Mostrando postagens com marcador ALBERTO DE OLIVEIRA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ALBERTO DE OLIVEIRA. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 18 de março de 2025

POEMA: À MANEIRA - ALBERTO DE OLIVEIRA - COM GABARITO

 Poema: À Maneira

            Alberto de Oliveira

Esse que em moço ao Velho Continente
Entrou de rosto erguido e descoberto,
E ascendeu em balão e, mão tenente,
Foi quem primeiro o sol viu mais de perto;


Águia da Torre Eiffel, da Itu contente
Rebento mais ilustre e mais diserto,
Ê o florão que nos falta (e não no tente
Glória maior), Santos Dumont Alberto!

Ah que antes de morrer, como soldado
Que mal-ferido da refrega a poeira
Beija do chão natal, me fora dado

Vê-lo (tal Febo esplende e é luz e é dia)
Na que chamais de Letras Brasileira,
Ou melhor nome tenha, Academia.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYlAzqzBiEYqQGm3vU9iK0qvbWJgLowI2gKW8-ZCL68LQlgl3BiD3bOvdCEJUyA_li7cewe16VbIugaOuY2ySkv2nuez3eEOUNuikJYAw24brnqsb1r14m2IfVfb7NTBb3IIRxi95HqfT7TbCN_O_2OkLnx8qZcOKW7-N_cZP20f3tjecc38jvCd37rfo/s320/AGUIA.jpg



Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983. p. 434.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 64.

Entendendo o poema:

01 – Quem é o personagem central do poema e quais são suas principais realizações?

      O personagem central do poema é Alberto Santos Dumont, um pioneiro da aviação brasileira. O poema destaca suas conquistas, como ter sido um dos primeiros a voar em balão e a ver o sol de perto, além de ser reconhecido como um "rebento mais ilustre e mais diserto" da cidade de Itu.

02 – Qual é a metáfora utilizada para descrever Santos Dumont e qual o seu significado?

      O poema utiliza a metáfora "Águia da Torre Eiffel" para descrever Santos Dumont. Essa metáfora representa a grandiosidade e a ousadia do aviador, comparando-o a uma águia que conquista os céus a partir de um dos monumentos mais emblemáticos do mundo.

03 – Qual o sentimento do eu lírico em relação a Santos Dumont?

      O eu lírico expressa grande admiração e orgulho por Santos Dumont, considerando-o um "florão" que engrandece o Brasil. Ele também manifesta o desejo de vê-lo na Academia Brasileira de Letras, reconhecendo sua importância para a cultura do país.

04 – Qual é o significado da expressão "Letras Brasileira" no contexto do poema?

      A expressão "Letras Brasileira" refere-se à Academia Brasileira de Letras, uma instituição que reúne os maiores nomes da literatura brasileira. O eu lírico deseja que Santos Dumont, além de suas contribuições para a aviação, também seja reconhecido por suas qualidades intelectuais e literárias.

05 – Qual é a forma poética utilizada no poema e quais suas características?

      O poema é um soneto, uma forma poética clássica composta por 14 versos, divididos em dois quartetos e dois tercetos. Os versos são decassílabos, com rimas ricas e precisas. O soneto é uma forma poética que exige grande habilidade técnica do poeta, e Alberto de Oliveira demonstra domínio dessa forma em "À Maneira".

 

 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

SONETO: ÚLTIMA DEUSA - ALBERTO OLIVEIRA - COM GABARITO

 Soneto: Última Deusa

             Alberto Oliveira

Foram-se os deuses, foram-se, em verdade;

Mas das deusas alguma existe, alguma

Que tem teu ar, a tua majestade,

Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFrVfGnLcC67xrQmE6ZsrJGeMpDX3Dh8KhyphenhyphenZnP0AuKypObWOmRTkPxOhpCG9E3AtPc9WSBQB06x4PHLb_0txb_98VPu23zZqtrvokyWUxbQTNVHCoxCsJQ8VfhJNE9M32DG9Yz1s4WQRczJbDjp8mW5J2tND6J496UyiHaMzOsZYfvFTjUInaS_C7YSAo/s320/DEUSA.jpg

Ao ver-te com esse andar de divindade,

Como cercada de invisível bruma,

A gente à crença antiga se acostuma

E do Olimpo se lembra com saudade.

 

De lá trouxeste o olhar sereno e garço,

O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,

Rútilo rola o teu cabelo esparso...

 

Pisas alheia terra... Essa tristeza

Que possuis é de estátua que ora extinto

Sente o culto da forma e da beleza.

OLIVEIRA, Alberto. In: FISCHER, Luís Augusto. Parnasianismo brasileiro: entre ressonância e dissonância. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. p. 201. (Coleção Memória das Letras, 13).

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 201.

Entendendo o soneto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Bruma: névoa.

·        Olimpo: morada dos deuses na mitologia grega.

·        Garço: esverdeado.

