Mostrando postagens com marcador GREGÓRIO DE MATOS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador GREGÓRIO DE MATOS. Mostrar todas as postagens

domingo, 13 de junho de 2021

POEMA: AO BRAÇO DO MESMO MENINO JESUS QUANDO APARECEU - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 POEMA: Ao Braço do Mesmo Menino Jesus Quando Apareceu


      Gregório de Matos

 

O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.

Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.

MATOS, Gregório de. Poemas Escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1990. p. 307.

WISNIK, José Miguel (Org.). Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, [s.d.]. p. 397.

Glossário:

assistir: estar presente.

dizer: informar, expor.

ENTENDENDO O POEMA

1.   Na primeira estrofe do poema, o eu lírico expressa uma verdade universal. Explique essa afirmativa.

Toda parte pertence a um todo, assim como o todo é constituído de partes. Qualquer parte que falte a um todo fará que esse todo perca sua natureza de totalidade.

2. Como o eu lírico exemplifica (particulariza) essa verdade?

   Pela religião, mostrando a ideia de um Deus indivisível, que, no entanto, está em todos os sacramentos.

3.O braço da imagem de Jesus, reencontrado depois de certo tempo, exemplifica a relação entre todo e parte. Explique.

O braço, sendo uma parte do todo, é também o todo. Logo, o braço de Jesus é também Jesus todo.

4. Você conhece a figura de linguagem que utiliza a relação entre parte/todo?

Resposta pessoal.

Sugestão: Trata-se da metonímia.

5.Sobre o poema de Gregório de Matos, há três alternativas coerentes com a poesia acima, assinale-as:

Escolha uma ou mais:


a. O eu lírico, na segunda estrofe, reflete sobre a temática religiosa, fazendo ver que Deus, ainda que fragmentado em muitas partes, está em todas as partes, o tempo todo.
b. Há figuras de linguagem que estão diretamente atreladas à estética literária cuja principal característica é a presença do sentimento bucólico, ou seja, sentimento relativo ao culto à natureza.
c. Os versos, construídos sob a ótica da estética barroca, mostram o quanto tal estética, em razão de sua natureza social e histórica, refletiu temáticas de natureza contrastante e paradoxal.
d. No primeiro e no segundo verso, se analisarmos as palavras “parte” e “todo”, podemos dizer que estamos diante de um jogo de palavras cujo objetivo é propor situações reflexivas.
e. Há demonstração, por meio da terceira e da quarta estrofe, que a temática central discutida no texto tem relação direta com a fase satírica presente na obra de Gregório de Matos.

 6. Por que Gregório de Matos dedica seu poema ao braço da estátua e não à figura inteira do menino Jesus?

Porque o autor , afirma que  :

"um todo jamais o seria sem sua parte."

Isto quer dizer que , o que deixa a estátua do menino Jesus bonita e única são "as partes que a compõem."

7. A qual figura de linguagem você associaria o poema? como você chegou a essa conclusão?

É  o PARADOXO, porque paradoxo é o "oposto " do que alguém pensa ser a verdade ou o contrário a uma opinião admitida.

8. No quarteto inicial no soneto, faz-se um complexo jogo com as palavras parte e todo.

a) coloque o primeiro verso em ordem direta e explique-o sucintamente.

"O todo sem a parte não é o todo "

Quer dizer que algo inteiro se tirar a parte deixa de ser todo .

b) no segundo verso , afirma-se que, sem o todo, isto é, isolada, a parte não é, de fato, uma parte, nesse caso, o que seria ela ?

Se o que compõem o TODO são as "partes juntas" ---> essa parte seria o próprio todo.

c)O que se pode concluir a partir da leitura dos dois últimos versos ?

Se a parte não pode ser chamada de parte, porque forma " um todo como parte, " ela passa a ser ---> também um todo.

 

 

 

sexta-feira, 14 de maio de 2021

SONETO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 SONETO – (Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia)


   Gregório de Matos

A cada canto um grande conselheiro,

Que nos quer governar cabana e vinha;

Não sabem governar sua cozinha,

E podem governar o mundo inteiro.

 

Em cada porta um frequente olheiro,

Que a vida do vizinho e da vizinha

Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,

Para a levar à praça e ao terreiro.

