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sexta-feira, 17 de outubro de 2025

MÚSICA (ATIVIDADES): A TUA PRESENÇA MORENA - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

 Música (Atividades): A Tua Presença Morena

            Caetano Veloso

A tua presença
Entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença
Paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença
Desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença
Envolve meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença
É branca verde, vermelha azul e amarela
A tua presença

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgetOqWqocEPmrFLW0lPPWZ-z8v11mXs8XQN4jldobMWHgVm8gzF_HHYnQUsY-yXRTHsvVj3CcOwvAZ6iWAhSWgVly_LKELDQTbMrtNGBvKUBoZV9y7kPjoze7rpT3L394MHgWOjVWA7xQPQXZQt2EdA_rsEhsjs7QAwnci5aGZxZ1JmrPa5DTj7AvZW0Y/s320/caetano-veloso.jpg


É negra, negra, negra
Negra, negra, negra
Negra, negra, negra
A tua presença
Transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença
Silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença
Se espalha no campo derrubando as cercas
A tua presença
É tudo que se come, tudo que se reza
A tua presença
Coagula o jorro da noite sangrenta
A tua presença é a coisa mais bonita em toda a natureza
A tua presença
Mantém sempre teso o arco da promessa
A tua presença
Morena, morena, morena
Morena, morena, morena
Morena.

Compositor: Caetano Veloso.

Fonte: Gramática da Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 104.

Entendendo a música:

01 – Qual é a figura de linguagem central utilizada na música e como a sua repetição no início de quase todos os versos contribui para o tema?

      A figura central é a Anáfora, a repetição da expressão "A tua presença". Essa repetição é essencial para o tema, pois enfatiza a onipresença, a persistência e o efeito avassalador dessa presença na vida e na percepção do eu lírico, quase como uma obsessão ou uma verdade incontestável.

02 – De que forma a presença da pessoa amada é descrita como uma experiência sensorial total no início da música?

      A presença é descrita como invadindo o eu lírico por todos os canais sensoriais, mencionados metaforicamente como os "sete buracos da minha cabeça," e explicitamente como "Pelos olhos, boca, narinas e orelhas." Isso sugere que a percepção do eu lírico é dominada e absorvida completamente pela presença, sem escapatória.

03 – De que maneiras a "tua presença" afeta o sentido de tempo e a identidade do eu lírico?

      A presença tem um efeito paradoxal e transformador: ela "paralisa meu momento em que tudo começa" (suspende o tempo e a confusão, mas marca um novo e decisivo início) e "Desintegra e atualiza a minha presença" (destrói o eu antigo e incompleto para, em seguida, construir um novo eu, transformado e renovado).

04 – Analise o significado da sequência de cores utilizada na canção ("branca verde, vermelha azul e amarela" e, em seguida, "negra, negra, negra").

      A primeira sequência, que mistura diversas cores, simboliza a totalidade, a plenitude e a diversidade da presença, como a soma de todas as luzes. A subsequente repetição intensa de "negra, negra, negra" confere a essa totalidade uma intensidade, profundidade, mistério e uma força fundamental e radical, sugerindo uma beleza que transcende a superfície.

05 – A música utiliza a hipérbole (exagero) para descrever o efeito da presença no mundo externo. Cite dois exemplos que ilustram como a presença transcende o eu lírico e afeta a realidade.

      Exemplos de hipérbole que transcendem o eu lírico:

      A presença "Silencia os automóveis e as motocicletas," sugerindo que a sua força e beleza são capazes de anular o barulho, o caos e a agitação do mundo moderno.

      A presença "Se espalha no campo derrubando as cercas," simbolizando a abolição de barreiras, limites e convenções, tanto sociais quanto geográficas.

06 – O que os versos "A tua presença / É tudo que se come, tudo que se reza" e "Coagula o jorro da noite sangrenta" sugerem sobre a função da presença na vida do eu lírico?

      Esses versos elevam a presença a uma função universal e vital. Ela é o sustento ("tudo que se come"), a fé e a esperança ("tudo que se reza"), e o elemento ordenador e pacificador ("Coagula o jorro da noite sangrenta" - estanca o caos, o perigo ou a turbulência da vida). A presença é, portanto, a base da existência.

07 – O poema culmina com o adjetivo repetido "Morena." Qual o significado ou importância desse adjetivo na construção da identidade e do tema da canção?

