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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

CONTO: BOM DE OUVIDO - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

 Conto: Bom de Ouvido

            Ana Maria Machado

        Volta e meia a gente encontra alguém que foi alfabetizado, mas não sabe ler. Quer dizer, até domina a técnica de juntar as sílabas e é capaz de distinguir no vidro dianteiro o itinerário de um ônibus. Mas passa longe de livro, revista, material impresso em geral. Gente que diz que não curte ler.

Fonte:  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXp9PEKboLm43ZurqtSEYdXrpCnfsc4BYXEWJZhnkCvORnDMoaKtUj3WHaG6N6-HvKfuwUxZL2-PETSIxQ3fRyKSC53K1qxTEKInDL_veO1hdXmR3Gq0wKmmdsOqVlcFC1yXArQfPOJiezQuODCQZN7mas1vTY1i-mViOt_RzVMMTk3H52CLZdAWXdXEM/s320/leitura%202.png


        Esquisito mesmo. Sei lá, nesses casos, sempre acho que é como se a pessoa estivesse dizendo que não curte namorar. Talvez nunca tenha tido a chance de descobrir como é gostoso. Nem nunca tenha parado para pensar que, se teve alguma experiência desastrosa em um namoro (ou em uma leitura), isso não quer dizer que todas vão ser assim. É só trocar de namorado ou namorada. Ou de livro. De repente, pode descobrir delícias que nem imaginava, gostosuras fantásticas, prazeres incríveis. Ninguém devia ser obrigado a namorar quem não quer. Ou ler o que não tem vontade. E todo mundo devia ter a oportunidade de experimentar um bocado nessa área, até descobrir qual é a sua.

        Durante 18 anos, eu tive uma livraria infantil. De vez em quando, chegavam uns pais ou avós com a mesma queixa: "O Joãozinho não gosta de ler, o que é que eu faço?" Como eu acho que o ser humano é curioso por natureza e qualquer pessoa alfabetizada fica doida pra saber o segredo que tem dentro de um livro (desde que ninguém esteja tentando lhe impingir essa leitura feito remédio amargo pela goela abaixo), não acredito mesmo nessa história de criança não gostar de ler. Então, o que eu dizia naqueles casos não variava muito.

        A primeira coisa era algo como "pára de encher o saco do Joãozinho com essa história de que ele tem que ler". Geralmente, em termos mais delicados: "Por que você não experimenta aliviar a pressão em cima dele, e passar uns seis meses sem dar conselhos de leitura?"

        O passo seguinte era uma sugestão: "Experimente deixar um livro como este ao alcance do Joãozinho, num lugar onde ele possa ler escondido, sem parecer que está fazendo a sua vontade. No banheiro, por exemplo." E o que eu chamava de um livro como este, já na minha mão estendida em oferta, podia ser um exemplar de O Menino Maluquinho, do Ziraldo, ou do Marcelo, Marmelo, Martelo, da Ruth Rocha, ou de O Gênio do Crime, do João Carlos Marinho. Havia vários outros títulos que também serviam. Mas o fato é que, em 18 anos de experiência, NUNCA, nem uma única vez, apareceu depois um pai reclamando que aquela sugestão não tinha dado certo. Pelo contrário, incontáveis vezes o encontro seguinte já incluía um Joãozinho entusiasmado, comentando o livro lido e disposto a fazer novas descobertas. Para adolescentes e jovens, a coisa é um pouco mais complicada. Não porque não haja livro bom assim como os que citei. Pelo contrário, tem de montão. Eu seria capaz de encher páginas e páginas só dando sugestões e comentando cada uma delas. A quantidade chega até a atrapalhar a escolha, não é esse o problema. Mas aí já entram em cena muitas outras variáveis.

        O fôlego de leitura do sujeito, por exemplo. Igualzinho ao que acontece nos esportes. Como quem sabe que não vai aguentar jogar noventa minutos, e então nem bate uma bolinha, dizendo que acha futebol um jogo idiota. Há quem desanime só de ver o número de páginas do livro, ou o tamanho da letra, ou o fato de não ter ilustração. Nesse caso, o cara acha que vai ficar de língua de fora e pagar o maior mico. Não percebe que não está competindo com ninguém.

        Também não tem ninguém na arquibancada olhando sua performance. Dá para levar o tempo que quiser para chegar ao fim do livro. Ler uma página por dia, por exemplo, se não quiser ir mais depressa. Num livro como este aqui, dá pra fazer isso – as histórias são curtinhas.

        Para outros candidatos a leitor, não é uma questão de fôlego, mas de medo de não ter musculatura para ler. De só dar chute chocho e a bola não ir longe. De não aguentar a força do que está escrito, não entender umas palavras, não perceber o que o autor quer dizer e ficar se achando um burro. Se nunca usar, o músculo pode acabar tão atrofiado que o cara não consegue nem mastigar, fica feito um bebê, só come papinha, sopa e sorvete. Incapaz de traçar um churrasco – para não falar em ir ao supermercado trazer a carne, ou plantar a própria horta. Dá um trabalho... Quando vejo essa atitude, sempre me lembro daquela frase: “Acha que educação custa caro?”

