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quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

APÓLOGO: OPOSTOS - CIÇA FITIPALDI - COM GABARITO

 APÓLOGO: OPOSTOS

                     Ciça Fitipaldi

        No meio de uma poesia, o ponto saltou na vírgula com intenção de namorar.

         Foi coisa bem passageira, dessas que ninguém liga, mas entre o ponto e a vírgula deu pano pra manga da briga.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT6eWrC9BSN2AUf8V_LLUDhbnx2QqAlpjSAyxTWmNxh-rOxNH4oLphEY4Aw9wISIyFpyzQkQEXO_L2FKLr1equ0QcoHlbnPFrCi_21Rjr1rLmlwOVV4bWYyemOWN2BwsSdrA9ujX8lAAYMTJ80VWRVo427_V2pLQ4RNO3TANglSxTYX7OLm1nsDhtoVnU/s1600/PONTO.png


         A vírgula, toda prosa, pro papo continuar. O ponto queria descanso, ficar de papo pro ar.

          A vírgula esticava uma frase, lero-lero, coisa e tal, lá vinha o ponto correndo e botava um ponto final.

          Foi indo, a vírgula ficou nervosa. Falou do direito e do avesso, falou do fim pro começo, berrou e perdeu o senso.

          O ponto? Nem ligava pra ausência de consenso. Ponto é silêncio no texto. Imagine se muda de jeito!

           A vírgula, na mesma hora, resolveu ir embora numa frase de efeito.

           O ponto ficou zangado, achou de botar defeito: - Podes ir, tagarela – falou com voz amarela. – Como és chata, criatura! Nem escritor te atura!

            A vírgula, atrevida, optou pela pirraça: toda hora requebra de graça em qualquer frase sem sentido. O ponto, quando ela passa, esquece de lado o passado, fica todo derretido.

            O poeta investiga as razões da eterna briga: os opostos se atraem, querem sempre se juntar. Não há força sem fraqueza; nem feiura sem beleza e a sorte depende do azar.

Entendendo o texto

01. Qual é o tema central do apólogo "Opostos" de Ciça Fitipaldi?

      a) A briga entre dois personagens literários.

      b) A relação entre ponto e vírgula.

      c) O embate entre a prosa e a poesia.

      d) A importância da pontuação na escrita.

02. Por que a vírgula resolveu ir embora na história?

      a) Porque estava entediada.

      b) Porque queria descansar.

      c) Por causa de uma briga com o ponto.

      d) Porque o poeta a expulsou.

03. O que o ponto representa no apólogo "Opostos"?

      a) Silêncio no texto.

      b) Ausência de consenso.

      c) Tagarelice.

      d) Frases sem sentido.

04. Qual é a conclusão do poeta sobre a eterna briga entre os opostos?

       a) Os opostos devem sempre se separar.

       b) Não há força sem fraqueza.

       c) A beleza depende da feiura.

       d) O azar é sempre mais forte que a sorte.

05. O que acontece quando a vírgula passa na frente do ponto, segundo o texto?

      a) O ponto fica irritado.

      b) O ponto esquece o passado.

      c) O ponto se derrete.

      d) Todas as opções anteriores.

 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

APÓLOGO: AS ÁRVORES E O MACHADO - ESOPO - COM GABARITO

 Apólogo: As árvores e o machado

              ESOPO

        Havia uma vez um machado que não tinha cabo. As árvores então resolveram que uma delas lhe daria a madeira para fazer um cabo. Um lenhador, encontrando o machado de cabo novo, começou a derrubar a mata. Uma árvore disse a outra:

        -- Nós mesmas é que temos culpa do que está acontecendo. Se não tivéssemos dado um cabo ao machado, estaríamos agora livres dele.

ESOPO. As árvores e o machado. In: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Contos tradicionais, fábulas, lendas e mitos. p. 105. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001614.pdf. Acesso em: 1° maio 2018.

Fonte: Língua Portuguesa – Ensino Fundamental anos finais – 7° ano – Caderno 4 – 1ª edição – 1ª impressão – ABDR – 2019 – São Paulo. p. 23-4.

Entendendo o apólogo:

01 – Esse texto pode ser considerado:

(  ) Uma fábula.

(  ) Uma parábola.

(X) Um apólogo.

