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quinta-feira, 6 de março de 2025

CONTO: PAUSA - (FRAGMENTO) - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: Pausa – Fragmento

           Moacyr Scliar

        Às sete horas, o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:

        -- Vais sair de novo, Samuel?

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidZjDqOTVkadhNh5FpPXg9MH9Yk09spvcFbbAg9uS5pFVMGKG-nSSiY7LApvak4nTvA8v-AzL5kEza284x5HrwZSFcbAX042NvICZzimMQ2oTLMGNSgPyaQQlg4oXnFffvvO9-29Cb22wqRH704oh7Cc0ww0KYYQQpkPdpq4NVjxkQ8UQTtTFzD8AxzO8/s320/SANDUBA.jpg


        Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.

        -- Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.

        -- Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.

        Ela olhou os sanduíches:

        -- Por que não vens almoçar?

        -- Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.

        A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:

        -- Volto de noite.

        [...]

Moacyr Scliar. O Carnaval dos Animais. Porto Alegre, Ed. Movimento, 1963.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 556.

Entendendo o conto:

01 – Qual o horário em que Samuel acorda no domingo?

      Samuel acorda às sete horas da manhã.

02 – O que Samuel faz logo após acordar?

      Ele rapidamente se prepara, fazendo a barba, lavando-se e se vestindo, demonstrando pressa.

03 – Qual a justificativa de Samuel para sair cedo de casa aos domingos?

      Ele alega ter muito trabalho no escritório, o que o impede de almoçar em casa.

04 – Como a esposa de Samuel reage à sua saída dominical?

      Ela demonstra azedume e descontentamento, questionando a rotina do marido.

05 – Quais as características físicas de Samuel mencionadas no texto?

      O texto descreve Samuel como um homem jovem com a fronte calva, sobrancelhas espessas e uma sombra azulada da barba recém-feita.

06 – O que Samuel leva para comer, já que não almoçará em casa?

      Ele prepara sanduíches para levar como lanche.

07 – Qual a última frase de Samuel antes de sair de casa?

      Volto de noite.

 

quarta-feira, 5 de março de 2025

CONTO: E A HISTÓRIA ERA ASSIM.... MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: E a história era assim...

           Moacyr Scliar

        Em todos os tempos, sempre existiram guerreiros para defender reinos, territórios e países. Na Idade Média (500-1540), os guerreiros mais corajosos recebiam do rei o título de “cavaleiro”.

        Para ser cavaleiro, era preciso saber lutar com várias armas: espada, escudo, lança, clava e punhal. Os cavaleiros enfrentavam seus inimigos montados a cavalo e vestidos com armaduras e capacetes. Como esses equipamentos eram pesados, eles viajavam acompanhados de ajudantes: os pajens e escudeiros.

 FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpTcsWRMjgNeT1QgyNptUWOhB1cGyrpM-F4M3DukUzpmHfXlt-vS0EBPsTeWB-azOIC8woGehH9-4OeNqMoTWLOcb7Di-OiY_EvKBLK3KPlO7JtZ4ape2ymSqXPhEQhBAtgvXNmOCVrlUgrqZSgTgRZqaezL5K0L02PT36UXQtAeaiP9SeBsPgt9B-1KY/s1600/CAVLEIRO.jpg


        O dever de todo cavaleiro era proteger crianças, mulheres e pobres, obedecendo a um código de honra chamado de “leis de cavalaria”. Também caçavam e participavam de torneios, lutas organizadas nobres e reis.

        No século XVII, época em que Dom Quixote foi escrito, histórias de cavaleiros estavam na moda. Eram os romances de cavalaria.

        Na Inglaterra, quase todos conheciam “Os feitos do rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda”. Na Alemanha, havia a lenda de Rolando, o valoroso cavaleiro, e, na Espanha e na França, as aventuras de Carlos Magno, o rei guerreiro.

        Os heróis dessas aventuras eram homens maravilhosos que nasciam em lugares maravilhosos e que se apaixonavam por mulheres ainda mais maravilhosas. Possuíam armas e inimigos fantásticos, como dragões, bruxos e gigantes.

        Mas Dom Quixote era um cavaleiro trapalhão. Seu cavalo de batalha, Rocinante, era velho e magro. Seu escudeiro, Sancho Pança, não era nobre nem jovem e, ainda por cima, viajava montado num pequeno burro. Nada era mágico ou maravilhoso na vida de Dom Quixote.

        Quando ele saiu de sua casa para viajar pelo mundo em busca de aventura, tudo deu errado. Em sua primeira aventura, confundiu uma comitiva de cavalariços com guerreiros inimigos e os atacou. Foi derrotado e humilhado. Libertou, por engano, um grupo de ladrões e avançou contra moinhos de vento pensando que fossem gigantes.

