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sexta-feira, 16 de junho de 2023

POESIA: MATER DOLOROSA - CASTRO ALVES - COM GABARITO

 POESIA: MATER DOLOROSA

               Castro Alves

Deixa-me murmurar à tua alma um adeus eterno.

em vez de lágrimas chorar sangue, chorar o sangue

de meu coração sobre meu. filho; porque tu deves

morrer, meu filho, tu deves morrer.

Nathaniel Lee


Meu Filho, dorme, dorme o sono eterno
No berço imenso, que se chama - o céu.
Pede às estrelas um olhar materno,
Um seio quente, como o seio meu.

Ai! borboleta, na gentil crisálida,
As asas de ouro vais além abrir.
Ai! rosa branca no matiz tão pálida,
Longe, tão longe vais de mim florir.

Meu filho, dorme Como ruge o norte
Nas folhas secas do sombrio chão!
Folha dest'alma como dar-te à sorte?
É tredo, horrível o feral tufão!

Não me maldigas... Num amor sem termo
Bebi a força de matar-te a mim
Viva eu cativa a soluçar num ermo
Filho, sê livre... Sou feliz assim...

- Ave - te espera da lufada o açoite,
- Estrela - guia-te uma luz falaz.
- Aurora minha - só te aguarda a noite,
- Pobre inocente - já maldito estás.


Perdão, meu filho... se matar-te é crime
Deus me perdoa... me perdoa já.
A fera enchente quebraria o vime...
Velem-te os anjos e te cuidem lá.


Meu filho dorme... dorme o sono eterno
No berço imenso, que se chama o céu.
Pede às estrelas um olhar materno,
Um seio quente, como o seio meu.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi95PDEtDlUYLmAsxrFq9GqApSS9jMZzTqj8vu0abJCFUeQRzHDxZ0GJgeTliXVv_aaKaCVH9CAVgOYDax6oZIjA9DOz1BW262zKOJknnV_JCA-oeS-WnIoHLlJHJ9LwBHWANtzswCJJEscvHoRmVv6VAJI_CQB10Y-I3QVB3DQt-K7mNJRTTUzRBim/s320/Dolores%20(2).jpg

(Castro Alves. O navio negreiro e outros poemas.

São Paulo: Saraiva, 2007. p. 31-2.)

Fonte: Livro-Conecte literatura brasileira: William Roberto Cereja/Thereza Cochar Magalhães- 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p.228-9.

 

Entendendo o texto

01. Justificar o título do poema "Mater dolorosa".

         O título do poema refere-se à dor materna de entregar o filho à morte para que, futuramente, ele não venha a ser escravo.

02. Com base em "Mater dolorosa", comentar o papel das metáforas na construção da linguagem poética de Castro Alves.

Metáforas como "borboleta", "rosa branca", "ave", "estrela", "aurora", entre outras, conferem à linguagem poética de Castro Alves expressividade, impacto, riqueza de imagens e de sentidos.

03.  Interpretar o poema "Mater dolorosa" e tomar uma posição favorável ou contrária à atitude da mãe e fundamentar seu ponto de vista com argumentos.

         Professor: Qualquer que seja a posição tomada pelo aluno (contrária ou favorável ao gesto da mãe), o importante é que ele fundamente seu ponto de vista com pelo menos um argumento consistente. Sugerimos pedir aos alunos que leiam suas respostas para a classe e, a seguir, abrir a discussão.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

POEMA: O NAVIO NEGREIRO - (FRAGMENTO) - TRAGÉDIA NO MAR - CASTRO ALVES - COM GABARITO

Poema: O navio negreiro - Fragmento 

     Tragédia no mar – Castro Alves            

4ª Parte

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
               Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
               Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
               Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
               Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
               Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
               E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
               E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
               Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
               Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
               Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
               Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
               E ri-se Satanás!...

5ª Parte
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
[...]

6ª Parte
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

[...]

                                                       Castro Alves. “O navio negreiro”. In: Obra completa. 2. ed. Rio de Janeiro, Aguilar, 1966. p. 247-50.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 210-2.
Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Dantesco: Evocação das cenas horríveis do “Inferno” descritas por Dante Alighieri na Divina comédia.

·        Vaga: Tipo de onda.

·        Turba: Multidão.

·        Audaz: Corajosa, ousada.

·        Bacante: Devassa, libertina.

·        Luzernas: Clarões.

·        Gávea: Mastro suplementar.

02 – A que é comparado os movimentos dos negros no convés?
      A uma dança.

03 – Como são produzidos os sons dessa dança macabra?
      Pelo tinir dos ferros, pelo estalar do açoite, pelos gritos, choros, gemidos e risos.

