Mostrando postagens com marcador CHICO BUARQUE. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador CHICO BUARQUE. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): RETRATO EM BRANCO E PRETO - TOM JOBIM E CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música (Atividade): Retrato em branco e preto

            Tom Jobim e Chico Buarque

Já conheço os passos dessa estrada

Sei que não vai dar em nada

Seus segredos sei de cor

Já conheço as pedras do caminho

E sei também que ali sozinho

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2sQZsKA9TboJUaZU0FRcJDF2dNWaJDBlU-5vIClLcwJMpzWB6AvSl_i3J1CoSUWuxUC4hK6TBCD4gXw09Z20swb8t7JgwItq2i0Ueq4XV4Ln4TWpA4LtzoL7TxdcELujqnLhGhrshg5nvqsG7CbA33IoaxW_y_BVBOEJIUnMKwaOk85pUQ_5am9wRhlM/s320/hqdefault.jpg


Eu vou ficar tanto pior

O que é que eu posso contra o encanto

Desse amor que eu nego tanto

Evito tanto

E que no entanto

Volta sempre a enfeitiçar

Com seus mesmos tristes, velhos fatos

Que num álbum de retratos

Eu teimo em colecionar

Lá vou eu, de novo como um tolo

Procurar o desconsolo

Que cansei de conhecer

Novos dias tristes, noites claras

Versos cartas, minha cara

Ainda volto a lhe escrever

Para lhe dizer que isso é pecado

Eu trago o peito tão marcado

De lembranças do passado

E você sabe a razão

Vou colecionar mais um soneto

Outro retrato em branco e preto

A maltratar meu coração.

Ed. Musical Arlequim Ltda, 1968.

Entendendo a música:

01 – Que tipo de conhecimento o eu lírico afirma ter sobre o relacionamento?

      O eu lírico afirma que já conhece os passos dessa estrada e sabe que "não vai dar em nada". Ele conhece "os segredos" e "as pedras do caminho" de cor, indicando uma experiência prévia e repetitiva com o término e a dor desse relacionamento.

02 – Qual é a contradição central no comportamento do eu lírico em relação ao amor?

      A contradição central é que, apesar de negar e evitar tanto esse amor, ele "volta sempre a enfeitiçar". O eu lírico reconhece que a insistência nesse sentimento o levará a um "desconsolo" que ele já cansou de conhecer, mas ainda assim cede ao seu encanto.

03 – A que o eu lírico compara a sua teimosia em revisitar as lembranças desse amor?

      O eu lírico compara sua teimosia em revisitar as lembranças desse amor a colecionar "seus mesmos tristes, velhos fatos" num "álbum de retratos". Essa metáfora visual sugere a persistência em guardar e reviver memórias, mesmo que dolorosas.

04 – O que o eu lírico ainda pretende fazer, mesmo sabendo o desfecho negativo, e para qual finalidade?

      Mesmo sabendo do desfecho negativo, o eu lírico ainda pretende escrever "versos, cartas" para a pessoa amada. A finalidade é "lhe dizer que isso é pecado", ou seja, expressar o sofrimento e a dor que ela lhe causou, marcada pelas "lembranças do passado".

05 – Qual é a imagem final usada para descrever o impacto desse amor no coração do eu lírico?

      A imagem final utilizada é a de que ele vai colecionar "mais um soneto" e "outro retrato em branco e preto / A maltratar meu coração". Essa imagem reforça a ideia de que a cada revisita a esse amor, mais uma lembrança dolorosa é adicionada à sua coleção de sofrimento, que não possui cores vibrantes, apenas o luto e a melancolia do preto e branco.

