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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

CORDEL: O CASAMENTO DO BODE COM A RAPOSA - (FRAGMENTO) - FIRMINO TEIXEIRA DO AMARAL - COM GABARITO

 Cordel: O CASAMENTO DO BODE COM A RAPOSA – Fragmento

            Firmino Teixeira do Amaral

Eu ouço os velhos dizerem

Que os bichos da antiguidade

Falavam como falamos

E tinham civilidade

Naquele tempo até bichos

Casavam por amizade

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEdTgSIuu2ZZe3A4xzlN4WoOl5ENNyTU2oHacaY8BSHTts4J7ldVq7LiV_2WjdGAQbL7Tyh9IMR5zuqea-cUbq7IUB-Zy3PqHck0ESE6c-JDsQ0c-dkhX8ebBg8siUkxPBUHWIBpX7Ufob9zHeDytNpkjCVoPehoZmZyDBw0ULI-Hx3NUJAUkZCl1iVdk/s1600/RAPOSA.jpg


 

Naquele tempo mestre burro

Lia escrevia e contava

O cavalo era escrivão

O cachorro advogava

O carneiro era copeiro

E o jaboti desenhava

 

Leão era o rei dos bichos

Onça era professora

Elefante era juiz

A raposa agricultora

Camelo era correio

A aranha tecedora

 

Gavião criava pinto

Guaxinim plantava cana

O macaco em sua tenda

Vendia queijo e banana

Aos outros a prestação

Pra receber por semana

 

Urso era presidente

A traça era costureira

Girafa fazia renda

Cutia era engomadeira

Peru era viajante

Cobra vendia na feira

 

O lobo era capitão

Urubu era marchante

O jacaré era bacharel

Canguru comerciante

O peba era coletor

Camaleão despachante

 

Coruja era feiticeira

O papagaio pregador

Periquito era fiscal

O sapo era caiador

A preguiça era parteira

Mestre bode era doutor.

[...]

AMARAL, Firmino Teixeira do. O casamento do bode com a raposa. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/jn000001.pdf. Acesso em: 31 jan. 2022.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 10-11.

Entendendo o cordel:

01 – Que tipo de sociedade animal é descrita no cordel?

      O cordel descreve uma sociedade animal antropomorfizada, ou seja, os animais possuem características e desempenham papéis próprios dos seres humanos, como estudar, trabalhar e até mesmo ocupar cargos políticos.

02 – Qual a função do mestre burro nessa sociedade?

      O mestre burro é retratado como um intelectual, com habilidades em leitura, escrita e contabilidade, o que o coloca em uma posição de destaque na sociedade animal.

03 – Quais profissões inusitadas são atribuídas aos animais no cordel?

      O cordel apresenta uma variedade de profissões inusitadas para os animais, como a raposa agricultora, o jacaré bacharel, a coruja feiticeira e o mestre bode doutor. Essas atribuições servem para criar um efeito cômico e subverter as expectativas do leitor.

04 – Qual a importância da linguagem figurada nesse tipo de texto?

      A linguagem figurada é fundamental no cordel, pois permite a criação de imagens poéticas e a construção de um mundo fantástico e imaginativo. As comparações e metáforas ajudam a tornar a narrativa mais rica e envolvente.

05 – Que valores ou costumes humanos podem ser satirizados ou criticados nesse tipo de narrativa?

      O cordel, ao atribuir aos animais características e comportamentos humanos, pode satirizar ou criticar aspectos da sociedade humana, como a vaidade, a ambição, a hipocrisia e a desigualdade social.

06 – Qual o papel do humor nesse cordel?

      O humor é um elemento fundamental no cordel, pois ele serve para divertir o leitor e criar uma atmosfera leve e descontraída. As situações inusitadas e as atribuições irônicas aos animais são responsáveis por provocar o riso.

07 – Por que a figura do bode é escolhida para ser o protagonista?

      O bode, por ser um animal comum e muitas vezes associado a características negativas, como a teimosia, é uma escolha interessante para ser o protagonista. Ao transformá-lo em um doutor, o cordel subverte essa imagem e cria um efeito de surpresa e humor.