        Experimente só a ignorância... Mas, de qualquer modo, dá também para ser solidário com quem ainda não teve chance de desenvolver sua musculatura leitora. Tudo bem, vamos devagar. Lendo textos curtos, fáceis, divertidos, variados, numa linguagem clara e parecida com a que a gente fala todo dia (e toda noite, não há limites).

        É só folhear este livro. Pode ser que alguma história atraia sua atenção e mostre que, mesmo que uma ou outra palavra lhe escape, ninguém está falando complicado.

        Outra questão difícil na escolha de uma leitura de jovens e adolescentes, em minha opinião, é que eles já são praticamente adultos. Ainda mais hoje em dia, e no nosso país. Não têm que ficar lendo histórias de uma turminha de garotos que só se trata por apelidinhos idiotas e inventa uma máquina do tempo ou apura um crime, ou enfrenta o terror de múmias e mortos-vivos a serviço de um cientista maluco, ou vive aventuras nos Mares do Sul, no Vale dos Dinossauros, na Galáxia Superior ou no Reino do Escambau. É até uma falta de respeito com a inteligência e a capacidade dos jovens. Eles podem rir, brincar, gostar de ter amigos e de se divertir, mas também gostam muito de pensar e de criticar um bocado das heranças malucas que esse chamado mundo dos adultos está deixando para eles. E muitos dos livros que esses adultos (que muitas vezes não leem) querem que eles leiam ficam batendo nessa tecla da “bobajada divertida”.

        Coisas que até tinham algum sentido em gerações anteriores, mas hoje apanham de goleada de qualquer videogame – porque são um tipo de diversão que não precisa de palavras.

        E quando os livros que os adultos querem que os jovens leiam não são esses, pior ainda: lá vem aqueles autores do século XIX... e já estamos no XXI! Podem ser ótimos, importantes e tudo o mais - ninguém está negando isso. Mas não são o tipo de leitura ideal para aquele primeiro namoro/leitura cheio de delícias e gostosuras, quando o leitor ainda nem tem vinte anos.

        E tem mais. Nessa idade, todo mundo gosta de procurar sua tribo. Há quem goste de pagode, quem se amarre em música sertaneja, quem só queira saber de rock. A turma que madruga e batalha para conciliar estudo e trabalho, o pessoal que discute política e faz manifestação, a moçada que não está nem aí. Se eles não se vestem igual, não frequentam os mesmos lugares, não se deslocam nos mesmos transportes, não curtem o mesmo tipo de música, não falam a mesma gíria, como é que de repente a gente vai encontrar um livro assim como O Menino Maluquinho para jovens, capaz de atingir a todos, tão diferentes?

        A sorte é que o Brasil é incrível e produz essas coisas. A nossa cultura tem sido capaz de revelar de vez em quando uns artistas que são assim, porta-vozes de todos. Tipo Chico Buarque na música. Ou um filme como Central do Brasil, no cinema. E muitos outros.

        Mais do que isso: tem sido uma permanente preocupação da arte brasileira, desde o modernismo de 1922, procurar ao mesmo tempo inventar uma linguagem nova e se expressar de uma maneira reconhecida por todos como nossa, brasileira. No caso da literatura, todo escritor que surgiu desde essa época teve que em algum momento decidir que tipo de língua ia usar para ajudar a criar a linguagem escrita brasileira. Um português que não seja artificial, enquadrado e certinho como impingiam os gramáticos lusitanos, mas que também não se transforme no vale-tudo dos locutores esportivos, tão pretensioso, ignorante e cheio de erros, tão consagrador das manias pessoais que pode acabar levando a uma situação em que daí a algum tempo ninguém mais se entende. Enfim, os escritores brasileiros do século XX tiveram que enfrentar o desafio de estabelecer o português do Brasil, fiel ao espírito do idioma que herdamos, mas atento ao que se diz de verdade pelo país afora, em casa ou na rua. Um português correto, mas brasileiro. Para ser um bom escritor, foi sendo necessário ter bom ouvido, ser meio músico. E, além disso, captar nossas pausas para rir. Coisa superimportante para todos nós.

        Tem humorista que acha que é escritor. Nem sempre dá certo, às vezes fica até meio patético, sem graça e sem garra, dá pena. Mas talvez ainda seja pior o caso dos escritores metidos a engraçados. Dão mais pena ainda, constrangem o leitor. Ainda bem que no Brasil esses casos até que são raros. Temos é uma belíssima tradição de excelentes humoristas-escritores. Gente que tem um texto límpido, ágil, maravilhosamente agudo e inteligente. Autores que leem muito, ouvem muita música, veem muita imagem, se metem no palco, transitam de uma arte para outra. São artistas que sabem plasmar a linguagem para que ela lhes obedeça, autores que conhecem profundamente o idioma, que são capazes de relacionar fatos quotidianos com episódios históricos, carregálos de alusões culturais, revirar sua lógica pelo avesso. Com isso, mostram seu ridículo, expõem seu absurdo... e arrancam gargalhadas ou sorrisos à vontade. Nomes como os de Millôr Fernandes, Ivan Lessa, Stanislaw Ponte Preta, Aldir Blanc. Nessa companhia, Luís Fernando Verissimo está absolutamente à vontade. É um dos grandes, numa área que, com toda certeza, e um dos pontos altos e originais da nossa literatura.