 

 

domingo, 27 de julho de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): ODE AOS RATOS - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música (Atividades): Ode Aos Ratos

             Chico Buarque

Rato de rua
Irrequieta criatura
Tribo em frenética proliferação
Lúbrico, libidinoso transeunte
Boca de estômago
Atrás do seu quinhão

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeQ5aXV7qJnSE6Lcd2dm71_xxRSU_A1V12v0yVv6JCpOtHBIGuIqz4DgdwPFXhBuvYl69KWP-IUhAkHnPUs10OsjPnTDMVee92N_qtOv7jwj2Ya0kjj2-H9OkFEsFU2Bp6Cgp1cEAJ6yaCCUrB2Jo2KEdJlAR19Y1ZE2bcUAnRpJEz4JneaoNGzyk094M/s1600/CHICO.jpg


Vão aos magotes
A dar com um pau
Levando o terror
Do parking ao living
Do shopping center ao léu
Do cano de esgoto
Pro topo do arranha-céu

Rato de rua
Aborígene do lodo
Fuça gelada
Couraça de sabão
Quase risonho
Profanador de tumba
Sobrevivente
À chacina e à lei do cão

Saqueador da metrópole
Tenaz roedor
De toda esperança
Estuporador da ilusão
Ó meu semelhante
Filho de Deus, meu irmão

Rato
Rato que rói a roupa
Que rói a rapa do rei do morro
Que rói a roda do carro
Que rói o carro, que rói o ferro
Que rói o barro, rói o morro
Rato que rói o rato
Ra-rato, ra-rato
Roto que ri do roto
Que rói o farrapo
Do esfarra-rapado
Que mete a ripa, arranca rabo
Rato ruim
Rato que rói a rosa
Rói o riso da moça
E ruma rua arriba
Em sua rota de rato.

Composição: Chico Buarque / Têtes Raides. Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=ode_ratos_01.htm. Acesso em: 16 mr. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 6º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 232.

Entendendo a música:

01 – Qual das seguintes descrições melhor caracteriza o "rato de rua" conforme a primeira estrofe da canção?

A – Um animal prolífico, agitado e em busca constante de sustento.

B – Um roedor de hábitos noturnos e comportamento discreto.

C – Um ser passivo que busca apenas abrigo.

D – Uma criatura solitária e inofensiva.

02 – De acordo com a segunda estrofe, quais são os locais que os ratos "vão aos magotes", indicando sua capacidade de invasão?

A – Uma variedade de ambientes, do subterrâneo aos pontos mais altos da cidade.

B – Exclusivamente espaços de lazer e compras.

C – Somente áreas residenciais e comércios.

D – Apenas áreas urbanas restritas como estacionamentos e esgotos.

03 – A frase "Sobrevivente À chacina e à lei do cão" (terceira estrofe) sugere que o rato é:

A – Uma vítima constante da perseguição humana, sem capacidade de resistência.

B – Um roedor que evita o contato com humanos e se esconde em locais seguros.

C – Uma criatura resiliente, capaz de resistir a ambientes hostis e tentativas de extermínio.

D – Um animal frágil que facilmente sucumbe às adversidades da cidade.

04 – Ao se referir ao rato como "Ó meu semelhante Filho de Deus, meu irmão", o eu-lírico expressa:

A – Um sentimento de repulsa e condenação pela natureza destrutiva do animal.

B – Uma ironia sobre a convivência forçada entre humanos e ratos na cidade.

C – Uma identificação surpreendente e uma reflexão sobre a condição humana.

D – A resignação diante da impossibilidade de erradicar a praga urbana.

05 – Na última estrofe, a repetição do verbo "rói" enfatiza qual característica dos ratos?

A – Sua agilidade e rapidez de movimento.

B – Sua capacidade de reprodução e proliferação.

C – Sua preferência por determinados tipos de alimento.

D – Sua persistência e o poder de destruição gradual e abrangente.

 

 

domingo, 27 de abril de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): GENI E O ZEPELIM - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música (Atividades): Geni e o Zepelim

              Chico Buarque

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3LCChjH-Bpf-Yv7WZm7quRNnsJBf28Wym3VfGE_FiJyi6Xyc-GO2RBZc444o7CJfV8L87PLaJjrNsP_VsjfgzJ_liNiAFI85rh0sXENKe5eM5GtUUc4DtFBfiQnLldoGkEqUWsPyGlzyC6GP0rTzwqiu50_37LWC-o1BunpobwgOrCBVhjxSCX5xd6h8/s1600/GENI.jpg


Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato

E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir

Joga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim

A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: Mudei de ideia!

Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir

Essa dama era Geni!
Mas não pode ser Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro

Acontece que a donzela
(E isso era segredo dela)
Também tinha seus caprichos
E ao deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos

Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão

Vai com ele, vai, Geni!
Vai com ele, vai, Geni!
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni!

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco

Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado

Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir

Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Chico Buarque. Geni e Zepelim.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 392.

Atividades da música:

01 – Como a figura de Geni é inicialmente apresentada na música em relação à sociedade e a quem ela se dedica?

      Geni é apresentada como uma figura marginalizada, ligada a locais como o mangue e o cais do porto, e que se relaciona intimamente com os excluídos da sociedade: errantes, cegos, retirantes, detentos, loucos, lazarentos, moleques de internato, velhinhos doentes e viúvas. Ela é descrita como alguém que se doa a todos eles.

02 – Qual a atitude da cidade em relação a Geni, expressa no refrão, e como essa atitude se justifica na narrativa?

      A atitude da cidade em relação a Geni é de agressão e desprezo, expressa no refrão "Joga pedra na Geni! Ela é feita pra apanhar! Ela é boa de cuspir! Ela dá pra qualquer um! Maldita Geni!". Essa atitude se justifica pela sua promiscuidade e pela forma como ela se relaciona com os marginalizados, sendo vista como impura e merecedora de punição.

03 – Qual o evento extraordinário que interrompe a rotina da cidade e qual a ameaça que ele representa?

      A chegada de um enorme zepelim brilhante e armado com dois mil canhões interrompe a rotina da cidade. A ameaça é de destruição total, pois o comandante do zepelim anuncia sua intenção de explodir a cidade devido à "tanto horror e iniquidade" que presenciou.

04 – Qual a condição imposta pelo comandante do zepelim para poupar a cidade da destruição e quem é a pessoa escolhida para cumprir essa condição?

      A condição imposta pelo comandante para poupar a cidade é que "aquela formosa dama" o sirva naquela noite. Essa dama é Geni.

05 – Qual a reação inicial da cidade ao saber que Geni é a pessoa que pode salvá-los e como essa reação se transforma ao longo da negociação?

      A reação inicial da cidade é de incredulidade e repulsa, expressa na repetição do refrão depreciativo sobre Geni. No entanto, diante da ameaça iminente, a cidade muda radicalmente sua atitude, implorando para que Geni aceite a proposta do comandante, chegando a beijar sua mão e chamá-la de "Bendita Geni!".

06 – Qual a preferência íntima de Geni em relação aos seus amantes e como essa preferência se manifesta na noite em que ela se entrega ao comandante?

      Geni preferia amar com os bichos a deitar com um homem "tão nobre" e "cheirando a brilho e a cobre". Apesar de seu asco, ela se entrega ao comandante como quem se entrega a um carrasco, motivada pelos pedidos da cidade para salvá-los.

07 – Como a cidade reage após a partida do zepelim e do comandante, e qual a ironia presente nessa reação final?

      Após a partida do zepelim, a cidade sente um suspiro aliviado, mas logo ao raiar do dia, volta a hostilizar Geni com ainda mais intensidade, jogando pedras e bosta, e repetindo o refrão maldizente. A ironia reside na completa falta de gratidão e na persistência da crueldade da cidade em relação àquela que se sacrificou para salvá-los, mostrando a hipocrisia e a ingratidão da sociedade.

 

 

domingo, 9 de março de 2025

CONTO: CHAPEUZINHO AMARELO - (FRAGMENTO) - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Conto: Chapeuzinho Amarelo – Fragmento 

           Chico Buarque

[...]

E Chapeuzinho amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós,
um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz…
E um chapéu de sobremesa.

[...].