 

 

CORDEL: A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU - (FRAGMENTO) - GUAIPUAN VIEIRA - COM GABARITO

 Cordel: A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU – Fragmento

             Guaipuan Vieira  

Foi numa Semana Santa

Tava o céu em oração

São Pedro estava na porta

Refazendo anotação

Daqueles santos faltosos

Quando chegou Lampião.  

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX6vUqwDXfKhXm-qDk7jiJKXKd1gPM2LB_vIdQ4F_ptVInipE8gA8nvPSq4bSVQSX0PIim7uaAkT3R7fSnK9cDrmQVH16cdVVwFJayebNYhORIQ2Mbsf3sgKkdpZSEbEYYq1MaOsnbRTXlFn21Q7D59Ae9uZgFD79YYLdWq_T-zLKuSOiBkp1jZelMmpw/s320/CEU.jpeg

 

Pedro pulou da cadeira

Do susto que recebeu

Puxou as cordas do sino

Bem forte nele bateu

Uma legião de santos

Ao seu lado apareceu.  

 

São Jorge chegou na frente

Com sua lança afiada

Lampião baixou os óculos

Vendo aquilo deu risada

Pedro disse: Jorge expulse

Ele da santa morada...  

[...]

Pedro já desesperado

Ligeiro chamou São João

Lhe disse sobressaltado:

Vá chamar Cícero Romão

Pra acalmar seu afilhado

Que só causa confusão. 

[...]

Padre Cícero experiente

Recolheu-se ao aposento

Fingindo não saber nada

Um plano traçava atento

Pra salvar seu afilhado

Daquele acontecimento.

 

Logo João bateu na porta

Lhe transmitindo o recado

Cícero disse: vá na frente

Fique despreocupado

Diga a Pedro que se acalme

Isso já será sanado.

 

Alguns minutos o padre

Com uma Bíblia na mão

Ao ver Pedro lhe indagou:

O que há para aflição?

Quem lá fora tenta entrar

E também um ser cristão,

 

São Pedro disse: absurdo

Que terminou de falar

Mas Cícero foi taxativo:

Vim a confusão sanar

Só escute o réu primeiro

Antes de você julgar.

[...]

Lampião tirou o chapéu

Descalço também ficou

Avistando o seu padrinho

Aos seus pés se ajoelhou

O encontro foi marcante

De emoção Pedro chorou.

 

Ao ver Pedro transformado

Levantou-se e foi dizendo:

Sou um homem injustiçado

E por isso estou sofrendo

Circula em torno de mim

Só mesmo o lado ruim

Como herói não estão me vendo.

[...]

Mas o que devo a visita

Pedro fez indagação

Lampião sem bater vista:

Vê padim Ciço Romão

Pra antes do ano novo

Mandar chuva pro meu povo

Você só manda trovão.

 

Pedro disse: é malcriado

Nem o diabo lhe aceitou

Saia já seu excomungado

Sua hora já esgotou

Volte lá pro seu Nordeste

Que só o cabra da peste

Com você se acostumou.

VIEIRA, Guaipuan. A chegado de Lampião no céu. 1ª ed. 1997. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/rd000001.pdf. Acesso em: 31 jan. 2022.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 18.

Entendendo o cordel:

01 – Qual a situação inusitada apresentada no início do cordel?

      A situação inusitada é a chegada de Lampião, o famoso cangaceiro, ao céu, interrompendo a tranquila oração dos santos.

02 – Qual a reação inicial de São Pedro diante da chegada de Lampião?

      São Pedro fica assustado e chama os outros santos para expulsar Lampião do céu, considerando-o um pecador.

03 – Qual o papel de Padre Cícero na história?

      Padre Cícero, padrinho de Lampião, age como mediador, tentando acalmar os ânimos e defendendo seu afilhado.

04 – Qual o pedido de Lampião ao chegar ao céu?

      Lampião pede chuva para seu povo, os nordestinos, que sofrem com a seca.

