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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

MINICONTO: DECLARAÇÃO DE AMOR - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO

 Miniconto: Declaração de Amor

                 Clarice Lispector

        Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa.

        Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVd3ps0A0O5Y1ifVv4R5kqli08h2Zi1uVwz1s9wnyviVc_M4vCzkjR3WrZnogQTB6f75eQw2Vh3lBvYItqwkyvshHxpms20qmicscA-Nnn78u8k8drXMUoEYmXBK5kvP8jp80pygtUJMdigjUfn0RB_kdZoLLbx7-06gS6AJ8_S22PPeJigASgeiGv0iw/s320/dia-da-lingua-portuguesa3-750x350.jpg


Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la — como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope.
Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E esse desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega.

        Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.

Antologia universitária, vol. I. Universidade de Taubaté, 1980.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 34.

Entendendo o miniconto:

01 – Qual é a "confissão de amor" feita pela autora no início do texto?

      A autora confessa o seu amor pela língua portuguesa.

02 – Quais são as principais dificuldades da língua portuguesa apontadas pela autora?

      A autora descreve a língua portuguesa como não sendo fácil e nem maleável. Ela aponta que a língua não foi profundamente trabalhada pelo pensamento e que às vezes reage com um "pontapé" quando usada para expressar sutilezas ou pensamentos complexos.

03 – No texto, a autora faz uma analogia para descrever como gosta de "manejar" a língua portuguesa. Qual é essa analogia?

      Ela compara o ato de manejar a língua com a experiência de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, ora lentamente, ora a galope.

04 – Segundo Clarice, por que a herança deixada por grandes escritores como Camões não é suficiente para os autores atuais?

      A autora afirma que a herança de Camões e outros não é suficiente porque a língua precisa ser constantemente trabalhada e renovada. Para ela, todos que escrevem estão "fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida".

05 – No final do texto, a autora faz uma escolha entre línguas. Se fosse muda e não pudesse escrever, qual língua ela escolheria? E por que ela, de fato, escolhe o português?

      Se fosse muda, ela escolheria o inglês, que considera preciso e belo. No entanto, como pode escrever, ela se dá conta de que sua única e verdadeira vontade é escrever em português, e chega a desejar não ter aprendido outras línguas para que sua abordagem ao português fosse "virgem e límpida".

 

 

MINICONTO: AS MARAVILHAS DE CADA MUNDO - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO

 Miniconto: As Maravilhas de cada mundo

                Clarice Lispector

        Tenho uma amiga chamada Azaléia, que simplesmente gosta de viver. Viver sem adjetivos. É muito doente de corpo, mas seus risos são claros e constantes. Sua vida é difícil, mas é sua.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBj-z77ADSVIQpIi1NLsjcS_Lw8eK84zyqkhcv7xV3rfCIVqt9UJRZMZWBqD2UfVQ_Yf5zzZdWyQQuVoQdies0Ia8Ke94HucD7Sv64Aem1IBMfINiJC789YVwm0jtwyXGwNeyADBxpN_X4rabzxSygFQXVbMyEAVdA_ax2Nbgg5l-9jHj3HTtrAIWATos/s320/MO%C3%87A.png


        Um dia desses me disse que cada pessoa tinha em seu mundo sete maravilhas. Quais? Dependia da pessoa.

        Ela então resolveu classificar as sete maravilhas de seu mundo.

        Primeira: ter nascido. Ter nascido é um dom, existir, digo eu, é um milagre.

        Segunda: seus cinco sentidos que incluem em forte dose o sexto. Com eles ela toca e sente e ouve e se comunica e tem prazer e experimenta a dor.

        Terceira: sua capacidade de amar. Através dessa capacidade, menos comum do que se pensa, ela está sempre repleta de amor por alguns e por muitos, o que lhe alarga o peito.

        Quarta: sua intuição. A intuição alcança-lhe o que o raciocínio não toca e que os sentidos não percebem.

        Quinta: sua inteligência. Considera-se uma privilegiada por entender. Seu raciocínio é agudo e eficaz.

        Sexta: a harmonia. Conseguiu-a através de seus esforços, e realmente ela é toda harmoniosa, em relação ao mundo em geral, e a seu próprio mundo.

        Sétima: a morte. Ela crê, teosoficamente, que depois da morte a alma se encarna em outro corpo, e tudo começa de novo, com a alegria das sete maravilhas renovadas.

Clarice Lispector. A Descoberta do mundo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 65.

Entendendo o miniconto:

01 – Quem é Azaléia e qual a sua característica principal, apesar de suas dificuldades?

      Azaléia é uma amiga da narradora que "simplesmente gosta de viver". Apesar de ser muito doente de corpo e ter uma vida difícil, ela é caracterizada por seus "risos claros e constantes".

02 – Qual a ideia central que Azaléia compartilha com a narradora sobre as "maravilhas"?

      Ela diz que cada pessoa tem sete maravilhas em seu próprio mundo, e que essas maravilhas são particulares de cada indivíduo.