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM4DIB5T4PDIMbuPIAJTWQKeYAZPYZEI17q28u2VZb9SjQj3XYVMFnujLptI7m6m0pI3Q58Z6ywJli2uOhBypRzIo4ScfNwQpUzKIejyNkf4MeXvUnu-FJFbLoxeMlu8i88gIbavszRhgkAFDpUmuPvxcIJxPGMs4L4srLWdP_i64wxlY3XhR7_ccePlY/s1600/CHAPEUZINHO.jpg


Chico Buarque. Chapeuzinho Amarelo. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 89.

Entendendo o conto:

01 – Qual o principal medo de Chapeuzinho Amarelo?

      O principal medo de Chapeuzinho Amarelo é o Lobo Mau.

02 – O que Chapeuzinho Amarelo fazia devido ao medo do lobo?

      Chapeuzinho Amarelo pensava, sonhava e esperava pelo lobo constantemente.

03 – Como o lobo é descrito no conto?

      O lobo é descrito com "carão de LOBO, olhão de LOBO, jeitão de LOBO" e um bocão capaz de comer duas avós, um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz e um chapéu de sobremesa.

04 – O que o tamanho da boca do lobo sugere?

      O tamanho exagerado da boca do lobo sugere a intensidade do medo de Chapeuzinho Amarelo, que imagina o lobo como uma criatura monstruosa e capaz de tudo.

05 – Qual a diferença entre este lobo e o lobo da história tradicional da Chapeuzinho Vermelho?

      Este lobo é uma criação da imaginação de Chapeuzinho Amarelo, amplificada pelo medo, enquanto o lobo da história tradicional é um personagem real que interage com a protagonista.

 

 

quinta-feira, 6 de março de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): VAI PASSAR - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música (Atividades): Vai Passar

             Chico Buarque

Vai passar
Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade
Essa noite vai se arrepiar

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8F0cGDudiBFDTX8moExXf4gDu0At37K_GSBW_WNQkffbSUe0SwoJDTiDOpbIBi6CC-qioVjdbmXPrZhrdNDoh3pp2kvJaHdnH-0zKWusKmbN7tZJzaVgLj4MZ1IliscdRblF7GgcPqfg_ZNr-fbzhuqlBkRlKPS9DKHvceECO2PLX6OgEGtm-aXJ5MSs/s320/CHICO.jpg


Ao lembrar
Que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais

Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações

Dormia
A nossa pátria-mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais

E um dia afinal
Tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval

O carnaval, o carnaval (vai passar)
Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do Boulevard

Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear

Ai que vida boa, ô lerê
Ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral vai passar

Ai que vida boa, ô lerê
Ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral
Vai passar

Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade
Essa noite vai se arrepiar

Ao lembrar
Que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais

No tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações

Dormia
A nossa pátria-mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais

E um dia afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval

O carnaval, o carnaval (vai passar)
Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do Boulevard

Meus Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear

Ai que vida boa, ô lêrê
Ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral vai passar

Ai que vida boa, ô lêrê
Ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral
Vai passar

Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade
Essa noite vai se arrepiar

Ao lembrar
Que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais

No tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações

Dormia
A nossa pátria-mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais

E um dia afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval

O carnaval, o carnaval (vai passar)
Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do Boulevard

Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear.

Composição: Chico Buarque / Francis Hime.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 576.

Atividades da música:

01 – Qual o tema central da música "Vai Passar"?

      A música aborda a esperança de superação de um período sombrio da história do Brasil, marcado pela ditadura militar, e a celebração da liberdade.

02 – Qual a metáfora utilizada para representar o período de opressão na música?

      A metáfora utilizada é "Página infeliz da nossa história", representando um tempo de tristeza e repressão.

03 – O que representa o carnaval na música?

      O carnaval representa um momento de alegria e libertação, uma "ofegante epidemia" de felicidade que surge após um período de sofrimento.

04 – Quem são os personagens mencionados na música, como "barões famintos" e "napoleões retintos"?

      Esses personagens representam diferentes grupos sociais e figuras de poder que participaram ou foram afetados pelo período da ditadura.

05 – Qual a importância da "avenida" mencionada na música?

      A avenida representa o palco onde a história se desenrola, onde "sambas imortais" passaram e onde a esperança de um futuro melhor se manifesta.