      "Morena" é o adjetivo que finaliza, materializa e personaliza toda a força cósmica e universal descrita. Ele ancora a intensidade espiritual e sensorial a uma identidade feminina, brasileira e concreta, transformando o conceito abstrato da "presença" em uma figura física de grande importância cultural, estética e afetiva para o eu lírico.

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): ATRÁS DO TRIO ELÉTRICO - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

 Música (Atividades): Atrás do Trio Elétrico

             Caetano Veloso

Atrás do trio elétrico
Só não vai quem já morreu
Quem já botou pra rachar
Aprendeu, que é do outro lado
Do lado de lá do lado
Que é lá do lado de lá

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZxuusHNymGlTf43AJz6-he4-nqx6t7hgeBxCuUZ_vGmGDPIkiPMwVEZu1LzdiVX_RWOAfKzwdqTDlZkpuPk6g2x8e6voeOI8dNhoJNb8ehZuKFcKgIqgnq6dgJTI5IFAhPdCQifAeRGm3bN02T3VnUy7jIWTNSbbbfyEndCeo4Y_UA2rokxgxXF9vG2U/s1600/TRIO.jpg


O sol é seu
O som é meu
Quero morrer
Quero morrer já

O som é seu
O sol é meu
Quero viver
Quero viver lá

Nem quero saber se o diabo
Nasceu, foi na Bahi ...
Foi na Bahia
O trio elétrico
O sol rompeu
No meio-dia
No meio-dia.

Composição: Caetano Veloso – Literatura comentada. São Paulo, Nova Cultural, 1988.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 180.

Entendendo a música:

01 – Qual é a principal metáfora ou imagem central que a letra utiliza para expressar a intensidade da festa popular?

      A imagem central é a da perseguição ou acompanhamento ao Trio Elétrico, um símbolo do Carnaval de Salvador. O verso "Só não vai quem já morreu" é uma hipérbole (exagero) que exalta a atração e a força irresistível da festa, sugerindo que a folia é essencial à vida, e que apenas a morte impede a participação.

02 – Qual é o significado da troca de posse nos versos "O sol é seu / O som é meu" e "O som é seu / O sol é meu"?

      Essa troca ("O sol é seu / O som é meu" e vice-versa) sugere uma fusão ou interdependência intensa entre os participantes (a multidão) e a fonte da música (o trio elétrico ou o cantor). O "som" representa a arte, a música, o ritmo que impulsiona a festa (algo que vem do artista/trio). O "sol" representa a força vital, a luz, o calor, a energia da Bahia e da multidão. A troca indica que a experiência do Carnaval é um compartilhamento total de energia e criação entre quem toca e quem dança.

03 – O que os versos "Quero morrer / Quero morrer já" e "Quero viver / Quero viver lá" revelam sobre a experiência temporal e emocional da pessoa que está na folia?

      Estes versos expressam uma dualidade emocional extrema característica do êxtase carnavalesco. O desejo de "morrer" (morrer de prazer, de exaustão, de paixão) sugere a vontade de atingir o clímax da experiência, onde o indivíduo se anula e se funde na massa. O desejo de "viver lá" reforça que o estado de euforia e liberdade proporcionado pelo Carnaval, especificamente "do lado de lá" (na rua, atrás do trio), é o verdadeiro sentido da vida naquele momento.

04 – O que a repetição das frases "Que é do outro lado / Do lado de lá do lado / Que é lá do lado de lá" enfatiza na canção?

      Essa repetição e quebra sintática enfatiza a ideia de um lugar ou estado mental/espiritual distinto. "O lado de lá" é a transgressão ou a liberdade atingida durante a festa. É um estado de espírito ou um local físico (atrás do trio, na rua) que está fora da rotina e das convenções. A insistência na direção ("lá") sublinha que é para lá que a multidão se dirige em busca dessa libertação.

05 – Como a menção à Bahia e o "meio-dia" contribuem para o cenário e o tom da música?

      A Bahia é o palco da canção e a fonte da cultura do trio elétrico, conferindo autenticidade e regionalidade à experiência celebrada. A menção ao diabo na Bahia pode ser uma referência irônica à irreverência e ao fervor quase pagão do Carnaval baiano.