03 – De acordo com Azaléia, qual é a primeira maravilha e por que ela a considera assim?

      A primeira maravilha é o fato de ter nascido. Para ela, ter nascido é um dom, e a narradora complementa, dizendo que "existir... é um milagre".

04 – Como Azaléia descreve a "capacidade de amar" e a "intuição" em sua lista?

      Ela considera a capacidade de amar uma maravilha por ser menos comum do que se pensa, e por meio dela, seu peito se "alarga" com amor por muitas pessoas. Já a intuição é uma maravilha porque alcança o que o raciocínio e os sentidos não conseguem perceber.

05 – Qual é a sétima maravilha de Azaléia e por que ela a inclui na lista?

      A sétima maravilha é a morte. Azaléia a inclui porque, por meio de sua crença teosófica, ela acredita que após a morte a alma se reencarna, e a vida e suas sete maravilhas recomeçam com alegria.

 

MINICONTO: HOJE - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO - COM GABARITO

 Miniconto: Hoje

            Ignácio de Loyola Brandão

        Nas noites de verão, ou todas as noites, depois do jantar, o pai abandona a mesa. Ainda com a xícara de café na mão, ele se dirige à caixa quadrada. A deusa dos raios azulados espera o toque. Para emitir som e luz, imagem e movimento. Todos se ajeitam. O lugar principal é para o pai. Ninguém conversa. Não há o que falar. O pai não traz nada da rua, do dia-a-dia do escritório. Os filhos não perguntam, estão proibidos de interromper. A mulher mergulha na telenovela, no filme. Todos sabem que não virá visita. Se vier alguma, chegará antes da telenovela. Conversas esparsas durante os comerciais. A sensação é que basta estar junto. Nada mais. Silenciosa, a família contempla a caixa azulada. Os olhos excitados, cabeças inflamadas. Recebendo, recebendo. Enquanto o corpo suportar, estarão ali. Depois, tocarão o botão e a deusa descansará. Então, as pessoas vão para as camas, deitam e sonham. Com as coisas vistas. Sempre vistas através da caixa. Nunca sentidas ou vividas. Imunizadas que estão contra a própria vida.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwJxsGwYQZxeL7OOf7xCBBQeAb7I54dyRcZKMNUzn04F_iZBPMmmARNjP2g4_mBjlnvZstKXG3AlS2qdo2x4o9PQb7PYrQBRoJjtyoTAo9Ta-k1WVdK0v_MLPQzXQSwToUHIfgsqgIkUJfslkOO3x64Xb2OmsgoIR-iwtiW1Q1aADK2XHHCSKeqymFZOI/s320/NOITE.jpg


Dentes ao sol. Rio de Janeiro, Codecri, 1980.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 108-109.

Entendendo miniconto:

01 – Qual é a rotina da família descrita no texto, todas as noites, após o jantar?

      Depois do jantar, o pai da família se levanta e liga a "caixa quadrada" (a televisão). Todos se ajeitam e se posicionam para assistir, em silêncio.

02 – Por que a família não conversa durante o ritual de assistir TV?

      Não há o que falar porque o pai não compartilha nada de seu dia no escritório, e os filhos são proibidos de interromper o momento. O silêncio é a regra, exceto por conversas esparsas durante os comerciais.

03 – Como a crônica descreve a interação da família com a "caixa azulada"?

      A família se senta junta, mas não há comunicação. Eles se tornam espectadores passivos, com "olhos excitados, cabeças inflamadas", apenas "recebendo, recebendo" o que a televisão transmite, em uma atitude de total passividade.

04 – O que acontece depois que a família desliga a televisão e vai dormir?

      Depois de desligar a TV, as pessoas vão para a cama e sonham. No entanto, elas sonham "com as coisas vistas" na televisão, e não com as próprias experiências, sentimentos ou vidas.

05 – Qual a crítica principal do autor sobre o estilo de vida da família?

      O autor critica a passividade e a falta de conexão real entre os membros da família. Eles vivem de forma "imunizada... contra a própria vida", preferindo a realidade mediada pela tela em vez de vivenciar e sentir suas próprias experiências. A televisão se torna a única fonte de conteúdo para seus pensamentos e até mesmo seus sonhos.

 

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

MINICONTO: BETSY - RUBEM FONSECA - COM GABARITO

 Miniconto: Betsy

        Rubem Fonseca

        Betsy esperou a volta do homem para morrer.

