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quarta-feira, 17 de abril de 2024

POEMA: MORALIZA O POETA NOS OCIDENTES DO SOL A INCONSTÂNCIA DOS BENS DO MUNDO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo

             Gregório de Matos

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMRJoeTMcLFpz4kWEOEKet1qBzeZR0qrdj6IJJdzpPej_18JQEI8T5zquwROlHfhbyrHYMkicFfSIYBVXUmSmojghh6U-wi-BSnKUW4Lo0iAPYUWu0kKfuWNpKWxq73z7z2wI83jFhk6_jUFnsnhnTAJ73pYMqGpC9c8wJ6tyAF1X5WWpfAf6CqgzWMe8/s320/sol.jpg



Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Sel. E Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 336.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 88-89.

Entendendo o poema:

01 – O poema é construído com base em antíteses, empregadas para mostrar a transformação de tudo em seu contrário. O que é tematizado nesse poema?

      A inconstância dos “bens da natureza”.

02 – O eu lírico propõe ao leitor uma provocativa questão filosófica: como ser feliz em um mundo em que todas as coisas se acabam, têm fim? O que você responderia a ele?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Explique o paradoxo que fecha o poema “A firmeza somente na inconstância”.

      A única certeza possível é de que tudo é inconstante.

04 – Qual é a reflexão central do poema "Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo" de Gregório de Matos?

      O poema reflete sobre a transitoriedade e instabilidade dos bens e prazeres mundanos, questionando por que a beleza, a luz e a alegria são efêmeras e inconsistentes.

05 – Como o poeta caracteriza a natureza passageira dos elementos como o Sol, a Luz, a formosura e a alegria?

      O poeta descreve esses elementos como efêmeros e sujeitos à constante mudança, sugerindo que sua beleza e alegria são seguidas inevitavelmente por sombras e tristezas.

06 – Qual é a ironia expressa pelo poeta ao abordar a natureza fugaz da beleza e da alegria?

      O poeta ironiza a brevidade da beleza e da alegria ao questionar por que essas qualidades existem se são tão transitórias, destacando a contradição entre sua atratividade e sua falta de permanência.

07 – Como o poema relaciona a inconstância dos bens do mundo com a experiência humana?

      O poema conecta a inconstância dos elementos naturais com a condição humana, sugerindo que a vida é marcada pela transitoriedade e pela falta de estabilidade nos prazeres e conquistas terrenas.

08 – Qual é a mensagem moral implícita na reflexão do poeta sobre a instabilidade dos bens materiais e emocionais?

      A mensagem moral é que os seres humanos devem aceitar a impermanência dos prazeres mundanos e buscar uma compreensão mais profunda da existência para encontrar uma verdadeira estabilidade além das mudanças passageiras do mundo.

 

POEMA: ACHANDO-SE UM BRAÇO PERDIDO DO MENINO DEUS - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Achando-se um braço perdido do Menino Deus

             Gregório de Matos

          ACHANDO-SE UM BRAÇO PERDIDO DO MENINO DEUS DE N. S. DAS MARAVILHAS, QUE DESACATARAM INFIÉIS NA SÉ DA BAHIA

 

O todo sem a parte não é todo,

A parte sem o todo não é parte,

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga, que é parte, sendo todo.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ0-2i7Z8G7hWriJd_zfkOO44S25o3u87bpFhP5tpL9ovrpoKaajKAKTTaN6mu45M99avFWEKjE1OxBQSmr-N3WD-uPzTYej9u484Yr64l4KyLo3qIThi4CyzEOGJZkcKJw-GtjL7QwfiPfbPCDn_ZKGXQqFSfoqSSQlN1XkN5g_Y-hGL1NwDTZ2oW8bY/s320/menino-jesus.jpg

Em todo o Sacramento está Deus todo,

E todo assiste inteiro em qualquer parte,

E feito em partes todo em toda a parte,

Em qualquer parte sempre fica o todo.

 

O braço de Jesus não seja parte,

Pois que feito Jesus em partes todo,

Assiste cada parte em sua parte.

 

Não se sabendo parte deste todo,

Um braço, que lhe acharam, sendo parte,

Nos disse as partes todas deste todo.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Sel. E Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 326.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 97-98.