05 – Quais as características de Lampião apresentadas no cordel?

      Lampião é apresentado como um homem sofrido, injustiçado e preocupado com o bem-estar de seu povo.

06 – Qual a importância do humor no cordel?

      O humor está presente nas situações inusitadas, como a chegada de Lampião ao céu, e nas falas dos personagens, criando uma atmosfera leve e divertida.

07 – Que aspectos da cultura popular brasileira são retratados no cordel?

      O cordel retrata aspectos da cultura popular brasileira, como a figura do cangaceiro, a religiosidade popular, a seca no Nordeste e a relação entre os santos e os fiéis.

 

CORDEL: RUI BARBOSA - (FRAGMENTO) - CRISPINIANO NETO - COM GABARITO

 Cordel: Rui Barbosa – Fragmento

              Crispiniano Neto

Quero contar a história

Verdadeira e gloriosa

De um diplomata de peso

De carreira luminosa;

Um crânio cheio de graça,

O nosso gênio da raça,

O baiano Rui Barbosa.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI2DeoPfEje4oPIU877o73IWaheXWlRKUD8pwtazEdLJBbShu-rxo6TuUu1icDaC4QtY7Svnv3RIEJAg9rvm_hAX4EV8OEsNO91QosM6ARM82J-mSD-EAFrKH6TbIdqVrHzis8FgfFzTiAn2-v7jvKGDHs4f_RSR4T5vnQHxrcg7cBoKqtaXtBA4v-QGc/s320/RUI.jpg

Rui foi um líder político,

Deputado e senador,

Ministro por duas vezes,

Foi filólogo e escritor,

Tradutor e jornalista

Um consagrado jurista

E um gênio como orador!

[...]

Rui Barbosa de Oliveira,

De Salvador, bom baiano.

Nasceu em mil e oitocentos

E quarenta e nove, o ano;

Foi a cinco de novembro

Que a luz viu o maior membro

Do saber brasiliano.

[...]

Ao fazer dezesseis anos,

Já tendo idade e conceito

Foi para Olinda cursar

Faculdade de Direito,

Provando o fato verídico

Que para o mundo jurídico

Era o cérebro mais perfeito.

[...]

No ano 77

De muita seca e horror

Rui se elegeu deputado

Erguendo um novo valor.

Pela grandeza exibida

Foi escolhido em seguida

Pra ser nosso senador.

[...]

E veio a Abolição

Da escravidão malvada;

Vimos três anos depois

A República proclamada,

Cujo primeiro decreto

Teve o talento completo

Da sua mão consagrada!

 

Fez a Constituição

Da República brasileira;

Poucos retoques fizeram

Sobre a redação primeira

Seu texto estava perfeito

Na política e no Direito,

Uma obra verdadeira.

 

E ao nascer a República,

Pelo seu saber notório

Foi primeiro vice-chefe

Do Governo Provisório.

Brilhante, firme, empolgado

O Brasil foi transformado

Em seu gigante auditório!

 

Rui Barbosa e Deodoro

Neste governo de início

Separaram Estado e Igreja

Evitaram o precipício

Com o tumulto controlado

Acabaram deputado

E Senado vitalício.

[...]

Por tudo quanto ele fez,

Pela grande sapiência,

Por seu saber filosófico,

Saber jurídico e Ciência

Política, História e Gramática,

Seu nome virou, na prática,

Sinônimo de inteligência!

[...]

A “Casa de Rui Barbosa”

Preserva sua memória;

“Instituto Rui Barbosa”

É relicário da História

Deste gênio brasileiro.

Baiano bravo, altaneiro

Que encheu o Brasil de glória!

[...]

Se um dia Brasil reler

Suas imensas verdades

Se pautando pela ética

Respeitando as liberdades

Quando todos formos “Rui”

O nosso Brasil não rui

Nem triunfam nulidades!

NETO, Crispiniano. Rui Barbosa. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/a1000302.pdf. Acesso em: 31 jan. 2022.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 22.

Entendendo o cordel:

01 – Qual a principal figura histórica retratada no cordel?