        Dom Quixote, o Cavaleiro da Triste Figura, jamais conseguiu ser um herói como os dos romances que leu. E, talvez por ter sido apenas um homem simples, cheio de boas intenções e uma coragem que raramente usou, tornou-se uma das personagens mais encantadoras de toda a literatura ocidental, transformando seu criador, Miguel de Cervantes, num escritor de uma história clássica.

Scliar, Moacyr. Vice-versa ao contrário. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 2001, p. 19.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 16.

Entendendo o conto:

01 – Qual era o título dado aos guerreiros mais corajosos na Idade Média?

a) Soldado.

b) Cavaleiro.

c) General.

d) Escudeiro.

02 – Quais armas um cavaleiro precisava saber usar?

a) Espada, escudo, lança, clava e punhal.

b) Arco e flecha, espada, lança.

c) Espada, escudo, arco e flecha.

d) Lança, clava, arco e flecha.

03 – Quem acompanhava os cavaleiros em suas viagens?

a) Soldados e generais.

b) Pajens e escudeiros.

c) Reis e rainhas.

d) Magos e bruxos.

04 – Qual era o dever de todo cavaleiro?

a) Proteger o rei.

b) Proteger crianças, mulheres e pobres.

c) Conquistar novos territórios.

d) Caçar dragões.

05 – O que eram os romances de cavalaria?

a) Histórias sobre reis e rainhas.

b) Histórias sobre cavaleiros e suas aventuras.

c) Histórias sobre magos e bruxos.

d) Histórias sobre dragões e gigantes.

06 – Qual era a lenda conhecida na Alemanha?

a) Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda.

b) Rolando, o valoroso cavaleiro.

c) As aventuras de Carlos Magno.

d) Dom Quixote.

07 – Como era o cavalo de batalha de Dom Quixote?

a) Forte e rápido.

b) Velho e magro.

c) Pequeno e ágil.

d) Grande e poderoso.

08 – Quem era o escudeiro de Dom Quixote?

a) Rolando.

b) Sancho Pança.

c) Carlos Magno.

d) Rei Arthur.

09 – O que Dom Quixote confundiu com guerreiros inimigos em sua primeira aventura?

a) Um grupo de ladrões.

b) Moinhos de vento.

c) Uma comitiva de cavalariços.

d) Dragões.

10 – Por que Dom Quixote se tornou uma das personagens mais encantadoras da literatura ocidental?

a) Por ser um herói perfeito.

b) Por ser um homem simples, cheio de boas intenções e coragem.

c) Por derrotar todos os seus inimigos.

d) Por possuir armas mágicas.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

CRÔNICA: TROFÉU E SONHO - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

Crônica: Troféu e sonho

               Moacyr Scliar

        Endividados, clubes penhoram até taça. A crise financeira por que passa o futebol brasileiro leva os principais clubes do país a ter parte dos bens penhorada. O Flamengo disponibilizou troféus ganhos nos últimos anos para diversos credores.

Folha Esporte, 5.out.03

        A mansão, ainda que luxuosa, é de um mau gosto extremo. Não há muito o que ver, mas o dono faz questão de levar os visitantes a uma sala que chama de "meu templo"; ali, em uma espécie de vitrine, iluminada por fortes lâmpadas, está um troféu, uma taça destas que os clubes ganham em campeonatos. E, sem que lhe peçam, ele conta a história dessa taça.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbykhaj-l8j70DsTZRwuWSJKl-QCSvjQQVxGnhx1Co68CqY-Um4hYvmmXCrk7TF_FVsCelVDL8OjBTfCi2AkQp5lKCqkoVoOLtRZWFO-DjIv7kzmU6RLALCwo-Uy9yoZ2BsDhVvEC5qCSNQJP2InbUuGlkb_fpSWFdyUgngDMiBgEbzcQ_OlcE3O3pvWs/s1600/TROFEU.jpg


        Tudo começou quando era um rapaz pobre, morando em uma pequena cidade do interior. Lugar modorrento, onde nada acontecia. Assim, foi grande a surpresa quando se anunciou a chegada, ali, de um grande time de futebol: nada menos que o Flamengo, do Rio de Janeiro. Notícia que o deixou excitadíssimo porque, em primeiro lugar, era fã de futebol – jogava razoavelmente bem – e, mais importante, era um ardoroso torcedor do rubro-negro. Que viria ali para disputar um torneio regional, no qual participavam o time da cidade e mais alguns outros clubes de localidades vizinhas.

        Na véspera do grande jogo, nem conseguiu dormir, tão ansioso estava. No dia seguinte, foi o primeiro a chegar ao pequeno e precário estádio. Aos poucos as arquibancadas foram se enchendo. Todos miravam-no com irritação. Explicável: ele vestia uma camisa do Flamengo e agitava uma bandeira do clube: decidira assumir a sua condição de torcedor e o fazia com orgulho. Aplaudiu com entusiasmo o rubro-negro, quando este entrou em campo.