04 – Apóstrofe é uma figura retórica que consiste em dirigir-se o orador a uma pessoa ou coisa real ou fictícia, solicitando uma intervenção. Transcreva algumas apóstrofes do início da 5ª parte.
      “Senhor Deus dos desgraçados!”; “Ó mar! por que não apagas...”; “Astros, noites! Tempestades!”

05 – O poeta dignifica os negros, descrevendo-os, no final da 5ª parte, como eram antes de serem escravizados. O que os caracterizava antes de se tornarem “míseros escravos”?
      Eram “guerreiros ousados”, “homens simples, fortes e bravos”.

06 – Qual o motivo da indignação do poeta expressa na 6ª parte?
      Ver a bandeira nacional tremular no mastro do navio negreiro.

07 – Transcreva o verso da última estrofe construído em aliteração.
      “Que a brisa do Brasil beija e balança”.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

POEMA: ONDE ESTÁS - CASTRO ALVES - COM GABARITO

Poema: ONDE ESTÁS
          Castro Alves


É meia-noite... e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
"Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?"
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
"Oh! minhamante, onde estás?. . .

Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono! ...
Stá vazio nosso leito...
Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres queu fique
Solitário nesta vida...
Mas por que tardas, querida?...
Já tenho esperado assaz...
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minhamante, onde estás? ...

Estrela — na tempestade.
Rosa — nos ermos da vida;
lris — do náufrago errante,
Ilusão — dalma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu! ...
... E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz ...
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte...
"Oh! minhamante, onde estás?..."
                                                          Castro Alves.
Entendendo o poema:

01 – Sobre o poema, considere as afirmativas a seguir:
I – Na primeira estrofe, o eu lírico dirige-se ao vento frio do deserto; na segunda, dirige-se à amada distante.
II – O eu lírico pergunta ao vento sobre o paradeiro de sua amada, revelando a dor pela distância que os separa.
III – O eu lírico acusa os ventos do Norte, que passam como gritos de agonia, por ter finda sua sorte e estar morto seu passado.
IV – “Estrela” e “rosa” são usadas pelo eu lírico para designar sua agonia; “íris” e “ilusão” referem-se à ventania.

Assinale a alternativa correta:
a)   Somente as afirmativas I e II são corretas.
b)   Somente as afirmativas I e III são corretas.
c)   Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d)   Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e)   Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

02 – Assinale a alternativa que relaciona corretamente versos do poema a figuras de linguagem:
a)   A comparação entre o vento e a amada é verificada nos versos “Mas por que tardas, querida? ... / Já tenho esperado assaz...”.
b)   Em: “Como um verbo de desgraça, / Como um grito de agonia”, a antítese opõe a fuga – cidade do vento à tristeza da ventania.
c)   Os versos: “Tu foste, mulher formosa! / Tu foste, ó filha do céu! ...” comparam a amada à triste e fugaz ventania, pois ambas impedem seu brando sono.
d)   A comparação presente nos versos “Mas, como um hábito incerto, / Responde-me o eco ao longe”. Reforça a ausência de resposta sobre o paradeiro da amada.
e)   A antítese, presente em todo o poema, é exemplificada pelos versos “... E hoje que o meu passado / Para sempre morto jaz ...”.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

POEMA: ADORMECIDA - CASTRO ALVES - COM GABARITO

Poema: Adormecida
            
                 Castro Alves

Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberta o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, um pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,

Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos – beijá-la.

Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! – tu és a flor da minha vida!...”

                                     Castro Alves, Espumas Flutuantes.

Entendendo o poema:
01 – Em relação ao poema “Adormecida”, explique de que modo se dá a identificação entre sujeito e natureza, comum no Romantismo.
      Ele se apaixonava no lugar da flor.

02 – O poema descreve uma cena presenciada pelo eu lírico: sua amada adormecida em uma rede. Como a jovem é caracterizada?
      Ela está recostada “molemente” na rede, tem o roupão aberto, o cabelo solto e os pés descalços roçam o tapete.

03 – Essa caraterização sugere uma imagem de mulher mais sensual, diferente daquela apresentada pelos poetas da segunda geração romântica. Justifique, exemplificando suas afirmações com expressões do texto.
      As referências ao roupão “quase aberto”, aos cabelos soltos e aos pés descalços sugerem a sensualidade dessa mulher. Além disso, o uso da expressão “molemente” para caracterizar a maneira languidez que também denota sensualidade.

