Mostrando postagens com marcador MÁRIO QUINTANA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador MÁRIO QUINTANA. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

POEMA: A VIDA - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 POEMA: A VIDA

               Mario Quintana

Quando se vê, já são seis horas!

Quando se vê, já é sexta-feira...

Quando se vê, já terminou o ano...

Quando se vê, passaram-se 50 anos!

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZx6MAlODwMLOOU26aLYYIqYXKlxd-VTaA223V_1sKV_IdZNgpMdbR4RmFkV-jTeuHBXrlwiLSk0QYpEDF_vY4eQNTIWvsCzMvfaqRZI2TUNIwiyH3O8QRhGsFaNyJpChsQm9uRdoRT2FHbHzWgeXACMAHN2-93VxsOgYS6WqOKFQIYj9PKBTyLj3N8vI/w236-h234/VIDA.png

 Agora, é tarde demais para ser reprovado...

Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,

Eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando,

pelo caminho, a casca dourada e inútil das

horas...

De forma eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta

De tempo, a única falta que terá,

será desse tempo

que infelizmente não voltará mais.

Entendendo o texto

01. Qual é o tema central abordado no poema "A Vida" de Mário Quintana?

O tema central do poema é uma reflexão sobre o tempo e a vida, destacando a rapidez com que o tempo passa.

02. Como o eu lírico expressa a passagem do tempo ao longo do poema?

O eu lírico expressa a passagem do tempo de forma surpreendente e rápida, usando a repetição de situações cotidianas para mostrar a velocidade com que os anos se sucedem.

03. Que figura de linguagem é utilizada na expressão "a casca dourada e inútil das horas"?

A expressão "a casca dourada e inútil das horas" utiliza a metáfora, comparando as horas a uma casca dourada e inútil para enfatizar a efemeridade e a superficialidade do tempo.

04. Qual é a mensagem principal transmitida pelo eu lírico no trecho "Agora, é tarde demais para ser reprovado..."?

A mensagem principal é a consciência de que o tempo passa rápido demais e que é preciso aproveitar cada momento, pois, uma vez passada, não há mais oportunidade de reviver o tempo perdido.

05. Como o poeta sugere que as pessoas devem lidar com o tempo e as oportunidades na vida?

O poeta sugere que as pessoas devem seguir em frente sem se prender ao passado, aproveitando as oportunidades e não deixando de fazer o que amam devido à falta de tempo.

06. Quais são as diferentes etapas mencionadas que indicam a passagem do tempo ao longo do poema?

As diferentes etapas mencionadas que indicam a passagem do tempo são as horas, os dias, as semanas, os anos, destacando como essas unidades temporais se acumulam rapidamente.

07. O que significa a expressão "pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas"?

A expressão significa que ao longo da vida, o eu lírico vai descartando as superficialidades e valorizando o essencial, simbolizado pela metáfora da "casca dourada e inútil das horas".

08. Como o poema aborda a questão da reprovação em relação ao tempo?

O poema aborda a reprovação em relação ao tempo indicando que, uma vez passado, o tempo não pode ser recuperado, destacando a importância de viver plenamente cada momento.

09. Que conselho o eu lírico dá no poema para evitar tristezas futuras?

O eu lírico aconselha a não deixar de fazer algo que se gosta devido à falta de tempo, pois a única falta que terá esse tempo que não voltará mais.

10. Como o poeta utiliza o recurso da antítese ao longo do poema?

O poeta utiliza a antítese ao contrastar a rapidez com que o tempo passa (horas, dias, anos) com a ideia de seguir em frente sem se prender ao passado, criando um contraste entre a fugacidade do tempo e a atitude de aproveitar cada momento.

 

Parte superior do formulário


 

 

sábado, 13 de agosto de 2022

POEMA EM PROSA: O CHÁ, OS FANTASMAS, OS VENTOS ENCANADOS ... - MARIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema em prosa: O chá, os fantasmas, os ventos encanados..          

