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sexta-feira, 28 de março de 2025

CONTO: SOLANGE, A NAMORADA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Conto: Solange, a namorada

           Carlos Drummond de Andrade

        Todas as moças perdiam para Solange. Nenhuma podia competir com ela em matéria de namoro. Os rapazes da cidade só alimentavam uma aspiração: que Solange olhasse para eles. Desdenhavam todas as outras, ainda que fossem lindas, cheias de graça e boas de namorar. Namorar Solange, merecer o favor de seus olhos: que mais desejar na vida?

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_MPWTAEj7PO3rySWg5UDh8CpTgWo-ZJkGz8wAjSDojuAD8tviO8qXdSYtiroFiOZkhq2HqfC9d-zzLaDT_o1QZBEy-RRivAIjVovvEbv8466vzQiImCAZBclFqQ4Ft60_33UlMLbd2XxMoPGjeUB8dRWVJfNxBzplf_jmBeJ_dneOAktjfjDysFsz-_k/s320/2756068-bela-jovem-mulher-com-sorvete-colorido-desenho-realistaial-ilustracao-de-pinturas-vetor.jpg


        A nenhum deles Solange namorava. Era uma torre, um silêncio, um abismo, uma nuvem. Sua família inquietava-se com isto e pedia-lhe que pelo amor de Deus escolhesse um rapaz e namorasse. O vigário exortou-a nesse sentido. O prefeito apelou para os seus bons sentimentos. Ninguém mais casava, a legião de tias era assustadora. Temia-se pela ordem social.

        O desaparecimento de Solange até hoje não foi explicado, mas dizem que em carta endereçada à família ela declarou que, para ser a namorada em potencial de todos, não podia ser namorada de um só, mesmo que sucessivamente trocasse de namorado. Estava certa de que exercia uma função de sonho, que a todos beneficiava. Mas se não era assim, e ninguém compreendia sua doação ideal a todos os moços, ela decidira sumir para sempre, e adeus.

        Adeus? Ignora-se para onde foi Solange, mas aí é que se converteu em mito supremo, e nunca mais ninguém namorou na cidade. As moças envelheceram e morreram, a igreja fechou as portas, o comércio definhou e acabou, as casas tombaram em ruínas, tudo lá ficou uma tapera.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro, José Olympio, 191. p. 151.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 36.

Entendendo o conto:

01 – Qual a característica principal de Solange que a diferenciava das outras moças da cidade?

      Solange era incomparável em matéria de namoro, sendo o objeto de desejo de todos os rapazes da cidade.

02 – Como a família e a comunidade reagiram à recusa de Solange em namorar alguém?

      A família, o vigário e o prefeito pressionaram Solange para que ela escolhesse um rapaz, temendo as consequências sociais de sua recusa.

03 – Qual a explicação dada por Solange em sua carta para justificar seu desaparecimento?

      Solange explicou que, para ser a namorada em potencial de todos, não poderia se comprometer com um único rapaz, e que sua função era a de um sonho coletivo.

04 – Qual o impacto do desaparecimento de Solange na cidade?

      Após o desaparecimento de Solange, a cidade entrou em declínio, com o fim dos namoros, o envelhecimento das moças e a ruína do comércio e das casas.

05 – Qual o significado da transformação de Solange em "mito supremo"?

      A transformação de Solange em mito representa a idealização da figura feminina e a perda do ideal de namoro e romance na cidade.

06 – Como Carlos Drummond de Andrade utiliza a figura de Solange para criticar a idealização do amor romântico?

      Drummond utiliza a figura de Solange para satirizar a idealização do amor romântico, mostrando como a obsessão por um ideal inatingível pode levar à ruína e ao declínio social.

07 – Qual a mensagem principal do conto "Solange, a namorada"?

      A mensagem principal do conto é uma crítica à idealização excessiva do amor e do romance, mostrando como a obsessão por um ideal inatingível pode levar à frustração e ao declínio social.

 

 

 

terça-feira, 18 de março de 2025

POEMA: O QUE SE DIZ - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: O que se diz

            Carlos Drummond de Andrade

        Que frio! Que vento! Que calor! Que caro! Que absurdo! Que bacana! Que frieza! Que tristeza! Que tarde! Que amor! Que besteira! Que esperança! Que modos! Que noite! Que graça! Que horror! Que doçura! Que novidade! Que susto! Que pão! Que vexame! Que mentira! Que confusão! Que vida! Que talento! Que alívio! Que nada...