        A partida começou e logo duas coisas ficaram claras; primeiro, que os donos da casa não eram adversários para o Flamengo; segundo, que o time carioca estava com muito azar. Jogador após jogador se lesionava e tinha de ser substituído. Lá pelas tantas, o insólito; mais um lesionado – e já não havia reservas no banco. O que gerou um impasse. A partida foi paralisada, enquanto juiz e dirigentes deliberavam.

        -- Foi aí – conta ele – que eu tive uma inspiração. Levantei-me e, da arquibancada, gritei que jogaria pelo Flamengo. Os dirigentes olharam-me com espanto, mas decidiram aceitar a proposta. Rapidamente assinei um contrato e no instante seguinte estava no campo. Num instante, apossei-me da bola, driblei um, driblei o segundo, chutei forte no canto esquerdo – gol! Gol da vitória! O Flamengo ganhou a taça. Que os dirigentes, em sinal de gratidão, me ofereceram.

        Esta é a história que o homem conta. Na qual ninguém acredita: todos sabem que comprou a taça, por bom dinheiro, de um credor do Flamengo. Mas também ninguém o desmente. Afinal, quem compra um troféu compra junto o sonho que esse troféu representa.

Moacyr Scliar escreve às segundas-feiras, nesta coluna, um texto de ficção baseado em matérias publicadas no jornal. Folha de São Paulo, 13/10/2003, p. C2.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 212.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é a situação apresentada no início da crônica em relação aos clubes de futebol brasileiros?

      A crônica inicia mostrando a difícil situação financeira dos clubes de futebol brasileiros, que estão chegando ao ponto de penhorar seus bens, incluindo troféus, para saldar dívidas.

02 – Qual é o objeto central da narrativa e qual o seu significado para o dono da mansão?

      O objeto central da narrativa é um troféu, uma taça de campeonato. Para o dono da mansão, esse troféu representa a realização de um sonho de infância, a glória de ter jogado pelo Flamengo e conquistado um título.

03 – Qual é a história contada pelo dono da mansão sobre como ele ganhou o troféu?

      O dono da mansão conta que, quando era jovem e morava no interior, o Flamengo foi jogar um torneio na cidade. Durante o jogo, vários jogadores do Flamengo se machucaram e não havia mais reservas. Ele, então, se ofereceu para jogar, marcou o gol da vitória e ganhou o troféu como reconhecimento.

04 – Qual é a reação das pessoas ao ouvirem a história do dono da mansão?

      Ninguém acredita na história contada pelo dono da mansão. Todos sabem que ele comprou a taça de um credor do Flamengo.

05 – Qual é a principal crítica presente na crônica de Moacyr Scliar?

      A crônica critica a obsessão pelo sucesso e pela fama, mostrando como as pessoas são capazes de inventar histórias e comprar troféus para alimentar seus egos e suas fantasias.

06 – Qual é a reflexão proposta por Moacyr Scliar ao final da crônica?

      Scliar nos leva a refletir sobre a importância dos sonhos e como as pessoas podem distorcer a realidade para alcançar seus objetivos. Ele mostra que, muitas vezes, o que importa não é a verdade, mas sim a história que contamos para nós mesmos e para os outros.

07 – Qual é a relação entre o título da crônica, "Troféu e Sonho", e o seu conteúdo?

      O título "Troféu e Sonho" resume a essência da crônica. O troféu representa o objeto de desejo, o símbolo da vitória e do sucesso. O sonho, por sua vez, representa a fantasia, a história inventada para justificar a posse do troféu. A crônica mostra como o sonho pode se tornar mais importante do que a realidade, a ponto de a pessoa comprar um troféu e criar uma história para dar sentido a ele.

 


domingo, 30 de junho de 2024

CONTO: O MISTÉRIO DA CASA VERDE - (FRAGMENTO 3) - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: O mistério da casa verde – Fragmento 3

            Moacyr Scliar

        No qual eles se apresentam ao hóspede da Casa Verde

        O dia seguinte foi difícil para os quatro. Pedro Bola foi tirado da cama à força pelo irmão mais velho, mas adormeceu de novo na mesa do café. Arturzinho cochilou três vezes nas aulas da manhã e teve de ser advertido pelos professores. André movia-se como um zumbi. Mesmo o dedicado Leo teve dificuldade em fazer o exame de inglês, no qual habitualmente se saía bem. Por tudo isso, quando se encontraram, à noite, estavam num péssimo humor. Pedro Bola queria mesmo desistir daquela história: é muito trabalho para arranjar um clube. Além disso, a ideia de enfrentar de novo o maluco — seu diagnóstico já estava feito — não lhe agradava em nada. Em vão Arturzinho tentava animar os companheiros. Leo, ainda que cansado, o acompanharia. Mas Pedro Bola e André, irritados, relutavam em entrar na casa. Por fim Arturzinho saiu-se com uma fórmula conciliadora: — Eu e o Leo entramos, vocês esperam aqui. Se tudo der certo com o homem, chamamos vocês, continuamos com nosso plano. Se não der certo, desistimos.


Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpzsguklorpQS0Yr9IPZNxAPONzLddK2FG-VQpCkqFNg26V2uac6IwB4WlPrrJ3a91icc_oxsLRZetvJzze50Pyk09v75Zr9ZikW3NFsXpg2pVWVajbPc4KKhDRjScOV_wvFzLKuj1e7UGRYvkAsRt_z92W4x9aQPTwHhYupzHJedjR-YdLWdeIaAkWs8/s320/CASA.jpg

        Todos de acordo, Arturzinho e Leo embrenharam-se de novo no matagal. Quando chegaram aos fundos da casa, uma surpresa: a abertura que tinham feito na noite anterior estava fechada com tábuas. Colocadas sem dúvida pelo estranho morador.

        — Está certo — observou Arturzinho. — O homem tem o direito de se proteger. Experimentou as tábuas: não estavam fixas. Sem muito esforço, conseguiu afastá-las, empurrando-as junto com os tijolos que as calçavam. Leo olhava-o, sem dizer nada.

        Arturzinho hesitou; agora também ele estava obviamente apreensivo. Mas não era de desistir:

        — Que diabos — gritou —, já que chegamos até aqui vamos em frente. E meteu-se pelo buraco na parede. Leo seguiu-o.

SCLIAR, Moacyr. O mistério da casa verde. São Paulo: Editora Ática, 2000. p. 25.

Entendendo o conto:

01 – Quais foram as dificuldades enfrentadas pelos quatro personagens no dia seguinte?

      Pedro Bola foi tirado da cama à força pelo irmão mais velho, mas adormeceu de novo na mesa do café. Arturzinho cochilou três vezes nas aulas da manhã e foi advertido pelos professores. André movia-se como um zumbi. Leo teve dificuldade em fazer o exame de inglês, no qual habitualmente se saía bem.

02 – Qual foi a reação de Pedro Bola ao encontro com o hóspede da Casa Verde?

      Pedro Bola queria desistir da história, achando que era muito trabalho para arranjar um clube, e a ideia de enfrentar o homem, que ele considerava um maluco, não lhe agradava.

03 – Como Arturzinho tentou resolver a relutância de Pedro Bola e André em entrar na casa?

      Arturzinho propôs uma fórmula conciliadora: ele e Leo entrariam na casa, enquanto Pedro Bola e André esperariam. Se tudo corresse bem, eles chamariam os outros; caso contrário, desistiriam.

04 – O que os meninos encontraram quando chegaram aos fundos da casa?

      Eles descobriram que a abertura que haviam feito na noite anterior estava fechada com tábuas, provavelmente colocadas pelo estranho morador.

05 – Qual foi a reação de Arturzinho ao ver que a abertura estava fechada?

      Arturzinho observou que o homem tinha o direito de se proteger e, ao perceber que as tábuas não estavam fixas, conseguiu afastá-las e abrir a passagem novamente.

06 – Como Leo reagiu durante a tentativa de Arturzinho de abrir a passagem?

      Leo observava Arturzinho sem dizer nada, acompanhando suas ações.

07 – Qual foi a atitude de Arturzinho após conseguir abrir a passagem?

      Arturzinho, mesmo apreensivo, decidiu continuar e entrou pelo buraco na parede, seguido por Leo.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

CONTO: CEGO E AMIGO GEDEÃO À BEIRA DA ESTRADA - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: Cego e amigo Gedeão à beira da estrada

            Moacyr Scliar

        — Este que passou agora foi um Volkswagen 1962, não é, amigo Gedeão?

        — Não, Cego. Foi um Simca Tufão.

        — Um Simca Tufão? … Ah, sim, é verdade. Um Simca potente. E muito econômico. Conheço o Simca Tufão de longe. Conheço qualquer carro pelo barulho da máquina.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi11tmmjxlfQFOaOmdVyWPdkHs1Qh8Irp5unQdnpJbyXFUo3Lr3NvHKt6aohIfdfsVFbvI0k0Yuahy9KV9ncw3XBtuQ22hJ3OtNI00s6QUY0tNOHBvTeJQTYcKOEph9rptDEmyDigCHlEGEgYMOnz_HFCOX0UCjkxy1p3xiSso0octc4yxvDYF1-ulVno0/s1600/SIMCA.jpg


        Este que passou agora não foi um Ford?

        — Não, Cego. Foi um caminhão Mercedinho.

        — Um caminhão Mercedinho! Quem diria! Faz tempo que não passa por aqui um caminhão Mercedinho. Grande caminhão. Forte. Estável nas curvas. Conheço o Mercedinho de longe… Conheço qualquer carro. Sabe há quanto tempo sento à beira desta estrada ouvindo os motores, amigo Gedeão? Doze anos, amigo Gedeão. Doze anos.

        É um bocado de tempo, não é, amigo Gedeão? Deu para aprender muita coisa. A respeito de carros, digo. Este que passou não foi um Gordini Teimoso?

