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sexta-feira, 28 de março de 2025

POEMA: SE SE MORRE DE AMOR! - FRAGMENTO - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

 Poema: Se se morre de amor! – Fragmento

             Gonçalves Dias

Se se morre de amor! — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWRwUIPa_ibYBfPShcj65mTJyK4opryyk2flO7hqIDpdcOFuu7tW44JW4nOwHyJfl2p6BpwYxGAVXw6zyWPR8oApr4kpjVvqp0lEkWSj11N-Mh33xEGmceb_wrkRXDewZOb1kXN2U4h0kHaTgpaOeFn0I9NjG1NSHFx1AVC_hs3LPb8GT8gzj5o6fIWDI/s320/maxresdefault.jpg



Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
N’um engano d’amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem!
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D’amor igual ninguém sucumbe à perda.

Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração — abertos,
Ao grande, ao belo; é ser capaz d’extremos,
D’altas virtudes, té capaz de crimes!
Compreender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;

E á branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso é amor, e desse amor se morre!

[...]

DIAS, Gonçalves. Se se morre de amor!. In: Poesia brasileira, p. 27.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 174-175.

Entendendo o poema:

01 – Qual a visão inicial do poeta sobre a morte por amor?

      O poeta inicialmente nega a possibilidade de morrer por amor, descrevendo o que ele considera ser uma mera "fascinação" passageira.

02 – Como o poeta descreve a "fascinação" que pode ser confundida com o amor?

      O poeta descreve a "fascinação" como algo que surge em ambientes festivos, sob a influência de luzes, música e beleza superficial, um engano que se desfaz com o fim da festa.

03 – Qual a diferença entre "fascinação" e o verdadeiro amor, segundo o poeta?

      A "fascinação" é vista como um delírio passageiro, enquanto o verdadeiro amor é descrito como uma experiência profunda e intensa, que abrange tanto a alegria quanto a dor.

04 – Quais as características do verdadeiro amor, de acordo com o poema?

      O verdadeiro amor é descrito como vida, capaz de extremos, conectado à natureza e a Deus, e que pode levar tanto à felicidade quanto à tristeza profunda.

05 – Como o poeta descreve a intensidade do verdadeiro amor?

      O poeta descreve o verdadeiro amor como uma experiência que pode levar à morte, tamanha a sua intensidade e profundidade.

06 – Qual a mensagem principal do poema em relação ao amor?

      A mensagem principal do poema é que o amor verdadeiro é uma experiência complexa e intensa, que vai além da paixão superficial e pode levar a extremos emocionais.

07 – De que forma Gonçalves Dias utiliza a linguagem para expressar a diferença entre "fascinação" e amor?

      Gonçalves Dias utiliza uma linguagem rica em contrastes e paradoxos, contrapondo a superficialidade da "fascinação" à profundidade e intensidade do verdadeiro amor, através de descrições detalhadas e emotivas.

 

 

POEMA: O AEROPLANO - LUÍS ARANHA - COM GABARITO

 Poema: O aeroplano

             Luís Aranha

Quisera ser um ás para voar bem alto

Sobre a cidade de meu berço!

Bem mais alto que os lamentos bronze

Das catedrais catalépticas;

Muito rente do azul quase a sumir no céu

Longe da casaria que diminui

Longe, bem longe deste chão de asfalto...

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnK5XCodG7QLJWj_kRmW5fSPkVmODUnYqhpuOD7XEm1LdgR9pJYyzyMVUiwkJD-jQbHadRSudl1gZSvR6CyIjQv35ZFMDvA5xxeeJVMfdRcmvBf6LCFtnjfPj47iT62CM21kZyqEnZEydfwRqv4Tm9LsB1H8ruiILchhMC5HCqNI2WXgb0YigPO_r_tEA/s1600/AEROPLANO.jpg

Eu quisera pairar sobre a cidade!...

 

O motor cantaria

No anfiteatro azul apainelado

A sua roncante sinfonia...

Oh! voar sem pousar no espaço que se estira

Meu, só meu;

Atravessando os ventos assombrados

Pela minha ousadia de subir

Até onde só eles atingiram!...

 

Girar no alto

E em rápida descida

Cair em torvelinhos

Como ave ferida...