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWy-ijGDL6BdULbXmWxXk4D-CedhTd9NX1sA6QXw__wuGpaBHJbwB8Ae8vxHKVgxf33DzANnFG71QH1TQDjZaCOWWfEPjlKmPR6y8ZYTAtpvCbzMLgCgHxI1IySEtjK0NXh1M5IPJq4xd21yYhg4B7hlPz5DODM9qtY1qwwO1AVQmuUTjLSZjpja6nuUk/w235-h235/8819420.png


        Assim, em plena floresta de exclamações, vai-se tocando pra frente.

Carlos Drummond de Andrade. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983. p. 1379.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 16.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a principal característica da linguagem utilizada no poema?

      A principal característica é o uso abundante de exclamações, que expressam uma variedade de emoções e impressões sobre o mundo. A linguagem é fragmentada e rápida, refletindo a agitação da vida moderna.

02 – Qual é o significado da expressão "floresta de exclamações"?

      A "floresta de exclamações" representa a profusão de sentimentos e opiniões que bombardeiam o indivíduo no dia a dia. É uma metáfora para a intensidade e a diversidade das experiências humanas.

03 – Quais são os temas abordados no poema?

      O poema aborda uma ampla gama de temas, desde questões existenciais ("Que vida!") até situações cotidianas ("Que pão!"). Ele captura a complexidade e a imprevisibilidade da vida, com seus altos e baixos, alegrias e tristezas.

04 – Qual é a mensagem transmitida pelo último verso do poema: "Assim, em plena floresta de exclamações, vai-se tocando pra frente"?

      O último verso sugere que, apesar do caos e da confusão da vida, as pessoas continuam seguindo em frente, enfrentando os desafios e buscando sentido em meio à "floresta de exclamações".

05 – Como o poema reflete o estilo de Carlos Drummond de Andrade?

      O poema reflete o estilo característico de Drummond, com sua linguagem coloquial, ironia sutil e reflexões sobre a condição humana. Ele captura a essência da vida moderna, com sua velocidade e complexidade, e a transforma em poesia.

 

POESIA: NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO

            Carlos Drummond de Andrade

Um sabiá

na palmeira, longe.

Estas aves cantam 

um outro canto.  

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxPR5Y-1G9Y2-rs7KZ7lpm5LWOqXIcMGGoRoKcJ1XHN6UW4CpyLgyVeazkpj2MEIodKI-S8WIyp9L2lt_3gHAFUIVrYeDe5zn3fRLaqdHUzC_P6IHLg0hEgyQOTdQBhQew0-uQOWbg1tceU4iK8OqXBurr-1dhtQf37zjQy8s6_wCEiBVzEnNWrK3qbYw/s320/SABIA.jpg

O céu cintila 

sobre flores úmidas. 

Vozes na mata, 

e o maior amor. 

 

Só, na noite, 

seria feliz: 

um sabiá, 

na palmeira, longe. 

 

Onde é tudo belo 

e fantástico, 

só, na noite, 

seria feliz. 

(Um sabiá,

na palmeira, longe.) 

 

Ainda um grito de vida e 

voltar 

para onde é tudo belo 

e fantástico: 

a palmeira, o sabiá, 

o longe.

Carlos Drummond de Andrade. Reunião: 10 livros de poesia. 6. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974. p. 94-95.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 69.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a relação do poema com a "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias?

      O título "Nova Canção do Exílio" já indica uma relação direta com o poema de Gonçalves Dias. No entanto, Drummond subverte o idealismo romântico do poema original, apresentando um exílio mais melancólico e introspectivo.

02 – Qual é o significado da repetição do verso "Um sabiá na palmeira, longe"?

      A repetição desse verso reforça a ideia de distanciamento e saudade. O sabiá e a palmeira, símbolos da pátria, estão "longe", representando a distância física e emocional do eu lírico em relação ao seu lugar de origem.

03 – Como o eu lírico se sente em relação ao lugar onde está exilado?