Entendendo o poema:

 01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Sacramento: ritual cristão feito com o intuito de confirmar a fé dos homens em Deus.

·        Assiste: cuida.

02 – Por que Gregório de Matos dedica seu poema ao braço da estátua e não à figura inteira do Menino Jesus?

      Porque o braço da estátua não representa uma parte dela, mas um todo. Dessa forma, o braço representa o Menino Jesus, e não uma parte dele.

03 – A qual figura de linguagem você associaria o poema? Como você chegou a essa conclusão?

      Podemos associar o poema à metonímia porque o poeta utiliza uma parte para representar um todo.

04 – No quarteto inicial do poema, faz-se um complexo jogo com as palavras parte e todo.

a)   Coloque o primeiro verso em ordem direta e explique-o sucintamente.

O todo não é todo sem a parte. Para o todo ser todo, uma unidade, não poderá faltar nele a parte.

b)   No segundo verso, afirma-se que, sem o todo, isto é, isolada, a parte não é, de fato, uma parte. Nesse caso, o que seria ela?

Ela seria o próprio todo, pois não havendo um todo que ela pudesse compor, não haveria a parte. Dessa forma, o pedaço constituiria um todo.

c)   O que se pode concluir a partir da leitura dos dois últimos versos do primeiro quarteto?

Se o “todo” é formado pela “parte”, conclui-se que a “parte” é o “todo”, ou seja, o braço da imagem encontrado não é simplesmente uma parte dela, mas ela toda.

05 – Releia o poema e, retomando as estrofes, explique de que maneira cada uma delas se articula à conclusão feita no primeiro quarteto.

      Segundo quarteto: da mesma maneira que a “parte” é o “todo”, cada um dos Sacramentos católicos – partes – constituem o todo da fé em Deus. Primeiro terceto: o braço de Jesus não pode ser visto como “parte”, pois ele, mesmo estando estilhaçado em partes, foi feito “todo”. Segundo terceto: o braço não se sabe parte de um todo, por isso “diz”, como se fosse um todo, a fé cristã do povo.

06 – Que mensagem você acha que o eu lírico pretende passar aos fiéis?

      Não importa ao homem de fé que a imagem tenha sido despedaçada. Cada pedaço dela encontrado deveria servir como elemento renovador da fé do cristão.

 

 

POEMA: PINTURA ADMIRÁVEL DE UMA BELEZA - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Pintura admirável de uma beleza

             Gregório de Matos

Vês esse sol de luzes coroado?
Em pérolas a aurora convertida?
Vês a lua de estrelas guarnecida?
vês o céu de planetas adornado?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_PqcgcdZMYnTGydrqEnu9umXSoFNmj3aGCK3bz2T_0iO0goawKPsdl2P254ezSPsIxNr1gLw6ffUXgggyfCH3432hAtrA0JO6GsRgxJhecwuTg9hDeJjKq_RIhZ7_VuAU0qh-o8Lne_xMlTwisaVChqOjQtSHLQnaGhOq2wrp0-5iacmmOcYt82_eecg/s320/ESTRELAS.jpeg



O céu deixemos; vês naquele prado
A rosa com razão desvanecida?
A açucena por alva presumida?
O cravo por galã lisonjeado?

Deixa o prado; vem cá, minha adorada:
vês desse mar a esfera cristalina
Em sucessivo aljôfar desatada?

Parece aos olhos ser de prata fina?
Vês tudo isto bem? Pois tudo é nada
Á vista do teu rosto, Catarina.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Sel. e Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 237.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 100.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Guarnecida: enfeitada.

·        Desvanecida: que perdeu a cor, desbotada.

·        Aljôfar desatada: que lacrimeja sem parar.

02 – Nas estrofes 1, 2 e 3 do poema, o eu lírico menciona três diferentes ambientes físicos.

a)   Quais são esses ambientes?

     Os ambientes são: O céu, a terra e o mar.

b)   Como é marcada linguisticamente a transição de um ambiente para outro? Para responder a essa questão, observe o primeiro verso das estrofes 2 e 3.

     A transição de ambientes é feita através dos verbos deixar e ver.

c)   Em qual desses ambientes se encontra o eu lírico? Transcreva uma palavra do poema que comprove sua resposta.