06 – Qual a mensagem de esperança transmitida pela música?

      A mensagem é de que, apesar das dificuldades e do sofrimento, a liberdade e a alegria ("o dia clarear") prevalecerão.

07 – O que significa a expressão "sanatório geral" no contexto da música?

      "Sanatório geral" pode ser interpretado como uma representação da loucura e do caos do período da ditadura, e o "estandarte" simboliza a superação desse estado.

08 – Qual o significado dos "paralelepípedos da velha cidade" se arrepiarem?

      Os paralelepípedos representam a história da cidade, e o fato de se arrepiarem simboliza a emoção e a memória dos eventos históricos que ali ocorreram.

09 – Como a música retrata a reação da "pátria-mãe" durante o período de opressão?

      A música retrata a "pátria-mãe" como distraída e sendo "subtraída em tenebrosas transações", ou seja, alheia aos acontecimentos e sofrendo com a corrupção e a repressão.

10 – Qual o sentimento predominante na música "Vai Passar"?

      O sentimento predominante é de esperança e celebração da liberdade, com a certeza de que o período sombrio será superado.

 

quarta-feira, 5 de março de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): A TELEVISÃO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música (Atividades): A Televisão

             Chico Buarque

O homem da rua
Fica só por teimosia
Não encontra companhia
Mas pra casa não vai não
Em casa a roda já mudou
Que a moda muda
A roda é triste
A roda é muda
Em volta lá da televisão...

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglGbVtCwaX1I4cK2vjjnlN1RUJxhJ74EPsUQcUNmG__0WBqY8GFeezL4ggU1WQht4mb_EF9sHpX9PGJurDA701q_N5yLdxj_6L4mdJgS2FbiypbCvzH5E4LIFhk9D7nGoCQxr8zPWs1xCwGW-a6LMkekcvhIRPbsyUjfI9gHfmg4KfA_mNBgu-MsIlAbg/s1600/Televis%C3%A3o_tit%C3%A3s.jpg


No céu a lua
Surge grande e muito prosa
Dá uma volta graciosa
Pra chamar as atenções
O homem da rua
Que da lua está distante
Por ser nego bem falante
Fala só com seus botões...

O homem da rua
Com seu tamborim calado
Já pode esperar sentado
Sua escola não vem não
A sua gente
Está aprendendo humildemente
Um batuque diferente
Que vem lá da televisão...

No céu a lua
Que não estava no programa
Cheia e nua, chega e chama
Pra mostrar evoluções
O homem da rua
Não percebe o seu chamego
E por falta doutro nego
Samba só com seus botões...

Os namorados
Já dispensam seu namoro
Quem quer riso
Quem quer choro
Não faz mais esforço não
E a própria vida
Ainda vai sentar sentida
Vendo a vida mais vivida
Que vem lá da televisão...

O homem da rua
Por ser nego conformado
Deixa a lua ali de lado
E vai ligar os seus botões
No céu a lua
Encabulada e já minguando
Numa nuvem se ocultando
Vai de volta pros sertões...

Composição: Chico Buarque. A televisão. In: Chico Buarque – Letra e Música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 52. A música, interpretada pelo autor, encontra-se na faixa 3, lado 2, do disco Chico Buarque de Holanda. V. 2, da RGE, de 1967.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 194.

Entendendo a música:

01 – O que o homem da rua faz por teimosia, segundo a música?

      O homem da rua fica só por teimosia e não encontra companhia, mas não vai para casa.

02 – Como a roda em casa é descrita na música?

      Em casa, a roda já mudou, que a moda muda; a roda é triste e muda em volta da televisão.

03 – Como a lua no céu é apresentada na música?

      A lua surge grande e graciosa no céu, dando uma volta para chamar a atenção.

04 – O que o homem da rua faz quando a lua aparece, conforme a música?

      O homem da rua, estando distante da lua, fala só com seus botões.

05 – Por que o homem da rua pode esperar sentado com seu tamborim calado?

