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sexta-feira, 20 de outubro de 2023

POEMA: A SECA E O INVERNO - CORDEL DE PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO

 Poema: A seca e o inverno

            CORDEL DE PATATIVA DO ASSARÉ

Na seca inclemente no nosso Nordeste

O sol é mais quente e o céu mais azul

E o povo se achando sem chão e sem veste

Viaja à procura das terras do Sul

Porém quando chove tudo é riso e festa

O campo e a floresta prometem fartura

Escutam-se as notas alegres e graves

Dos cantos das aves louvando a natura

Alegre esvoaça e gargalha o jacu

Apita a nambu e geme a juriti

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5n0Xm_dok49xYWXVxEBugZ9rg6tlNEiT_TBmT31d_hgfxcBeuj3goo6zqxipfaCpjcJ4dprk7Piv3Dwe0j_1ytOhC48ddlhO6fKKcoxLrRxjl4B4vuOYTQwEuC9wkrBmOaGBT1gW1BAG5_iTjJd2NdITL445h8cIeuzzS_kpXS5mYGzmT_4sUD8UE5IU/s320/a-seca-e-o-inverno-joana-lira.jpg


E a brisa farfalha por entre os verdores

Beijando os primores do meu Cariri

De noite notamos as graças eternas

Nas lindas lanternas de mil vaga-lumes

Na copa da mata os ramos embalam

E as flores exalam suaves perfumes

Se o dia desponta vem nova alegria

A gente aprecia o mais lindo compasso

Além do balido das lindas ovelhas

Enxames de abelhas zumbindo no espaço

E o forte caboclo da sua palhoça

No rumo da roça de marcha apressada

Vai cheio de vida sorrindo e contente

Lançar a semente na terra molhada

Das mãos desse bravo caboclo roceiro

Fiel prazenteiro modesto e feliz

É que o ouro branco sai para o processo

Fazer o progresso do nosso país.

Cordel do Patativa do Assaré.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema principal do poema "A seca e o inverno"?

      O poema aborda a seca e a mudança nas condições climáticas no Nordeste do Brasil.

02 – Como o poema descreve a diferença entre a seca e o inverno na região Nordeste?

      O poema descreve a seca como um período árido e difícil, enquanto o inverno é retratado como uma época de alegria, festa e abundância devido à chuva.

03 – Quais elementos da natureza são mencionados no poema durante o inverno?

      O poema menciona elementos da natureza, como aves cantando, o jacu, a nambu, a juriti, abelhas e vaga-lumes, para descrever a beleza e a vida que surgem durante o inverno.

04 – Quem são os protagonistas do poema durante a época de inverno?

      Durante a época de inverno, os protagonistas são os caboclos, habitantes da região rural, que trabalham na terra e lançam sementes na terra molhada.

05 – O que é referido como "ouro branco" no poema?

      O "ouro branco" mencionado no poema se refere ao algodão, que é uma cultura importante na agricultura da região.

06 – Qual é a atitude do poeta em relação à vida no Nordeste durante o inverno?

      O poeta demonstra uma atitude positiva e feliz em relação à vida no Nordeste durante o inverno, destacando a alegria, a beleza e a prosperidade que a estação traz.

07 – Qual é a importância da chuva para a região, de acordo com o poema?

      A chuva é de extrema importância para a região, pois traz alívio da seca, fertilidade para a terra e oportunidades para a agricultura, contribuindo para o progresso da comunidade.

 

domingo, 8 de agosto de 2021

POEMA: MENINO DE RUA - PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO

 Poema: Menino de Rua

            Patativa do Assaré

Menino de Rua, garoto indigente
Infanto Carente,
Não sabe onde vai
Menino de Rua, assim maltrapilho
De quem tu és filho
Onde anda o teu pai?

Tu vagas incerto não achas abrigo
Exposto ao perigo
De um drama de horror
É sobre a sarjeta que dormes teu sono,
No grande abandono
Não tens protetor

Meu Deus! Que tristeza! Que vida esta tua
Menino de Rua,
Tu andas em vão
Ninguém te conhece, nem sabe o teu nome
Com frio e com fome
Sem roupa e sem pão

Ao léu do desprezo dormes ao relento
O teu sofrimento
Não posso julgar,
Ninguém te auxilia, ninguém te consola,
Cadê tua escola,
Teus pais teu lar?