 

Dar cambalhotas repentinas

Loopings fantásticos

Saltos mortais

Como um atleta elástico de aço

 

O ranger rascante do motor...

No anfiteatro com painéis de nuvens

Tambor...

 

Se um dia

O meu corpo escapasse ao aeroplano,

Eu abriria os braços com ardor

Para o mergulho azul na tarde transparente...

Como seria semelhante

A um anjo de corpo desfraldado

Asas abertas, precipitado

Sobre a terra distante...

 

Riscando o céu na minha busca

Rápida e precisa,

Cortando o ar em êxtase no espaço

Meu corpo cantaria,

Sibilando

A sinfonia da velocidade.

 

E eu tombaria

Entre os braços abertos da cidade...

 

Ser aviador para voar bem alto!

ARANHA, Luís. Cocktails. Org. por Nelson Archer e Raul Moreira Leite. São Paulo, Brasiliense, 1984. p. 95-96.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 301-302.

Entendendo o poema:

01 – Qual o desejo do eu lírico no poema?

      O eu lírico expressa o desejo de ser um aviador para voar alto sobre a cidade onde nasceu.

02 – Como o eu lírico descreve a cidade vista de cima?

      A cidade vista de cima parece diminuir, e o eu lírico deseja se afastar do "chão de asfalto", buscando a vastidão do céu azul.

03 – Qual a comparação feita com o som do motor do avião?

      O som do motor é comparado a uma "roncante sinfonia" em um "anfiteatro azul apainelado", que seriam as nuvens.

04 – Que sensações o eu lírico imagina ao voar?

      O eu lírico imagina a sensação de liberdade, de atravessar os ventos e de realizar manobras radicais no ar, como "loopings fantásticos" e "saltos mortais".

05 – Qual a imagem utilizada para descrever a queda do corpo do eu lírico do avião?

      A queda do corpo é comparada à de um "anjo de corpo desfraldado", com "asas abertas", precipitando-se sobre a terra.

06 – Como o eu lírico descreve a sensação de velocidade durante o voo?

      O corpo do eu lírico "cantaria" e "sibilando a sinfonia da velocidade", expressando o êxtase de cortar o ar no espaço.

07 – Qual o destino final do eu lírico no poema?

      O eu lírico imagina tombar "entre os braços abertos da cidade", sugerindo uma união poética entre o homem e seu local de origem.

 

 

domingo, 23 de março de 2025

POEMA: DEBUSSY - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema: Debussy

             Manuel Bandeira

Para cá, para lá...
Para cá, para lá...
Um novelozinho de linha...
Para cá, para lá...
Para cá, para lá...
Oscila no ar pela mão de uma criação
(Vem e vai...)
Que delicadamente e quase a adormecer o balança
— Psiu... —
Para cá, para lá...
Para cá e...
— O novelozinho caiu.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYEXJ1K-oZhPwSzIf-ld7WYQmSZiiLPoRXPry4rfWr8j-W-s-kkM_TR-bD4kDcLAmm3NsTlr3xvogvopTI0M4sXbWZRNRTE_rO4yVNkQYC3X4WamPH0fNP4RZQ6TFQvlkG6CI5ukJfzsB4NqMDdnYNEjC_PHwLi-FrjP-pt039NdUBZWfaALPw3ka0O30/s320/gato_novelo.jpg


Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. p. 64.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 351.

Entendendo o poema:

01 – Qual a atmosfera predominante no poema?

      A atmosfera predominante é de delicadeza e fragilidade, evocada pela imagem do novelo de linha oscilando no ar e pela referência à música de Debussy, conhecida por sua sutileza e nuances.

02 – Qual a importância da sonoridade no poema?

      A sonoridade é essencial, com a repetição dos sons "para cá, para lá" criando um ritmo suave e hipnótico, que imita o movimento do novelo e a melodia da música.

03 – Qual o significado da expressão "criação" no poema?

      A "criação" pode ser interpretada como uma figura feminina, talvez uma criança ou uma musa, que manipula o novelo com delicadeza, como se estivesse criando uma melodia ou um momento de beleza efêmera.

04 – Como o poema dialoga com a música de Debussy?