      O "meio-dia" ("O sol rompeu / No meio-dia") enfatiza a plenitude da luz e do calor, o momento de máxima energia do dia. Isso reforça a ideia de que a festa ocorre sob a luz plena do sol, sem barreiras ou sombras, na sua forma mais intensa e vibrante.

 

 

domingo, 23 de março de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): LUA DE SÃO JORGE - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

 Música (Atividades): Lua de São Jorge

             Caetano Veloso

Lua de São Jorge
Lua deslumbrante
Azul verdejante
Cauda de pavão.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRaN0vYEz9j2IaC7GCyCHTLBvAMEmNt2LTPO8x1TiflaUtPEUI3SlXZAhaAccDXX2wN58IDqrhgjgxvfsGKj3SKj_DAQVsinDLX8LW9FJFECjOeHDyBBPGqfm2boXDzk-uAmwwEIPvNdDbr_9yefHjnuckCU3ROXz0N9yLlXrevP0jnhoDkxFqiNM25t4/s320/SAO%20JORGE.jpg


Lua de São Jorge
Cheia branca inteira
Oh minha bandeira
Solta na amplidão.

Lua de São Jorge
Lua brasileira
Lua do meu coração.

Lua de São Jorge
Lua maravilha
Mãe irmã e filha
De todo esplendor.

Lua de São Jorge
Brilha nos altares
Brilha nos lugares
Onde estou e vou.

Lua de São Jorge
Brilha sobre os mares
Brilha sobre o meu amor.

Lua de São Jorge
Lua soberana
Nobre porcelana
Sobre a seda azul.

Lua de São Jorge
Lua da alegria
Não se vê um dia
Claro como tu.

Lua de São Jorge
Serás minha guia
No Brasil de norte a sul.

Caetano Veloso. Sel. de textos, notas, est. Biogr. hist. e crít. e exerc. Por Paulo Franchetti e Alcir Pécora. São Paulo: Abril Educação, 1981. p. 84. (Literatura Comentada).

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 246.

Entendendo a música:

01 – Qual é a principal imagem poética explorada na música?

      A principal imagem poética é a da lua, que é descrita de diversas formas, como "deslumbrante", "azul verdejante", "cheia branca inteira" e "soberana". A lua é personificada e elevada a um símbolo de beleza, guia e inspiração.

02 – Quais são as metáforas utilizadas para descrever a lua?

      A lua é comparada a elementos como "cauda de pavão", "bandeira", "mãe irmã e filha" e "nobre porcelana sobre a seda azul", evidenciando a riqueza de imagens e a profundidade dos sentimentos expressos na canção.

03 – Qual o significado da expressão "Lua de São Jorge"?

      A expressão faz referência à figura de São Jorge, um santo guerreiro da tradição católica, que também é associado à lua em algumas manifestações culturais brasileiras. A ligação com São Jorge confere à lua um caráter de proteção e força.

04 – Como a lua é relacionada ao Brasil na música?

      A lua é chamada de "lua brasileira" e é vista como um guia no Brasil, "de norte a sul", representando um símbolo nacional e um elemento constante na jornada do eu lírico.

05 – Quais sentimentos são evocados pela lua na canção?

      A lua evoca sentimentos de admiração, alegria, amor e segurança. Ela é vista como uma fonte de beleza e um guia constante na vida do eu lírico.

06 – Qual a importância da lua na cultura popular brasileira?

      A lua possui um forte significado na cultura popular brasileira, aparecendo em diversas manifestações artísticas, como músicas, poesias e lendas. Ela é frequentemente associada a mistério, romantismo e espiritualidade.

07 – Qual o estilo musical da canção?

      A canção "Lua de São Jorge" apresenta um estilo musical característico de Caetano Veloso, com uma melodia suave e poética, que combina elementos da MPB com influências de outros gêneros musicais.

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): O CIÚME - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

 Música (Atividades): O Ciúme

              Caetano Veloso

Dorme o Sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme Ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcEC5d7N90qAl9kkfu8R9h-oicRBE6ymbceK8mRm9XbGvO93kuvdGixnSG9-XVHff4SCRHO_sGFhZx63VlEvLPfAy00kWP6nKhJ2YLyAax4QvFBFClpjspM0wSb56mpIG1vYaCPLlB3bJK_giwdZjIFc_dzkkeea60iH9zHHvvkUfpwqC5p0XjW_ZPmak/s320/CIUME.jpg


O ciúme lançou sua flecha preta
E se viu ferido justo na garganta
Quem nem alegre, nem triste, nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta

Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só eu, só eu, só, eu

Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer gritar, cadê?

Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme.

Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme.

Composição: Caetano Veloso. Phillips nº 832938-1.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 51.

Entendendo a música:

01 – Qual é o tema central da música?

      O tema central da música é o ciúme, explorado de forma intensa e poética. Caetano Veloso descreve o ciúme como uma força avassaladora, capaz de dominar a alma e obscurecer a beleza do mundo.

02 – Como o ciúme é personificado na letra da música?

      O ciúme é personificado como uma entidade sombria e poderosa, que lança "flechas pretas" e paira como uma "sombra monstruosa". Essa personificação intensifica a sensação de opressão e sofrimento causada pelo ciúme.

03 – Qual é a importância do rio São Francisco na música?

      O rio São Francisco, conhecido como "Velho Chico", serve como cenário e metáfora na música. Sua vastidão e mistério refletem a profundidade e a complexidade do ciúme, que se espalha e domina tudo ao seu redor.

04 – Qual é o significado dos versos "Tudo é perda, tudo quer gritar, cadê?"?

      Esses versos expressam a angústia e o desespero causados pelo ciúme, que leva à sensação de perda e à busca incessante por algo que se foi.

05 – Qual é a mensagem final da música?

      A música transmite uma mensagem de sofrimento e aprisionamento causados pelo ciúme, que obscurece a beleza do mundo e leva à solidão e ao desespero.

 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): TROPICÁLIA - CAETANOS VELOSO - COM GABARITO

 Música(Atividades): Tropicália

             Caetano Veloso

Quando Pero Vaz Caminha
Descobriu que as terras brasileiras
Eram férteis e verdejantes
Escreveu uma carta ao rei
Tudo que nela se planta
Tudo cresce e floresce
E o Gauss da época gravou

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPJZtK4EdVJWOgYGY-vZbMUm02PnbGRh6hnrJNKmZ3X2q6Eye6CuupwCKC8rJF2WJAYwyZkIsjqTBKZv8J3I1iq6iBWqRvhWQ2IDioDLI1G1Vkh7h1J-0fS_o3rpHemCb5qdXm5pLBpd_SqBt-Ia7S5XhqJkZzBHW4XLqCF6k2hwq1zQw20ZeWGYRZugY/s320/trop.jpg

Sobre a cabeça, os aviões
Sob os meus pés, os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz

Eu organizo o movimento
Eu oriento o Carnaval
Eu inauguro o monumento
No Planalto Central do país

Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça

O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão

O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão

Viva a mata, tá, tá
Viva a mulata, tá, tá, tá, tá
Viva a mata, tá, tá
Viva a mulata, tá, tá, tá, tá

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis

Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis

Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim

Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim

Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém

O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da
.

Composição: Caetano Veloso. São Paulo: Abril Educação, 1981, p. 46-47. Literatura Comentada.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 493.

Entendendo a música:

01 – Qual é o contexto histórico e social da música "Tropicália"?

      A música "Tropicália" foi lançada em 1968, durante o período da ditadura militar no Brasil. A canção faz parte do movimento Tropicália, que buscava criticar a repressão e a censura através da música e da arte.

02 – Qual é a principal característica da letra da música "Tropicália"?

      A letra da música é marcada pela mistura de elementos diversos e aparentemente desconexos, como referências históricas, culturais, geográficas e personagens folclóricos. Essa mistura reflete a complexidade da cultura brasileira e a crítica à tentativa de homogeneização imposta pela ditadura.

03 – O que o "monumento" mencionado na música representa?

      O "monumento" na música representa a própria cultura brasileira, que é construída a partir da diversidade e da mistura de influências. Ele é descrito como "de papel crepom e prata", "sem porta" e com elementos que remetem tanto à natureza exuberante quanto à pobreza e à violência.

04 – Qual é a crítica presente na música em relação à sociedade brasileira da época?

      A música "Tropicália" de Caetano Veloso, lançada em 1968, é um marco do movimento tropicalista e apresenta diversas críticas à sociedade brasileira da época. A principal crítica se manifesta na colisão e no contraste entre elementos que representam o "Brasil tradicional" e o "Brasil moderno", revelando as contradições e a complexidade da identidade nacional.