Seguindo constante teu duro caminho
Tu vives sozinho
Não és de ninguém
Às vezes pensando na vida que levas
Te ocultas nas trevas
Com medo de alguém

Assim continuas de noite e de dia
Não tens alegria
Não cantas nem ri
No caos de incerteza que o seu mundo encerra
Os grandes da terra
Não zelam por ti


Teus olhos demonstram a dor, a tristeza,
Miséria, pobreza
E cruéis privações
E enquanto estas dores tu vives pensando,
Vão ricos roubando
Milhões e milhões


Garoto eu desejo que em vez deste inferno
Tu tenhas caderno
Também professor
Menino de Rua de ti não me esqueço
E aqui te ofereço
Meu canto de dor.

ASSARÉ, Patativa do. Antologia poética. Organização e prefácio de Gilmar de Carvalho. 8. Ed. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2010.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 7º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 253-4.

Entendendo o poema:

01 – Quantas estrofes de quantos versos há no poema?

      São oito estrofes com seis versos em cada, totalizando 48 versos.

02 – Há rimas no poema? Que efeito de sentido é produzido com esse recurso sonoro?

      Há rimas em todo o poema. Em cada estrofe, os versos rimam da seguinte forma: AB CF DE. Os versos rimados conferem ritmo e melodia ao poema.

03 – O que de importância esse poema diz a você? Explique.

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Que relações explícitas podem ser estabelecidas entre a obra de arte visual e o poema?

      A primeira relação que se pode estabelecer é de que o tema tratado em ambas as obras é o mesmo (Menino de rua). Da mesma forma, os versos a seguir parecem descrever a pintura. “Tu vagas incerto não achas abrigo / Exposto ao perigo / De um drama de horror / É sobre a sarjeta que dormes teu sono, / No grande abandono / Não tens protetor.”

05 – Como o eu lírico descreve o “menino de rua” no poema?

      Como indigente (que não tem nome ou não é reconhecido), carente, triste, sozinho, maltrapilho, faminto e com frio.

06 – O que o eu lírico deseja ao menino?

      Deseja que frequente a escola: “Tu tenhas caderno/também professor”.

07 – Nos versos “Vão ricos roubando/Milhões e milhões”, a quem o eu lírico faz referência e responsabiliza?

      O eu lírico faz referência aos políticos corruptos, que contribuem para a existência de pessoas em situação de miséria e pobreza.

 



 

domingo, 18 de abril de 2021

POEMA: O BOI ZEBU E AS FORMIGAS - PATATIVA DO ASSARÊ - COM GABARITO

 Poema: O boi zebu e as formigas

              Patativa do Assarê


Um boi zebu certa vez
Moiadinho de suó,
Querem saber o que ele fez
Temendo o calor do só
Entendeu de demorá
E uns minuto cuchilá
Na sombra de um juazêro
Que havia dentro da mata
E firmou as quatro pata
Em riba de um formiguêro.

Já se sabe que a formiga
Cumpre a sua obrigação,
Uma com outra não briga
Veve em perfeita união
Paciente trabaiando
Suas foia carregando
Um grande inzempro revela
Naquele seu vai e vem
E não mexe com mais ninguém
Se ninguém mexe com ela.

Por isso com a chegada
Daquele grande animá
Todas ficaro zangada,
Começou a se açanhá
E foro se reunindo
Nas pernas do boi subindo,
Constantemente a subi,
Mas tão devagá andava
Que no começo não dava
Pra de nada senti.

Mas porém como a formiga
Em todo canto se soca,
Dos casco até a barriga
Começou a frivioca
E no corpo se espaiado
O zebu foi se zangando
E os cascos no chão batia
Ma porém não miorava,
Quanto mais coice ele dava
Mais formiga aparecia.

Com essa formigaria
Tudo picando sem dó,
O lombo do boi ardia
Mais do que na luz do só
E ele zangado as patada,
Mais força incorporava,
O zebu não tava bem,
Quando ele matava cem,
Chegava mais de quinhenta.