        — Não, Cego. Foi uma lambreta.

        — Uma lambreta… Enganam a gente, estas lambretas. Principalmente quando eles deixam a descarga aberta.

        Mas como eu ia dizendo, se há coisa que eu sei fazer é reconhecer automóvel pelo barulho do motor. Também, não é para menos: anos e anos ouvindo!

        Esta habilidade de muito me valeu, em certa ocasião… Este que passou não foi um Mercedinho?

        — Não, Cego. Foi o ônibus.

        — Eu sabia: nunca passam dois Mercedinhos seguidos. Disse só pra chatear. Mas onde é que eu estava? Ah, sim.

        Minha habilidade já me foi útil. Quer que eu conte, amigo Gedeão? Pois então conto. Ajuda a matar o tempo, não é? Assim o dia termina mais ligeiro. Gosto mais da noite: é fresquinha, nesta época. Mas como eu ia dizendo: há uns anos atrás mataram um homem a uns dois quilômetros daqui. Um fazendeiro muito rico. Mataram com quinze balaços. Este que passou não foi um Galaxie?

        — Não. Foi um Volkswagen 1964.

        — Ah, um Volkswagen… Bom carro. Muito econômico. E a caixa de mudanças muito boa. Mas, então, mataram o fazendeiro. Não ouviu falar? Foi um caso muito rumoroso. Quinze balaços! E levaram todo o dinheiro do fazendeiro. Eu, que naquela época j á costumava ficar sentado aqui à beira da estrada, ouvi falar no crime, que tinha sido cometido num domingo. Na sexta-feira, o rádio dizia que a polícia nem sabia por onde começar. Este que passou não foi um Candango?

        — Não, Cego, não foi um Candango.

        — Eu estava certo que era um Candango… Como eu ia contando: na sexta, nem sabiam por onde começar.

        Eu ficava sentado aqui, nesta mesma cadeira, pensando, pensando… A gente pensa muito. De modos que fui formando um raciocínio. E achei que devia ajudar a polícia. Pedi ao meu vizinho para avisar ao delegado que eu tinha uma comunicação a fazer. Mas este agora foi um Candango!

        — Não, Cego. Foi um Gordini Teimoso.

        — Eu seria capaz de jurar que era um Candango. O delegado demorou a falar comigo. De certo pensou: “Um cego? O que pode ter visto um cego?” Estas bobagens, sabe como é, amigo Gedeão. Mesmo assim, apareceu, porque estavam tão atrapalhados que iriam até falar com uma pedra. Veio o delegado e sentou bem aí onde estás, amigo Gedeão. Este agora foi o ônibus?

        — Não, Cego. Foi uma camioneta Chevrolet Pavão.

        — Boa, esta camioneta, antiga, mas boa. Onde é que eu estava? Ah, sim. Veio o delegado. Perguntei:

        “Senhor delegado, a que horas foi cometido o crime?”

        — “Mais ou menos às três da tarde, Cego” — respondeu ele. “Então” — disse eu. — “O senhor terá de procurar um Oldsmobile 1927. Este carro tem a surdina furada.

        Uma vela de ignição funciona mal. Na frente, viajava um homem muito gordo. Atrás, tenho certeza, mas iam talvez duas ou três pessoas.” O delegado estava assombrado. “Como sabe de tudo isto, amigo?” — era só o que ele perguntava. Este que passou não foi um DKW?

        — Não, Cego. Foi um Volkswagen.

        — Sim. O delegado estava assombrado. “Como sabe de tudo isto?” — “Ora, delegado” — respondi. — “Há anos que sento aqui à beira da estrada ouvindo automóveis passar. Conheço qualquer carro. Sem mais: quando o motor está mal, quando há muito peso na frente, quando há gente no banco de trás. Este carro passou para lá às quinze para as três; e voltou para a cidade às três e quinze.” — “Como é que tu sabias das horas?” — perguntou o delegado. — “Ora, delegado” — respondi. — “Se há coisa que eu sei — além de reconhecer os carros pelo barulho do motor — é calcular as horas pela altura do sol.” Mesmo duvidando, o delegado foi… Passou um Aero Willys?

        — Não, Cego. Foi um Chevrolet.

        — O delegado acabou achando o Oldsmobile 1927 com toda a turma dentro. Ficaram tão assombrados que se entregaram sem resistir. O delegado recuperou todo o dinheiro do fazendeiro, e a família me deu uma boa bolada de gratificação. Este que passou foi um Toyota?

        — Não, Cego. Foi um Ford 1956.

O texto acima foi publicado no livro “Para Gostar de Ler — Volume 9 — Contos”, Editora Ática — São Paulo, 1984, pág. 26.

Entendendo o conto:

01 – Quem são os personagens principais no conto?

      Cego e seu amigo Gedeão são os protagonistas.

02 – Qual é a habilidade peculiar do Cego no conto?

      Ele consegue identificar os carros que passam pela estrada apenas pelo som dos motores.

