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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

POEMA: O POETA E A POESIA - FRAGMENTO - CORA CORALINA - COM GABARITO

 Poema: O poeta e a poesia – Fragmento

            Cora Coralina

Não é o poeta que cria a poesia.
E sim, a poesia que condiciona o poeta.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8Mug8j3HxA0sYEBfczhM5J5i03vY9TylJuhGSUpSCy5wDUS1cMvVPbv2PNdpyYK9pqG1pqXssAbI7FFxj03U0lu_jV939r3NQc9lHRSL7E92ZOLUbs7ngN10UjJfLcS9G6T7tT3mjK5nVoAeaoKFOcWEyTJwVkcsSiksks7tb0mKhEOqrFzKYfZbHOMo/s320/POETA.jpg


Poeta é a sensibilidade acima do vulgar.
Poeta é o operário, o artífice da palavra.
E com ela compõe a ourivesaria de um verso.

Poeta, não somente o que escreve.
É aquele que sente a poesia,
se extasia sensível ao achado
de uma rima, à autenticidade de um verso.

Poeta é ser ambicioso, insatisfeito,
procurando no jogo das palavras,
no imprevisto texto, atingir a perfeição inalcançável.

O autêntico sabe que jamais
chegará ao prêmio Nobel.
O medíocre se acredita sempre perto dele.

Alguns vêm a mim.
Querem a palavra, o incentivo, à apreciação.
Que dizer a um jovem ansioso na sede precoce de lançar um livro…

Tão pobre ainda a sua bagagem cultural,
tão restrito seu vocabulário,
enxugando lágrimas que não chorou,
dores que não sentiu,
sofrimentos imaginários que não experimentou.

Falam exaltados de fome e saudades, tão desgastadas
de tantos já passados.
Primário nos rudimentos de sua escrita
e aquela pressa moça de subir.
Alcançar estatura de poeta, publicar um livro,

Oriento para a leitura, reescrever,
processar seus dados concretos.
Não fechar o caminho, não negar possibilidades.
É a linguagem deles, seus sonhos.
A escola não os ajudou, inculpados, eles.

[...]

Vintém de cobre – Meias confissões de Aninha. Editora da Universidade Federal de Goiás, 1983.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 105.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com a autora, qual é a verdadeira relação entre o poeta e a poesia?

      Para Cora Coralina, não é o poeta que cria a poesia. É a poesia que "condiciona o poeta", sugerindo que a poesia é uma força maior que molda e define quem o poeta é.

02 – Como a autora define um poeta em relação à sua sensibilidade e ao seu ofício?

      Ela o define como uma "sensibilidade acima do vulgar" e o compara a um "operário, o artífice da palavra". O poeta usa a palavra para criar a "ourivesaria de um verso".

03 – Segundo o texto, quem é o verdadeiro poeta?

      O verdadeiro poeta não é apenas aquele que escreve. É também aquele que sente a poesia, que se emociona com a rima e a autenticidade de um verso.

04 – Qual a diferença que a autora aponta entre o poeta autêntico e o medíocre?

      O poeta autêntico é ambicioso e insatisfeito, buscando uma perfeição inalcançável e sabendo que jamais alcançará um prêmio Nobel. Já o medíocre "se acredita sempre perto dele", mostrando uma falta de autocrítica.

05 – O que a autora observa nos jovens poetas que a procuram?

      Ela nota que muitos jovens têm uma "sede precoce de lançar um livro" e uma "pressa moça de subir". No entanto, a autora percebe que eles têm uma "pobre... bagagem cultural" e um vocabulário restrito, escrevendo sobre sentimentos e dores que não vivenciaram de fato.

06 – Que tipo de sentimentos esses jovens poetas costumam abordar em suas obras?

      Eles escrevem sobre temas como "fome e saudades", que a autora considera "desgastadas" de tanto serem exploradas por poetas de outras épocas.

07 – Qual é o conselho que a autora dá aos jovens escritores?