             Mario Quintana

    Nasci no tempo dos ventos encanados, quando, para evitar compromissos, a “gente bem” dizia estar com enxaqueca, palavra horrível mas desculpa distinta. Ter enxaqueca não era para todos, mas só para essas senhoras que tomavam chá com o dedo mindinho espichado. Quando eu via aquilo, ficava a pensar sozinho comigo (menino, naqueles tempos, não dava opinião) por que é que elas não usavam, para cúmulo da elegância, um laçarote azul no dedo...

        Também se falava misteriosamente em “moléstias de senhoras” nos anúncios farmacêuticos que eu lia. Era decerto uma coisa privativa das senhoras, como as enxaquecas, pois as criadas, essas não tinham tempo para isso. Mas, em compensação, me assustavam deliciosamente com histórias de assombrações. Nunca me apareceu nenhuma.

        Pelo visto, era isso: nunca consegui comunicar-me com este nem com o outro mundo. A não ser através do “Tico-tico” e da poesia de Camões – do qual até hoje me assombra este verso único: “Que o menor mal de tudo seja a morte!”.

        Pois a verdadeira poesia sempre foi um meio de comunicação com este e com o outro mundo.

               QUINTANA, Mario. Sapo amarelo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984. p. 13. (Série O Menino Poeta, 5). © by Elena Quintana.

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 277-8.

Entendendo o poema em prosa:

01 – Ao usar a expressão gente bem para designar um grupo de pessoas, o eu lírico sugere concordância ou discordância em relação a essa qualificação? Justifique.

      O eu lírico sugere discordância, como revela o uso de aspas, indicativo de que a expressão costuma ser empregada por outras pessoas e ele não a absorveu.

02 – No trecho “Ter enxaqueca não era para todos, mas só para essas senhoras que tomavam chá com o dedo mindinho espichado”, que palavra contrasta com ? Por quê? Como ela se classifica?

      O pronome indefinido todos, usado para indicar totalidade, contrasta com a noção de exclusividade sugerida por só.

03 – Por que o pronome demonstrativo essas, no mesmo trecho, sugere uma impressão pessoal do eu lírico? Qual seria essa visão?

      Essas adquire um sentido crítico, pois o eu lírico afasta-se do grupo de senhoras ao empregar um pronome de segunda pessoa para referir-se a elas.

04 – Que ideia é retomada pelo pronome demonstrativo na oração “Quando eu via aquilo”? De que modo tal pronome se relaciona com a expressão o tempo dos ventos encanados?

      O pronome aquilo retoma a cena das senhoras tomando chá com o dedo mindinho espichado e institui entre elas e o eu lírico uma grande distância temporal, coincidente com a expressão o tempo dos ventos encanados.

05 – Que pronome está relacionado à ideia expressa na oração “menino, naqueles tempos, não dava opinião”? Por quê?

      O pronome comigo, que sugere que os pensamentos do menino não eram compartilhados.

06 – No trecho “por que é que elas não usam, para cúmulo da elegância, um laçarote azul no dedo...”, qual é a função do pronome que em negrito?

      Ele questiona a causa.

07 – Quando menino, o eu lírico não compreendia o sentido da expressão moléstias de senhoras. Por que essa expressão pode ser considerada um eufemismo?

      Provavelmente, referia-se ao termo menstruação, substituindo-o por algo menos explícito, na época considerado mais elegante.

08 – De que forma o uso dessa expressão sugere um passado distante?

      Atualmente, não há constrangimento no emprego de um termo como esse, que apenas designa uma característica física da mulher.

09 – Releia agora este outro trecho: “Era decerto uma coisa privativa das senhoras, como as enxaquecas, pois as criadas, essas não tinham tempo para isso”. O pronome essas poderia ser excluído sem prejudicar a estrutura da oração? Que efeito seu uso produz?

      Sim, pois o pronome apenas coloca seu referente (as criadas) em evidência, não interferindo no sentido da oração.