        A praia do Verissimo é o quotidiano principalmente na intimidade As conversas entre quatro paredes, as lembranças solitárias de infâncias e adolescências constantemente passadas a limpo, os desígnios de Deus (em geral, mascarados sob a forma clássica das velhas anedotas sobre um grupo de pessoas que morre e se apresenta diante de São Pedro). Mas o tema não é o mais importante. Sobre qualquer assunto e a qualquer pretexto, o autor revela suas obsessões, fala das mesmas coisas, preocupa-se com o social e o ético, despreza solenemente o econômico... e encontra sempre uma maneira nova de fazer isso, como se nunca o tivesse feito antes. As situações podem ser quotidianas, mas os ângulos geralmente são insólitos e inesperados. Ou então, reforçam o já esperado, mas com tão exatas pitadas de exagero que a caricatura até parece um retrato realista pelo avesso, em que o lado cômico é revelado em sua verdadeira grandeza e o sentido profundo aparece com nitidez.

        Para conseguir isso, Luís Fernando Verissimo conta com seu magistral domínio da linguagem e do ritmo da narração. Tem uma admirável economia no uso das palavras tudo é enxuto, nada sobra. No país do barroco, é quase minimalista. Seus diálogos dão até a impressão de que saíram de uma fita gravada. Mas é só a gente lembrar da realidade das transcrições de conversas gravadas (cada vez mais frequentes nas denúncias de escândalos pela imprensa), para perceber como essa impressão é falsa. Estamos exatamente diante daquele processo que Carlos Drummond de Andrade descreveu tão bem, ao dizer que queria a beleza da simplicidade – mas não a beleza do que nasceu simples e sim a beleza do que ficou simples. Fruto de atenção impiedosa, muito trabalho e aguda consciência de como cortar.

        Que ninguém se engane. Pode parecer que Luís Fernando Verissimo é que nem passarinho: abre o bico e sai cantando sem qualquer esforço, puro dom natural. Mas em arte isso não existe. E estamos falando de um artista da palavra. Alguém que vê a linguagem como dizia o crítico Roland Barthes para caracterizar um escritor. Se alguém duvida, vá direto a uma das crônicas selecionadas, como "Palavreado". Ou "Defenestração". Mas se não quiser pensar em nada disso, não faz mal. Relaxe e aproveite. Curta as histórias, as piadas, o jeito de falar. Seja nos relatos de desencontros que chamamos de Equívocos, nas historinhas com moral escondida que batizei de Fábulas, nas divagações sobre um tema (Falando Sério), nas memórias (Outros Tempos), nas brincadeiras com a linguagem ou o estilo. Sempre uma gostosura. Puro prazer. Um jardim de delícias.

        Depois de ler este livro, duvido que algum jovem ainda seja capaz de dizer, sinceramente, que não curte ler. E, para não ficar achando que só gosta deste livro, que leia os outros do autor. Aposto que, em sua maioria, os novos leitores vão se viciar em livro e sair procurando outros textos, de outros autores. Com vontade de, um dia, chegar a escrever assim. Quem sabe? O Verissimo nunca pensou que ia ser escritor quando crescesse. Seu negócio era mesmo um bom solo de saxofone, instrumento em que ainda arrasa, escondido. Mas com essa história de ser músico, desenvolveu tanto o ouvido que acabou assim: hoje ele ouve (e conta pra nós) até o que pensamos, sentimos e sonhamos em silêncio. Em qualquer idade.

Luís Fernando Veríssimo. Comédias para se ler na escola. PDL – Projeto Democratização da Leitura. www.portaldetonando.com.br.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal questão abordada no conto "Bom de Ouvido"?

      A principal questão abordada no conto é a dificuldade que algumas pessoas têm em se conectar com a leitura, seja por experiências negativas no passado ou por falta de incentivo adequado.

02 – Qual é a comparação utilizada pela autora para ilustrar a relação das pessoas com a leitura?

      A autora compara a relação das pessoas com a leitura com a relação delas com o namoro. Assim como uma experiência ruim não significa que todos os relacionamentos serão desastrosos, uma experiência de leitura negativa não significa que todos os livros serão desinteressantes.

03 – Qual era a profissão da autora durante 18 anos e como essa experiência contribuiu para sua reflexão sobre o tema?

      Durante 18 anos, a autora foi dona de uma livraria infantil. Essa experiência a permitiu observar de perto a relação das crianças e adolescentes com os livros, além de ouvir as queixas de pais preocupados com a falta de interesse dos filhos pela leitura.

