Texto: Por
que as células-tronco são o caminho?
Na quarta-feira, 29, o Supremo Tribunal
Federal (STF) voltou a julgar a constitucionalidade das pesquisas com
células-tronco embrionárias. Em seu voto o ministro Carlos Alberto Menezes
Direito, que em março havia pedido vista da ação, suspendendo o julgamento,
admitiu a continuidade dos estudos, desde que satisfeitas algumas exigências,
como a modificação do artigo 5°, de forma que sejam permitidas apenas pesquisas
com células-tronco embrionárias retiradas do embrião, sem destruí-lo, segundo a
Folha Online. A ministra Carmem Lúcia, ao votar “sim”, afirmou que não se
tratava de julgar “o momento em que se inicia a vida”, mas “a legalidade da
ação”. As terapias com células-tronco embrionárias são a mais promissora
revolução da medicina. Como têm a capacidade de se transformar em células de
qualquer tipo de tecido do corpo humano, são a esperança real de cura para
milhares de pacientes. Não será uma vitória a curto prazo. As pesquisas ainda
estão em estágio inicial e existem diversos obstáculos a serem vencidos – entre
eles a tendência que algumas células têm de produzir tumores malignos. Os obstáculos
justificam a pressa em legalizar as pesquisas. Quanto mais rapidamente
começarem os estudos, mais cedo virão as soluções. Economicamente elas também
são amplamente justificadas. As terapias, se importadas, podem custar caro ao
país. Liberar as pesquisas representa também a reafirmação do estado laico e da
liberdade de expressão – no caso científica.
Revista da
Semana. 2/6/2008. Editora Abril.
Entendendo o texto:
01 – O que são as
células-tronco embrionárias?
Encontradas
somente nos primeiros estágios da formação de um organismo, em embriões, elas
têm potencial par adquirir características de vários tipos de tecido. As
células-tronco adultas já estão direcionadas para a produção de tecidos ou
órgãos específicos.
02 – Onde podem ser obtidas?
A Lei de
Biossegurança, aprovada em 2005, prevê a utilização de células retiradas em
embriões criados por fertilização in vitro, congelados há mais de três anos e
inviáveis para a implantação no útero.
03 – Como podem ser úteis?
Como são capazes
de dar origem a quase todos os tipos de tecido, os cientistas esperam ganhar
tempo em avanços hoje inalcançáveis, em especial no tratamento de doenças
degenerativas. Em teoria as células-tronco embrionárias podem assumir as
características do ponto onde são inseridas, gerando novos órgãos e tecidos.
Seria como ter uma oficina com um estoque infinito para reparo do corpo humano.
04 – Que doenças elas podem
tratar?
Doenças degenerativas como Parkinson e
mal de Alzheimer são os alvos mais cobiçados. São boas as chances de surgirem
tratamentos também para artrite, diabete, doenças renais, hepáticas e
pulmonares. Os danos da medula espinhal, esclerose lateral amiotrófica,
distrofia muscular e doenças autoimunes são o objetivo terapêutico mais valioso
- e mais difícil de ser alcançado.
05 – Por que tanta polêmica?
Seu uso envolve
não somente questões técnicas e científicas, mas religiosas – e daí a briga
entre os que são contra e aqueles a favor. Como acarreta a morte do embrião,
faz com que muitos vejam impedimentos éticos. Para a Igreja, a morte do embrião
é um aborto.
06 – O que argumentam os
defensores?
Do ponto de vista
ético: os embriões são inviáveis, produzidos apenas para pesquisa e destruídos
antes de completar 14 dias quando ainda são invisíveis a olho nu. Da
necessidade: as células adultas não têm o mesmo poder de diferenciação das
embrionárias e suas perspectivas de terapias são reduzidas.
07 – O que argumentam os
críticos?
Consideram os
embriões, mesmo com poucos dias de vida, como seres humanos, já que para eles a
vida começa na concepção. A pesquisa fere o princípio constitucional da
inviolabilidade do direito à vida e à dignidade da pessoa humana. Temem também
a criação de um mercado negro de embriões humanos, onde mulheres pobres seriam
levadas a produzi-los.
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