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sexta-feira, 27 de maio de 2022

AUTOBIOGRAFIA: BARTOLOMEU C.QUEIROZ E CAROLINA M. DE JESUS - COM GABARITO

 Autobiografia: Bartolomeu C. Queiroz e Carolina M. de Jesus

Texto 1

     Bartolomeu C. Queiroz

        ... das saudade que não tenho

        Nasci com 57 anos. Meu pai me legou seus 34, vividos com duvidosos amores, desejos escondidos. Minha mãe me destinou ser 23, marcados com traições e perdas. Assim, somados, o que herdei foi a capacidade de associar amor ao sofrimento... Morava numa cidade pequena do interior de Minas, enfeitada de rezas, procissões, novenas e pecados. Cidade com sabor de laranja-serra-d’água, onde minha solidão já pressentida era tomada pelo vigário, professora, padrinho, beata, como exemplo de perfeição.

        [...]

Bartolomeu Campos Queiroz. In: Fanny Abramovich (Org.). O mito da infância feliz. São Paulo: Summus, 1983. p. 27.

Texto 2

        Carolina Maria de Jesus

        Carolina Maria de Jesus morava em uma favela e escreveu um livro de muito sucesso na década de 1960, Quarto de despejo.

       Carolina Maria de Jesus foi uma figura ímpar. Viveu sozinha, com três filhos – um de cada pai – em uma favela na cidade de São Paulo, desde 1947. Descendente de africanos, nasceu em 1914, em Sacramento, um vilarejo rural no Estado de Minas Gerais, e foi à escola apenas até o segundo ano primário. Trabalhou na roça com a mãe, desde muito cedo. Depois, ambas foram empregadas domésticas. Já em São Paulo, na favela do Canindé, como catadora de papel e mãe de três filhos, escrevia folhas e folhas de histórias reais e imaginadas. Um dia, um jovem jornalista teve acesso a estes escritos e conseguiu ajudá-la a publicar seu Quarto de despejo, em 1960. O sucesso foi imediato. Vendeu o equivalente, naquele ano, a Jorge Amado. Seu livro foi publicado em 13 línguas, em mais de 40 países.

        [...]

José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M. Lvine. Cinderela negra: A saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1994. p. 17.

Fonte: Língua Portuguesa – Caminhar e transformar – Aos finais do ensino fundamental – 1ª edição – São Paulo – FTD, 2013. p. 44-46.

Entendendo a autobiografia:

01 – Em qual dos textos:

a)   Autor e biografado são as mesmas pessoas?

Texto 1.

b)   O autor é diferente do biografado?

Texto 2.

02 Assinale com A as palavras que indicam que o autor é o biografado e com B as que indicam que o autor não é o biografado.

(B) Trabalhou.

(A) Meu.

(A) Nasci.

(B) Seu.

(B) Nasceu.

(A) Herdei.

03 – Releia o texto 1 e responda.

a)   De que período da vida o autor relata fatos?

Da infância.

b)   Como foi para ele esse período de sua vida? Selecione um trecho que comprove sua resposta.

Foi um tempo de infelicidade: “[...] o que herdei foi a capacidade de associar amor ao sofrimento...” / “[...] minha solidão já pressentida [...]”.

04 – Releia o texto 2 e numere as informações na ordem em que aparecem.

(6) Publicou o livro Quarto de despejo.

(2) Carolina de Jesus estudou até o segundo ano.

(4) Morava na favela do Canindé, catava papel e escrevia suas histórias.

(1) Nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em 1914.

(5) Um jovem jornalista teve acesso aos seus escritos.

(3) Trabalhou na roça e foi empregada doméstica.

 

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

AUTOBIOGRAFIA: LÁZARO RAMOS, A ILHA (FRAGMENTO) - NA MINHA PELE - COM GABARITO

 Autobiografia: LÁZARO RAMOS, A ILHA (Fragmento)

      [...]