02 – Justifique a resposta da questão anterior, apresentando elementos do texto relacionados aos do gênero que você apontou.

      A presença de personagens representados por seres inanimados (árvores) que ganham vida a fim de transmitir um ensinamento: precisamos avaliar as consequências de nossos atos para que eles sejam benéficos para os outros e para nós mesmos. A narrativa também ilustra um defeito e uma virtude humana: as árvores representam a virtude, pois ajudam o machado; o lenhador e o machado representam o defeito ao destruírem a mata.

03 – Observe a relação semântica entre aas orações coordenadas a seguir e una-as em um único período, empregando as conjunções coordenativas e ou mas.

a)   O lenhador precisava do machado. Ele não tinha cabo.

O lenhador precisava do machado, mas ele não tinha cabo.

b)   As árvores conversaram. Uma delas daria a madeira ao cabo do machado.

As árvores conversaram, e uma delas daria a madeira ao cabo do machado.

c)   As árvores ajudaram o machado. As árvores não pensaram nas consequências de seu ato.

As árvores ajudaram o machado, mas não pensaram nas consequências de seu ato.

d)   O lenhador derrubou a mata. O machado o ajudou.

O lenhador derrubou a mata, e o machado o ajudou.

e)   Devemos ajudar os outros. Não devemos nos prejudicar.

Devemos ajudar os outros, mas não devemos nos prejudicar.

 

 

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

APÓLOGO: A PANELA DE BARRO E A PANELA DE FERRO - LA FONTAINE - COM GABARITO

 APÓLOGO: A PANELA DE BARRO E A PANELA DE FERRO

                     La Fontaine         

          A panela de ferro propôs à panela de barro um passeio. Esta se desculpou, dizendo:

          - É melhor manter-me perto do fogo, porque sou muito frágil, tão frágil que, ao menor toque, me transformo em pedaços. Já você nunca terá esse destino, pois sua estrutura é mais dura do que a minha. Eu não sou resistente como você.

           A panela de ferro respondeu:

           - Vou protege-la de qualquer coisa dura que possa lhe ameaçar. Se, porventura, algo passar perto de você, eu ficarei entre os dois, e do golpe a salvarei.

           Diante dessas palavras, a panela de barro convenceu-se e aceitou a proposta de passear com sua companheira. Então, elas se colocaram lado a lado e começaram imediatamente a caminhada.

           A panela de barro andava como podia, tropeçando, mancando e titubeando de um lado para outro por causa de suas três pernas. Esbarrava o tempo todo na companheira, e via-se no perigo de espatifar-se a qualquer momento.

            Mal tinham andado cem passos, a panela de barro reduziu-se a mil cacos em um encontro mais forte na panela de ferro, e nem podia reclamar, pois ela era diferente de sua companheira.

 Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.28-9.

Entendendo o texto

 01.               Identifique, no texto, o que se pede:

a)   Tipo de narrador e foco narrativo.

Narrador-observador, foco narrativo em 3ª pessoa.

b)   Personagens principais.

A panela de barro e a panela de ferro.

c)   O espaço em que os fatos ocorrem.

Perto do fogão e a uma distância que caminharam. 

02.    É possível determinar quando os fatos narrados ocorreram? Por quê?

          Não, sabe-se apenas que as ações transcorreram em um tempo curto, mas não é possível determinar a época. 

      03.               Qual é o problema vivenciado pelas personagens?

A panela de ferro propõe a panela de barro que saiam para um passeio, mas a panela de barro considera-se frágil e acha melhor não aceitar o convite. No entanto, a panela de ferro a convence, prometendo protege-la, e juntas saem para a caminhada. No caminho, a panela de barro se transforma em mil cacos por esbarrar com mais força na panela de ferro. 

       04.               A moral desse apólogo foi propositalmente retirada. Releia o texto e conclua:

Qual é o ensinamento que essa história nos transmite?

O ensinamento dessa história é o respeito às próprias limitações e a aceitação delas; ainda que outros insistam que devemos rompê-las, sob pena de nos “quebramos em pedaços” como a panela. É preciso ficarmos atentos, pois nem sempre as pessoas conseguem cumprir o que prometem.

