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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

POESIA: TUDO QUE CESSA - RICARDO REIS - COM GABARITO

 Poesia: Tudo que cessa

             Ricardo Reis

Tudo que cessa é morte, e a morte é nossa

Se é para nós que cessa. Aquele arbusto

        Fenece, e vai com ele

        Parte da minha vida.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1rNdLrm5CYcEjKaupDGoo971wqZ3Hrz220vvBWB4lhoNV5mnCmJ9jComVqJ5ZLPgCr7Cc8KyWjOtOxa9e1Ar2s4Z2TxsOHatMiRwrOgQP08xjwYF6xnkkKgYxXbUYSuXmEussN-gKwmyA8L-QbM1IoMoaz6T6o1afhOqIBQV5bMXyVj_cxHcg-dvOX6Q/s320/PASSA.jpg


Em tudo quanto olhei fiquei em parte.

Com tudo quanto vi, se passa, passo,

        Nem distingue a memória

        Do que vi do que fui.

A cada qual, como a statura, é dada

        A justiça: uns faz altos

        O fado, outros felizes.

Nada é prêmio: sucede o que acontece.

         Nada, Lídia, devemos

         Ao fado, senão tê-lo.

Ricardo Reis, in "Odes". Heterónimo de Fernando Pessoa.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 381.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema "Tudo Que Cessa"?

      O tema central do poema é a reflexão sobre a brevidade da vida, a inevitabilidade da morte e a natureza efêmera de todas as coisas. O poeta expressa a consciência de que tudo o que existe está sujeito à mudança e ao desaparecimento, e como essa percepção afeta a sua própria existência.

02 – Como o poeta descreve a relação entre a morte e a vida no poema?

      O poeta descreve a morte como algo intrínseco à vida, uma vez que tudo que cessa representa uma pequena morte. Ele usa a imagem de um arbusto que fenece para ilustrar como a passagem do tempo e o desaparecimento das coisas fazem parte da experiência humana, e como a vida do poeta está ligada a essa transformação constante.

03 – Qual é a importância da memória no poema "Tudo Que Cessa"?

      A memória desempenha um papel fundamental no poema, pois é através dela que o poeta tenta preservar as experiências e as impressões do passado. No entanto, ele reconhece que a memória é falha e não consegue distinguir com precisão o que foi vivido do que foi apenas imaginado ou lembrado.

04 – O que o poeta quer dizer com a expressão "Nada é prêmio: sucede o que acontece"?

      Com essa expressão, o poeta enfatiza a ideia de que a vida não é uma recompensa ou um castigo, mas sim uma sequência de eventos que ocorrem sem um propósito específico. Ele questiona a noção de destino e justiça, argumentando que o fado (ou destino) não determina o que acontece conosco, mas sim a forma como lidamos com as circunstâncias da vida.

05 – Qual é a mensagem final do poema "Tudo Que Cessa"?

      A mensagem final do poema é um convite à aceitação da natureza transitória da vida e à valorização do presente. O poeta nos convida a reconhecer que a morte faz parte da experiência humana e que devemos nos concentrar em viver o agora, sem nos preocuparmos excessivamente com o futuro ou com o que está além do nosso controle.

 

 

domingo, 29 de dezembro de 2024

POEMA: SEGUE O TEU DESTINO - (FRAGMENTO) - RICARDO REIS - COM GABARITO

 Poema: Segue o teu destino – Fragmento

             Ricardo Reis

Segue o teu destino,

Rega as tuas plantas,

Ama as tuas rosas.

O resto é a sombra

De árvores alheias.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3qCmKMpPfn_-pVULvXdcsrYNrd6LNuvG3Ag99Lj-Q7_07_tQ_FVNLFHVN20VygtLD0lWQhILjp4UbfHDQrQlL8kXsUA6Dxqa-CjoFj-xDWrQ6kbF3mbG8QqtUlJ4qv5kMDrRcB0Tt3u2foJcZKX-dveLV1NDT1a2AJNQSM48X2geIXigEJQE0B3Aue-U/s1600/FLORES.jpg

A realidade

Sempre é mais ou menos

Do que nós queremos.

Só nós somos sempre

Iguais a nós-próprios.

[...]

Vê de longe a vida.

Nunca a interrogues.

Ela nada pode

Dizer-te. A resposta

Está além dos deuses.

 

Mas serenamente

Imita o Olimpo

No teu coração.

Os deuses são deuses

Porque não se pensam.

REIS, Ricardo. Odes de Ricardo Reis. PESSOA, Fernando. ODES de Ricardo Reis. São Paulo: Itatiaia, 2005.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 35.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal mensagem transmitida pelo poema?