Com a feição de guerrêra
Uma formiga animada
Gritou para as companhêra:
Vamo minhas camarada
Acaba com os capricho
Deste ignorante bicho
Com a nossa força comum
Defendendo o formiguêro
Nos somos muitos miêro
E este zebu é só um.

Tanta formiga chegou
Que a terra ali ficou cheia
Formiga de toda cô
Preta, amarela e vermêa
No boi zebu se espaiando
Cutucando e pinicando
Aqui e ali tinha um moio
E ele com grande fadiga
Pruquê já tinha formiga
Até por dentro dos óio.

Com o lombo todo ardendo
Daquele grande aperreio
zebu saiu correndo
Fungando e berrando feio
E as formiga inocente
Mostraro pra toda gente
Esta lição de morá
Contra a farta de respeito
Cada um tem seu direito
Até nas leis da natura.

As formiga a defendê
Sua casa, o formiguêro,
Botando o boi pra corrê
Da sombra do juazêro,
Mostraro nessa lição
Quanto pode a união;
Neste meu poema novo
O boi zebu qué dizê
Que é os mandão do podê,
E as formiga é o povo.

ASSARÊ, Patativa do. Ispinho e Fulô. São Paulo: Hedra, 2011.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição- 2018. p. 217-219.

Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fwww.supercoloring.com%2Fpt%2Fdesenhos-para-colorir%2Fzebu&psig=AOvVaw3dWX5Q2T9vxjXmgRWiQakS&ust=1618851664531000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCLDzyqel7-8CFQAAAAAdAAAAABAD


Entendendo o poema:

01 – Os poemas de cordel apresentam narrativas de histórias em versos. Sobre o poema de cordel “O boi zebu e as formigas”, responda:

a)   Que história é narrada nesse poema?

A história do boi que foi se refrescar na sombra de uma árvore de juazeiro e pisou num formigueiro.

b)   Quem são seus personagens?

O boi zebu e as centenas de formigas.

c)   Segundo o poema, quem esses personagens representam na vida real?

Segundo o poema, as formigas são o povo e o boi zebu são os que mandam no poder.

02 – O poema “O boi zebu e as formigas” apresenta uma lição ou moral. Seus personagens são animais cujas ações são comparadas às ações humanas. Responda:

a)   A que outro gênero de texto esse poema de cordel pode fazer referência indireta?

As fábulas.

b)   Qual é a lição apresentada pelo poema de cordel?

Embora o inimigo ou opositor pareça ser mais forte, a união de todos pode derrota-lo e tomar o poder.

c)   Que sentimentos humanos e valores podem ser comparados com os dos personagens do poema?

Os sentimentos e valores da formiga são o de respeito, união, senso de direito e luta pelo seu espaço. Os sentimentos do boi zebu são de raiva, considerando que poderia derrotar as formigas com força bruta.

03 – Leia atentamente o quadro a seguir.

Literatura de Cordel

        Literatura de Cordel é uma manifestação literária tradicional da cultura popular brasileira, mais precisamente do interior nordestino.

        Os locais onde ela tem grande destaque são os estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará.

No Brasil, a literatura de Cordel adquiriu força no século XIX, sobretudo entre 1930 e 1960. Muitos escritores foram influenciados por este estilo, dos quais se destacam: João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Guimarães Rosa, dentre outros. [...]

        Sua forma mais habitual de apresentação são os “folhetos”, pequenos livros com capas de xilogravura que ficam pendurados em barbantes ou cordas, e daí surge seu nome.

        A literatura de cordel é considerada um gênero literário geralmente feito em versos. Ela se afasta dos cânones na medida em que incorpora uma linguagem e temas populares.

        Além disso, essa manifestação recorre a outros meios de divulgação, e nalguns casos, os próprios autores são os divulgadores de seus poemas.

        Em relação à linguagem e o conteúdo, a literatura de cordel tem como principais características:

·        Linguagem coloquial (informal);

·        Uso de humor, ironia e sarcasmo;

·        Temas diversos: folclore brasileiro, religiosos, profanos, políticos, episódios históricos, realidade social, etc.;

·        Presença de rimas, métrica e oralidade.