      Porque sua escola não vem mais, e sua gente está aprendendo um batuque diferente que vem da televisão.

06 – Como a televisão afeta os namorados, de acordo com a música?

      Os namorados já dispensam seu namoro, e quem quer riso ou choro não faz mais esforço, preferindo a televisão.

07 – O que a lua faz no final da música e como o homem da rua reage?

      A lua, encabulada e minguando, se oculta numa nuvem e volta para os sertões, enquanto o homem da rua conformado, vai ligar seus botões.

 

 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): ATRÁS DA PORTA - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música(ATIVIDADES): Atrás da Porta

             Chico Buarque

Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei
Me debrucei
Sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teus pelos
Teu pijama
Nos teus pés
Ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi343B2S2OVnkbPSSq32R1vw_1NY5nDNLWev82hPtr3yiVMp4-bpZeg-jhSP5_3MFGmdOWCeOK06tjEq308YJ1NPSF8mUAmjL1jXdEwyiDW1uWEk_YtQckwpiuZ__C7_0WXQOd27Eg93qtCD5y3cncooVKWoo6gyQonpNEVRYmJcEB5Ztn_vf6cdPUhFDE/s320/CHICO.jpg


Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que inda sou tua
Só pra provar que inda sou tua.

Composição: Chico Buarque / Francis Hime.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 320.

Entendendo a música:

01 – Qual a principal emoção transmitida pela música?

      A principal emoção transmitida pela música é a angústia da separação. O eu lírico demonstra intensa dor, raiva e desespero diante da iminência do fim do relacionamento. A letra retrata uma luta desesperada para manter o outro, marcada por ações impulsivas e destrutivas.

02 – Qual o papel do ambiente na construção da atmosfera da música?

      O ambiente da música é crucial para a construção da atmosfera de sofrimento e desespero. A descrição do "tapete atrás da porta" e da ausência de carinho e coberta cria uma imagem de solidão e abandono. O espaço íntimo do casal se transforma em um palco de uma luta dolorosa, intensificando o sofrimento do eu lírico.

03 – Como a relação entre o eu lírico e o outro se transforma ao longo da música?

      A relação entre o eu lírico e o outro passa por uma transformação radical. Inicialmente, há a negação da separação e a tentativa de reconciliação. No entanto, à medida que a letra avança, essa tentativa se transforma em uma espiral de destruição e autoflagelação. O amor se transforma em ódio, e a paixão em vingança.

04 – Qual o significado da frase "Te adorando pelo avesso"?

      A frase "Te adorando pelo avesso" é uma das mais poderosas da música. Ela expressa a complexidade dos sentimentos do eu lírico, que ao mesmo tempo ama e odeia o outro. A adoração "pelo avesso" indica um amor distorcido e destrutivo, que se manifesta através da dor e da humilhação.

05 – Quais as características da linguagem utilizada por Chico Buarque nessa música?

      A linguagem utilizada por Chico Buarque é direta, intensa e visceral. As palavras são escolhidas de forma precisa para transmitir a força das emoções. A repetição de palavras e expressões, como "teus", "teu" e "atrás da porta", cria um ritmo frenético que acompanha a agitação emocional do eu lírico. A ausência de metáforas complexas e a utilização de um vocabulário cotidiano contribuem para a universalidade da mensagem.

 

 

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

CRÔNICA: BUDAPESTE - DEVIA SER PROIBIDO - (FRAGMENTO) - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Crônica: Budapeste – Devia ser proibido – Fragmento

              Chico Buarque

        Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira. Certa manhã, ao deixar o metrô por engano numa estação azul igual à dela, com um nome semelhante à estação da casa dela, telefonei da rua e disse: aí estou chegando quase. Desconfiei na mesma hora que tinha falado besteira, porque a professora me pediu para repetir a sentença. Aí estou chegando quase... havia provavelmente algum problema com a palavra quase. Só que, em vez de apontar o erro, ela me fez repeti-lo, repeti-lo, repeti-lo, depois caiu numa gargalhada que me levou a bater o fone. Ao me ver à sua porta teve novo acesso, e quanto mais prendia o riso na boca, mais se sacudia de rir com o corpo inteiro.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXkIukiyfwOtDlhHakdX4issV_7wnh_kKAq7vqemtfyR1a9U-2fkdRe57k2n56itFFtEZH_ZikaWjSEPKO5Y3ESoh36OyKU78PTqmd_3KzPPYKQGGmtpPy4bVDiIFu9vnv1i4qRTdPTmAuWa5dwu0NqQLc7ifzICdEOopAhKdtrO117gku1WZj3RzJCKc/s320/budapeste_.jpg