 

Muitos mulatos desavergonhados,

Trazidos sob os pés os homens nobres1,

Posta nas palmas toda a picardia,

 

Estupendas usuras nos mercados,

Todos os que não furtam muito pobres:

E eis aqui a cidade da Bahia.

 

WISNIK, José Miguel (Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Cultrix, 1989. p. 41.

1. Na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com esperteza os verdadeiros "homens nobres" [nota de José Miguel Wisnik].

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p.150-1. 

Glossário:

cabana e vinha: significa casa e trabalho; desfeita.

picardia: pirraça; desfeita.

usura: desejo exacerbado de poder e riqueza; cobiça.

FONTE: Mauricio Pierro/Arquivo da editora

Entendendo o texto

1.Há uma ironia na primeira estrofe. Que ironia é essa?

A ironia repousa no fato de o eu lírico falar na grande quantidade de conselheiros, querendo dizer que não se tratava de conselheiros, mas de fofoqueiros.

2.O que você consegue entender do segundo verso da última estrofe?

O eu lírico afirma que só quem furta consegue sair da condição de muito pobre.

3. Qual é a caracterização da Bahia feita pelo poeta Gregório de Matos?

A descrição feita por Gregório de Matos é satírica, tem o objetivo de criticar a cidade da Bahia, e seu enunciador se coloca como um conhecedor das pessoas e dos costumes do local.

 

 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

POEMA: A INCONSTÂNCIA DOS BENS DO MUNDO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 POEMA: A inconstância dos bens do mundo

Gregório de Matos


Nasce o sol, e não dura mais que um dia,

Depois da luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

 

Porém se acaba o Sol, por que nascia?

Se formosura a Luz e, por que não dura?

Como beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

 

Mas no Sol, e na Luz, falte firmeza,

Na formosura não se dê constância.

E na alegria sinta-se tristeza.

 

Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

Entendendo o poema

 1)   Faça uma análise do título do poema. O que ele antecipa?

A expressão “inconstância”: aquilo que não constante, não é perseverante, algo que oscila. Assim, a análise do título permite ao leitor supor que o poema versará sobre as coisas do mundo que não são permanentes.

 2)    Observe o par que permite relações opostas no poema: nasce/morre. Esse recurso estilístico, que se utiliza da oposição para construir e ampliar o sentido do texto, é chamado de antítese.

Retire outros exemplos de antítese que aparecem no poema.

Luz- escura; tristes sombras – formosura; tristezas – alegria.

 3)    Ao analisar a composição dos versos, reflita: o título confirma a temática do poema?

Que as coisas inconstantes do mundo estão    descritas no poema, como o dia e a noite, a beleza e a feiura, a tristeza e a alegria.

  4)    Que interpretação podemos fazer da primeira estrofe?

O poeta compara a ideia de luz e sol, contrapondo a ideia de escuridão e noite, há tristeza; formando-se assim um ciclo interminável. Quando nasce o sol logo após surge a noite. Quando há alegria, logo após virá a tristeza.

5)   Na segunda estrofe, Gregório faz uma série de pergunta, na quais, ficam sem respostas, por quê?

         Mesmo não tendo respostas ele faz questão de modo amplo, além disso, mostra-se bastante subjetivo.

 

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

POEMA: A CRISTO N.S. CRUCIFICADO, ESTANDO O POETA NA ÚLTIMA HORA DE SUA VIDA - GREGÓRIO DE MATTOS E GUERRA - COM GABARITO


Poema: A CRISTO N. S. CRUCIFICADO, estando o poeta na última hora de sua vida
          
     Gregório de Mattos e Guerra

Meu Deus, que estais pendente de um madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer,
Animoso, constante, firme e inteiro:

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer;
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai, manso Cordeiro.

Mui grande é o vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor que é infinito.

Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.

                    Gregório de Mattos. “A Cristo Senhor Nosso...”. In: AMADO, James. Obras completas de Gregório de Mattos. Bahia, Janaína, 1969. v. l, p. 47.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 148-9.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
  • Madeiro: Cruz.
  • Protesto: Prometo.
  • Animoso: Amoroso.
  • Inteiro: Resoluto, decidido.
02 – Por que o poeta se mostra confiante em obter o perdão divino? Em que estrofe ele justifica a sua confiança?
      Porque o amor divino é infinito.