 

 

 

 

APÓLOGO: O CARVALHO E O CANIÇO - LA FONTAINE - COM GABARITO

 APÓLOGO: O CARVALHO E O CANIÇO

                     La Fontaine

          O carvalho, que é sólido e imponente, nunca se curva com o vento.

          Vendo que o caniço se inclinava todo quando o vento passava, o carvalho lhe disse:

          - Não se curve, fique firme, como eu faço.

          O caniço respondeu:

           - Você é forte, pode ficar firme. Eu, que sou fraco, não consigo.

           Veio então um furacão. O carvalho que enfrentou, foi arrancado com raízes e tudo. Já o caniço se dobrou todo, não opôs resistência ao vento e ficou em pé.

 Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.24-5.

 Entendendo o texto

01. Associe os personagens de acordo com as características apresentadas no apólogo.

A.  Carvalho      ( A ) Árvore de madeira muito dura, usada em construções.

B.  Caniço                 ( B ) Cana fina e comprida que pode ser usada para pescar.

02. Qual é o ensinamento transmitido pelo apólogo?

Contra as adversidades, a inteligência tem mais valor que o grande esforço.

03. Complete os períodos com orações coordenadas que estabeleçam as relações determinadas a seguir.

a)   O carvalho é sólido e não se curva com o vento. (relação de adição)

b)   Você é forte mas eu sou fraco. (relação de oposição)

c)   O carvalho enfrentou a ventana e foi arrancado com raiz e tudo. (relação de adição)

d)   Veio um furacão mas o caniço ficou em pé. (relação de oposição)

04. Identifique se as conjunções coordenativas ligam orações coordenadas ou dois termos de mesma função sintática.

a)   O carvalho é sólido e imponente.

A conjunção liga dois termos de mesma função sintática: os núcleos do predicado nominal.

b)   Carvalho é forte, e o caniço é fraco.

A conjunção liga duas orações.

c)   O carvalho e o caniço conversavam quando veio o furacão.

A conjunção liga dois termos de mesma função sintática: os núcleos do sujeito composto.

d)   O carvalho foi derrubado, e o caniço ficou em pé.

A conjunção liga duas orações.

 

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

A XÍCARA E O BULE: UM APÓLOGO - EDUARDO CÂNDIDO - COM GABARITO

 A XÍCARA E O BULE: UM APÓLOGO

                 Eduardo Cândido

 

Após o café da tarde, sobre a mesa da varanda, a Xícara disse para o velho Bule:

– Ah… eu sou a mais bela peça da copa!

A qual respondeu o Bule:

– Tu? Ora essa!

– Sim! Sou a mais bela peça, e a mais importante também! – retrucou a xícara indignada.

– É mesmo? – perguntou o Bule, com ironia.

– Podes rir bule velho! – disse a Xícara, fechando a cara.

– Ora, não me leve a mal. Tu sabes que eu gosto muito de ti – disse amigavelmente o Bule cheio de chá.

Mas dona Xícara, ignorando o senhor Bule, continuou a discorrer amorosamente sobre as suas qualidades admiráveis:

– Pois então. É a mim que os senhores levam à boca, todos os dias, e me cobrem de beijos enquanto bebem o chá. Sou feita de porcelana delicada, com belas florzinhas pintadas de dourado, que refletem a luz e brilham como num sonho. Não é qualquer um da casa que pode me tocar.

O Bule, muito sensato, tentou transmitir uma lição:

– Mas, minha amiga, o que realmente importa é o nosso destino. O que disseste sobre tuas florzinhas é somente vaidade, mas ir à boca dos senhores é o teu dever. E sou eu que fervo a água e preparo o chá no meu interior, o qual é servido por ti. Tal é o meu destino. Tu percebes que nós dois, juntos, temos um sentido na vida?

Dona Xícara riu-se, e disse com desprezo:

– Oh, sim! Então não sou diferente dos copos de vidro grosseiro que as crianças usam para beber? Escuta, filósofo, serei franca contigo: tu tens inveja…

– Inveja? – perguntou o Bule.

– Sim! – respondeu a Xícara – pois eu estou sempre cheirosa e doce, e tu tens cheiro de bule velho e borra de chá. Lavam-me cuidadosamente, e guardam-me no armário de vidro, junto com as louças finas e os cristais, para embelezar a casa; enquanto tu és lavado com palha de aço e te escondem dentro da pia, para que não te vejam. Sou estimada, e quanto mais velha eu me torno, mais valiosa fico. E tu? És velho, manchado, cheio de amassadinhos, e és feito de metal ordinário…

O Bule ia responder alguma coisa, porém desistiu. Como poderia argumentar com uma xícara vaidosa e cabeçuda?