      A principal mensagem do poema é um convite à aceitação da vida como ela é, com suas alegrias e desafios. O poeta sugere que cada indivíduo deve focar em suas próprias ações e responsabilidades, sem se preocupar excessivamente com o que está além do seu controle.

02 – Que relação o poema estabelece entre o indivíduo e o universo?

      O poema estabelece uma relação de individualidade e autonomia do indivíduo em relação ao universo. O poeta sugere que cada pessoa deve seguir seu próprio caminho, cultivando suas próprias alegrias e encontrando significado em sua própria vida, sem se deixar levar pelas expectativas e pressões externas.

03 – Qual o significado da frase "O resto é a sombra de árvores alheias"?

      Essa frase significa que as preocupações com o que os outros pensam ou fazem são como sombras projetadas por árvores alheias, ou seja, são projeções externas que não pertencem à nossa própria realidade. O poeta sugere que devemos nos concentrar em nossa própria luz interior, em vez de nos deixar obscurecer pelas sombras dos outros.

04 – Qual a importância da natureza nas metáforas utilizadas pelo poeta?

      A natureza é utilizada como metáfora para representar a vida e os ciclos da existência. As plantas, as rosas e as árvores simbolizam o crescimento, a beleza e a transitoriedade da vida. Ao comparar a vida a um jardim que devemos cultivar, o poeta sugere que cada indivíduo é responsável por construir seu próprio destino.

05 – Qual a visão do poema sobre a busca por respostas?

      O poema apresenta uma visão mais contemplativa sobre a busca por respostas. O poeta sugere que algumas perguntas podem não ter respostas definitivas e que a busca incessante por respostas pode gerar mais angústia do que paz. Em vez disso, o poeta propõe que a pessoa encontre serenidade ao imitar a tranquilidade dos deuses, que não se questionam sobre a existência.

 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

POEMA: VEM SENTAR-TE COMIGO, LÍDIA, À BEIRA DO RIO - RICARDO REIS - COM GABARITO

 Poema: Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio

              Ricardo Reis

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
                (Enlacemos as mãos).

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPqb1svjJvJvbyUwat04U6gPQkj3HOBvxXXal-q0pkEuqIrbT2rmgg8i6fQcDCvxuSbPZMS45GG5o04jI6jwXdBkErEqQMRgLN4MF7y9ODH6FlyreiZJDo593XZbEH5cK_G62TpHkrUKPXL2M6xsEprwiqfCvBXYi-9csI0i48VLZo6aH_kN9nV1z8BQI/s1600/CASAL.png


Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
                Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
                E sem desassossegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
                E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e caricias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
                Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento —
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
                Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
                Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio,
                Pagã triste e com flores no regaço.

Fernando Pessoa, Poemas Completos de Ricardo Reis.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 3 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 328.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal temática abordada no poema?

      A principal temática do poema é a passagem do tempo, a finitude da vida e a importância de viver o presente de forma serena e contemplativa. O poeta convida a amada a refletir sobre a efemeridade da existência e a aceitar a morte como parte natural do ciclo da vida.

02 – Qual o papel do rio como metáfora no poema?

      O rio simboliza o fluxo contínuo da vida, que segue seu curso inexorável. Ele representa a passagem do tempo, a inevitabilidade da morte e a impossibilidade de voltar atrás. O rio também simboliza a serenidade e a tranquilidade que o poeta busca para si e para sua amada.

03 – Qual a proposta de relacionamento entre o eu lírico e Lídia?

      O eu lírico propõe um relacionamento tranquilo e sereno, baseado na amizade e na cumplicidade. Ele não busca paixões intensas ou posses, mas sim um amor maduro e consciente da finitude da vida. A proposta é viver o momento presente de forma intensa, mas sem apegos excessivos.

04 – Qual a importância da natureza para o eu lírico?

      A natureza, representada pelo rio e pelas flores, serve como cenário para a reflexão sobre a vida e a morte. Ela proporciona um ambiente tranquilo e inspirador, convidando à contemplação e à serenidade. A natureza também simboliza a beleza e a simplicidade da existência.

05 – Qual a visão de morte presente no poema?

      A morte é vista como parte natural do ciclo da vida, um destino inevitável para todos. No entanto, o poeta não a teme, mas a aceita com serenidade. A morte é vista como uma libertação dos sofrimentos e das paixões, um retorno à natureza e à eternidade.

06 – Qual o papel da memória na relação entre o eu lírico e Lídia?

      A memória é importante para o eu lírico, pois ele deseja que Lídia se lembre dele com carinho, mas sem sofrimento. Ele busca uma lembrança serena e tranquila, que o associe à natureza e à simplicidade.

07 – Qual a influência da cultura clássica no poema?