Aqui estão os pontos-chave da crítica presente na música:

  • Contradição entre o arcaico e o moderno: A letra justapõe a visão idílica da carta de Pero Vaz de Caminha ("terras férteis e verdejantes") com a realidade urbana e tecnológica ("Sobre a cabeça, os aviões / Sob os meus pés, os caminhões"). Essa coexistência forçada aponta para um país que tenta se modernizar sem resolver suas raízes e problemas históricos.

  • Idealização versus realidade: A canção desconstroi a imagem de um Brasil homogêneo e paradisíaco. O "monumento" que "não tem porta" e a "criança / Sorridente, feia e morta" estendendo a mão simbolizam uma realidade de exclusão social e miséria que contrasta com a visão oficial e otimista do progresso.

  • Crítica à pasteurização cultural: A alternância entre "Viva a Bossa" e "Viva a Palhoça" (e outras oposições como mata/mulata, Maria/Bahia, Iracema/Ipanema, banda/Carmen Miranda) critica a superficialidade e a apropriação de elementos culturais. A "Bossa Nova", que era um símbolo de modernidade, é colocada ao lado da "Palhoça", representando o Brasil rural e simples, mas também a idealização do popular. A repetição dos "vivas" pode ser interpretada como uma forma irônica de exaustão diante da busca por uma identidade única.

  • Subversão da ordem e da lógica: A imagem do "monumento é de papel crepom e prata" e a descrição de uma "entrada é uma rua antiga / Estreita e torta" são metáforas para a fragilidade das construções sociais e políticas do país e a falta de uma direção clara.

  • Distanciamento da "verdade" oficial: O eu lírico, que "organiza o movimento" e "orienta o Carnaval", assume uma postura irônica, sugerindo que as narrativas oficiais sobre o Brasil são construções artificiais e nem sempre refletem a realidade. A frase "Não disse nada do modelo / Do meu terno / Que tudo mais vá pro inferno, meu bem" demonstra um desprendimento e uma crítica à futilidade de certas preocupações.

Em resumo, a música "Tropicália" critica a sociedade brasileira da época por sua ingenuidade, suas contradições, sua superficialidade e a incapacidade de lidar com a complexidade de sua própria identidade, misturando o arcaico e o moderno de forma caótica e, por vezes, dolorosa. É um questionamento profundo sobre o que significa ser brasileiro e as tensões inerentes a essa identidade.

05 – Qual é a importância da música "Tropicália" para o movimento cultural do mesmo nome?

      A música "Tropicália" é considerada um manifesto do movimento Tropicália, sintetizando seus principais conceitos e características. A canção representa a liberdade de expressão e a resistência cultural em um período de repressão, e se tornou um hino de contestação e de valorização da cultura brasileira.

06 – Quais são os principais elementos da sonoridade da música "Tropicália"?

      A sonoridade da música é marcada pela mistura de ritmos e estilos musicais diversos, como o samba, o rock, a bossa nova e elementos da música folclórica brasileira. Essa mistura reflete a proposta estética do movimento Tropicália, que buscava diferentes influências culturais.

07 – Qual é o legado da música "Tropicália" para a música brasileira?

      A música "Tropicália" é um marco na história da música brasileira, pois rompeu com os padrões tradicionais e abriu caminho para a experimentação e a liberdade criativa. A canção influenciou diversos artistas e movimentos musicais posteriores, e seu legado permanece vivo na música brasileira contemporânea.

 

segunda-feira, 13 de maio de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): A LINHA E O LINHO - CAETANO VELOSO, GILBERTO GIL E IVETE SANGALO - COM GABARITO

 MÚSICA(ATIVIDADES): A LINHA E O LINHO

                                          Caetano Veloso, Gilberto Gil e Ivete Sangalo

 É a sua vida que eu quero bordar na minha

Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia
E fosse aparecendo aos poucos nosso amor
Os nossos sentimentos loucos, nosso amor

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsCCZSq31WX0TcKYCtrXlkYhNDswAmOefLnMbOBw_RButByKCe1rmdSxOgn4wrbhkPfwDteVo1xj-kGjH1bmZhljBSUkadU4PiTYkkXf_xykE-a5NhcvnFNf1OaprZiD7h3jfnxWCrfZARY8Dm7zng39IGHz3_a-CoUQm60vZqAbdFbtVjiqI0Nj_P9HA/s320/Bordado.jpg

O zig-zag do tormento, as cores da alegria
A curva generosa da compreensão
Formando a pétala da rosa, da paixão
A sua vida o meu caminho, nosso amor
Você a linha e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa
Reproduzidos no bordado
A casa, a estrada, a correnteza
O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza

 

Entendendo o texto

01. Qual é o tema principal abordado na música "A Linha e o Linho"?

a) As estações do ano.

b) A importância da amizade.

c) A construção de um relacionamento amoroso.

d) O amor pela natureza.