        Minha história começa numa ilha com pouco mais de duzentos habitantes, na baía de Todos os Santos. Uma fração de Brasil praticamente secreta, ignorada pelas modernidades e pelos mapas: nem o (quase) infalível Google Maps consegue encontrá-la. É nessa terra minúscula, a Ilha do Paty, que estão minhas raízes. O lugar é um distrito de São Francisco do Conde — município a 72 quilômetros de Salvador, próximo a Santo Amaro e conhecido por sua atual importância na indústria do petróleo. Na ilha, as principais fontes de renda ainda são a pesca, o roçado e ser funcionário da prefeitura.

        No Paty, sapatos são muitas vezes acessórios dispensáveis. Para atravessar de um lado para o outro na maré de águas verdes, o transporte oficial é a canoa, apesar de já existirem um ou outro barco, cedidos pela prefeitura. Ponte? Nem pensar, dizem os moradores, em coro. Quando alguém está no “porto” e quer chegar até o Paty, só precisa gritar: “Tomaquê!”.

        Talvez você, minha companhia de viagem, não saiba o que quer dizer “tomaquê”. É uma redução, como “oxente”, que quer dizer “O que é isso, minha gente”. Ou “Ó paí, ó”, que é “Olhe pra isso, olhe”. Ou seja, é simplesmente “Me tome aqui, do outro lado da margem”. É muito mais gostoso gritar “Tomaquê!”.          

        Assim, algum voluntário pega sua canoa e cruza, a remo, um quilômetro nas águas verdes e calmas. Entre os dois pontos da travessia se gastam uns quarenta minutos. Essa carona carrega, na verdade, um misto de generosidade e curiosidade. Num lugar daquele tamanho, qualquer visita vira assunto, e é justamente o remador quem transporta a novidade.

        Até hoje procuro visitar a ilha todos os anos. Gosto de entender minha origem e receber um abraço afetuoso dos mais velhos. Vou também para encontrar um sentimento de inocência, uma felicidade descompromissada, que só sinto por lá.

        Graças à sua refinaria de petróleo, São Francisco do Conde é um dos municípios mais ricos do país. (....) Essa dinheirama, porém, não chega até o cotidiano de quem mora no Paty. Eles até conseguem ver vantagens na vida simples que levam: como não há violência, não há polícia na ilha, e as portas das casas estão sempre abertas para quem quiser entrar. O que faz falta mesmo é a água encanada. Para tudo: dar descarga nos banheiros, lavar pratos e roupas, tomar banho.

        Não faz muito tempo, luz também era luxo. Na minha infância, a energia elétrica vinha de um único gerador, usado exclusivamente à noite, quando os televisores eram ligados nas novelas. As janelas da casa de meu avô, que teve uma das primeiras TVs do Paty, ficavam sempre cheias de gente. Era o nosso cineminha.

        [...]

Lázaro Ramos. Na Minha Pele. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017. p.16-17.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 11-2.

Entendendo a autobiografia:

01 – O texto está organizado em parágrafos, marcados por uma entrada em branco na mudança de linha e um sinal de pontuação final. Releia o primeiro parágrafo.

a)   A qual localidade referem-se as passagens abaixo?

Referem-se à Ilha do Paty, onde o autor nasceu.

I – “[...] Ilha com pouco mais de duzentos habitantes, na Baía de Todos os Santos”.

II – “Uma fração de Brasil praticamente secreta, ignorada pelas modernidades e pelos mapas [...]”.

III – “[...] nem o (quase) infalível, Google Maps conseguiu encontrá-la.”

IV – “[...] terra minúscula [...]”.

b)   Que características do lugar são reforçadas pela caracterização feita pelo autor nas passagens acima?

A pequena dimensão da ilha e seu afastamento em relação às modernidades.

c)   Com base em seu conhecimento de mundo, explique o que vem a ser Google Maps. Por que ele seria quase infalível, segundo o autor?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O Google Maps é uma ferramenta digital que localiza lugares em mapas. A ferramenta seria “(quase) infalível” porque há, ao menos, um lugar que ela não localiza – a Ilha do Paty.

d)   O modo detalhado pelo qual o autor apresenta seu local de nascimento é importante para o leitor? Por quê?