04 – Qual era o conselho que a autora dava aos pais de crianças que não gostavam de ler?

      O conselho da autora era para que os pais parassem de pressionar as crianças para ler e, em vez disso, deixassem livros interessantes ao alcance delas em lugares onde elas pudessem ler escondido, sem se sentirem obrigadas.

05 – Que tipo de livros a autora costumava sugerir para crianças que não gostavam de ler?

      A autora costumava sugerir livros como "O Menino Maluquinho" de Ziraldo, "Marcelo, Marmelo, Martelo" de Ruth Rocha e "O Gênio do Crime" de João Carlos Marinho.

06 – Qual é a principal dificuldade enfrentada por adolescentes e jovens na escolha de um livro?

      A principal dificuldade enfrentada por adolescentes e jovens é que eles já são praticamente adultos e, por isso, não se identificam com histórias infantis. Ao mesmo tempo, podem ter dificuldades com leituras muito complexas.

07 – O que a autora observa sobre a produção literária brasileira para jovens e adolescentes?

      A autora observa que muitos livros para jovens e adolescentes caem na "bobajada divertida" ou são obras do século XIX, o que não atrai os jovens leitores.

08 – Qual é a característica que a autora destaca nos grandes escritores brasileiros, como Luís Fernando Verissimo?

      A autora destaca que grandes escritores brasileiros têm um "bom ouvido", ou seja, são capazes de captar a linguagem falada no dia a dia e transformá-la em uma linguagem escrita autêntica e envolvente.

09 – Qual é o tema central da obra de Luís Fernando Verissimo, segundo a autora?

      Segundo a autora, o tema central da obra de Luís Fernando Verissimo é o cotidiano, principalmente na intimidade, com suas conversas, lembranças e reflexões.

10 – O que a autora espera que os jovens sintam após ler o livro "Bom de Ouvido"?

      A autora espera que, após ler o livro, os jovens sintam vontade de se conectar com a leitura e descubram o prazer de ler, não apenas este livro, mas também outros de diferentes autores.

 

 

domingo, 17 de julho de 2022

CONTO: O VEADO E A ONÇA - PARTE 2 - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

 Conto: O veado e a onça – Parte 2 

              Ana Maria Machado

        O veado bem que ficou com medo, afinal onça é onça... Mas ele tinha trabalhado muito para fazer aquela casa e não ia entregar assim, para a primeira valentona que aparecesse:

        – Desculpe, Dona Onça, mas deve haver algum engano. Essa casa é minha, fui eu que fiz. Quem sabe a senhora não se enganou de lugar, assim, no escuro?

        Primeiro, a onça ficou ainda mais furiosa ao ouvir aquilo. Rosnou e berrou:

        – Está achando que eu sou idiota, é? Que não sei onde foi que eu mesma trabalhei tantas noites?

        Mas o veado ficou firme:

        – A senhora me desculpe, mas quem trabalhou aqui fui eu, muitos dias. Limpei o terreno, finquei os esteios, levantei as paredes, preparei o telhado, o encanamento, as portas e as janelas...

        A onça foi desconfiando de alguma coisa e respondeu, já berrando menos:

        – E eu cortei as varas e as taquaras, completei as paredes, botei a palha no telhado, fiz o encanamento, fechei as portas e as janelas...

        Ouvindo isso, o veado entendeu alguma coisa. Os dois se olharam ressabiados, cada um deu um sorriso sem graça...

        – E o tempo todo eu achava que era o deus da mata me ajudando... – disse o veado.

        – Pois é... Eu também achava – confessou ela.

        – Então eu trabalhava de dia e a senhora trabalhava de noite...

        Os dois entenderam tudo. Mais havia um problema: de quem era a casa, agora que estava pronta?

        Todos os dois achavam que eram donos da casa, e não queriam desistir.

        – Tenho uma ideia! – exclamou a Onça – Se nós fizemos a casa juntos, podemos morar juntos. Somos sócios.

        “Morar com uma onça?”, pensou o veado. “Não pode dar certo...”

        – Acho até que vai ser muito bom – insistiu ela – Você sai de dia para pastar, eu saio de noite para caçar. Nós não vamos nos encontrar nunca. E vai ter sempre alguém na casa, ela vai estar sempre bem cuidadinha...".

        “Vai ser perfeito”, pensava a onça. “Fico com uma casa ótima, que nem deu muito trabalho, e ainda guardo uma reserva de comida dentro dela. Se algum dia não encontrar caça, créu! É só comer o sócio!”

        O veado acabou concordando, porque não queria entregar a casa que lhe dera tanto trabalho. Mas sabia que aquela sociedade era muito arriscada e tratou de ficar atento ao perigo.