DIANA, Daniela. Literatura de Cordel. Toda Matéria, 18 jun. 2018. Disponível em: http://bit.ly/2xTLEYY. Acesso em: 27 set. 2018.

Responda:

a)   O poema “O boi zebu e as formigas” foi publicado em folheto ou em livro?

Foi publicado em um livro.

b)   Em sua opinião, o poema de cordel publicado em livro perde sua característica essencial ou não? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

c)   O tema tratado no poema é popular? Explique.

No poema, o tema também é popular, porque se trata das relações do povo com aqueles que mandam no poder, numa discussão compreensível pelas pessoas em geral.

d)   Há rimas no poema? Como são organizadas as estrofes?

No poema há rimas. São organizadas em oito estrofes têm dez versos e uma estrofe tem nove versos.

04 – No poema há palavras que caracterizam o modo de falar de determinada região brasileira (variedade regional)? Transcreva exemplos.

      No poema, o poeta representa o modo de falar do sertanejo, usando uma variedade linguística regional. Isso se evidencia pelas palavras: moiadinho, suó, cuchilá, juazêro, riba, formiguêro, trabaiando, veve, inzempro, entre outras.

05 – No poema, é possível verificar efeito de humor, sarcasmo ou ironia? Explique.

      No poema pode-se inferir sarcasmo, humor e ironia, principalmente porque zomba do boi forte e imponente que é atacado por formigas pequenas e frágeis e que foge delas. Depois, compara essa situação com a relação entre o povo e aqueles que estão no poder.

     

 

 

terça-feira, 28 de abril de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): FESTA DA NATUREZA - (GEREBA/PATATIVA DO ASSARÉ) - FAGNER - COM GABARITO

Música(Atividades): Festa da Natureza

              Fagner

Chegando o tempo do inverno
Tudo é amoroso e terno
No fundo do pai eterno      
Sua bondade sem fim

Sertão amargo esturricado
Ficando transformado
No mais imenso jardim
Num lindo quadro de beleza

Do campo até na floresta
As aves lá se manifestam
Compondo a sagrada orquestra
Da natureza em festa

Tudo é paz tudo é carinho
No despertar de seus ninhos
Cantam alegres os passarinhos
O camponês vai prazenteiro

Plantar o seu feijão ligeiro
Pois é o que vinga primeiro
Nas terras do meu sertão
Depois que o poder celeste

Mandar a chuva pro nordeste
De verde a terra se veste
E corre água em borbotão

A mata com seu verdume
E as fulô com seu perfume
Se enfeita com vagalumes
Nas noites de escuridão

Nesta festa alegre e boa
Canta o sapo na lagoa
O trovão no ar reboa

Com a força desta água nova
O peixe e o sapo na desova
O camaleão que se renova
No verde-cana que cor

Grande cordão de borboletas
Amarelinhas brancas e pretas
Fazendo tanta pirueta
Com medo do bentiví

Entre a mata verdejante
Seu pajé extravagante
O gavião assartante
Que vai atrás da jurití

Nesta harmonia comum
Num alegre zum zum zum
Cantam todos os bichinhos...
                FESTA DA NATUREZA
(Gereba/Patativa do Assaré)
Gravadora: Sony Music
Editora: Direto/Nossa Música edições
Lançamento: 2002 (CD)
Disco: ''ME LEVE''
Entendendo a canção:

01 – De que trata a canção?
      Fala do bioma nordestino, pedindo que a chuva venha para deixar tudo mais verde.

02 – Nos versos: “Chegando o tempo do inverno / Tudo é amoroso e terno”, o que o poeta está dizendo?
      Está falando que quando o inverno chega, tudo fica em clima de festa.

03 – Copie da canção um verso que identifiquem a seca nordestina.
      “Sertão amargo esturricado”.

04 – Como as aves se manifestam no inverno?
      Se manifestam compondo a sagrada orquestra.

05 – Há estrofes na música? Quantas?
      Sim. Há doze estrofes.

06 – Copie da canção marcas de oralidade.
      Pro / fulô.