        Antes da viagem ele notara que Betsy mostrava um apetite incomum. Depois surgiram outros sintomas, ingestão excessiva de água, incontinência urinária. O único problema de Betsy até então era a catarata numa das vistas. Ela não gostava de sair, mas antes da viagem entrara inesperadamente com ele no elevador e os dois passearam no calçadão da praia, algo que ela nunca fizera. No dia em que o homem chegou, Betsy teve o derrame e ficou sem comer. Vinte dias sem comer, deitada na cama com o homem. Os especialistas consultados disseram que não havia nada a fazer. Betsy só saia da cama para beber água.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8hjnXqdMPfFEX_pOqyvv51_Vr3h5moy1OvV3gZuAaSYetjDjipmefx_qZ4NEIEMGNVgaPR4naOqhb5bgZF-42-VLn5uk4HH0OQym5R-DYu8yiJxlxSrFKJHTe349cdRgqBnvU7f8Ct-vPsUAkNp7Lnp1UznbIeP4syJOqzxVpIRI0xzbMMBEZWnGQ7wk/s1600/images.jpg


        O homem permaneceu com Betsy na cama durante toda a sua agonia, acariciando seu corpo, sentindo com tristeza a magreza de suas ancas. No último dia, Betsy, muito quieta, os olhos azuis abertos, fitou o homem com o mesmo olhar de sempre, que indicava o conforto e o prazer produzidos pela presença e pelos carinhos dele. Começou a tremer e ele a abraçou com mais força. Sentindo que os membros dela estavam frios, o homem arranjou para Betsy uma posição confortável na cama. Então ela estendeu o corpo, parecendo se espreguiçar, e virou a cabeça para trás, num gesto cheio de langor. Depois esticou o corpo ainda mais e suspirou, uma exalação forte. O homem pensou que Betsy havia morrido. Mas alguns segundos depois ela emitiu novo suspiro. Horrorizado com sua meticulosa atenção o homem contou, um a um, todos os suspiros de Betsy. Com o intervalo de alguns segundos ela exalou nove suspiros iguais, a língua para fora, pendendo do lado da boca. Logo ela passou a golpear a barriga com os dois pés juntos, como fazia ocasionalmente, apenas com mais violência. Em seguida, ficou imóvel. O homem passou a mão de leve no corpo de Betsy. Ela se espreguiçou e alongou os membros pela última vez. Estava morta. Agora, o homem sabia, ela estava morta.

        A noite inteira o homem passou acordado ao lado de Betsy, afagando-a de leve, em silêncio, sem saber o que dizer. Eles haviam vivido juntos dezoito anos.

        De manhã, ele a deixou na cama e foi até a cozinha e preparou um café puro. Foi tomar o café na sala. A casa nunca estivera tão vazia e triste.

        Felizmente o homem não jogara fora a caixa de papelão do liquidificador. Voltou para o quarto. Cuidadosamente, colocou o corpo de Betsy dentro da caixa. Com a caixa debaixo do braço caminhou para a porta. Antes de abri-la e sair, enxugou os olhos. Não queria que o vissem assim.

Rubem Fonseca. Histórias de amor. Companhia das Letras: São Paulo, 1997, p. 09.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 164-165.

Entendendo o miniconto:

01 – Quais foram os primeiros sintomas de Betsy que o homem notou e o que ela fez de diferente antes da viagem dele?

      Os primeiros sintomas foram apetite incomum, ingestão excessiva de água e incontinência urinária. De forma incomum, Betsy entrou no elevador e passeou com o homem no calçadão da praia, algo que nunca havia feito.

02 – Como o homem reagiu durante a agonia de Betsy e qual era a duração da convivência deles?

      O homem permaneceu deitado na cama com Betsy, acariciando-a durante toda a sua agonia. A história revela que eles viveram juntos por dezoito anos.

03 – De que forma o narrador descreve os momentos finais de Betsy, em especial a sequência de suspiros?

      Após tremer e ser abraçada pelo homem, Betsy estendeu o corpo e suspirou nove vezes com intervalos de segundos. O homem, horrorizado, contou cada um dos suspiros antes de ela golpear a barriga com os pés e, finalmente, morrer.

04 – O que o homem fez com o corpo de Betsy na manhã seguinte à sua morte?

      Na manhã seguinte, o homem cuidadosamente colocou o corpo de Betsy dentro da caixa de papelão de um liquidificador que ele não tinha jogado fora.

05 – Por que o homem enxugou os olhos antes de sair de casa com a caixa?

      O homem enxugou os olhos porque não queria ser visto chorando, o que demonstra seu desejo de esconder a sua profunda tristeza e a sua dor pela perda.

 

 

domingo, 3 de agosto de 2025

MINICONTO: O PLANETINHA ENCHARCADO - FRAGMENTO - LUCA RISCHBIETER - COM GABARITO

 Miniconto: O planetinha encharcado – Fragmento

        Luca Rischbieter

Era uma vez um médico de planetas
Que passeava em uma galáxia
Muuuuuito distante
Quando... Vejam só
Que interessante:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3AKJkXgqzyiPOTkcM-YSHTDLuyuIIbTMkNVhqou3JWH-v8Zy7HiNouziONHXhAZfRK9bX_lHdFJwyHLnstomFrSCZGyDuJRiG7mTHqbV-6hthRYlcDpZLzD8q_6mxzd8Qlq1JR8lAnHNRT2XRpZDdw_27vEm_ZUseCngZ5RTy_W1a-SdPBCCQ0GyXhoY/s320/MINICONTO.jpg



Encontrou três
Planetinhas,
Que eram aquecidos
Pelo mesmo sol.