        Durante alguns dias, a combinação deles funcionou. Mas a onça não aguentava mais de vontade de comer o veado e resolveu começar a assustá-lo, pensando que se ele tivesse medo dela, não ia lutar quando ela avançasse nele um dia. E para mostrar que era forte e sabia matar, passou a trazer para casa os restos da caçada da noite.

        O veado acordava cedo, ia saindo, e lá vinha a onça com um coelho, uma paca ou um quati que ela mesma tinha caçado.

        O Veado foi ficando cada dia mais preocupado e acabou contando para os amigos o que tinha acontecido. Todos resolveram ajudar. Um deles disse:

        – Eu vi lá na aldeia do homens uma pele de onça esticada para secar no sol. Podíamos pedir emprestada...

        – Isso mesmo! – concordou o veado – Vou dizer que é um tapete novo para a casa.

        E assim fizeram.

        Quando vinham voltando com a pele de onça, aí, sim, foi que o deus da mata ajudou. Porque encontraram no caminho o cadáver de uma onça que tinha despencado de uma ribanceira e morrido. Resolveram levar também.

        Era pesadíssima! Precisavam juntar quatro veados forte para conseguir levar, e toda hora ela escorregava, eles tinham que aparar com a ajuda dos chifres, e ela foi ficando toda espetada. Finalmente, quando já estava anoitecendo, chegaram perto da casa.

        O dono da casa foi na frente, com a pele da onça. Os quatros amigos vinham mais atrás, devagar.

        Chegando no quintal, com a pele enrolada, ele viu duas onças, e a que dividia a casa com ele foi dizendo:

        – Você não se incomoda, não é? Chamei uma amiga para vir jantar comigo hoje...

        Ele levou um susto, ficou com o coração batendo apressado. Mas aguentou firme, e respondeu como se não ligasse:

        – Me incomodar? Por quê? Acho ótimo! Eu estava mesmo querendo dar uma festa hoje, para inaugurar este tapete novo que eu trouxe para nossa casa...

        E desenrolou a pele

        As duas onças esperavam por tudo, menos por aquilo. A dona da casa engoliu em seco e perguntou:

        – Onde foi que o senhor conseguiu isso, compadre?

        E o veado reparou que, pela primeira vez na vida, ela o chamava de senhor... Sinal de respeito. Respondeu, com um ar distraído, aproveitando para chamar a onça de você:

        – Cacei lá para as bandas da figueira-brava... Como você deve saber, nós, os veados, temos um jeito secreto de dar chifradas em onça, que é tiro e queda. Ela morre na hora. Por isso é que casa de veado é sempre quentinha, toda forrada de pele de onça, bem macia. Você não sabia?

        As duas se entreolharam. Ele continuou:

        – Mas vocês não precisam ficar com medo. Acho que com estas duas peles já dá para forrar quase todo chão da casa...

        – O senhor disse duas? Mas é uma só...

        – Uma aqui na minha mão, já pronta... A outra onça eu larguei ali no terreiro, e os meus amigos me ajudar a esfolar... – disse ele, apontando para o cadáver todo marcado de chifradas, no chão do quintal, com quatro veados enormes ao lado.

        As duas onças começaram tremer, e um dos veados olhou para elas e exclamou:

        – Oba! Mais dois tapetes!

        O dono as casa se adiantou, com um ar protetor, e disse:

        – Não, nestas aqui ninguém toca. Uma é minha sócia, outra é minha hóspede...

        Mas as onças foram recuando, meio sem graça, e a dona da casa disse:

        – Na verdade, compadre, eu estava só esperando o senhor chegar para me despedir. Eu estou de mudança, sabe?

        – É... – confirmou a outra. – Ela vai morar comigo. Eu tenho uma caverna muito jeitosa, fresquinha, com bastante espaço, e ando querendo companhia...

        Na mesma hora, o veado aprovou a ideia:

        – Bom, se é assim, seja feliz! E não me leve a mal, mas confesso que até acho bom, porque meus amigos podem vir morar comigo, e num instante vamos conseguir as outras peles que faltam para forrar as paredes e o resto do chão...

        Fez uma pausa e perguntou:

        – Aliás, você não quer deixar o endereço novo, explicar bem explicado onde fica essa caverna?

        A onça foi s afastando com a amiga. Já saindo da clareira, se virou para trás e disse:

        – É muito longe, compadre, muito longe. O senhor não ia achar... Muito longe!

        Deve ser. Porque elas nunca mais voltaram. Nunca mais mesmo.

     MACHADO, Ana Maria. Histórias à brasileira. A moura torta e outras. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002, p. 39-42.

           Fonte: Língua portuguesa – Coleção Brasiliana – 5° ano – Ensino Fundamental – IBEP – 2ª ed. São Paulo – 2011. p. 43-9.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Bandas: lados.

·        Inaugurar: usar pela primeira vez, estrear.

·        Ressabiados: desconfiado, assustado.

02 – Você gostou da forma como a onça e o veado resolveram a situação? As suas expectativas foram confirmadas ou você imaginou um desfecho trágico?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – No começo da conversa com a onça, o veado tinha um motivo para fugir e outro para não desistir da casa. Explique esses dois motivos.