07 – Que figura de linguagem há nestes versos? “Num alegre zum zum zum / Cantam todos os bichinhos...”
      Onomatopeia.

08 – Identifique a opção que completa corretamente o enunciado a seguir. Pode-se afirmar que a letra da canção “Festa da Natureza” cumpre seu objetivo, pois:
a)   Simplesmente passa informações.
b)   Provoca emoções e reflexões.
c)   Serve de diversão.
d)   Modifica o comportamento.



domingo, 4 de agosto de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): VACA ESTRELA E BOI FUBÁ - PATATIVA DO ASSARÉ - FAGNER - COM GABARITO

Música(Atividades): Vaca Estrela E Boi Fubá

Patativa do Assaré                              

Seu doutó me dê licença pra minha história contar.
Hoje eu tô na terra estranha e é bem triste o meu penar
Mas já fui muito feliz vivendo no meu lugar.
Eu tinha cavalo bão, gostava de campear.
E todo dia aboiava na porteira do currá.

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
Ô ô ô ô Boi Fubá.

Eu sou fio do Nordeste , não nego meu naturá
Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá
Lá eu tinha o meu gadinho, num é bom nem imaginar,

Minha linda Vaca Estrela e o meu belo Boi Fubá
Quando era de tardezinha eu começava a aboiar

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
Ô ô ô ô Boi Fubá.
Aquela seca medonha fez tudo se trapaiar,
Não nasceu capim no campo para o gado sustentar
O sertão esturricou, fez os açude secar
Morreu minha Vaca Estrela, se acabou meu Boi Fubá
Perdi tudo quanto tinha, nunca mais pude aboiar

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
Ô ô ô ô Boi Fubá.

Hoje nas terra do sul, longe do torrão natá
Quando eu vejo em minha frente uma boiada passar,
As água corre dos óio, começo logo a chorá
Lembro a minha Vaca Estrela e o meu lindo Boi Fubá
Com saudade do Nordeste, dá vontade de aboiar

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
Ô ô ô ô Boi Fubá.

 Patativa do Assaré. Vaca Estrela e Boi Fubá. Em: A Terra é naturá. Epic/CBS,1980.

Fonte: Livro - Para Viver Juntos - Português - 9º ano - Ensino Fundamental- Anos Finais - Edições SM - p.61.
Entendendo a canção

1)   Na primeira estrofe da canção, é revelada uma transformação na vida do boiadeiro.
Que transformação é essa? Quais versos comprovam sua resposta?
O boiadeiro teve de sair do local em que morava e perdeu seu gado. Os versos que comprovam essa resposta são o segundo e o terceiro.

2)   Qual o termo dessa estrofe está em desacordo com a norma-padrão? Como essa palavra é registrada na norma-padrão?
O termo é “naturá”. Natural.

3)   Qual é o efeito de sentido produzido ao usar esse termo dessa maneira?
O efeito é o de reproduzir o modo de falar do boiadeiro.

4)   Procure no dicionário significado das palavras: medonha, tangeu e aboiar que estão no texto.
Medonha = que produz muito medo.
Tangeu = tocar os animais, fazendo-os caminhar.
Aboiar = trabalhar cuidando de bois.

5)   Na letra, o eu lírico retrata um espaço. Que espaço é esse?
O sertão do Nordeste brasileiro.

6)   É possível estabelecer relação entre o uso das palavras (questão 4) e o espaço retratado na canção? Justifique.
Sim, pois é provável que as palavras sejam comuns na fala da população, ou ao menos de parte da população, dessa região do Brasil.


sábado, 27 de julho de 2019

POEMA: O SABIÁ E O GAVIÃO - PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO

Poema: O Sabiá e o Gavião

Patativa do Assaré

Eu nunca falei à toa.
Sou um cabôco rocêro,
Que sempre das coisa boa
Eu tive um certo tempero.
Não falo mal de ninguém,
Mas vejo que o mundo tem
Gente que não sabe amá,
Não sabe fazê carinho,
Não qué bem a passarinho,
Não gosta dos animá. 