Sim, porque o autor o descreve com detalhes e o leitor pode imaginar que ele nasceu num lugar bem pequeno e afastado de tudo.

02 – Identifique no texto mais algumas informações sobre o autor.

a)      Ele ainda mora na ilha? Justifique sua resposta com uma passagem do texto.

Não. Isso pode ser deduzido do trecho: “Até hoje procuro visitar a Ilha todos os anos”.

b)      No último parágrafo, o autor fala de um tempo passado. Que lembranças ele traz para o texto?

Ele fala do tempo em que não havia luz na ilha e se recorda das janelas da casa de seu avô, que funcionavam como cinema, porque dali as pessoas viam televisão.

c)       Com base nas informações do texto, como você imagina a infância do autor?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Foi uma criança livre, que viveu em uma ilha sem violência, em contato com a natureza. Tem boas lembranças do avô e dos hábitos da ilha, como andar descalço e aproveitar a generosidade dos habitantes.

d)      Que sentimentos ele parece ter em relação a ilha? Escolha elementos do texto para explicar sua resposta.

Aparenta ter sentimentos positivos, pois afirma, por exemplo, que gosta de visitar o lugar todos os anos e reencontrar os mais velhos. Isso o faz “encontrar um sentimento de inocência uma felicidade descompromissada”, que só sente em seu lugar de origem.

03 – O estilo de vida dos moradores da ilha é o mesmo da época em que o autor era criança? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Parece haver poucas mudanças, já que a vida dos habitantes permanece simples (a travessia de canoa, a inexistência de pontes, o hábito de manter as casas abertas, etc.). A principal mudança foi a chegada da luz elétrica.

04 – Nas frases a seguir, aparecem elementos linguísticos, como verbos, pronomes, que indicam ser o próprio autor quem relata sua história.

        “Minha história começa numa ilha.”

        “Até hoje procuro visitar a ilha todos os anos.”

a)   Em que pessoa verbal foi escrito o relato?

Na 1ª pessoa.

b)   Destaque do texto mais uma passagem que confirme o uso dessa pessoa verbal.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: “Gosto de entender minha origem e receber um abraço afetuoso dos mais velhos”; “Vou também para encontrar um sentimento de inocência, uma felicidade descompromissada, que só sinto por lá”.

c)   Indique as duas alternativas corretas. Esse tipo de relato:

(X) Produz um efeito de verdade, de que o autor conta o que de fato aconteceu na vida dele.

(  ) Tem efeito de dissimulação e incerteza, porque o autor admite estar inventando tudo.

(   ) Afasta autor e leitor, porque esse último desconfia do que lê, já que tudo parece invenção.

(   ) Constrói efeito de fantasia e ficção, porque nada do que se conta parece ter verdadeiramente acontecido.

(X) Aproxima autor e leitor, porque este último acredita na sinceridade do relato pessoal.

05 – Na seção Antes da leitura você e seus colegas pensaram em algumas hipóteses sobre o conteúdo do livro “Na Minha Pele”, depois de ler o texto suas ideias iniciais se confirmaram? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.     

06 – No texto aparecem algumas formas abreviadas, ou seja, reduzidas, de expressões, como oxente, que significa “O que é isso, minha gente”; e Ó paí, ó em vez de “Olhe pra isso, olhe”.

a)   As expressões abreviadas usadas pelos habitantes da ilha mostram um uso próprio da região. Em que situações essas expressões são empregadas por eles?

No dia-a-dia, nas conversas entre eles, no uso cotidiano.

b)   O autor diz que é “mais gostoso” usar a forma abreviada tomaquê do que a frase completa “me tome aqui, do outro lado da margem”.

Os falantes são os habitantes da ilha e essa é a forma usada por todos da região para pegar a canoa no dia-a-dia; é uma forma familiar, mais simples e mais direta, que identifica os moradores da ilha e todos de lá a reconhecem.

c)   Você provavelmente utiliza expressões como essas ou outras abreviações em seu dia-a-dia. Discorra sobre algumas situações em que você as utiliza.