Nesse momento o gato da casa, inesperadamente, pulou em cima da mesa da varanda tentando caçar um besouro. O gato foi tão rápido e desastrado que nem escutou os gritos do senhor Bule e da dona Xícara:

– Cuidado!

Mas era tarde demais, e os dois caíram no chão. O velho Bule, que tinha uma base pesada, caiu e rodou como um pião, ficando em pé quando parou. E a bela Xícara, pobrezinha, espatifou-se nas lajes da varanda.

Uma lágrima de chá deslizou suavemente pela fronte do senhor Bule, enquanto observava a pequena luz de vida que aos poucos desaparecia dos caquinhos de porcelana.

– Minha amiga – disse o Bule, entristecido – escarneceste dos meus amassadinhos. Pois são as marcas da experiência, dos muitos tombos que levei na vida…

E a Xícara, definhando, respondeu num fio de voz:

– Sem essa, convencido! Se não fosse eu, tu não terias a oportunidade de ficar aí, fazendo pose de sábio!…

 Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.14-17.

Entendendo o texto

01. O texto “A Xícara e o Bule: um apólogo” é um texto tipo narrativo. Aponte os elementos da narrativa presentes nele.

Como todo texto narrativo literário, esse apólogo tem um narrador, que é narrador-observador, com foco narrativo em 3ª pessoa; personagens: a Xícara e o bule (personagens principais), o gato e o besouro (personagens secundários); tempo: após o café da tarde; espaço: sobre a mesa da varanda; e enredo: discussão dos personagens sobre vaidade e humildade.

02. Esse texto é um apólogo. Quais as principais características desse gênero presentes no texto?

Os personagens principais, a xícara e o bule, que são objetos inanimados, ganham vida, a fim de transmitir um ensinamento: a vaidade destrói a inteligência.

03. Que comportamento humano é analisado e discutido no apólogo de Eduardo Cândido? Explique-o.

O comportamento analisado e discutido nesse apólogo é a vaidade. A Xícara considera-se a peça mais bela e a mais importante da copa.

04. Em um apólogo, os personagens representam traços positivos e negativos do caráter humano, ilustrando suas virtudes e seus vícios. De que forma essa característica do gênero é apresentada no texto?

De modo amigável e sensato, o Bule tenta fazer a Xícara perceber que cada um tem a sua importância e o seu dever, e que, juntos, eles têm um sentido na vida, mas, por conta de sua vaidade, a Xícara é incapaz de perceber isso.

05. Em uma narrativa, chamamos de desfecho a solução do conflito vivido pelos personagens. Comente o desfecho desse apólogo.

A vaidade da Xícara é mantida mesmo após o Bule ter explicado e ela que as marcas que carregava eram sinais de suas experiências, ao que ela atribui ser uma oportunidade de o Bule se fazer de sábio graças a ela.

 

terça-feira, 13 de novembro de 2018

APÓLOGO: O RELÓGIO E O TRAVESSEIRO - ULISSES TAVARES - COM GABARITO

APÓLOGO: O relógio e o travesseiro
                        
               Ulisses Tavares

     
   -- Trimmm! Trimm!
        Era o relógio saindo do seu monótono tic-tac tic-tac e fazendo o que gostava mais: despertar escandalosamente as pessoas.
        Só que no quarto, nessa manhã da qual falamos, havia apenas o travesseiro que, como bom travesseiro, bocejou, se espreguiçou e estrilou:
        -- Ei, já ouvi, dá um tempo!
        O relógio sorriu e disse:
        -- Então acorda e levanta, preguiçoso!
        O travesseiro deu de fronha, digo, de ombros, e pensou em explicar ao relógio que cada um tem seu temperamento, seu jeito de levar a vida, mas desistiu.
        Bocejou de novo, virou para o lado e logo adormeceu novamente.
        O relógio comentou, sabendo que falava sozinho:
        -- Tem gente que não se emenda mesmo! Ele vai ver amanhã cedo. Vou tocar ainda mais alto para que ele acorde, se levante e assuma as suas responsabilidades.
        O que o relógio não sabia – por isso o travesseiro desistiu de explicar – é que a maioria das pessoas ou é travesseiro ou é relógio.
        Ou passam a vida dormindo demais. E daí perdem a chance de viverem a vida pra valer.
        Ou então sempre de olho no tempo. E daí perdem o tempo acordadas e preocupadas.
        Poucas são capazes de viver a vida como se deve:
        Fazendo e curtindo tudo, mas repousando quando se deve, sem fazer nada.
        Ás vezes, fazer nada é tudo de bom que se pode fazer por si mesmo e pelo outro, como numa chamada pra brigar, por exemplo.
        Em outras vezes, fazer tudo às pressas e sem prazer é o mesmo que nunca fazer nada, como um idiota que constrói uma piscina e nunca tem tempo para dar um mergulho nela.