      O poema apresenta diversas referências à cultura clássica, como a menção ao Fado e a figura do barqueiro sombrio (Caronte). Essa influência confere ao poema um tom atemporal e universal, conectando-o às grandes questões da existência humana. Além disso, a valorização da serenidade, da contemplação e da aceitação do destino são características típicas da filosofia estoica, que teve grande influência na cultura clássica.

 

POEMA: BOCAS ROXAS DE VINHO - RICARDO REIS - COM GABARITO

 Poema: Bocas roxas de vinho

             Ricardo Reis

Bocas roxas de vinho,
Testas brancas sob rosas,
Nus, brancos antebraços
Deixados sobre a mesa:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX6CJBnrWjkfnXks1nEMyj3cOtKvtvDWH7mcWVlsQSC35brtWE9rA8T9pTFeDXbQVmThefA05YTICD7ATv9vkBHeWvmlkyyTmlWRogatotmdmK1XdRe2xLDhCX89j7d9Kjk5GyL-MR3ISWwpAvpc89lqcMnYE8bdn5h5sTlNEjPtZOheE_9fmAfHLl-x8/s320/VINHO.jpg



Tal seja, Lídia, o quadro
Em que fiquemos, mudos,
Eternamente inscritos
Na consciência dos deuses.

Antes isto que a vida
Como os homens a vivem,
Cheia da negra poeira
Que erguem das estradas.

Só os deuses socorrem
Com seu exemplo aqueles
Que nada mais pretendem
Que ir no rio das coisas.

Ricardo Reis, Poesia. Lisboa, Assírio & Alvim. 2000.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 3 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 328.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal imagem criada pelo poema?

      O poema cria a imagem de um quadro estático e eterno, onde Lídia e o eu lírico estão representados com as bocas roxas de vinho e as testas enfeitadas de rosas. Essa imagem contrasta com a vida agitada e cheia de poeira dos homens.

02 – Qual o significado das "bocas roxas de vinho" e das "testas brancas sob rosas"?

      As "bocas roxas de vinho" podem simbolizar a paixão, o prazer e a intensidade da vida, enquanto as "testas brancas sob rosas" representam a beleza, a pureza e a transitoriedade da existência. Juntos, esses elementos criam uma imagem de sensualidade e beleza atemporal.

03 – O que representa a "negra poeira" que os homens erguem das estradas?

      A "negra poeira" simboliza as preocupações, as angústias e as vanidades da vida cotidiana. Ela representa tudo aquilo que impede os homens de viverem uma vida mais simples e contemplativa, como a que o poeta propõe.

04 – Qual o papel dos deuses no poema?

      Os deuses são vistos como seres superiores que contemplam a vida humana com uma perspectiva mais ampla e serena. Eles servem como modelo para aqueles que buscam transcender a vida cotidiana e encontrar um significado mais profundo na existência.

05 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é a busca por uma vida mais simples e contemplativa, livre das preocupações e das vanidades do mundo. O poeta propõe uma existência marcada pela beleza, pela serenidade e pela aceitação da finitude. A imagem do quadro eterno representa o desejo de transcender o tempo e a imperfeição da vida humana, buscando uma forma de imortalidade na arte e na memória dos deuses.

 

 

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

POEMA: PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO: NADA - RICARDO REIS (FERNANDO PESSOA) - COM GABARITO

 Poema: Para ser grande, sê inteiro: nada

“Para ser grande, sê inteiro: nada

 Teu exagera ou exclui.

 Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

 No mínimo que fazes.

 Assim em cada lago a lua toda

 Brilha, porque alta vive.”

 

Ricardo Reis PESSOA, Fernando. Poesia; poesias de Ricardo Reis. São Paulo.

Entendendo o poema:

01 – Qual o sentido da palavra “grande”, no primeiro verso do poema?

      No sentido da grandeza humana das pessoas que vivem respeitando sempre o outro.

02 – De que trata o poema?

      Propõe uma reflexão sobre valores humanos.

03 – Quais são os verbos no modo imperativo que há no poema?

      “Sê, exclui, põe”.

04 – Com que intenção o eu lírico usa estes verbos?

      Para dar conselhos sugerindo que se seja íntegro e que se mostre entrega / compromisso nas ações e na vida.

05 – Segundo o eu lírico, o que é ser inteiro?

      É aceitar aquilo que se é, e ter coragem de agir em conformidade em todos os momentos da vida, sendo coerente. É ser empenhado e ter espírito de entrega.

06 – Nos últimos dois versos: “Assim em cada lago a lua toda / Brilha, porque alta vive”. O que o eu lírico conclui?

      Conclui que as pessoas que mantém esta atitude nobre que ele descreve, serão admiradas e vistas como exemplo por todos os outros...

