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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

POESIA: TERCEIRA ELEGIA - (FRAGMENTO) - CARPINEJAR - COM GABARITO

 Poesia: TERCEIRA ELEGIA – Fragmento

             Carpinejar

Estive sempre de pé no ônibus, espremido entre o ferro
da cadeira e o rumor dos passageiros.
Educado a ser o último, cedi o lugar a gestantes e idosos.
Estive sempre de pé no ônibus, me defendendo
ao largo do corrimão de tantos rumos,
alianças e ponteiros com paradas diferentes.
E o brado irritante do cobrador ainda a exigir
um passo à frente.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0JcZ9KPMCYXSWi41S72Ux6qKLOu1X4G3fhNJtDcoKYvEi-daLcn8RCfzw9cXWgSi8A_3E_B_oNrizkigDGEaV9ejt3VabdeC26120PAyt6OtjAK60adLkaldKKixg0hgchm0DCYdF1wIOnCEItq_ujbTiwTTG2jwUsjdepJJLSq15bVvwnNLCqJZV7O4/s320/ONIBUS.jpg



O fato de não ter sido é mais trabalhoso
do que a fama. Prossegui a me imaginar,
sondando o que poderia ter vivido.
Disperso, anônimo, no comício do mar
e nas trevas.

Diminuindo o risco, reduzimos a possibilidade
de nos libertar. O medo, o medo, o medo
é o que nos faz escolher.

Descobre-se um amor
na iminência de perdê-lo.

Fabrício Carpinejar. Terceira Elegia. In: Terceira Sede. Escrituras, São Paulo, 2001.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 496.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a principal imagem que o poema evoca?

      A principal imagem é a do indivíduo de pé no ônibus, espremido e em movimento constante. Essa imagem representa a jornada da vida, com seus desafios, rumos incertos e a necessidade de seguir em frente.

02 – O que significa a expressão "educado a ser o último"?

      Essa expressão reflete a ideia de priorizar os outros, de ceder espaço e oportunidades. O eu lírico foi ensinado a ser gentil e cortês, colocando as necessidades dos outros acima das suas.

03 – Qual é a reflexão central do poema?

      A reflexão central é sobre as escolhas e o medo. O poema explora a tensão entre a segurança de evitar riscos e a possibilidade de se libertar e viver plenamente. O medo é apontado como um fator determinante nas escolhas, muitas vezes limitando o potencial de transformação e liberdade.

04 – Como o poema aborda a questão do amor?

      O poema traz uma visão interessante sobre o amor, revelando que ele se torna mais evidente e valioso quando estamos prestes a perdê-lo. A iminência da perda aguça a percepção e o reconhecimento do amor.

05 – Qual é a linguagem utilizada no poema?

      A linguagem é direta e reflexiva, com versos livres e um tom introspectivo. Carpinejar utiliza metáforas e expressões poéticas para transmitir suas ideias de forma concisa e impactante.

 


 

 

quarta-feira, 8 de junho de 2022

CRÔNICA: ESTRANHO EQUILÍBRIO - FABRÍCIO CARPINEJAR - COM GABARITO

 CRÔNICA: ESTRANHO EQUILÍBRIO

                     Fabrício Carpinejar

 Eu descobri ontem um provérbio perfeito: Se quer ser amigo feche um olho, se quer manter uma amizade feche os dois olhos.

Faz muito sentido. Amigo é não se meter, por mais que tenhamos intimidade, é respeitar a decisão mesmo que não seja o que você pensa.

Se ele procura namorar alguém que você não gosta, é dar apoio igual. Se ele pretende permanecer num emprego que você não acha justo, é dar apoio igual. Se ele busca manter uma vida que você não considera ideal, é dar apoio igual.

É estar junto apenas, para qualquer dos lados.

Amizade é dança. Acompanhar o ritmo da música.

É opinar, expor sua crítica, mas não viver pelo outro.

É não intervir, não pesar a mão, não exagerar.

Amigo não é ser pai, não é ser mãe, não é educar.

É aceitar o que ele é, é reconhecer o que ele deseja, ainda que seja muito diferente de suas crenças.

É entender o momento de falar e entender também o momento de silenciar.

Análise demais estraga a amizade. Você estará sendo terapeuta, não amigo.

É discordar e seguir adiante. Não é discordar e fazer oposição, boicote, greve. Até que nosso amigo mude de ideia.

Amigo é oferecer conselho, não um sermão. É alertar, jamais insistir.

Amizade é fugir do julgamento, é compreender a alternância, os altos e baixos, os desabafos.

Amigo não cobra coerência, não fica em cima cutucando feridas.

É saber tudo e agir como se não soubesse de nada. É não ficar apontando o que é certo ou errado.

Amizade é difícil. Amizade é um estranho equilíbrio.

Mas amizade não é cegueira. É a arte de enxergar com os ouvidos.

Disponível em: <http://carpinejar.blogspot.com/2014/03/estranho-equilibrio.html>. Acesso em: 26 mar. 2019.

 Entendendo o texto

 01.O que motivou Fabrício Carpinejar a escrever a crônica anterior? 

O que motivou a escrita da crônica foi Fabrício Carpinejar descobrir um provérbio sobre a amizade que considerou perfeito.

 02.“Faz muito sentido. Amigo é não se meter, por mais que tenhamos intimidade, é respeitar a decisão mesmo que não seja o que você pensa.” Identifique o trecho em que ocorreu silepse de pessoa e explique seu efeito para o texto.

A silepse está no trecho: “por mais que tenhamos intimidade”, pois a crônica estava na terceira pessoa, referindo-se a “você”, mas, nesse momento, o cronista usou a 1ª pessoa, a fim de se incluir na ideia apresentada.

 03. Releia:

“É não intervir, não pesar a mão, não exagerar.” Sabendo que a outra nomenclatura para conjunção é SÍNDETO, a que figura de construção Carpinejar recorreu, no trecho transcrito: Assíndeto ou polissíndeto? Explique.

Ocorreu  a  figura  de  construção  ASSÍNDETO, pois  o  autor  optou  por  não  usar  uma  conjunção  entre  a segunda  oração  e  a terceira, na qual se encerrou o período. Poderia ter usado a conjunção E.

 04. “Amigo não cobra coerência, não fica em cima cutucando feridas.” O uso da conotação, nesse trecho, foi para expressar que amigos:

( a ) não magoam.

( b ) não revelam segredos.

( c ) precisam saber cuidar.

( d ) evitam assuntos desagradáveis.

 05. Ao encerrar seu texto afirmando que a amizade “É a arte de enxergar com os ouvidos.”, o cronista ressalta qual sentido como o mais importante para sua manutenção?

( a ) Tato

( b ) Visão

( c ) Audição

( d ) Paladar

 06. O “estranho equilíbrio” a que se refere a crônica é:

( a ) fazer amigos é fácil, mas mantê-los é difícil.

( b ) estar entre amigos é bom, mas gostar de estar sozinho é fundamental.

( c ) amigos aconselham, mas não podem comandar as atitudes do outro.

( d ) amigos antigos devem se mesclar a amigos novos, para haver renovação