Resposta pessoal do aluno.

07 – Releia a seguinte passagem do texto.

        “Graças à sua refinaria de petróleo, São Francisco do Conde é um dos municípios mais ricos do país. (....) Essa dinheirama, porém, não chega até o cotidiano de quem mora no Paty. [...]”.

a)   Em vez de usar a palavra dinheiro, o autor preferiu dizer dinheirama. O que significa a palavra empregada?

Muito dinheiro.

b)   O autor usa a palavra num contexto em que está criticando a distribuição do dinheiro arrecadado pelo município. Qual é a crítica que ele faz?

Ele diz que o munícipe é um dos mais ricos do país por causa da refinaria de petróleo, mas que o dinheiro não ajuda a melhorar o dia-a-dia da população.

c)   Pode-se dizer que o aumentativo empregado ajuda a construir a crítica? Por quê?

Sim, porque, ao usar o aumentativo, o autor quis mostrar que a quantidade de dinheiro é muito grande. Isso reforça a crítica: se é tanto dinheiro, por que os moradores não veem melhorias em seu dia-a-dia?

 

AUTOBIOGRAFIA: JOSÉ SARAMAGO(FRAGMENTO) - FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO - COM GABARITO

 Autobiografia: José Saramago (Fragmento)

              Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do Ribatejo, na margem direita do rio Almonda, a uns cem quilómetros a nordeste de Lisboa. Meus pais chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. José de Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário do Registo Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse acrescentado a alcunha por que a família de meu pai era conhecida na aldeia: Saramago. (Cabe esclarecer que saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres). Só aos sete anos, quando tive de apresentar na escola primária um documento de identificação, é que se veio a saber que o meu nome completo era José de Sousa Saramago… Não foi este, porém, o único problema de identidade com que fui fadado no berço. Embora tivesse vindo ao mundo no dia 16 de Novembro de 1922, os meus documentos oficiais referem que nasci dois dias depois, a 18: foi graças a esta pequena fraude que a família escapou ao pagamento da multa por falta de declaração do nascimento no prazo legal.

        [...]

        Fui bom aluno na escola primária: na segunda classe já escrevia sem erros de ortografia, e a terceira e quarta classes foram feitas em um só ano. Transitei depois para o liceu, onde permaneci dois anos, com notas excelentes no primeiro, bastante menos boas no segundo, mas estimado por colegas e professores, ao ponto de ser eleito (tinha então 12 anos…) tesoureiro da associação académica… Entretanto, meus pais haviam chegado à conclusão de que, por falta de meios, não poderiam continuar a manter-me no liceu. A única alternativa que se apresentava seria entrar para uma escola de ensino profissional, e assim se fez: durante cinco anos aprendi o ofício de serralheiro mecânico. O mais surpreendente era que o plano de estudos da escola, naquele tempo, embora obviamente orientado para formações profissionais técnicas, incluía, além do Francês, uma disciplina de Literatura. Como não tinha livros em casa (livros meus, comprados por mim, ainda que com dinheiro emprestado por um amigo, só os pude ter aos 19 anos), foram os livros escolares de Português, pelo seu carácter “antológico”, que me abriram as portas para a fruição literária: ainda hoje posso recitar poesias aprendidas naquela época distante. Terminado o curso, trabalhei durante cerca de dois anos como serralheiro mecânico numa oficina de reparação de automóveis. Também por essas alturas tinha começado a frequentar, nos períodos nocturnos de funcionamento, uma biblioteca pública de Lisboa. E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.

        [...]

José Saramago. Autobiografia de José Saramago. Fundação José Saramago. Disponível em: www.josesaramago.org/autobiografia-de-jose-saramago. Acesso em: 29 mar. 2018.

Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p. 36-7.

Entendendo a autobiografia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Alcunha: apelido, nome não oficial criado para identificar alguém com base em uma característica específica dessa pessoa.

·        Antológico: algo notável, exemplar, que merece ser lembrado; pertencente a uma antologia ou coletânea de textos.