                 TAVARES, Ulisses. A maravilhosa sabedoria das coisas: apólogos de
            Ulisses Tavares. São Paulo: Cortez, 2010. p. 26-27.
Entendendo o texto:

01 – A situação apresentada se aproxima da que você havia imaginado ao observar o título do texto?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Como você entende essa história? Ela apresenta algum ensinamento? Em caso afirmativo, qual?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O relógio e o travesseiro têm estilos completamente diferentes de viver, cada um em um extremo. A história tenta mostrar que o ideal seria uma mistura desses dois estilos: não deixar a vida passar por estar dormindo, nem mesmo deixa-la passar por correr e preocupar-se demais.

03 – Se fossem pra você criar uma moral da história, qual seria?
      Resposta pessoal do aluno

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

UM APÓLOGO - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO


Um Apólogo
                Machado de Assis

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
       — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
       — Deixe-me, senhora.
       — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
       — Que cabeça, senhora?  A senhora não é alfinete, é agulha.  Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
       — Mas você é orgulhosa.
       — Decerto que sou.
       — Mas por quê?
       — É boa!  Porque coso.  Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
       — Você?  Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
       — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
       — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
       — Também os batedores vão adiante do imperador.
       — Você é imperador?
       — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser.  Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
        — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?  Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
       — Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?  Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: 
       — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. 
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
        — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
 
Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.
 DEPOIS DE LER O TEXTO, FAÇA O QUE SE PEDE.
1-O QUE É UM APÓLOGO? CONSULTE O DICIONÁRIO. DE ACORDO COM O SIGNIFICADO DADO À PALAVRA, VOCÊ CONHECE ALGUM OUTRO APÓLOGO? QUAL?
      É uma narrativa alegórica para ocultar uma verdade, em que falam animais ou seres inanimados. A segunda resposta é pessoal.

2- RELACIONE AS COLUNAS, USE O DICIONÁRIO, SE NECESSÁRIO.
A- SUBALTERNO    (E) CÃO PERNALTO E ESGUIO PRÓPRIO   PARA A  CAÇA DE LEBRES, É O MAIS RÁPIDO DOS CÃES;

B- OBSCURO             (D) COSTURO;

C- ÍNFIMO                  (H) AQUELES QUE ABREM CAMINHO;

D- COSER                  (I)DE QUALIDADE MÉDIA OU INFERIOR, VULGAR, COMUM

E- GALGO                  (C) MUITO PEQUENO,INFERIOR, VULGAR,O MAIS  BAIXO DE TODOS;

F- MELANCOLIA        (A) SUBORDINADO, INFERIOR, SECUNDÁRIO;

G- ALTIVA                  (G) ORGULHOSO, ARROGANTE, VAIDOSO;

H- BATEDORES        (F) ABATIMENTO, DESÂNIMO, TRISTEZA;

I- ORDINÁRIA            (B)SOMBRIO, POUCO CONHECIDO, INDECIFRÁVEL.

3- “ERA UMA VEZ” PODE SER SUBSTITUÍDA POR QUAL OUTRA EXPRESSÃO DE SEMELHANTE SIGNIFICADO? NORMALMENTE QUE TIPO DE NARRATIVA INICIA-SE COM ESSA EXPRESSÃO?
      Pode ser substituída por “Um dia.”. É um conto.

4- A EXPRESSÃO “AGULHA NÃO TEM CABEÇA” NA LINGUAGEM CONOTATIVA PODE SER ENTENDIDA COMO:
      Não tem juízo.