      O poema busca capturar a essência da música de Debussy, conhecida por sua atmosfera onírica e pela exploração de sonoridades sutis e delicadas. A repetição e a simplicidade das palavras remetem à musicalidade do compositor francês.

05 – Qual a interpretação possível para a queda do novelo no final do poema?

      A queda do novelo pode simbolizar a fragilidade da beleza e a brevidade dos momentos de encantamento. Ela também pode representar o fim de um sonho ou de uma melodia, deixando um rastro de silêncio e melancolia.

 

 

POEMA: UM SONHO - FRAGMENTO - EUGÊNIO DE CASTRO - COM GABARITO

 Poema: Um Sonho – Fragmento

             Eugênio de Castro

Na messe , que enlourece, estremece a quermesse...
O sol, celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo a fina flor dos fenos...

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvNPVuLfI6VD-JA9embvWDTZpskK_bjRdsyUN8OFzpcUuGGmJZrHuHGC5oYcvpzpjngj-Fk747VO4Q-3ch1EwLCm5mNFQAf3JDhs0675oZq44Gnz1s5B09OaiXkyBSoS0Wyv-pKo1gLvWjG41omdqmFa_M1ga8LGBsx4KlIwUDnYm0iN0R9dE1jEaGzIE/s1600/FLOR.jpg



As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crótalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em Suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves
Suaves...

Flor! enquanto na messe estremece a quermesse
E o sol, o celestial girassol, esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos...

Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...

[...]

Eugênio de Castro. Apub: AMORA, A. Soares. Presença da literatura portuguesa. 4. ed. São Paulo: Difei, 1974. p. 38-39.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 360.

Entendendo o poema:

01 – Qual a atmosfera predominante no poema?

      A atmosfera predominante é onírica e decadente, com elementos sensoriais intensos que evocam um ambiente de festa noturna em declínio.

02 – Qual a importância da sonoridade no poema?

      A sonoridade é essencial, com a repetição de sons como "s", "l" e "m" criando um ritmo musical e hipnótico, que contribui para a atmosfera de sonho e encantamento.

03 – Quais imagens sensoriais se destacam no poema?

      As imagens sensoriais que se destacam são visuais (o sol esmorecendo, as estrelas brilhando), auditivas (o som dos instrumentos musicais) e olfativas (a flor dos fenos), criando uma experiência sensorial completa para o leitor.

04 – Qual o significado da expressão "celestial girassol" em relação ao sol?

      A expressão "celestial girassol" personifica o sol, comparando-o a uma flor gigante que acompanha o movimento do céu, reforçando a ideia de um ambiente mágico e onírico.

05 – Qual a interpretação possível para o convite de fuga no final do fragmento?

      O convite de fuga pode representar o desejo de escapar da realidade decadente e encontrar refúgio em um mundo de beleza e sonho, simbolizado pela "flor dos floridos fenos".

 

 

POEMA: FÁBULA DE UM ARQUITETO - JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO

 Poema: Fábula de um Arquiteto

             João Cabral de Melo Neto

A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqt6LhYMEA6jUrnC4u2V2kVnctg3i1a5GpQ4-j6vy4OI4tfEwEh2I_0KaP7xpdeoyVpQy4DQOrijx1d5f-vEf3kIz-PyfqR5KRAZTA3xfqRVayPBmmut_6_89g5bIvscbCr_a4vmUbO_Siav6lwfxb5GK1t1vrfDr_mxiKIcQ0FSDUab0zZsq3CJbqInI/s320/O-que-faz-um-arquiteto.jpg



Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.

João Cabral de Melo Neto. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 345-346.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 362.

Entendendo o poema:

01 – Qual a metáfora central do poema e o que ela representa?

      A metáfora central é a da arquitetura como construção de "portas", representando a criação de espaços de abertura, liberdade e comunicação entre os homens. O poema contrasta essa visão com a arquitetura de "muros", que simboliza o isolamento e a opressão.

02 – Como o poema descreve a mudança na visão do arquiteto?

      Inicialmente, o arquiteto é idealista, buscando criar espaços que promovam a liberdade e a razão. No entanto, ele se torna amedrontado pela própria liberdade que criou e passa a construir espaços fechados e opressivos, revertendo ao isolamento.