03 – Quantos anos o Cego passou sentado à beira da estrada?

      O Cego passou doze anos sentado à beira da estrada.

04 – O que aconteceu nas proximidades da estrada há alguns anos, conforme mencionado no conto?

      Um fazendeiro muito rico foi assassinado com quinze tiros e roubaram todo o seu dinheiro.

05 – Como o Cego ajudou a resolver o crime do assassinato do fazendeiro?

      Ele usou sua habilidade de reconhecer carros pelo som do motor e calcular horas pela posição do sol para identificar o veículo envolvido no crime, um Oldsmobile 1927.

06 – Qual foi a reação do delegado ao ouvir as informações precisas do Cego sobre o crime?

      Ele ficou surpreso e assombrado, duvidando das habilidades do Cego.

07 – Como o Cego explicou sua capacidade de saber a hora do crime?

      Além de reconhecer carros pelo som do motor, ele afirmou que sabia calcular as horas pela posição do sol.

08 – Qual foi o desfecho do conto após a resolução do crime?

      O delegado encontrou o veículo envolvido e recuperou o dinheiro roubado, e o Cego recebeu uma gratificação da família do fazendeiro.

09 – O que o Cego pensava sobre a noite e o dia?

      Ele preferia a noite por ser fresca, mas acreditava que contar histórias ajudava a passar o tempo mais rapidamente.

10 – O que o Cego dizia sobre sua habilidade de reconhecer carros e o que isso lhe valeu?

      Ele afirmava conhecer qualquer carro pelo barulho do motor, e essa habilidade lhe foi útil para resolver o crime do fazendeiro.

 

 

CONTO: NÓS, O PISTOLEIRO, NÃO DEVEMOS TER PIEDADE - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: Nós, o pistoleiro, não devemos ter piedade

           Moacyr Scliar

        Nós somos um terrível pistoleiro. Estamos num bar de uma pequena cidade do Texas. O ano é 1880. Tomamos uísque a pequenos goles. Nós temos um olhar soturno. Em nosso passado há muitas mortes. Temos remorsos. Por isto bebemos.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn1dC3i5jdVmNOke3I50RynvNy9SN1TObY-cjdwqd9mzRgXTPuCyBIwOTcwdVbZvWcQTnSC5ik8S3IjNDUbbvOjrLwlKeCaI3muSN3KqES7Qr1zQCuva1DGLL3y9kiVPIMS0EmT3DCnA5b9KmZvxUj_evdNk6P7kvYB4Y0FF7o02hNRslFQx3oB0jrcaY/s1600/TEXAS.jpg


        A porta se abre. Entra um mexicano chamado Alonso. Dirige-se a nós com despeito. Chama-nos de gringo, ri alto, faz tilintar a espora. Nós fingimos ignorá-lo. Continuamos bebendo nosso uísque a pequenos goles. O mexicano aproxima-se de nós. Insulta-nos. Esbofeteia-nos. Nosso coração se confrange. Não queríamos matar mais ninguém. Mas teremos de abrir uma exceção para Alonso, cão mexicano.

        Combinamos o duelo para o dia seguinte, ao nascer do sol. Alonso dá-nos mais uma pequena bofetada e vai-se. Ficamos pensativo, bebendo o uísque a pequenos goles. Finalmente atiramos uma moeda de ouro sobre o balcão e saímos. Caminhamos lentamente em direção ao nosso hotel. A população nos olha. Sabe que somos um terrível pistoleiro. Pobre mexicano, pobre Alonso.

        Entramos no hotel, subimos ao quarto, deitamo-nos vestido, de botas. Ficamos olhando o teto, fumando. Suspiramos. Temos remorsos.

        Já é manhã. Levantamo-nos. Colocamos o cinturão. Fazemos a inspeção de rotina em nossos revólveres. Descemos.

        A rua está deserta, mas por trás das cortinas corridas adivinhamos os olhos da população fitos em nós. O vento sopra, levantando pequenos redemoinhos de poeira. Ah, este vento! Este vento! Quantas vezes nos viu caminhar lentamente, de costas para o sol nascente?

         No fim da Rua Alonso nos espera. Quer mesmo morrer, este mexicano.

        Colocamo-nos frente a ele. Vê um pistoleiro de olhar soturno, o mexicano. Seu riso se apaga. Vê muitas mortes em nossos olhos. É o que ele vê.

        Nós vemos um mexicano. Pobre diabo. Comia o pão de milho, já não comerá. A viúva e os cinco filhos o enterrarão ao pé da colina. Fecharão a palhoça e seguirão para Vera Cruz. A filha mais velha se tornará prostituta. O filho menor ladrão.

        Temos os olhos turvos. Pobre Alonso. Não se devia nos ter dado suas bofetadas. Agora está aterrorizado. Seus dentes estragados chocalharam. Que coisa triste.