03 – Que diferença o poeta mostra entre o pecado humano e o amor divino?
      O pecado humano é finito e o amor divino é infinito.

04 – A antítese é uma das figuras predominantes no estilo Barroco, revelando os conflitos. Copie as antíteses que se encontram no poema.
      “Em cuja lei protesto de viver / Em cuja santa lei hei de morrer”; “porém pode ter fim todo o pecar, /e não o vosso amor, que é infinito.”

05 – Há duas entidades no poema: a divina (Cristo) e a humana (o poeta). Quais são as doutrinas que se associam a esta oposição, uma medieval e a outra renascentista?
      O teocentrismo e o antropocentrismo.



sábado, 4 de maio de 2019

POEMA: AOS VÍCIOS - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

Poema: Aos vícios
       
Fonte de imagem -  https://www.blogger.com/blog/post/edit/7220443075447643666/4904817813717004629#
    Gregório de Matos

Eu sou aquele que os passados anos
Cantei na minha lira maldizente
Torpezas do Brasil, vícios e enganos.
E bem que os descantei bastantemente,


Canto segunda vez na mesma lira
O mesmo assunto em pletro diferente.

Já sinto que me inflama e que me inspira
Talía, que anjo é da minha guarda
Des que Apolo mandou que me assistira.

Arda Baiona, e todo o mundo arda,
Que a quem de profissão falta à verdade
Nunca a dominga das verdades tarda.

Nenhum tempo excetua a cristandade
Ao pobre pegureiro do Parnaso
Para falar em sua liberdade

A narração há de igualar ao caso,
E se talvez ao caso não iguala,
Não tenho por poeta o que é Pégaso.

De que pode servir calar quem cala?
Nunca se há de falar o que se sente?!
Sempre se há de sentir o que se fala.

Qual homem pode haver tão paciente,
Que, vendo o triste estado da Bahia,
Não chore, não suspire e não lamente?

Isto faz a discreta fantasia:
Discorre em um e outro desconcerto,
Condena o roubo, increpa a hipocrisia.

O néscio, o ignorante, o inexperto,
Que não eleje o bom, nem mau reprova,
Por tudo passa deslumbrado e incerto.

E quando vê talvez na doce treva
Louvado o bem, e o mal vituperado,
A tudo faz focinho, e nada aprova.

Diz logo prudentaço e repousado:
- Fulano é um satírico, é um louco,
De língua má, de coração danado.

Néscio, se disso entendes nada ou pouco,
Como mofas com riso e algazarras
Musas, que estimo ter, quando as invoco?

Se souberas falar, também falaras,
Também satirizaras, se souberas,
E se foras poeta, poetizaras.

A ignorância dos homens destas eras
Sisudos faz ser uns, outros prudentes,
Que a mudez canoniza bestas feras.

Há bons, por não poder ser insolentes,
Outros há comedidos de medrosos,
Não mordem outros não - por não ter dentes.

Quantos há que os telhados têm vidrosos,
e deixam de atirar sua pedrada,
De sua mesma telha receosos?

Uma só natureza nos foi dada;
Não criou Deus os naturais diversos;
Um só Adão criou, e esse de nada.

Todos somos ruins, todos perversos,
Só os distingue o vício e a virtude,
De que uns são comensais, outros adversos.

Quem maior a tiver, do que eu ter pude,
Esse só me censure, esse me note,
Calem-se os mais, chitom, e haja saúde.

                                     Gregório de Matos. Op. cit. vol. II, pág. 468.
Entendendo o poema:
01 – De o significado das palavras abaixo:
·        Canonizar: considerar santo, incluir no rol dos santos.
·        Quem maior a tiver: quem tiver virtude maior.
·        Chitom: silêncio!

02 – Releia a terceira estrofe. Como o poeta justifica as suas críticas?
      Segundo ele, a lamentável situação da Bahia prova que suas críticas são justas.

03 – Quantas estrofes e quantos versos possui o poema?
      Possui 20 estrofes e 60 versos.