Olhando com atenção, o doutor
Percebeu que dois de três
Planetinhas estavam dormindo
E que só um deles parecia
Acordado.
O doutor perguntou-se,
Ensimesmado:
"Por que será que, em dois
Planetinhas, as coisas
Andam tão quentinhas?"
[...]

Luca Rischbieter. O planetinha encharcado. Curitiba: Aymará, 2009. p. 7-8.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 8º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 82.

Entendendo o miniconto:

01 – Qual a profissão do personagem principal do miniconto?

      O personagem principal do miniconto é um médico de planetas.

02 – Onde o médico de planetas encontrou os três planetinhas?

      Ele encontrou os três planetinhas enquanto passeava em uma galáxia "muuuuito distante".

03 – Qual característica comum os três planetinhas compartilhavam?

      Os três planetinhas eram aquecidos pelo mesmo sol.

04 – O que o médico de planetas percebeu sobre os três planetinhas ao observá-los atentamente?

      Ele percebeu que dois dos três planetinhas estavam "dormindo", e apenas um deles parecia "acordado".

05 – Qual a pergunta que o médico de planetas se fez ao final do fragmento?

      O médico de planetas se perguntou: "Por que será que, em dois planetinhas, as coisas andam tão quentinhas?"

 

MINICONTO: DE UM CERTO TOM AZULADO - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

 Miniconto: De um certo tom azulado

       Marina Colasanti

        Casou-se com o viúvo de espessa barba, embora sabendo que antes três esposas haviam morrido. E com ele subiu em dorso de mula até o sombrio castelo.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU8Bv8piGlrKbtWjQmgIJ2rQdYlK_CevgwksHPQwE9M1-VbRxII85MijY5WPrppQewYwAtph0H33iQdITLKAwFDJkCzr0hf2DpkcTzK1qDtYjUeaFykj9eTaUx3hopnof0bOq1M629rHL-FnVd1L0rN6IVLvMx19tlkFaYmS74S8caby4k4e05lSBEEso/s320/AZUL.jpg

        Poucos dias haviam passado, quando ele a avisou de que num cômodo jamais deveria entrar. Era o décimo quinto quarto do corredor esquerdo, no terceiro andar. A chave, mostrou, estava junto com as outras no grande molho. E a ela seria entregue, tão certo estava de que sua virtude não lhe permitiria transgredir a ordem.

        E não permitiu, na semana toda em que o marido ficou no castelo. Mas chegando a oportunidade da primeira viagem, despediu-se ela acenando com a mão, enquanto com a outra
apalpava no bolso a chave proibida.

        Só esperou ver o marido afastar-se caminho abaixo. Então, rápida, subiu as escadas do primeiro, do segundo, do terceiro andar, avançou pelo corredor, e ofegante parou frente à décima quinta
porta.

        Batia seu coração, inundando a cabeça de zumbidos. Tremia a mão hesitante empunhando a chave. Nenhum som vinha além da pesada porta de carvalho. Apenas uma fresta de luz escorria junto ao
chão.

        Devagar botou a chave na fechadura. Devagar rodou, ouvindo o estalar de molas e linguetas. E empurrando lentamente, bem
lentamente, entrou.

        No grande quarto, sentadas ao redor da mesa, as três esposas esperavam. Só faltava ela para completar o jogo de buraco.

COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 115-116.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 8º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 77.

Entendendo o miniconto:

01 – Qual a principal proibição imposta pelo marido à sua nova esposa?

      A principal proibição imposta pelo marido à sua nova esposa era a de jamais entrar no décimo quinto quarto do corredor esquerdo, no terceiro andar do castelo.

02 – Como a esposa demonstra sua intenção de desobedecer à proibição?

      A esposa demonstra sua intenção de desobedecer à proibição ao apalpar no bolso a chave proibida com uma mão, enquanto acena com a outra para o marido em sua partida. Isso revela sua antecipação e determinação em transgredir a ordem.

03 – Qual o ambiente físico e psicológico criado pela narrativa antes da revelação final?

      A narrativa cria um ambiente de tensão e mistério. A descrição da esposa subindo as escadas "rápida", o coração batendo "inundando a cabeça de zumbidos", a mão tremendo e a porta pesada com uma fresta de luz, tudo contribui para a expectativa do que seria revelado no quarto proibido.

04 – Quem a esposa encontra dentro do quarto proibido?

      Dentro do quarto proibido, a esposa encontra as três esposas anteriores do viúvo, sentadas ao redor de uma mesa.

05 – Qual é o desfecho surpreendente do miniconto e o que ele sugere?

