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terça-feira, 24 de setembro de 2019

POEMA: O JARDIM DOS ANIMAIS - RONALD CLAVER - COM GABARITO

Poema: O Jardim dos Animais
(Ronald Claver)

Em que céus voam, em que rios bebem,
em que florestas vivem:
o tié-sangue,
o sanhaço-de-fogo,
o guará,

o tachá,
a suçuaruna,
o jacaré-açu,
o jacaré-luneta,
de papo amarelo,
a sucuri,
a jiboia, o macaco-aranha,
a cutia,
a anta,
o caititu,
a queixada,
o jabuti da mata,
o veado-catingueiro,
o jabuti-piranga,
o inhambu-xororó,
o macuco,
o mutum-cavalo,
onde estão,
onde estão,
onde estão?

Os bichos que habitam minha cabeça convocam
as savanas,
as Américas,
as amazônias,
os pantanais,
oceanias,
europas,
ásias, áfricas, rios
para reivindicarem uma carta de alforria.

Abro portas e portões e vejo:
capivaras correndo em Mato Grosso,
ariranhas dançando nos pantanais,
tucanos voando no São Francisco
e o homem –
o mais sanguinário dos animais –
recolhendo suas balas de prata,
suas redes de medo,
seus fuzis de espanto,
suas armadilhas de incêndios.
E os depositando no museu do esquecimento.
CLAVER, Ronald. O jardim dos animais. São Paulo, FTD, 1988. p.27-8.
Fonte: Livro – Português – 5ª Série – Linguagem Nova – Faraco & Moura – Ed.Ática -  2002 – p. 178/179.
Entendendo o texto

01) Para avaliar um texto, é necessário saber sua composição. Abaixo, você verá o conceito de prosa, poesia, poema e cordel. Leia com calma e aponte qual o estilo do texto:
a) O texto é uma poesia, pois, poesia é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor.
b) O texto é um poema, pois, poema é uma obra literária geralmente apresentada em versos e estrofes.
c) O texto é uma literatura de cordel, pois, cordel é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos.
d) O texto é uma prosa, pois, prosa é o nome que se dá à forma de um texto escrito em parágrafos.

02) O termo em destaque abaixo pode ser classificado como:
o homem – o mais sanguinário dos animais
a) adjetivo pátrio
b) adjetivo composto
c) adjetivo derivado
d) adjetivo primitivo
e) substantivo
03) Releia a primeira estrofe.
a) Que animais citados pelo autor você não conhece? Pesquise e anote abaixo.
Resposta pessoal.
 b) Na sua região, existem alguns dos animais citados? Quais?
Resposta pessoal.
04) Qual é o principal objetivo deste poema?
       O poema procura fundamentalmente despertar emoção. Pode informar também, mas não é seu objetivo principal.
05) Que armas e atitudes humanas você colocaria no museu do esquecimento?
Resposta pessoal.



quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

CRÔNICA: MAL TRAÇADAS LINHAS - A NAMORADA - RONALD CLAVER - COM GABARITO

CRÔNICA: Mal traçadas linhas – A Namorada
            

                                       Ronald Claver
        A primeira vez que vi Glorinha, estava na casa da Ritinha. Usava fitas nos cabelos e seus dois olhos verdes saltaram sobre os meus. Foi um encontro casual e eterno. Não consegui ficar em sua presença mais do que um minuto. Foi rápido. O mundo desabou ali mesmo, na frente de todo mundo. Corri para o bardo Tião. Ritinha foi atrás querendo saber o que houve. Eu perdi a respiração e só soube dizer que não houve nada.
        A partir daquele dia, seus grandes olhos verdes me perseguiam e os via em todos os olhos, seu rosto sorria em outros rostos e as fitas estavam em todos os cabelos. Glorinha, certamente, era um anjo – (mau, às vezes) – porque se multiplicava em mim e derramava em todo meu corpo – (às vezes bom) – quando penetrava sorrateiro em meu quarto e preenchia meus sonhos.
        Glória vivia sempre em mim. Era uma outra pessoa que tinha adquirido, ou o travesseiro que faltava. E Glorinha tornou-se uma obsessão. Ela corria em meu sangue. Acordava comigo e não se separava mais. Tomava o café da manhã, almoçava, jantava e era a principal artista de meus sonhos. Até a bola de futebol passou a se chamar Glorinha e foi por isso que resolvi ser goleiro. Não admitia chutar Glorinha. Preferia agarrá-la. Senti-la em meus braços.
        Na escola, a professora era Glorinha, as meninas eram Glorinhas, até a dona Maria da cantina era Glorinha. A imagem de Glorinha me transbordava e fluía em todos os poros. Refletia nos óculos, nos espelhos, nos vidros, nas garrafas de refrigerante. Glorinha me inundava com sua presença, com seus olhos, pelos e cabelos. Glorinha me sugava, me surrava, incomodava. O seu nome me enchia a boca: Glorinha, glória, glória minha, Glorinha era a minha glória.
        Glorinha domingava em mim e foi num domingo que consegui revê-la. Missa das 10, eram 9h45min. Perambulava no adro da igreja quando Glorinha apontou na esquina. Fiquei em pânico. Minhas pernas tremeram. O coração disparou. Me escondi atrás de uma árvore.
        Ela vinha acompanhada de outras meninas e falava sem parar. Estava radiante e vestia vermelho. Ela passou perto da árvore onde estava. Não me viu. O medo e a ansiedade foram tantos que virei raiz, folha, tronco. Era outono e me despenquei lá de cima. Tinha virado uma folha. Uma folha seca. Mas um vento bom não me deixou perdido, à mercê de passos desavisados ou de alguma roda descuidada. A aragem dominical me levou até o templo e me alojou atrás de Glorinha. Se a morte era a glória celeste, Deus em sua infinita sabedoria, provavelmente, não conhecera a Glória terrestre. E ela estava ali, no templo. Perto Dele, orando a Ele, falando a mesma língua Dele.
        E quando a missa terminou, ela saiu como entrara, ruidosa. Mas percebi que ela olhou para um rapaz. E aquilo foi um punhal, uma faca de muitos gumes. Fiquei arrasado e meu primeiro ímpeto foi matar aquele sujeito.
        E meu dia transcorreu violento. Não almocei nem fui à matinê. Conheci o ciúme.
        A noite foi infernal. Arquitetei mil planos para abordá-la. Imaginei cenas, encontros.
        Construí diálogos. Ouvi a sua doce voz penetrando em meus ouvidos e dizendo sim, sim, sim. Neste momento virei palavra. E naveguei todo o quarto. E a palavra Glorinha tinha asas. Era um pássaro de mil cores. E sobrevoei o quarto várias vezes e esse pássaro era Glorinha que voava em mim.
        O sono veio tarde. Delirei. Glorinha transformou-se em Julieta. Depois em Myriam Lane, em Narda e desfilou em mim com vários nomes. Às vezes tornava-se Rapunzel e ficava na torre inexpugnável, pedindo socorro, lançando as tranças para o príncipe encantado. E este príncipe nunca era eu, pena.
        Nesta mesma noite, caminhamos de mãos dadas. Estávamos em silêncio, mudos. O cenário era um pátio de longas paredes que não acabava nunca. Éramos os únicos naquela paisagem. Aproximei-me de seu rosto e ela recuou, negaceou, mas insisti. E quando lábios e olhos se tocaram, tudo evaporou. Acordei.
        E Glorinha continuou no ofício de me percorrer, de me perseguir. De me domingar. E Glorinha me dominou durante muito tempo, quando uma ideia luminosa glorificou todo meu sofrimento: escrever uma carta, era a saída.
        Rabisquei papéis. Rasguei. Não consegui escrever além de seu nome. Mas o Divino Espírito Santo, a terceira pessoa (ou a segunda?) da Santíssima Trindade, me encheu de luz: na segunda prateleira da estante de meu irmão, descobri um livro, o maior de todos: Cartas de Amor, roubei-o.
        Na página 27 estava a minha declaração, a carta que pedira a Deus. O autor era um gênio, descobriu as minhas palavras. Era assim:
        Estas mal traçadas são endereçadas àquela que torna meus dias como este céu de abril
        (Abri a janela e o céu estava horrível, ia chover, e era maio)
        Você é a Dulcinéia que tanto almejo
        (Perguntei ao Bolinha quem era Dulcinéia e ele me disse que achava que era a miss Brasil)
        Sou um cavalheiro errante
        (Troquei “errante” por “certeiro” porque ela podia achar que era um cara cheio de erros)
        Te vejo em todos os lugares. Chegou a hora de unirmos nossas solidões.
        Teu
        Romeu
        Assinei, molhei as pontas do envelope com cuspe, surrupiei uns trocados na bolsa da mãe, comprei selo e coloquei a carta no correio com o coração ansioso.
        Um mês depois, chegou a carta de Glorinha. Fui com sede ao pote. Abri sem cuidado. E fui lendo:
        A resposta está na página 40, do mesmo livro.
        Tua
        Julieta.
        
