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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

ENTREVISTA: UM ARTESÃO DAS PALAVRAS -(FRAGMENTO) - ROSANGELA GUERRA - COM GABARITO

 Entrevista: Um artesão das palavras – Fragmento

                  Rosangela Guerra

        Quando tinha dez anos de idade, o escritor Bartolomeu Campos de Queirós viu o mar pela primeira vez. Foi pura decepção para os olhos de quem, como ele, passava os dias em Papagaio, no interior de Minas, imaginando o mistério de águas azuis infinitas. “Longe do mar a gente inventa o oceano.” Não foi a toa que, muitos anos depois, ele escreveu esta frase, que está no seu livro Ah!, Mar... (Quinteto Editorial).

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbnN5Bz-vzyJqyYfXldel-TOUMhK7imM09C2npstNCjgoIbHVw7LGvDeYURtljt1mpAsrkWbMCA5BrBcF-JuALfobJUMcqRjByok73MSZVkotlLORj6WmwPDKxLISkC1W7sbIMvMGZF22SwpA1YgYFyeRwXSKt924ofp4ua1OnSvk4RpeZhlNnvBSki8o/s1600/O%20MAR.jpg


    Bartolomeu foi um menino silencioso, de olhar e ouvidos atentos. Morava na rua da Paciência, na casa do avô paterno. O velho Queirós passava os dias debruçado na janela ou escrevendo pequenas anotações nas paredes da casa, que eram o registro do cotidiano da família e da cidade. “As paredes pareciam bordadas de palavras”, relembra o escritor. As histórias que Bartolomeu conta de sua infância são sempre cheias de encantamentos. Ele se lembra dos doces de leite que a mãe fazia nos aniversários, cortados em losangos e tingidos de várias cores: “O doce era o mesmo, mas a gente saboreava a cor de cada um”. [...]

        [...]

        [...] Sua paixão pela palavra é tanta que dá para ficar horas conversando sobre palavras com Bartolomeu. Ele diz, por exemplo, que sombra é uma palavra deitada, e que pássaro só pode ser escrita com dois ss porque no encontro dessas duas consoantes é que está o movimento das asas. Nos últimos tempos, Bartolomeu anda pensando muito numa palavra que ouviu de um motorista de táxi: amortecedores. O mistério que ele tenta decifrar nessa palavra aparentemente sem graça é a quantidade de pequenas e belas palavras nela contidas, como amor, tecer, dor, cedo e morte.

        Há quem diga que Bartolomeu escreve livros difíceis para as crianças entenderem. Mas ele justifica com segurança: “Eu não faço diferença entre literatura infantil e adulta. Aprendi isso com a poeta mineira Henriqueta Lisboa. Ela dizia que não existe um sol para criança e outro para o adulto. A literatura deve ser igual à natureza. As crianças entendem o que escrevo dentro do nível delas. Escrevo para encantar crianças e acordar a infância dos adultos”.

Rosangela Guerra. Nova Escola, maio 1994. p. 58.

Entendendo a entrevista:

01 – Como Bartolomeu Campos de Queirós descreveu sua primeira experiência ao ver o mar aos dez anos de idade?

      Bartolomeu Campos de Queirós descreveu sua primeira experiência ao ver o mar como uma pura decepção para os olhos, pois ele imaginava o mistério de águas azuis infinitas enquanto vivia no interior de Minas.

02 – O que inspirou Bartolomeu a escrever a frase "Longe do mar a gente inventa o oceano."?

      A frase foi inspirada na experiência de Bartolomeu ao ver o mar pela primeira vez aos dez anos de idade, quando ele estava distante do mar e imaginava o oceano.

03 – Como era a infância de Bartolomeu Campos de Queirós, especialmente em relação à influência do avô paterno?

      Bartolomeu Campos de Queirós teve uma infância silenciosa, com um avô paterno que passava os dias debruçado na janela ou escrevendo anotações nas paredes da casa, registrando o cotidiano da família e da cidade.

04 – Qual é a analogia feita por Bartolomeu sobre a palavra "sombra" e a palavra "pássaro"?

      Bartolomeu afirma que "sombra" é uma palavra deitada, enquanto "pássaro" só pode ser escrita com dois "ss" porque o movimento das asas está no encontro dessas duas consoantes.

05 – De acordo com Bartolomeu Campos de Queirós, por que ele anda pensando muito na palavra "amortecedores" recentemente?

      Bartolomeu está intrigado com a palavra "amortecedores" devido à quantidade de pequenas e belas palavras contidas nela, como amor, tecer, dor, cedo e morte.

06 – Como Bartolomeu justifica a aparente dificuldade de seus livros para crianças?

      Bartolomeu justifica que não faz diferença entre literatura infantil e adulta, aprendendo com a poeta Henriqueta Lisboa, e acredita que as crianças entendem o que ele escreve dentro do nível delas, escrevendo para encantar crianças e despertar a infância dos adultos.

07 – Qual é a visão de Bartolomeu sobre a literatura infantil em comparação com a literatura adulta?

      Bartolomeu acredita que não há diferença entre literatura infantil e adulta, seguindo a perspectiva da poeta Henriqueta Lisboa, que afirmava que a literatura deve ser igual à natureza, e ele escreve para encantar crianças e despertar a infância dos adultos.