      O desfecho surpreendente é que as três esposas anteriores estavam esperando a nova esposa para "completar o jogo de buraco". Isso sugere um destino macabro e recorrente para as esposas do viúvo, indicando que elas não morreram de causas naturais, mas possivelmente foram vítimas de um padrão sombrio que a nova esposa agora também enfrentaria

domingo, 27 de julho de 2025

MINICONTO: O FIM DA MALDIÇÃO - EMANUEL R. MARQUES - COM GABARITO

 Miniconto: O FIM DA MALDIÇÃO

           Emanuel R. Marques

        Em todas as primeiras quintas-feiras de cada mês, algo de misterioso ou macabro acontecia naquela rua. Era uma maldição vinda de tempos imemoráveis e as especulações e inúmeras lendas eram a única fonte de explicação para tal. Por vezes eram os ataques de vampiros, outras, um qualquer lobisomem que se divertia em sanguinárias carnificinas, e havia ainda os possessos humanos que se lançavam aos devaneios da loucura. Os habitantes viviam constantemente atormentados com a chegada desse dia, e a cautela era a palavra de ordem quando ele se aproximava. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRtXPVm0mEEJpLJISK63VbHX1fRMrVdHJ2UZcOj4HB7DA2KJ2CpE60gIItLJoPEnctxj1268KabNZp4UyDm7pJopSvf_6R-FE2chaZlMBOF4fX9IkAVH2NsZqMV6RgU5CXCBmQA7cenp7DMsQ8Avi29BScDkKpsDwP5Yf_CgPOGuJiJ5Kw4jk3Dm1QjKg/s320/184_questoesartisticas.jpg


        No entanto, seis quintas-feiras passaram sem que algo de bizarro acontecesse. Teria a maldição terminado? Os alegres habitantes decidiram então dar uma grandiosa festa, para comemorar este fato. Escolheram a quinta-feira seguinte.

        Dançavam, cantavam, bebiam e celebravam tranquilamente. Subitamente, todos os monstros e criaturas demenciais surgiram, surpreendendo-os e dizimando todos os habitantes de uma só vez. Era o fim da maldição.

Emanuel R. Marques. Em: Ademir Pasale e Elenir Alves (Org.). TerrorZine – minicontos de terror n .16. Disponível em < http:// www.cranik.com/terrorzine.html. Acesso em: 21 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 145.

Entendendo o conto:

01 – Qual era o evento misterioso que ocorria na rua e com que frequência ele acontecia?

      Algo de misterioso ou macabro acontecia na rua em todas as primeiras quintas-feiras de cada mês.

02 – Que tipo de criaturas ou eventos sobrenaturais eram atribuídos à maldição, de acordo com as lendas dos habitantes?

      As lendas atribuíam à maldição ataques de vampiros, aparições de lobisomens e humanos possessos que caíam em devaneios de loucura.

03 – O que levou os habitantes a acreditar que a maldição havia terminado e como eles decidiram celebrar?

      Os habitantes acreditaram que a maldição havia terminado porque seis quintas-feiras consecutivas se passaram sem que nada bizarro acontecesse. Para celebrar, eles decidiram dar uma grandiosa festa na quinta-feira seguinte.

04 – O que aconteceu durante a festa de celebração, surpreendendo os habitantes?

      Durante a festa, todos os monstros e criaturas demenciais surgiram subitamente, surpreendendo e dizimando todos os habitantes de uma só vez.

05 – Qual é o significado irônico do título "O FIM DA MALDIÇÃO" à luz dos eventos finais do conto?

      O título é irônico porque o "fim da maldição" não significou o fim do sofrimento ou do perigo para os habitantes. Em vez disso, a maldição culminou em um evento catastrófico que dizimou a todos, encerrando a maldição de uma forma trágica e definitiva, ou seja, não havia mais ninguém para ser amaldiçoado.

 

 

quarta-feira, 25 de junho de 2025

MINICONTO: A CERCA - FRAGMENTO - PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO

 Miniconto: A cerca – Fragmento

                 Patativa do Assaré

        Olhe, eu tinha minha cerca lá perto da minha casa na Serra de Santana. Começaram a roubar as varas da cerca para cozinhar em panela, viu? 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh2tnabL2aEeXgfkHYVQWi8bi33SKmMLVVwwt_mw9lKAybAdUxOXs00VymbQkSP6T9kQZmXarLpXl9LWTdA5mWHfH-Q0Y-EgZEXot-zIuzFQdllhilDR5P_1pRFIg9n71C9is6dxsC0rXpugQrz-uExd9PIprkShmipiTfDExogvz8A9pjSa9942n0jd0/s320/Cercas-De-Madeira.jpg


Ai eu perguntava e todo mundo dizia: não, eu não fui, eu não fui. E eu, sabendo que o matuto tem muito medo de praga, e achando que rogando praga pega, aí eu perdoei a todos quanto tivesse tirado até aquele dia e roguei praga a quem tirasse daquele dia em diante, botei num papel e botei lá na cerca. Aquele que sabia ler, era aquela roda, um lendo e aí melhorou, não buliram mais
não. [...].

ASSARÉ, Patativa do. Digo e não peço segredo. São Paulo: Escrituras, 2001. p. 67. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 197.