      A figura principal retratada no cordel é Rui Barbosa, um importante político, jurista e intelectual brasileiro.

02 – Quais as principais áreas de atuação de Rui Barbosa?

      Rui Barbosa atuou em diversas áreas, como política, direito, filosofia, história e gramática.

03 – Qual a importância de Rui Barbosa para a história do Brasil?

      Rui Barbosa foi fundamental para a história do Brasil, tendo participado de momentos importantes como a abolição da escravatura, a proclamação da República e a elaboração da Constituição.

04 – Quais as características de Rui Barbosa destacadas no cordel?

      O cordel destaca a inteligência, a sabedoria, o patriotismo e a capacidade de liderança de Rui Barbosa.

05 – Qual o papel do cordel na divulgação da história de Rui Barbosa?

      O cordel populariza a figura de Rui Barbosa, tornando sua história acessível a um público mais amplo, especialmente aqueles que não têm contato com textos históricos mais formais.

06 – Que valores são exaltados no cordel?

      O cordel exalta valores como a inteligência, o conhecimento, a justiça, a pátria e a ética.

07 – Qual o objetivo do autor ao escrever esse cordel?

      O objetivo do autor é homenagear Rui Barbosa, destacando sua importância para a história do Brasil e incentivando a valorização de sua obra.

 

 

domingo, 30 de junho de 2024

CORDEL: A PELEJA DO CÉREBRO COM O CORAÇÃO (FRAGMENTO) - MARCUS LUCENA - COM GABARITO

 Cordel: A peleja do Cérebro com o Coração – Fragmento

            Marcus Lucena
O Cérebro e o Coração
Um dia marcaram encontro
E como dois violeiros
Pelejaram num confronto
Pra disputar qual dos dois
Pra vida estava mais pronto

Essa história agora eu conto
Meu leitor sinta e entenda
Com o coração e o cérebro
Pra que você compreenda
Que essa briga é verdadeira
Não é invenção ou lenda

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkWoFCHj8LQifxqpDgQ13Ze_-TJyzalGqcSQK3Xp_ZKCdcbrOoZ3_3JYDCyHhN617tfNAdEmE7GzKlXftcQBst4wsMN8ALpC1V9eIDUadwywA6liCPZ3K8abhZu_VQe1G3zL7sJ67neiG0gYO35a76enax1TbrpQjyetegbLuLUoBusUHq8-jrQLZ-a_Y/s320/CORA%C3%87%C3%83O.jpg


O Cérebro abriu a contenda
Dizendo pro Coração
Eu fiz o homem crescer
Ter lucidez e razão
Graças a mim ele pôde
Dominar a criação

Retrucou o Coração
Cérebro, deixe de heresia
A evolução da vida
Antes de ti já existia
Antes de um cérebro pensar
Um coração já batia

Isso de nada valia
Faltava minha influência
A vida era primitiva
Sem matemática ou ciência
Eu cheguei e dei a ela
O poder da consciência

É muita maledicência
Também muita pretensão
Chegar por último e querer
Ser dono da evolução
Cérebro, você só existe,
Por causa do coração

Sou a fonte da razão
Em mim nasce o pensamento
Sou o pai da inteligência
Da criação, do invento,
Dou ao homem lucidez
A competência e o talento

Já eu, sou o sentimento,
Que eleva a sabedoria
Eu tenho cinco sentidos
Trabalhando noite e dia
Pra dotar a existência
De prazer, sonho, magia.

[...]

Sou o cérebro pensador
Moro dentro da cabeça
Ponto mais alto do corpo
Pra que ele não se esqueça
Sou eu quem comanda ele
É bom que ele me obedeça

Cérebro, não se aborreça,
Sou a fonte da ternura
Moro no meio do peito
Onde a alma se depura
Nem acima nem abaixo
No equilíbrio da altura

És um músculo sem postura
Disso eu nunca me esqueço
Bomba de bombear sangue
Contigo não me aborreço
É pobre a sua função
Mas tem valor, reconheço.