      Motivo para fugir da onça: Medo. Porque onça é onça.

·        Motivo para não desistir da casa: Porque ele trabalhou muito na construção da casa, sem contar que foi ele quem achou o local.

04 – De que forma os dois animais entenderam o que havia acontecido durante a construção da casa?

a)   Um vizinho que viu tudo apareceu e explicou para eles que cada um havia feito uma parte da casa.

b)   O deus da mata apareceu e contou como ajudou a ambos.

c)   Eles foram conversando e puderam esclarecer tudo.

05 – Em seus pensamentos, de que modo a onça se refere ao veado?

a)   Reserva de comida.

b)   Deus da mata.

c)   Caça.

d)   Compadre.

e)   Sócio.

f)    Amigo.

06 – Explique as expressões destacadas:

a)   “A dona da casa engoliu em seco...”.

Porque foi um susto, as onças jamais esperariam que os veados pudessem matar uma onça.

b)   “... temos um jeito secreto de dar chifradas em onça, que é tiro e queda”.

Quer dizer que as chifradas seriam certeira sem chance de vida para onças.

07 – Por que a onça disse ao veado que convidou uma amiga para o jantar?

      Porque tinham a intensão de jantar o veado.

08 – O que fez a onça decidir ir embora de vez com a amiga e deixar a casa para o veado?

      Medo de ser atacadas pelos veados, depois de tudo o que elas viram.

09 – Os contos populares podem ser classificados de acordo com o tema da história ou com a mensagem que eles transmitem. Como você classificaria o conto “O veado e a onça”? Explique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

a)   Conto de esperteza.

b)   Conto de travessura.

c)   Conto de amizade.

d)   Conto da origem das coisas.

e)   Conto de assombramento / assombração.

10 – Ao perceber que não seria fácil decidir a quem pertencia a casa que ambos construíram, a onça teve uma ideia.

a)   Que ideia foi essa?

Se nós fizemos a casa juntos, podemos morar juntos. Somos sócios.

b)   Quais foram os dois argumentos que ela usou para convencer o veado a aceitar sua proposta?

Você sai de dia para pastar, eu saio à noite para caçar.

E vai ter sempre alguém na casa, ela vai estar sempre bem cuidadinha.

c)   Qual era a verdadeira intenção da onça?

“Vai ser perfeito”, pensava a onça. “Fico com uma casa ótima, que nem deu muito trabalho, e ainda guardo uma reserva de comida dentro dela. Se algum dia não encontrar caça, créu! É só comer o sócio!”

11 – Durante alguns dias, o acordo entre a onça e o veado funcionou, mas a onça começou a ter dificuldades para cumprir o combinado. As informações abaixo resumem o que aconteceu a partir desse momento de tensão, mas estão fora de ordem. Sua tarefa será a de indicar a sequência correta delas. Dica: a 1ª é a letra “C”.

a)   Ela começou a trazer para casa os restos da caçada da noite. 2.

b)   Ele acabou contando para os amigos o que tinha acontecido. 4.

c)   A onça resolveu assustar o veado para que ele ficasse com medo dela. 1.

d)   Os amigos do veado resolveram ajuda-lo e elaboraram um plano para assustar a onça. 5.

e)   O veado foi ficando cada dia mais preocupado. 3.

f)    No caminho, os amigos encontraram o cadáver de uma onça que tinha despencado de uma ribanceira. 7.

g)   Ao ser carregada pelos veados, a pele da onça foi ficando toda espetada. 8.

h)   Eles pediram uma pele de onça emprestada aos homens da aldeia. 6.

12 – Os trechos seguintes são do conto lido. Copie apenas a fala do narrador de cada trecho e observe os verbos destacados.

a)   – Quer dizer que era você... – disse a onça.

b)   – Pois é... Eu também achava – confessou ela.

c)   – Tenho uma ideia! – exclamou a onça. – Se nós fizemos a casa juntos, podemos morar juntos. Somos sócios.

d)   – Isso mesmo! – concordou o veado. – Vou dizer que é um tapete novo para a casa.

e)   As duas começaram a temer, e um dos veados olhou para elas e exclamou:

Resposta pessoal do aluno.

13 – Junto com os colegas e com a ajuda do professor, analise o exercício anterior e relacione os itens referentes aos trechos em que ocorre:

·        A fala do narrador aparece antes da fala da personagem.

·        A fala do narrador aparece no meio da fala da personagem.

·        A fala do narrador aparece depois da fala da personagem.

Resposta pessoal do aluno.

14 – Copie os verbos destacados nos trechos do exercício 12, explique para que servem esses verbos no texto.

        Os verbos que indicam a fala de personagens são chamados verbos dicendi, ou verbos de dizer.

      Resposta pessoal do aluno.

15 – Quanto ao tipo de narrador, copie a afirmação correta.

a)   Nesse conto, o narrador participa da história, é narrador personagem.

b)   Nesse conto, o narrador não participa da história, é narrador observador.