10 – Em “me assustavam deliciosamente com histórias de assombração”, qual é o sujeito da ação? Que palavra expressa o alvo desse sujeito? Justifique o uso dessa palavra.

      O sujeito é criadas, e o alvo, me, um pronome oblíquo átono usado como complemento para se referir à 1ª pessoa do discurso.

11 – Como você interpretou a afirmação “nunca consegui comunicar-me com este nem com o outro mundo”? Que importância tem o pronome demonstrativo na caracterização de um dos dois mundos citados?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O eu lírico sugere que teve dificuldades não apenas na comunicação com o outro mundo, aquele fantástico de que falavam as criadas, mas também com o mundo dele próprio, sugerindo que não se comunicava bem com as pessoas. O pronome este foi usado para enfatizar esse mundo real do eu lírico.

12 – De que maneira as memórias apresentadas no poema confirmam a dificuldade de comunicação do eu lírico?

      As memórias contadas revelam sua dificuldade em compreender certos atos das senhoras da época, sugerindo dificuldade de inserção no grupo social a que pertencia.

13 – No penúltimo parágrafo, a expressão a não ser introduz uma ressalva. Explique-a.

      A ressalva indica que, apesar da dificuldade de comunicação do eu lírico, a poesia funcionava como um elo entre ele e o mundo, fosse este o real ou o fictício.

quinta-feira, 10 de março de 2022

TEXTO: DA PAGINAÇÃO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Texto: Da Paginação

           Mário Quintana

    Os livros [  ] poemas devem ter margens largas [  ] muitas páginas em branco [   ] suficientes claros nas páginas impressas, [   ] as crianças possam enchê-los [   ] poemas [   ] gatos, homens, aviões, casas, chaminés, árvores, luas, pontes, automóveis, cachorros, cavalos, bois, tranças, estrelas [   ] que passarão também a fazer parte dos poemas...

Mário Quintana. Poesias. 9. ed. São Paulo: Globo, 1994. p. 60.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – 2ª edição - Atual Editora -1998 – p. 188.

Entendendo o texto:

01 – Observe estes trechos do texto:

        “Os livros [de] poemas...”

        “Enchê-los [de] poemas”.

        Neles falta a palavra que indica o assunto ou o conteúdo. Qual é essa palavra?

        A – com – de – em – para.

02 – No trecho “devem ter margens largas [e] muitas páginas em branco [e] suficientes claros”, o autor enumera elementos que um livro de poemas deve ter.

a)   Indique entre as palavra seguintes aquela que pode dar coesão ao trecho, nas duas situações:

Mas – ou – e – logo.

b)   A palavra que completa o trecho, unindo as palavras, indica adição ou oposição?

Indica adição.

03 – Releia este trecho do texto:

        “Os livros de poemas devem ter margens largas [...], [para que] as crianças possam enchê-los”.

        Nele falta uma expressão adequada para exprimir a finalidade de um livro de poemas ter margens largas. Que expressão é essa?

        Quando – à medida que – para que – se.

terça-feira, 8 de março de 2022

POEMA: CANÇÃO DA NUVEM E VENTO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: Canção da nuvem e vento

             Mário Quintana


Medo da nuvem
Medo Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que não se sabe
O que vai saindo
Medo da nuvem Nuvem Nuvem
Medo do vento
Medo Medo
Medo do vento que vai ventando
Que vai falando
Que não se sabe
O que vai dizendo
Medo do vento Vento Vento
Medo do gesto
Mudo
Medo da fala
Surda
Que vai movendo
Que vai dizendo
Que não se sabe
Que bem se sabe
Que tudo é nuvem que tudo é vento
Nuvem e vento Vento Vento!

In: Vera Aguiar, coord. Poesia fora da estante. Porto Alegre: Projeto, 1996. p. 64.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – 2ª edição - Atual Editora -1998 – p. 199.