      A autora os orienta a ler mais, reescrever seus textos e a processar seus "dados concretos", ou seja, a escrever sobre suas próprias experiências. Ela também ressalta a importância de não negar as possibilidades de cada um, mesmo que a "escola não os ajudou".

 

 

POEMA: CANÇÃO - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

 Poema: Canção

             Cecília Meireles

Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente palavra,
deixou ficar o sentido.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2k79c7AOigTqmt6-KkebiJOdWr0nmb2BzYtZr6AltC8ujvmF1YIyhE7LEransSp8xXTz2w6mdihCTdSpV36wAlKOOPbt-pWoQsZkmsAjAJUVAd_kkwj5xtdDiKPHzO95FYnnki9JbSF55SOwdJd_6sy0NhnksEXu0B1DQg1UFW2YlmT5fOYuj0-SEyf8/s320/VENTO.jpg



O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.

Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...
Só se aquele mesmo vento
fechou os teus olhos também...

 MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1987.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 116.

Entendendo o poema:

01 – O que o eu lírico afirma sobre a "palavra tão louca" que foi dita?

      O eu lírico afirma que nunca teria querido dizer a "palavra tão louca". Ele diz que o vento a tirou de sua boca e a levou até o ouvido da pessoa amada.

02 – O que o vento levou e o que ele deixou, de acordo com o poema?

      O vento levou apenas a palavra, mas deixou o seu "sentido".

03 – Onde o "sentido" da palavra está guardado, segundo a segunda estrofe?

      O sentido está guardado no rosto com que o eu lírico mira a pessoa amada, no "suspiro" que o segue e no "sorriso suspenso", comparado a um "beijo malogrado".

04 – Qual é a principal emoção que o amor causou no eu lírico?

      O amor causou uma "tristeza" tão grande que, segundo o eu lírico, "nunca ninguém viu ninguém que o amor pusesse tão triste".

05 – Qual a hipótese do eu lírico para o fato de a pessoa amada não ter notado sua tristeza?

      O eu lírico se pergunta se a pessoa amada não viu sua tristeza (que "se vê bem") porque "aquele mesmo vento" que levou a palavra também "fechou os teus olhos".

 

 

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

POEMA: A UM LEGISTA - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 Poema: A um Legista

             Machado de Assis

[...]

Rosa . . . que se enamora
Do amante colibri,
E desde a luz da aurora
Os seios lhe abre e ri.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2gPSz08kU2J1OySG97JKuGTUve8rZlsx94JbpvN6cqOfFCtPIAatVV_LyxWTHnAOlPrmAOmG27bPsqevvii4Ow28gwoi4kYOsoytQqHwnybfCCFQu981Cl00_LYlNJ89O45voqdLBVCeS-6ONK4qiEhSrdcMHgg-Gv26CJP5A40UKm4GuCnv3NY4Lq8I/s320/literarias.png._PROC_AP30AC30052AT1ACX1017ATX1.png



Mas Zéfiro brejeiro
Opõe ao beija-flor
Embargos de terceiro
Senhor e possuidor.

Quer este possuí-la,
Também o outro a quer.
A pobre flor vacila,
Não sabe a que atender.

O sol, juiz tão grave
Como o melhor doutor,
Condena a brisa e a ave
Aos ósculos da flor.

[...]

ASSIS, Machado de. In: COUTINHO, Afrânio (Org.). Machado de Assis: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. p. 217-218. v. 3 (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 310.

Entendendo o poema:

01 – Qual a metáfora principal utilizada no início do poema para descrever a rosa e sua interação com o colibri?

      A rosa é metaforicamente apresentada como um ser que "se enamora do amante colibri", abrindo-lhe os seios e rindo desde a aurora, personificando a flor como um ser apaixonado e receptivo.

02 – Quem é o "Zéfiro brejeiro" e qual seu papel na relação entre a rosa e o colibri?

      O "Zéfiro brejeiro" é a brisa ou vento, que se opõe ao beija-flor, agindo como um "embargo de terceiro", um termo jurídico, para se colocar como senhor e possuidor da rosa.

03 – Diante da disputa entre o colibri e o Zéfiro, qual a atitude da "pobre flor"?