 

 

 

CONTO: O VEADO E A ONÇA - PARTE 1 - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

 Conto: O VEADO E A ONÇA – Parte 1   

             Ana Maria Machado

        Há muitos e muitos anos, quando as mulheres e os homens que viviam por aqui eram índios, quando o chão era só de terra e quem voava mais alto no céu era o gavião, morava lá no fundo da mata um veado que um dia resolveu fazer uma casa.

        Andou de um lado para outro para escolher um lugar. Descobriu um platô interessante, no alto de um barranco, onde não ficava passando bicho toda hora. Era perto de um rio encachoeirado, se ele quisesse beber água. Era protegido por umas árvores grandes, que não deixavam o vento forte chegar.

        O veado resolveu que era aquele lugar que queria e começou a limpar o terreno. Arrancou uns matos rasteiros, tirou umas moitas que estavam atrapalhando, cortou os galhos mais baixos das árvores.

        Trabalhou o dia inteiro. Quando o sol foi se pondo, estava cansado e foi dormir na casa dos pais, para voltar no dia seguinte.

        Quando já era noite alta e a lua brilhava no céu, apareceu por ali uma onça que ultimamente vinha pensando muito em fazer uma casa. Aproveitava quando saía para caçar e procurava um terreno bom.

        A onça viu aquela clareira já limpinha e disse:

        – Que bom! Este lugar é perfeito! O deus da mata está me ajudando! Vou logo cortar umas varas para fazer esteios da casa e amanhã à noite eu começo ...

        Trabalhou a noite inteira. Quando o sol foi nascendo, estava cansada e foi dormir na casa dos pais, para voltar na noite seguinte.

        Daí a pouco chegou o Veado. Viu aquela pilha de varas cortadas e preparadas e disse:

        – Que bom, estas varas estão perfeitas! O deus da mata está me ajudando! Vou marcar o lugar da casa e fincar os esteios no chão, bem firme...

        Trabalhou o dia inteiro. Quando o sol foi se pondo, estava cansado e foi dormir na casa dos pais, para voltar no dia seguinte.

        Daí a pouco chegou a onça. Viu os esteios já colocados e disse:

        – Que bom! O deus da mata continua me ajudando!

        Foi até um taquaral ali perto e tirou uma porção de taquaras, que são uma espécie de bambu, levinho. Fez uma pilha enorme.

        Trabalhou a noite inteira. Quando o sol foi nascendo, estava cansada e foi dormir na casa dos pais, para voltar na noite seguinte.

        Daí a pouco chegou o veado. Viu aquela pilha de taquaras e disse:

        – Que bom! O deus da mata continua me ajudando!

        Foi pegando as taquaras uma a uma e fincando entre os esteios, nuns espacinhos pequenos, só deixando livre o lugar das portas e janelas. Depois, cortou uma porção de cipós e embiras para no outro dia amarrar o resto das taquaras atravessadas por cima daquelas, fazendo uns quadrados.

        Trabalhou o dia inteiro. Quando o sol foi se pondo, estava cansado e foi dormir na casa dos pais, para voltar no dia seguinte.

        Daí a pouco chegou a onça. Viu as paredes adiantadas, os cipós e as embiras cortados, e disse:

        – Que bom! O deus da mata continua me ajudando!

        Tratou de usar os cipós e as embiras para prender o resto das taquaras, fazendo uma malha forte de quadrados.

        Trabalhou noite inteira. Quando o sol foi nascendo, estava cansada e foi dormir na casa dos pais, para voltar na noite seguinte.

        Daí a pouco chegou o veado. Viu aquela malha de taquaras pronta e disse:

        – Que bom! O deus da mata continua me ajudando!

        Foi buscar água no rio, misturou com a terra do alto do barranco, fez um barro bem barrento e foi jogando sobre a malha de taquaras para fechar os quadrados e ir fazendo as paredes. Conseguiu completar duas antes de escurecer.

        Trabalhou o dia inteiro. Quando o sol foi se pondo, estava cansada e foi dormir na casa dos pais, para voltar no dia seguinte.

        Daí a pouco chegou a onça. Viu aquelas duas paredes fechadas e disse:

        – Que bom! O deus da mata continua me ajudando!

        Foi buscar mais água no rio, misturou com mais terra do alto do barranco, fez um barro bem barrento, trabalhou a noite toda e completou as outras duas paredes.

        Quando o sol foi nascendo, estava cansada e foi dormir na casa dos pais. Para voltar na noite seguinte.

        E assim ficaram os dois. O veado alisou as paredes, a onça fez a cumeeira; o veado cortou folhas da palmeira, a onça cobriu o telhado; o veado foi buscar bambu grosso, a onça fez um encanamento que levava água do rio até a casa; o veado serrou umas tábuas, a onça fez as janelas e portas.

        Trabalharam muito, dia e noite, sempre achando que o deus da mata estava ajudando. Até que a casa ficou pronta.