5- DE ACORDO COM O TEXTO, O QUE SIGNIFICA: “DAR FEIÇÃO AOS BABADOS”?
      É dar crédito as fofocas.

6- QUAL O TEMA DISCUTIDO NO TEXTO? ASSINALE A(S) ALTERNATIVA(S) CORRETA(S).
(X) O ORGULHO; (X) A VAIDADE; (  ) A HUMILDADE;  (   ) A MODÉSTIA; (  ) A BONDADE;  (  ) A SIMPLICIDADE; (X) EGOÍSMO; (X) PREPOTÊNCIA.

7-  DEPOIS DE RELER O TEXTO ATENTAMENTE, DIGA:
A-    QUE TIPO DE NARRADOR O TEXTO APRESENTA? ATENTE PARA POSSÍVEL MUDANÇA DE FOCO NARRATIVO. JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA.
Narrador-personagem. O mesmo tempo que narra o texto ele é o personagem.

B-    ESPAÇO TEMPORAL (QUANDO):
Durante o dia.

C-   PERSONAGENS:
A agulha, a linha e o alfinete.

D-   ESPAÇO FÍSICO (ONDE):
Na casa da baronesa.

E-    FOI UTILIZADO O DISCURSO DIRETO? COMPROVE:
Sim. “Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?”

8- DE ACORDO COM O TEXTO, QUEM ERA ORGULHOSA E POR QUE O ERA?
       Era a linha, porque ela é que estava no vestido da baronesa, que iria passear.

9- “SILENCIOSA E ALTIVA” SÃO QUALIDADES ATRIBUÍDAS A QUEM?
       A linha.

10- HÁ, NO TEXTO, USO DE VOCATIVO? COMPROVE SUA RESPOSTA COM UM TRECHO DO TEXTO, CASO SUA RESPOSTA SEJA POSITIVA.
      Sim. “Anda, aprende, tola. Cansaste em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí fica na caixinha de costura.”

11- RETIRE DO TEXTO, A ONOMATOPEIA UTILIZADA PELO AUTOR E DIGA O QUE ELA ESTÁ REPRESENTANDO.
      “Não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano”. Que o serviço de costura tinha terminado aquele dia.

12- IDENTIFIQUE:
A-  A PERSONAGEM QUE JULGA O TRABALHO IMPORTANTE, POIS É NELE QUE ESTÁ O SENTIDO DE SUA VIDA:
A agulha.

B-  A PERSONAGEM CUJO INTERESSE É O RESULTADO DO TRABALHO, OS ELOGIOS, FESTAS, O GLAMOUR:
É a linha.

C-  PERSONAGEM QUE SE AUTO AFIRMA INTELIGENTE:
O alfinete.

13- QUEM DE FATO É POSSUIDOR DO FAZER, QUE COMANDA O PROCESSO DE PRODUÇÃO:
      (    ) A AGULHA; (   ) A LINHA; (X) A COSTUREIRA.

14- AGULHA, LINHA, BARONESA, COSTUREIRA: ESTABELEÇA TRAÇOS COMUNS ÀS PERSONAGENS MENCIONADAS.
      Resposta pessoal do aluno.

15- QUANTO AO “PROFESSOR DE MELANCOLIA”, PODEMOS CONCLUIR QUE ELE:
(X) ESTAVA SEMPRE SE DANDO MAL;
(X) QUE ERA FREQUENTEMENTE PASSADO PARA TRÁS;  
(X) SENTIA-SE INJUSTIÇADO; 
(   ) RECEBIA O RECONHECIMENTO QUE JULGAVA MERECER; 
(   ) ERA FELIZ PORQUE TINHA SEU TRABALHO VALORIZADO.

16- LINHA E AGULHA ERAM SEMELHANTES PORQUE:
(   ) AMBAS ERAM HUMILDES;
(X) AMBAS ERAM ORGULHOSAS;
(   ) AMBAS ERAM TRABALHADORAS; 
(X) AMBAS ERAM VAIDOSAS.

17- O QUE VOCÊ ACHA QUE SIGNIFICA “SERVIR DE AGULHA PARA MUITA LINHA ORDINÁRIA”?
      Resposta pessoal do aluno.