Entendendo o miniconto:

01 – Qual era o problema que o narrador enfrentava em relação à sua cerca?

      O narrador enfrentava o problema de roubo das varas de sua cerca, que eram utilizadas para cozinhar.

02 – Que estratégia o narrador utilizou para tentar impedir os roubos, sabendo do medo dos matutos?

      O narrador, ciente do medo dos matutos em relação a pragas, perdoou todos os ladrões até aquele dia e rogou uma praga a quem roubasse as varas a partir daquele momento. Ele registrou a praga em um papel e o fixou na cerca.

03 – Qual foi a reação das pessoas ao serem questionadas sobre os roubos?

      As pessoas, ao serem questionadas sobre os roubos, negavam a autoria, dizendo: "não, eu não fui, eu não fui".

04 – Como a estratégia do narrador se mostrou eficaz e por quê?

      A estratégia do narrador se mostrou eficaz porque os roubos cessaram depois que o papel com a praga foi colocado na cerca. A eficácia se deu porque, segundo o narrador, os matutos têm muito medo de praga, e a existência de alguém que sabia ler e transmitia a mensagem amplificava o impacto.

05 – O que esse miniconto revela sobre a cultura e as crenças populares retratadas por Patativa do Assaré?

      O miniconto revela a forte influência das crenças populares e do medo de pragas na cultura do matuto, como retratado por Patativa do Assaré. Mostra como o conhecimento dessas crenças pode ser usado de forma astuta para resolver problemas, mesmo sem a necessidade de intervenção legal ou confrontos diretos. É um exemplo da sabedoria prática e da forma como a oralidade e o imaginário popular se manifestam na vida cotidiana.

 

 

sábado, 26 de abril de 2025

MINICONTO: ATRÁS DO ESPESSO VÉU - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

 Miniconto: Atrás do espesso véu

                 Marina Colasanti 

      Disse adeus aos pais e, montada no camelo, partiu com a longa caravana na qual seguiam seus bens e as grandes arcas do dote. Atravessaram deserto, atravessaram montanhas. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVWgeU3RcbtguFz3jdCxfPT33cw0juaPvG6wwJdQJ9KPbmWRPOTpwcLylQ7whNuWPSbu8tDh_GjS1Akdotn9J5mF9sIx-_KvthZ1S0TSkWOzWdtxCGmd2PT8tfepBlqXRg5FDw67PB9xmKg0Oxj6xvJqf2oQNoQwPSMPdEMdg1-JIpfeUInqdpCMzsww8/s320/photo-1553913861-dc2ce76b856c.jpg


Chegando afinal à terra do futuro esposo, eis que ele saiu de casa e veio andando ao seu encontro. “Este é aquele com quem viverás para sempre”, disse o chefe da caravana à mulher. Então ela pegou a ponta do espesso véu que trazia enrolado na cabeça, e com ele cobriu o rosto, sem que nem se visse os olhos. Assim permaneceria dali em diante. Para que jamais, soubesse o que havia escolhido, aquele que a escolhera sem conhecê-la.

COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 47.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 140.

Entendendo o miniconto:

01 – Qual a situação inicial apresentada no miniconto e quem são os personagens envolvidos nessa partida?

      A situação inicial apresenta uma mulher que se despede dos pais e parte em uma longa caravana montada em um camelo. Junto com ela, seguem seus bens e o grande dote. Os personagens envolvidos nessa partida são a mulher, seus pais e o chefe da caravana.

02 – Qual o significado da chegada à "terra do futuro esposo" para a protagonista da história?

      A chegada à "terra do futuro esposo" marca o momento do encontro da protagonista com o homem com quem ela viverá para sempre, conforme a designação do chefe da caravana. É o ponto culminante da sua jornada e o início de sua nova vida matrimonial.

03 – Qual a ação da mulher ao ser apresentada ao futuro esposo e qual o simbolismo desse gesto?

      Ao ser apresentada ao futuro esposo, a mulher pega a ponta do espesso véu que trazia e cobre completamente o rosto, de modo que nem mesmo seus olhos ficam visíveis. Esse gesto simboliza uma renúncia à sua própria identidade e individualidade diante do casamento arranjado. O véu a oculta, impedindo que o esposo a conheça antes do matrimônio e, como se revela no final, evitando que ela própria saiba o que escolheu.

04 – Segundo a última frase do miniconto, qual o propósito de a mulher permanecer com o rosto coberto dali em diante?

      A mulher permanece com o rosto coberto para que jamais soubesse o que havia escolhido, aquele que a escolhera sem conhecê-la. Isso sugere uma crítica à falta de escolha e ao casamento arranjado, onde a individualidade e o conhecimento mútuo são suprimidos.

05 – Que reflexão o miniconto pode suscitar sobre temas como casamento arranjado, identidade feminina e conhecimento no contexto das relações?

