

o velho abecedário,

lição salteada.

Aprendia a soletrar.

 

Vinham depois:

Primeiro, segundo,

terceiro e quarto livros

do erudito pedagogo

Abílio César Borges –

Barão de Macaúbas.

E as máximas sapientes

do Marquês de Maricá.

 

Não se usava quadro-negro.

As contas se faziam

em pequenas lousas

individuais.

 

Não havia chamada

e sim o ritual

de entradas, compassadas.

“-- Bença, Mestra...”

 

Banco dos meninos.

Banco das meninas.

Tudo muito sério.

Não se brincava.

Muito respeito.

Leitura alta.

Soletrava-se.

Cobria-se o debuxo.

Dava-se a lição.

Tinha dia certo de argumento

com a palmatória pedagógica

em cena.

Cantava-se em coro a velha tabuada.

 

Velhos colegas daquele tempo...

Onde andam vocês?

 

A casa da escola inda é a mesma.

-- Quanta saudade quando passo ali!

Rua Direita, nº 13.

Porta de rua pesada,

escorada com a mesma pedra

da nossa infância.

[...].

Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. Global, s/d. p. 75-6.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 18-20.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Cânticos: canções.

·        Sapientes: sábios, cheios de sabedoria.

·        Palmatória: instrumento que se usava para bater nas mãos das crianças.

·        Ritual: cerimônia, atos que se repetem.

·        Debuxo: esboço, primeiro desenho.

·        A granel: à vontade; em grande quantidade.

·        Argumento: frase que objetiva convencer o ouvinte; no texto, avaliação, arguição.

·        Erudito: sábio; indivíduo que tem vasto e variado saber.

·        Pedagogo: professor, educador.

·        Escorada: amparada.

·        Máximas: frases que geralmente expressam normas de conduta.

02 – Qual o assunto do poema?

      O eu poético rememora sua escola primária, sua mestra, seus colegas de um tempo que há muito passou.

03 – Localize a escola no tempo. Justifique sua resposta.

      A escola é muito antiga usava-se palmatória: não se usava sequer quadro-negro; as meninas sentavam-se separadas dos meninos.

04 – Qual era o principal “recurso pedagógico” usado na escola de mestra Silvina?

      Era a palmatória, a violência, o medo da dor que fazia a criança estudar.

05 – Qual é a imagem da professora que ficou na memória do eu poético?

      A professora deixou até uma boa imagem: “a Mestra era boa, velha, cansada, aposentada”.

06 – Cite algumas das atividades realizadas pelos alunos em classe.

      Os alunos liam em voz alta, faziam contas em lousas individuais, estudavam máximas, soletravam, cantavam a tabuada em coro.

07 – Considerando os métodos de estudo descritos no poema, quais seriam as qualidades que a escola pretendia desenvolver no aluno?

      Obediência, memória, respeito, moralidade.

08 – Imagine como se sentiam os alunos nessa escola. Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

POEMA: MASCARADOS - CORA CORALINA - COM GABARITO

 Poema: Mascarados

            Cora Coralina

 Saiu a Semeador a semear 

 Semeou o dia todo

e a noite o apanhou ainda
com as mãos cheias de sementes.

Ele semeava tranquilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam.

Jovem, seja você esse semeador
Semeia com otimismo
Semeia com idealismo
as sementes vivas
da Paz e da Justiça.

Fonte: Livro - Tecendo Linguagens - Língua Portuguesa: 9º ano/Tania Amaral Oliveira, Lucy Aparecida Melo Araújo - 5.ed. - Barueri(SP): IBEP, 2018 - p.38/39.

Entendendo o Poema

1- O poema de Cora Coralina apresenta uma ação que aparece em todo o texto. Que ação é essa?

A ação de semear.

2-Transcreva o poema, organizando-o em três partes:

1ª parte
Saiu a Semeador a semear
Semeou o dia todo
e a noite o apanhou ainda
com as mãos cheias de sementes.
 Trabalho; obra inacabada.

2ª parte
Ele semeava tranquilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam. 
Senso de coletividade, perseverança.

3ª parte
Jovem, seja você esse semeador
Semeia com otimismo
Semeia com idealismo
as sementes vivas
da Paz e da Justiça.
Ação, esperança.

a) Agora, copie as palavras e expressões a seguir, associando-as a cada uma das partes do poema.

ação -
esperança
trabalho
obra inacabada
senso de coletividade
perseverança

b) Que outras palavras ou expressões podem ser associadas a cada parte do poema?

Resposta pessoal.


3) Releia estes versos:

[...] e '' a noite o apanhou '' ainda com as mãos cheia de sementes.

Entendidos em sentido literal, os versos querem dizer que o semeador ainda não tinha terminado o seu trabalho quando a noite chegou. É possível ampliar o significado da ação de “semear”, ou

seja, é possível semear outras coisas além de sementes?

Sim, a ação de semear pode estar relacionada a anunciar uma mensagem, desenvolver um trabalho, construir um mundo melhor, entre outras possibilidades.

 4. E você, acha importante semear, mesmo sem a certeza de colher os frutos de suas sementes?

Comente sua resposta.

Resposta pessoal. Professor, essa questão favorece uma discussão a respeito do sentido de coletividade. Quando temos o senso do coletivo, entendemos que as ações.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

POEMA: CONSIDERAÇÕES DE ANINHA - CORA CORALINA - SE LIGA NA LÍNGUA - COM GABARITO

 Poema: Considerações de Aninha

               Cora Coralina

Melhor do que a criatura,
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos.

Fonte: Livro – Se liga na língua – Língua Portuguesa, 6° ano – p. 125.