      O eu lírico reconhece a beleza do lugar onde está, com "flores úmidas" e "vozes na mata". No entanto, ele não se sente completamente feliz, pois sente falta de sua terra natal.

04 – Qual é o papel da noite no poema?

      A noite é um momento de introspecção e melancolia para o eu lírico. É quando ele se sente mais solitário e a saudade se intensifica. No entanto, é também na noite que ele encontra um tipo de felicidade, na memória da sua terra.

05 – Qual é o significado da expressão "onde é tudo belo e fantástico"?

      Essa expressão pode ser interpretada de duas maneiras: como uma referência à idealização da pátria, vista como um lugar perfeito, ou como uma referência à beleza do lugar onde o eu lírico está exilado, que o encanta, mas não o completa.

06 – Qual é a mensagem final do poema?

      A mensagem final do poema é de esperança e desejo de retorno. O "grito de vida" representa a força do eu lírico em superar a saudade e a vontade de voltar para o lugar onde ele se sente verdadeiramente feliz.

07 – Quais são os principais sentimentos expressos no poema?

      Os principais sentimentos expressos no poema são a saudade, a melancolia, a solidão e a esperança. O eu lírico sente falta de sua terra natal, mas mantém a esperança de um dia retornar.

 

 

domingo, 9 de março de 2025

POESIA: IGREJA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: Igreja

            Carlos Drummond de Andrade

Tijolo
areia
andaime
água
tijolo.
O canto dos homens trabalhando trabalhando
mais perto do céu
cada vez mais perto
mais
— a torre.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrkswwxc09nfSqlEra0C7wkjYSR4_XO825V57TqmwLH9hYBxa1y-XAYXg6zsXzJ06OnaaJh0F_1JFB18sifEfSR_fQep7ZlEpzDUx8lFKCO1pmnE4MFoFISbWbHU1K1vGvGtID-XbperMMSh-3lgieAyrjuy207sLQt_S-2KCz-TT5Xvzc2P9FeqpAhqU/s1600/IGREJA.jpg



E nos domingos a litania dos perdões, o murmúrio das invocações.
O padre que fala do inferno
sem nunca ter ido lá.
Pernas de seda ajoelham mostrando geolhos.
Um sino canta a saudade de qualquer coisa sabida e já esquecida.
A manhã pintou-se de azul.
No adro ficou o ateu,
no alto fica Deus.
Domingo...
Bem bão! Bem bão!
Os serafins, no meio, entoam quii ieleisão.

Carlos Drummond de Andrade. Igreja. In:_____. Reunião: 10 livros de poesia. 5 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 68.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a temática principal do poema?

      O poema explora a dualidade entre o trabalho árduo da construção da igreja e a espiritualidade presente nos rituais religiosos que ali ocorrem.

02 – Como o poema descreve o processo de construção da igreja?

      O poema descreve o processo de construção da igreja de forma concisa e objetiva, listando os materiais e ações envolvidos: "Tijolo / areia / andaime / água / tijolo. / O canto dos homens trabalhando trabalhando / mais perto do céu / cada vez mais perto / mais — a torre."

03 – Qual a crítica presente na fala do padre?

      A crítica presente na fala do padre é que ele fala do inferno sem nunca ter estado lá, sugerindo uma desconexão entre a teoria religiosa e a experiência real.

04 – O que representa a figura do ateu no adro da igreja?

      A figura do ateu no adro da igreja representa a presença da dúvida e da descrença em um ambiente religioso, contrastando com a fé dos demais presentes.

05 – Qual a atmosfera predominante nos versos finais do poema?

      Os versos finais do poema criam uma atmosfera de tranquilidade e aceitação, com a expressão "Bem bão! Bem bão!" e o canto dos serafins, sugerindo uma conciliação entre o humano e o divino.

 

 

quarta-feira, 5 de março de 2025

POEMA: CONFISSÃO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: CONFISSÃO

             Carlos Drummond de Andrade 

Não amei bastante meu semelhante,

não catei o verme nem curei a sarna.