        Uma lágrima cai sobre o chão poeirento. É nossa. Levamos a mão ao coldre. Mas não sacamos. É o mexicano que saca. Vemos a arma na sua mão, ouvimos o disparo, a bala voa para o nosso peito, aninha-se em nosso coração. Sentimos muita dor e tombamos.

        Morremos, diante do riso de Alonso, o mexicano.

        Nós, o pistoleiro, não devíamos ter piedade.

Moacyr Scliar.

Entendendo o conto:

01 – Quem são os personagens principais do conto?

      O narrador, um pistoleiro com um passado sangrento, e Alonso, um mexicano que desafia o pistoleiro para um duelo.

02 – Qual é o cenário e a época em que a história se passa?

      O cenário é um bar em uma pequena cidade do Texas, por volta do ano 1880.

03 – Por que o pistoleiro sente remorsos ao longo da história?

      O pistoleiro tem remorsos devido ao seu passado de violência e morte. Ele não deseja matar mais ninguém, mas é provocado por Alonso.

04 – Como o pistoleiro reage às provocações de Alonso?

      O pistoleiro inicialmente tenta ignorar as provocações de Alonso, mas depois concorda com um duelo ao nascer do sol no dia seguinte.

05 – O que é revelado sobre o destino de Alonso e sua família no final do conto?

      O conto revela que Alonso morre no duelo. Descreve também as consequências desse evento para sua família: a viúva, os filhos e suas vidas após a morte de Alonso.

06 – Qual é a ironia trágica presente no desfecho da história?

      O pistoleiro, que inicialmente sentia remorsos e não queria matar mais ninguém, acaba sendo morto por Alonso, mostrando a ironia do destino.

07 – Que reflexão sobre a falta de piedade e as consequências da violência o conto sugere?

      O conto questiona a natureza da violência e da falta de piedade, mostrando como a vingança e a brutalidade podem gerar um ciclo interminável de sofrimento e tragédia para todos os envolvidos.

 

 

domingo, 22 de outubro de 2023

CONTO: A VINGANÇA DA VELHA SENHORA (PIPOCAS) - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: A vingança da velha senhora

           PIPOCAS...

           Moacyr Scliar

        O conto começa por jovens, que toda noite se encontravam para conversar, e quase sempre eles falavam sobre sexo, sobre o colégio, política e quase sempre a evolução da humanidade, na esquina da casa de um deles havia uma ¨velha¨ casa. Esta casa estava quase toda em ruínas, a pintura estava descascada, paredes esburacadas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnYfdabt5iDvPn5vl4GPT6aLS-h1LLyc0At_O69793OWyGe4zD_MlqGc_lWnIbDa-8L0kY74LCqA_9mgzuTYawhSnVf5O_kKvIO2oXxWSWnN_3V8oayNn7QrHWqHFBmu9GR4FmXmFpmAeyU1_h5vpwqxfT8hgraaqvkB8xfcETcEu4l0CNj-ifsZWesBw/s320/CASA.jpg


        Enquanto os jovens ali sentados falando da vida chegando até de madrugada, quando começavam a circular as carroças dos padeiros, pois então os jovens ali falando e começaram a falar na velha casa, eles falaram que nessa casa havia, uma velha senhora que naquela casa morava sozinha, esquisita pela vizinhança, então entre eles mesmos começaram a falar que ela sempre andava sempre de cara feia e sempre reclamando parecendo que a vida estava de mal com ela.

        Pois essa velha senhora era tão chata, que nem os deixavam sentar nos degraus de sua velha casa, eles ficaram até tarde e foram sentar-se nos degraus de sua velha casa, quando então sentiram seus traseiros molhados, quando foram ver era água que a velha tinha jogado por debaixo da porta, então os amigos entre si resolveram deixar a velha senhora em paz e toda noite sentavam-se em frente de sua casa para bater papo.

Livro indicado PIPOCAS de Moacyr Scliar. Agradecemos a quem irá ler esse conto e desejamos uma ótima leitura...

Entendendo o conto:

01 – Onde costumavam se encontrar os jovens para conversar no início do conto?

      Os jovens costumavam se encontrar na esquina da casa de um deles.

02 – Como os jovens descreviam a aparência da velha casa na vizinhança?

      A casa estava quase toda em ruínas, com pintura descascada e paredes esburacadas.

03 – Como os jovens descreviam a personalidade da velha senhora que morava na casa?

      Os jovens a descreviam como esquisita, com um olhar carrancudo e sempre reclamando, como se a vida estivesse contra ela.

04 – Por que os jovens não gostavam da velha senhora?

      Os jovens não gostavam da velha senhora porque ela era muito chata e não permitia que eles se sentassem nos degraus de sua casa. Ela até jogou água neles quando tentaram sentar-se lá.

05 – O que os jovens decidiram fazer para evitar conflitos com a velha senhora?

      Para evitar conflitos com a velha senhora, os jovens decidiram não se sentar nos degraus de sua casa e, em vez disso, sentavam-se em frente à sua casa para conversar.