03 – Qual a crítica social presente no poema?

      O poema critica a tendência humana de buscar segurança e controle, mesmo que isso signifique sacrificar a liberdade e a comunicação. Ele aborda a relação entre poder e espaço, mostrando como a arquitetura pode ser usada para oprimir ou libertar.

04 – Qual a importância da linguagem concreta e precisa no poema?

      João Cabral de Melo Neto utiliza uma linguagem precisa e objetiva, com termos técnicos de arquitetura, para construir a metáfora e transmitir sua mensagem de forma clara e concisa. Essa escolha estilística reforça a ideia de que a poesia pode ser construída com a mesma precisão de uma obra arquitetônica.

05 – Qual a interpretação possível para o final do poema, com a imagem do homem como "feto" em uma "capela útero"?

      O final do poema sugere um retorno ao estado de dependência e segurança, onde o homem se refugia em um espaço fechado e controlado, abdicando da liberdade e da autonomia. Essa imagem pode representar a busca por conforto e proteção, mesmo que isso signifique abrir mão da individualidade.

 

 

POEMA: A SANTA INÊS - FRAGMENTO - JOSÉ DE ANCHIETA - COM GABARITO

 Poema: A Santa Inês – Fragmento

             José de Anchieta

I

Cordeirinha linda,
como folga o povo
porque vossa vinda
lhe dá lume novo!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwZtWbR_ZMmlye1dqbxUxKfBiSQAox7haST8oAlcVuhLFIKpzky_G76I13aokT1rMwL50YsM90J9dWnWnl2wihEkdA8ID_cVeh7uE7CzxHyaTMQb2qcqMc4v8_Oncx7SXNTLbF3uZZ97olaAA2KwsQkbU0hP73b21sMDbEA4UpxlJQByuOsKZcTrjxDsY/s320/INES.jpg


Cordeirinha santa,
de Iesu querida,
vossa santa vinda
o diabo espanta.

Por isso vos canta,
com prazer, o povo,
porque vossa vinda
lhe dá lume novo.

Nossa culpa escura
fugirá depressa,
pois vossa cabeça
vem com luz tão pura

Vossa formosura
honra é do povo,
porque vossa vinda
lhe dá lume novo.

Virginal cabeça
pola fé cortada,
com vossa chegada,
já ninguém pereça.

Vinde mui depressa
ajudar o povo,
pois com vossa vinda
lhe dais lume novo.

Vós sois, cordeirinha,
de Iesu formoso,
mas o vosso esposo
já vos fez rainha.

Também padeirinha
sois de nosso povo,
pois, com vossa vinda,
lhe dais lume novo.

[...].

José Anchieta. Poesias. Transcrição, trad. e notas de Martins, M. L. de Paula. São Paulo, Museu Paulista, 1954. p. 381.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 135.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a figura central do poema e como ela é retratada?

      A figura central é Santa Inês, retratada como uma "cordeirinha linda" e "santa", associada à pureza, à fé e à luz divina.

02 – Qual é o efeito da chegada de Santa Inês sobre o povo, segundo o poema?

      A chegada de Santa Inês traz "lume novo" ao povo, ou seja, luz e esperança, afastando a "culpa escura" e espantando o diabo.

03 – Qual é o significado da imagem da "cabeça cortada" de Santa Inês?

      A imagem remete ao martírio de Santa Inês, que foi decapitada por sua fé. No poema, esse sacrifício é visto como um ato de redenção que impede a perdição do povo.

04 – Como Santa Inês é relacionada a Jesus Cristo no poema?

      Santa Inês é chamada de "cordeirinha de Iesu formoso", estabelecendo uma ligação com Jesus, o cordeiro de Deus. Além disso, ela é considerada esposa de Jesus, que a fez rainha.

05 – Qual é o papel de Santa Inês em relação ao povo, segundo o poema?

      Santa Inês é vista como protetora e auxiliadora do povo, trazendo luz, esperança e salvação. Ela é chamada de "padeirinha", o que significa que ela é responsável por prover o pão da vida para o povo.

06 – Quais são os principais temas abordados no poema?

      Os principais temas são a fé cristã, o martírio, a pureza, a redenção e a proteção divina.