        Disse enfim ter entendido que eu chegaria pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha, depois um joelho, e a piada nem tinha essa graça toda.

        Tanto é verdade que em seguida Kriska ficou meio triste e, sem saber pedir desculpas, roçou com a ponta dos dedos meus lábios trêmulos. Hoje, porém posso dizer que falo o húngaro com perfeição, ou quase. Quando de noite começo a murmurar sozinho, a suspeita de um ligeiríssimo sotaque aqui e ali muito me aflige. Nos ambientes que frequento, onde discorro em voz alta sobre temas nacionais, emprego verbos raros e corrijo pessoas cultas, um súbito acento estranho seria desastroso.

        Para tirar a cisma, só posso recorrer a Kriska, que tampouco é muito confiável; a fim de me segurar ali comendo em sua mão, como talvez deseje, sempre me negará a última migalha. Ainda assim, volta e meia lhe pergunto em segredo: perdi o sotaque? Tinhosa, ela responde: pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha... E morre de rir, depois se arrepende, passa as mãos no meu pescoço e por aí vai.

        [...]

BUARQUE, Chico. Budapeste. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 131.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a situação cômica que o narrador vivencia ao tentar falar húngaro?

      O narrador comete um erro ao tentar dizer "quase" em húngaro, o que gera uma série de reações engraçadas por parte de sua namorada, Kriska. A repetição do erro e a interpretação inusitada dada por Kriska criam um momento de humor.

02 – Qual a importância da linguagem na construção da identidade do narrador em Budapeste?

      A linguagem, especialmente o domínio do húngaro, é fundamental para a construção da identidade do narrador em Budapeste. Ele busca dominar a língua para se integrar à cultura local e se sentir mais próximo de Kriska. A preocupação com o sotaque revela seu desejo de ser aceito e reconhecido como um verdadeiro húngaro.

03 – Como a relação entre o narrador e Kriska é influenciada pela questão da linguagem?

      A questão da linguagem cria um jogo de sedução e poder entre o narrador e Kriska. Ao fazer piada com o erro do narrador, Kriska demonstra seu domínio da língua e, ao mesmo tempo, o coloca em uma posição de inferioridade. No entanto, essa dinâmica também aproxima o casal, criando momentos de cumplicidade e intimidade.

04 – Qual o papel do humor na crônica?

      O humor é um elemento fundamental na crônica, servindo para criar uma atmosfera leve e divertida. A situação cômica do erro de linguagem e as reações de Kriska proporcionam momentos de descontração e aproximam o leitor da história.

05 – Quais as inseguranças do narrador em relação ao domínio do húngaro?

      O narrador demonstra insegurança em relação ao seu domínio do húngaro, temendo ser descoberto como estrangeiro. Ele se preocupa com o sotaque e com a possibilidade de cometer erros em situações formais, o que revela sua necessidade de aprovação e reconhecimento.

06 – Qual o significado da frase "pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha..."?

      Essa frase, repetida por Kriska, tem um duplo sentido. Inicialmente, ela serve para zombar do erro do narrador, sugerindo que ele está aprendendo o húngaro lentamente e de forma gradual. No entanto, ela também pode ser interpretada como uma metáfora para o processo de aproximação entre o narrador e Kriska, que se conhecem e se apaixonam aos poucos.

07 – Como a crônica "Budapeste" aborda o tema da identidade e do pertencimento?