Já eu sou bem deferente.
A coisa mió que eu acho
É num dia munto quente
Eu i me sentá debaxo
De um copado juazêro,
Prá escutá prazentêro
Os passarinho cantá,
Pois aquela poesia
Tem a mesma melodia
Dos anjo celestiá.

Não há frauta nem piston
Das banda rica e granfina
Pra sê sonoroso e bom
Como o galo de campina,
Quando começa a cantá
Com sua voz naturá,
Onde a inocença se incerra,
Cantando na mesma hora
Que aparece a linda orora
Bejando o rosto da terra.

O sofreu e a patativa
Com o canaro e o campina
Tem canto que me cativa,
Tem musga que me domina,
E inda mais o sabiá,
Que tem premêro lugá,
É o chefe dos serestêro,
Passo nenhum lhe condena,
Ele é dos musgo da pena
O maiô do mundo intêro. 

Eu escuto aquilo tudo,
Com grande amô, com carinho,
Mas, às vez, fico sisudo,
Pruquê cronta os passarinho
Tem o gavião maldito,
Que, além de munto esquisito, 
Como iguá eu nunca vi, 
Esse monstro miserave 
É o assarsino das ave
Que canta pra gente uví. 

Muntas vez, jogando o bote,
Mais pió de que a serpente,
Leva dos ninho os fiote
Tão lindo e tão inocente.
Eu comparo o gavião
Com esses farso cristão
Do instinto crué e feio,
Que sem ligá gente pobre
Quê fazê papé de nobre
Chupando o suó alêio.

As Escritura não diz,
Mas diz o coração meu:
Deus, o maió dos juiz,
No dia que resorveu
A fazê o sabiá
Do mió materiá
Que havia inriba do chão,
O Diabo, munto inxerido,
Lá num cantinho, escondido,
Também fez o gavião. 

De todos que se conhece
Aquele é o passo mais ruim
É tanto que, se eu pudesse,
Já tinha lhe dado fim.
Aquele bicho devia
Vivê preso, noite e dia,
No mais escuro xadrez.
Já que tô de mão na massa,
Vou contá a grande arruaça
Que um gavião já me fez.

Quando eu era pequenino,
Saí um dia a vagá
Pelos mato sem destino,
Cheio de vida a iscutá
A mais subrime beleza
Das musga da natureza
E bem no pé de um serrote
Achei num pé de juá
Um ninho de sabiá
Com dois mimoso fiote.

Eu senti grande alegria,
Vendo os fíote bonito.
Pra mim eles parecia
Dois anjinho do Infinito.
Eu falo sero, não minto.
Achando que aqueles pinto
Era santo, era divino,
Fiz do juazêro igreja
E bejei, como quem bêja
Dois Santo Antõi pequenino. 

Eu fiquei tão prazentêro
Que me esqueci de armoçá,
Passei quage o dia intêro
Naquele pé de juá.
Pois quem ama os passarinho,
No dia que incronta um ninho,
Somente nele magina.
Tão grande a demora foi,
Que mamãe (Deus lhe perdoi)
Foi comigo à disciprina.

Meia légua, mais ou meno,
Se medisse, eu sei que dava,
Dali, daquele terreno
Pra paioça onde eu morava.
Porém, eu não tinha medo,
Ia lá sempre em segredo,
Sempre. iscondido, sozinho,
Temendo que argúm minino,
Desses perverso e malino
Mexesse nos passarinho.

Eu mesmo não sei dizê
O quanto eu tava contente
Não me cansava de vê
Aqueles dois inocente.
Quanto mais dia passava,
Mais bonito eles ficava,
Mais maió e mais sabido,
Pois não tava mais pelado,
Os seus corpinho rosado
Já tava tudo vestido. 

Mas, tudo na vida passa.
Amanheceu certo dia
O mundo todo sem graça,
Sem graça e sem poesia.
Quarqué pessoa que visse
E um momento refritisse
Nessa sombra de tristeza,
Dava pra ficá pensando
Que arguém tava malinando
Nas coisa da Natureza. 

Na copa dos arvoredo,
Passarinho não cantava.
Naquele dia, bem cedo,
Somente a coã mandava
Sua cantiga medonha.
A menhã tava tristonha
Como casa de viúva,
Sem prazê, sem alegria
E de quando em vez, caía
Um sereninho de chuva.