Sou músculo e não lhe obedeço
Bato à sua revelia
Se eu parar a vida acaba
Cessa a sua serventia
Reconheço o seu valor
Mas tu, não é o meu guia.

[...]

Coração, eu dou a meta
Que o homem deve alcançar
Você com seu romantismo
Só serve pra atrapalhar
Vive no mundo da lua
Só presta para sonhar

És vaidoso sem par
Orgulhoso e prepotente
Tu queres controlar tudo
Vives sempre descontente
És pai de qualquer estudo
Mas és chamado “de mente”

Que trocadilho indecente
Demente és tu coração
Que bates descompassado
Comprometendo a pressão
Ao ficar apaixonado
E sofrer uma traição

Feliz é o coração
Que de amor adoece
O cérebro é tão racional
Que o amor não lhe apetece
Eu tenho a maior razão
A que a razão desconhece

Coração, ao que parece
Essa nossa discussão
Nos dá a chance sagrada
Para a valorização
Do trabalho de nós dois
Se for feito em união

Eu te dou de coração
Minha sensibilidade
Se você me emprestar
Sua criatividade
Juntaremos nossas forças
Pro bem da humanidade

Te dou essa qualidade
De ti quero a emoção
Quero a sensibilidade
O sonho, o amor, a paixão
Para o homem ser feliz
Depois da nossa união

Sinto com toda emoção
Que a discussão chega ao fim
Com a gente se entendendo
E se completando enfim
Porque coração e cérebro
Não são Abel e Caim

Você não sente sem mim,
Não penso sem teu bater
Você me entende, eu te entendo
É melhor a gente ser
Dois parceiros que precisam
Um do outro pra viver

Eu não paro de bater
Tu não paras de pensar
Quando eu precisar de ti
Te peço pra me ajudar
Ao precisares de mim
Te dou o que lhe faltar

Meu amigo, o coração
Ao cérebro falou bonito
Razão é muito importante
Com emoção, sem conflito
Um dá suporte pro outro
Sem confronto e nem atrito

Lá no cérebro ecoa um grito
Una-se à lógica a paixão
Com a junção dessas forças
Encontramos emoção
Na vida ao buscar apoio
Na ordem que deu o joio
Ao trigo na evolução.

LUCENA, Marcus. A peleja do cérebro com o coração. Disponível em: www.ablc.com.br/a-peleja-do-cerebro-com-o-coracao. Acesso em: 10 de ago. 2019.

Entendendo o cordel:

01 – Qual é o tema central do cordel "A peleja do Cérebro com o Coração"?

      O tema central é a disputa simbólica entre o Cérebro e o Coração, representando a razão e a emoção, e a importância do equilíbrio entre os dois.

02 – Como o Cérebro inicia a contenda com o Coração?

      O Cérebro inicia a contenda afirmando que fez o homem crescer, ter lucidez e razão, e dominar a criação.

03 – Qual é a resposta do Coração ao Cérebro no início da contenda?

      O Coração retruca dizendo que a vida já existia antes do cérebro, pois antes de um cérebro pensar, um coração já batia.

04 – O que o Cérebro alega ter trazido para a humanidade?

      O Cérebro alega ter trazido a consciência, a matemática, a ciência, e a capacidade de criação e invento.

05 – Como o Coração descreve sua própria importância na vida humana?

      O Coração se descreve como a fonte do sentimento, da sabedoria, e da sensibilidade, trabalhando para dotar a existência de prazer, sonho e magia.

06 – Onde o Cérebro e o Coração dizem morar, respectivamente?

      O Cérebro diz morar dentro da cabeça, o ponto mais alto do corpo, enquanto o Coração diz morar no meio do peito, onde a alma se depura.

07 – Qual é a crítica do Cérebro ao Coração sobre sua função no corpo humano?

      O Cérebro critica o Coração dizendo que ele é apenas um músculo que bombeia sangue e que sua função é pobre.

08 – Como o Coração defende sua importância em relação ao Cérebro?

      O Coração defende sua importância afirmando que se ele parar, a vida acaba e o cérebro deixa de ter serventia, reconhecendo a importância mútua.