    Ela está na terra – “Deixa o prado (campo), vem cá minha adorada”.

03 – Qual é o tema do texto?

      O poeta fala para nós dos elementos da natureza para elogiar a beleza de sua amada Catarina.

04 – O poema apresenta uma sequência de perguntas. Como ela contribuiu para o desenvolvimento do tema?

      As frases interrogativas servem para enaltecer, o céu, a terra e o mar e engrandecer as belezas de sua amada.

05 – Explique como os elementos da natureza, presentes nas perguntas do eu lírico, se relacionam ao rosto da amada.

      Através do uso das Metáforas.

06 – Comente a importância do trecho ''pois tudo é nada'' para a construção da chave de ouro, isto é, o final marcante, que arremata a ideia construída ao longo do poema.

      A chave de ouro "Tudo é nada! À vista do teu rosto Catarina" o eu lírico acha que nenhuma beleza do mundo, céu, mar e terra, são melhores ou mais belas que a beleza de sua amada.



POEMA: APÓLOGO DA MORTE - D. FRANCISCO MANUEL DE MELO - COM GABARITO

 Poema: Apólogo da Morte

            D. Francisco Manuel de Melo

Vi eu um dia a Morte andar folgando
por um campo de vivos que a não viam.
Os velhos, sem saber o que faziam,
a cada passo nela iam topando.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrx6Dq46sX4ZHQGfzd4L0UjxihemiCD0m2v63Orj6BvruR1Py387W9gGtotdqw6aCFA3-znPus_rLjT8Zkm0qTigsJitPc7SzINH4XsCZwWXDGpi5KV_H6ZO4H2nexipK2Rnj3ztxcUytXjRgrO-O50PbbzjkdhrWsbD_Y8doh-n_x32rQBf-_acIXi6I/s320/melancolia.jpg


Na mocidade os moços confiando,
ignorantes da Morte a não temiam.
Todos cegos, nenhuns se lhe desviam;
ela a todos co dedo os vai contando.

Então quis disparar e os olhos cerra:
tirou, e errou: Eu, vendo seus empregos
tão sem ordem, bradei: Tem-te, homicida!

Voltou-se, e respondeu: Tal vai de guerra!
Se vós todos andais comigo cegos,
que esperais que convosco ande advertida?

 MELO, D. Francisco Manuel de. In: MOISÈS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. 30 ed. São Paulo: Cultrix. 2006. p. 193.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 93.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Apólogo: narrativa alegórica cujo propósito é interferir no comportamento social e moral humano.

·        Folgando: alegre.

·        Tirou: atirou.

·        Advertida: prudente, com cuidado, com cautela.

02 – Qual é o tema principal do poema "Apólogo da Morte" de D. Francisco Manuel de Melo?

      O poema aborda o tema da inevitabilidade da morte e da indiferença das pessoas em relação a ela.

03 – Como o poeta descreve a presença da Morte entre os vivos?

      O poeta descreve a Morte como uma figura que anda entre os vivos, que são cegos para sua presença e frequentemente a encontram sem perceber.

04 – Quais são os sentimentos e atitudes das diferentes faixas etárias em relação à Morte, conforme retratados no poema?

      Os velhos parecem não reconhecer a Morte e tropeçam nela inadvertidamente, enquanto os jovens confiam na sua juventude e ignoram sua existência, todos sem perceberem sua presença.

05 – Por que o poeta repreende a Morte no poema?

      O poeta repreende a Morte pela forma desordenada como ela atua, sem seguir uma ordem justa ou razoável ao escolher suas vítimas.

06 – Qual é a resposta irônica da Morte à repreensão do poeta?

      A Morte responde de forma irônica, explicando que seu trabalho é como o de um guerreiro durante uma batalha, onde não há tempo para considerações individuais ou advertências, dado que todos estão cegos para sua presença.

 

terça-feira, 16 de abril de 2024

POEMA: OS LUSÍADAS - CANTO V - (FRAGMENTO ESTROFES 40 A 42) - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Os Lusíadas canto V – (Fragmento estrofes 40 a 42)

              Luís de Camões

Tão grande era de membros que bem posso

Certificar-te que este era o segundo

De Rodes estranhíssimo Colosso,

Que um dos sete milagres foi do mundo.

Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,

Que pareceu sair do mar profundo.

Arrepiam-se as carnes e o cabelo,

A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

 

E disse: – Ó gente ousada, mais que quantas

No mundo cometeram grandes cousas,

Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,

E por trabalhos vãos nunca repousas,

Pois os vedados términos quebrantas

E navegar meus longos mares ousas,

Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,

Nunca arados de estranho ou próprio lenho;

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjekIOdrFuSD0RZWEAsmNAwEMoglMLr2RJ5AF_oZ8D2AOEGxSg0qIbtGb9vlH-rMsYUzqabWTxTGcD_3DGTDs-pZjoeRdx53K7I8j2yO8Iz4cXQ2koi-__DXitGhlTcbOsLmFZD5juy567WTc-w96L8jWzvIJJ5NyQYcpWyarj_ST5lY0r9GErHPdIO9co/s320/O_mundo_das_%C3%A1rvores.jpg 

Pois vens ver os segredos escondidos

Da natureza e do húmido elemento,

A nenhum grande humano concedidos

De nobre ou de imortal merecimento,

Ouve os danos de mi que apercebidos

Estão a teu sobejo atrevimento,

Por todo o largo mar e pela terra

Que inda hás de sojugar com dura guerra.

CAMÕES, Luís de. In: SALGADO JÚNIOR, Antônio (Org.). Luís de Camões: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. p. 123. Fragmento.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 66.

Entendendo o poema:

01 – Quem é descrito como "o segundo de Rodes estranhíssimo Colosso" no poema?

      O gigante Adamastor.

02 – Qual a característica marcante da voz de Adamastor, de acordo com o poema?

      A voz de Adamastor é descrita como horrenda e grossa, parecendo sair do mar profundo.

03 – Por que as carnes e o cabelo se arrepiam ao ouvir e ver Adamastor?

      As carnes e o cabelo se arrepiam ao ouvir e ver Adamastor devido ao tom de sua voz e à sua aparência assustadora.

04 – Que tipo de pessoas Adamastor se dirige como "gente ousada"?

      Adamastor se dirige àqueles que cometem grandes feitos no mundo, especialmente por meio de guerras e trabalhos árduos.

05 – Qual é o aviso dado por Adamastor aos navegantes intrépidos?

      Adamastor alerta sobre os perigos que aguardam aqueles que se aventuram além dos limites naturais, quebrando as barreiras do mar.

06 – Quais são os "segredos escondidos da natureza e do húmido elemento" mencionados por Adamastor?

      Os segredos são referentes às áreas desconhecidas dos mares e terras que os navegadores estão prestes a explorar.

07 – O que Adamastor prevê para aqueles que continuarão suas jornadas de conquista por mar e terra?

      Adamastor prevê que os navegantes enfrentarão duros desafios e guerras ao longo de suas jornadas de conquista por mar e terra.

 

 

POEMA: OS LUSÍADAS CANTO IV - ESTROFES 95 A 97 (FRAGMENTO) - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Os Lusíadas canto IV – estrofes 95 a 97 (Fragmento)

             Luís de Camões

        [...]

-- Ó glória de mandar, ó vã cobiça

Desta vaidade a quem chamamos Fama!

Ó fraudulento gosto, que se atiça

C’uma aura popular, que honra se chama!

Que castigo tamanho e que justiça

Fazes no peito vão que muito te ama!

Que mortes, que perigos, que tormentas,

Que crueldades neles experimentas!

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHiFUUyVh2xK26CL0Q_HW8Q3cNsR7sbA75DbUdUVIbtpu6UyMiwa1YBZwy03JGPL-kA4YTUeMMvVBK7uetKp0wW8w_pJYCv3QS5NlzgwGKFhZm6-AUzLU2dJ5b5vupO7wjd5z1iTNV4QX9bJ4u5VArmLiRjLAsiKu2uRuRFZv5HpPVyuVsTOsyuWAY9TM/s320/INQUIETA%C3%87%C3%83O.jpg

Dura inquietação da alma e da vida,

Fonte de desamparos e adultérios,

Sagaz consumidora conhecida

De fazendas, de reinas e de impérios:

Chamam-te ilustre, chamam-te subida,

Sendo dina de infames vitupérios;

Chamam-te Fama e Glória soberana,

Nomes com quem se o povo néscio engana!