·        Fadado: destinado (a algo).

·        Fruição: prazer.

·        Herbáceo: relativa ou semelhante a erva.

·        Liceu: estabelecimento em que antigamente era ministrado o Fundamental II e o Ensino Médio.

·        Tesoureiro: pessoa responsável pelo dinheiro e pelas finanças de uma empresa, instituição, etc.

02 – Você deve ter percebido que a grafia de certas palavras do texto é diferente da grafia delas no português do Brasil.

a)   Observe as palavras quilómetros e académica. Como são grafadas no Brasil? O que a diferença indica?

No Brasil, são grafadas quilômetro e acadêmica. Indica que a vogal com acento agudo, em Portugal, é aberta, e no Brasil, com acento circunflexo, é fechada.

b)   Em certas palavras, os portugueses usam consoantes que indicam uma particularidade da pronúncia deles, diferente da pronúncia brasileira. Encontre no texto a forma da palavra noturnos tal como é usada em Portugal.

Nocturnos.

c)   Em outros casos, os portugueses eliminam uma consoante, como na palavra registo. Qual é a forma usada no português do Brasil?

Registro.

03 – O tema principal do trecho lido é:

a)   O surgimento do gosto pela literatura.

b)   A pobreza dos camponeses portugueses.

c)   Os problemas de identidade do narrador.

d)   A dificuldade de estudar francês e literatura em uma escola de ensino profissional.

04 – Releia o trecho a seguir:

        “[...] Como não tinha livros em casa (livros meus, comprados por mim, ainda que com dinheiro emprestado por um amigo, só os pude ter aos 19 anos), foram os livros escolares de Português, pelo seu carácter “antológico”, que me abriram as portas para a fruição literária: ainda hoje posso recitar poesias aprendidas naquela época distante. [...]”.

·        Consulte o glossário e responda às questões.

a)   Por que o autor afirma que os livros escolares de Português têm caráter antológico?

Porque os livros escolares reúnem textos e esses textos são exemplares, são textos importantes e representativos.

b)   Por que, segundo o autor, a leitura desses livros abriu para ele as portas para a “fruição literária”?

Porque ele passou a gostar de Literatura. A leitura dos textos, nos livros escolares, fez com que descobrisse o prazer da literatura.

05 – O trecho em que o autor da autobiografia aparece em 1ª pessoa é:

·        “A única alternativa que se apresentava seria entrar para uma escola de ensino profissional [...]”.

·        “[Cabe esclarecer que Saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres]”.

·        “E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.”

·        “O mais surpreendente era que o plano de estudos da escola, naquele tempo, embora obviamente orientado para formações profissionais técnicas, incluía, além do Francês, uma disciplina de Literatura.”

06 – Releia o trecho a seguir e responda às questões.

        “Fui bom aluno na escola primária: na segunda classe já escrevia sem erros de ortografia, e a terceira e quarta classes foram feitas em um só ano. Transitei depois para o liceu, onde permaneci dois anos, com notas excelentes no primeiro, bastante menos boas no segundo, mas estimado por colegas e professores, ao ponto de ser eleito (tinha então 12 anos…) tesoureiro da associação académica… Entretanto, meus pais haviam chegado à conclusão de que, por falta de meios, não poderiam continuar a manter-me no liceu. [...]”.

a)   Predominam sequências de que tipo?

Narrativas.

b)   Qual marcador temporal introduz a passagem do narrador de uma fase escolar a outra?

Depois.

 

sábado, 6 de março de 2021

AUTOBIOGRAFIA - NASCE UMA MENINA - (FRAGMENTO) - LAMB, CHRISTINA YUSAFZAI, MALALA - COM GABARITO

 Autobiografia - Nasce uma menina – (fragmento)


No dia em que nasci, as pessoas da nossa aldeia tiveram pena de minha mãe e ninguém deu os parabéns ao meu pai. Vim ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse sinal auspicioso. Meu pai não tinha dinheiro para o hospital ou para uma parteira; então uma vizinha ajudou minha mãe. O primeiro bebê dos meus pais foi natimorto, mas eu vim ao mundo chorando e dando pontapés. Nasci uma menina num lugar onde os rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de costinhas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar.