      A "pobre flor" vacila e "não sabe a que atender", mostrando-se indecisa entre os dois pretendentes.

04 – Quem é o "juiz" que resolve a disputa pela flor, e como ele é caracterizado?

      O "juiz" que resolve a disputa é o sol, caracterizado como "tão grave como o melhor doutor".

05 – Qual a "sentença" proferida pelo sol em relação à brisa e à ave, e o que isso significa para a flor?

      O sol condena a brisa e a ave "aos ósculos da flor". Isso significa que ambos têm permissão para beijar/tocar a flor, sugerindo que a beleza e o "amor" da flor são acessíveis a ambos, ou que a natureza permite essa interação múltipla.

 

 

 

 

POEMA: CAMINHOS DE MINHA TERRA - JORGE DE LIMA - COM GABARITO

 Poema: Caminhos de minha terra

             Jorge de Lima

Caminhos inventados

por quem não tem pressa de ir embora.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdzwqJmoltLHT-t9RvMJn4cKqcSf-y3C0Kq993_6Y7FeReHqiatKHh3pEFRk7X-nfjs-W9kRTVM4-6FEdi-_CLwe1x5NQIvI1dn2-KXNfl-rLSBE1l4aQaInTa8cB2dPlHwC54CLd0AimPlkdaKph0GjkAnBYb0Kc2Q6CPFmbUP41oaS49jXzpA8WaIy4/s1600/jorge_de_lima2.jpg 

Pelos que vão à escola.

Pelos que vão à vila trabalhar.

Pelos que vão ao eito.

Pelos que levam quem se despede da vida, que é tão bela…

 

À minha terra ninguém chega: ela é tão pobre…

Dizem que tem bons ares para os tísicos –

Mas os tísicos não vão lá: é tão difícil de ir-se lá…

 

Caminhos de minha terra onde perdi

os olhos e o passo de meditação…

Caminhos em que ceguinhos e aleijados podem

ir sem olhos e sem pernas: eles não atropelam os pobrezinhos.

Alguém quer partir e eles dizem:

 

– “Não vás: toma lá uma goiaba madura,

uma pitanga, um ingá e dão como

as mãos dos missionários que dão tudo,

cajus, pitombas, araçás a todos os meninos do lugar”.

 

Caminhos que ainda têm orvalhos e sonambrilos bacurais,

E têm ninhos suspensos nas ramadas.

 

Ali perto, na curva do encanto

Onde mataram de emboscada um cangaceiro,

Há uma cruz de pitombeira…

Quem passa joga uma pedra,

Reza baixinho: “Padre nosso que estais no céu

santificado seja o vosso nome

venha a nós…”

Aquela cruz do cangaceiro é milagrosa.

Já me curou de um puchado que

Eu peguei na escola da professora –

Minha tia Bárbara de Oliveira Cunha Lima.

 

Mundaú! – soube depois

Que quer dizer rio torto.

Quem te inventou Mundaú, das minhas lavadeiras

Seminus,

Dos meus pescadores de traíras?

Mundaú! – rio torto – caminho de curvas,

Por onde eu vim para a cidade

Onde ninguém sabe o que é caminho.

Os melhores poemas. São Paulo, Global, 1994.

Entendendo o poema:

01 – Que tipo de pessoas utilizam os caminhos da terra do eu lírico, e o que isso revela sobre a vida local?

      Os caminhos são utilizados por uma variedade de pessoas: estudantes que vão à escola, trabalhadores que se dirigem à vila ou ao eito (roça), e até mesmo por aqueles que levam os que se despedem da vida. Isso revela uma vida simples e rural, onde os caminhos são essenciais para as atividades cotidianas e para os ritos de passagem.

02 – Por que, segundo o poema, "ninguém chega" à terra do eu lírico, apesar de ter "bons ares para os tísicos"?

      Ninguém chega à terra do eu lírico porque "ela é tão pobre" e "tão difícil de ir-se lá". Embora se diga que o local tem "bons ares para os tísicos" (pessoas com tuberculose), a dificuldade de acesso e a pobreza desencorajam até mesmo aqueles que poderiam se beneficiar de seu clima.