 

sábado, 3 de dezembro de 2022

ENTREVISTA - MARTIN SELIGMAN - REVISTA ÉPOCA - LETÍCIA SORG - COM GABARITO

 ENTREVISTA – MARTIN SELIGMAN

 Martin Seligman: “Todo mundo pode florescer”

O psicólogo americano, criador da psicologia positiva, diz que uma vida boa é mais do que manter um sorriso no rosto e está ao alcance de qualquer um.

Letícia Sorg

Entrevista publicada na Revista Época, disponível em: https://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI235122-15228,00.html

Um dos principais defensores da importância da felicidade, o psicólogo americano Martin Seligman está revendo seus conceitos. Em seu novo livro, Flourish (Florescer) , que será lançado no Brasil em outubro pela editora Objetiva, ele afirma que as emoções positivas estão supervalorizadas e que há pelo menos cinco caminhos para viver bem – ou florescer. Seligman explica sua nova teoria.

QUEM É
Nascido em 1942 em Albany, Nova York, Martin Seligman tem sete filhos e quatro netos

O QUE FEZ
Ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, é criador da psicologia positiva

O QUE PUBLICOU
Mais de 20 livros, entre eles Felicidade autêntica (2002) e Florescer (2011)

ÉPOCA – Flourish questiona o papel da felicidade que o senhor antes defendia. O senhor está renegando sua própria teoria?

Martin Seligman – Minha ciência sempre foi um trabalho em construção. Não estou renegando, apenas corrigindo e ampliando o que fiz antes. Renegar é uma palavra forte demais, já que fazer ciência é mudar de ideia.

 ÉPOCA – Qual é a principal mudança?

Seligman – Deixar de entender a felicidade, as emoções positivas, como o objetivo final comum, como o único fator no qual as pessoas baseiam suas escolhas. Em vez disso, há cinco objetivos: felicidade, relacionamentos, propósito, engajamento e realizações. Se você pensar num avião, não há um único número que diga como ele está. É preciso checar altitude, velocidade, nível de combustível, temperatura. De maneira semelhante, os humanos são muito complicados e não dependem de um único fator.

ÉPOCA – Não é o caso, então, de ampliar o que entendemos por felicidade?
Seligman – É preciso restringir o conceito de felicidade. Perseguir só a felicidade é enganoso. Não que eu seja contra a carinha sorridente perpetuada por Hollywood, mas as emoções positivas são só parte do que motiva as pessoas.

ÉPOCA – A personalidade é o fator mais importante para a felicidade. Como ela influencia nossa capacidade de florescer?
Seligman – Um de meus principais interesses é a resiliência, a capacidade de recuperação quando algo de ruim acontece. Descobrimos que a personalidade ajuda a prever quem, diante de um desafio, vai ficar deprimido ou crescer. Em geral, os otimistas são aqueles que superam as dificuldades. Não importam os fatores externos, mas quanto você considera que a dificuldade é temporária, e a realidade mutável.

ÉPOCA – Quem é pessimista também pode florescer?
Seligman – Você pode ser deprimido e florescer; ter câncer, ser esquizofrênico e florescer. Essas condições atrapalham, mas não anulam a possibilidade. Essa é a principal vantagem de olhar para os cinco fatores, em vez de só ver as emoções positivas. Há muitas maneiras de aumentar seu engajamento, de melhorar suas relações pessoais, de ter mais propósito e de se sentir realizado. É possível aumentar a duração e a intensidade da felicidade, mas apenas dentro dos limites biológicos de quem você é. Se só as emoções positivas importassem, o máximo que poderíamos melhorar é de 5% a 15%.

ÉPOCA – Se a felicidade não é assim tão importante, por que governos como o do Reino Unido estão começando a medi-la?
Seligman – Há quem diga que governos devem pensar em aumentar a felicidade das pessoas. Eu digo que é preciso aumentar os cinco elementos. Pense em Madre Teresa. Era solitária, mas teve uma vida cheia de sentido e floresceu ajudando os outros. Fazemos trocas, e é isso que os governos têm de fazer.

SORG,Letícia. ELIAS,Juliana. O mito da felicidade.Época.

Disponível em: http://revistaepocaglobo.com/Revista/Epoca/O.EM1235122-15228html Acesso em: 22 fev 2018.

 Leia mais: https://psicoterapiaepsicologia.webnode.com.br/products/entrevista-martin-seligman/

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 3 p.78 e 79.

Entendendo o texto

01. De que modo Martín Seligman justifica não estar “renegando” sua própria teoria?

O psicólogo alega tratar-se de uma correção e de uma ampliação de seu trabalho, já que sua ciência sempre foi um trabalho em construção o que, segundo ele, fazer ciência é mudar de ideia.

02. Explique a principal mudança apresentada no livro Flourish, segundo a entrevista.

A felicidade e as emoções deixam de ser consideradas o único fator no qual as pessoas baseiam suas escolhas, em vez disso, há cinco objetivos: felicidade, relacionamentos, propósito, engajamento e realizações.

03. Por que Martin Seligman afirma que essas mudanças não correspondem a uma ampliação do que entendemos por felicidade?

Segundo o psicólogo, o conceito de felicidade deve ser restrito, pois perseguir apenas a felicidade é enganoso.

04. Considerando as regras de concordância nominal, leia as orações inspiradas na reportagem e responda às perguntas que seguem.

I.             Buscamos sentimentos e emoções positivas.

a)A concordância do adjetivo “positivas” está adequada às regras da norma-padrão da língua portuguesa? Por quê?

Sim, o adjetivo na função de adjunto adnominal, localizado depois dos substantivos, pode concordar com o substantivo mas próximo.

b)Existe outra possibilidade de concordância para esse adjetivo? Explique.