07 – Qual é o tom geral do poema e qual é o seu objetivo?

      O tom geral do poema é de louvor e devoção. O objetivo é celebrar a figura de Santa Inês, exaltar suas virtudes e pedir sua intercessão em favor do povo.

 

 

POEMA: POEMA BRASILEIRO - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Poema brasileiro

             Ferreira Gullar

No Piauí de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSXOSNuhcbqkn9mCJNsVOgWetCAYqtM7W1_FmQuKYuroMUj5pcEPDva51ENSkdmxubE-D8RW2apufqXruk6GalgTQC8AznUQPdi34E46c1s75HaTmuWMRjgMnPZJnSTm-m1X1Lad_9bt03T1QYSsG2_sZoWtSNlaHvEEQWkmIjas7GeU4c4kFpvdpzK9E/s320/PI-taxa-mortalidade-infantil-2019.png


No Piauí
de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade.

No Piauí
de cada 100 crianças
que nascem
78 morrem
antes
de completar
8 anos de idade.

antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade

Ferreira Gullar. “Poema brasileiro”. In: Toda poesia (1950/1980). São Paulo, Círculo do Livro, 1982. p. 221.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 24.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema aborda a alta taxa de mortalidade infantil no Piauí, destacando a dura realidade enfrentada por muitas crianças na região.

02 – Qual efeito a repetição da frase "antes de completar 8 anos de idade" causa no leitor?

      A repetição intensifica o impacto da estatística, enfatizando a fragilidade da vida das crianças e a tragédia da mortalidade infantil precoce.

03 – Qual é a mensagem que o poeta busca transmitir com este poema?

      O poeta busca denunciar a desigualdade social e a precariedade das condições de vida que levam a essa alta taxa de mortalidade, buscando gerar indignação e conscientização.

04 – Qual é a importância do número "78" no poema?

      O número "78" representa a alarmante estatística de crianças que morrem antes dos 8 anos no Piauí, sendo o ponto central da denúncia do poema.

05 – De que forma o poeta usa a linguagem para reforçar a mensagem do poema?

      O poeta utiliza uma linguagem direta e concisa, com repetições e quebras de verso, para criar um ritmo que enfatiza a gravidade da situação e impacta o leitor.

 

 

terça-feira, 18 de março de 2025

POEMA: LUA - LUÍS ALBERTO CALDERÓN - COM GABARITO

 Poema: LUA

             Luís Alberto Calderón

Lua, farol que voa

Estância

onde se aninham

e dormem os luzeiros,

Coalho de leite, alvorada

dos anjos

tecendo a madrugada,

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDYoE9ktRl-UPpeATOeYsfkvgXcmbGjLiIl3T4hWLF7OfND_al0NnL9NZd7sjbPBHqSYm9JX74psyfoPWnGHuQYsPl7-iZwhjVVQpsPRxGhuQMf5EB89Ip9c4L-OihPLIzZtRjR8e4MYI0WAFJmSOkiT8nNYPBgghO3R78hw4qMiLuyOkpMTkoqFOfxFw/s1600/LUA.jpg


Branca cravina

de noites solitárias;

bússola do viajante,

rio de leite

que desce

ao monte para abeberar o gado.

Lágrima de prata

que Deus derramou um dia

quando sonhava.

Luís Alberto Calderón/Cerbalc. Lua. Poemas com sol e sons, com autorização da editora Melhoramentos. Trad. Yolanda Serrano Meana. São Paulo: Melhoramentos, 2000. p. 53.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 250.

Entendendo o poema:

01 – Quais são as principais metáforas utilizadas no poema para descrever a lua?

      O poema utiliza diversas metáforas para descrever a lua, como "farol que voa", "estância onde se aninham e dormem os luzeiros", "coalho de leite", "branca cravina de noites solitárias", "bússola do viajante", "rio de leite" e "lágrima de prata". Essas metáforas exploram diferentes aspectos da lua, desde sua luminosidade e beleza até seu papel como guia e fonte de inspiração.

02 – O poema apresenta uma descrição poética da Lua. Essa descrição é positiva ou negativa?

      O eu lírico apresenta um olhar positivo sobre a Lua, pois ela é apresentada como aquela que oferece descanso aos luzeiros, ilumina as noites solitárias, norteia o viajante, sacia o gado e é fruto de algo divino.