07 – Nos versos: “Põe quanto és / No mínimo que fazes”. Que quer dizer?

      Que devemos dar sempre o nosso melhor em tudo aquilo que fazemos, porque assim ficaremos satisfeitos e de consciência tranquila.

08 – No poema, o verbo “sê” está em segunda pessoa e pertence a um modo verbal que estabelece um efeito de sentido, cujo tom é de:

a)   Aconselhamento.

b)   Desregramento.

c)   Condição.

d)   Certeza.

e)   Suposição.

 

quinta-feira, 16 de maio de 2019

POEMA: SÓ O TER FLORES PELA VISTA FORA - RICARDO REIS - COM GABARITO

Poema: Só o ter flores pela vista fora
         
     Ricardo Reis

Só o ter flores pela vista fora
Nas áleas largas dos jardins exatos
        Basta para podermos
        Achar a vida leve.
De todo o esforço seguremos quedas
As mãos, brincando, pra que nos não tome
        Do pulso, e nos arraste.
        E vivamos assim.
Buscando o mínimo de dor ou gozo,
Bebendo a goles os instantes frescos,
        Translúcidos como água
        Em taças detalhadas,
Da vida pálida levando apenas
As rosas breves, os sorrisos vagos,
        E as rápidas caricias
        Dos instantes volúveis.
Pouco tão pouco pesarei nos braços
Com que, exilados das supernas luzes,
        Escolhermos do que fomos
        O melhor pra lembrar
Quando, acabados pelas Parcas, formos,
Vultos solenes de repente antigos,
        E cada vez mais sombras,
        Ao encontro fatal
Do barco escuro no soturno rio,
E os nove abraços do horror estígio,
        E o regaço insaciável
        Da pátria de Plutão.

Odes de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e
Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994). - 26.
Entendendo o poema:

01 – O poema apresenta um conteúdo filosófico, desenvolvendo reflexões acerca de como viver. De acordo com a concepção do eu lírico:
a)   De que forma deve ser o relacionamento com a pessoa amada? Retire do poema um trecho que comprove sua resposta.
Não deve ser um envolvimento profundo. “Seguremos quedas / As mãos brincando”; “E vivamos assim, / Buscando o mínimo de dor ou gozo”.

b)   O que se leva da vida? Retire do poema um trecho que comprove sua resposta.
Levam-se as boas lembranças: “Escolhermos do que fomos / O melhor pra lembrar”; “Levando apenas / As rosas breves, os sorrisos vagos”.

02 – Algumas das características da poesia clássica são: racionalismo, universalismo, linguagem culta, mitologia pagã, controle das emoções e rigor formal. Reconheça as presentes no texto.
·        Achar a vida fácil.
·        Buscando o mínimo de dor ou gozo.
·        Da vida pálida levamos apenas as rosas breves, os sorrisos vagos.
·        Quando acabados pelas Parcas.
·        Do barco escuro no soturno rio.
·        Horror estígio.

03 – As três últimas estrofes fazem referência à morte. Como o eu lírico se posiciona perante ela?
      Ricardo Reis se posiciona diante da morte como algo inevitável:
      -- Tudo o que cessa é a morte.
      -- A morte é nossa.
      -- Com tudo quanto vô, se passa, passo.

04 – Ao refletir sobre a avida, o eu lírico acaba por expressar também seu ponto de vista sobre a morte. Qual é o significado da morte para o eu lírico?
      A morte é vista como algo natural, como se fosse determinação do destino. Sua filosofia de “viver bem” pressupõe uma forma de “morrer bem”.

05 – O poema apresenta várias características que podem ser relacionadas com a tradição da cultura clássica greco-latina. Identifique, no poema, atitudes, trechos ou ideias que exemplifiquem as seguintes características da tradição clássica.
a)   Racionalismo.
O controle das emoções e dos impulsos: “Buscando o mínimo de dor ou gozo”.

b)   Universalismo.
Suas reflexões sobre vida e morte transcendem o plano individual; o eu lírico defende uma concepção de vida e morte que diz respeito a todos, que é universal.

c)   Mitologia pagã.
Referências à Estige, às Parcas e a Plutão.

06 – No plano das ideias, como se vê, o poema se filia à tradição clássica. Observe-o agora no plano da expressão: a estrofação, a métrica, o vocabulário e as construções sintáticas dos versos. Esses aspectos formais estão em sintonia com o plano das ideias? Por quê?
      Sim, formalmente o poema apresenta características da tradição clássica: estrofação rígida, versos brancos e metrificados (dísticos de 10 e de 6 sílabas poéticas se alternando), vocabulário e sintaxe cultos.