Sim, nesse caso, o adjetivo também poderia concordar com todos os substantivos.

c)Como seria feita a concordância desse adjetivo se ele estivesse antes dos substantivos?

Antes dos substantivos, na função de adjunto adnominal, o adjetivo só pode concordar com o substantivo mais próximo.

II.           Os efeitos e as causas das dificuldades são temporários.

a)Por que a concordância do adjetivo “temporários” está no masculino plural?

Porque, nesse enunciado, desempenha papel de predicativo do sujeito e está depois dos substantivos assim, deve, obrigatoriamente, concordar com todos eles.

b)Haveria a possibilidade de o adjetivo concordar no singular?

No caso desse enunciado não.

 

sábado, 10 de setembro de 2022

ENTREVISTA: DAVID ROCK - COMPORTAMENTO HUMANO - (FRAGMENTO) - COM GABARITO

Entrevista: David Rock – Comportamento humano – Fragmento

        [...]

        Folha  Como melhorar, na prática, o raciocínio?

        David Rock – Você precisa, literalmente, prestar atenção ao modo como pensa: observar as diferentes qualidades do seu pensamento, em que momentos do dia ele funciona melhor e como ele é influenciado por fatores externos, identificando padrões.

        [...]

        Folha – Como formular a rotina de trabalho ideal, do ponto de vista do funcionamento cerebral?

        David Rock – Foque seu trabalho no período da manhã, sem nenhuma interrupção. Faça o trabalho criativo primeiro, tudo que for urgente e importante em segundo e, por último, o resto, como checar e-mails.

Ameaça e recompensa moldam atitude profissional, afirma neurocientista. Folha de S. Paulo, 3 maio 2015. Disponível em: http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/2015/05/1623690-ameaca-e-recompensa-moldam-atitude-profissional-afirma-neurocientista.shtml.  Acesso em: 25 nov. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 179.

Entendendo a entrevista:

01 – O gênero textual entrevista pressupõe a interação entre entrevistador e entrevistado. Como o uso de você contribui para fazer do leitor um interlocutor indireto?

      O termo você, embora generalize a ação ao mostrá-la válida para todos, parece instaurar uma conversa com o leitor, destinatário final da informação.

02 – Pode-se dizer que a formulação das perguntas levou o entrevistado a empregar esse recurso? Por quê?

      Não. A formulação da pergunta leva a generalizações; não pressupõe um direcionamento para o leitor.

03 – Reformule a primeira resposta do entrevistado, dando a ela características claras de generalização.

      Sugestões de resposta: “É preciso/é necessário/deve-se, literalmente, prestar atenção ao modo como se pensa: observar as diferentes qualidades do pensamento, [...] padrões”. 

domingo, 5 de junho de 2022

ENTREVISTA: ARQUEÓLOGA DESDE MENINA - CATHIA ABREU - CIÊNCIA HOJE DAS CRIANÇAS - COM GABARITO

 Entrevista: Arqueóloga desde menina

            Ainda criança, a pesquisadora Maria Beltrão resolveu o que seria no futuro: uma investigadora do passado!

        Maria da Conceição de Moraes Coutinho Beltrão nasceu em 1934, na cidade de Macaé, Rio de Janeiro. Imagine que, desde criança, ela já tinha ideia do que gostaria de fazer quando crescesse: se tornar uma investigadora do passado! Não é à toa, portanto, que os desenhos das preguiças gigantes, animais extintos há milhares de anos, eram os que mais lhe chamavam a atenção nos livros que lia na infância. A menina cresceu mantendo o interesse pelo antigo: tornou-se arqueóloga, uma cientista que estuda a cultura e os costumes de povos que viveram na Terra há milhares de anos. Seu trabalho consiste em encontrar e analisar ossos, objetos, pinturas, enfim, qualquer prova da existência desses povos do passado, que tenha sido preservada pela natureza.

        Para saber mais sobre essa profissão, acompanhe a conversa que a CHC teve com Maria Beltrão. Além de cientista, ela também é escritora e nos contou como nasceu o seu livro de arqueologia para crianças: O homem pré-histórico e o céu.

        Revista CHC – Quando e por que a senhora decidiu ser arqueóloga?

        Maria Beltrão – Eu tinha nove anos e gostava muito de ler. Com a autorização do meu pai, fui lendo vários livros de sua biblioteca. Mas, certo dia, ele me viu lendo um livro bastante adiantado para a minha idade. Delicadamente, disse-me que o livro não era apropriado e me indicou um outro de ciências naturais e acrescentou: “Maria, você gosta muito da natureza, vive observando tudo e cavoucando a terra. Tenho certeza que você vai gostar de ciências”. E ele tinha razão.

        Revista CHC – O que faz um arqueólogo?

        Maria Beltrão – Sempre fui muito curiosa e, desde pequena, queria saber como eram as coisas e as pessoas que viveram neste mundo antes de nós. Por isso, resolvi estudar arqueologia. Os arqueólogos participam de escavações, analisam objetos e pinturas antigas, procurando pistas sobre o que aconteceu por aqui no passado. Já descobri muita coisa legal! A maioria dos objetos que encontro vai para os museus. Outros são mais divertidos de ver lá mesmo nos locais onde ficaram durante todo esse tempo. Às vezes, parece que estou brincando de detetive. A cada momento aparece um sinal diferente e a nossa investigação fica mais emocionante.