09 – O que o Cérebro e o Coração decidem ao final da disputa?

      Eles decidem que, ao se unirem, podem combinar razão e emoção para o bem da humanidade, valorizando o trabalho de ambos sem conflito.

10 – Qual é a mensagem final do cordel sobre a relação entre o Cérebro e o Coração?

      A mensagem final é que o Cérebro e o Coração devem ser parceiros que precisam um do outro para viver, combinando lógica e paixão para alcançar a felicidade e a evolução humana.

 

terça-feira, 20 de junho de 2023

CORDEL: A HORA DA MORTE - CHICO SALLES - COM GABARITO

 CORDEL: A HORA DA MORTE

                 Chico Salles

Esta primeira história

Me contou Jota Canalha

Afirmando ser verídica

Se deu em Maracangalha

O conto do Carochinho

Foi com Nelson Cavaquinho

Que se passou a batalha.

 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnEIHb0Laj3HptRJEfGc8zIVj92ShOhMpXNaX0yThdOhOSDJ7YX40JR5kbgVhW6nKd0-YcsUSI33gaFkUaXvrhH-IXp8b8U2azhkm5ZGLZXqkWMyEJBpAMMniqpom787xzO9XnAW_AUAjagiml77txc0tRymdmknB-EH15N4AivskPZ--i-otx7iTEfMw/s320/CORDEL.jpg


O sujeito teve um sonho
Do dia em que morreria
Seria na terça-feira
Vinte oito era o dia
Do primeiro fevereiro
Já estava em janeiro
Começou sua agonia.

No dia seguinte do sonho
Procurou a cartomante
Que confirmou a história
Ele mudou de semblante
Dizendo-lhe até o horário
Marcando no calendário
Ali naquele instante.

Seria às vinte e três horas
Reafirmou com certeza
O cara saiu dali
Carregado de tristeza
Murmurando repetia
Meu Deus mas que agonia
Mostre-me sua grandeza.

E com o passar dos dias
Aumentava a aflição
Ele cheio de saúde
E naquela situação
Meu Deus o que faço agora
Passava outra aurora
E nada de solução.

Quando chegou fevereiro
Seu peito alto batia
Procurou um hospital
E na cardiologia
Naquela dúvida infame
Fez tudo o que é exame
Até radiografia.

[...]

A saúde era perfeita
Não tinha nem dor de dente
Ficou um pouco animado
Mais ou menos sorridente
Outra semana passou
O calendário voou
Deixando-lhe impaciente.

Até que chegou o dia
Daquela interrogação
Foi então dormir mais cedo
Mas sua imaginação
Resolveu naquele instante
Tomar um duplo calmante
Haja, haja coração.

O relógio despertador
Em cima de uma banqueta
Ele embaixo do lençol
Aquela triste faceta
Um minuto era um mês
Olha o relógio outra vez
Batendo feito o capeta.

Depois, se passar das onze
Ele estaria salvo
Daquela situação
Não seria mais o alvo
Mas o tempo é assim
Quando quer fazer patim
Não dá nem um intervalo.

Passava das dez e meia
Quando chegou o destino
Bateu na sua cabeça
Feito badalo de sino
Ali naquele momento
Veio no seu pensamento
Sair daquele pepino.

Pegou o despertador
Atrasou em quatro horas
Em seguida adormeceu
Feito anjos na aurora
Isto já faz vinte anos
Vivinho e cheio de planos
Nem pensa em ir embora.

SALLES, Chico. A hora da morte. In: ______. 3 em 1. p. 2-6. Disponível em:<http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=cordel&pagfis=82741>. Acesso em: 12 jun. 2018.

 

 

Fonte: Livro – Português – Conexão e Uso -7º Ano – Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho, Editora Saraiva, 1ª ed., São Paulo, 2018.p.136-9.

Vocabulário

verídico: verdadeiro.

agonia: sofrimento intenso.

cartomante: pessoa que, supostamente, faz adivinhações e previsões com base na leitura de cartas.

semblante: fisionomia, rosto.

cardiologia: no contexto do poema, setor do hospital que se ocupa das doenças do coração e dos vasos sanguíneos.

fazer pantim: dar notícias alarmantes; espalhar boatos.