      O miniconto suscita reflexões sobre a natureza do casamento arranjado e a passividade imposta à mulher, que é escolhida sem ser conhecida e, por sua vez, é impedida de conhecer sua escolha. O véu simboliza a ocultação da identidade feminina e a ausência de conhecimento mútuo como base para o relacionamento, levantando questões sobre liberdade de escolha e a construção de laços afetivos autênticos.

 

 

 

MINICONTO: DESPEDIDA - DALTON TREVISAN - COM GABARITO

 Miniconto: Despedida

                 Dalton Trevisan

        Meu pai leva-me à porta do famoso noturno para a cidade grande:

        -- Cuide-se, meu filho. É um mundo selvagem.

        Esse verbo clamante no teu ouvido. Por delicadeza, perdi a minha voz. Ó profetas ó sermões!

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfUU3UXroL9b6-8ab6ToptXB1sINcOzGW6Jr12jsfkM6WzhW_eHv8tDQILzFl_cXwgYUIJXFZiHZWz501dWO_2LN17XSkw6pitcVRcgElzlzEQDnrORDMUF17W023a1E6bY2qhZkiQAq_wQcvBfgbWqUIRf0UceMp1XuEjL1i_ROxOqgnZ-NhyphenhypheneB427Nc/s320/744cb8866d3fe82d24c4ef658fdbf303-gpMedium.jpg 


        -- Longe da família, será você contra todos.

        Homem não se beija nem abraça, nos apertamos duramente as mãos. Me instalo a uma das janelas, com a vidraça descida. Mais que me esforce, impossível erguê-la. Já não podemos falar. Esse pai dos pais ali na plataforma, mudo e solene. O trem não parte. Fumaça da estação? De repente ei-lo de olhos marejados.

        E, sem querer, também eu comovido. Diante de mim o feroz tirano da família? Ditador da verdade, dono da palavra final? Primeira vez, em tantos anos, vejo um senhor muito antigo. Pobre velhinho solitário. o trem não parte. Meu pai saca o relógio do colete, dois giros na corda. Pressuroso, digo que se vá. Doente, não apanhe friagem. E ele sem escutar.

        Olha de novo o relógio. Aceno que pode ir, não espere a partida. Quer ver a hora? Exibe o patacão na ponta da corrente dourada. Nosso último encontro, sei lá. E, ainda na despedida, o eterno equívoco entre nós. Maldita vidraça de silêncio a nos separar. Desta vez para sempre.

Dalton Trevisan. Quem tem medo de vampiro? São Paulo: Ática, 1998. p. 75-76.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 161.

Entendendo o miniconto:

01 – Qual o cenário e a situação inicial apresentada no miniconto?

      O cenário é a plataforma de uma estação de trem, onde o pai leva o filho para se despedir antes de sua partida para a cidade grande em um "famoso noturno". A situação inicial é o momento da despedida entre pai e filho.

02 – Quais conselhos o pai oferece ao filho antes da partida e como o narrador reage a essas palavras?

      O pai oferece dois conselhos ao filho: "Cuide-se, meu filho. É um mundo selvagem" e "Longe da família, será você contra todos". O narrador descreve o primeiro conselho como um "verbo clamante" que o silencia ("Por delicadeza, perdi a minha voz. Ó profetas ó sermões!").

03 – Como a relação entre pai e filho é retratada no momento da despedida, especialmente em relação à demonstração de afeto e à comunicação?

      A relação é retratada como formal e distante em termos de afeto físico ("Homem não se beija nem abraça, nos apertamos duramente as mãos"). A comunicação se torna progressivamente mais difícil devido à vidraça que não se abre, simbolizando uma barreira de silêncio entre eles.

04 – Que transformação na percepção do filho em relação ao pai ocorre durante a despedida e qual o motivo dessa mudança?

      Durante a despedida, o filho tem uma nova percepção do pai. Ele o vê pela primeira vez como um "senhor muito antigo", um "pobre velhinho solitário", em contraste com a imagem anterior de "feroz tirano da família" e "ditador da verdade". Essa mudança ocorre ao perceber a emoção do pai (olhos marejados) e sua aparente fragilidade e preocupação.

05 – Qual o significado da insistência do pai em mostrar o relógio e da menção ao "eterno equívoco" e à "maldita vidraça de silêncio"?

      A insistência do pai em mostrar o relógio pode simbolizar a preocupação com o tempo do filho na cidade grande ou talvez uma tentativa de compartilhar um último gesto significativo. O "eterno equívoco" e a "maldita vidraça de silêncio" representam a dificuldade de comunicação e a distância emocional que sempre existiu entre eles, culminando nessa despedida que o narrador pressente ser definitiva ("Desta vez para sempre"). A vidraça se torna uma metáfora da incomunicabilidade que os separou ao longo da vida e que persiste no derradeiro encontro.