CLAVER, Ronald. A última sessão de cinema. São Paulo: Melhoramentos, 1986. p.58-60.
                                                      (Prêmio Bienal Nestlé de Literatura Brasileira).
Entendendo o texto:
01 – Tente explicar o significado dos termos destacados. Se precisar, consulte um dicionário.
a)   “Perambulava no adro da Igreja quando Glorinha apontou na esquina.”
·        Adro: terreno em frente ou em volta da Igreja.
·        Apontar: mostrar-se, aparecer.

b)   “A aragem dominical me levou até o templo e me alojou atrás de Glorinha.”
·        Aragem: vento brando, brisa.

c)   “Às vezes tornava-se Rapunzel e ficava na torre inexpugnável [...]”.
·        Inexpugnável: invencível, inabalável.

d)   “Aproximei-me de seu rosto e ela recuou, negaceou, mas insisti.”
·        Negacear: provocar e, em seguida, esquivar-se.

02 – Releia o primeiro parágrafo e responda: qual a razão de o garoto ficar em pânico?
      Ele ficou em pânico porque gostava de Glorinha em segredo e ela estava se aproximando dele.

03 – Numere os fatos abaixo a fim de coloca-los na mesma sequência em que ocorrem na narrativa:
(5) Glorinha responde ao garoto.
(4) O menino decide escrever uma carta para Glorinha.
(1) O narrador vê Glorinha chegando para a missa.
(3) Glorinha é beijada pelo garoto, em sonho.
(2) O narrador planeja conversar com sua amada.

04 – Qual o grande desejo do garoto?
      Era que Glorinha também gostasse dele e fosse sua namorada.

05 – Assinale a alternativa que mostra um obstáculo que impedia a realização do desejo do garoto:
(   ) Ele não sabia escrever cartas de amor.
(X) Ele era muito tímido.
(   ) Glorinha não gostava dele e já estava interessada em outro garoto.
(   ) O garoto era muito ciumento e Glória não gostava disso.

06 – Releia a carta que o garoto mandou à Glorinha e depois procure no dicionário o significado da palavra errante.
a)   O que significa errante?
Aquele que vagueia, que anda sem destino definido.

b)   O que a personagem da história pensava que fosse errante?
Pensava que fosse “uma pessoa cheia de erros”.

07 – Explique o significado das expressões destacadas abaixo:
a)   “E Glorinha continuou no ofício de me percorrer, de me perseguir. De me domingar.”
O autor criou uma nova palavra para expressar as coisas boas que Glorinha desperta na personagem.

b)   Fui com sede ao pote”.
Fazer algo avidamente e sem prudência.

08 – Releia a resposta de Glorinha e depois responda: Qual o significado de suas palavras?
      Glorinha conhecia o livro do qual o menino tinha copiado a carta e indicou-lhe a página em que encontraria a resposta.

09 – Na sua opinião, a carta que o garoto copiou é uma boa carta de amor? Explique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.




domingo, 10 de junho de 2018

TEXTO: CARTA PARA A VOVÓ - RONALD CLAVER - COM GABARITO

Texto: Carta para a vovó

        Querida vovó Elza:

     Estou carregadinha de novidades. Nem sei como começar. Ah, já sei. A Pedrita ganhou mais filhotes: quatro machos e duas fêmeas. Todos se parecem com ela. Pelo pretinho e patinhas brancas, uma graça. A nossa Pedrita está toda orgulhosa e ciumenta. Se alguém se aproxima dos filhotes, ela vira uma fera. Até papai, que conversa com Pedrita igual gente, fica com medo do rosnado dela. Quem sofreu mesmo com essa história toda foi um passarinho desavisado que foi saltitando beber água na vasilha de Pedrita. Se ele não bate asa e voa, adeus passarinho.
        Mas a novidade maior que eu quero contar vem lá da escola. Eu nunca imaginei que palavra falasse. A senhora já? Pois é. A professora começou a aula dizendo que “as palavras são desenhos que falam, querem ver?”. “Essa não, professora”, falou o Geraldinho.
        “E quem falou que a palavra é um desenho?”, falou com firmeza a Terezinha. “Ah! Vocês estão duvidando de mim, não estão? Pois provo para vocês que a palavra é um desenho que voa, que canta, anda... Querem ver?”
        Aí, vovó, a professora foi ao quadro e escreveu a palavra asa como todo mundo escreve. Depois caprichou na letra e a palavra adquiriu asas e voou assim: ASAS.
        Depois nos contou que um poeta gaúcho, o Mário Quintana, disse que a palavra monstro é monstruosa porque é uma palavra fechada e quando a gente a pronuncia ela sai pelo nariz, aí a palavra fica pesada e mete medo. Se monstro fosse cheia de as como janela, ninguém ia ter medo e os fazedores de desenhos animados iam ficar pobres.
        Depois foi a vez da palavra escorregador. Lembrei-me do brinquedo e descobri que essa palavra é mesmo escorregadia. Vejamos: ESCORREGADOR.
        E que a palavra avião voa em todas as direções, assim: AVIÃO
        (...)
        Agora não posso ver uma palavra que logo quero descobrir o seu mistério.
        Oh, vó, só tem mais uma novidade: não é nem novidade, é uma coisa que aconteceu com a minha outra vó, a vó Olga. Ela ficou doente e foi parar no hospital. A gente nunca imagina que a vó da gente fica doente e um dia desses peguei falando sozinho: mãe e flor não deveriam ficar doentes nunca de nunca.
        Fico por aqui, depois lhe mando as palavras que eu inventei.
        Um beijo da neta que a adora.