        Revista CHC – Seu trabalho envolve trocas de conhecimentos com outras áreas? Por quê?

        Maria Beltrão – Sim. O arqueólogo trabalha escavando as várias camadas da terra, por isso, precisa ter conhecimentos de geologia, que estuda a Terra e suas transformações. Às vezes, ao escavar um terreno, encontro animais que se extinguiram há milhares de anos. Nestes casos, preciso ter conhecimentos de paleontologia – que estuda animais e fósseis extintos. Quando encontro esqueletos recentes, preciso ter conhecimentos sobre a antropologia biológica – ciência que analisa o homem de hoje. Se os esqueletos são muito antigos, vou precisar dos conhecimentos da paleontologia humana – que estuda a evolução do homem primitivo. Por isso, é muito importante fazer um trabalho interdisciplinar, com equipes de diversas áreas, para dar conta do trabalho.

        Revista CHC – Quando criança, a senhora pensou em ter outra profissão?

        Maria Beltrão – Nunca pensei. Desde que vi no livro do meu pai uma preguiça gigante, nunca mais deixei de me interessar pelo assunto. Curioso é que, nas minhas escavações pela Bahia, encontrei vários ossos de preguiça gigante. Se fosse escolher hoje uma nova profissão, eu escolheria a astronomia. Como as estrelas são muito antigas, eu poderia também vasculhar o passado e fazer descobertas. A astronomia tem uma maneira bonita de olhar para o passado: observando as estrelas.

        Revista CHC – A senhora também é escritora. Quantos livros já escreveu? Todos centrados na arqueologia?

        Maria Beltrão – Já escrevi nove livros sobre arqueologia e tenho dois livros infantis em preparação. Já publiquei também algumas poesias.

        Revista CHC – O homem pré-histórico e o céu é o seu primeiro livro para crianças? Como nasceu a ideia de escrever um livro de pano para esse público?

        Maria Beltrão – Sim. Eu quis fazer um livro que tivesse características antigas, por isso, escolhi o livro de pano. Os livros de pano e as colchas de retalhos são tradições passadas de mãe para filhos e combinam muito com a proposta arqueológica. É também um material que resiste mais ao tempo, além disso, ele pode ser lavado e compartilhado com a família e os amigos. Mas, infelizmente, a edição é muito cara. Acabei fazendo uma edição pequena (500 exemplares) e artesanal para ser distribuída. Tenho um projeto de republicá-lo em parceria com uma instituição ligada à astronomia.

        Revista CHC – A senhora pensa em escrever outros livros para crianças?

        Maria Beltrão – Sim, já tenho dois em andamento. Quero levar o conhecimento científico para as crianças, pois são elas que podem modificar o mundo. Elas serão os nossos cientistas no futuro.

        Revista CHC – O que a senhora diria para as crianças que pensam ser um dia arqueólogos?

        Maria Beltrão – O arqueólogo é um cientista e deve ser contestador por natureza. Portanto, não deve aceitar apenas as ideias dos outros. Ao contrário, o cientista deve procurar outros caminhos, ir adiante e além. Eu sempre procurei também desenvolver trabalhos que ultrapassassem os limites da universidade. É preciso popularizar a informação e aproximar o homem comum do conhecimento.

               Cathia Abreu. Arqueóloga desde menina. In: Ciência Hoje das Crianças. São Paulo: IBPC, 4 jan. 2005.

Fonte: Língua Portuguesa – Caminhar e transformar – Aos finais do ensino fundamental – 1ª edição – São Paulo – FTD, 2013. p. 164-7.

Entendendo a entrevista:

01 – Leia a entrevista com atenção e responda: De acordo com a entrevista, qual é o trabalho do arqueólogo?

      Realizar escavações, analisar objetos históricos e pinturas antigas e estudar o passado.

02 – Releia estes dois trechos do texto. Ambos tratam do mesmo assunto.

        “Eu quis fazer um livro que tivesse características antigas, por isso escolhi o livro de pano.”

        “[...] infelizmente, a edição é muito cara.”

Agora, responda: A ideia do segundo fragmento se caracteriza como uma consequência do primeiro?

      Não, uma ideia se opõe a outra. Mostrar que o desejo era fazer o livro e que esse desejo não se realiza devido ao alto custo envolvido em sua confecção.

03 – De acordo com a autora, os conhecimentos devem ser restritos ao ambiente universitário? Explique.

      Não, segundo ela, o conhecimento deve ser difundido, popularizado, para aproximar o homem comum do conhecimento.

04 –A que a autora compara o trabalho do arqueólogo? Essa comparação faz sentido?

      Ao trabalho de um detetive. Sim, pois ambos investigam, procuram por fatos e objetos.

05 – Responda.

a)   Identifique o entrevistador e o entrevistado do texto que você acabou de ler.

Entrevistador: Cathia Abreu, da revista Ciência Hoje das Crianças. Entrevistada: arqueóloga Maria Beltrão.

b)   Qual é o objetivo da entrevista?

Buscar informações sobre a profissão de arqueólogo.

c)   As informações do texto são reais ou foram inventadas?

Reais, pois trata de um texto informativo comprometido com a realidade das informações.

d)   Geralmente uma entrevista é feita oralmente e registrada num gravador. Depois, é feita a transcrição, isto é, alguém ouve a gravação e faz o registro escrito. Como a entrevista transcrita se organiza na página.