04 – Além da moça, outra “personagem” aparece: o jasmineiro. Que papel ele desempenha?
      O jasmineiro age como um amante que, sorrateiramente, afaga a jovem, beija sua face e depois se afasta quando ela tenta beijá-lo. Quando parece que a jovem vai se irritar com suas ações, o jasmineiro derrama-lhe uma “chuva de pétalas no seio”.

05 – Transcreva as expressões que indicam a personificação desse elemento da natureza.
      As expressões usadas para qualificar os galhos: “indiscretos”; “trêmulos”; “alegre”.
      Os verbos que se referem às suas ações: “beija-la”; “fugia”; “brincava”; “chegava”; “afastava-se”.
      E a comparação da planta a uma criança cândida: “Dir-se-ia [...] / Brincavam duas cândidas crianças...”.

06 – A personificação do jasmineiro e as reações da jovem aos seus “beijos” contribuem para reforçar a sensualidade da cena. Explique por quê?
      Toda a descrição que faz o eu lírico da cena sugere uma espécie de dança amorosa entre a jovem e a natureza, repleta de sensualidade. Os estremecimentos da moça a cada “afago” do jasmineiro, suas tentativas de retribuir os “beijos” e a chuva de pétalas sobre o seu seio reforçam esse clima sensual.

07 – Releia:
        “Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
        “Virgem! – tu és a flor da minha vida! ...”.
De que maneira, nesses versos, o eu lírico estabelece uma relação de identificação entre a mulher e a natureza?
      No primeiro verso transcrito, o eu lírico chama o jasmineiro de “flor”, caracterizando-o como a “virgem das campinas”.
      No seguinte, dirige-se a sua amada usando a expressão “virgem” e a define como a flor de sua vida. A natureza e a jovem são denominados pelas mesmas expressões, promovendo-se, dessa forma, a identificação entre elas.


terça-feira, 3 de julho de 2018

POEMA: VOZES D'ÁFRICA - CASTRO ALVES - COM GABARITO

Poema: VOZES D’ÁFRICA
                                        Castro Alves

Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
                   Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
                   Onde estás, Senhor Deus?

Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia
                   - Infinito: galé!...
Por abutre – me deste o sol candente,
E a terra de Suez – foi a corrente
                    Que me ligaste ao pé...
(...)

Cristo! Embalde morreste sobre um monte...
Teu sangue não lavou de minha fronte
                    A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos – alimária do universo,
                    Eu – pasto universal...

Hoje em meu sangue a América se nutre
- Condor que transformara-se em abutre,
                    Ave da escravidão,
Ela juntou-se às mais... irmã traidora
Qual de José os vis irmãos outrora
                      Venderam seu irmão.

Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
                     Perdão p’ra os crimes meus!...
Há dois mil anos... eu soluço um grito...
Escuta o brado meu lá no infinito,
                     Meu Deus! Senhor, meu Deus!!...

Entendendo o Poema:

01 – O fragmento desse poema de Castro Alves fala:
a) da religiosidade do povo africano
b) da exploração do território africano
c) da escravidão do povo africano
d) da história do povo africano.

02 – O eu-lírico do poema é a África personificada. Nas duas primeiras estrofes do fragmento o interlocutor do eu-lírico é:
a) Prometeu           
b) Deus                 
c) abutre                     
d) Suez.

03 – No verso “Que embalde desde então corre o infinito...”, a palavra destacada tem o sentido de:
a) inutilmente       
b) rapidamente       
c) lentamente             
d) isoladamente.

04 – O grito dado “Há dois mil anos” pelo eu-lírico é em favor:
a) de Cristo          
b) de José                
c) da América           
d) dos seus filhos.

05 – Ao mencionar o personagem mitológico Prometeu, o eu-lírico estabelece uma relação:
a) de oposição      
b) de afetividade       
c) de semelhança        
d) de animosidade.

06 – No verso “Condor que transformara-se em abutre”, temos a figura de linguagem:
a) metáfora          
b) antítese                  
c) metonímia             
d) catacrese.

07 – Quando se refere à América, o eu-lírico expressa:
a) um elogio     
b) um questionamento      
c) uma lamentação      
d) uma acusação.


domingo, 6 de maio de 2018

POEMA: O LIVRO E A AMÉRICA - CASTRO ALVES - COM GABARITO

Poema: O LIVRO E A AMÉRICA
              Castro Alves

Talhado para as grandezas,
P’ra crescer, criar, subir,
O Novo Mundo nos músculos
Sente a seiva do porvir
--- Estatuário de colossos –
Cansado doutros esboços
Disse um dia Jeová:
“Vai, Colombo, abre a cortina
Da minha eterna oficina...
Tira a América da lá”.
Filhos do sec’lo das luzes
Filhos da Grande nação!
Quando ante Deus vou mostrardes,
Terei um livro na mão:
O livro – esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterloo...
Éolo de pensamentos
Que abrira a gruta dos ventos
Donde a Igualdade voou! ...
Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto –
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E mando o povo pensar!
O livro caindo n`alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.
                                                   
ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro:
                                                           Nova Aguilar, 1986, p.p. 76-78.

