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sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

POEMA: PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO: NADA - RICARDO REIS (FERNANDO PESSOA) - COM GABARITO

 Poema: Para ser grande, sê inteiro: nada

“Para ser grande, sê inteiro: nada

 Teu exagera ou exclui.

 Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

 No mínimo que fazes.

 Assim em cada lago a lua toda

 Brilha, porque alta vive.”

 

Ricardo Reis PESSOA, Fernando. Poesia; poesias de Ricardo Reis. São Paulo.

Entendendo o poema:

01 – Qual o sentido da palavra “grande”, no primeiro verso do poema?

      No sentido da grandeza humana das pessoas que vivem respeitando sempre o outro.

02 – De que trata o poema?

      Propõe uma reflexão sobre valores humanos.

03 – Quais são os verbos no modo imperativo que há no poema?

      “Sê, exclui, põe”.

04 – Com que intenção o eu lírico usa estes verbos?

      Para dar conselhos sugerindo que se seja íntegro e que se mostre entrega / compromisso nas ações e na vida.

05 – Segundo o eu lírico, o que é ser inteiro?

      É aceitar aquilo que se é, e ter coragem de agir em conformidade em todos os momentos da vida, sendo coerente. É ser empenhado e ter espírito de entrega.

06 – Nos últimos dois versos: “Assim em cada lago a lua toda / Brilha, porque alta vive”. O que o eu lírico conclui?

      Conclui que as pessoas que mantém esta atitude nobre que ele descreve, serão admiradas e vistas como exemplo por todos os outros...

07 – Nos versos: “Põe quanto és / No mínimo que fazes”. Que quer dizer?

      Que devemos dar sempre o nosso melhor em tudo aquilo que fazemos, porque assim ficaremos satisfeitos e de consciência tranquila.

08 – No poema, o verbo “sê” está em segunda pessoa e pertence a um modo verbal que estabelece um efeito de sentido, cujo tom é de:

a)   Aconselhamento.

b)   Desregramento.

c)   Condição.

d)   Certeza.

e)   Suposição.

 

quinta-feira, 16 de maio de 2019

POEMA: SÓ O TER FLORES PELA VISTA FORA - RICARDO REIS - COM GABARITO

Poema: Só o ter flores pela vista fora
         
     Ricardo Reis

Só o ter flores pela vista fora
Nas áleas largas dos jardins exatos
        Basta para podermos
        Achar a vida leve.
De todo o esforço seguremos quedas
As mãos, brincando, pra que nos não tome
        Do pulso, e nos arraste.
        E vivamos assim.
Buscando o mínimo de dor ou gozo,
Bebendo a goles os instantes frescos,
        Translúcidos como água
        Em taças detalhadas,
Da vida pálida levando apenas
As rosas breves, os sorrisos vagos,
        E as rápidas caricias
        Dos instantes volúveis.
Pouco tão pouco pesarei nos braços
Com que, exilados das supernas luzes,
        Escolhermos do que fomos
        O melhor pra lembrar
Quando, acabados pelas Parcas, formos,
Vultos solenes de repente antigos,
        E cada vez mais sombras,
        Ao encontro fatal
Do barco escuro no soturno rio,
E os nove abraços do horror estígio,
        E o regaço insaciável
        Da pátria de Plutão.

Odes de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e
Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994). - 26.
Entendendo o poema:

01 – O poema apresenta um conteúdo filosófico, desenvolvendo reflexões acerca de como viver. De acordo com a concepção do eu lírico:
a)   De que forma deve ser o relacionamento com a pessoa amada? Retire do poema um trecho que comprove sua resposta.
Não deve ser um envolvimento profundo. “Seguremos quedas / As mãos brincando”; “E vivamos assim, / Buscando o mínimo de dor ou gozo”.

b)   O que se leva da vida? Retire do poema um trecho que comprove sua resposta.
Levam-se as boas lembranças: “Escolhermos do que fomos / O melhor pra lembrar”; “Levando apenas / As rosas breves, os sorrisos vagos”.

02 – Algumas das características da poesia clássica são: racionalismo, universalismo, linguagem culta, mitologia pagã, controle das emoções e rigor formal. Reconheça as presentes no texto.
·        Achar a vida fácil.
·        Buscando o mínimo de dor ou gozo.
·        Da vida pálida levamos apenas as rosas breves, os sorrisos vagos.
·        Quando acabados pelas Parcas.
·        Do barco escuro no soturno rio.
·        Horror estígio.

03 – As três últimas estrofes fazem referência à morte. Como o eu lírico se posiciona perante ela?
      Ricardo Reis se posiciona diante da morte como algo inevitável:
      -- Tudo o que cessa é a morte.
      -- A morte é nossa.
      -- Com tudo quanto vô, se passa, passo.

04 – Ao refletir sobre a avida, o eu lírico acaba por expressar também seu ponto de vista sobre a morte. Qual é o significado da morte para o eu lírico?
      A morte é vista como algo natural, como se fosse determinação do destino. Sua filosofia de “viver bem” pressupõe uma forma de “morrer bem”.

05 – O poema apresenta várias características que podem ser relacionadas com a tradição da cultura clássica greco-latina. Identifique, no poema, atitudes, trechos ou ideias que exemplifiquem as seguintes características da tradição clássica.
a)   Racionalismo.
O controle das emoções e dos impulsos: “Buscando o mínimo de dor ou gozo”.

b)   Universalismo.
Suas reflexões sobre vida e morte transcendem o plano individual; o eu lírico defende uma concepção de vida e morte que diz respeito a todos, que é universal.

c)   Mitologia pagã.
Referências à Estige, às Parcas e a Plutão.

06 – No plano das ideias, como se vê, o poema se filia à tradição clássica. Observe-o agora no plano da expressão: a estrofação, a métrica, o vocabulário e as construções sintáticas dos versos. Esses aspectos formais estão em sintonia com o plano das ideias? Por quê?
      Sim, formalmente o poema apresenta características da tradição clássica: estrofação rígida, versos brancos e metrificados (dísticos de 10 e de 6 sílabas poéticas se alternando), vocabulário e sintaxe cultos.