04 – Segundo ele, por diversos motivos as pessoas deixam de exercer o direito de criticar. Mencione alguns desses motivos.
      A incapacidade. A ignorância. A Falsidade e o Temor.

05 – Releia as três últimas estrofes. Podemos ver nelas o pessimismo contra reformista do homem barroco? Por quê?
      Sim. Porque, segundo o autor, a natureza humana é essencialmente má.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

POEMA: PEQUEI, SENHOR... GREGÓRIO DE MATOS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: PEQUEI, SENHOR....
                
           Gregório de Matos

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
de vossa alta clemência me despido;
porque quanto mais tenho delinquido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido,
vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma orelha perdida e já cobrada,
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha a vossa glória.

 Gregório de Mattos. Do livro: "Livro dos Sonetos", LP&M Editores, 1996, RS
 
Entendendo o poema:
01 – Na primeira estrofe, o eu lírico declara que:
a)   Não se considera um pecador, por isso acha justo esperar o perdão de Deus.
b)   Não espera o perdão divino por ser um grande pecador.
c)   Está empenhado em receber o perdão divino, pois acha que faz jus a ele.
d)   Espera a piedade divina, pois, embora seja um grande pecador, sabe que Deus se empenha em salvá-lo.
e)   Deve receber o perdão divino porque pecou bastante, já que Deus se empenha apenas em perdoar os grandes pecadores.

02 – Na segunda estrofe, o eu lírico:
a)   Reconhece que tem sofrido com os pecados que cometeu.
b)   Declara que a ira de Deus se abranda ao saber dos pecados dos homens.
c)   Afirma que o arrependimento do pecador abranda a ira de Deus.
d)   Declara não ter certeza de que Deus está irado com ele.
e)   Mostra-se surpreso com o fato de um pecado causar tanta ira em Deus.

03 – Portanto, nas duas primeiras estrofes, o eu lírico:
a)   Não manifesta esperança na salvação.
b)   Sabe que Deus não o considera um pecador.
c)   Já se considera salvo por não ser um pecador.
d)   Confia em que Deus tem interesse em salvar um pecador.
e)   Reconhece que, por ter pecado bastante, a salvação é impossível.

04 – Nos tercetos, o eu lírico compara seu caso pessoal com um episódio narrado na Bíblia. Essa comparação:
a)   Dá ao eu lírico a certeza de que nunca será perdoado por Deus.
b)   Deixa o eu lírico esperançoso sobre o perdão de Deus.
c)   Faz o eu lírico perceber que perdeu a glória de Deus.
d)   Mostra ao eu lírico que o homem não pode conhecer os desígnios de Deus.
e)   Dá ao eu lírico a certeza de que nunca foi considerado pecador por Deus.

05 – Alguns críticos veem nesse poema uma atitude chantagista porque o eu lírico, na verdade, em vez de implorar o perdão divino, “cobra” esse perdão por meio de um raciocínio apoiado numa passagem da Bíblia. Nesse caso, Deus não teria como escapar: ou perdoa ou entra em contradição com o texto bíblico. Você acha que essa interpretação se justifica? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Porque o raciocínio feito pelo eu lírico parece ter como consequência inevitável a sua salvação.


06 – Que justificativa utiliza o pecador para não desistir da piedade divina, embora tenha pecado tanto?
      O pecador diz que não desiste da piedade divina porque quanto mais ele peca mais Deus fica obrigado a perdoá-lo.

07 – Traduza em outras palavras o argumento apresentado nos versos 5 e 6.
      Um pecado é bastante para provocar a ira divina, mas, em compensação, a mínima demonstração de arrependimento, como um simples gemido, é mais que suficiente para acalmá-la.

08 – Que explicação paradoxal o sujeito lírico dá nos versos 7 e 8?
      Ele diz que a ofensa a Deus já é, por si mesma, um agrado para conseguir o perdão.

09 – O pecador exibe, nos tercetos, suas qualidades de advogado, procurando provar os argumentos paradoxais utilizados nos quartetos. Para isso, ele cita, em seu favor, as palavras do próprio Cristo, a quem procura convencer.
a)   Qual é a afirmação de Cristo utilizada por ele?
É a afirmação de que uma ovelha perdida (o pecador) dá grande glória ao pastor (a Deus) quando é recuperada.

b)   Qual é o argumento final do pecador?
Deus deve perdoá-lo, se não quiser ter prejuízo em sua glória.