Organiza-se em duas colunas; o nome da revista aparece antes das perguntas e o nome da entrevistada também em negritos.

e)   Que informações aparecem no texto apresentado antes da entrevista? Qual é a finalidade desse texto?

Há uma apresentação com informações pessoais da entrevistada para despertar o interesse do leitor.

 

 

domingo, 1 de maio de 2022

ENTREVISTA: CHEGA DE MÁGICA - THAÍS OYAMA - COM GABARITO

 Entrevista: Chega de mágica

                  Thaís Oyama

  Menos mago e mais interessado em prestígio, Paulo Coelho diz que telepatia é “sacal” e se proclama de vanguarda

        Fama e fortuna Paulo Coelho já tem de sobra. Agora, quer respeito. O escritor de 32 milhões de livros vendidos no mundo, amado pelo público e espinafrado pela crítica, decidiu partir para um novo patamar; o que ele escreve não só vende como, afirma, tem qualidade, sim. “Estou absolutamente convencido de que o que faço é bom”, diz. Aos que chamam de tosco seu estilo, que ele prefere classificar de “direto”, replica: “Burro é quem não sabe explicar”. Nessa trajetória em busca do reconhecimento, o escritor parece ter sacrificado o mago, como ele próprio se classificava na fase esotérica. O novo Paulo Coelho não troca uma discussão acadêmica (até na própria Academia Brasileira de Letras, se o destino assim o permitir) por encontro algum com mestres enigmáticos e entidades de outros planos. Diz que não faz mais ventar, afirma ter preguiça de conversar com seus discípulos e declara preferir o fax à telepatia, agora definida como “um negócio sacal”. Mágica mesmo continua sua autoestima: na entrevista a seguir, Paulo Coelho alinha entre suas referências literárias vultos do porte de Henry Miller e Jorge Luís Borges.

        Veja – Seus livros têm falado cada vez menos de esoterismo. O senhor ainda se considera um mago?

        Coelho – A ideia do mago é muito mais uma questão de percepção do universo. É uma maneira de olhar o mundo além da realidade concreta. Mas eu tenho vários livros que não tocam em magia. Meus livros falam de questões filosóficas.

        Veja – Seria esse o ponto comum entre eles, na sua opinião?

        Coelho – O ponto em comum é uma coisa chamada estilo. Do meu primeiro livro até agora, eu tenho mantido um estilo que é absolutamente direto, enxuto. Vou cortando, cortando, até chegar à essência da coisa. No começo, isso foi mal interpretado. Achavam que era uma coisa superficial. Mas é essa característica que dá aos meus livros o seu aspecto único.

        Veja – Depois de tanto sucesso, as críticas ainda o incomodam?

        Coelho – Eu sou um autor muito polarizador: as pessoas me amam ou me odeiam. Estou acostumado. Mas a única crítica que me magoou não foi dirigida a mim. Foi quando disseram que meu leitor era burro. Eu não quero generalizar, mas existe um fascismo cultural no país.

        Veja – O senhor se sente perseguido pela crítica?

        Coelho – Acho que são perseguidos por ela todos os que não se enquadram num certo padrão, que é o de valorizar o que é incompreensível e inacessível. Só que, felizmente, isso só vale para a crítica, que se isolou da realidade. As pessoas que escrevem esse tipo de coisa ficam numa torre de marfim, sem saber o que se passa em torno delas. Acham que estão abafando, que está todo mundo escutando o que elas dizem. Só que não sabem que ninguém dá ouvidos a elas. De que adianta um livro que impressiona mas que não é lido? O que eu disse sobre James Joyce é verdade: ele é ilegível, ilegível.

        Veja – Mas livros como Ulisses e Finnegans Wake, de Joyce, são considerados marcos do modernismo, talvez dos mais geniais do século XX. O senhor acha que a sua obra irá sobreviver também?

        Coelho – O fato de uma obra sobreviver não quer dizer que ela seja lida. Eu tentei ler Ulisses, não consegui e achei que era burro. Só que eu não sou burro, Ulisses é que é ilegível. Mas as pessoas se acovardam muito para falar dessas coisas. Você tem sempre de passar a ideia de que entendeu tudo. E a culpa não é sua, a culpa é dos caras que escreveram. Eles têm a obrigação de ser claros. Burro é quem não sabe se explicar. Mesmo um livro como Sidarta, do Hermann Hesse, é uma coisa mal-acabada. O cara não soube acabar o livro, entendeu? Termina com aquela frase: “Tem que olhar o rio”. Que rio, pô? Acho que Hermann Hesse não sabia como terminar o livro e meteu essa história aí de rio.

        Veja – Hesse é um prêmio Nobel...

        Coelho – Sim, mas eu tenho o direito de dizer isso sobre ele, até porque foi um escritor que me marcou muito. O fato de Sidarta acabar mal não invalida o resto do livro.

        Veja – Houve uma época em que o senhor dizia que era capaz de promover magias como fazer ventar, por exemplo. Hoje se arrepende dessas declarações?

        Coelho – Não me arrependo, porque isso é verdade.

        Veja – O senhor pode fazer ventar agora?

        Coelho – Não, não faço mais. Isso é bobagem. Não preciso mais fazer demonstrações públicas.

        Veja – E magias em benefício próprio? O senhor dizia que costumava abrir o trânsito com a força do pensamento. Ainda faz isso?

        Coelho – Não, de jeito nenhum. Não vou gastar energia com isso. Já fiz, já passou.

        Veja – Não fica mais invisível, como dizia ficar?