03 – Como os caminhos da terra do eu lírico se relacionam com a ideia de acolhimento e doação?

      Os caminhos são apresentados como um lugar de acolhimento e doação. Quando "alguém quer partir", os caminhos "dizem: – 'Não vás: toma lá uma goiaba madura, uma pitanga, um ingá'". Essa oferta de frutas é comparada às "mãos dos missionários que dão tudo", simbolizando a generosidade e a tentativa de reter quem parte.

04 – Qual é o significado da "cruz de pitombeira" mencionada no poema e qual sua relação com a memória local?

      A "cruz de pitombeira" marca o local onde "mataram de emboscada um cangaceiro". Essa cruz é considerada milagrosa, e quem passa joga uma pedra e reza. A cruz se torna um ponto de devoção popular, ligando a violência do passado à fé e à cura, como o eu lírico que foi curado de um "puchado" (mau-olhado ou doença).

05 – O que representa o rio Mundaú para o eu lírico e qual o contraste que ele estabelece com a vida na cidade?

      O rio Mundaú, que significa "rio torto", representa os caminhos de origem do eu lírico, por onde ele veio para a cidade. O rio é associado às suas "lavadeiras seminus" e "pescadores de traíras", evocando uma vida rural e autêntica. O contraste se dá com a cidade, onde "ninguém sabe o que é caminho", sugerindo uma perda de sentido, de direção ou de conexão com as raízes, diferente da clareza e da organicidade dos caminhos de sua terra natal.

 

POEMA: CANÇÃO DAS AMEIXAS - BERTOLT BRECHT - COM GABARITO

 Poema: Canção das ameixas

             Bertolt Brecht

Foi quando amadureceram

As ameixas – veio então

À aldeia, de carroça,

Um garboso rapagão.

Fonte:: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJllMuEnhsKW-uTNJ7BdBob-N9LBZo6jHrH7XyiCzreAPEKxUXcXkXtQtbvIpfvh1KcKlP4_Ax_iLXpnWkkRybLz-o3qeGgdm1-sYIFPXh0qJgw4_INlPL859Faxhr0WZdGJ0sV8-tlzjpFA7o8U5uPjWdQygyJDsw41iOW_PVA_R-e58bz_AE_S4Zrhg/s320/C%C3%A2n%C3%A7%C3%A3o-820x360.jpg


 

Nós colhíamos ameixas,

E na grama ele deitou,

Barba loura, e espichado

Coisa e outra observou.

 

As ameixas já cozidas,

Lá conosco ele brincou,

E sorrindo, nas vasilhas,

O seu dedo ele enfiou.

 

A geleia de ameixas

Nós comíamos, e então,

Foi-se embora. Mas lembramos

Sempre d belo rapagão.

Bertolt Brecht. In: Belinky, Tatiana. Um caldeirão de poemas. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2003. p. 66.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 307.

Entendendo o poema:

01 – Em que época do ano ou período específico o poema se inicia, e o que marca esse momento?

      O poema se inicia quando as ameixas amadureceram, um período que marca a chegada de um "garboso rapagão" à aldeia.

02 – Como o rapagão se comportou ao chegar à aldeia enquanto as ameixas estavam sendo colhidas?

      Ele deitou na grama, com sua barba loura, e ficou observando "coisa e outra", sugerindo uma atitude tranquila e observadora.

03 – Qual a atitude do rapagão quando as ameixas já estavam cozidas, transformadas em geleia?

      Quando a geleia estava pronta, ele brincou com as pessoas da aldeia e, sorrindo, enfiou o dedo nas vasilhas de geleia.

04 – Após a degustação da geleia, qual foi o destino do rapagão?

      Depois de todos comerem a geleia de ameixas, o rapagão foi embora.

05 – Qual o impacto duradouro da visita do rapagão na memória dos habitantes da aldeia?

      Apesar de ter ido embora, os habitantes da aldeia lembram-se sempre do "belo rapagão", indicando que a sua presença deixou uma impressão marcante e positiva.