        No fim do último dia trabalhado, todo animado, o Veado resolveu que não ia dormir na casa dos pais: ia ficar ali para passar a primeira noite em sua casinha nova.

        Tomou banho, comeu umas folhas gostosas, fez uma fogueirinha no quintal para espantar mosquito e ficou em frente da casa olhando as estrelas e esperando o sono chegar.

        Mas quem chegou foi a Onça. Quando viu aquela cena, ficou furiosa:

        – Mas que folga! Então não se pode mais nem sair para visitar parentes que logo aparece um malandro para invadir a nossa casa? Saia daqui imediatamente!

             MACHADO, Ana Maria. Histórias à brasileira. A moura torta e outras. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002. p. 35-9.

       Fonte: Língua portuguesa – Coleção Brasiliana – 5° ano – Ensino Fundamental – IBEP – 2ª ed. São Paulo – 2011. p. 32-7.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Clareira: terreno desmatado ou com poucas árvores, em mata ou bosque.

·        Cumeeira: parte mais alta do telhado.

·        Embiras (embira): árvore cuja casca produz um cipó usado para fabricar cordas, redes, cestos e outros utensílios; cipó usado para amarrar.

·        Esteios (esteio): peça de madeira ou ferro que serve para segurar ou escorar alguma coisa.

·        Platô: lugar elevado e plano.

02 – Como você imaginou que seria a construção de uma casa numa “parceria” entre um veado e uma onça?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Como foi possível o veado e a onça construírem uma casa sem se encontrar?

      Porque o veado trabalhava na construção durante o dia, e a onça trabalhava durante a noite.

04 – Onde eles moravam antes de terminar a casa?

      Na casa dos pais.

05 – Os dois animais, embora escolhessem o mesmo lugar para construir a casa, tiveram motivos diferentes. Reproduza a tabela abaixo em seu caderno e explique quais foram as razões de cada um para a escolha do lugar.

·        Veado: 2° parágrafo.

·        Onça: 7° parágrafo.

06 – Tanto o veado quanto a onça trabalharam na construção da casa. Escreva quem fez o quê.

a)   Cortou varas para o esteio. Onça.

b)   Marcou o lugar da casa e fincou os esteios. Veado.

c)   Pegou taquaras e fez uma pilha enorme. Onça.

d)   Fincou as taquaras entre os esteios e cortou cipós e embiras. Veado.

e)   Usou os cipós e as embiras para prender o resto das taquaras. Onça.

f)    Buscou água no rio, misturou com terra e fez as paredes com esse barro. Veado.

g)   Alisou as paredes. Veado.

h)   Fez a cumeeira. Onça.

i)     Cortou folhas de palmeiras. Veado.

j)     Cobriu o telhado. Onça.

k)   Buscou bambu grosso. Veado.

l)     Fez o encanamento. Onça.

m) Serrou umas tábuas. Veado.

n)   Fez janelas e portas. Onça.

07 – Quando a onça e o veado voltaram para o local onde a casa estava sendo construído, não estranhavam o fato da construção continuas avançando. Por quê? A quem eles atribuíram o fato?

      Atribuíram ao deus da mata.

08 – Apenas quatro alternativas respondem à próxima pergunta. Copie as alternativas corretas. O que o veado fez no fim do último dia da construção da casa?

   Ele resolveu que iria mais cedo para a casa dos pais.

·        Decidiu que passaria a primeira noite em sua casinha nova.

·        Deitou-se observando o teto e tirou um longo cochilo.

·        Tomou banho e comeu umas folhas gostosas.

·        Fez uma fogueirinha no quintal para espantar os mosquitos.

·        Ficou em frente da casa olhando as estrelas e esperando o sono chegar.

09 – Releia, a seguir, a introdução do conto e copie somente as três alternativas corretas, referentes a ela.

        “Há muitos e muitos anos, quando as mulheres e os homens que viviam por aqui eram índios, quando o chão era só de terra e quem voava mais alto no céu era o gavião, morava lá no fundo da mata um veado que um dia resolveu fazer uma casa.”

·        Nessa introdução estão apresentados: o tempo, o local da ação e os personagens.

·        Na introdução do conto, o tempo e o local são definidos de uma forma precisa.

·        Nessa introdução são apresentados: tempo, lugar e personagens.

·        O tempo “há muitos e muitos anos” e o local “lá no fundo da mata” não são tão importantes no conto, por isso aparecem de forma imprecisa.

10 – Nesta primeira parte do conto “O veado e a onça”, quais são as personagens?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O veado e a onça.

11 – Junto com um colega, localize no texto as expressões que se referem a essas personagens. Veja o exemplo e transcreva essas repetições. Exemplo: “Trabalhou o dia inteiro. / trabalhou a noite inteira”.

      Resposta pessoal do aluno.

12 – Os contos populares são histórias contadas oralmente de geração a geração. Na sua opinião, qual a importância das repetições para essas histórias?

      Resposta pessoal do aluno.