 

A que novos desastres determinas

De levar estes Reinos e esta gente?

Que perigos, que mortes lhe destinas,

Debaixo dalgum nome preminente?

Que promessas de reinos e de minas

De ouro, que lhe farás tão facilmente?

Que famas lhe prometerás? Que histórias?

Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?

[...]

CAMÕES, Luís de. In: SALGADO JUNIOR, Antônio (Org.). Luís de Camões: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. p. 112. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 62.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo:

·        Aura: prestígio.

·        Peito vão: homens ambiciosos.

·        Neles: nos homens de “peito vão”.

·        Vitupérios: insultos, afrontas.

·        Néscio: ignorante.

·        Preminente: com aparência importante; proeminente.

02 – Qual o vocativo presente na primeira estrofe do fragmento?

      É a “glória de mandar”, a “vã cobiça”, o “fraudulento gosto”.

03 – A que personagens esses vocativos estão relacionados?

      Aos navegantes portugueses (nobres ou não) ambiciosos que se lançaram ao mar em busca de glórias e riquezas particulares.

04 – Do que o velho acusa esses personagens?

      De serem vaidosos, de buscarem somente fama e de serem ambiciosos (“peito vão”).

05 – Quem é o sujeito do período formado pelos dois primeiros versos da última estrofe?

      É o “tu”, ligado ao vocativo “glória de mandar”.

06 – A quem se refere o pronome lhe, presente no terceiro verso da última estrofe?

      Refere-se a “esta gente”.

07 – Qual a crítica feita pelo Velho do Restelo nas estrofes transcritas? Justifique sua resposta utilizando versos do poema.

      O Velho critica os homens ambiciosos que fingem lançarem-se nas aventuras marítimas em nome de ideais nobres, quando, na verdade, buscam apenas riquezas, triunfos e vitórias pessoais. Esses homens estariam pensando na nação, como se pode ver nos versos: “Que promessas de reinos e de minas / De ouro, que lhe farás tão facilmente?”

 

VERSOS: O MOSTRENGO - (FRAGMENTO - IV) - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 Versos: O MOSTRENGO – (Fragmento – IV)

             Fernando Pessoa

O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar;

À roda da nau voou três vezes,

Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,

Meus tectos negros do fim do mundo?»

E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPFFtBouHuCUusdlzTUiGI_VULXmFKMW922dxcDnv76l_bCJ7heYTO9qCnw1F09AOg2xDGA5TZUSLmbfl36K6rnGG8ZO2VBZUsrnpyxgkqBBw0CXzOjAOPsiQaXTJpGkVer7mkoBKK8vkd1jFpRezjVTZRtMbJT_1NHhtFti7V3G3K7N9eaFNMhilwZs8/s1600/Dom%20Jo%C3%A3o.jpg


 

«De quem são as velas onde me roço?

De quem as quilhas que vejo e ouço?»

Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso,

«Quem vem poder o que só eu posso,

Que moro onde nunca ninguém me visse

E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:

«El-Rei D. João Segundo!»

 

Três vezes do leme as mãos ergueu,

Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:

«Aqui ao leme sou mais do que eu:

Sou um Povo que quer o mar que é teu;

E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,

Manda a vontade, que me ata ao leme,

De El-Rei D. João Segundo!»

Mensagem. Fernando Pessoa. In: GALHOZ, Maria Aliete (Org.). Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999. p. 79 – 80.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 65 – 66.

Entendendo os versos:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Tectos: tetos.

·        Quilhas: peças de um navio localizadas na parte inferior de sua estrutura às quais se prendem as grandes partes que formam o casco da embarcação.

02 – “O mostrengo” é um intertexto que dialoga com o hipotexto Os Lusíadas.

a)   Com que episódio se estabelece esse diálogo intertextual?

Com o episódio do Gigante Adamastor.

b)   Que elementos presentes no texto tornam claro esse diálogo?

O eu lírico se refere a um “mostrengo que está no fim do mar” e que dialoga com um homem do leme.

03 – Quem se dirige aos marinheiros de Vasco da Gama?

      O Gigante Adamastor.

04 – É possível afirmar que o personagem já conhecia os portugueses, a quem chama de “gente ousada”? Justifique sua resposta.