03 – Qual é a relação entre a lua e a natureza no poema?

      A lua é apresentada como um elemento integrado à natureza, interagindo com outros elementos como os "luzeiros", a "madrugada", o "monte" e o "gado". Essa relação é reforçada pelas metáforas que comparam a lua a elementos naturais, como "coalho de leite" e "rio de leite".

04 – Que tipo de palavra é mais frequente no poema: oxítona, paroxítona ou proparoxítona?

      São palavras paroxítona.

05 – Copie, do texto, as paroxítonas que foram acentuadas graficamente. Depois, escreva qual é a terminação dessas paroxítonas.

      Estância, solitárias. -ia, -ias.

06 – Identifique as proparoxítonas presentes no poema.

      Bússola, lágrima.

07 – Qual é a interpretação da última metáfora do poema: "Lágrima de prata que Deus derramou um dia quando sonhava"?

      A última metáfora sugere que a lua é uma criação divina, uma expressão dos sonhos de Deus. A "lágrima de prata" evoca a beleza e a preciosidade da lua, além de transmitir uma sensação de melancolia e contemplação.

 

 

POEMA: CONJUGAÇÃO - AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA - COM GABARITO

 Poema: Conjugação

             Affonso Romano de Sant’Anna 

Eu falo

tu ouves

ele cala.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1zzQdRD7Eq_JXhj3wXHQDWF6HQDxVnSwYnJyhwetJvA2mVlx4XWVBk-W-cxtB2XZHUwz87ndhOUNDo_zP2SKWuztaCJmEait-3Wyaok_RuC6uX0-aX3nHq7ss74iTeEJNHohPM4XUUfw3uTVkKEAAbOnefXf7umBbVg7QYkqLS6_3dNTN5dGbSsDl54A/s1600/CONJUGA%C3%87%C3%83O.jpg

Eu procuro

tu indagas

ele esconde.

 

Eu planto

tu adubas

ele colhe.

 

Eu ajunto

tu conservas

ele rouba.

 

Eu defendo

tu combates

ele entrega.

 

Eu canto

tu calas

ele vaia.

 

Eu escrevo

tu me lês

ele apaga.

SANT’ANNA, Affonso Romano de. Conjugação. In: _______. Intervalo amoroso e outras poesias. Porto Alegre: L&PM, 1999. (Coleção L&PM Pocket).

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 209.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema explora as diferentes ações e reações entre três pessoas, representadas pelos pronomes "eu", "tu" e "ele". Cada estrofe apresenta uma sequência de verbos conjugados que contrastam as atitudes de cada um.

02 – Como as ações do "eu" e do "tu" se diferenciam das ações do "ele"?

      O "eu" e o "tu" geralmente representam ações positivas e construtivas, como falar, procurar, plantar, ajuntar, defender e cantar. Em contraste, o "ele" representa ações negativas e destrutivas, como calar, esconder, roubar, entregar e vaiar.

03 – Qual é o efeito da repetição dos pronomes e da estrutura das estrofes?

      A repetição dos pronomes e a estrutura similar das estrofes enfatizam o contraste entre as ações dos personagens e criam um ritmo que reforça a mensagem do poema.

04 – O que a última estrofe revela sobre a relação entre os personagens?

      A última estrofe ("Eu escrevo, tu me lês, ele apaga") sugere uma relação de poder desigual, onde o "ele" tem a capacidade de anular o trabalho do "eu", mesmo com a cumplicidade do "tu".

05 – Qual é a possível interpretação da mensagem do poema?

      O poema pode ser interpretado como uma reflexão sobre as relações humanas, onde nem sempre há reciprocidade e justiça. Também pode ser visto como uma crítica social, onde as ações positivas de alguns são frequentemente anuladas pelas ações negativas de outros.