02. Que figura de linguagem é utilizada na frase "Como se eu fosse o pano e você fosse a linha"?

a) Metáfora.

b) Hipérbole.

c) Personificação.

d) Metonímia.

03. Qual elemento é comparado à agulha do real nas mãos da fantasia na música?

a) Uma pena.

b) Uma folha seca.

c) Uma flor.

d) Uma estrela.

04. Segundo a música, qual é o papel do linho em relação à linha?

a) Representar a realidade.

b) Representar a fantasia.

c) Ser o protagonista da história.

d) Simbolizar a jornada.

05. Como é descrita a relação entre os personagens na música? a) Como uma colcha de cama.

b) Como uma toalha de mesa.

c) Como uma correnteza.

d) Como um ninho da beleza.

 

sábado, 20 de janeiro de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): DOM DE ILUDIR - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

 Música (Atividades): Dom de Iludir

                                Caetano Veloso

 

Não me venha falar na malícia

De toda mulher

Cada um sabe a dor e a delícia

De ser o que é

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzuHiaXfChsRC58nWeSZRwu-MheJBiReUR3WUb-qMiSY8nKJoCL31azCfbN0TNoGcvEGtXEQNMTsFor4ePba_SuUQInu0auIeUW55_mtIdz7ZjcD3TMrqcUxKe2GKyFyFycK40t50nW-R6gglTo0Fo7kv8dSiePOomwI_zSF0DcEEJf2LZWBObVLn74do/s320/DOM.jpg

Não me olhe como se a polícia

Andasse atrás de mim

Cale a boca

E não cale na boca

Notícia ruim

 

Você sabe explicar

Você sabe entender

Tudo bem

Você está, você é,

Você faz, você quer,

Você vem

Você diz a verdade

E a verdade é seu dom de iludir

Como pode querer que a

mulher vá viver sem mentir 

Entendendo o texto

01. Qual é o tema central da música "Dom de Iludir" de Caetano Veloso?

      a) Política.

      b) Relacionamentos.

      c) Filosofia.

      d) Natureza.

02. De acordo com a letra, por que o narrador pede para não falarem na malícia de toda mulher?

      a) Porque a malícia é inexistente.

      b) Porque cada pessoa conhece sua própria experiência.

      c) Porque a malícia é irrelevante.

      d) Porque o narrador é inocente.

03. O que o narrador pede para fazer em relação à polícia na música?

      a) Ignorar.

      b) Denunciar.

      c) Seguir.

      d) Elogiar.

04. Como a verdade é caracterizada na música "Dom de Iludir"?

      a) Como algo indesejado.

      b) Como um dom de iludir.

      c) Como algo sagrado.

      d) Como algo irrelevante.

05. Qual é a conclusão sobre as mulheres na música, com base na letra?

     a) Devem sempre dizer a verdade.

     b) Têm o dom de iludir.

     c) Não têm capacidade de mentir.

     d) São inocentes por natureza.

 

 

sábado, 14 de maio de 2022

MÚSICA: FORA DA ORDEM - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

 Música: Fora da Ordem 

                 Caetano Veloso

Vapor barato, um mero serviçal do narcotráfico

Foi encontrado na ruína de uma escola em construção

Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína

Tudo é menino e menina no olho da rua

O asfalto, a ponte, o viaduto ganindo pra lua

Nada continua

E o cano da pistola que as crianças mordem

Reflete todas as cores da paisagem da cidade que é muito mais bonita e muito mais intensa do que no cartão-postal

 

Alguma coisa está fora da ordem

Fora da nova ordem mundial...