Eu oiava pensativo
Para o lado do Nascente
E não sei por quá motivo
O só nasceu diferente,
Parece que arrependido,
Detrás das nuve, escondido.
E como o cabra zanôio,
Botava bem treiçoêro,
Por detrás dos nevoêro,
Só um pedaço do ôio.

Uns nevoêro cinzento
Ia no espaço correndo.
Tudo naquele momento
Eu oiava e tava vendo,
Sem alegria e sem jeito,
Mas, porém, eu sastifeito,
Sem com nada me importá,
Saí correndo, aos pinote,
E fui repará os fiote
No ninho do sabiá.

Cheguei com munto carinho,
Mas, meu Deus! que grande agôro!
Os dois véio passarinho
Cantava num som de choro.
Uvindo aquele grogeio,
Logo no meu corpo veio
Certo chamego de frio
E subindo bem ligêro
Pr’as gaia do juazêro,
Achei o ninho vazio.

Quage que eu dava um desmaio,
Naquele pé de juá
E lá da ponta de um gaio,
Os dois véio sabiá
Mostrava no triste canto
Uma mistura de pranto,
Num tom penoso e funéro,
Parecendo mãe e pai,
Na hora que o fio vai
Se interrá no cimitéro. 

Assistindo àquela cena,
Eu juro pelo Evangéio
Como solucei com pena
Dos dois passarinho véio
E ajudando aquelas ave,
Nesse ato desagradave,
Chorei fora do comum:
Tão grande desgosto tive,
Que o meu coração sensive
Omentou seus baticum.

Os dois passarinho amado
Tivero sorte infeliz,
Pois o gavião marvado
Chegou lá, fez o que quis.
Os dois fiote tragou,
O ninho desmantelou
E lá pras banda do céu,
Depois de devorá tudo,
Sortava o seu grito agudo
Aquele assassino incréu. 

E eu com o maiô respeito
E com a suspiração perra,
As mão posta sobre o peito
E os dois juêio na terra,
Com uma dó que consome,
Pedi logo em santo nome
Do nosso Deus Verdadêro,
Que tudo ajuda e castiga:
Espingarda te preciga,
Gavião arruacêro! 

Sei que o povo da cidade
Uma idéia inda não fez
Do amô e da caridade
De um coração camponês.
Eu sinto um desgosto imenso
Todo momento que penso
No que fez o gavião.
E em tudo o que mais me espanta 
É que era Semana Santa!
Sexta-fêra da Paixão! 

Com triste rescordação
Fico pra morrê de pena,
Pensando na ingratidão
Naquela menhã serena
Daquele dia azalado,
Quando eu saí animado
E andei bem meia légua
Pra bejá meus passarinho
E incrontei vazio o ninho!
Gavião fí duma égua!

    Patativa do Assaré. Cante lá que eu canto cá. Petrópolis: Vozes, 2002.
Fonte: Livro: JORNADAS.port – Língua Portuguesa - Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho – 6º ano – Editora Saraiva. p.112 e 113.
Entendendo o poema

1)   De que fala o eu poético?
De pessoas que não sabem amar.

2)   O texto procura registrar a fala característica de certa região do Brasil, por isso a flexão de substantivos para o plural não é feita como recomenda a norma-padrão. Isso se nota nos versos:

I . “Eu nunca falei à toa.
     Sou um caboco rocêro”.
II. “Não qué bem a passarinho,
    Não gosta dos animá”.
III. “Não falo mal de ninguém...”

3)   Se a regra gramatical para fazer o plural tivesse sido seguida, o que aconteceria com as rimas no final dos versos 7 e 10?
Elas se perderiam: amá/animá (amar/animais).
Perderiam também o ritmo e deixaria de ser fiel à linguagem do indivíduo que se quer retratar.

4)   Cite alguns exemplos de linguagem oral regional usada pelo autor e que contribui com as rimas, mostrando o estilo oralizado do sertanejo.
armoçá/frauta/resorvê/disciprina
Ausência de marca de plural – das coisas boa / os passarinho cantá

5)   De que trata o poeta nesse poema?
Trata de uma experiência vivida pelo poeta, em que se pode perceber, no encadeamento dos versos, a expressão, os seus pensamentos, os seus juízos sobre o que descreve e a afetividade com que trata do assunto.