Só proferi algumas palavras,

melodiosas, tarde, ao voltar da festa.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjudpKDpfBzuSlpUdE3bh6CXAsm3IW8nb-QmLzeFzstOCx8RP1uP0ERnErthLTCiIrnm-JI7OV8ecknRJc77ZKcvAOu9mQIcyZ6amZpZU6_naqfbmoSfUXMD_4z3UbJqzM1E634bqYanGH5L8yIcfZzh6YCuVBP8ksZ7rl91wnqcm7R0JDeeHvVYodDPtM/s320/amor-relacionamento-casal-paixao-apaixonados-1607980291163_v2_4x3.jpg


 

Dei sem dar e beijei sem beijo.

(Cego é talvez quem esconde os olhos

embaixo do catre.) E na meia-luz

tesouros fanam-se, os mais excelentes.

 

Do que restou, como compor um homem

e tudo que ele implica de suave,

de concordâncias vegetais, murmúrios

de riso, entrega, amor e piedade?

 

Não amei bastante sequer a mim mesmo,

contudo próximo. Não amei ninguém.

Salvo aquele pássaro – vinha azul e doido –

que se esfacelou na asa do avião.

Carlos Drummond de Andrade. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 516.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a principal confissão do poeta no poema?

      A principal confissão do poeta é que ele não amou o suficiente seus semelhantes, nem a si mesmo. Ele reconhece suas falhas em expressar amor e compaixão.

02 – Como o poeta descreve suas ações em relação ao amor e à generosidade?

      O poeta descreve suas ações como superficiais e insuficientes. Ele menciona que "deu sem dar" e "beijou sem beijo", indicando uma falta de verdadeira entrega e sinceridade.

03 – Qual é o significado da metáfora do "cego que esconde os olhos debaixo do catre"?

      A metáfora sugere que aqueles que evitam enfrentar a realidade ou esconder suas imperfeições são cegos em sentido figurado, incapazes de ver e agir com clareza e honestidade.

04 – O que o poeta questiona ao refletir sobre o que restou de suas experiências?

      O poeta questiona como pode compor um homem com as experiências que restaram e tudo o que isso implica de suave, incluindo risos, entrega, amor e piedade. Ele reflete sobre a complexidade da condição humana.

05 – Qual é o único ser que o poeta admite ter amado no poema?

      O único ser que o poeta admite ter amado é um pássaro que "vinha azul e doido" e se esfacelou na asa de um avião. Esse amor é apresentado de forma trágica e efêmera.

 

 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

POEMA: CIDADE PREVISTA - (FRAGMENTO) - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Cidade prevista – Fragmento

              Carlos Drummond de Andrade

[...]

Irmãos, cantai esse mundo

que não verei, mas virá

um dia, dentro em mil anos,

talvez mais… não tenho pressa.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0nwfIMo3p9LCqCcyMt2FpCVZRD4w8oBoP65FMLoLrfQxbnZyRSj8Pkql4brcFQ6-MP44K7oQW97tYIqzrUGGrrsVll9lquUOOFHqr_57o9DY_sVk20GW6HLIu93-KreVFD1AzMO0YLwp-Q_XAvePwbzAexStsgcGBBEHTbXgZFp_8g9WOu1tUjBXv6fM/s320/POEMA.jpg


Um mundo enfim ordenado,

uma pátria sem fronteiras,

sem leis e regulamentos,

uma terra sem bandeiras,

sem igrejas nem quartéis,

sem dor, sem febre, sem ouro,

um jeito só de viver,

mas nesse jeito a variedade,

a multiplicidade toda

que há dentro de cada um.

Uma cidade sem portas,

de casa sem armadilha,

um país de riso e glória

como nunca houve nenhum.

Este país não é meu

nem vosso ainda, poetas.

mas ele será um dia

o país de todo homem.

Carlos Drummond de Andrade. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p. 158-159.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 341.

Entendendo o poema:  

01 – Qual é o tema central do poema "Cidade Prevista"?

      O tema central do poema é a visão de um futuro utópico, um mundo idealizado onde a humanidade vive em paz, harmonia e liberdade.

02 – Que características o poeta destaca sobre o mundo que ele imagina?

      O poeta destaca diversas características do mundo que ele imagina, como a ausência de fronteiras, leis, regulamentos, bandeiras, igrejas, quartéis, dor, febre e ouro. Ele enfatiza a ideia de um mundo ordenado, com um único modo de viver, mas que ao mesmo tempo preserva a variedade e a individualidade de cada pessoa.