        Coelho – Não, isso é inútil. Gasto minha energia em outras coisas agora.

        Veja – Então, o senhor abriu mão da magia?

        Coelho – Talvez desse tipo de magia. Acho que faz parte do aprendizado brincar um pouquinho. Depois, tem de falar sério. Descobri que essas coisas não são importantes. Esse negócio de fazer chover, por exemplo. Pô, o que que isso vai me ajudar? Além disso, já cheguei a dar três grandes demonstrações públicas do que eu sou capaz e acho que basta.

        Veja – Quais foram elas?

        Coelho – Uma foi para o jornal O Globo, em 1987. Eu disse que fazia ventar, a jornalista pediu para eu fazer e eu fiz (na reportagem mencionada, a jornalista não pede ao escritor que faça ventar. Relata ter ficado impressionada com o fato de uma forte ventania ter ocorrido logo após ela ter perguntado se ele era de fato um mago). A segunda foi para a Marília Gabriela, assim que o presidente Fernando Collor foi eleito. Ela me perguntou como seria o seu governo. Eu disse: daqui a dois anos ele se ferra (a apresentadora informou, por meio de sua assessoria, que o episódio não ocorreu em seu programa). A terceira foi quando o Jô Soares me perguntou se eu sabia o nome do namorado da Zélia (então ministra da Economia, que teve um romance com o colega Bernardo Cabral). Eu dei as iniciais (o apresentador disse que nunca perguntou a Paulo Coelho o nome do namorado da ex-ministra. Informado de que o próprio escritor havia relatado o episódio, disse que talvez não se lembrasse).

        Veja – É uma etapa ultrapassada, então?

        Coelho – Digamos que foi um período de brincadeira, e brincar é permitido a todo mundo, até porque a vida é muito lúdica. Eu não tiro o valor dessa época em que via essa coisa da magia até com um certo deslumbramento.

        [...]
        Veja – O senhor não se acha devidamente respeitado?

        Coelho – O respeito principal eu tenho, que é o respeito do meu leitor. E não tenho complexo. Eu sou um ótimo escritor. Um ótimo escritor. Eu sou vanguarda.

        Veja – Quais as características de sua obra que a fazem ser vanguarda, na sua opinião?

        Coelho – Primeiro o fato de ela ser rejeitada pelo sistema acadêmico. E depois o fato de o público gostar dela. Porque o público sempre pensa à frente.

        [...]

        Veja – O senhor tem uma boa autoestima, não?

        Coelho – Eu diria que sou uma pessoa absolutamente convencida do que faço e absolutamente convencida de que o que faço é bom.

         Veja – O dizia que, na qualidade de mago, tinha alguns discípulos no Brasil e fora dele. Ainda tem?

        Coelho – Infelizmente. Quer dizer, retiro o infelizmente. Tenho porque sou obrigado. Mas eu não tenho o menor saco. Tenho muita preguiça e muito pouca paciência.

        Veja – E o senhor ainda fala com J., empresário que mora na Holanda e a quem o escritor se refere como seu mestre em alguns de seus livros?

        Coelho – Falo eventualmente.

        Veja – O senhor dizia que costumava falar com ele inclusive por telepatia.

        Coelho – Não, não. Telepatia dá muito trabalho, um negócio sacal. É por telefone ou fax mesmo.

          COELHO, Paulo. Chega de mágica. In: Veja, Abril, São Paulo, p. 15, 22 ago. 2001. Entrevista concedida a Thaís Oyama.

Fonte: Livro – Língua Portuguesa – Heloísa Harue Takazaki – ensino médio – Coleção Vitória-Régia – Volume único – IBEP. 2004, p. 137-9.

Entendendo a entrevista:

01 – Pra você, em uma entrevista, o diálogo travado é totalmente espontâneo? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Na sua opinião, no cotidiano, as conversas são tão ordenadas como na entrevista reproduzida? Justifique.

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Qual é a impressão que você tem de Paulo Coelho ao ler essa entrevista? Comentem entre todos.

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Paulo Coelho é um escritor que, apesar de vender milhões de livros e ter uma vaga na Academia Brasileira de Letras, continua taxado pela crítica de escritor ruim e suas obras, superficiais. A entrevista parece conduzir-se na defesa do escritor que vende milhões de livros ou coloca em xeque as veleidades literárias dele?

      Coloca em xeque.

05 – Muitas obras de Paulo Coelho fazem menção a um suposto poder mágico que o escritor declarou possuir em entrevistas anteriores. A entrevista dá a entender que esse poder mágico é legítimo ou uma farsa?

      É uma farsa.

06 – Em geral, o tom da entrevista é favorável ao entrevistado ou não? Explique.

      Não é favorável. A entrevistadora questiona o tempo todo as afirmações de Paulo Coelho, atribui-lhe características negativas como presunção, vaidade excessiva, e faz questão de pedir “provas” de suas habilidades como mago.

 

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

ENTREVISTA: MARCOS CÉSAR PONTES, UM BRASILEIRO CONQUISTA O ESPAÇO - GUSTAVO KLEIN - COM GABARITO

 Entrevista: Marcos César Pontes, um brasileiro conquista o espaço

Por Gustavo Klein

        Ele realizou o sonho de infância de muita gente: o paulista Marcos César Pontes, 43 anos, tenente-coronel da Força Aérea Brasileira, é o primeiro astronauta brasileiro, trabalha na Nasa, participa do projeto da construção da Estação Espacial Internacional que envolve 16 países e, no ano que vem, irá pela primeira vez ao espaço, a bordo da espaçonave russa Soyuz. Na entrevista a seguir, realizada em 2005, antes de ir ao espaço, Pontes fala sobre sua trajetória, turismo espacial e até sobre procura de vida extraterrestre.