      A crônica aborda o tema da identidade e do pertencimento através da experiência do narrador em um país estrangeiro. A busca por dominar a língua local e se integrar à cultura húngara revela o desejo do narrador de encontrar um lugar onde se sinta pertencente. No entanto, a crônica também sugere que a identidade é algo complexo e fluido, que não se limita à questão da nacionalidade ou da língua.

 

 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): O VELHO FRANCISCO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música(Atividades):O Velho Francisco

                                   Chico Buarque

Já gozei de boa vida
Tinha até meu bangalô
Cobertor, comida,

roupa lavada

Vida veio e me levou

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA_vnD5z2oYgeH9cD6_YW91MbS-P5ZuJ68ot5qlGqybIauZnQ18UoYwpVHcrDVr4qScVDwO4REwvBxQbjf88bbtUAKzgtVMDPVijDj_If0HBepCxkuYtSpKGTRf4CwyrkNsezVZnCPWz0goQGAwjoub3geWGZSCooNVCr_uMhEQm0DRvR01dxchX8_fSY/s320/CHICO.jpg

Fui eu mesmo alforriado
Pela mão do Imperador
Tive terra, arado,

cavalo e brida
Vida veio e me levou

Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco
Vem todo domingo
Tem cheiro de flor

Quem me vê, vê nem bagaço
Do que viu, quem me enfrentou
Campeão do mundo

em queda de braço
Vida veio e me levou

Li jornal, bula e prefácio
Que aprendi sem professor
Frequentei palácio

sem fazer feio
Vida veio e me levou

Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco
Vem todo domingo
Tem cheiro de flor

Eu gerei dezoito filhas
Me tornei navegador
Vice-rei das ilhas

da Caraíba
Vida veio e me levou

Fechei negócio da China
Desbravei o interior
Possuí mina

de prata, jazida
Vida veio e me levou

Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Hoje não deram almoço, né
Acho que o moço

até nem me lavou.

Acho que fui deputado
Acho que tudo acabou
Quase que

já não me lembro de nada
Vida veio e me levou
.

Fonte: LyricFind

Compositores: Francisco Buarque De Hollanda

Letra de O velho Francisco © Universal Music Publishing Group

 

Entendendo o texto

01. Na canção há uma ambivalência que oscila entre o humano e o geográfico. Qual é a dualidade encontrada no título “O Velho Francisco”?

O idoso e o rio.

02.  Nesse poema narrativo, manifesta-se em 1ª pessoa um idoso supostamente internado num asilo. Cite alguns versos que confirma.

“Hoje é dia de visita”/”Hoje não me deram almoço, né”/e a venerada existência do Rio São Francisco “Desbravei o interior/ Possui mina / De prata, jazida”.

03. Que tem em comum o idoso e o rio?

Ambos têm na memória um passado.

04. Explique a linguagem do texto.

É reveladora da simplicidade do Velho Francisco (“Ela vem toda de brinco”; “Quem me vê, vê num bagaço”).

        05. Qual é o sentimento expresso na música "O Velho Francisco" de Chico Buarque?

              a) Alegria.

              b) Tristeza.

              c) Nostalgia.

              d) Raiva.

        06. O que o narrador da música tinha no passado, mas foi perdendo ao longo da vida?

             a) Amigos.

             b) Riqueza material.

             c) Saúde.

             d) Amor.

        07. Qual é o evento que acontece regularmente na vida do narrador, trazendo-lhe alegria?

             a) Aniversário.

             b) Natal.

             c) Dia de visita do seu grande amor.

             d) Festa de carnaval.

       08. O narrador menciona que hoje não deram almoço. O que isso sugere sobre sua situação?

             a) Ele está em um asilo.

             b) Ele está em um hospital.

             c) Ele está esquecido pelos cuidadores.

             d) Ele está enfrentando dificuldades financeiras.

      09. Quais são algumas das realizações que o narrador menciona ter tido ao longo da vida?

             a) Ser campeão do mundo em queda de braço e fechar negócio na China.

             b) Ser professor e escrever um prefácio.

             c) Ser imperador e ter uma mina de ouro.

             d) Ser presidente e liderar uma revolução.