 

POEMA CORDEL: 500 ANOS DE BRASIL - EM VERSOS DE CORDEL - JOSÉ FRANCISCO BORGES - COM GABARITO

 Poema Cordel: 500 anos de Brasil – Em versos de cordel

            José Francisco Borges

José Francisco Borges

Em abril de 1500

Quando Cabral ancorou

Na praia em Porto Seguro

Logo na terra pisou

Os índios logo cercaram

E ele assustou.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjFs_ha3OxNuUR9ljNcaOx49F0nl9cDcydWZkPseWHqoYmlVbwtok1YdTH2V5thLrVy2gc-rO9eVqm-jSdmXxLAhlAKAFdYjSqfV0Pf2GixX1H7KpY9XRPeDh291fh_4AgCCbZGvhpQMrBL07DRLCRe51YywolJkfsx8gQC6213eNvSGAtdjIXXwDbFhE/s320/bg1.png

Cabral disse aos índios

Estou cumprindo o meu papel

E eu vou provar que sou

Um forasteiro fiel

Vou mandar ler pra vocês

Uma história de cordel.

 

Os índios ao ouvir gostaram

Num tom alegre e sutil

Não precisou usar armas

A 22 de abril

Do ano de 1500

Foi descoberto o Brasil.

 

E daí continuou

A história deste país

Veio lá de Portugal

A primeira diretriz

Que até a independência

Bem poucos foram feliz.

 

O Brasil era na época

Um reino da natureza

Montanha e água limpa

Índio em sua fortaleza

As águas limpas espumando

No topo da correnteza.

 

Depois que eles voltaram

Quando chegaram em Lisboa

Disseram ao seu rei

A viagem não foi à toa

Descobrimos um país

Uma terra fértil e boa.

 

E o rei logo em seguida

Uma equipe escolheu

Para habitar as terras

sobre o domínio seu

Vieram homem e mulher

Com ordens que o rei lhes deu.

 

E todos desembarcaram

Ao chegarem na Bahia

Reinava uma esperança

De serem felizes um dia

E todos foram separados

Pra cada capitania.

 

E logo mais começou

A grande explosão

De todo minério

Prata, ouro e carvão

E todas pedras preciosas

Que havia no chão.

 

O Brasil nasceu na Bahia

Lá mesmo em Porto Seguro

E levou centenas de anos

Pra ter brasileiro puro

E os primeiros protestos

Pra melhorar o futuro.

 

O Brasil passou a ter

O domínio dos portugueses

Depois veio os espanhóis

Os alemães e ingleses

E ainda sofremos de guerra

Na invasão dos holandeses.

 

Foi mais de 300 anos

Pra vir a independência

Os brasileiros lutando

Com força e com paciência

E ainda hoje se sofre

Desses tempos a influência.

 

Falando em melhoramento

Veio a nós a ferrovia

Que transportava o minério

Gente e mercadoria

No tempo que os escravos

Sonhavam com alforria.

 

O grande Joaquim Nabuco

E a princesa Isabel

Em 1888

Vendo o sofrer cruel

Libertaram os escravos

Daquela taça de fel.

 

Depois que muitos morreram

Lutando por liberdade

A proclamação da república

Foi a grande novidade

Veio a democracia

O símbolo da igualdade.

 

E foi aí que começou

Ganância pelo poder

Os homens mais influentes

Querendo se eleger

Prometendo ao eleitor

O que não pode fazer.

 

Com o poder do voto livre

Houve grandes estadistas

Em 1930

Getúlio entre os otimistas

se elegeu presidente

lançou as leis trabalhistas.

 

Acabou com a anarquia

Com cartéis e com ladrão

Trouxe várias indústrias

Pra melhora da nação

Acabou o cangaceirismo

Que assombrava o sertão.

 

Construiu mais ferrovia

E estrada de rodagem

Fechou câmaras e senado

Acabou a malandragem

E sua história política

Merece nossa homenagem.

 

Outro grande personagem

O presidente Juscelino

Que construiu Brasília

Da onde sai o destino

desta imensa nação

do sul ao solo nordestino.