Para a maioria dos pachtuns, o dia em que nasce uma menina é considerado sombrio. O primo de meu pai, Jehan Sher Khan Yousafzai, foi um dos poucos a nos visitar para celebrar meu nascimento e até mesmo nos deu uma boa soma em dinheiro. Levou uma grande árvore genealógica que remontava até meu trisavô e que mostrava apenas as linhas de descendência masculina. Meu pai, Ziauddin, é diferente da maior parte dos homens pachtuns. Pegou a árvore e riscou uma linha a partir de seu nome, no formato de um pirulito. Ao fim da linha escreveu “Malala”. O primo riu, atônito. Meu pai não se importou. Disse que olhou nos meus olhos assim que nasci e se apaixonou. Comentou com as pessoas: “Sei que há algo diferente nessa criança”. Também pediu aos amigos para jogar frutas secas, doces e moedas em meu berço, algo reservado somente aos meninos.

Meu nome foi escolhido em homenagem a Malalai de Maiwand, a maior heroína do Afeganistão. Os pachtuns são um povo orgulhoso, composto de muitas tribos, dividido entre o Paquistão e o Afeganistão. Vivemos como há séculos, seguido um cógido chamado Pachtunwali, que nos obriga a oferecer hospitalidade a todos e segundo o qual o valor mais importante é nang, a honra. A pior coisa que pode acontecer a um pachtum é a desonra. A vergonha é algo terrível para um homem pachtum. Temos um ditador: “Sem honra, o mundo não vale nada.” Lutamos e travamos tantas infindáveis disputas internas que nossa palavra para primo “tarbur” é a mesma que usamos para inimigo. Mas sempre nos unimos contra fortasteiros que tentam conquistar nossas terras. Todas as crianças pachtuns crescem ouvindo a história de como Malalai inspirou o Exército afegão a derrotar o brotânico na Segunda Guerra Anglo- Afegã em 1880.

Malalai era filha de um pastor de Maiwand, pequena cidade de planícies empoeiradas a oeste de Kandahar. Quando tinha dezessete anos, seu pai e seu noivo se juntaram às forças que lutavam para pôr fim à ocupação britânica. Malalai foi para o campo de batalha com outras mulheres da aldeia, para cuidar dos feridos e levar-lhes água. Então viu que os afegãos estavam perdendo a luta e, quando o porta bandeira caiu, ergueu no ar seu véu branco e marchou no campo, diante das tropas.

[...]

Malalai foi morta pelos britânicos, mas suas palavras e sua coragem inspiraram os homens a virar a batalha. Eles destruíram a brigada inteira, uma das piores derrotas do Exército britânico. Os afegãos construíram no centro de Cabul um monumento à vitória de Maiwand. [...] Muitas escolas de meninas no Afeganistão tem o nome dela. Mas meu avô, que era professor de teologia e imã da aldeia, não gostou que meu pai me desse esse nome. “É um nome triste”, disse. “Significa luto, sofrimento”. 

[...]

Meu pai contava a história de Malalai a toda pessoa que viesse à nossa casa. Eu a adorava como amava ouvir as músicas que ele cantava para mim e a maneira como meu nome flutuava ao vento quando alguém o chamava.”

LAMB, Christina YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala

Fonte: Livro - Tecendo Linguagens - Língua Portuguesa: 6º ano/Tania Amaral Oliveira, Lucy Aparecida Melo Araújo - 5.ed. - Barueri(SP): IBEP, 2018 - p.25/26/27.

GLOSSÁRIO

Auspicioso: que gera esperanças; prometedor; de bom agouro.

Forasteiro: aquele que é estranho à terra onde se encontra ou que é de fora.

Natimorto: refere-se ao feto viável que foi expulso morto do útero materno.