Entendendo o poema:
01 – Para Castro Alves, o papel do livro na América é:
     a) Sentir a seiva do porvir.
     b) Mostrar-se na mão de Deus.
     c) Conquistar o mundo de Waterloo.
     d) Ser um germe na alma do povo.

02 – Uma característica marcante dos poetas da última fase do Romantismo, especialmente presente no poema de Castro Alves, é:
     a) O tom declamatório e engajado.
     b) O uso de versos brancos e livres.
     c) O escapismo como temática e proposta.
     d) A citação dos poetas barrocos e árcades.

03 – Os versos do poema de Castro Alves que contêm uma referência explícita a um dos ideais iluministas são:
a)   “Vai, Colombo, abre a cortina
      Da minha eterna oficina...
      Tira a América de lá”.
     b) “Filhos da grande nação!
     Quando ante Deus vos mostrardes,
     Tereis, um livro na mão!”
     c) “Éolo de pensamentos,
      Que abrira a gruta dos ventos
      Donde a Igualdade voou! ...”
      d) “O livro caindo n`alma
       É germe – que faz a palma.
       É chuva – que faz o mar”.

04 – “Que sol! Que céu azul! Que doce n`alva
         Acorda a natureza mais louçã
         Não me batera tanto amor no peito
         Se eu morresse amanhã!
         Mas essa dor da vida que devora
         A ânsia de glória, o dolorido afã...
         A dor do peito emudecera ao menos
         Se eu morresse amanhã!”

Os versos ilustram:
      a) Atitude típica da segunda geração romântica, que entende a morte como solução para todos os problemas da existência.
      b) Tendência de autores românticos da primeira geração para valorizar a natureza da pátria, em detrimento das paisagens estrangeiras.
    c) O tom retórico e declaratório característico de poeta engajado em problemas sociais, por se considerar arauto das aspirações populares.
      d) A sensibilidade do Ultrarromantismo, voltada para o lamento da saudade da pátria.
      e) O humor meio negro característico de poeta byroniano, decorrente de sua indecisão entre o satanismo e o angelismo.



domingo, 29 de abril de 2018

POEMA: PRIMEIRA SOMBRA - MARIETA - CASTRO ALVES - COM GABARITO

Poema: PRIMEIRA SOMBRA
              Castro Alves      

                                           Marieta
Como o gênio da noite, que desata
O véu de rendas sobre a espádua nua,
Ela solta os cabelos... Bate a lua
Nas alvas dobras de um lençol de prata.

O seio virginal, que a mão recata,
Embalde o prende a mão... cresce, flutua...
Sonha a moça ao relento... Além na rua

Preludia um violão na serenata! ...
... Furtivos passos morrem no lajedo...
Resvala a escada do balcão discreta...
Matam lábios os beijos em segredo...

Afoga-me os suspiros, Marieta!
Ó surpresa! Ó palor! Ó pranto! Ó medo!
Ai! Noites de Romeu e Julieta! ...
                                                                                                      
                                                                      CASTRO ALVES. 

ESPÁDUA: ombro.
ALVO: branco, claro.
RECATAR: encobrir, ocultar.
EMBALDE: em vão, inutilmente, debalde.
PRELUDIR: iniciar, ensaiar antes de começar a cantar ou a tocar.
FURTIVO: oculto, disfarçado, escondido.
PALOR: palidez.

Entendendo o poema:
01 – A linguagem figurada é recurso estilístico que caracteriza um texto literário.
      A alternativa em que se nomeou INDEVIDAMENTE a figura semântica, partindo-se de passagens do texto I, é:
     a)  “Como o gênio da noite... Ela solta os cabelos...” (comparação)
     b)  “Sonha a moça ao relento...” (metáfora)
     c)  “Afoga-me os suspiros, Marieta!” (hipérbole).
     d)  “... Furtivos passos morrem no lajedo...” (personificação).

02 – Analisando o conteúdo do texto I, é possível observar que o eu lírico:
     a)  Pratica a poética mórbida e doentia da morte.
     b)  Nega a concepção da mais conhecida história de amor de todos os tempos.
     c)  Projeta a figura da mulher impossível de ser atingida amorosamente;
     d) Põe em destaque a mulher sensual, erótica.