 

Escuras coxas duras tuas duas de acrobata mulata

Tua batata da perna moderna, a trupe intrépida em que fluis

Te encontro em Sampa de onde mal se vê quem sobe e desce a rampa

Alguma coisa em nossa transa é quase luz forte demais

Parece pôr tudo à prova, parece fogo, parece, parece paz

Parece paz

Pletora de alegria, um show de Jorge Benjor dentro de nós

É muito, é grande, é total

 

Alguma coisa está fora da ordem

Fora da nova ordem mundial...

 

Meu canto esconde-se como um bando de ianomâmis na floresta

Na minha testa caem, vêm colocar-se plumas de um velho cocar

Estou de pé em cima do monte de imundo lixo baiano

Cuspo chicletes do ódio no esgoto exposto do Leblon

Mas retribuo a piscadela do garoto de frente do Trianon

Eu sei o que é bom

Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem

Apenas sei de diversas harmonias bonitas possíveis sem juízo final

 

Alguma coisa está fora da ordem

Fora da nova ordem mundial... 

VELOSO, Caetano. Circuladô, Polygrm, 1991.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 63-5.

Entendendo a música:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Fluir: correr brandamente, dirigir-se com suavidade.

·        Ianomâmi: comunidade indígena que habita o norte da Amazônia, em diversos pontos da fronteira entre Brasil e Venezuela.

·        Leblon: bairro da cidade do Rio de Janeiro.

·        Pletora: exuberância, superabundância de energia.

·        Trianon: parque da cidade de São Paulo.

·        Trupe: grupo de artistas.

·        Vapor barato: o equivalente ao soldado raso, na hierarquia do tráfico de drogas.

02 – Alguns versos de “Fora da ordem” apresentam contradições que reforçam o título da música. Veja, por exemplo, nos versos abaixo, que a contradição entre construção e ruína cria a ideia de que, no Brasil, tudo acaba antes de começar.

        “Foi encontrado na ruína de uma escola em construção

         Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína.”

No verso “Tudo é menino e menina no olho da rua” também podemos ver uma contradição que confirma a ideia de que nada continua. Vamos analisar:

a)   Quem são os meninos e as meninas a que o eu lírico se refere nesse trecho?

São as crianças abandonadas.

b)   O que significa a expressão "olho da rua"?

“Olho da rua” é o lugar para onde se vai quando se é expulso, despedido ou enjeitado, abandonado.

c)   Relacione esse verso à ideia de que "nada continua":

Toda criança que vai parar na rua tem seu desenvolvimento interrompido.

03 – Releia os três últimos versos da primeira estrofe.

a)   Que diferença pode haver entre a paisagem da cidade refletida no "cano da pistola que as crianças mordem" e a paisagem retratada no cartão-postal?

A cidade revelada pelo cano da pistola é a cidade onde há, também, violência, insegurança, injustiça. É, entretanto, a cidade verdadeira. Já os cartões-postais costumam mostra apenas paisagens limpas, bem cuidadas, onde não se percebem desigualdades sociais, etc. Seriam as partes mais bonitas, porém menos fiéis à realidade e menos vivas.

b)   Pode-se perceber uma crítica na própria composição de um trecho como "cano da pistola que as crianças mordem". O que esse trecho expõe?

Ao dizer que a criança morde o cano da pistola, o texto revela que, para muitas crianças, só a violência é oferecida. Elas não recebem os cuidados e a proteção de que necessitam; em vez disso, são submetidas à convivência com a violência e as armas. Esse trecho ainda nos traz à mente a chocante imagem de alguém ameaçado com uma arma na boca.

04 – A letra da canção sugere um percurso do eu lírico por vários lugares do Brasil.

a)   Procure identificar as palavras, nomes ou expressões que fazem referência a algum lugar do país (cidade, estado, região) e indique no caderno quais são os lugares.

Sampa (São Paulo), Rampa (Brasília, pela referência à rampa do Palácio do Planalto, sede do Governo Federal), Floresta (os estados por onde se estende a floresta Amazônica), Lixo baiano (Bahia), Leblon (Rio de Janeiro), Trianon (São Paulo).

b)   Que problema o eu lírico associa a cada um desses lugares?

Sampa: de lá mal se vê quem sobe ou desce a rampa (quem está ou deixa o poder); Floresta: os Ianomâmis são obrigados a viver escondidos, tentando proteger-se se armas à sua sobrevivência e à sua dignidade; Bahia: um monte de imundo lixo; Leblon: esgoto exposto; Trianon: garoto de frete (prostituição masculina).