·        Rútilo: brilhante.

·        Esparso: solto, espalhado.

02 – Qual a principal ideia transmitida pelo poema "Última Deusa"?

      O poema transmite a ideia de que a beleza feminina pode evocar a imagem de uma deusa, mesmo em um mundo onde a crença em deuses já não é comum. A mulher amada pelo poeta é comparada a uma divindade, despertando sentimentos de admiração e reverência.

03 – Qual a relação entre o passado mítico e o presente no poema?

      O poema estabelece uma ponte entre o passado mítico, marcado pela crença nos deuses do Olimpo, e o presente. A beleza da mulher amada evoca a memória dos deuses, sugerindo que a beleza feminina pode transcender o tempo e as mudanças históricas.

04 – Quais os atributos divinos atribuídos à mulher amada pelo poeta?

      A mulher amada é descrita com atributos divinos, como "olhar sereno e garço", "alvo colo" e "cabelo esparso". Esses atributos a elevam à condição de deusa, conferindo-lhe uma aura de perfeição e imortalidade.

05 – Qual o significado da "tristeza" que a mulher possui?

      A "tristeza" da mulher é interpretada como uma melancolia inerente à beleza e à perfeição. A deusa, mesmo em sua beleza, carrega consigo a tristeza de um mundo que já não a adora como antes. Essa tristeza também pode ser vista como uma metáfora para a passagem do tempo e a inevitabilidade da mudança.

06 – Qual a importância da forma e da beleza na poesia de Alberto Oliveira?

      A forma e a beleza são elementos fundamentais na poesia de Alberto Oliveira. O poeta busca a perfeição formal e a descrição precisa dos objetos e das sensações. A beleza da mulher amada é celebrada como uma manifestação da beleza universal, e a poesia serve como veículo para a sua exaltação.

 

 

SONETO: HORAS MORTAS - ALBERTO OLIVEIRA - COM GABARITO

 Soneto: Horas Mortas

             Alberto Oliveira

Breve momento após comprido dia
De incômodos, de penas, de cansaço
Inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
Posso a ti me entregar, doce Poesia.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHy_PCGFaFf6-XSjaEFheRno4NT8012H4da_C24XquAdjeeEH1OhXlERd_BXzWIfj2o5i9y9n2LiBlMo8jR8mlC88nV2-U3xQlPwUCDsdfqrI9YfM1lR6i-N5Uy18AePUqWUYZP9JrzD1Zdy5-lr8bybZYorr1GnWTynTySutI-fuz7pNhOFHBW5lgaGU/s320/HORAS.jpg



Desta janela aberta, à luz tardia
Do luar em cheio a clarear no espaço,
Vejo-te vir, ouço-te o leve passo
Na transparência azul da noite fria.

Chegas. O ósculo teu me vivifica
Mas é tão tarde! Rápido flutuas
Tornando logo à etérea imensidade;

E na mesa em que escrevo apenas fica
Sobre o papel — rastro das asas tuas,
Um verso, um pensamento, uma saudade.

OLIVEIRA, Alberto. In: FISCHER, Luís Augusto. Parnasianismo brasileiro: entre ressonância e dissonância. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. p. 187-188. (Coleção Memória das Letras, 13).

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 201.

Entendendo o soneto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Lasso: cansado.

·        Ósculo: beijo.

·        Vivifica: reanima.

02 – Qual o momento do dia em que o poeta se dedica à poesia?

      O poeta se dedica à poesia nas "horas mortas", ou seja, no período após um dia de trabalho e incômodos, quando o corpo já está cansado e a mente busca descanso. É nesse momento de tranquilidade que ele se permite se entregar à inspiração poética.

03 – Qual a importância da noite e do luar para o ato de criar poesia?

      A noite e o luar proporcionam um ambiente propício para a criação poética. A luz suave da lua, a tranquilidade da noite e o silêncio criam uma atmosfera que favorece a concentração e a inspiração. A natureza noturna serve como pano de fundo para a imaginação do poeta, inspirando seus versos.

04 – Qual a relação entre o corpo e a alma do poeta no poema?

      O corpo do poeta está cansado após um dia de trabalho, enquanto a alma busca a renovação através da poesia. A poesia atua como um bálsamo para a alma, aliviando o cansaço e a tristeza. A dualidade entre o corpo físico e a alma poética é evidente no poema.

05 – Qual a natureza efêmera da inspiração poética para o eu lírico?

      A inspiração poética é descrita como algo fugaz e etéreo. A musa, representada pela poesia, chega e parte rapidamente, deixando apenas um rastro tênue de sua presença. Essa efemeridade da inspiração reforça a ideia de que a criação poética é um momento único e precioso.

06 – Qual o significado do "verso, um pensamento, uma saudade" que fica sobre o papel?