            Ronald Claver. Dona Palavra, págs. 14 a 17/20.
São Paulo, FTD, 2002.             
Entendendo o texto:

01 – O texto lido é:
a. uma carta pessoal.
b. uma carta comercial.
c. um bilhete.
d. um cartão postal.

02 – O texto foi produzido com o objetivo de:
a. conscientizar os estudantes.
b. contar as novidades para alguém.
c. conhecer novas palavras.
d. mostrar palavras desenhadas.

03 – (...) “as palavras são desenhos que falam, querem ver?” O trecho acima é a fala:
a. da Mariana.
b. do Geraldinho.
c. da vovó.
d. da professora.

04 – Quem escreve o texto para a vovó é:
a. Ronald Claver.
b. Mariana.
c. a professora.
d. os estudantes.

05 – “Agora não posso ver uma palavra que logo quero descobrir o seu mistério.” As palavras sublinhadas podem ser substituídas, sem alterar o sentido da frase, por:
a. o seu segredo.
b. a sua escrita.
c. o seu desenho.
d. a sua pronuncia.

06 – “(...) ela pediu no Para Casa que desenhássemos outras palavras.” A expressão sublinhada refere-se:
a. a avaliação realizada em sala.
b. as palavras desenhadas pela professora.
c. a tarefa de casa.
d. a palavra serpente que o irmão fez.

07 – “(...) mãe e flor não deveriam ficar doente nunca de nunca.” A repetição da palavra nunca:
a. reforça a ideia que o pai de Mariana quer transmitir.
b. deixa a frase mais elegante.
c. rima com a frase anterior.
d. reforça a ideia que Mariana quer transmitir.

08 – As imagens complementam o texto, ou seja, fazem com que fique mais clara a mensagem que a Mariana quer passar. Podemos comprovar isto quando ela mostra as palavras que foram desenhadas pela professora no quadro durante a aula. As vogais da palavra asa foram desenhadas a partir de que elemento? E o S, foi formado com o quê?
      Da própria asa da ave, e o s com o corpo da ave.

09 – Quem é Pedrita? Como você conseguiu descobrir?
      Uma gata, descobre-se pelo desenho que Mariana faz ao lado do parágrafo que fala sobre Pedrita.

10 – “Se ele não bate asa e voa, adeus passarinho.” Este trecho indica que
a. o passarinho sabe voar.
b. o passarinho não gostou da água.
c. Pedrita teria atacado o passarinho se ele não saísse de perto dos filhotes.
d. se o passarinho não voasse, Pedrita teria o deixado ele ficar próximo dos filhotes.

11 – “Se ele não bate asa e voa, adeus passarinho.” As palavras destacadas sugerem:
a. que o passarinho teria morrido.
b. que Pedrita se despediu do passarinho.
c. que o passarinho se despediu dos filhotes.
d. que o passarinho teria se machucado.

12 – “Ah! Vocês estão duvidando de mim, não estão? Pois provo para vocês que a palavra é um desenho que voa, que canta, anda. Querem ver?” Este trecho é a fala da professora. Identificamos isto:
a. pelo travessão.
b. pelo sinal de aspas.
c. pelo ponto de interrogação.
d. pelo ponto de exclamação.

13 – “Ah! Vocês estão duvidando de mim, não estão? Pois provo para vocês que a palavra é um desenho que voa, que canta, anda. Querem ver?” Porque foi usado aspas no trecho acima?
a. para indicar a fala de algum personagem.
b. para indicar fala do narrador.
c. para enfatizar o que a professora quer mostrar.
d. para esclarecer uma dúvida