POEMA: NO ANO 3000 - ROSEANA MURRAY - COM GABARITO

 Poema: NO ANO 3000

             Roseana Murray

No ano 3000
os homens já vão ter
se cansado das máquinas
e as casas serão novamente românticas.
O tempo vai ser usado sem pressa:

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhebEd-pc15KyY6_HorjaYKur9DuzDg6uvuu27PvF3QSW2-fPkAoXdDihdmVBtlULxFmXKaip-Ookk1ZJl0UFNzIDb8GjKq059fsGSHf6xRC-htzn4izcgRw9AnDAJtdrl6kksOd7kIV7li4RMC7i7hVlGoJJ-DI8h4Zg_YGSru8Im34RjSc8FEB1w5TTw/s320/GERANIOS.jpg


gerânios enfeitarão as janelas,
amigos escreverão longas cartas.
Cientistas inventarão novamente
o bonde, a charrete.
Pianos de cauda encherão as tardes de música
e a Terra flutuará no céu
Muito mais leve, muito mais leve.

Roseana Murray. No ano 3000.In: ______. Casas. Belo Horizonte: Formato Editorial, 1994. p. 14.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 231.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a principal mudança que o poema prevê para o ano 3000?

      O poema prevê que os homens estarão cansados das máquinas e buscarão um estilo de vida mais romântico e lento.

02 – Como o tempo será utilizado no ano 3000, de acordo com o poema?

      O tempo será usado sem pressa, permitindo que as pessoas apreciem coisas simples como cultivar gerânios e escrever longas cartas.

03 – Quais invenções do passado os cientistas do ano 3000 irão resgatar?

      Os cientistas irão reinventar o bonde e a charrete, trazendo de volta meios de transporte mais lentos e charmosos.

04 – Qual será a atmosfera das tardes no ano 3000?

      As tardes serão preenchidas com a música de pianos de cauda, criando um ambiente mais cultural e relaxante.

05 – Como a Terra será no ano 3000, segundo o poema?

      A Terra flutuará no céu muito mais leve, simbolizando um mundo com menos peso de preocupações e problemas.

 

POEMA: NÃO - JOSÉ DE NICOLA - COM GABARITO

 Poema: NÃO

             José de Nicola

Não corra!

Não pule!

Não grite!

Não me amole!

Não coma de boca aberta!

Não faça isso!

Não faça aquilo!

-- Chega!...

Não quero mais ouvir essa palavra!

--Oh! Não... eu também falei...

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAaGqMArkyaB7iCuMuHLHt72c6qTsFIRvLjl5s9bXiSlpOSxDYGbh8hAaceEXDKlX11fZda0-0cBiQ80KnwSnHdAZUDp5i6DHM0pPkwcBoV5ONG9LGMbiw9gyGRS-5uQ393MrmXAFbpZxszZUcyohKe9O4-SqP_WHzBuzU3AzVGM5QXV2qfP69LKGbQGU/s1600/images.jpg


José de Nicola. Não. In: _______. Alfabetário. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2002. p. 29. (Hora da Fantasia).

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 249.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema principal do poema?

      O poema aborda a frustração e o cansaço de uma pessoa diante de uma série de proibições e ordens, expressas repetidamente pela palavra "não".

02 – Qual é o efeito da repetição da palavra "não" no poema?

      A repetição da palavra "não" cria um ritmo monótono e sufocante, transmitindo a sensação de opressão e irritação que o eu lírico sente.

03 – O que o verso "Chega!... Não quero mais ouvir essa palavra!" revela sobre o estado emocional do eu lírico?

      Esse verso revela que o eu lírico atingiu o limite da sua paciência e está exausto de tantas proibições. Ele expressa um desejo de liberdade e autonomia.

04 – Qual é o significado do último verso do poema: "Oh! Não... eu também falei..."?

      O último verso revela um toque de ironia e humor. O eu lírico, que se queixava de ouvir a palavra "não", acaba usando-a também, mostrando como essa palavra está presente em nosso dia a dia.

05 – O eu lírico reproduz discursos que ouvimos em nosso dia a dia. Quem normalmente diz essas frases?

      Representa a fala de um adulto (pai, mãe, tios, avós). Ordenando ações a uma criança.

06 – Ao expor essas ideias, o eu lírico também acaba agindo de maneira parecida. Como isso acontece?

      Apesar de criticar essas ações imperativas negativas, o eu lírico também as realiza.

07 – O poema foi construído em torno de um advérbio. Transcreva-o e classifique-o.

      Não. Advérbio de negação.