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

SONETO: A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO - GREGÓRIO DE MATOS- COM GABARITO

SONETO: A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO  
                  Gregório de Matos

“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.”  
                                                              Gregório de Matos
Entendendo o poema:
01 – A ideia central do texto é:
a) a duração efêmera de todas as realidades do mundo;
b) a grandeza de Deus e a pequenez humana;
c) os contrastes da vida;
d) a falsidade das aparências;
e) a duração prolongada do sofrimento.

02 – A preocupação com a brevidade da vida induz o poeta barroco a assumir uma atitude que:
a) descrê da misericórdia divina e contesta os valores da religião;
b) desiste de lutar contra o tempo, menosprezando a mocidade e a beleza;
c) se deixa subjugar pelo desânimo e pela apatia dos céticos;
d) se revolta contra os insondáveis desígnios de Deus;
e) quer gozar ao máximo seus dias, enquanto a mocidade dura.

03 – Qual é o elemento barroco mais característico da 1ª estrofe?
a) estrutura bimembre
b) estrutura correlativa, disseminativa e recoletiva
c) disposição antitética da frase
d) concepção teocêntrica
e) cultismo

04 – No texto predominaram as imagens:
a) táteis
b) olfativas
c) auditivas
d) visuais
e) gustativas

05 – Com referência ao Barroco, todas as alternativas são corretas, exceto:
a) O homem centra suas preocupações em seu próprio ser, tendo em mira seu aprimoramento, com base na cultura greco-latina.
b) O Barroco apresenta, como característica marcante, o espírito de tensão, conflito entre tendências opostas: de um lado, o teocentrismo medieval e, de outro, o antropocentrismo renascentista.
c) O Barroco estabelece contradições entre espírito e carne, alma e corpo, morte e vida.
d) A arte barroca é vinculada à Contrarreforma.
e) O barroco caracteriza-se pela sintaxe obscura, uso de hipérbole e de metáforas.

06 – Podemos perceber no poema muitas figuras de linguagem. Encontre as antíteses e cite os versos:
      “Nasce o sol e não dura mais que um dia” – (vida/morte)
      “Depois da luz, se segue a noite escura” – (claro/escuro)
      “Em tristes sombras morre a formosura” – (feio/belo)
      “Em contínuas tristezas a alegria” – (tristeza/alegria)

07 – Como é formado o poema?    
      É formado por 2 quartetos e 2 tercetos, num total de 14 versos. Esta é a estrutura de um soneto.

08 – No poema percebemos que a linguagem barroca enfatiza o quê?   
      Tudo que é inconstante, que muda de aparência, que está em movimento. 

09 – Fazer a correspondência entre as colunas:
a) Epiteto.
b) Anáfora.
c) Antítese.
d) Zeugma.

(d) “Em contínuas tristezas a alegria”.
(c) “E na alegria sinta-se tristeza”.
(a) “... Noite escura...”.
(b) “Como a beleza... / Como o gosto...”.

10 – Qual é o elemento barroco mais característico da 1ª estrofe?
a) Disposição antitética da frase.
b) Cultismo.
c) Estrutura bimembre.
d) Concepção teocêntrica.
e) Estrutura correlativa, disseminativa e recoletiva.

11 – Sobre as características barrocas desse soneto, considere as afirmações abaixo:
I – Há nele um jogo simétrico de contrastes, expresso por pares antagônicos como dia/noite, luz/sombra, tristeza/alegria, etc., que compõem a figura da antítese.
II – Esse é um soneto oitocentista, que cumpre os padrões da forma fixa, quais sejam, rimas ricas, interpoladas nas quadras (“A-B-A-B”) e alternadas nos tercetos (“A-B-B-A”).
III – O tema do eterno combate entre elementos mundanos e forças sagradas é indicado, ali, por “ignorância do mundo” e “qualquer dos bens”, por um lado, e por “constância”, “alegria” e “firmeza”, de outro.

A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que:
a) Somente I está correta.
b) Somente II está correta.
c) Somente III está correta.
d) Somente I e II estão corretas.
e) Todas estão corretas.