Entendendo o poema:

01 – Em todo o poema, predomina um sentimento.

a)   Qual é esse sentimento?

O medo.

b)   Esse sentimento tem por alvo elementos representados por quatro substantivos. Identifique-os.

Nuvem, vento, gesto e fala.

c)   Qual é a função sintática desses quatro substantivos?

Complemento nominal.

02 – Em alguns versos, ao repetir determinada palavra, o autor inicia-a com maiúscula. Que efeito de sentido tem esse recurso?

      Acentua, intensifica o sentido do substantivo. Por exemplo, em “Medo do vento Vento Vento”, reforça a ideia de um vento bastante forte.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

POEMA: DORME, RUAZINHA...É TUDO ESCURO... - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: DORME, RUAZINHA... É TUDO ESCURO…

           Mário Quintana

Dorme, ruazinha… É tudo escuro…

E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos…

Dorme… Não há ladrões, eu te asseguro…
Nem guardas para acaso persegui-los…
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos…

O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão…
Dorme, ruazinha… Não há nada…

Só os meus passos… Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração…

Mário Quintana. A Rua dos Cataventos, poema III. Poesias. Porto Alegre: Globo: 1981. p. 3.

        Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p 127-9.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Enovelar-se: enrolar-se.

·        Lampião: antigo poste de iluminação pública; grande lanterna elétrica ou a combustível.

02 – No poema:

a)   A quem o eu lírico se dirige?

À ruazinha.

b)   Que verbo se repete?

Dorme.

c)   A ação indicada por esse verbo é própria de quem?

De pessoas, de animais.

d)   Como o eu lírico trata aquela a quem se dirige?

Trata a ruazinha como se fosse um ser vivo.

03 – Reflita sobre as questões a seguir:

a)   Para quem se costuma entoar canções para dormir?

Para crianças e bebês.

b)   Você conhece alguma canção desse tipo? Veja estes versos de uma conhecida canção de ninar.

“Durma, neném, que a Cuca logo vem

 Papai está na roça e mamãezinha em Belém”.

      Há semelhanças entre a canção de ninar e o poema de Mario Quintana? Compare não apenas as palavras mas a ideia geral, o tom de voz esperado e a melodia, o ritmo dos versos.

      Resposta pessoal do aluno.

c)   No poema, o tratamento dispensado pelo eu lírico àquela a quem ele se dirige tem relação com a canção de ninar? Por quê?

Sim, porque o eu lírico dirige-se à ruazinha tratando-a como uma pessoa que deve dormir. Fala com ela de modo afetivo.

04 – Releia os versos 9 e 10 do poema.

a)   No verso 9, que verbo é usado para indicar a ação do vento? Comente esse uso.

O verbo dormir. O eu lírico trata o vento como ser vivo, já que dormir é uma ação própria dos seres vivos. Usa o recurso da personificação.

b)   De que modo o eu lírico diz que o vento está parado, quieto?

Ele compara o vento a um cão enovelado, enrolado.

c)   Esses recursos para tratar do vento combinam com o modo como o eu lírico trata a ruazinha? Por quê?

Sim, porque o eu lírico trata a rua e o vento como pessoas que dormem.

 

sábado, 31 de julho de 2021

POEMA: QUEM AMA INVENTA - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 POEMA: QUEM AMA INVENTA


   Mário Quintana

Quem ama inventa as coisas que ama...

Talvez chegaste quando eu te sonhava.

Então de súbito acendeu-se a chama!

Era a brasa dormida que acordava...

E era um revoo sobre a ruinaria,

No ar atônito bimbalhavam sinos,

Tangidos por uns anjos peregrinos

Cujo dom é fazer ressurreições...

Um ritmo divino? Oh! Simplesmente

O palpitar de nossos corações

Batendo juntos e festivamente,

Ou sozinhos, num ritmo tristonho...

Oh! meu pobre, meu grande amor distante,

Nem sabes tu o bem que faz à gente

Haver sonhado... e ter vivido o sonho!