        Você não vem de uma família rica e mesmo assim se tornou o primeiro astronauta vindo de um país do Hemisfério Sul. Como conseguiu direcionar sua formação para esse objetivo? 

        É, minha família era realmente humilde. Meu pai era servente do Instituto Brasileiro do Café e minha mãe, escriturária da Rede Ferroviária Nacional. Eu não teria condições financeiras de pagar uma boa escola. O que eu fiz? Entrei para o Senai, que considero um serviço fantástico, e por meio dele consegui um trabalho como aprendiz de eletricista. Com esse salariozinho que ganhava, pagava um curso de técnico em eletrônica, à noite.

        E a vida de militar, surgiu como? 

        Em 1980, me inscrevi para os exames de seleção da Academia da Força Aérea (AFA). Não podia pagar o colégio e o curso preparatório e, para estudar, contei com a ajuda de muitos professores do colégio, que me emprestaram livros. Os exames foram difíceis, mas consegui passar em segundo lugar em todo o país. Entrei na AFA em 1981 e recebi meu brevê de piloto e a espada de oficial da Força Aérea em 1984. Aí, então, me tornei piloto de caça. Depois, em 1989, fui aprovado no processo seletivo do curso de Engenharia Aeronáutica do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e, em 1996, seguindo ainda a área acadêmica, me mudei com minha esposa e meu filho para Monterey, na Califórnia, para fazer Mestrado em Sistemas de Engenharia. Foi preciso muita persistência, mas eu não acho que tenha nada de extraordinário, sou uma pessoa como qualquer outra. Acho que essa é a grande lição que posso passar para os jovens: acreditar e investir em si mesmo, sonhando e traçando um objetivo para o futuro.

        Ser astronauta é um sonho de infância comum. É o seu caso? 

        Meu primeiro sonho era ser piloto da Força Aérea. Sou de Bauru e ia de bicicleta até um aeroporto próximo só pra ficar vendo os aviões decolando e pousando. Adorava também ver os aviões da Esquadrilha da Fumaça. E a motivação foi essa, de ser piloto.

        [...]

        E como você foi chamado para participar da seleção?

        Absolutamente por acaso. E não fui chamado: na época eu ainda estava fazendo aquele mestrado em Monterey, na Califórnia, e meu irmão me mandou, por e-mail, um recorte de jornal falando da seleção de astronautas aqui no Brasil. Todos aqueles sonhos inconscientes vieram à tona, confesso que já havia dado uma olhada na página da Nasa na Internet para saber se tinha os requisitos para ser um astronauta.

        E tinha? 

        Todos, menos um: ser americano. Quando esse requisito foi retirado, demorei uns trinta segundos para tomar a decisão (risos).

        Quantos candidatos participaram da seleção? 

        Foram 40 de todo o Brasil, dos quais sobraram cinco, que foram fazer a última seleção, uma entrevista lá na Nasa. Como disse no final da entrevista de seleção… “Imagine como está se sentindo aquele garoto aprendiz de eletricista só pelo fato de estar participando dessa seleção!”. O anúncio de minha escolha está entre os momentos de minha vida que sou capaz de descrever em todos os detalhes.

        Qualquer pessoa pode se candidatar a astronauta? 

        Existem requisitos ligados à parte acadêmica, por exemplo, é preciso ter formação acadêmica em Exatas ou Biológicas: Medicina, Veterinária, Biologia, Engenharia, Matemática, Física, Química…

        [...]

        Há um tempo máximo recomendado para permanência no espaço?

        Os astronautas da antiga estação espacial soviética MIR chegaram a ficar mais de seis meses, mas isso não é recomendável. Quem passa algum tempo no espaço volta, invariavelmente, sofrendo de uma descalcificação severa, algo muito próximo da osteoporose, da qual se recupera a longo prazo. O problema mais grave é o da radiação. Se nosso trabalho fosse controlado pelos padrões tradicionais, como por exemplo o do Ministério do Trabalho, depois de uma missão espacial, o astronauta teria que se aposentar.

        [...]

        O que é mais importante em uma missão espacial? 

        O espírito de equipe verdadeiro é fundamental. Afinal, sua vida está nas mãos de todos os sete membros, em momentos diversos. Quando você está lá fora da nave, preso ao braço mecânico, sua vida depende do responsável por operá-lo, por exemplo. Uma boa equipe tem que ter motivação, valores comuns, para formar uma identidade, cada membro da equipe tem que ser confiável. A comunicação entre os elementos do time é fundamental.

        E o que acontece se o cabo que lhe prende à nave se rompe ou solta? 

        A roupa que utilizamos tem, atrás, uma espécie de foguete a base de nitrogênio líquido. Se o cabo se rompe e o astronauta fica flutuando no espaço, ele precisa se virar na direção da nave e acionar esse foguete, que dará um empurrão na direção certa. Se a mira do cidadão estiver ruim e ele passar direto pela nave, ele deve aproveitar bem as oito horas que dura a bateria que sustenta a pressurização da roupa, para ter uma visão única do espaço sideral, porque não vai mais voltar.

        Quais são as perguntas mais comuns que lhe fazem? 