Entendendo o texto

01. No início do cordel, a “voz” no poema fica mais evidente.

a)   Leve em conta essa voz e explique a diferença entre a primeira estrofe e o restante do trecho.

Na primeira estrofe, há a apresentação da história que será contada, indicando com quem ela ocorreu e quem contou o causo. No restante do cordel, temos a história em si sendo narrada.

b)   Considerando essas duas “partes” do cordel, responda: Qual é o assunto do poema?

O poema retrata um homem que, por meio de um sonho e da previsão de uma cartomante, fica sabendo o dia e a hora de sua morte, mas, pouco antes do momento final, encontra um jeito de se salvar.

02. No cordel “A hora da morte” é possível identificar alguns momentos-chave. Localize-os no trecho conforme pedido nos itens a seguir.

a)   Situação inicial da história.

O personagem teve um sonho sobre o dia em que morreria.

b)   Momento de complicação, de conflito.

Ele vai consultar uma cartomante, que confirma a data de sua morte, indicando também a hora exata em que aconteceria.

c)   Desenvolvimento dos acontecimentos.

O homem, cada vez mais aflito, vai ao médico, faz exames, implora a ajuda de Deus, toma calmantes, tudo para tentar escapar do problema.

03. Analise agora o final dessa história.

a)   O cordel termina como pareceu indicar o início da história?

Não. A profecia não se cumpriu, e o homem viveu tranquilo pelo resto da vida.

b)   O que o texto sugere sobre a relação entre as ações do personagem e o desfecho que você mencionou?

Segundo a história, a profecia não se cumpriu porque o homem atrasou o relógio, de modo que, quando o marcador mostrou as 23 horas do dia 28 de fevereiro, na realidade já era o dia 29.

c)   Você acredita que as ações do personagem foram a causa do desfecho? Explique.

Resposta pessoal. Possibilidade: Pode-se também pensar que o homem não morreu porque não havia perigo algum, pois a profecia não era real.

04. Analise agora outro componente essencial da narrativa: o foco narrativo.

a)   Nesse cordel, que foco narrativo foi usado? Que efeito de sentido essa escolha provoca?

O cordel é narrado em 3a pessoa. Possibilidade: O foco narrativo escolhido, juntamente com a introdução da história, indica certo distanciamento, deixando claro que é uma história que aconteceu com outra pessoa e que pode ou não ser verdadeira.

b)   A hora da morte” é um poema narrativo organizado na ordem cronológica? Justifique sua resposta.

Sim, a narrativa vai do fato mais antigo (a previsão da morte) para o mais recente (a vida do personagem depois do momento de “libertação”).

c)   O cordel apresenta alguma crítica direta em relação à maneira como o personagem enfrenta seu problema? Justifique sua resposta.

Não, em nenhum momento há crítica ao personagem. Os fatos são apenas apresentados ao leitor.

05. No cordel, pode-se dar voz aos personagens para que o leitor saiba o que pensam, o que sentem. No cordel lido, isso é feito em alguns momentos utilizando dois recursos diferentes.

a)   Identifique esses momentos.

Ao expressar as informações apresentadas pela cartomante e os pensamentos do personagem principal.

        b) Explique que recursos foram utilizados e dê um exemplo de cada caso.

Por meio de discurso direto ou indireto. Possibilidades: Discurso indireto: “Procurou a cartomante / Que confirmou a história [...] / Dizendo-lhe até o horário /Marcando no calendário.”. Discurso direto: “Meu Deus mas que agonia / Mostre-me sua grandeza.” e ”Meu Deus o que faço agora”.

06. Pense na caracterização do personagem central da história. Quais são os principais traços que o caracterizam? Explique.

Possibilidade: O personagem é supersticioso, pois acreditou que um sonho e uma cartomante pudessem prever o futuro. É também apresentado como esperto, pois conseguiu encontrar um jeito de enganar a morte.