(A cor do invisível. São Paulo: Global, 2005. p. 58.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 2/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.130-1.

Entendendo o poema

1. Observe o tempo, o modo e a pessoa em que estão os verbos, em especial os que aparecem nos versos 2 e 14.

a) A quem se dirige o eu lírico?

Dirige-se à pessoa amada.

b) Em que pessoa verbal o eu lírico trata seu interlocutor?

Na 2ª pessoa do singular (tu)

c) O eu lírico mantém coerência nesse tratamento que dá ao seu interlocutor? Por quê?

Sim, porque ele sempre se dirige ao interlocutor tratando-o na 2ª pessoa do singular (tu); a 3ª pessoa do singular é utilizada quando ele se refere ao tema do qual se ocupa, que é o amor.

 

2. As formas verbais chegaste e sabes estão, respectivamente:

a) no pretérito perfeito do indicativo e no imperativo negativo.

b) no pretérito imperfeito do indicativo e no presente do indicativo.

c) no pretérito perfeito do indicativo e no presente do indicativo.

d) no pretérito mais-que-perfeito do indicativo e no imperativo negativo.

3. Dê uma interpretação para o título do poema.

De tanto querer amar ou de tanto amar o amor, o eu lírico sonhou ou inventou um ser amado e, com ele, viveu um sonho de amor. Assim, embora o ser amado não fosse real, o sonho de amor foi realmente vivido.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

POEMA: ALMA ERRADA - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 POEMA: ALMA ERRADA

                    Mário Quintana

 Há coisas que a minha alma, já mortificada não admite:

assistir novelas de TV
ouvir música Pop
um filme apenas de corridas de automóvel
uma corrida de automóvel num filme
um livro de páginas ligadas


porque, sendo bom,

a gente abre sofregamente a dedo:
espátulas não há…

e quem é que hoje faz questão de virgindades…


E quando minha alma estraçalhada a todo instante pelos telefones
fugir desesperada


me deixará aqui,
ouvindo o que todos ouvem,

bebendo o que todos bebem,
comendo o que todos comem.


A estes, a falta de alma não incomoda.

(Desconfio até que minha pobre alma fora destinada ao habitante de outro mundo).


E ligarei o rádio a todo o volume,
gritarei como um possesso nas partidas de futebol,
seguirei, irresistivelmente, o desfilar das grandes paradas do Exército.


E apenas sentirei, uma vez que outra,
a vaga nostalgia de não sei que mundo perdido…


ENTENDENDO O POEMA

1)   Há coisas que a alma do eu lírico já não admite. Quais são?

Assistir novelas de TV

ouvir música Pop

um filme apenas de corridas de automóvel

uma corrida de automóvel num filme

um livro de páginas ligadas.

2)   Em que versos o eu lírico nos mostra sua alma angustiada, despedaçada?

“... pelos telefones fugir desesperada

me deixará aqui, ouvindo o que todos

bebendo o que todos bebem, ouvem,

comendo o que todos comem.”

3)   O título do poema motiva a leitura?

Sim, chama a atenção do leitor, desperta a curiosidade de saber do que se trata.

4)   De que se trata o poema?

O eu lírico fala da angústia de sua alma que já não admite muitas coisas.

5)   O eu lírico conta algo que:

a)   Está acontecendo no presente.

b)   Aconteceu em um passado bem próximo.

c)   Aconteceu num passado distante.

d)   Acontecerá num futuro bem próximo.

6)   Encontre no poema um verso que confirme sua resposta da pergunta número cinco.

              “Há coisas que a minha alma,

              já mortificada não admite...”

7)   É possível fazer um reflexão com a leitura do poema? Explique.

Sim, o eu lírico diz que sua alma já não admite muitas coisas, com certeza ele é uma pessoa mais madura, idosa.

8)   Do que o eu lírico diz que sentirá saudade?

Uma vaga nostalgia de não sei que mundo perdido.