 

O grande Tancredo Neves

Que lutou pelas diretas

Defendendo os brasileiros

De todas horas incertas

Morreu pela democracia

Deixando as portas abertas.

 

Num colégio eleitoral

Foi desfeita a ditadura

Elegeram José Sarney

Ele honrou sua figura

Protegendo o artesão

O artista e a cultura.

 

Depois dele vieram outros

Desfazer o que ele fez

Durante suas gestões

Artista não teve vez

E ajuda para cultura

Pode vir, mas é talvez.

 

Apesar de muitas coisas

Mas inda dou atenção

Ao presidente atual

Que dirige esta nação

porque ele foi herói

Acabando a inflação.

 

Lançou o plano real

Enfrentando o precipício

Mas trouxe muita alegria

Para o povo no início

Mas agora o desemprego

Vem trazendo o sacrifício.

 

Aqui eu vou encerrando

Estes versinhos que fiz

Dando toques na história

Desse imenso país

Que ainda está muito longe

Para o povo ser feliz.

 

Cuidamos em belas ações

Cuidamos de trabalhar

Cuidamos de ser honestos

Cuidamos de estudar

Trabalho, estudo e cultura

Faz o Brasil avançar.

 

Neste ano de 2000

A 22 de abril

É o grande aniversário

deste torrão varonil

Brindamos 500 anos

Do nosso amado Brasil.

Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 154-155.

Entendendo o poema:

01 – Como o cordel descreve o primeiro contato de Cabral com os índios em Porto Seguro?

      O cordel descreve que, em abril de 1500, Cabral ancorou em Porto Seguro e os índios o cercaram, assustando-o. Para se apresentar como um "forasteiro fiel", Cabral "mandou ler pra vocês / Uma história de cordel", o que agradou aos índios e evitou o uso de armas.

02 – Qual era a principal característica do Brasil na época da chegada dos portugueses, segundo o poema?

      O poema descreve o Brasil daquela época como "Um reino da natureza", com "Montanha e água limpa", e os "Índio em sua fortaleza", sugerindo uma terra intocada e rica em recursos naturais.

03 – Após a volta dos portugueses a Lisboa, qual foi a decisão do rei de Portugal em relação às terras descobertas?

      Ao saberem da "terra fértil e boa", o rei de Portugal logo em seguida escolheu uma equipe de homens e mulheres para habitar as terras sob seu domínio, que desembarcaram na Bahia e foram separados para cada capitania.

04 – Que tipo de riquezas naturais foram exploradas no Brasil logo após a colonização, de acordo com o cordel?

      O cordel menciona uma "grande explosão" de minérios como "Prata, ouro e carvão", e "todas pedras preciosas / Que havia no chão", indicando a vasta riqueza mineral explorada.

05 – Além dos portugueses, que outras nacionalidades o poema menciona como tendo tido domínio ou envolvimento em guerras no Brasil?

      O poema cita, além dos portugueses, os espanhóis, alemães e ingleses como tendo domínio ou influência, e destaca a invasão dos holandeses como um período de guerra.

06 – Quais são os personagens históricos mencionados pelo cordel como importantes na luta pela abolição da escravatura e em que ano a abolição é citada?

      O cordel menciona o "grande Joaquim Nabuco / E a princesa Isabel" como figuras que, "em 1888", "Libertaram os escravos / Daquela taça de fel".

07 – De que forma o cordel caracteriza o período pós-proclamação da República em relação à política?

      O poema descreve que, com a República, começou a "Ganância pelo poder", com "homens mais influentes / Querendo se eleger" e "Prometendo ao eleitor / O que não pode fazer", evidenciando a corrupção e a falta de compromisso político.

08 – Quais foram as principais realizações de Getúlio Vargas, segundo o poema?

      O cordel credita a Getúlio Vargas, eleito em 1930, o lançamento das leis trabalhistas, o fim da "anarquia", "cartéis" e "ladrão", a atração de várias indústrias e o fim do cangaceirismo. Além disso, menciona a construção de ferrovias e estradas de rodagem, e o fechamento de câmaras e senado.