 

 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

MINICONTO: O POMBO - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

 Miniconto: O pombo

                 Rubem Braga

        Vinícius de Moraes contava ter ouvido de uma sua tia-avó, senhora idosa muito boazinha, que um dia ela estava na sala de jantar, em sua casa do interior, quando um lindo pombo pousou na janela. A senhora foi se aproximando devagar e conseguiu pegar a ave. Viu então que em uma das patas havia um anel metálico onde estavam escritas umas coisas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVQ-y1Ff8jF0pfM6wj4IfzmushOziH2gOEbHPU3EFwwHBWJnrG_wyLWH2CTykX5o7QPybt0OYRJ5sU0rXb7XmiobIRcjMrexOYfdtrtIfVPv1J31MWXzTmZqBshcTox8HKkkVcN95cB9lEhOkm9i78dYCAl_gg6EyqQC6W0kvrZaU6bczX4x8yGql4_qE/s320/istockphoto-1405625971-612x612.jpg


        — Era um pombo-correio, titia.

        — Pois é. Era muito bonitinho e mansinho mesmo. Eu gosto muito de pombo.

        — E o que foi que a senhora fez?

        A senhora olhou Vinícius com ar de surpresa, como se a pergunta lhe parecesse pueril:

        — Comi, uai.

 BRAGA, Rubem. O Recado de Primavera. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1985. p. 76.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 7ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 1ª ed. 15ª reimpressão – São Paulo: Atual Editora, 2003. p. 21.

Entendendo o miniconto:

01 – Quem é o narrador da história dentro do miniconto?

      O narrador é Rubem Braga, que relata uma história contada por Vinícius de Moraes sobre uma tia-avó dele.

02 – Qual a principal característica da tia-avó de Vinícius de Moraes descrita no início do miniconto?

      Ela é descrita como uma senhora idosa muito boazinha.

03 – Que detalhe chamou a atenção da tia-avó no pombo que pousou em sua janela?

      Ela notou que o pombo possuía um anel metálico em uma de suas patas, com algumas coisas escritas nele.

04 – Qual a explicação de Vinícius de Moraes para o anel na pata do pombo?

      Vinícius explicou à tia que se tratava de um pombo-correio.

05 – Qual a reação inesperada da tia-avó ao ser questionada sobre o que fez com o pombo?

      Ela olhou para Vinícius com surpresa, como se a pergunta fosse infantil, e respondeu simplesmente que o comeu.

 

 

MINICONTO: O ADOLESCENTE POR ELE MESMO - TÂNIA ZAGURY - COM GABARITO

 Miniconto: O adolescente por ele mesmo

        Tânia Zagury

        Era uma vez dois irmãos. Um era otimista, o outro, pessimista. Certa vez, no Natal, ao abrirem seus presentes, os meninos encontraram o seguinte: o pessimista tinha ganhado uma bicicleta linda, de dez marchas, moderna e sofisticada. O otimista, ao abrir a linda caixa que recebera, deparou-se com um monte de fezes de cavalo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXiGoQDP18gerDeGjyE6Fk7xon_7kUwO8RazSGO8qE5NZLlhIRWPDgU7x9ofVOvBOrSu8gDCFwANNFbtwTePjkwqrdCQC7iMwEENiIRetWlv-cD5zr-X0FiOXW2VYVQs7e1GDtN4_rcVRaSPClsWkoJfg9EQaN6L-403Zoloiv-CFVZAvMaDa8M0ltOyQ/s320/ADOLESCENTE.jpg


        Disse então o pessimista:

        -- Viu? Ninguém gosta de mim. Agora, com certeza, mais cedo ou mais tarde, eu vou cair e quebrar a cabeça com essa bicicleta que corre tanto...

        Enquanto isso, o otimista já saíra correndo para a rua, disparado, gritando:

        -- Cadê meu cavalinho? Cadê meu cavalinho que ganhei no Natal?

Tânia Zagury. O adolescente por ele mesmo. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 93.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 7ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 1ª ed. 15ª reimpressão – São Paulo: Atual Editora, 2003. p. 27.

Entendendo o miniconto:

01 – Qual a principal característica de cada um dos irmãos apresentados no início do miniconto?

      Um dos irmãos era otimista, enquanto o outro era pessimista.

02 – Quais presentes cada um dos irmãos recebeu no Natal?

      O irmão pessimista ganhou uma bicicleta linda, moderna e sofisticada, enquanto o irmão otimista recebeu uma caixa contendo um monte de fezes de cavalo.

03 – Como o irmão pessimista reagiu ao receber a bicicleta de presente?

      Ele reclamou que ninguém gostava dele e expressou a certeza de que cairia e se machucaria com a bicicleta.

04 – Qual foi a reação imediata do irmão otimista ao se deparar com as fezes de cavalo em sua caixa de presente?

      Ele saiu correndo para a rua, animado, gritando e procurando pelo "cavalinho" que acreditava ter ganhado.

05 – Qual a principal lição ou contraste que o miniconto busca ilustrar através da reação dos dois irmãos aos seus presentes?

      O miniconto ilustra a diferença fundamental entre uma perspectiva pessimista, que foca nos aspectos negativos e nos possíveis problemas, e uma perspectiva otimista, que busca o lado positivo e as possibilidades, mesmo em situações aparentemente desfavoráveis.