06 – Qual era o título do livro em que esse conto foi encontrado?

      O conto "A Vingança da Velha Senhora" faz parte do livro "PIPOCAS" de Moacyr Scliar.

07 – Como os jovens se comportaram em relação à velha senhora depois de serem alvo de sua vingança?

      Após serem alvo da vingança da velha senhora, os jovens decidiram deixá-la em paz e continuaram se encontrando em frente à sua casa todas as noites para conversar.

CRÔNICA: NO MUNDO DAS LETRAS - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Crônica: No Mundo das Letras

                Moacyr Scliar

        Vem à livraria nas horas de maior movimento, mas isso, já se sabe, é de propósito: facilita-lhe o trabalho. Rouba livros. Faz isso há muitos anos, desde a infância, praticamente. Começou roubando um texto escolar que precisava para o colégio: foi tão fácil que gostou; e passou a roubar romances de aventura, livros de ficção científica, textos sobre arte, política, ciência, economia. Aperfeiçoou tanto a técnica que chegava a furtar quatro, cinco livros de uma vez. Roubou livros em todas as cidades por onde passou. Em Londres, uma vez, quase o pegaram; um incidente que recorda com divertida emoção.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaYHscdRocjtUib3dsdQHa0oN0Vl9iBUjSQLz0q_vDb2M9nZtIvutMM7Amcu5BU__eg9WjAasM8-fr3RQe9vfGQEbvfuDtrQ1FmgSe8kq0u7C6m4HHuSB_Xrm1Cr2CtU5aC37vk-c0jPleskHHhZBoifTHKdWIAU-cefDrvqKB-B54_a4AjUMtcq7Rq6g/s1600/LIVRARIA.jpg


        No início, lia os livros que roubava. Depois, a leitura deixou de lhe interessar. A coisa era roubar por roubar, por amor à arte; dava os livros de presente ou simplesmente os jogava fora. Mas cada vez tinha menos tempo para ir às livrarias; os negócios o absorviam demais. Além disso, não podia, como empresário, correr o risco de um flagrante. Um problema – que ele resolveu como resolve todos os problemas, com argúcia, com arrojo, com imaginação. Zás! Acabou de surrupiar um. Nada de espetacular nessa operação: simplesmente pegou um pequeno livro e o enfiou no bolso. Olha para os lados; aparentemente ninguém notou nada. Cumprimenta-me e se vai.

        Um minuto depois retorna. Como é que me saí, pergunta, não sem ansiedade. Perfeito, respondo, e ele sorri, agradecido. O que me deixa satisfeito; elogiá-lo é não apenas um ato de compaixão, é também uma medida de prudência. Afinal, ele é o dono da livraria.

SCLIAR, Moacyr. No Mundo das Letras. In: SCLIAR, Moacyr; FONSECA, Rubem; MIRANDA, Ana. Pipocas. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

Entendendo a crônica:

01 – Moacyr Scliar, autor da crônica “No Mundo das Letras”, é gaúcho e ganhou alguns prêmios, tais como Prêmio Jabuti e Prêmio José Lins do Rego. Atente para as seguintes afirmações sobre o autor:

 I. O estilo de Moacyr Scliar é leve e irônico.

II. O autor faz parte da literatura contemporânea.

III. Os textos de Moacyr Scliar são diretos e com escrita simples.

Está correto o que se afirma em:

A) I e II apenas.

B) I, II e III.

C) I e III apenas. 

D) II e III apenas.

      A correta é a letra B.

02 – Quem é o protagonista da crônica e qual é o seu hábito peculiar?

      O protagonista da crônica é um homem que frequenta uma livraria movimentada e tem o hábito de roubar livros.

03 – Como e quando o protagonista começou a roubar livros?

      O protagonista começou a roubar livros na infância, começando com um texto escolar que ele precisava para a escola.

04 – Por que o protagonista roubava livros?

      Inicialmente, o protagonista roubava livros para uso pessoal, mas com o tempo a leitura deixou de lhe interessar. Ele passou a roubar por amor à arte e dava os livros de presente ou simplesmente os jogava fora.

05 – Como o protagonista aprimorou suas habilidades de roubo de livros?

      O protagonista aprimorou suas habilidades a ponto de conseguir furtar quatro ou cinco livros de uma só vez.

06 – Onde o protagonista roubou livros ao longo de sua vida?

      O protagonista roubou livros em várias cidades por onde passou, incluindo Londres.

07 – Por que o protagonista parou de roubar livros da maneira convencional em livrarias?

      O protagonista parou de roubar livros de livrarias convencionais porque seu tempo se tornou escasso devido aos negócios, e ele não podia arriscar um flagrante como empresário.

08 – Qual é a reviravolta surpreendente no final da crônica?

      No final da crônica, o leitor descobre que o protagonista é o dono da livraria, surpreendendo o narrador e demonstrando sua habilidade de roubar um livro da própria loja sem ser notado.