Entendendo o poema:

01 – O eu lírico compara a “criatura” e a “Criação”. Que diferença de sentido há entre essas palavras?

      A criatura é o resultado da criação, que é o ato de criar.

02 – Segundo o eu lírico, a criatura está relacionada a “tempo”, “espaço”, “normas” e “costumes”. Como você entende essa ideia?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Ele relaciona a criatura é um ser que não é eterno, mas limitado pela sociedade em que vive.

03 – Criatura, criador e criação são substantivos formados a partir do radical de um mesmo verbo. Qual?

      Criar.

04 – De acordo com o trecho: “Melhor do que a criatura, / fez o criador a criação”. A que se refere a criação?

      A criação citada no trecho refere-se ao que fora criado pelo homem.

 

domingo, 16 de junho de 2019

POEMA: ANTIGUIDADES - CORA CORALINA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: ANTIGUIDADES
         
                  CORA CORALINA

Quando eu era menina bem pequena,
em nossa casa,
certos dias da semana se fazia um bolo,
assado na panela
com um testo de borralho em cima.

Era um bolo econômico,
como tudo, antigamente.
Pesado, grosso, pastoso.
(Por sinal que muito ruim.)

Eu era menina em crescimento.
Gulosa, abria os olhos para aquele bolo
que me parecia tão bom e tão gostoso.

Era só olhos e boca e desejo daquele bolo inteiro.
Minha irmã mais velha governava.
Regrava.
Me dava uma fatia, tão fina, tão delgada…
E fatias iguais às outras manas.
E que ninguém pedisse mais!

E o bolo inteiro, quase intangível,
se guardava bem guardado,
com cuidado, num armário, alto, fechado,  impossível.
Era aquilo, uma coisa de respeito.

Não pra ser comido
assim, sem mais nem menos.
Destinava-se às visitas da noite,
certas ou imprevistas.

Detestadas da meninada.
Criança, no meu tempo de criança,
não valia mesmo nada.
A gente grande da casa usava e abusava
de pretensos direitos de educação.

Por dá-cá-aquela-palha, ralhos e beliscão.
Palmatória e chineladas não faltavam.
Quando não, sentada no canto de castigo
fazendo trancinhas, amarrando abrolhos.

“Tomando propósito”.
Expressão muito corrente e pedagógica.
Aquela gente antiga, passadiça, era assim:
severa, ralhadeira.

Não poupava as crianças.
Mas, as visitas…
– Valha-me Deus! …
As visitas… Como eram queridas,
recebidas, estimadas, conceituadas, agradadas!
Eu fazia força de ficar acordada
esperando a descida certa do bolo
encerrado no armário alto.

E quando este aparecia,
vencida pelo sono já dormia.
E sonhava com o imenso armário
cheio de grandes bolos ao meu alcance.
De manhã cedo quando acordava,
estremunhada, com a boca amarga,
– ai de mim – via com tristeza,
sobre a mesa: xícaras sujas de café,
O prato vazio, onde esteve o bolo, e um cheiro enjoado de rapé.

Cora Coralina

Entendendo o poema:
01 – Leia os verbetes:
·        Texto: tampa de vasilha.
·  Borralho: conjunto de brasas acessas cobertas de cinza; cinzas quentes; lar, lareira.

Com base nos significados das palavras e no conteúdo da 1ª estrofe, explique como era assado o bolo antigamente na casa do eu lírico do poema.
      Assado em panela tampada, numa braseira.

02 – A hora em que o bolo era servido parecia um cerimonial. Por quê?
      Porque o bolo era servido para as visitas.

03 – Leia o trecho a seguir:
        “Era um bolo econômico,
         como tudo, antigamente.
         Pesado, grosso, pastoso.
         (Por sinal que muito ruim.)”

a)   Explique o significado do pronome indefinido nos versos acima.
Grande parte das coisas era econômica.

b)   Pode-se afirmar que hoje é diferente? Justifique sua resposta.
Sim. Hoje há mais fartura e recursos econômicos se compararmos com tempos remotos.

c)   Que faro narrado no poema se opõe ao último verso dessa estrofe: “Por sinal muito ruim”?
O bolo parecia muito “tão bom e tão gostoso”.

04 – Qual o significado do verbo “regrar” no texto?
      Dividia com cuidado, de maneira econômica.

05 – Que verbo está subtendido no verso: “E fatias iguais às outras manas”?
      O verbo “eram”.

06 – Aponte os versos do poema em que a vontade de comer o bolo toma a menina plenamente:
(X) “Abria os olhos para aquele bolo / que me parecia tão bom / e tão gostoso”.
(   ) “Com atenção. Seriamente. / Eu presente”.
(X) “Era só olhos e boca e desejo / daquele bolo inteiro”.
(   ) “E o bolo inteiro / quase inatingível”.
(   ) “Era aquilo uma coisa de respeito / Não pra ser comido”.

07 – Que tipo de sujeito apresenta a oração: “Era só olhos e boca e desejo / daquele bolo inteiro”.
      Sujeito desinencial.

08 – Nos versos: “Por dá-cá-aquela-palha / alhos e beliscão”. Dê um sinônimo para a palavra destacada.
      Chicote.

09 – A menina, quando estava de castigo, permanecia sentada num canto amarrando abrolhos.
·   Abrolho: planta rasteira e espinhosa; O espinho dessa planta; Escolhos; Dificuldades, contrariedades.
a)   Sublinhe no verbete o melhor significado para a palavra.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Ficava de castigo pensando nas dificuldades, refletindo.

b)   Explique sua resposta.
Resposta pessoal do aluno.