      Sim, o Gigante Adamastor já conhecia os portugueses. Isso fica claro em sua fala, pois reconhece textualmente que os lusitanos “cometeram grandes cousas” e que eles “nunca repousam” diante dos limites e das adversidades.

05 – A fala do mostrengo do poema de Pessoa evidencia que o personagem já conhecia os portugueses? Justifique a resposta com um trecho do texto.

      O mostrengo do poema de Fernando Pessoa, diferentemente do Gigante Adamastor, não se sabe quem é o povo que ousou entrar em seu mar, por isso faz uma pergunta na primeira estrofe: «Quem é que ousou entrar / Nas minhas cavernas que não desvendo / Meus tectos negros do fim do mundo?»

06 – Qual das vítimas que morreram no Cabo das Tormentas poderia ser o “homem do leme”, com quem o mostrengo fala no poema de Pessoa?

      Bartolomeu Dias, que descobriu o Cabo das Tormentas em 1487.

07 – Em nome de quem fala o “homem do leme”?

      Em nome d’El Rei D. João II.

08 – O que o “homem do leme” quer dizer ao afirmar: “Aqui ao leme sou mais do que eu”?

      O “homem do leme”, Bartolomeu Dias, reconhece-se como representante não somente dele mesmo ou do rei que o financiou (“mandou”), D. João II. Ele representa o povo português, que deseja dominar o mar.

domingo, 14 de abril de 2024

POEMA: UM MOVER DE OLHOS, BRANDO E PIEDOSO - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Um Mover de Olhos, Brando e Piedoso

             Luís de Camões

Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de quê; um riso brando e honesto,
Quase forçado; um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso;

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOVM4RlVhICpM3Wf2zNYZX2IqS2TYGWQiGdxWjX2ZBz2SBpSiUllD913wdiPTno_o0FMzW-WCalZObt3O61HEdMUrvufimg7c4x01B0TawqJ-WQ-f5GJ-XlbxQUaYSyOMzcFahOwnxpBOZOf3SIqLlCG_T511K-OvDHgfS8-L3YMboiSNaYDnIf00S8ko/s1600/CALMA.jpg


Um despejo quieto e vergonhoso;

Um repouso gravíssimo e modesto;
Uma pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso;

Um encolhido ousar; uma brandura;
Um medo sem ter culpa; um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste fermosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento.

CAMÕES, Luís de. In: Salgado Júnior, Antônio (Org.). Luís de Camões: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p. 301.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 56.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo.

·        Gesto: rosto, face.

·        Despejo: ausência de pejo (vergonha); desinibição, descontração.

·        Brandura: ternura.

·        Circe: divindade da mitologia grega que atraía com seu canto os marinheiros e dava-lhes poções que os transformavam em porcos.

02 – Como é a mulher caracterizada no poema?

      No poema, a mulher tem olhar “brando e piedoso”, seu riso é “brando e honesto”, seus gestos são doces e humildes, sua postura é serena e recatada, sua alma é cheia de bondade, além de ser firme e constante – características mais interiores que exteriores.

03 – Que elemento descritivo faz referência direta à beleza da mulher citada no poema? Onde ele aparece?

      O elemento descritivo que faz referência direta à beleza da moça aparece somente no final (“fermosura”).

04 – Com base nas análises que você fez nos itens 2 e 3, o que é possível concluir: no poema predomina a caracterização interior ou exterior da mulher?

      Camões segue os ideais petrarquistas nesse poema (primazia da caracterização interior da mulher amada sobre a exterior.

05 – A poesia trovadoresca e a palaciana utilizaram com frequência os redondilhos (versos de 5 ou 7 sílabas poéticas), típicos da poesia popular. No classicismo, introduziu-se em Portugal a chamada “medida nova”, versos decassílabos de tradição italiana. Camões utilizou em sua lírica tanta a medida nova quanto a medida velha, da tradição medieval. Agora, releia o poema.

a)   Que medida o poeta português adota?

Camões utiliza versos decassílabos.

b)   Arrisque uma hipótese: que efeito tem o uso dessa métrica no poema?

Os decassílabos do poema, em comparação com a popular métrica do redondilho, evidenciam a sofisticação proposta pelo classicismo.