03 – Qual é a importância da imagem de uma "cidade sem portas" no poema?

      A imagem de uma "cidade sem portas" representa a ideia de um mundo aberto, sem barreiras, onde as pessoas podem circular livremente e se sentir seguras. Essa imagem reforça a utopia de um mundo sem violência e sem armadilhas.

04 – A quem o poeta se dirige no poema e qual é a sua mensagem principal?

      O poeta se dirige aos seus irmãos, os poetas, e a toda a humanidade. Sua mensagem principal é que esse mundo idealizado, apesar de não existir no presente, é um futuro que pode se concretizar um dia. Ele expressa a esperança de que esse mundo se torne "o país de todo homem".

05 – Qual é o sentimento que o poema transmite ao leitor?

      O poema transmite um sentimento de esperança, de otimismo em relação ao futuro da humanidade. O poeta nos convida a acreditar na possibilidade de um mundo melhor, mais justo e igualitário, onde todos possam viver em paz e liberdade.

 

 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

POEMA: A FLOR E A NÁUSEA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: A flor e a náusea

             Carlos Drummond de Andrade

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLQVefUCbA_c5ANW9lwU96Sog8wD36jtUENdQ6tbsAkO6sCBdj0r0o1R86Xf407UTn2x60utGfv5o0gg9viCsk5jyZ3HX0BigrlI_iEjdX1SdYOyXcUju02mJX6uS2-jicUvjfV8Gv5cp4-oTc-Hxfc7OaJgbkEUuW5YV63B5lks_2aSXZT5NucpC1u3s/s320/FLOR.png

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

A flor e a náusea. Reunião. 10, ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1980, p. 78-79.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 31.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o sentimento predominante expresso no poema?

      O sentimento predominante é o de náusea, tédio e frustração diante da realidade social, política e existencial. O poeta expressa a sensação de impotência e desilusão com o mundo ao seu redor.

02 – Qual o significado da flor que nasce na rua?

      A flor que nasce na rua, apesar de ser "feia" e não ter nome, representa um símbolo de esperança e resistência em meio à desesperança e ao caos. Ela surge no asfalto, um ambiente hostil, e rompe com o tédio e o ódio, representando a possibilidade de beleza e renovação em um mundo árido.

03 – O que representa a expressão "o tempo é ainda de fezes"?

      A expressão "o tempo é ainda de fezes" é uma metáfora para a corrupção, a injustiça e a miséria que permeiam a sociedade. O tempo presente é marcado por mazelas e desigualdades, o que causa náusea e indignação no poeta.

04 – Qual a crítica social presente no poema?

      O poema critica a alienação, a desigualdade social, a corrupção e a falta de perspectivas na sociedade. O poeta denuncia a passividade das pessoas diante dos problemas e a dificuldade de encontrar sentido na vida.

05 – Qual o papel do poeta no poema?

      O poeta se coloca como um observador crítico da realidade, que sente na própria pele o peso do tédio e da desesperança. Ele expressa sua revolta e indignação através da poesia, buscando dar voz aos sentimentos de muitos.

06 – O que significa a afirmação "meu ódio é o melhor de mim"?

      A afirmação "meu ódio é o melhor de mim" expressa a revolta do poeta contra a injustiça e a opressão. O ódio, nesse contexto, não é um sentimento destrutivo, mas sim uma força motriz que o impulsiona a lutar por um mundo melhor.

07 – Qual a importância do título "A Flor e a Náusea"?

      O título "A Flor e a Náusea" sintetiza a dualidade presente no poema. A náusea representa o sentimento de repulsa e frustração diante da realidade, enquanto a flor simboliza a esperança e a possibilidade de renovação. O poema mostra a tensão entre esses dois polos, o pessimismo e a crença na capacidade de transformação.

 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): O LUTADOR - CARLOS DURMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Música(ATIVIDADES): O Lutador

             Carlos Drummond de Andrade

Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZSVWEtuWnvKGe2bsWEhGwr1T_3Wljshs0t8VwBabokfsr_3gkn2pmAVxI7Mua1SWWc-y-L33061ucrfyUQBTkYbLIkpnP7SQazI7QImSAM0LpcAUFSFiGnhoc_rHQcmF8cZ_v20bIykKlFxaP_PhemDrk15DRE3KHelTfEfABnyw8E3sEgEBex31XkWw/s1600/CARLOS.jpg


Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.

Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue…
Entretanto, luto.

Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.

Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.

Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
aquela sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.

O ciclo do dia
ora se conclui
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.

Composição: Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 126-127.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 103-105.

Entendendo a música:

01 – Qual a principal metáfora utilizada no poema?

      A principal metáfora é a comparação entre a escrita e uma luta. As palavras são personificadas como adversários que o poeta busca capturar e dominar. A luta pela palavra se torna uma metáfora para a criação artística, repleta de desafios e frustrações.

02 – Qual a sensação do poeta em relação às palavras?

      O poeta demonstra uma relação complexa e ambivalente com as palavras. Por um lado, ele as deseja e as busca com fervor, reconhecendo seu poder e beleza. Por outro lado, ele as vê como adversárias difíceis de domar, que o desafiam e o frustram.

03 – Quais os sentimentos do poeta durante a luta com as palavras?

      O poeta experimenta uma gama de sentimentos, como desejo, frustração, raiva, esperança e paixão. A luta é intensa e exaustiva, mas ao mesmo tempo, ele encontra prazer e satisfação na busca pela palavra perfeita.

04 – Qual o significado da frase "Lutar com palavras é a luta mais vã"?

      Essa frase paradoxal expressa a frustração do poeta diante da dificuldade de capturar e controlar as palavras. A luta parece inútil, pois as palavras são elusivas e fugidias. No entanto, o poeta continua lutando, movido por uma paixão intensa.

05 – Qual a importância da repetição da palavra "palavra" no poema?

      A repetição da palavra "palavra" enfatiza a centralidade do tema e a obsessão do poeta por ela. A repetição cria um ritmo hipnótico e intensifica a emoção do poema.

06 – Qual a relação entre o poeta e as palavras no final do poema?

      No final, o poeta reconhece a beleza e o poder das palavras, mesmo que não consiga dominá-las completamente. A luta continua, mas ele encontra uma espécie de paz e aceitação nessa relação complexa.

07 – Qual a mensagem principal do poema?

      O poema "O Lutador" é uma reflexão sobre a natureza da criação artística e a relação entre o poeta e suas palavras. A mensagem principal é que a escrita é uma luta constante e desafiadora, mas também uma fonte de grande prazer e realização. O poema celebra a beleza e o poder das palavras, mesmo que elas permaneçam, em última análise, inalcançáveis.

 

 

sábado, 7 de dezembro de 2024

POEMA: A RUA DIFERENTE - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: A rua diferente

             Carlos D. de Andrade

Na minha rua estão cortando árvores
botando trilhos
construindo casas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXm4OyxtTEKvv7p8W1lusGNbzFDfn3Ew84O_SGC3Cn5nMUpge5Mf8pDMOkYTMHfwbER0kQ1-FRaKbe4DttIys2-H7vRholG0Y9UFKbJSXjf8hFxF7t8oB-mUFvSF5Vn8pJg4Nyj84wBUeC3TK0Ekpp_CQSNlphmtY8q_GfYizp-9Y4FTHIGOlXly06Ca0/s320/ARVORE.jpg



Minha rua acordou mudada.
Os vizinhos não se conformam.
Eles não sabem que a vida
tem dessas exigências brutas.

Só minha filha goza o espetáculo
e se diverte com os andaimes,
a luz da solda autógena
e o cimento escorrendo nas fôrmas.

Carlos Drummond de Andrade. Alguma poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

Fonte: Descobrir o mundo, Ápis – Maria E. Simielli / Rogério G. Nigro / Anna Maria Charlier. Ensino fundamental – Anos iniciais – 2º ano – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2015, p. 177.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o principal acontecimento descrito no poema?

      O principal acontecimento descrito no poema é a remodelação da rua onde o poeta mora. Essa transformação envolve o corte de árvores, a instalação de trilhos e a construção de novas casas, o que causa uma grande mudança na paisagem e na rotina dos moradores.

02 – Como os vizinhos reagem às mudanças?

      Os vizinhos reagem de forma negativa às mudanças. Eles não se conformam com a nova realidade da rua e sentem-se incomodados com as obras.