09 – Que feito marcante de Juscelino Kubitschek é destacado no cordel?

      O cordel destaca a construção de Brasília como o grande feito do presidente Juscelino Kubitschek, a cidade de onde "sai o destino / desta imensa nação".

10 – Com que tom o autor encerra o cordel em relação ao futuro do Brasil e quais conselhos ele oferece para o avanço do país?

      O autor encerra o cordel com um tom de ceticismo sobre a felicidade do povo, afirmando que o país "ainda está muito longe / Para o povo ser feliz". No entanto, ele oferece conselhos para o avanço do Brasil: "Cuidamos em belas ações / Cuidamos de trabalhar / Cuidamos de ser honestos / Cuidamos de estudar", resumindo em "Trabalho, estudo e cultura" como pilares para o progresso.

 

 

POEMA: HAI-AIS CLIMA - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

 Poema: Hai-Kais clima

             Paulo Leminski

Choveu

Na carta que você mandou

Quem mandou?

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIKikOhlrZfTnkGSaGxntsrGPSnfoSHb5qCgiYOP5YZTLEcF0i6asK-dMXx1a9jArKpGF0AQD2pFBWh0Rlr1pTlADKjf8yqSPn4Rnn9ty4WeODhNfyu8KgfBRs2WNPHL_VJl5EU-IDOCpB4Mpfa3EW6z5GrLnrUB0F9DqoafSPmoMwt4bAw81NtISF49Y/s320/91jUYa4TREL._UF894,1000_QL80_.jpg

Ano novo

Anos buscando

Um ânimo novo

 

Tudo dito.

Nada feito,

Fito e deito

 

Primeiro frio do ano

Fui feliz

Se não me engano

 

Cortinas de seda

O vento entra

sem pedir licença

 

Por um fio

O fio foi-se

O fio da foice.

Paulo Leminski.

Fonte: Letra e Vida. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – Coletânea de textos – Módulo 3 – CENP – São Paulo – 2005. p. 202.

Entendendo o poema:

01 – No primeiro hai-kai, "Choveu / Na carta que você mandou / Quem mandou?", qual é o jogo de palavras e o possível sentido poético?

      O jogo de palavras está na repetição sonora de "mandou" e "Quem mandou?". O sentido poético pode ser a incerteza sobre a origem da carta ou a dúvida sobre a intenção de quem a enviou, mesmo que a chuva na carta traga um elemento de melancolia ou mistério.

02 – Qual é a busca expressa no hai-kai "Ano novo / Anos buscando / Um ânimo novo"?

      O hai-kai expressa uma busca contínua por renovação e motivação ("ânimo novo") a cada "ano novo", sugerindo que essa busca é um processo que se estende por "anos" e talvez nunca seja totalmente concretizada.

03 – O que a sequência de ações "Tudo dito. / Nada feito, / Fito e deito" sugere sobre a experiência do eu lírico?

      A sequência sugere uma sensação de inação e resignação. Apesar de tudo ter sido falado ou expressado ("Tudo dito"), nada foi realizado ("Nada feito"), levando o eu lírico a uma atitude de passividade: apenas observar ("Fito") e desistir ("e deito").

04 – No hai-kai "Primeiro frio do ano / Fui feliz / Se não me engano", qual é o sentimento predominante e a incerteza que o acompanha?

      O sentimento predominante é a felicidade, associada a um momento específico (o "Primeiro frio do ano"). A incerteza expressa por "Se não me engano" adiciona um toque de melancolia ou questionamento à lembrança, talvez indicando que a felicidade é algo efêmero ou difícil de reter com clareza.

05 – O que o último hai-kai, "Por um fio / O fio foi-se / O fio da foice", representa simbolicamente?

      Simbolicamente, o hai-kai representa a fragilidade da vida ou de uma situação ("Por um fio") que se rompe inesperadamente ("O fio foi-se"), culminando em uma imagem de perigo ou morte ("O fio da foice"). A foice, instrumento de corte, intensifica a ideia de um fim abrupto ou de uma ameaça iminente.