Pachtuns – também chamados pachtos ou pastós, são um grupo etnoliguístico formado principalmente por afegãos e paquistaneses que se caracteriza pela língua própria, pelo código de honra reliogioso pré-islâmico e pela prática do islamismo,

Parteira: mulher que auxilia quem está em trabalho de parto ou que acabou de parir, mesmo não sendo médica.

POR DENTRO DO TEXTO

1.   Releia os dois parágrafos do texto e indique a alternativa que melhor responde à pergunta:

Por que, no dia em que Malala nasceu, as pessoas tiveram pena de sua mãe e não deram parabéns a seu pai?

 

a)   Malala veio ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga e isso era considerado um sinal auspicioso.

b)   O pai de Malala não tinha dinheiro para o hospital ou para uma parteira, então uma vizinha ajudou sua mãe.

c)   O primeiro bebê de seus pais foi natimorto, mas ela veio ao mundo chorando e dando pontapés.

d)   Malala nasceu menina em um lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, mas as filhas são escondidas atrás de cortinas.

 2.   Leia o fragmento a seguir, retirado do texto.

             “O primo de meu pai, Jehan Sher Khan Yousafzai, foi um dos poucos a nos visitar para celebrar meu nascimento e até mesmo nos deu uma boa soma em dinheiro. Levou uma grande árvore genealógica que remontava até meu trisavô e que mostrava apenas as linhas de descendência masculina. Meu pai, Ziauddin, é diferente da maior parte dos homens pachtuns. Pegou a árvore e riscou uma linha a partir de seu nome, no formato de um pirulito.”

 Em sua opinião, qual foi a intenção do pai de Malala ao riscar na árvore genealógica uma linha a partir de seu nome no formato de pirulito?

Resposta pessoal.

3.   O nome  de Malala foi escolhido em homenagem a Malalai de Malwand, a maior heroína do Afeganistão. No terceiro parágrafo temos:

              Os pachtuns são um povo orgulhoso, composto de muitas tribos, dividido entre o Paquistão e o Afeganistão.[...]sempre nos unimos contra forasteiros que tentam conquistar nossas terras.”

 Agora, releia do quarto parágrafo ao final do texto e responda:

a)    Quem eram os forasteiros contra quem Malalai de Malwand lutou?

O exército britânico na Segunda Guerra Anglo-Afegã.

b)    Por que Malalai se tornou heroína?

Porque ao marchar no campo diante das tropas britânicas e ser morta, Malalai inspirou o exército afegão com suas palavras e sua coragem. Isso contribuiu para que ganhassem a batalha, destruindo a brigada inteira do exército britânico.

4.   Levante uma hipótese coerente: Ao chamar a filha de Malala, que características da heroína Malalai o pai esperava que ela tivesse? 

Resposta pessoal.

5. Releia o trecho a seguir.

“Vim ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse sinal auspicioso. Para a maioria dos pachtuns, o dia em que nasce uma menina é considerado sombrio.”

Com base no que você pôde compreender do decorrer da leitura, responda: 

a)   Para o pai de Malala, o nascimento da filha foi considerado um sinal auspicioso ou sombrio? 

Foi considerado um sinal auspicioso.

b)  Releia o segundo parágrafo e identifique uma atitude do pai que justifique sua resposta ao item anterior. 

Quando Malala nasceu, o pai da menina comentou com as pessoas que havia algo diferente naquela criança e pediu aos amigos que jogassem frutas secas, doces e moedas em seu berço, comportamento que costumava ser reservado somente aos meninos.