03 – Qual a perspectiva da filha do poeta em relação às mudanças?

      A filha do poeta, ao contrário dos outros vizinhos, goza do espetáculo da construção. Ela se diverte com os elementos da obra, como os andaimes, a luz da solda e o cimento escorrendo, mostrando uma visão mais positiva e curiosa sobre as mudanças.

04 – Que mensagem o poema transmite sobre as transformações urbanas?

      O poema transmite a ideia de que as transformações urbanas são inevitáveis e trazem consigo tanto perdas quanto ganhos. A rua, que antes era familiar e acolhedora, agora se transforma em um espaço desconhecido e em constante mudança. A reação dos vizinhos demonstra a dificuldade de se adaptar às novas realidades, enquanto a alegria da filha representa a capacidade de encontrar novas perspectivas e possibilidades.

05 – Qual o papel da natureza na visão do poeta?

      A natureza, representada pelas árvores, é vista como um elemento que dá vida e personalidade à rua. O corte das árvores simboliza a perda de algo natural e autêntico, dando lugar a um ambiente mais artificial e urbanizado. A natureza, nesse contexto, representa a tradição e a memória, que cedem espaço para o novo e o moderno.

 

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

POEMA: SONETO DA LOUCURA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Soneto da loucura

             Carlos Drummond de Andrade

A minha casa pobre é rica de quimera

e se vou sem destino a trovejar espantos,

meu nome há de romper as mais nevoentas eras

tal qual Pentapolim, o rei dos Garamantas.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMHmoRQvlHrRad5WRvCF7soC4vyHJ-RvYJmTEfG0gE6IqfNONT4o6tVBs5Gu7B8_SoaS7Znkzis0uwbVfNF-PffEAXj9x7FiqKzrt4LicZo5voGRMtM6bwMuiIs9rAFHh1Hvu8VwjAPe8d9_7YMOSEi9ezEjQE0I3iTNb5s1f6bMjAuY-S5O2lceI8xK8/s1600/CARLOS.jpg

Rola em minha cabeça o tropel de batalhas

jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno.

Se da escura cozinha escapa o cheiro de alho,

o que nele recolho é o olor da glória eterna.

 

Donzelas a salvar, há milhares na Terra

e eu parto e meu rocim, corisco, espada, grito,

torto endireitando, herói de seda e ferro,

 

E não durmo, abrasado, e janto apenas nuvens,

na férvida obsessão de que enfim a bendita

Idade de Ouro e Sol baixe lá nas alturas.

Carlos Drummond de Andrade. In: As impurezas do branco. www.carlosdrummond.com.br/ Rio de Janeiro: Record.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 85.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal característica da casa do eu lírico?

      A casa do eu lírico, apesar de ser "pobre", é rica em "quimera", ou seja, em sonhos, fantasias e idealizações. Essa riqueza interior contrasta com a pobreza material, mostrando a força da imaginação e do espírito aventureiro do poeta.

02 – Qual a ambição do eu lírico em relação ao seu nome?

      O eu lírico almeja que seu nome transcende o tempo, "rompendo as mais nevoentas eras". Ele se compara a Pentapolim, um rei lendário, buscando deixar uma marca duradoura na história, mesmo que através de suas loucuras e aventuras.

03 – Que tipo de batalhas o eu lírico travava em sua mente?

      As batalhas travadas na mente do eu lírico são épicas e grandiosas, "jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno". Elas representam os conflitos internos, os sonhos e as aspirações que o atormentam e motivam.

04 – Qual o significado do cheiro de alho na cozinha e como ele é interpretado pelo eu lírico?

      O cheiro de alho, um aroma simples e cotidiano, é transformado pelo eu lírico em um símbolo da "glória eterna". Essa transmutação revela sua capacidade de encontrar significado e beleza em coisas comuns, elevando-as a um plano superior.

05 – Qual a obsessão que domina o eu lírico e qual o seu objetivo final?

      O eu lírico é dominado pela obsessão de encontrar a "Idade de Ouro", um período mítico de perfeição e felicidade. Ele busca incessantemente por esse ideal, alimentando-se de sonhos e aventuras, mesmo que isso o leve a uma existência solitária e insone.