      O "verso, um pensamento, uma saudade" que fica sobre o papel representa o fruto do encontro entre o poeta e a musa. É o registro tangível da inspiração, um momento de conexão entre o mundo material e o mundo espiritual. A saudade expressa a melancolia que surge após a partida da musa, a consciência da fugacidade da inspiração.

 

 

domingo, 26 de junho de 2022

SONETO: O PIOR DOS MALES - ALBERTO DE OLIVEIRA - COM GABARITO

Soneto: O Pior dos Males

           Alberto de Oliveira

Baixando à Terra, o cofre em que guardados
Vinham os Males, indiscreta abria
Pandora. E eis deles desencadeados
À luz, o negro bando aparecia.

O Ódio, a Inveja, a Vingança, a Hipocrisia,
Todos os Vícios, todos os Pecados
Dali voaram. E desde aquele dia
Os homens se fizeram desgraçados.

Mas a Esperança, do maldito cofre
Deixara-se ficar presa no fundo,
Que é última a ficar na angústia humana…

Por que não voou também? Para quem sofre
Ela é o pior dos males que há no mundo,
Pois dentre os males é o que mais engana.

Alberto de Oliveira. In: Roteiro da poesia brasileira: “Parnasianismo” (seleção e prefácio de Sânzio de Azevedo). São Paulo: Global, 2006. p. 23.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 238.

Entendendo o soneto:

01 – É possível afirmar que o soneto apresenta grande rigor formal? Justifique sua resposta.

      Sim. Todos os versos são decassílabos (possuem dez sílabas poéticas) e o esquema de rimas é ABAB; BABA; CDE; CDE.

02 – Explique o uso de letras maiúsculas para grafar alguns dos substantivos comuns presentes no soneto.

      As letras maiúsculas são usadas para grafar os seguintes substantivos comuns: Males, Ódio, Inveja, Vingança, Hipocrisia, Vícios, Pecados e Esperança. Elas são usadas para universalizar os sentidos dos termos, sugerindo que eles são comuns a toda a humanidade.

03 – Segundo o poema, qual seria o “pior dos males"? Essa perspectiva expressa pelo poema parnasiano converge com a expressa pelo mito grego?

      Segundo o texto, o “pior dos males" seria a Esperança, porque é o que mais engana os homens. Essa perspectiva diverge do mito tradicional, que aponta a esperança como um consolo para a humanidade, sujeita a tantos males.

 

domingo, 25 de fevereiro de 2018

POEMA: VASO GREGO - ALBERTO DE OLIVEIRA - COM GABARITO

Poema: VASO GREGO

Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
                                                                                                                                                                                            ALBERTO DE OLIVEIRA.

Entendendo o poema:
01 – Cite três características formais que fazem do texto um poema representativo da poesia parnasiana.
      -- Utilização do soneto.
      -- Obediência aos padrões sintáticos.
      -- Inspiração clássica.

02 – A temática nos remete à poética parnasiana? Justifique.
      SIM. Pois nos remete a objeto tratado como artístico, de beleza formal.

03 – O poeta coloca em destaque duas sensações. Quais são elas?
       Visual e auditiva.

04 – De que modo a “taça” se relaciona diretamente com o postulado maior do Parnasianismo?
       Encerra um modelo de beleza e perfeição

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

POEMA: VASO CHINÊS - ALBERTO DE OLIVEIRA - COM GABARITO


POEMA: VASO CHINÊS

Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez, por contraste à desventura –
Quem o sabe? – de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura:

Que arte, em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei que com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.

1 – Os tratados de versificação (tão prezados pelos parnasianos) consideram que as rimas são: raras ou preciosas quando mais elaboradas, mais difíceis; pobres quando mais simples, mais comuns ou menos elaboradas. São pobres as rimas de palavras que pertencem à mesma classe gramatical. São raras as que fazem coincidir sonoramente palavras de diferentes classes gramaticais. Assim, por exemplo, no soneto Vaso chinês o poeta se valeu de rimas quando fez coincidir sonoramente “vi-o” com “luzidio”, pois rimou um verbo acompanhado de pronome com um adjetivo. Partindo dessa definição, faça um levantamento das rimas raras no soneto.
     Ui-o / luzidio; vendo-a/amêndoa

2 – Metrifique a primeira estrofe de Vaso chinês. Qual o nome dos versos quanto às sílabas poéticas?
     Os versos são decassílabos. Exemplificação:
      Es / tra / nho / mi / mo a / que / le / va / so! / Vio
       1      2        3       4       5          6       7     8       9      10
       Za / ga / la / de / za / gais / na / rús / ti / ca / fa / mí / lia
       1      2     3      4     5       6       7      8      9     10   11    12   

3 – Examine atentamente o soneto e identifique:
a)     Qual o tipo de linguagem predominante?
Predomina a linguagem cuidada, preciosa.

b)    Qual é a pessoa que “fala” no soneto e qual o efeito disso?
A pessoa que fala é um “eu” que observa muitos detalhes. O efeito disso é a descrição externa.