6)   No poema pode observar que é uma oposição que existe entre os dois pássaros: o sabiá e o gavião. Caracterize-os.
O sabiá – ave típica com canto melodioso que encanta e alegra.
O gavião – ave destituída dessas características e que, por se alimentar de outras aves, é considerado mau.

7)   De que o poeta deixa claro a partir da oitava estrofe?
A evidência de sua experiência ao retomar um fato acontecido em sua infância.

      8) Na 2ª estrofe, o eu lírico diz do que gosta. Comente o que ele diz.

      O eu lírico diz que gosta dos dias muito quentes em que se senta à sombra de um juazeiro e escuta, com prazer, os passarinhos a cantar... Esse canto lhe parece a mesma melodia dos anjos do céu.

 9) Na 3ª estrofe faz uma comparação. Qual é ela? E por que a faz? O que deseja transmitir?

      O eu lírico compara o canto do galo-de-campina ao som da flauta e do pistão. Nada tão fino e tão rico é tão belo quanto o canto que destaca. Ele o faz porque ama a natureza e nada, para ele, é tão belo. O eu lírico faz uso de palavras simples, mas de profunda sensibilidade comparativa.

  10) O que você entende dos versos: “Que aparece a linda orora / Beijano o rosto da terra”? Explique o sentido.

      É o amanhecer. Num sentido conotativo, ocorre a comparação do sol a surgir como se seus raios beijassem a terra.

    11) Nessa 1ª parte, o eu lírico cita algumas aves. Procure seus nomes no dicionário. Pesquise como são, se cantam, etc.

      As aves são o galo-de-campina, o sofreu, a patativa, o canário e o sabiá. Resposta pessoal do aluno.

   12) O maior dos seresteiros, para o eu lírico, quem é? Por quê? Você sabe o que é um seresteiro? Pesquise e relacione a palavra ao texto.

      O sabiá é o melhor dos seresteiros para Patativa. Resposta pessoal do aluno.

    13)Qual é o maior inimigo das aves, na região? A quem o eu lírico o compara?

      O gavião (coã), que é comparado à serpente e aos fariseus.

    14) Em que lugar deveria estar o gavião, segundo o eu lírico? E por quê?

      Morto, porque é assassino cruel.

    15) O eu lírico foi acompanhando o crescimento dos filhotes do sabiá. Descreva a cena da 2ª parte do poema.

      O eu lírico fala do crescimento dos filhotes, destacando a mudança física. “Não tava mais pelado / O seu corpinho rosado / Já tava todo vestido”.

    16) Houve o dia da desgraça. O dia em que o gavião devorou os filhotes. Observe a poesia colocada na força de cada palavra e descreva: a cena, a reação do garoto e o sentimento do garoto.

      O autor inicia dizendo que o mundo (tudo) está sem graça. Isso já indica a desgraça. Observar o fogo das palavras: sem graça / com desgraça. Havia um canto medonho da coã (acauã). E, percebendo algo anormal, o garoto sai correndo aos pinotes para procurar os filhotes. Seu sentimento de tristeza foi intenso a ponto de quase desmaiar. Chorou muito. Seu batimento cardíaco aumentou. Ajoelhou-se e pediu a Deus que o gavião fosse morto por uma espingarda traiçoeira, como castigo.

  17) Segundo o eu lírico, a natureza participava de tamanha rudeza. Por quê?

      Porque não havia alegria, sol canto alegre. Tudo parecia medonho...

18) Coã é o próprio gavião assassino. Por que, naquele difícil momento, ele soltou seu canto?

      Foi o canto da vitória para a coã (o gavião acauã); mas o da desgraça para o garoto e a mãe natureza.

19) O que diz o eu lírico a respeito do assassino?

      Que ele deveria levar um tiro de espingarda.

20) O que mais surpreendeu o eu lírico naquele dia?

      Ver a natureza fúnebre dos velhos sabiás.