 

 

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

POEMA: OLHO AS MINHAS MÃOS - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

                 POEMA: OLHO AS MINHAS MÃOS

      Mário Quintana

Porque são minhas. Mas é tão esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas anêmonas do fundo do mar…
Fechá-las, de repente,
Os dedos como pétalas carnívoras !
Só apanho, porém, com elas, esse alimento impalpável do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo
Pertenço?
No mundo há pedras, baobás, panteras,
Águas cantarolantes, o vento ventando
E no alto as nuvens improvisando sem cessar.
Mas nada, disso tudo, diz: “existo”.
Porque apenas existem…
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no ar…
Nem na estrela do céu nem na estrela do mar
Foi este o fim da Criação!
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de tão velhos sonhos ?
Quem faz – em mim – esta interrogação?

          Entendendo o poema

         1)   Além de funcionar como elemento de ligação entre termos de mesmo valor, o conectivo foi utilizado no texto, algumas vezes, para exprimir o efeito de aceleração contínua. Esse conectivo foi empregado para produzir tal efeito em:

a)   “Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento”.

b)   “E no alto as nuvens improvisando sem cessar.”

c)   “E, cheios de esperança e medo.”

d)   “Mistura, confunde e dispersa no ar...”.


2)   Que figuras de linguagem podemos encontrar nos seguintes versos:

a)   “Os dedos como pétalas carnívoras”.

Símile ou comparação.

 

b)   “Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento.”

Anáfora.

 

c)   “O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses.

Aliteração.

 

d)   “Nem na estrela do céu nem na estrela do mar.”

Polissíndeto.

3)   Por que o eu lírico diz que suas mãos não são estranhas?

             Porque elas são dele.

          4)   Em que pessoa verbal está escrito o poema? Comprove com um verso.

            Está escrito na 1ª pessoa do singular.

           “Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas.”

          5)   O que o eu lírico questiona? Copie os versos.

          Questiona sua existência.

         “A que mundo

          Pertenço?”

          “Mas nada, disso tudo, diz “existo”.

        6)   O título do poema motiva a leitura?

          Sim, pois nos leva a uma reflexão.

        7)   Como o olhar do eu lírico aparece no poema?

         Através do olhar em suas mãos questiona sua existência fazendo algumas comparações.

 

 

 

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

FÁBULA: DAS FALSAS POSIÇÕES - MÁRIO QUINTANA -(In: José Paulo Paes) - COM GABARITO

 Fábula: Das falsas posições

            Mário Quintana


Com a pele do leão vestiu-se o burro um dia.

Porém no seu encalço, a cada instante e hora,

“Olha o burro! Fiau! Fiau!” gritava a bicharada...

Tinha o parvo esquecido as orelhas de fora!

                             In: José Paulo Paes et al. Poesias. 17, ed. São Paulo: Ática, 2002. P. 19. (Para gostar de ler 6). By Elena Quintana.

Entendendo a fábula:

01 – Qual desejo é revelado pela atitude do burro?

      O desejo de se passar por um leão, isto é, de parecer um animal forte e imponente diante dos outros animais.

02 – O que impede o personagem de realizar seu desejo?

      O fato de esquecer as orelhas de fora da pele de leão, impedindo que ele seja confundido com o leão.

03 – Escreva o sujeito e o predicado dos períodos contidos nos versos 1 e 4.

      Verso 1 – Sujeito: o burro; Predicado: com a pele do leão vestiu-se um dia.

      Verso 4 – Sujeito: O parvo: Predicado: Tinha esquecido as orelhas de fora!

04 – Agora, reescreva os mesmos versos usando a ordem direta.

      O burro vestiu-se com a pele do leão um dia. O parvo tinha esquecido as orelhas de fora!

05 – Releia a fábula em voz alta, prestando atenção ao som dos versos. Com que finalidade a ordem indireta foi usada no terceiro verso?

      A ordem indireta permitiu a rima de bicharia com dia, do primeiro verso.