 

 

domingo, 9 de junho de 2019

AUTOBIOGRAFIA: LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA - NELSON MANDELA - COM GABARITO

Texto: Lembranças da Minha Infância
                                   
                 Nelson Mandela

        Minhas primeiras lembranças da infância são do vilarejo de Qunu, nas montanhas onduladas e nos vales verdes do território de Transkei, na região sudeste da África do Sul. Foi em Qunu que passei os anos mais felizes de minha meninice, rodeado por uma família tão cheia de bebês, crianças, tias e tios que não me lembro de estar sozinho em nenhum único momento em que eu estivesse acordado.
        Foi em Qunu que minha mãe me deu as histórias que encheram minha imaginação, ensinando-me bondade e generosidade enquanto preparava as refeições em uma fogueira, mantendo-me alimentado e saudável. Em meus tempos de menino pastor, aprendi a amar o campo, os espaços abertos e as belezas simples da natureza. Foi naquele momento e naquele lugar que aprendi a amar esta terra.
        Com meus amigos de meninice, aprendi dignidade e o significado da honra. Ouvindo e assistindo reuniões dos anciãos da tribo, aprendi a importância da democracia e de dar a todos uma chance de ser ouvido. E aprendi sobre o meu povo, a nação Xhosa. Com meu benfeitor e guia, o Regente, aprendi a história da África e da luta dos africanos para serem livres.
        Foram esses primeiros anos que determinaram como seriam vividos os muitos anos plenos de minha longa vida. Sempre que paro um momento e olho para trás, sinto imensa gratidão por meu pai e minha mãe, e por todas as pessoas que me ajudaram a crescer quando eu era apenas um menino, e que me transformaram no homem que sou hoje. Foi isso que aprendi enquanto criança.
        Agora que sou homem velho, são as crianças que me inspiram. Meus queridos jovens: vejo a luz em seus olhos, a energia de seus corpos e a esperança que está em seu espírito. Sei que são vocês, e não eu, que consertarão nossos erros e levarão adiante tudo o que está certo no mundo.
        Se eu pudesse, de boa fé, prometer-lhes a infância que tive, eu prometeria. Se eu pudesse prometer-lhes que cada um de seus dias será de aprendizado e de crescimento, eu prometeria. Se eu pudesse prometer-lhes que nada – nem guerras, nem pobreza, nem injustiças – privará vocês de seus pais, de seu nome, de seu direito a uma boa infância, e que essa infância levará vocês a uma vida plena e frutífera, eu prometeria. Mas prometerei apenas o que eu sei que posso cumprir.
        Vocês têm a minha palavra de que continuarei a aplicar tudo o que aprendi no começo de minha vida, e tudo o que aprendi a partir de então, para proteger os seus direitos. Trabalharei todos os dias, de todas as maneiras que conheço, para apoiá-los enquanto crescerem. Buscarei suas vozes e suas opiniões, e farei com que outras pessoas também as ouçam. 

Trecho extraído da publicação Situação Mundial da Infância, 2001 Uni
Entendendo o texto:

01 – Que significado tem para Mandela o vilarejo de Qunu?
      As melhores lembranças, os anos mais felizes de sua meninice rodeado pela família, por histórias que encheram sua imaginação ensinando-me bondade e generosidade.

02 – Por que estes primeiros anos foram determinantes de como seriam vividos os muitos anos plenos de sua longa vida?
      Tudo que aprendeu com pai, sua mãe e todas as pessoas que o ajudaram a crescer quando era apenas um menino, e que me transformaram no homem que sou hoje.

03 – Ele diz que agora é velho e o que inspira são as crianças, por quê?
      Diz que vê a luz em seus olhos, a energia em seus corpos e a esperança em seu espírito, e que elas consertarão nossos erros e levarão adiante tudo o que está certo no mundo.

04 – Mandela conta que aprendeu o que com estas pessoas:
a)   Com seus amigos de meninice.
Aprendeu dignidade e o significado da honra.

b)   Ouvindo e assistindo reuniões dos anciões da tribo.
Aprendeu a importância da democracia e de dar a todos a chance de ser ouvido.

c)   Com o benfeitor e guia.
Aprendeu sobre seu povo, a nação Xhosa.

d)   Com o Regente.
Aprendeu a história da África e da luta dos africanos para serem livres.

05 – Mandela no 6° parágrafo, usa o verbo poder no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo, “Se eu pudesse”, para:
a)   Indicar dúvidas.
b)   Expor seus desejos.
c)   Mostrar suas incertezas.
d)   Anunciar as probabilidades.