        Por incrível que pareça, todo mundo gosta de saber como é ir ao banheiro no espaço. E é realmente interessante, porque em uma situação de gravidade zero, você flutua, tudo flutua.

        Como fazer? 

        É simples: primeiro, ganchos fixam o astronauta ao vaso sanitário. Que, por não ter água, funciona por sucção. Há um buraco e é preciso acertar bem ali dentro, caso contrário suja o vaso e você mesmo tem que limpar.

        E como acertar o buraco? 

        Simples: há uma câmera dentro do vaso e uma tela na frente do astronauta, que controla tudo.

        E quando se está em missão fora da nave? 

        Ah, aí a coisa funciona da forma mais básica possível: fraldas. Aliás, a roupa utilizada pelos astronautas é bem complexa, tem até sistema de refrigeração por meio de água gelada, aquecedores elétricos, bote, luzes, comida desidratada, é pressurizada e custa a bagatela, cada uma, de US$ 20 milhões.

        [...]

        O senhor tem conhecimento de pesquisas da Nasa envolvendo extraterrestres? 

        Não sei. Se existem, não tenho conhecimento, mas tenho consciência de que respondendo assim eu dou margem a dúvidas como “ele está escondendo alguma coisa”. Não existe, na Nasa, nenhum treinamento específico sobre o que fazer no caso de toparmos com um extraterrestre no espaço. O que posso dizer é que, entre os pilares da Nasa, estão a exploração de novos mundos, descobrimentos científicos e a procura de vida extraterrestre. Está em um documento oficial da Nasa e, portanto, é um objetivo efetivo da agência.

        Isso pressupõe que a Nasa acredita que exista vida em outros planetas, não? 

        Claro. Acredita-se, realmente, que exista vida extraterrestre, até porque a possibilidade de que exista é muito maior do que a que não exista. Conhecemos uma parcela tão ínfima do universo! Mas isso não quer dizer que existam homenzinhos verdes, nos anima qualquer possibilidade de quaisquer formas de vida, mesmo as mais ínfimas, que existam ou que tenham existido, seja em Marte ou em qualquer outro lugar. Eu acredito, mas tenho conhecimento de fotos ou de coisas como Roswell ou a Área 51.

        Em um trabalho que exige tanta técnica e frieza, há espaço para a emoção? 

        Sempre há espaço para a emoção, e ela é importante inclusive para uma reação rápida diante de uma situação de emergência. Na hora em que algo dá errado, a primeira reação é a emocional, claro, mas os procedimentos estão tão gravados na nossa mente, como um circuito impresso, que é preciso frieza para fazer o que é preciso sem se deixar contaminar. Mas em um trabalho que dá a chance de ver a circunferência inteira do planeta e confirmar por conta própria que a Terra é azul, é impossível não ter emoções.

Fonte: http://www.velhosamigos.com.br/Reportart/reportart33.html. Acesso em: 23 jan. 2015.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 9º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª edição São Paulo 2015 p. 178-181.

Entendendo a entrevista:

01 – Que fato pode ter despertado o interesse do site para escolher o entrevistado?

      Provavelmente, o fato de Pontes ser um astronauta brasileiro reconhecido.

02 – Na primeira pergunta feita ao entrevistado, o jornalista enfatiza qual assunto?

      O assunto é o fato de Marcos ser de uma família humilde, mas ter se tornado o primeiro astronauta vindo do Hemisfério Sul.

03 – Que pressuposto é revelado pela primeira pergunta do jornalista?

      O de que apenas pessoas vindas de famílias ricas podem se tornar astronautas.

04 – O que há em comum tanto na primeira como na segunda resposta do entrevistado?

      Ambas revelam que o esforço e a dedicação de Marcos contribuíram muito para suas conquistas.

05 – Marcos Pontes informa que, entre as exigências da Nasa para selecionar um astronauta, ele só não tinha uma. Qual?

      A exigência de ser americano.

06 – Mesmo não sendo americano, Marcos tornou-se um astronauta da Nasa. Por que isso foi possível?

      Porque a agência resolveu deixar de lado o requisito de “ser americano” e realizou uma seleção de astronautas brasileiros.

07 – Quais são os requisitos acadêmicos exigidos pela Nasa aos candidatos a astronauta?

      É preciso ter formação acadêmica em Exatas ou Biológicas.

08 – O espírito de equipe é o que Marcos Pontes considera o fator mais importante em uma missão espacial.

a)   Por que ele tem essa opinião?

A opinião dele se explica porque é necessária a união da equipe, já que a vida de um depende da vida do outro.

b)   Segundo ele, como uma equipe cria uma identidade?

Essa identidade é criada a partir de motivação, valores comuns e confiança um no outro.

09 – Sobre vida extraterrestre, qual é o posicionamento da Nasa, de acordo com Marcos Pontes?

      A Nasa acredita que há a possibilidade de vida fora da Terra e tem a pesquisa do tema como um de seus objetivos.

10 – Em sua opinião, a trajetória de Marcos Pontes pode ser considerada inspiradora? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

11 – Entre as exigências da Nasa para os interessados em fazer parte de seu corpo de astronautas, está a de ser americano.

a)   Provavelmente, por que isso acontece?

A Nasa é uma agência americana. É importante discutir a visibilidade que as conquistas e descobertas da Nasa dá aos Estados Unidos.

b)   Em sua opinião, essa exigência é correta? Por quê?

Resposta pessoal do aluno.

12 – Que aspecto da entrevista você achou mais interessante? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.